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Ai, se eu morasse em uma fazenda, teria muitos lhamas, com certeza! S達o t達o calmos, t達o fofos, t達o quentinhos!
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Vou tentar!
É só enrolar a folha, assoprar e…
SocorRo!
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Coisas que sempre lEvo nA malA:
APito de chamAr PaSsARinhos eScova de DEntes
grampo dE cabelo: 1oO1 utilIdaDes
colar com o globo tErRestre parA eu mE AchaR no mundo
mEu Diรกrio: iNdISpensร vEL!
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AutorReTrAto explicado
TrAnças pAra o cabelo não FicAr na cAra
SambA semprE cOmigo ( grAndE coMpanheiro de viagEM )
Meu bolsO onde guardo tudo
LegGing bEm confortável pAra eu não ter de mE preocupaR com “bonS Modos”
Minha mAla sEMpre pRonta pAra novaS viAgens!
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Tênis sEm cadArço ( pARa colOcar e tirAR bem ráPido )
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No início, tudo era o caos! Acordei no meio da noite com um pesadelo e uma terrível crasma – nome que inventei para a minha crise de asma. De vez em quando tenho isso, não sei bem por quê. Uma dificuldade de respirar, uma aflição no peito, uma saudade do meu avô… Confesso: tenho muito medo de perder quem eu amo. Meu avô se foi para sempre e até hoje não encontrei meu pai. Mas uma coisa é certa: ninguém vai me afastar do meu gato! Nunca! Por isso, assim que aquela conversa estranha começou, no café da manhã, senti um gosto horrível na boca, como se o pão tivesse ficado azedo de repente. – Pilar, liguei para o doutor Jaime para falar da sua crise de asma e… estou achando melhor mandar o Samba pra fazenda do Betão, irmão do Bernardo – disse minha mãe. – Não se preocupe. O Samba vai ficar bem lá na fazenda… – Bernardo tentou justificar. Meu estômago ficou tão embrulhado que nem consegui responder. Encarei minha mãe e meu padrasto com um olhar bem selvagem, depois peguei Samba no 11
colo e saí correndo para o quarto. Do corredor, ainda ouvi a voz de minha mãe insistindo: – Pense com calma, Pilar. Talvez Samba goste de viver ao ar livre e… arrume o seu quarto, por favor! Arrumar meu quarto?! Como minha mãe podia pensar em arrumação no meio de um assunto sério desses?! Com meu diário nas mãos e um headphone nos ouvidos, me atirei sobre a cama desarrumada, louca de vontade de conversar com Breno. Pelo menos com o meu mais-do-que-amigo sei que posso falar sobre qualquer coisa a qualquer momento. Imagine se Breno concordaria com aquela maluquice de enviar o Samba para uma fazenda longe de mim! Jamais! Para não pensar mais nisso, resolvi experimentar escrever uma letra para a música que Breno estava compondo no violão. E quem disse que inventar letra de música é fácil? Rascunhei uma primeira ideia:
No calor da Amazônia ou no frio da Lapônia, tanta gente interessante tanto canto fascinante… 12
Não, não! Que rimas mais previsíveis! Amassei o papel e, quando o lancei em direção à lixeira, Samba interceptou a bola, achando que eu queria jogar com ele. Que figurinha especial! Chamei meu gato para o colo, fiz um carinho bem gostoso nele e expliquei: – Daqui a pouco a gente brinca, Samba! Agora estou criando uma letra de música. Escute isso…
Sobrevoamos o Egito, com seu imenso deserto. Na Amazônia, aqui tão perto, navegamos em labirinto. Do alto do Olimpo, avistamos o infinito… Não! Não era sobre as nossas viagens que eu queria falar. Joguei novamente o papel amassado na cesta de lixo, só que desta vez Samba não apareceu para bancar o goleiro. Talvez estivesse se escondendo debaixo dos lençóis espalhados pelo chão. Bem nesse momento, meus pensamentos foram interrompidos por fortes batidas na porta. – Quero ficar sozinha. Me esqueçam! – rosnei. 13
– Tudo bem. Foi mal. Volto mais tarde – ouvi Breno dizer. Como eu podia imaginar que era ele? Imediatamente, pulei da cama e abri a porta. Ao entrar, Breno não resistiu a um comentário crítico: – Caramba, Pilar! Teve algum terremoto por aqui? Meu quarto estava tão bagunçado que parecia uma selva!
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Um pouco envergonhada, improvisei uma desculpa: – É que… Samba e eu estávamos brincando de enfrentar tornados e furacões assustadores, aí as coisas saíram voando das minhas mãos e caíram espalhadas por aí! Foi uma loucura! – Ah, tá. E cadê a letra que você prometeu escrever pra minha música? Vim pra cá todo empolgado, trouxe até o meu violão! Naquele caos, não havia maneira de encontrar os primeiros rascunhos. Ainda não estavam bons, mas eu queria mostrar a ele de qualquer jeito. Puxei os lençóis, ergui as roupas e as almofadas em busca da letra desaparecida e… nada! – Samba, você viu a letra que eu fiz pro Breno? – Samba?! – chamou Breno. – Pilar, acho que seu gato sumiu no meio dessa confusão e você nem notou. Tiramos todos os livros do chão, catamos as meias jogadas sobre o tapete e… nem sinal dele. Foi Breno quem abriu a rede mágica e encontrou ali um pedaço de papel rasgado: – Olhe aqui! Parece que temos a metade de uma letra de música… 16
– Então a outra metade deve estar lá com o Samba. – Lá onde, Pilar? – É o que nós precisamos descobrir. Rede mágica, me leva que eu vou, me leva aonde for! – eu disse, pulando dentro dela. Rapidamente, Breno se juntou a mim com seu violão e começamos a girar e girar, até perder a noção de onde era o teto ou onde era o chão.
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