Bfta manual de habilidades técnicas

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Manual de Habilidades Técnicas

Produzido em colaboração com The National Smallbore Rifle Association

Tradução Livre Ruy Koga

Revisão Técnica Pedro Ashidani

São José do Rio Preto, 11 de abril de 2012


Índice

o

A história do Field Target

página 3

o

Legislação

página 5

o

Segurança

página 6

o

Controle da respiração

página 9

o

Controle do gatilho

página 10

o

Acompanhamento

página 16

o

Posição estilo livre

página 17

o

Posição de joelhos

página 21

o

Posição em pé

página 25

o

Trajetória

página 28

o

Vento

página 39


A história do Field Target A modalidade Field Target com armas de ar comprimido iniciou em 1981 como alternativa para a caça. Os alvos eram silhuetas metálicas de presas como pombos, esquilos, ratos etc. Um adesivo circular era colado sobre uma determinada posição de impacto e cujo acerto contabilizaria um ponto. Devido a inconveniência da necessidade de troca de adesivos para cada atirador, foi idealizado um alvo mecânico com um orifício no lugar do adesivo que, quando acertado, provoca a queda da silhueta e que pode ser facilmente erguido (resetado) a partir da linha de tiro. O alvo possuia, na ocasião, 50 mm de diâmetro para uma distância de 40 a 45 jardas para um total de 20 silhuetas.

O tipo de arma utilizada era de mola, cano basculante no calibre .22 (5,5 mm). A razão principal era a popularidade das carabinas de ar comprimido e de cano basculante no mercado (com exceção talvez da carabina BSA AirSporter) e naquela época as munições de calibre .22 eram os mais precisos para tiros em ambientes externos devido aos tipos disponíveis; chumbos tipo dome da marca Eley Wasp eram favoritos devido ao desempenho que apresentava em condições de vento. As únicas munições de calibre .177 (4,5 mm) que apresentavam precisão naquela época eram tipo flat projetadas para uso indoor. Pela geometria do chumbo e baixo peso era difícil manter uma boa consistência. Utilizavam-se poucas armas pneumáticas multi pump, tais como Sharp Innova, e eram pouco populares devido a dificuldade de carregar o cilindro.


A mira era aberta e os atiradores tornavam-se especialistas em determinar a distância correta dos alvos. Eram usadas lunetas mas a maior magnitude era tipicamente 9x. Não era nada incomum naquela época realizar várias tentativas antes do tiro principal com a finalidade de conhecer melhor as condições do vento e distância do alvo. Em 1984 foi formado o Conselho Britânico de Field Target para auxiliar a promover a modalidade e formalizar regras básicas de segurança e conduta.

O Field Target hoje Os alvos de hoje ainda mantém a mesma silhueta porém o alvo tem diâmetro máximo de 45 mm. Uma competição normal é constituída de 40 silhuetas dispostas aleatoriamente em distâncias que variam de 7 a 50 metros. É permitido apenas um tiro por alvo, valendo um ponto se o alvo for derrubado. É permitida apenas uma única passagem pelo percurso principal. Em paralelo com a competição principal existem eventos como tiro longo de cartucho e com silhuetas de dimensões reduzidas, tiro rápido e pistolas de ar. Todos os eventos paralelos permitem repetições. A habilidade do atirador consiste em julgar corretamente, com esses eventos auxiliares, o alcance de cada tiro em conjunto com as condições de vento e clima que podem mudar a trajetória de um chumbo, em geral leve e lento, de uma carabina a ar comprimido. Field Target é um esporte seguro, de precisão e desafiador praticado em ambiente externo e que pode ser desfrutado por toda a família. É um tiro ao alvo que não envolve qualquer tipo de animal. De todas as modalidades de tiro esportivo é o que, silenciosamente, mais cresce tendo sido exportado para toda a Europa e Estados Unidos. Durante todo o ano, os clubes organizam torneios em que os atiradores são ranqueados para disputar com outros da mesma habilidade sem distinção de idade e sexo.


A legislação É de suma importância que você esteja familiarizado com as leis em relação a porte e manuseio de armas. O texto a seguir (somente para armas de ar comprimido cuja energia na saída não exceda 12 ft.lbs ou 16 joules) ajuda a promover segurança, responsabilidade e consequentemente respeito às leis. 1. Aplicável para todas as idades: a. Armas de ar comprimido não devem ser carregadas ou utilizadas para cometer qualquer tipo de delito b. Armas de ar comprimido não devem ser municiadas em locais públicos, isso inclui também não manter munições próximas da arma. c. Você deve ter permissão para entrar com arma em qualquer local. d. Ninguém que tenha sido condenado pode portar uma arma, portanto cuidado para quem você a empresta. e. É crime auxiliar qualquer pessoa a cometer algum tipo de delito. 2. Aplicável para pessoas abaixo de 17 anos e acima de 14 anos: a. Você não pode comprar ou adquirir uma arma de ar comprimido a menos que tenha recebido como presente ou empréstimo b. Você pode levar a arma de ar comprimido em locais públicos desde que devidamente acondicionado de forma segura e atentando-se ao item (b) acima. 3. Aplicável à pessoas abaixo de 14 anos: a. Você não pode comprar, adquirir ou possuir uma arma de ar comprimido. b. Você pode portar uma arma de ar comprimido devidamente acondicionado de forma segura desde que acompanhado de um responsável maior de idade. c. Você pode manusear uma arma de ar comprimido somente sob a supervisão de um responsável maior de idade. 4. Generalidades: a. Uma carabina a ar pode ser utilizada por pessoa de qualquer idade em clubes e associações de tiro credenciadas, restringindo-se apenas às armas de ar comprimido. b. Você não pode promover livremente campeonatos sem a licença das entidades competentes. c. Você não pode ir além das premissas para as quais a munição foi desenvolvida e dos propósitos para a sua utilização.


Penalidades Vide a legislação vigente.


