O avesso de Brasília ao avesso

Page 1

o avesso de Brasília ao avesso

O MANUAL COLABORATIVO DE OCUPAÇÃO DO CONIC

autoria: Eduarda Aun | orientadora: Liza Andrade | colaboração: Jaime Gonçalves | Banca examinadora: Gabriela Tenório e Miguel Gally

Localizado no coração do Plano Piloto, próximo à rodoviária, o Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, é um espaço singular na cidade. O descaso e abandono pelas autoridades locais não impede que o setor ainda pulse: o Conic é um espaço de efervescência cultural e ponto de encontro de tribos diversas e de pessoas que procuram produtos e serviços especializados. É curioso, entretanto, compreender por que embora o Conic tenha uma centralidade global, a sua acessibilidade local seja restrita; o que faz com que alguém que passa pela plataforma rodoviária percorra o seu espaço interno? É a “invisibilidade do concreto”, marcada pela sua arquitetura que não convida um desconhecido a percorrer o desconhecido? Ou é a imagem que se tem do lugar que o impede de explorar os seus labirintos? Labirintos estes que mantém justamente o convívio dos diferentes e que formam a identidade do Conic, um espaço onde tudo se mistura.

Por meio deste trabalho, proponho a reflexão da necessidade da regeneração urbana e da valorização das pessoas que usam o espaço do Conic, considerado “marginalizado” por muitos. A partir do estudo da área, da sua relação com o entorno, das suas características atuais e dos seus usuários, propor um projeto que reuna não só as características do plano original de Lucio Costa, mas principalmente as características atuais, de apropriação e heterogeneidade.

O projeto não tem a intenção de “arrumar” o Conic, mas de torná-lo mais atrativo a partir das qualidades que já possui. A ideia é virar o Conic ao avesso, para que quem esteja de fora, queira desvender o seu interior. A primeira iniciativa seria, então, a conscientização dos lojistas, a elevação da autoestima do local e a divulgação do que acontece ali dentro, por meio do Guia de Bolso do Conic. Um guia que revele o que o Conic tem a oferecer, as lojas e serviços, as manifestações culturais existentes e a memória do que já foi.

Em seguida, por meio da requalificação das praças de acesso ao Conic, propor novos usos aos espaços que hoje apenas conectam o Conic aos demais setores, refletindo aquilo que acontece no interior do Conic: parque para skatistas, cinema ao ar livre, espaço para shows e performances, mercado, hortas, bares, arte urbana, etc.

O interior do Conic, por sua vez, um grande centro cultural por si só, recebe intervenções de caráter mais flexível, de forma a possibilitar a apropriação pelos mais diversos atores que fazem uso do seu espaço. Estruturas móveis e multifuncionais poderão configurar diferentes espaços, incluindo palcos, biblioteca, cinema, área para descanso e socialização, etc.

Vamos ocupar o Conic!

O PROJETO

Este caderno tem como objetivo detalhar o processo de elaboração do projeto O Conic ao avesso. Serve também como referência para futuras ocupações e projetos no Setor de Diversões Sul. Está dividido em 8 partes: a Introdução, que define as intenções e procedimentos metodológicos do projeto; o Contexto, que descreve o objeto de estudo e o contextualiza historicamente, tratando das problemáticas do lugar; os Conceitos de projeto, que apresenta as abordagens e o repertório que serão utilizados na elaboração do projeto, entre elas, o urbanismo tático e a participação; as análises dos Aspectos Físicos e Socioculturais, que definirão a demanda percebida e os padrões de desenho; o processo participativo, Bora Participar!, que foi realizado para a elaboração do projeto; e, por fim, o Conic ao avesso, o projeto em si.

O caderno foi elaborado de maneira didática e interativa para que fosse de fácil entendimento e apropriação. É, também, colaborativo, pois, além da participação de diversos atores durante a sua realização, ele propõe que novas ideias sejam acrescentadas. Páginas amarelas, ao longo dos capítulos, visam a participação e engajamento do leitor, por meio de perguntas e espaços para preenchimento.

