Outubro de 2020
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e stante
Contos de Fadas Celtas
RESTRITA
EDIÇÃO#2
AUDIOCONTO
REVISTA LITERÁRIA DA EDITORA WISH
MITOS CELTAS
Sidhe
CELTIC WOMAN
RECEITA
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ESTANTE IRRESTRITA | EDITORA WISH
SUMÁRIO AUDIOCONTO O GIGANTE EGOÍSTA
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MITOS CELTAS
OS SIDHE
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CELTIC WOMAN
RECEITA DE CHÁ ESCOCÊS
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Projeto gráfico: Marina Avila | Revisão: Karine Ribeiro Textos: Marina Avila, Claudio Quintino Crow e Fábio Barreto Imagens: Originais de livros antigos, Wikimedia e Shutterstock < LIVRO DE KELLS
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Umto conrado nar
OSCAR WILDE
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m alto e simpático escritor nascia em 1854, em Dublin. Wilde, que mais tarde ficaria conhecido por suas obras O Retrato de Dorian Gray e O Fantasma de Canterville, era orgulhoso de sua terra natal, a Irlanda. Escreveu o livro The Happy Prince and other Fairy Tales em 1888, de onde O Gigante Egoísta foi traduzido. O conto, tão famoso que ganhou uma animação em 1972, conta sobre um gigante que não queria crianças em seu jardim. Porém, durante um longo inverno, seu coração começa a amolecer, até
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que uma das crianças realmente toca sua bondosa alma. A história pode ser vista como um encontro gentil entre o paganismo celta e o cristianismo na Irlanda e em terras gaélicas. O cristianismo céltico começou no século V e tinha tradições únicas, diferentes das romanas. Como o próprio autor não se considerava católico até horas antes de sua morte, é possível que este conto seja também uma homenagem à sua mãe, Lady Wilde. De toda forma, a história de redenção e amor do Gigante tornou este conto um clássico de Wilde.
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GUILHERME BRIGGS
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narrador de O Gigante Egoísta é Guilherme Briggs, ator, dublador, diretor de dublagem, locutor, tradutor, desenhista, youtuber e blogueiro brasileiro. Foi a voz de Buzz Lightyear, de Toy Story, Geralt de Rivia, na série da Netflix The Witcher, Mickey Mouse (desde 2009), Cosmo, de Os Padrinhos Mágicos, Superman em A Liga da Justiça e dezenas de outros personagens amados da cultura pop. O tom grave da voz do Gigante foi criada pelo próprio dublador e o conto foi escolhido para explorar seu icônico timbre.
Leia junto na página 15 6 do livro!
MATERIAL EXCLUSIVO PARA APOIADORES
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audioconto foi um brinde exclusivo para apoiadores dos contos de fadas celtas. Em breve estará disponível para aquisição ♥
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s o t i M
CELTAS
UM LEGADO DO PASSADO, UM PRESENTE PARA O PRESENTE CLAUDIO QUINTINO CROW
JOHN DUNCAN, 1912
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“CHAMAMOS DE MITOLOGIA O CONJUNTO DE CRENÇAS DE OUTROS POVOS.”
JOSEPH CAMPBELL
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frase acima, da pena de um dos mais conceituados mitólogos de nossos tempos, pode ser traduzida como: “a minha crença é religião; a crença dos outros, apenas mito”. Nada é mais falso e presunçoso: as mitologias dos mais diferentes povos devem ser sempre tratadas com respeito e dignidade, pois os mitos e lendas de uma cultura são os responsáveis pela preservação e transmissão dos valores sócio-culturais, éticos e morais daquele povo. As crenças de qualquer cultura, em qualquer era, figuram entre os bens mais preciosos dessa cultura – e, muitas vezes, também são válidos para povos distantes no espaço e no tempo. Isso fica claro na origem lingüística da palavra mito: do grego mýthos, significando uma
1 O autor se reserva o direito de não
aderir ao AO90 por sua artificialidade e motivação político-econômica. [N. do A.]