Segurança A segurança no manuseio de armas é responsabilidade de todos. O tiro é considerado um dos esportes mais seguros. A razão para isso é que existem regras que DEVEM ser observadas o tempo todo. As duas fundamentais são:

Nunca aponte a arma para as pessoas Sempre manuseie a arma como se estivesse municiada e pronta para o tiro A maioria das outras regras surgem das duas regras fundamentais acima aplicadas sob diferentes circunstâncias. Manuseando armas • • • • •

Quando você sair de perto de sua arma verifique se ela está desarmada e desmuniciada. Mostre que a arma está desarmada e desmuniciada antes de entregar para outra pessoa. Quando você largar sua arma verifique se está desmuniciada e desarmada. Nunca a deixe carregada. Quando você receber uma arma verifique primeiramente se está desmuniciada e desarmada. Se não souber como, pergunte ao seu dono. Nunca pegue uma arma sem a permissão do seu dono.

Lembre-se que é melhor certificar-se cem vezes de que uma arma está descarregada do que apenas uma única e duvidosa vez. Usando armas • • • •

Mantenha a arma apontando para baixo quando estiver em uso. Carregue a arma apontando-a para baixo. Se estiver utilizando carabinas de cano basculante ou cano fixo com dispositivo basculante para armar que possa prender a mão ao retornar, mantenha uma mão segurando o cano enquanto a outra coloca a munição. Use óculos de proteção e EPIs (protetores auriculares e luvas) adequados à situação.

Movimentando-se com armas • • • •

Nunca movimente-se entre os stands com a arma carregada. Quando for movimentar retire toda a munição assim como o magazine. Quando estiver portando uma arma, mantenha-a descarregada, o magazine retirado, desarmado, cano quebrado e sempre na posição vertical. Quando a arma não estiver em uso, mantenha-a guardada dentro da maleta ou capa.

Voz de comando • • •

Quando escutar um sinal sonoro ou uma voz dizendo “PARE”, pare imediatamente. Obedeça imediatamente as instruções dos responsáveis. Nunca vá à linha de tiro sem a permissão do responsável.

Geral • • •

Não confie somente em travas de segurança para manter você e os outros seguros. Não chame a atenção de um atirador quando ele estiver atirando para evitar movimentos bruscos. Observe todos os rituais de segurança também durante o tiro a seco.


Segurança com compressores de ar Muitas armas modernas utilizam compressores de ar como fonte de energia. Ele permite tiros sem esforço e de forma bastante conveniente mas nunca se deve subestimar a enorme quantidade de energia armazenada no cilindro. Um cilindro de ar comprimido é uma bomba em potencial se for manuseado incorretamente. • • • • • • • • • • • •

Armazene os cilindros longe do calor e do fogo. Evite queda e batida forte nos cilindros. Nunca utilize cilindros ou conexões se aparentemente estiverem danificados. Sempre cheque a pressão de carga de cilindros desconhecidos. Tenha certeza que o cilindro foi testado. Quando for instalar o cilindro, faça o mínimo esforço. Utilize apenas as mãos. Ao carregar cilindros reserva ou cilindros removíveis, mantenha a distância. Sempre mantenha o controle da pressão durante o carregamento dos cilindros. Evite olhar diretamente para o manômetro quando o cilindro estiver sendo carregado. Sempre carregue o cilindro da arma devagar e não coloque a pressão máxima admissível. Evite o contato com o ar a alta pressão. Evite óleos e graxas no sistema de alta pressão.

Segurança com cartuchos de CO2 Cartucho de CO2 fornece energia de forma fácil para as armas mais modernas. Entretanto requer cuidados especiais em complemento às regras gerais. •

Fora do stand de tiro o Não carregue os magazines. o Não instale os cartuchos de CO2.

No stand de tiro o Quando for instalar o cartucho, mantenha a arma apontada para baixo. o Quando for colocar o magazine, mantenha a arma apontada para baixo. o Quando for descarregar o cartucho, mantenha a arma apotada para baixo. o Tenha cuidado para manusear o cartucho vazio pois pode estar na temperatura de congelamento.

Antes de sair do stand de tiro o Remova o magazine e verifique se está vazio. o Remova o cartucho de CO2. o Guarde a arma na capa ou maleta.


De acordo com Silvio Aguiar, o disparo é um processo composto de seis elementos: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Posição; Empunhadura; Respiração; Visada; Acionamento; Acompanhamento.

Sobrepostos e coordenados entre si, compõem uma só ação que deve ocorrer com a máxima economia de tempo e da melhor forma possível. Alguns desses elementos serão vistos a seguir.


Controle da respiração Devido ao movimento do processo de respiração, é impossível dar um bom tiro sem prendê-la. Entretanto a medida que a respiração é suspensa, as funções do organismo começam a se deteriorar quando a hipoxia (ausência de oxigênio) começa a ser sentida. A visão é a primeira a ser afetada seguido pelos músculos que começam a se contrair erraticamente. O organismo, para se proteger dessa situação, envia para o cérebro de forma incisiva o comando para respirar. Todas essas sensações não são favoráveis para o tiro. Esses efeitos podem ser evitados se a respiração for suspensa por um curto período de tempo. Esse tempo é por volta de 10 segundos na expiração e um pouco mais na inspiração. Durante a inspiração os músculos do peito são tensionados e relaxam com a expiração. Desta forma para reduzir a tensão no momento do tiro como é desejável, suspende-se a respiração na exalação. O diagrama a seguir mostra um padrão típico de respiração.

V0 é o volume inferior, após a expiração. É possível exalar mais ar mas não esvaziar completamente os pulmões. V1 é o volume máximo na respiração normal. É possível hiperventilar acima desse valor. Pode-se notar que a respiração segue o ritmo normal do indivíduo. Neste exemplo, a respiração é suspensa por 10 segundos que é o tempo disponível para efetuar o disparo. Após esse processo, voltase a respiração normal. O ponto da pausa, a quantidade e a profundidade da respiração depende da característica fisiológica do atirador. O importante é que a pausa não exceda 10 segundos. É preferível desistir, voltar e atirar em um tempo menor, entre 4 e 6 segundos, que exceder esse limite. Se o tiro não for disparado no intervalo para o qual você foi condicionado, oxigene novamente o organismo e repita o processo.


Controle do gatilho Qualquer que seja o tipo de gatilho ou método de disparo, o que se deseja é disparar sem desviar a mira. Qualquer método que resulte nisso de forma consistente é aceitável.