COMO USAR O

MANUAL?
6 íNdiCe 12 66 24 28 106 30 pessoas comuns 34 manifestações culturais 38 equipamentos culturais 42 implantação 44 como chegar? 46 fluxos e acessos 48 público x privado 49 patrimônio 50 atividades locais 51 geração de presença 52 mobiliário 56 colcha de retalhos 58 fachadas 62 condicionantes climáticas 63 ocupações potenciais 64 padrões de projeto 15 Brasília tem centro? 16 textos de bolso 18 linha do tempo 19 mapa-memória 20 jogos dos sete erros 23 espaço decadente ou diversidade cultural? 07 42 08 por quê o Conic? 08 antecedentes 09 limitações 09 intenções 10 procedimentos 11 agradecimentos 82 implantação 83 diretrizes gerais de ocupação do conic 84 praça do mercado 91 praça de acesso ao SCS 92 praça das fontes 96 térreo do conic 100 estruturas temporárias e mobiliário flexível 106 referências bibliográficas 106 sites consultados 107 créditos 68 o conic ao avesso 69 bora participar? 70 colocando o conic no mapa 72 o que desejo para o conic? 76 aproximações 78 conclusões 25 ocupe o conic! 26 faça-você-mesmo! 27 bora participar! 27 arte urbana INTRODUÇÃO ASPECTOS FÍSICOS CONTEXTO BORA PARTICIPAR!
O CONIC AO AVESSO 80
SOCIOCULTURAIS BIBLIOGRAFIA
CONCEITOS
ASPECTOS

INTRO DUÇÃO

1

TODAS AS CI DADES PRE CISAM TER O

Nao sei se é uma coisa de brasiliense ou se é uma coisa minha, mas eu tenho um encantamento por cidades ‘tradicionais’, onde se vê gente na rua, movimento, burburinho. O Conic, para mim, é um pedaço de todas as cidades brasileiras dentro de um retângulo de 240x90, um pouco como esse quadradinho aonde vivemos.

E se o Conic é uma cidade dentro da cidade, os seus corredores e praças agem como ‘bairros’, reunindo pessoas e grupos com estilos de vida parecidos. Reunem-se em bares, restaurantes, do lado de fora de lojas, jogando conversa fora e tomando (por que não?) uma cerveja em plena quinta-feira à tarde.

SEU AVESSO, UM ESPAÇO QUE DIFERE DO PADRÃO.

O Conic é o centro. E como (quase) todo centro brasileiro, é sujo, malcuidado e inseguro. É também popular e acessível a todos. Numa clara diferenciação entre o organizado e o racional cartesiano que é o projeto de Lucio Costa, o Conic, de fato, é um espaço “anárquico, caótico”, enfim, urbano. No meio de tanto belo e tanto limpo, algumas pessoas encontraram um refúgio, um lugar para ser e estar. E esse lugar é o Conic.

No entanto, um espaço com tanto potencial é tratado com descaso, esquecido pelas autoridades locais e pelos próprios habitantes da cidade. Em um contexto de lei do silêncio, por exemplo, é o lugar ideal para manifestações culturais e vida noturna. É próximo à rodoviária, de fácil acesso. É um ponto de conexão entre os demais setores do plano piloto. Em uma cidade que está reclamando pela ocupação dos espaços públicos, o Conic pede a sua vez.

a NT eCede NT es

O Conic é um espaço emblemático na regiâo central de Brasília que suscita muitas discussões. Em especial, podem ser citados o trabalho do sociólogo Brasilmar Ferreira Nunes e do arquiteto Rogério Rezende, que discorrem sobre as contradições existentes entre o projeto de Lucio Costa e a apropriação do espaço público, nas diferentes dimensões, sociológica e arquitetônica. Há, também, projetos propostos para o Setor de Diversões Sul, entre eles destaca-se o trabalho de graduação de Gabriela Souza, realizado em 1993. Por incrível que pareça, o Conic de 20 anos atrás é muito parecido com o de hoje, embora algumas das problemáticas tenham mudado. A sua extensa pesquisa documental e análises contribuiram muito para a realização do trabalho.

