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universidade estadual de campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador Geral da Universidade Alvaro Penteado Crósta
Conselho Editorial Presidente Eduardo Guimarães Esdras Rodrigues Silva – Guita Grin Debert João Luiz de Carvalho Pinto e Silva – Luiz Carlos Dias Luiz Francisco Dias – Marco Aurélio Cremasco Ricardo Luiz Coltro Antunes – Sedi Hirano
Coleção Meio de Cultura Comissão Executiva Marcelo Knobel (coord.) – Andréa Guerra Luiz Carlos Dias – Peter Schulz Sandra Murriello – Yurij Castelfranchi Conselho Consultivo João Schmidt – Luiz Davidovich – Miguel Nicolelis – Marcelo Gleiser Iván Izquierdo – Luisa Massarani – Sergio Pena – Antonio C. Pavão – Marcelo Leite Carlos Henrique de Brito Cruz – Carlos Nobre – José Antônio Brum – Carlos Vogt Leopoldo de Meis – Mauricio Tuffani – Alberto Passos Guimarães Mônica Teixeira – Ildeu C. Moreira
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os remédios da vovó
mitos e verdades da medicina caseira
valeria edelsztein
Tradução
Márcia Aguiar Coelho
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Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. Em vigor no Brasil a partir de 2009.
ficha catalográfica elaborada pelo sistema de bibliotecas da unicamp diretoria de tratamento da informação Ed2r
Edelsztein, Valeria. Os remédios da vovó: mitos e verdades da medicina caseira/ Valeria Edelsztein; tradução: Márcia Aguiar Coelho – Campinas, sp: Editora da Unicamp, 2013.
1. Medicina popular. 2. Medicina alternativa. I. Márcia Aguiar Coelho. II. Título. cdd 398.353 isbn 978-85-268-1049-5 615.85 Índices para catálogo sistemático:
1. Medicina popular 2. Medicina alternativa
398.353 615.85
Título original: Los remedios de la abuela © Valeria Edelsztein, 2011 © de la edición en lengua española, Siglo XXI Editores Argentina, 2011 Copyright © 2013 by Editora da Unicamp
Direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19.2.1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, por escrito, dos detentores dos direitos. Printed in Brazil. Foi feito o depósito legal.
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meio de cultura Nosso cotidiano é permeado de ciência e tecnologia. Mas o que é ciência? Como é feita? Quem a faz? E a tecnologia? A coleção Meio de Cultura traz textos que, em linguagem acessível a todos (e às vezes divertida), apre sentam os caminhos e os descaminhos da ciência e da tecnologia. Neles encontramos histórias de sucessos e fracassos, contradições e embates, enigmas e polêmicas da ciência e da tecnologia na sociedade — uma bússola para explorar a cultura científica até as fronteiras do saber.
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Dedico este livro a Juli, jĂĄ que, sem ele, nada teria sido possĂvel. E a Toto, para que, quando ler este livro, saiba que foi parte dele desde a barriga.
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agradecimentos
A meus pais, por seu exemplo de luta e honestidade. A Diego Golombek, por ter confiado em mim e me permitido realizar um dos meus sonhos. E, por meio dele, a todos os que tornaram possível que este livro viesse à tona. A Nadia, por ter compartilhado todos esses segredos e aventuras que só podem ser vividos entre irmãs.
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sumário
prefácio à edição original................................................................................................ 17 1
no que se parecem um crocodilo, a tarantela e uma aspirina....................................................................................................................................... 21 Um pouco de história......................................................................................................................... 21 Siga o baile, siga o baile.................................................................................................................. 25 A vaca nos dá o leite e algo mais.......................................................................................... 27 Abracadabra... Serendipity!........................................................................................................ 29
2 os remédios da vovó ........................................................................................................... 33 Para a dor de dentes nada melhor que um cravo-da-índia.................... 33 Canja e cama.............................................................................................................................................. 34 Ai, mãezinha! Se a cauda do cobreiro se juntar à cabeça... .................. 35 Tirar el cuerito: santo remédio............................................................................................... 36 Viram um coelho com óculos alguma vez?................................................................ 37 Anéis e terçóis............................................................................................................................................. 39
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O mar estava sereno... e, caso contrário, temos gengibre........................... 39 Para evitar o resfriado, suco de laranja........................................................................ 40 Leite versus acidez................................................................................................................................ 42 Pode ser bom para afugentar vampiros, mas........................................................ 42 Nadar ou não nadar? Eis a questão.................................................................................. 43 A vida é tão doce como o mel................................................................................................... 44 Pressão alta? Solução na geladeira..................................................................................... 46 Nem sete nem nove............................................................................................................................... 47 Deixe fermentar sua picada pelo menos por 30 minutos........................... 47 Carne e compota..................................................................................................................................... 48
3 bichinho que me faz tão mal............................................................................. 51 Primeira parte: Mau, mau, mau és.................................................................................... 53 Segunda parte: Os melhores perfumes estão nos menores frascos......................................................................................................................................... 75
4 uma agulha no palheiro.............................................................................................. 81 Passo a passo............................................................................................................................................... 82 Aspirina em breve serás.................................................................................................................. 87 Um mar de remédios.......................................................................................................................... 95 E agora, um pouco de racionalidade................................................................................ 99 Vivemos em um mundo 3D........................................................................................................ 102