Requisitos gerais Todos os gatilhos precisam ser: • Consistentes – se o ponto de disparo e a pressão exercida não forem os mesmos para cada tiro é impossível ter controle e qualidade nos disparos. • Confiável – não apenas ter boa performance mas também ter segurança. • Macio na operação, sem arrasto. • Ser possível operar com uma leve pressão. É também desejável que eles sejam: • • •

Ajustáveis no peso. Ajustáveis na posição do gatilho. Fáceis de ajustar.

Tipos de gatilho Embora existam 4 tipos de gatilhos, apenas 2 tipos são aceitos no Field Target, o de simples estágio e o de duplo estágio.


Simples estágio – Este tipo, algumas vezes chamado de gatilho direto, não possui um movimento livre antes do disparo. Isso significa que o mecanismo de liberação é curto e o peso do gatilho é maior. Duplo estágio – Este tipo de gatilho tem um grau de movimento até sentir uma certa resistência. O disparo é efetuado se continuar com o movimento além desse ponto. O gatilho de dois estágios tem o mecanismo de liberação mais longo. O primeiro estágio libera parcialmente o mecanismo de disparo sendo completado pelo estágio seguinte. Esse tipo de gatilho é mais seguro contra disparos acidentais. Entretanto grande parte dos gatilhos ditos como duplo estágio, na verdade, são gatilhos de estágio simples com um movimento livre até o início da liberação do disparo.

Peso do gatilho Supõe-se para efetuar um disparo com o menor movimento possível, quanto menor o peso do gatilho, melhor e seria uma vantagem pois introduz menos força no sistema. No entanto, isso nem sempre é verdade. Um fator primordial para os atiradores é a capacidade de sentir minunciosamente o momento do disparo, não apenas nos treinos, mas no calor da competição. Por isso as carabinas utilizadas no Field Target raramente são configuradas para o peso mínimo mas pelo menos 120 gramas que é o suficiente para uma sensação adequada. Cada atirador escolhe o melhor peso baseado na sua própria experiência. Armas mais populares não tem esse mecanismo e somente um armeiro experiente é capaz de fazer uma modificação segura e confiável .


Empunhar e atirar

CORRETO O movimento do dedo segue a linha da arma

INCORRETO O dedo empurra lateralmente a arma.

INCORRETO O dedo abraça o gatilho

A mão que empurra o gatilho deve ser posicionada de tal forma a permitir que o dedo movimente o gatilho na exata direção do eixo da arma. O movimento do dedo não deve tender a empurrar ou puxar a arma para esquerda ou direita e nem levantar ou abaixar a arma. A força usada na empunhadura é uma questão de preferência pessoal. Muitos livros sobre tiro sugerem que essa força deve ser parecida com a que você usa para segurar um martelo quando for martelar um prego. Entretanto aplicam-se algumas regras: • • • •

A mão que empunha não deve ser utilizada para direcionar a arma ao alvo. A empunhadura deve ser consistente. Gatilhos mais pesados requerem uma pegada mais firme, O grip utilizado em carabinas a mola são menos acentuados.

Existe alguma controvérsia em relação a posição que o polegar da mão que está efetuando o disparo deva ficar. Uns dizem verticalmente, outros horizontalmente na posição já definida pela coronha e outros em qualquer posição intermediária. Como o polegar não é ativo durante o processo de disparo, ou seja, não alivia o esforço no gatilho, qualquer um dos métodos é bem vindo.


Método de operação do gatilho Há vários modos de descrever uma forma de aumentar suavemente a pressão sobre o gatilho até o disparo. O clássico “aperte o gatilho” seja talvez o menos preciso. Esse modo dá a impressáo que a mão inteira deve espremer a coronha juntamente com o gatilho, o que está muito longe da verdade. Para o disparo correto, o único dedo que move é o que está sobre o gatilho, a mira deverá estar imóvel e a arma deve disparar sem que qualquer outro movimento extra seja transmitido. Existem vários métodos empregados para que isso aconteça e todos eles foram usados em algum momento pelos atiradores de elite. Os gráficos a seguir ilustram vários métodos mas, na realidade, o atirador deverá desenvolver a sua própria versão, e que pode ser uma combinação de dois ou mais métodos. Existem vários erros que podem ser cometidos no disparo: • • •

Bater o gatilho – é uma forma muito brusca de pressionar o gatilho, piorando quando o dedo já está em movimento antes mesmo de encostar no gatilho. Apertar rapidamente o gatilho no primeiro estágio e continuar no mesmo ritmo até o segundo estágio ou mesmo após. Atingir o primeiro estágio e aliviar a pressão do dedo antes de seguir no segundo estágio.

Todos os modos descritos acima transmitem um grande movimento para a arma no momento do disparo.

Método 1 – Para um gatilho de estágio simples e para uma mira que pode ser mantida facilmente, aumenta-se gradativamente a pressão sobre o gatilho até o disparo.


Método 2 – Para um gatilho de estágio simples e mira não muito estável, aumenta-se a pressão quando a mira está sobre o alvo e alivia-se quando a mira desloca-se fora do alvo, de forma convergente, até conseguir o disparo.

Método 3 – Alguns atiradores utilizam o gatilho de estágio simples mas o dedo fica pulsando sobre o gatilho até o momento em que a pressão é aumentada efetuando o disparo. A justificativa para este processo é que é mais fácil completar o movimento do que iniciar um novo que pode reduzir o tempo disponível para o acionar o gatilho.

Método 4 – Para um gatilho de dois estágios e uma mira fácil de ser mantida, o primeiro estágio é usado para posicionar a mira e o segundo estágio para o refino da mira, a pressão do dedo aumenta gradativamente até o disparo.


Método 5 – Para um gatilho de dois estágios e mira pouco estável, o primeiro estágio é utilizado para o alinhamento da mira e no segundo estágio o dedo aumenta a pressão quando o alvo estiver na mira e é aliviada se o alvo deslizar fora da mira, de forma convergente, até o disparo.