Atualmente existe um projeto de requalificação do Conic, desenvolvido pela prefeitura em 2011. O projeto diz não ter pretensão de transformar o Conic em shopping center (como muito se especula), nem de realizar uma intervenção física drástica, mas de estimular a revitalização por meio do resgate da ideia original do Lucio Costa quanto à fachada frontal, do uso de cores nas empenas cegas, no fechamento das lajes no nível térreo, do trata-

MARIA ELISA COSTA P or QUÊ o C oNiC?

mento dos pisos, da troca das marquises por coberturas transparentes, da instalação de sanitários públicos e da colocação de equipamentos urbanos. No entanto, a abordagem do projeto não leva em conta os anseios da população que frequenta o Conic e desconsidera algumas questões consideradas relevantes no decorrer do trabalho, como as manifestações culturais existentes e apropriações por grupos heterogêneos, que não são contemplados no projeto.

Além destes trabalhos sobre o SDS, uma abordagem que chamou muita atenção foi o Caderno Calafate, do coletivo Micrópolis. Algumas das análises que se encontram neste caderno foram inspiradas na metodologia utilizada pelo grupo de estudantes da UFMG, que trabalha com uma série de mapeamentos experimentais que põem em relevo as potencialidades do bairro, na contramão dos diagnósticos urbanísticos que apontam somente as mazelas do espaço a serem resolvidas.

liMi TaÇÕes

No decorrer do trabalho, algumas questões surgiram como limitações para o aprofundamento do projeto. Entre elas, a falta de desenhos técnicos ou desenhos atualizados por parte do Arquivo Público ou a falta de interesse da prefeitura do Conic em disponibilizar material e informação. Um maior contato com a prefeitura também poderia ter possibilitado uma aproximação com uma outra parcela de interessados no Conic, como os proprietários ou associações, criando um engajamento coletivo em prol do Conic.

A tentativa de me aproximar a diferentes grupos de pessoas que frequentam o Conic e engajar a comunidade no processo participativo também demandou muito tempo e esforço. Por esses mesmos motivos, limitou-se a um grupo reduzido, mas heterogêneo entre si, que representa a área estudada.

Além disso, a dificuldade em acessar algumas áreas do Conic limitou o seu conhecimento a suposições, como no caso dos subsolos e da Praça das Fontes ou Praça Zumbi dos Palmares. A Praça das Fontes, localizada na plataforma superior da rodoviária, de frente à fachada leste do Conic não foi vivenciada, uma vez que está passando por uma reforma, e tem seu acesso impedido por tapumes desde o ínicio do trabalho. Neste caso, a tese de TENÓRIO (2012), permitiu compreender os usos e atividades desenvolvidas naquele espaço.

O Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, é um espaço de efervescência cultural e ponto de encontro de tribos diversas e de pessoas que procuram produtos e serviços especializados. Caminhando pelo Conic hoje, a sensação que se tem é que estamos dentro de um bairro e que seus usuários são como os moradores que, enxergam nele uma segunda casa e um senso de pertencimento.

Por outro lado, para outros moradores da cidade, uma das maiores carências são as áreas de convívio coletivo que escape aos jardins e às áreas verdes. Enquanto Brasília dispõe de vastas áreas bucólicas, deve em matéria de botecos, por exemplo, um velho hábito urbano do país. O Conic, neste contexto, aparece como uma alternativa e como espaço singular que abrange não apenas os tipos sociais, mas a sua própria arquitetura interna vai sendo criada e recriada sem a rigidez legal da Esplanada, como acontece em qualquer cidade tradicional.

Este projeto, portanto, tem a intenção de valorizar e reafirmar o Conic como espaço alternativo e de diversidade cultural e social em Brasília. Colocar o Conic no mapa, de forma a integrá-lo com o centro urbano da cidade, promovendo atividades que o mantenha vivo durante todos os dias da semana e requalificar os espaços públicos para complementar as atividades existentes e valorizar os seus usuários, que fazem dali um lugar para estar.

O projeto também tem a intenção de trazer à tona a memória do setor de diversões de Lucio Costa por meio de uma releitura do projeto original. De forma a representar o Conic em sua totalidade, tanto enquanto concepção como enquanto vivência, o projeto visa reviver ambos os momentos por meio de intervenções que invoquem as respectivas lembranças.

