1 Primavera de 2013
Catherine se prepara, mas não há mais o que botar para fora. Ela agarra com força a borda da pia e ergue a cabeça para se ver no espelho. O rosto que a encara não é aquele com que foi para cama. Catherine já viu esse rosto antes e torcia para que nunca voltasse a vê-lo. Examinando-se sob essa nova luz impiedosa, ela umedece uma toalha, limpa a boca e depois a aperta nos olhos fechados, como se pudesse apagar o medo dentro deles. — Tudo bem com você? A voz do marido lhe dá um susto. Tinha esperança de que ele não acordasse. De que a deixasse em paz. — Estou melhor agora — mente, apagando a luz. Em seguida, mente outra vez: — Deve ter sido a quentinha de ontem. — Catherine se vira para ele, uma sombra na madrugada: — Pode voltar para a cama, estou ótima — sussurra. O marido está zonzo de sono, mas mesmo assim estende o braço e pousa a mão no ombro dela. — Tem certeza? — Tenho. — Certeza mesmo, só a de que precisa ficar sozinha. — Sério, Robert. Não vou demorar. O marido mantém os dedos em seu braço por mais um instante, mas logo obedece. Catherine se assegura de que ele adormeceu antes de voltar para o quarto. Ela olha para o livro emborcado e ainda aberto na página em que parou de ler. O livro em que confiou. Os primeiros capítulos a embalaram, fizeram 7