Método 6 – Este método é similar ao pulsante porém aplicado em dois estágios. O primeiro estágio é usado para alinhamento e o segundo pulsa enquanto faz a mira e rapidamente eleva-se a pressão para efetuar o disparo.


Acompanhamento O processo de mira e disparo não termina quando o gatilho é acionado. O estágio de manter a mira antes e após o disparo é chamado de acompanhamento do tiro. O acompanhamento é de vital importância, principalmente para carabinas a ar, uma vez que a reação de armas de ar comprimido é bastante lenta. Leva tempo para o gatilho acionar o martelo que por sua vez irá acionar a válvula para liberar o ar que acelerará o chumbo através do cano para finalmente alcançar o muzzle e só então estará livre da influência do atirador. Durante esse período se a mira for deslocada, o tiro sairá defeituoso. Existem várias razões fisiológicas para proceder o acompanhamento. Quando o alvo é alinhado à mira, o cérebro passa o comando para efetuar o disparo mas o dedo não executa a ação imediatamente. Há um tempo de reação de 0,3 segundos durante o qual a mira deverá ser mantida. Além disso, a arma é mantida através de um certo esforço muscular e que deve também ser mantido até que o projétil, de fato, saia da arma. Sem seguir esses procedimentos o tiro sairá aquém do esperado. Um bom acompanhamento pode ser conseguido mantendo-se a mira por cerca de 1 segundo após o disparo. Esse tempo é mais que suficiente para permitir que o chumbo saia da carabina. Alguns atiradores permanecem por um tempo mais longo, cerca de 3 segundos, o que parece ser interessante, porém na realidade é um desperdício de energia. Uma outra razão para fazer o acompanhamento é o fator psicológico. Não basta fisicamente manter a carabina na posição enquanto o tiro é disparado. A concentração sobre o tiro disparado deve ser contínua para aproveitar todos os detalhes para os tiros subsequentes. A contínua atenção para o movimento do muzzle após o tiro dá uma boa indicação sobre a qualidade do tiro. Isso é conhecido como “chamar o tiro” e dá muitas informações sobre as correções que devem ser feitas e o que deve ser mantido de um tiro que você considerou como sendo tecnicamente bom.


Posição estilo livre Para a maioria dos alvos do Field Target pode ser usado o estilo livre, como o nome sugestiona, que é qualquer posição escolhida pelo atirador. Embora existam pessoas que obtém sucesso com outras posições, o mais proeminente para o estilo livre é a posição sentada. Esta posição começou a ser usada em meados da década de 80 e é um aperfeiçoamento de posições sentadas de outras disciplinas e especialmente customizada para os requisitos do tiro com carabina a ar. As vantagens dessa posição é estabilidade, fácil de usar, relativo conforto e visão ampla e aberta.

Ombro no mesmo plano da pelvis

Cabeça erguida e ligeiramente inclinada para frente

Peso da carabina sustentada pelo joelho e usando o mínimo esforço muscular

Maior parte do peso sustentado pelas nádegas e apoiada pela almofada

Pés tocando inteiramente o piso

A maior parte do peso é sustentado pela almofada que é feito de um material resistente, a prova d’água, preenchido com bolas de poliestileno e altura de cerca de 4 polegadas. Os joelhos são dobrados contra o peito e a carabina apoiada sobre o joelho esquerdo e como na imagem, sobre o cotovelo esquerdo. Uma melhor estabilidade é alcançada se os pés estiverem todo em contato com o piso, mas eles devem fazê-lo de maneira natural, sem forçar para baixo. O ajuste da altura da almofada ajuda a conseguir isso mais facilmente. A mão direita segura a carabina mas não direciona a arma e o cotovelo direito apoia-se sobre o joelho direito. A mão esquerda pode repousar sobre o punho direito ou qualquer outro lugar que minimize a tensão muscular. Devese notar que a aparência da posição pode mudar de acordo com as dimensões físicas do atirador uma vez que todos os ossos estão inteligados. Em todos os casos, os ombros devem ser mantidos no mesmo plano da pelvis. Se isso não for feito surgirá um movimento de vai-e-vem. Faça disso o ponto de partida para “construir” a sua melhor posição.


Variações Após difundida a posição básica, surgiram duas outras variações. Ambas tem sido utilizadas por atiradores de elite com o mesmo efeito embora alguns já tenham alterado entre esses dois. Variação 1

Nesta variação, o corpo inclina-se ligeiramente para frente e o peso da arma e do corpo distribui-se entre as nádegas e os pés. As nádegas recebem 60% da carga enquanto que os pés 20% cada. O centro de gravidade do conjunto é um pouco avançado com uma parcela do peso transmitida para os pés através dos joelhos. O tronco, ombros e branços devem estar relaxados o quanto possível para não transmitir esforços desnecessários para a carabina.

60% do peso nas nádegas


Variação 2 Esta variação é, na verdade, mais próxima da posição de joelhos na sua concepção e na distribuição do peso. A maior parte do peso é suportado pelas nádegas (quase 85%). As costas formam um arco natural mas o corpo não se inclina tanto quanto na posição anterior. A perna direita descança naturalmente com os pés estendidos ao lado mas sustenta muito pouco peso além da própria perna. A perna esquerda sustenta basicamente o peso da arma. O ombro direito cai naturalmente e não deve ser levantado para posicionar a carabina. O sentimento geral é que todo o peso do corpo é sustentado pelas nádegas e o da carabina pelo joelho esquerdo.

85% do peso nas nádegas

Corpo relaxado mas mais ereto que a posição anterior


Apoiando a carabina Existem várias maneiras de apoiar a carabina na posição sentada. Sobre o braço – Nesta posição a carabina é apoiada na junção do cotovelo que por sua vez é apoiado no joelho. Esta posição dá uma boa altura para a carabina mas existe uma leve tendência de alinhar a carabina usando esforço muscular. Sobre o joelho – Nesta posição o peso da carabina é suportado diretamente pelo joelho. A mão esquerda serve somente para melhorar o posicionamento. Essa é uma posição muito estável pois elimina uma junta (e a possibilidade de desalinhamento) mas há o risco de mover a carabina com a mão se for inexperiente. Se estiver usando uma arma de mola, poderá ocorrer um movimento vertical em função da superfície do joelho ter uma dureza considerável. Uma outra variação utiliza uma luva entre o joelho e a carabina. Esse procedimento permite maior altura do rifle e ligeiro amortecimento para carabianas de mola. Em todos os outros aspectos é o mesmo da posição padrão.