Trabalhado em duas escalas distintas (escala do lugar, o Conic e escala da cidade, as conexões com os demais setores), o projeto tem em vista reinserir o Conic na agenda cultural da cidade e ao mesmo tempo ocupar espaços ociosos, localizados no coração da cidade e que, principalmente fora dos horários comerciais, carecem de atividades que os configure como centro de diversões e lazer.

Projetar espaços de uma nova maneira, a partir de conceitos como o urbanismo tático e a participação, em uma abordagem bottom-up, ouvindo as pessoas, analisando os comportamentos das diversas tribos que compõem o espaço e as potencialidades do local.

Valorizar a identidade e diversidade do Conic

Atrair mais pessoas

Lazer e cultura Resgate da memória Inclusão das minorias Requalificação do espaço físico

11
iNT
e NÇÕes

P roCediMe NTos

O trabalho começa com o estudo da história do Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, os seus usos ao longo dos anos e as apropriações dos espaços, configurando o Conic que conhecemos hoje. Foram verificados recortes de jornais, trabalhos que tratam do tema e a opinião de pessoas para entender tanto a construção do imaginário do Conic na cidade quanto as suas verdadeiras problemáticas.

A imagem de um lugar decadente e marginalizado, contraposta à de um lugar de diversidade cultural ajudou a traçar os conceitos nos quais o projeto se embasará, entre eles: Ocupe o Conic!, Faça-vocêmesmo! Bora participar! e Plante Arte! que serão explicados mais adiante. A ideia de ocupar um espaço subutilizado ou com potencial pouco aproveitado aliado à nova forma de ver e intervir no espaço público por meio da participação dos usuários do Conic é o que orienta este trabalho. A abordagem utilizada inspirou-se em diversos trabalhos, entre eles, o Caderno Calafate, do coletivo Micrópolis (UFMG); o Manual de Mapeo Colectivo, do grupo Iconoclasistas (Argentina); e o livro Handmade urbanism, organizado por diversos autores (Holanda).

Tratando-se de um projeto para um lugar tão polêmico como o Conic, foi importante entender a problemática que envolve a intervenção, tentando respeitar as contradições encontradas, no que se refere à implantação e à relação com a população existente. Para começar o projeto, foi necessário conhecer o lugar e o que ele pôde revelar, por meio da análise de aspectos físicos e seus usuários e suas ações no cotidiano, por meio da análise de aspectos socioculturais. A aproximação e a participação da comunidade do Conic permitiu entender, ainda, as verdadeiras necessidades e aspirações dos usuários, em um processo de baixo para cima. Foi a relação entre a comunidade e seu ambiente que definiu as intervenções que foram propostas.

O projeto, por sua vez, foi dividido em quatro diferentes momentos:

1 • Desenvolvimento do Guia de Bolso do Conic;

2 • Elaboração das diretrizes gerais para a ocupação do Conic;

3 • Requalificação das praças e espaços públicos de acesso ao Conic;

4 • Requalificação dos espaços públicos do interior do Conic com o uso de estruturas temporárias e mobiliário flexível.

12

aGradeCiMe NTos

É muito gratificante ter concluído este projeto após um ano (ou seis) de muito trabalho e noites mal dormidas. Não teria conseguido chegar até aqui sem o apoio dos meus amigos e da minha família.

Agradeço então, à Liza, minha orientadora e amiga, por ter viajado comigo e por mostrar que projetos diferentes são possíveis. Obrigada pelo aprendizado durante o processo, pelas mensagens de madrugada e pelos puxões de orelha.

Agradeço aos meus pais, que até agora não entenderam muito bem o que ando aprontando para o Conic, mas que me apoiam incondicionalmente. À minha irmã pelas (muitas) pausas durante os estudos, pelas caixas de macaron em semanas de estresse e por não ter deixado eu ficar doida.

Ao meu ragazzo Francesco, pela paciência, pelas boas ideias e por acreditar em mim, mesmo de longe.

Às minhas melhores amigas, Mariana, Marcela e Sophia, que me fazem ver o mundo de outro jeito.

Às minhas lindas quase - arquitetas, Camila e Juliana, por terem compartilhado comigo esse momento tão desesperador com muito bom humor. E às futuras arquitetas Julia, Natalia e Renata, pelos chás das tias e mesas de bar. O melhor presente que essa fau me deu.