5 nós, através do espelho................................................................................................. 107 Vinho, mistério e um pouco de ciência.......................................................................... 110 Como duas gotas de água, ou quase............................................................................... 114 E ainda por cima, as enzimas.................................................................................................. 119 Sobre sabores já se escreveu muito...................................................................................... 120 Tão parecidas, mas tão distintas........................................................................................... 122 Assimetria au naturel........................................................................................................................ 124
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6 da natureza ao estojo de primeiros socorros..................... 127 Etapa 1: O quê e para quê? Busca de novas moléculas................................ 128 Etapa 2: Funciona em seres vivos?...................................................................................... 128 Etapa 3 : E em humanos? ............................................................................................................ 129 E agora o que acontece?................................................................................................................... 132
7 como o remédio descobre que me dói a cabeça?............... 135 Livre, como o sol quando amanhece... .......................................................................... 136 Absorva-me por toda a vida...................................................................................................... 138 Leve-me até lá............................................................................................................................................ 141 Metaboliza-me suavemente... ................................................................................................. 143 Tchau, tchau, adeus... ...................................................................................................................... 144
8 com que nos depararemos no futuro?................................................ 147 Medicina sob medida, distante, mas possível......................................................... 148 Biofármacos, um começo esperançoso............................................................................ 150
bibliografia comentada......................................................................................................... 153
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prefácio à edição original
Este livro (e essa coleção)* Somos bruxos feiticeiros, E temos um caderno Com poções muito poderosas, Que transformam qualquer coisa. Mariana Baggio, Brujos Hechiceros De fato, a natureza, a mãe universal de todos os seres, pôs encerradas em suas entranhas maneiras saudáveis, porque ela queria o alívio de nossas vidas. Plinio el Viejo, Naturalis Historia
Os bêbados e as crianças sempre dizem a verdade... mas a fonte mais autorizada a opinar sobre a saúde própria e alheia, sem dúvida, são as avós. E quem é que não ouviu alguma vez uma * A coleção a que o autor se refere chama-se Ciência que ladra, e foi publicada na Argentina pelo Grupo Editorial Siglo Veintiuno. (N. do T.)
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Os remédios da vovó
recomendação da avó de ir dormir “para crescer”? Obviamente, elas sabem perfeitamente que durante a noite — e no sono — se secreta o hormônio do crescimento, que nos estira nos anos da adolescência. Além de nos deleitarmos com as suas sobremesas (e torres de caramelo), as avós sempre saberão nos oferecer o remédio certo para a dor de garganta, a tosse ou o mal de amores. E já se sabe: o que não mata, engorda (ou cura). Seguramente esses remédios das avós provêm de uma longuíssima tradição de tentativa e erro: historicamente, a melhor farmácia sempre foi a natureza. E quem conhecesse seus segredos — fosse bruxo, sacerdote ou cirurgião — tinha poder sobre seus compatriotas aflitos com dor de dentes ou acne juvenil. Talvez ali, nessa busca permanente das propriedades insuspei tadas das plantas e dos bichos, tenha nascido a farmacologia, já compendiada nos 37 volumes da História natural, de Plínio, ou nos modestos (mas fascinantes) cinco livros da Matéria médica, de Dioscórides. Por suas páginas romanas passam a erva cita, a britânica ou a etíope (“das terras queimadas pelas estrelas”) e outros poemas. Além do mais, esse rapaz, Dioscórides (Pedânio, para os amigos), não só descreveu ervas e minerais que assentariam as bases de sua farmácia amiga, mas também se dedicou a indicar como coletar folhas, raízes e frutos, sua conservação, a obtenção de sucos e até a utilidade de copos de bronze ou de estanho para sua administração. Em algum momento bem mais recente surgiu uma ideia fascinante: se um remédio nos afeta, é porque o corpo o reconhece. Isso motivou a busca dos receptores de diversas drogas e, efetivamente, ali estavam os do ópio, da beladona e dos fungos alucinógenos. Mas isso não é tudo: seguramente a natureza não projetou receptores de ópio esperando que milhões de chineses se dedicassem a tais belas-artes, não; esses receptores 18
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Prefácio à edição original
devem estar aí porque o corpo produz algo parecido com a substância exógena. Mãos às drogas! E assim apareceram os opioides endógenos, substâncias internas que aceleram ou desaceleram o coração, e até nossas próprias pastilhas para dormir (benzodiazepinas endógenas). Daí à farmácia há só um montão de experimentos, desenhos, cobaias e voluntários... e, muitas vezes, um montão de dinheiro. De passagem, assim como a primeira gôndola de farmácia foi o bosque vizinho, ocorre que o último grito da farmacologia consiste em buscar no fundo do mar, nas selvas ou nas montanhas bichos e verduras raras que podem ser fontes de novos remédios. Mas voltemos às avós: a seleção natural de remédios caseiros nos deixou os beliscões, a canja de galinha, as barras de en xofre e o suco de laranja. E já é hora de que a ciência se meta com essas receitas infalíveis, às vezes para louvá-las (falando difícil, é claro) e outras, para refutá-las sem muita piedade. Este livro — destinado a ser esclarecedor — nos ajuda a iluminar um pouco o caminho dos remédios caseiros. Mas não para aí: também nos conduz à farmacologia antiga, moderna e contemporânea, desde a alquimia até o design racional de drogas, desde os crocodilos egípcios até os biofármacos do futuro — tão longe e tão perto. Avós e bobes do mundo, uni-vos! Necessitamos de sua sabedoria. E de outras ervas. Essa coleção de divulgação científica foi escrita por cientistas que creem que já é hora de colocar a cabeça para fora do lab oratório e contar as maravilhas, grandezas e misérias da profissão. Porque é disso que se trata: de contar, de compartilhar um saber que, se segue escondido, pode tornar-se inútil. Ciência que ladra... não morde, só dá sinais de que cavalga. Diego Golombek 19
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