Sobre a mão – Nesta posição o peso da carabina é suportado sobre o joelho pela mão. A mão esquerda oferece melhor altura e posicionamento. Existe um risco maior, por inexperiência, de movimentar a carabina com a mão. Esta posição oferece altura privilegiada para a carabina e ligeiramente um menor recuo para as que utilizam mola.


Posição de joelhos No Field Target vários tiros devem ser, obrigatoriamente, dados nessa posição. Isso geralmente causa sérios problemas para atiradores que consideram a posição de joelhos relativamente instável em comparação com o tiro sentado. De fato, pela própria característica da constituição da posição de joelhos, esta chega a ser tão estável quanto a posição sentada. A disciplina de tiro da ISSF (Federação Internacional de Tiro Esportivo) contempla o tiro de joelhos e embora o estilo do Field Target tenha originado dela, há uma série de diferenças.

A posição de joelhos dos atiradores mais bem sucedidos do Field Target aparentemente parecem diferir muito. Nenhuma outra posição de tiro é tão dependente dos comprimentos de vários membros do atirador. Entretanto uma análise mais rigorosa irá revelar que todos eles compartilham das mesmas características.

A principal diferença da posição de joelhos do Field Target é o fato de que é sempre realizado sem o uso da bandoleira. Isso significa que se a posição adotada fosse a mesma do ISSF, com o cotovelo a frente ou sobre o joelho, a carabina ficaria lateralmente muito instável. Para evitar isso, o cotovelo é posicionado atrás do joelho para permitir que o antebraço descance ao longo da linha da coxa. Isso dá maior estabilidade lateral e deixa que o peso da parte superior do corpo seja suportado pela perna exigindo, desta forma, menor esforço muscular. Cotovelo atrás do joelho


Ajustando a posição e usando a almofada A posição básica consiste em sentar-se sobre o calcanhar direito com a perna esquerda estendida a frente e acertada para suportar o braço esquerdo sobre o joelho. Não é permitido ao atirador sentar-se sobre a lateral do pé. Entretanto as regras do Field Target permite a utilização de uma almofada. Essa almofada poderá ser usada para servir de apoio sob o calcanhar direito. Alguns atiradores de sucesso sentam-se diretamente sobre o calcanhar da botina. Isso é suficiente uma vez que o tempo de permanência nessa posição é muito curto. Deve-se esforçar para manter a sola da botina reta uma vez que se for curvada, os dedos também serão forçados nessa posição e consequentemente ocasionar tiros de baixa qualidade.

Não permitido

Calcanhar a frente ou sob o joelho Dedão para dentro

Ombros no mesmo plano da pelvis

A posição relativa dos pontos de apoio pode ser vista na figura ao lado. O ângulo formado entre a perna direita e a linha do tiro deve ser próxima de 65 graus. O dedão esquerdo é voltado ligeiramente para dentro a fim de tornar a perna esquerda mais estável e o pé suficientemente a frente para manter a perna esquerda mais baixa e um pouco inclinada para trás. É absolutamente importante que os ombros e a pelvis fiquem no mesmo plano. Caso contrário a instabilidade tenderá a oscilar o corpo de um lado para o outro arruinando o tiro nessa posição.


Balanceamento da posição Para manter a posição de joelhos estável, a distribuição de peso deverá estar correta. Sempre que é assumida essa posição os três pontos de contato devem dividir o peso, caso contrário haverá instabilidade lateral e oscilação. Para obter a máxima estabilidade, o centro de gravidade deverá se situar entre a almofada e a perna esquerda. Isso dá a sensação de que o lado esquerdo está sendo pressionado e que o joelho direito suporta apenas uma pequena carga. CORRETO

INCORRETO

O centro de gravidade devese situar entre a perna esquerda e a almofada

O centro de gravidade fica no meio dos três pontos de apoio

Parte superior do corpo Como a maior parte do peso é suportado pelo calcanhar direito, a parte superior pode ser relaxada de modo que a carga remanescente seja suportada pelo antebraço esquerdo. As costas assumem a curvatura natural e os ombros permanecem relaxados. A mão esquerda apenas apoia a arma e a mão direita segura a arma com pressão moderada. O braço direito fica relaxado mas não a ponto de descarregar o peso sobre a mão direita. A cabeça fica basicamente ereta e inclinada a frente para melhorar o equilíbrio. Com os músculos nessa posição a carabina automaticamente estará apontando para o alvo.


Apoiando a carabina O apoio mais estável para a parte frontal da carabina é repousando-a sobre a palma da mão com o peso sendo suportado pelo calcanhar de onde está sendo apoiado. Como o cotovelo esquerdo situa-se atrás do joelho esquerdo, para ter uma posição mais elevada é necessário utilizar as mãos. Essas posições são adaptações do tiro em pé.


Posição em pé A posição em pé é a que demanda maior técnica que todas as outras. É a que coloca maior pressão sobre a habilidade do atirador para que ele se posicione corretamente, particularmente se as condições climáticas e geográficas não forem favoráveis. A principal razão da dificuldade é que esta posição utiliza mais músculos para manter o corpo no lugar. E esses músculos, por sua vez, necessitam ser controlados. É melhor iniciar com a posição que técnicamente é a mais perfeita possível e então, durante os treinamentos, ir modificando para ajustar de acordo com o próprio corpo e às exigências da prova.


Bochecha ajustada à coronha (montecarlo) para que todo o peso da cabeça descance verticalmente sobre ela sem impor nenhuma pressão lateral.

Segurar a arma firmemente sobre o grip (utilizar a mesma força que você usaria para segurar um martelo e bater um prego) Olhando de cima: 1. Os pés são posicionados de tal forma o alvo fique alinhado com a parte frontal dos tornozelos. 2. A pelvis fica centrada entre os pés mas um pouco a frente na direção do alvo. 3. A carabina repousa sobre o centro dessa posição.