Agradeço, por fim, a todos que contribuiram de alguma maneira para a elaboração deste projeto.

C assia No lUC as MiCHel a M a Nda soares dÉBora lí-

Cia le T íCia da Nilo MUH a B a Z ila i Z a Bela Bre TTas C aio dias re N aTa ar TUr roCCi Giova NNi MUÑoZ iNGrid orla Ndi sÉ r Gio lilia N a da Niela de CUNH a F rei Tas M aria elaiNe K oHlsdorF raQUel Bra Z loP es JessiC a He N-

riQUe G a Briel KUCH ra Fael CÁ ssio M ar C os viNíCiUs

JUlia soll É ro a Ndrea lUCe N a PaUlo CÉ sar araÚJo

va Nessa G a Briela T e NÓrio a N a PaUla sera PHiM dÉBora H iGor al BUQUerQUe C os Ta THiaGo Fa Nis reiN aldo

F rei Tas TUllio GUiM ar à es iva N P rese NÇ a roNi Ce Z ar

F ra NCis C o P essa NH a lUi Z a Hele N a M aria F ra NCis -

C a Gil M ar a NNe roGÉ rio re Z e Nde PaUla C alaiNHo

G a Briela C as Celli lea Ndro Ge NiNHo N aC a Noa dioGo liN s M ar T iNH a raQUel re N aTo B ar Celos KUlTUr

Brasil C osMoP oli Ta B sB CriaT iva THiaGo Fa Nis CíCero

B as Tos silva F ra NCis C o B arB arella ar TUr a FoN so alessa Ndro alves da silva re N a N G a Briel de lara

G a Briela C oser JÚlia lUN a adaUTo Melo lUC as Para HYB a lUCia N a sa B oia lUisa Melo P edro erNes To

CH aves soBre UrB a N a M ar Ta C arval Ho PaUlo MoraTTo raiMUNdo NoN aTo PaT riCia B alde Z M ariN a elUa N JaiMe GoNÇ alves de al Meida M ar Celo BraG a

13
C ola B oradores

CON TEXTO

2
15
16

Brasília T e M Ce NT ro ?

Numa cidade comandada por eixos e setores, vazios e distâncias, padrões e repetições, é na composição CONIC - Rodoviária – Conjunto Nacional, onde se costuma ver uma imagem atípica na cidade: uma grande quantidade de pessoas transitando de um lado a outro, um caos em meio ao racional cartesiano de Lúcio Costa. Em seu Relatório para o Plano Piloto, cria no cruzamento dos eixos monumental e rodoviário, a plataforma rodoviária. Hoje, segunda casa para milhares de brasileiros que vêm das cidades satélites para trabalhar nos setores adjacentes, o centro de Brasília, é também onde encontra-se o Setor de Diversões da capital.

Imaginado como um lugar sofisticado e cosmopolita, previam-se livrarias, restaurantes, cafés, casas de chá, bares e boates, além de outras atividades que deveriam preencher as necessidades de lazer da futura população do plano (COSTA, 1957). Segundo o Relatório, o acesso ao setor seria feito através de galerias e arcadas, concentrando atividades voltadas ao comércio e ao entretenimento, sugerindo o “resgate das vivências cotidianas da tradição carioca de vida pública, associadas à sofisticação da vida urbana de grandes capitais reconhecidas por seu caráter cosmopolita” (REZENDE, 2014). Lúcio Costa cria esta imagem de centro baseado na Champs Elysées em Paris, no Piccadilly Circus em Londres, Times Square em Nova Iorque e na Rua do Ouvidor no Rio de Janeiro (COSTA, 1957). Suas boutiques famosas e seus painéis iluminados, seus restaurantes luxuosos e cafés, além do burburinho típico das ruas brasileiras, numa tentativa de reunir diferentes grupos de funcionários, estudantes, comerciantes e profissionais liberais.