narrativa sagrada, cujo cerne é a compreensão das Forças da Natureza – tanto na paisagem quanto a própria natureza humana. Em se tratando de mitos celtas, a questão ganha ainda mais relevância, visto serem os celtas o conjunto de povos nativos da Europa que, direta ou indiretamente, legaram a todas as modernas culturas europeias ao menos algum elemento de sabedoria. Dentro dessa abordagem, os valores éticos e morais encontrados nos mitos celtas atendem às mais prementes carências de nossos dias – honra nas relações, valor pessoal, consciência tribal, igualdade entre sexos, irmandade com a Natureza. Neles, nada disso é retratado de forma piegas ou pedante: os celtas não eram “hippies” pacifistas, nem militantes ecológicos: o que seus mitos nos mostram é um respeito pelo equilíbrio entre as polaridades do universo – masculino e feminino, vida e morte, indivíduo e
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coletividade, humano e natureza, mortal e divino – que pode contribuir muito para a formação de uma “nova velha consciência” para o mundo ocidental, tão carente que é de harmonia entre esses e outros pares de ‘opostos’. O que nos propomos ao estudar a mitologia celta é identificar e ‘re-conhecer’ o que há de profundo em seus símbolos e entrelinhas, e de que forma esses símbolos, atuando em nossos subconscientes e nossas almas, podem propor alternativas válidas de pensamento e de vida. Nas palavras de Patrick Pearse, poeta e nacionalista irlandês, “Podemos especular o que aconteceria se, ao invés de desenterrar a literatura da Grécia e de Roma, os pesquisadores do século XV tivessem encontrado outra literatura - uma que ainda permaneceria oculta por mais quatro séculos. Então, ao invés do Renascimento Clássico, teríamos o Renascimento Céltico. Ou melhor, a cultura celta é que seria chamada de ‘clássica’, e teria transmitido seus fundamentos à Europa. Não afirmo que com isso a Literatura teria lucrado; contudo, não creio que saísse perdendo. Perderíamos o ideal grego da busca pela forma perfeita, e a análise calma e sábia dos helênicos; por outro lado, teríamos ganho uma visão mais direta, uma inspiração mais nobre – posto que humana – e, acima de tudo, uma espiritualidade mais profunda. (...) Reclamo
< PAUL SÉRUSIER, 1894 CELTIC TALE, DALLAS MUSEUM OF ART
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então, para a literatura irlandesa, estas particularidades: uma visão mais clara do que a grega, uma humanidade mais generosa do que a grega, uma espiritualidade mais profunda do que a grega.” Símbolos, mensagens, significados: todo mito traz em seu bojo uma mensagem transformadora, captada não pela mente racional, mas pelo subconsciente, pela alma de quem lê ou ouve o relato. Citando o grande poeta português Fernando Pessoa, “Primeiro sentir os símbolos, sentir que os símbolos têm vida e alma, que os símbolos são gente. Mais tarde virá a interpretação, mas, sem esse sentir, a interpretação não vem.” Assim como a arte celta
se caracteriza pela sinuosidade e pelo entrelaçar de curvas e linhas, também as narrativas e lendas dos mitos celtas nos propõem um entrelaçar de saberes que integra, num processo subconsciente, os saberes de corpo, mente e espírito em perfeito equilíbrio – a busca da integração do indivíduo consigo mesmo, com a comunidade à qual está integrado e com a paisagem como um todo – tudo de forma orgânica, viva, transformadora e curativa. Nas palavras inspiradoras de Joseph Campbell, “Mitos são sonhos coletivos, e os sonhos são mitos individuais.” Que nossos sonhos se identifiquem na riqueza dos contos e lendas celtas.
CLAUDIO QUINTINO CROW é escritor, músico e pesquisador independente de cultura celta e irlandesa. Com trabalho reconhecido pelo meio acadêmico no Brasil e no exterior, une em sua abordagem o rigor científico à sensibilidade artístico-espiritual resultante de sua instrução pelos renomados celtistas britânicos John Matthews e Emma Restall Orr, e atualizada por visitas regulares à Irlanda, onde conduz grupos de brasileiros pelos lugares mitológicos da Ilha Esmeralda. Contato: claudioquintino.crow@gmail.com São Paulo, agosto de 2020. JOHN DUNCAN, AOIFE >
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e h d i S OS ARISTOCRATAS DO OUTRO MUNDO FÁBIO M. BARRETO
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JOHN DUNCAN
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s habitantes das colinas encantadas e protetores das tradições antigas podem ser aliados ou inimigos, mas, quem pratica tem certeza: eles existem. Como quase tudo na tradição irlandesa e escocesa, precisamos começar com um ajuste de pronúncia. Sidhe: shee, ou seja, é quase um xi com o i prolongado. A existência dos sidhe é tão antiga quanto a tradição do norte da Bretanha, com registros ligando suas origens ao conflito mágico entre Tuatha de Dannan e milesianos, por exemplo, ou então aos deuses rurais sempre presentes no panteão irlandês. Na definição moderna, os sidhe são as fadas ou elfos habitantes das colinas encantadas e protetores da natureza, das colheitas e dos ciclos de vida e morte na Irlanda e norte da Escócia. Por herdar traços dos deuses, que também abençoavam os nobres, o povo sidhe é comumente comparado aos aristocratas entre as fadas, com direito à organização em castas e tudo mais. Em termos mais práticos, e seguindo a sempre apropriada memória do povo (o tal do folclore), as figuras
evoluíram para uma mistura de espíritos arredios e protetores da natureza. Em muitas traduções, sidhe é visto como “o bom povo” (do original fair people) ou mesmo de povo das fadas (de fey ou faery). Na maior parte das manifestações populares – registrada por meio de contos escritos, histórias orais e ensinamentos –, os sidhe entram em ação quando alguém destrói ou tenta destruir os lares de seu povo (arbustos especiais) ou violar as cavernas e passagens para o outro mundo. Por exemplo, você pode ter ouvido da tradição de deixar leite na porta de casa para as vacas não secarem ou o leite estocado azedar. Na transição para os Estados Unidos, essa prática evoluiu até às lanternas de Halloween e outros tipos de oferenda. Até o Brasil tem sua versão com “a dose pro santo”. Bem, o início disso tudo se dá pela presença dos sidhe que, quando contrariados, aprontariam horrores com o transgressor, familiares diretos ou propriedade (especialmente animais). Aliás, esse episódio em específico é ligado diretamente ao conflito entre Tuatha de Dannan e milesianos. Mesmo tendo expulsado os filhos de
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Dana e os enviado para o submundo, os miliesianos foram acometidos por diversas perdas de safras, animais e leite. Então, um acordo foi feito para respeitar as entidades do local e preservar os estoques. Esse episódio é relatado no Livro de Leinster.