A carabina é apoiada sobre o cotovelo que por sua vez é apoiado sobre ou pouco a esquerda da crista da pelvis (quando olha-se de frente). A pelvis então é posicionada sobre o centro da área de apoio formada entre os pés. O eixo do centro de gravidade deve cair bem na frente do tornozelo.


Posição da mão As posições ilustradas a seguir estão em ordem crescente de altura e podem ser usadas com ou sem a luva (que foi omitida para maior clareza). Um dos pontos chaves para escolha da posição é a eliminação do esforço muscular do ombro e do braço esquerdo. Por sua vez isso não poderá ser obtida se a posição da mão não tiver sido escolhida (dando a devida atenção para a altura do alvo e o comprimento do braço) de tal forma a permitir que a arma aponte para o alvo naturalmente. Arma repousa sobre a palma da mão. Esta posição é muito estável mas é apenas utilizada se: 1. Os alvos estão baixos 2. A coronha é longa ou se tiver um palm rest 3. Os seus braços forem longos

Arma repousa em V sobre o polegar e o indicador. Isso dá um pouco mais de altura. Cuidado para não agarrar inadivertidamente a coronha, principalmente se estiver sob pressão.

Arma repousa em V sobre o polegar e o indicador mas desta vez com a palma da mão voltada para fora. Há menos tendência de agarrar a coronha. Cuidado para não empurrar a carabina para a direita.

Arma repousa sobre o punho. Essa posição dá uma altura razoável com coronha semelhante a das armas de tiro 10 metros e que não tem a tendência de direcionar a carabina lateralmente. Para ter melhor estabilidade lateral a coronha deverá ter o fundo plano.

Arma repousa sobre o polegar e a falange. Dá uma altura razoável e para melhor desempenho, a coronha deverá ter o fundo plano.

Arma repousa sobre os dedos e o polegar. Esta é a posição prática mais alta mas também é o que apresenta menor estabilidade. Posicionando-se a mão para trás o polegar poderá ser colocado sobre o guarda-mato ou até mesmo no final da coronha para obter a máxima altura.


Determinando a distância (range finding) Infelizmente quando um projétil é disparado, esse projétil não viaja numa linha reta. Como todos os objetos ele também é afetado pela gravidade e começa a cair no mesmo instante em que deixa o cano da arma. Combinado com o movimento de avanço horizontal, descreve uma parábola (arco) que é a trajetória que a bala fará até atingir o alvo.

Isso significa que para acertar um alvo, o cano da arma deverá ser elevada em relação à visada. Para uma determinada elevação, o projétil viajará acompanhando a linha de visada, cruzará em determinado momento, irá subir e então começará a cair até atingir o alvo juntamente com a linha da visada. Além disso, a mira da carabina poderá ser zerada em apenas duas distâncias e então para alvos à várias distâncias você terá uma das duas escolhas: • •

Mirar em lugar diferente e já estimando a queda da bala (compensação); Mudar a regulagem da mira.


Tipos de retĂ­culos


Software O software Hawke ChairGun Pro é bastante útil para o cálculo da trajetória, incluindo diversas variáveis como: • • • • • •

Marca e tipo da munição Energia da carabina Velocidade inicial Velocidade do vento Direção do vento Tamanho do kill zone

Este software dará de forma rápida, uma aproximação de quantos clicks são necessários para “zerar” a luneta de acordo com a distância do alvo. Obviamente, após escolhida a munição e a carabina, você deverá mentalizar os dados para que possam ser utilizados adequadamente no campo. Para cálculos mais precisos é necessário aferir a velocidade inicial da carabina para uma munição de qualidade e então passar os dados referentes a energia para o software.


Compensação Este método consiste em praticar em distâncias conhecidas e determinar o quanto a mira deverá estar acima ou abaixo do alvo. Essa estimativa é relacionada como uma fração da distância em relação ao alvo (por exemplo, meio ou um quarto de diâmetro do kill zone), ou puramente uma distância (em polegadas ou centímetros) ou até mesmo usando as diversas partes do retículo da mira. Alguns atiradores fazem disso um estágio anterior à prática do tiro e demarcam uma linha ou ponto no retículo que correspondem a diferentes distâncias. Isso é o método de compensação mais utilizado. Vantagens 1. Pode ser usado com qualquer luneta; 2. Rápido de se utilizar. Desvantagens 1. Não é tão preciso; 2. Retículos multi-dots podem causar confusão.

Cliques da luneta Este método consiste na prática em várias distâncias conhecidas e determinar quantos cliques devem ser dados até zerar a luneta. Embora este método possa ser usado com qualquer luneta, o mais adequado seria utilizar as tipo turrets uma vez que essas possuem regulagens mais fáceis. Os atiradores, por sua vez, podem: 1. Usar as graduações (dadas em minutos de um ângulo) e anotar as distâncias mais adequadas; 2. Contar a quantidade de cliques entre duas distâncias (provavelmente o menos prático); 3. Mudar os valores dos cliques para a distância a ser praticada. Vantagens 1. Precisão; 2. Pode ser reproduzida. Desvantagens 1. Requer lunetas mais caras; 2. O uso desse tipo de luneta pode não ser permitido.



Método para estimar distâncias Quando a modalidade do Field Target iniciou, o modo de estimar distâncias era através do olho. Pelo fato de termos dois olhos, nosso cérebro calcula a distância através da triangularização. É preciso muito treinamento para ter competência neste método e atiradores geralmente quando passeiam em torno da área de tiro tentam adivinhar a distância dos objetos para depois aferi-los a fim de apurar melhor os sentidos. Os caçadores utilizam muito este método mas as distâncias são menores que as que encontramos na prática do Field Target. Uma forma de conseguir bons resultados é treinar exaustivamente este método para aferir distâncias de 10 jardas, por exemplo, e então utilizar seus múltiplos e submúltiplos para medir mentalmente o espaço entre você e o alvo.

Vantagens • Muito rápido; • Pode ser utilizado com qualquer tipo de mira; • Não requer nenhum equipamento extra. Desvantagens • • • •

Não é muito preciso e tende a piorar com a distância; Subjetivo, ou seja, o resultado é alterado pelo sentido no momento da medição; Facilmente enganável por áreas escuras, florestas e campo aberto; Difícil fazê-lo com precisão.