Dividido em dois quarteirões, o Setor de Diversões é composto pela porção norte, o Conjunto Nacional e pela porção sul, mais conhecido como Conic. Vendido, projetado e construído de uma só vez como um único edifício, o Conjunto Nacional resultou em uma implantação mais uniforme e integrada, funcionando como um shopping center. Já o Conic foi dividido em 18 lotes, construídos separadamente, mantidas públicas as áreas de circulação entre eles. Assim, mesmo as áreas públicas – meros corredores de circulação com áreas mais largas – foram construídas separadamente, o que causou problemas de integração entre os edifícios do setor e as praças vizinhas, formando desníveis e obstáculos.

Conforme a sua evolução, o Conic passa a acolher diferentes tipos de estabelecimentos comerciais nos primeiros pavimentos, entre eles, livrarias, igrejas, lojas variadas, escola de teatro, cabeleireiros, botecos, lanchonetes e sedes de partidos políticos, enquanto nos pavimentos restantes há escritórios. Os espaços públicos entre os prédios, sujeito ao regimento da cidade, recebem influência da diversidade das edificações, que “denotam uma complexidade urbana e arquitetônica, que forma galerias, vielas, praças de uma excentricidade interessante e simpática – a cara do povo que vive a realidade urbana do SDS” (PENHA, 2008).

Torre de TV Congresso Nacional Conic AsaSul Asa Norte
17

TeXTos de Bolso

A CHAMPS ELYSÉES DO CERRADO UM GRANDE CENTRO CULTURAL

No Relatório do Plano Piloto de 1957, onde estão as intenções do seu projeto, junto a croquis e descrições, Lucio Costa traçou as imagens que comporiam a nova capital. No encontro dos eixos monumental e rodoviário, onde estaria a plataforma rodoviária, seria o centro da cidade, dado tanto o seu caráter funcional, de ligação entre os vários setores, geográfico, de intersecção do traçado urbano, quanto simbólico, de reunião de pessoas. “Seria como a praça central em frente à igreja das cidades tradicionais, porém, essa seria fechada a oeste pelo setor de diversões, a nordeste pela casa de ópera e a sudeste pela casa de chá” (PENHA, 2008). O setor de diversões estender-se-ia por toda a face oeste da plataforma como um conjunto arquitetônico contínuo, de gabarito baixo e uniforme, com galerias cobertas, vielas, calçadas largas, terraços, a exemplo da Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. Haveria pátios virados para os cafés, salas de teatro, lojas e restaurantes com vista para o eixo monumental e para a torre de televisão, com fachadas envidraçadas para oeste e painéis de reclame para leste. Imagina que o setor abrigaria livrarias, restaurantes, casas de chá, bares e boates, além de outras atividades.

O MOVIMENTO POLÍTICO NO CONIC SETOR DE IGREJAS SUL?

Entre os gritos de “Compra-se ouro” e o barulho dos skates, mais um som ecoa no interior do Conic: são os cultos das mais de 10 igrejas evangélicas. Sua chegada no setor data já da década de 80, quando alguns pastores instalaram-se por ali, justamente pela proximidade com o “mal”. Para eles, deus os teria colocado no Conic para “dar um caminho para as prostitutas, bêbados e mendigos que vivem ali” (Jornal de Brasília, 22/01/1995). Foi nos anos 90, com o fechamento de alguns dos cinemas como o Cine Atlântida, que as igrejas começaram a se apropriar destas propriedades, gerando uma certa comoção. A polêmica envolvia questões relacionadas aos usos permitidos no setor, assim como se o culto religioso caracterizava-se ou não como diversão (REZENDE, 2014). A entrada definitiva das igrejas evangélicas coincidiu com o fechamento de alguns dos bares e boates do setor, o que acentuou os conflitos entre grupos divergentes. De acordo com os jornais da época, os usuários do Conic se incomodavam mais com a presença das igrejas do que com as das prostitutas. Ainda hoje, apesar do convívio, há ainda aqueles que peçam um Conic sem Igreja Universal.

