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Copyright do texto © 2017, Flávia Martins Lins e Silva Copyright das ilustrações © 2017, Joana Penna Copyright desta edição © 2017: Jorge Zahar Editor Ltda. rua Marquês de S. Vicente 99 – 1o | 22451-041 Rio de Janeiro, RJ tel (21) 2529-4750 | fax: (21) 2529-4787 editora@zahar.com.br | www.zahar.com.br Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa p.98-9: Zhang Hong, Peach blossom spring (detalhe, 1638); p.190: artista não identificado, A sétima noite e festivais de meados de outono (detalhe, séc.18 ou 19). Ambas acervo The Metropolitan Museum of Art, NY. Consultoria para o chinês: Vivian Yan | Preparação: Kathia Ferreira Revisão: Tamara Sender, Nina Lua | Projeto gráfico: Joana Penna CIP-Brasil. Catalogação na publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Silva, Flávia Lins e, 1971S58d Diário de Pilar na China/Flávia Lins e Silva; ilustração Joana Penna. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Pequena Zahar, 2017. il. ISBN 978-85-66642-56-8 1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Penna, Joana. II. Título. CDD: 028.5 CDU: 087.5 17-43695
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chá verde com botão de rosas
Sumário Noite, longa noite……………………………... 11 Uma festa inesperada ………………………… 19 O Dragão Negro ……………………………... 35 Amoras encantadas …………………………... 45 Confusos com Confúcio …………………….... 53 A Rota da Seda ………………………………. 61 Chá da China ………………………………… 69 No rio Yangtzé ………………………………... 77 De grão em grão ……………………………... 91 Um pouco de poesia ………………………….. 101 As ervas secretas …………………………….... 111 Aulas de arco e flecha ……………………….... 117 Yeh Shen, a Cinderela chinesa ……………….. 129 Uma ajudinha do I Ching ………………....…. 139 A grande água ………………………………... 147 Um veleiro chamado Buriti ………………….... 155 Rumo a Pequim …………………………….… 163 Xirang, o tesouro mágico …………………….. 171 Do caos à harmonia ………………………….. 183 5
Breno e eu no Ano-Novo ChinĂŞs!
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Coisas que sempre lEvo nA malA:
BúsSola de Bolso (Vô Pedro me deu) APito de chamAr PaSsARinhos
eScova de DEntes
grampo dE cabelo: 1oO1 utilIdaDes
colar com o globo tErRestre parA eu mE AchaR no mundo
mEu Diário: iNdISpensÁvEL!
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AutorReTrAto explicado
TrAnças pAra o cabelo não FicAr na cAra
SambA semprE cOmigo (grAndE coMpanheiro de viagEM)
Meu bolsO onde guardo tudo
LegGing bEm confortável pAra eu não ter que mE preocupaR com “bonS Modos”
Minha mAla sEMpre pRonta pAra novaS viAgens!
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Tênis sEm cadArço (pARa colOcar e tirAR bem ráPido)
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Noite, longa noite… Tem gente que dorme rapidamente. Apaga no sofá, na praia, na rede, no ônibus, em qualquer lugar. Tem gente, como eu, que leva horas para cair no sono. Em noite de lua cheia então… parece impossível. Pego um livro, leio um capítulo, dois, dez, e meus olhos não fecham de jeito nenhum. Se existe um deus do sono, acho que ele visita muita gente antes de chegar à minha casa… Era uma sexta-feira chuvosa, cheia de trovoadas lá fora. Tentei dormir virada para um lado, para o outro, abracei o travesseiro… Comecei a me sentir uma panqueca fritando na cama. Minha mãe percebeu minha agitação e veio ler ao meu lado por um tempo. Mas, quando passou das dez horas, Bernardo, meu padrasto, interrompeu a leitura, chamando: – Venha, Isabel, o filme na TV já vai começar. A Pilar sabe ler sozinha… Li mais dois capítulos para o meu gato, Samba, e então me sentei na cama, enviando uma mensagem para o meu mais-do-que-amigo Breno: 11 11
Oiê! Já dormiu? Quando ele demora a responder, é sinal de que já dormiu. Mas a resposta veio logo: Necas. E vc? Olhando para o teto! Ainda bem que Breno mora no mesmo prédio que eu e sempre topa umas invencionices de última hora: Quer acampar no meu quarto? Sim! Vou descer! Traga o saco de dormir que vou montar a cabana! Instantes depois, Breno chegou trazendo também lanterna, livros e travesseiro. Como era véspera de fim de semana, podíamos ficar acordados até mais tarde. Montamos a cabana, abrimos os nossos sacos e Breno me mostrou sua coleção de livros. Um deles era sobre Marco Polo, o mercador e explorador nascido em Veneza que visitou a China no século XIII e trouxe para o Ocidente o macarrão, inventado pelos chineses. Foi o primeiro que escolhemos. Enquanto meu amigo lia em voz alta, comecei a imaginar a Mongólia, a China, toda aquela imensidão da Ásia. Pensei também no meu pai, que partiu de barco 12
para Xangai quando eu era ainda um projeto de gente. De dentro da gaveta da minha mesa de cabeceira tirei uma caixa e mostrei um segredo: – Olhe isto, Breno! São as cartas que minha mãe tentou enviar para o meu pai lá na China… – Puxa… Será que ele ainda mora lá do outro lado do planeta, Pilar? – Acho que sim. – Como foi mesmo que os seus pais se conheceram? – Ah, meu pai estava fazendo uma viagem de pesquisa pelo mundo quando parou aqui e conheceu minha mãe. Os dois se apaixonaram, só que ele tinha que continuar sua viagem. Partiu numa expedição pela floresta amazônica, onde não havia telefone, e depois seguiria para a Ásia com seu veleiro… Aconteceu o maior desencontro e minha mãe nunca conseguiu avisar nem que estava grávida, nem que eu tinha nascido. – Puxa, que confusão! – Pois é. Aí ela escreveu estas cartas para as marinas por onde imaginou que ele passaria, torcendo para que chegassem ao veleiro dele, mas todas voltaram… 13 13
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– Pilar, eu tenho uma ideia: e se a gente fosse até a China procurar por ele? Sabia que quando aqui é noite lá já é dia? – Claro! Agora já deve estar todo mundo acordado por lá! – respondi, torcendo para que minha rede mágica nos levasse para o outro lado do mundo. Acontece que é a rede que decide o destino das viagens. Como fazer para ela nos levar para o rumo certo? Foi Breno quem aperfeiçoou nossa “máquina de viajar”, colocando na lateral da rede o meu globo terrestre com uma bússola grudada nele, bem em cima da China. Aliás, como todos sabem, a bússola foi inventada pelos chineses!!! – Pronto – disse Breno, esperançoso, concluindo a preparação. – Vamos ver se ela nos leva aonde queremos. Pouco depois, meu gato e eu já pulávamos lá dentro, prontos para mais uma aventura. Breno se acomodou e comecei a balançar, dizendo: – Rede mágica, me leva que eu vou, me leva pra China, por favor! Então, tudo começou a girar até perdermos a noção de onde era o teto e de onde era o chão. Quan15 15
do finalmente conseguimos sair, eståvamos numa casa toda enfeitada, unida a outras três, formando um påtio interno repleto de lanternas vermelhas. Que bonito! Raiava o dia e todo mundo ali estava acordado, celebrando alguma coisa importante‌
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