Paralaxe Para ter uma idéia do que é paralaxe, faça o seguinte experimento. Posicione a palma da sua mão esquerda na sua frente com os dedos voltados para cima a uns 50 cm de distância. Feito isso, posicione a mão direita a uns 30 cm de você somente com o dedo indicador levantado. Alinhe o dedo indicador da mão direita com o dedo médio da mão esquerda. Agora, sem mover as mãos, mova a sua cabeça vagarosamente para a esquerda e para a direita e observe os dedos se desalinhando. Esse é o erro de paralaxe. Mesmo sem o movimento relativo das mãos, o alinhamento parece deslizar para esquerda e para a direita. Um fenômeno similar acontece também com as lunetas. Num universo perfeito, a imagem que a luneta mostraria seria a do alvo e do retículo num mesmo plano (coplanares) . Como a imagem do alvo e dos retículos não são coplanares, o movimento da cabeça moverá também os retículos em relação ao alvo.

Se a imagem estiver alinhada e focada adequadamente, o retículo permanecerá no mesmo plano do alvo por mais que você movimente a sua cabeça. Você poderá checar isso pessoalmente. Apoie o rifle e coloque um objeto a uma distância conhecida de 10 jardas. Se você ajustar a luneta para uma distância de 25 jardas, haverá erro de paralaxe. Se você ajustar para a distância correta, isso não ocorrerá. Para lunetas de baixa magnitude na qual tudo parece estar focado, independente da distância, mova a cabeça lateralmente para checar a paralaxe, aproxime e afaste a cabeça e repita o processo até que o erro de paralaxe deixe de existir. Se isso não for feito, mesmo a distâncias curtas, surpreendentemente o tiro sairá defeituoso.


Como fazer os ajustes do paralaxe estão descritos no manual da luneta. Os mais comuns são ajuste direto na objetiva ou através de um disco lateral com graduações por distância.


Elas foram projetadas inicialmente para tirar os erros causados pelo movimento do retículo em relação à imagem, indicando a distância a priori para o ajuste adequado. Entretanto no Field Target, o ajuste do paralaxe pode ser utilizado de maneira reversa. Devido à distância relativamente curta, a imagem ou o retículo ficará fora de foco se o paralaxe tiver sido ajustado incorretamente. Isso significa que o atirador irá olhar através da luneta e ajustará o paralaxe até que o alvo e o retículo estejam focados ao mesmo tempo. A distância, então, poderá ser lida na graduação. A maioria dos atiradores não confiam nas graduações que vem da fábrica já que não são tão precisas para o que a modalidade necessita e também porque não há graduações intermediárias. Normalmente coloca-se uma fita sobre essas graduações, e são feitas várias marcas para distâncias conhecidas focando-se o objeto e o retículo. Durante o Field Target, focando-se o objeto e o retículo, lê-se a distância nessa fita para estimar a distância. Paralaxe é mais difícil de ajustar em longas distâncias. Acertar o paralaxe a 25 jardas é bem mais fácil que a 50, assim como a queda de uma bala em grandes distâncias é mais crítica. Isso significa que determinar a distância é mais difícil onde se faz mais necessária. Dessa forma, atiradores do Field Target tem optado por lunetas de grande magnitude justamente para calcular melhor a distância via


paralaxe e lunetas com magnitudes da ordem de 50X e 60X podem ser vistas na prática desse esporte. Essa magnitude não é utilizada para disparar o tiro uma vez que amplifica o movimento da carabina, mas para tão somente estimar a distância do alvo. Vantagens • • •

Precisão; Não é subjetivo como os outros métodos; Funciona bem em diversas condições.

Desvantagens • •

Requer luneta de grande magnitude e qualidade óptica. Alto custo; Requer mais tempo em relação a outros métodos.


Enquadramento (Bracketing Fire) Este método para estimar distâncias utiliza a perspectiva, o fato que o tamanho aparente de um objeto de dimensão fixa como o kill zone (normalmente cerca de 40 mm) terá tamanhos diferentes quando observados de diferentes distâncias. Quando o alvo é visto através da luneta, o atirador compara o tamanho do kill zone (de 40 mm) com o retículo para dar uma indicação da distância do alvo. Se esse alvo é observado a partir de várias distâncias previamente conhecidas, consegue-se um grau de calibração para outras distâncias desconhecidas, comparando-as com os padrões já vistos.

Em algumas lunetas com recurso do zoom, o tamanho dos retículos não mudam, não importando qual a magnitude. Isso significa que a magnitude pode ser alterada assim como o objeto alvo que está entre os retículos. Fazendo esse procedimento para todos os tipos de alvos a distâncias conhecidas, o anel que muda a magnitude pode ser calibrada para permitir estimar distâncias. Algumas lunetas possuem um retículo a mais para facilitar esse trabalho, chamado de stadia. Tais lunetas normalmente já possuem o anel de magnitude calibrado para diferentes tipos de silhuetas de animais.

Vanrtagens • • • •

Por não ser tão subjetivo como estimar distâncias através do método da perspectiva, é mais precisa; Funciona em vários tipos de condições ambientais; Mais rápido que o método da paralaxe; Pode ser utilizada com lunetas de menor custo.

Desvantagens • •

Diferentes tamanhos de alvo requerem diferentes calibrações; Não é tão preciso quanto o método da paralaxe.


Precisão do cálculo da distância e a influência do vento lateral A acuidade na determinação da distância exerce um fator fundamental para o acerto do alvo principalmente quando há ação de um vento lateral. Suponha um alvo com kill zone de 40 mm de diâmetro e a ocorrência de um vento lateral da direita para a esquerda. Suponha ainda que a distância até o alvo foi estimada precisamente e a luneta foi elevada baseada nessa distância. Neste caso, o erro na estimativa da velocidade do vento pode ser tolerado já que para a altura onde o tiro acertará o alvo, na linha do centro, existe a máxima largura do kill zone. Veja a figura da esquerda.