O TEATRO DULCINA

O Conic já tem ares de um grande certo cultural, ele (e nós) é que não sabemos disso. O descaso dos governos e o preconceito de grande parte da população tem ignorado o que existe e o potencial deste espaço. Apesar do fechamento dos cinemas, por exemplo, o Conic ainda conta com vários equipamentos culturais. Entre eles, podemos destacar a Faculdade de Artes e o Teatro Dulcina de Moraes, a Biblioteca Salomão Malina e o Quiosque Cultural. Além destes, existe uma série de eventos que ocorrem com certa frequência no Conic: encontros de B-Boys e B-Girls, saraus poéticos, lançamentos de livros, discotecagem, batalha de MC’s, bailes de charme, competições de skate, feiras de artesanato, performances, shows de rock, encontros de RPG, entre muitos outros. Em suas paredes, painéis de Athos Bulcão e grafites compõem este cenário artístico-cultural. O que falta é a valorização e a divulgação das qualidades do Conic para que as pessoas passem a entendê-lo como um grande centro cultural no centro da cidade.

A história do Teatro inicia-se em 1955 com a criação da Fundação Brasileira de Teatro, pela atriz Dulcina de Moraes, que logo mais se transferiria para Brasília, com o intuito de incentivar a arte e a cultura na recém inaugurada capital. Dulcina de Moraes, assim como Lucio Costa, acreditava que Brasília seria um pólo irradiador de cultura. Idealizado e construído por Dulcina, o risco original do teatro é de Oscar Niemeyer e o desenvolvimento do projeto deve-se a Ítalo Campofiorito. Foi inaugurado em 1980, após penosos entraves políticos e econômicos, um ano antes do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi a primeira escola voltada para o ensino de teatro em Brasília e hoje enfrenta problemas relacionados a infraestrutura e dívidas, ainda que em 2007 tenha sido reconhecido como patrimônio cultural do DF. Ponto de referência no Conic, o Teatro é um elo de ligação entre o passado, o presente e o futuro do setor. Desde a sua inauguração, reúne diversas pessoas, entre artistas e intelectuais, e ainda hoje, promove eventos e festas, além das peças de teatro. A sua importância dentro do contexto do Conic e mesmo de Brasília é muito evidente.

O MOVIMENTO ARTÍSTICO NO CONIC CULTURA URBANA

Em 1979, com o processo de abertura política, a criação de novos partidos políticos passou a ser permitido. Nos anos seguintes, Brasília e particularmente, o Conic, passa a ser o destino dessas novas associações. O esvaziamento do comércio levou a uma queda no valor dos alugueis e atraiu para o setor organizações sindicais e representações partidárias. Em seguida, foi implantada a “Tribuna Livre” na Praça do Chapéu, onde era oferecida a infraestrutura para que “qualquer segmento da sociedade pudesse se manifestar” (REZENDE, 2014). A construção de um espaço de manifestação no setor transformou áreas ociosas em palcos de debate político, conformando uma diferente imagem para o setor: a de um lugar democrático. O Conic era um território de discussão política numa época em que opiniões contrárias ao governo vigente não eram bem vistas. “Em seus labirintos e corredores, partidos de esquerda, ateus e cristãos e partidos de direita praticam um verdadeiro ecumenismo político. O Conic está acima das divergências ideológicas.” (Correio Braziliense, 21.01.1986)

Em seguida à inauguração da Faculdade e Teatro Dulcina, veio o Café Belas Artes, no mesmo edifício. O fluxo de estudantes e frequentadores dos dois locais favoreceu o aparecimento de um grupo de artistas para o local. Ainda hoje, seduz uma gama de arquitetos, poetas, cineastas e fotógrafos, etc. O artista Ary Pararraios foi também importante na concretização da imagem do Conic como um centro cultural e artístico ao desenvolver um movimento chamado Jegue Elétrico, nos anos de 1978 a 1984. Sua loja de discos e produtos naturais foi responsável por trazer a Brasília as novidades da produção artística e cultural independente. Apresentações artísticas e performáticas eram realizadas ao ar livre, nos espaços públicos do Conic, em frente à sua loja e nos corredores. Os eventos artísticos começaram a pipocar no Conic nesta época. Naquele tempo, o setor contava com dez livrarias, oito cinemas, seis boates, cinco botequins e duas saunas, distribuídas entre si. Junto ao Café Belas Artes, existiam outros botequins, que traziam a vida pública para dentro do Conic e que foram mais tarde comprados pelo teatro durante a sua expansão.