ao longo dos séculos), logo, qualquer apoio era importante para ninguém ficar faminto.
Outro ponto importante sobre o sidhe está na tradução literal do lugar onde existe: fairy mound, que seriam os “montes das fadas”. Na prática, esses lugares são túmuMuito da tradição irlandesa está los ancestrais ou sobras de consligada aos frutos da terra por truções muito antigas, ou seja, uma razão muito simples: o solo lugares considerados de grande irlandês é pouco fértil (vide magia e sacralidade pelos pagãos diversas ondas de imigração for- modernos. A tradição europeia çada para fugir de ondas de fome encara esses túmulos de modos
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receber esses corpos e, nem por isso, perdiam sua sacralidade) e, ao ignorar os ritos e avisos, começou a ser acometido por terríveis dores na perna e seus animais começaram a morrer. Tudo só parou quando uma mulher muito velha (jeito simpático das tradições mencionarem bruxas) apareceu e pediu uma oferenda à mulher do sujeito. Ela cumpriu o ritual, ele deu um jeito de honrar os corpos ali presentes, e nada mais de ruim aconteceu com eles.
JOSEPH NOEL
bem peculiares. Tolkien, por exemplo, atribuiu uma natureza mais fantasmagórica e perigosa aos Barrow-downs. Na Irlanda e na Escócia, não se pega leve com lugares assim. Numa das histórias registradas no site duchas. ie, fala-se sobre um homem responsável pela remoção de um túmulo não-cristão (crianças prematuras ou mortas antes do batismo e suicidas não tinham o direito de um funeral religioso, logo, uma área especial em cada cidade era designada para
Ou seja, na maioria das vezes, os sidhe manifestam-se como meios de alerta contra o avanço desembestado da sociedade moderna. No Brasil, o mais próximo que temos deles é a figura do Curupira, na versão protetora. De qualquer forma, a mensagem é clara: preste atenção nos sinais, honre as tradições, respeite a natureza e, quando puder, deixe sua oferenda para o bom povo.
FÁBIO M. BARRETO publicou obras como Filhos do Fim do Mundo e Snowglobe. Fundador do EscrevaSuaHistoria.Net e podcaster no Gente que Escreve. Já traduziu autores como Neil Gaiman e George R.R. Martin. 15
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WOMAN
UM FENÔMENO MUNDIAL RESGATANDO MÚSICAS IRLANDESAS
DIVULGAÇÃO
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eltic Woman é um grupo de cantoras, dançarinas e musicistas que criam uma fusão entre a música tradicional irlandesa e arranjos contemporâneos, celebrando a história antiga da Irlanda e refletindo o espírito vibrante do país. Suas músicas vão desde canções em gaélico até modernas performances de vozes mágicas e angelicais.
Faz 15 anos desde que Celtic Woman debutou, tornando-se um fenômeno representativo da música celta e cultura mundial. Seus álbuns e DVD’s foram best-sellers que tocaram o coração da audiência ao redor do mundo. O grupo ainda não tem previsão para próximos shows no Brasil. É possível encontrar suas músicas no Spotify e Apple Music.
^ FOTO DE KIP CARROLL
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CHÁ PRETO ESCOCÊS COM
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chá preto escocês é uma bebida para esquentar durante o frio! Pode ser usado com o chá puro ou aromatizado, como o Earl Grey.
Experimente também com café em vez do chá, uma edição irlandesa da mesma bebida. Bottoms Up!
INGREDIENTES >
1 sachê de chá preto >
Água bem quente
> >
1 dose de uísque
1 ou 2 colheres de sopa de açúcar (ou adoçante) a gosto >
Creme de leite fresco batido
COMO PREPARAR Prepare o chá preto em uma caneca com água quente, deixando ao menos 3 minutos para as folhas soltarem o sabor e a cafeína.
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Adicione, em uma taça, o açúcar, o uísque e duas doses do chá.
3.
Adicione o creme de leite batido em cima.
4.
Se quiser, decore com noz moscada ralada.
ATENÇÃO: TODOS OS CHÁS PRETOS CONTÊM CAFEÍNA.
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Descubra a biblioteca dos leitores do passado!
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