Entretanto, se a distância estimada estiver errada, o tiro atingirá a parte superior ou inferior do alvo e portanto a margem de erro horizontal será também reduzida a menos que o atirador tenha estimado o desvio lateral de forma bastante precisa. Devido a natureza subjetiva da estimativa da velocidade do vento, e consequentemente do desvio lateral, a estimativa da distância sempre deverá ser feita da forma mais precisa possível. Somente dessa maneira o atirador conseguirá contornar essa imprecisão.


Vento Como todos os alvos do Field Target estão localizados em ambientes externos, o efeito do vento é um fator sempre presente. Devido ao baixo peso (inércia) e relativamente a baixa velocidade (energia e momento angular) do tipo de munição utilizado no Field Target, mesmo o vento mais fraco tirará a bala da sua trajetória. Isso significa que o atirador dessa modalidade deve avaliar constantemente o movimento do vento e possuir a habilidade de lidar com as diversas circunstâncias que daí se originam. Indicador do vento Diferente das outras modalidades de tiro, não há no campo bandeiras indicando a direção e a intensidade do vento. Isso significa que o atirador deverá se munir de indicadores da própria natureza para ter uma idéia do que está ocorrendo. Embora a lista seja interminável, e varie de tiro para tiro, podem ser enumerados alguns que ocorrem frequentemente na área do tiro: • • • • • • •

Poeira Fumaça Grama Folha e ramos Chuva Intensidade da sensação do vento no corpo Intensidade do barulho do vento

Muitos atiradores utilizam um pedaço de tira de pano preso à extremidade da carabina como uma forma rápida de informar e melhorar a qualidade dos tiros.


Utilizando os indicadores do vento O que todos os indicadores listados têm em comum é que representam o que já aconteceu, isto é, quando for atirrar, o vento detectado já passou por aquele ponto. Por isso é sempre preferível “ler” as condições através de um indicador que fique contra o vento. A tira de pano amarrada à carabina apresenta o inconveniente de estar posicionada atrás do muzzle e mostrar o passado mas, a menos que esteja úmida, é menos subjetiva que a sensação do vento. Se o clima estiver ameno ou frio, a percepção da força do vento também será diferente e por isso é importante ir ao local do tiro o quanto antes do início do Field Target. Como os alvos do Field Target não estão alinhados numa única direção, cada alvo deve ser analisado individualmente.

O único indicador em tempo real da direção do vento são as correntes de ar quente (convecção). Esse indicador é encontrado em áreas abertas em dias quentes quando o chão aquecido e o ar quente que o cerca tende a subir ocasionando um fenômeno parecido com a fervura. É um excelente indicador de vento porque reage rapidamente às mudanças. A desvantagem é que não é frequentemente visto em florestas, matas fechadas e também em terrenos acidentados e desaparece com ventos acima de 20 mph (32 km/h). Esse fenômeno também faz com que a posição aparente do alvo “suba”, levando os atiradores mais incautos a disparar abaixo dele. Entretanto em campos abertos pode ser a única fonte de informação. Podem ser melhor vistos através de lunetas.


Lidando com o vento - Wind doping Pelo fato da bala girar em torno do seu eixo longitudinal, o vento não desvia o tiro diretamente para a esquerda ou para a direita (conservação do momento angular). Há um desvio vertical também no ponto de impacto, que depende da velocidade do disparo e da força do vento.

Cada atirador possui a sua própria opinião sobre o desvio causado pelo vento. O único modo de ter certeza é atirando apoiado num alvo de papel sob diferentes condições de vento e analisar quanto isso afeta no conjunto munição – carabina. VENTO VINDO DE TRÁS

=>

a bala vai para baixo

VENTO VINDO DE FRENTE

=>

a bala vai para cima

A condição do vento próxima do muzzle geralmente causa efeitos maiores e amplificados do que longe do atirador uma vez que o desvio é diretamente proporcional à distância percorrida pela bala após a deflexão.


Aprendendo a atirar com vento Atirar com vento é mais arte que ciência porque existe uma gama de fatores que afeta a bala após ela deixar o cano da arma combinada com muitos métodos subjetivos utilizados para determinar o que está ocorrendo no momento do tiro. Nada substitui a experiência quando lida-se com o vento e o melhor modo para ganhar essa experiência é praticando em alvos de papel em diferentes condições de vento e várias distâncias entre 7 e 55 jardas. Obviamente quanto maior a distância, maior será o efeito do vento sobre a bala e por isso a maioria dos atiradores concentram seus esforços em tiros longos. Porém não negligencie distâncias pequenas uma vez que aparecem também alvos próximos com kill zone de tamanho bastante reduzido. •

Estágio 1 o Atire em alvos em distâncias conhecidas e deliberadamente atire em condições extremas de vento (fraco e forte) para avaliar o desvio lateral. Estágio 2 o Ainda em alvos de papel, tente acertar o centro do alvo fazendo concessões para o seu conjunto (atirador, carabina e munição) nas condições mais extremas. Estágio 3 o Agora tente acertar as silhuetas do Field Target e anote cuidadosamente as compensações em relação ao tamanho do kill zone.

A compensação no vento pode ser facilidada se o retículo da luneta estiver graduado com dots (pontos) ou linhas. Retículos padrões duplex possui vários pontos que podem ser utilizados para dar uma medida do quanto você está desviando lateralmente. Além disso tem sido desenvolvidos retículos customizados cujos pontos indicam a largura do kill zone a distâncias específicas para padronizar o processo da compensação lateral. Todos esses retículos podem ser utilizados, mas são apenas tão bons quanto a sua capacidade de julgar o que o vento será capaz de fazer e aplicar isso para o seu conjunto carabina – munição. Regular luneta por causa do vento Muitos atiradores (alguns praticantes de curta distância e a maioria dos de longa distância) estimam o vento e então alteram a regulagem da luneta. Este procedimento, embora utilizado em outras modalidades, não é recomendado no Field Target uma vez que o posicionamento dos alvos variam muito na altura, distância, ângulo, orientação e constantemente ao longo do trajeto, trazendo confusão para o atirador e consequentes erros de ajuste. No Field Target a luneta é usada em quase todos os tiros e a compensação pode ser feita com grande precisão, muito além da mira aberta utilizada em outras modalidades.


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