A desvalorização do Conic nos anos 90 manteve os aluguéis baixos, possibilitando a instalação de jovens empreendedores, que comercializavam moda alternativa, como camisetas de bandas, acessórios e jogos. O Conic passa a ser utilizado por uma parcela jovem da população, que vê no seu espaço, um lugar de encontros. Livrarias são substituídas por lojas de revistas em quadrinhos e bares por lojas de skate. Em 1995, é aberta a primeira loja de skate do Conic, que começa a atrair skatistas para os espaços públicos, criando uma tradição da prática de skate nas suas praças internas. As grandes paredes cinzas e malcuidadas e a imagem underground do Conic também propiciou a prática de grafite. “As fachadas, então desgastadas pelo tempo e pela falta de manutenção passam a abrigar os mais variados tipos de arte gráfica tipicamente urbanas” (REZENDE, 2014). Grafites, pichações, estênceis e lambe-lambes podem ser vistos em muitas das paredes do térreo e dos subsolos. Esse aspecto contribui na transformação da imagem do Conic que, antes, um lugar com paredes degradadas e sujas; agora, coloridas e com uma linguagem característica dos usuários que se apropriam daqueles espaços.

18

DE RODINHAS NO MEIO DO CAMINHO

Brasília já virou referência de skate. Os espaços da cidade, as escadas, corrimãos, bancos e, principalmente, o concreto propiciam a prática na capital. Skatistas nacionais e internacionais vem para Brasília para praticar aqui e sobretudo para fazer filmagens dos skatistas que se apropriam dos espaços e da própria arquitetura da cidade. Desde os anos 70, o Setor Bancário Sul, ou como muitos diriam, a “meca” do skate em Brasília, vem sendo apropriado pelos skatistas da cidade. Já a partir dos anos 90, com o surgimento das primeiras lojas de skate no Conic, muitos skatistas passaram a frequentar também aquele espaço. No Conic, o skate pode ser quase considerado uma nova modalidade de transporte. Não é nada estranho ver os adolescentes e, até mesmo proprietários de alguns dos estabelecimentos, transitando de um lado ao outro sobre as rodinhas, um prolongamento de seus corpos. As diferenças de níveis e os obstáculos criados pela morfologia do setor, além do pavimento em concreto, acabaram favorecendo a apropriação destes espaços públicos pelos skatistas.

CONFLITO DE INTERESSES

Uma das maiores dificuldades no desenvolvimento e implantação de um projeto no Conic é o conflito de interesses entre as partes interessadas. Em um lugar tão heterogêneo como o Conic, por mais que a convivência seja pacífica, isso não significa que não haja divergência entre o que se considera melhor para o Conic. De um lado, o interesse econômico e a valorização dos imóveis por parte dos proprietários dos edifícios. De outro, um grupo de jovens proprietários das lojas de cultura urbana, interessados em enaltecer o lado alternativo e underground do Conic, promovendo eventos e festas do gênero. As óticas reclamam do barulho durante os finais de semana. Muitos reclamam da cantoria proveniente das igrejas. Os punks e roqueiros brigam com os vampiros. Os dançarinos de break e hiphop brigam com os seguranças. As artesãs se incomodam com os skatistas. E no final do dia, em um lugar tão diversificado e com um enorme potencial, quem controla a publicidade das fachadas do Conic é um político que nunca põe os pés ali.

TINHA UMA PEDRA...

“Conic, coca, cocô com crack”, versos do Poema Manifesto, de Natinho, denunciam uma das realidades do Conic. Em meio ao uso crescente do crack no Distrito Federal, o Conic aparece como um dos pontos de uso da droga. Localizado próximo ao Setor Comercial Sul e à Rodoviária, “crackolândias” do centro da cidade, moradores de rua e dependentes da droga circulam pelo seu interior, em busca de dinheiro, comida ou apropriando-se de bancos e mesmo do chão, para dormirem ou utilizarem a droga. Trabalhadores do Conic revelam que a situação é ainda pior depois do horário comercial. Descrevem que, de noite, o Conic vira uma espécie de “zumbilândia”. Muitos destes usuários de droga e moradores de rua habitam, inclusive, nos subsolos sem lei do Conic. E o curioso, é que a Secretaria de Serviço Social encontra-se do outro lado, no edifício do Touring, mas parece haver um certo descaso. A questão do uso da droga não é apenas a de saúde. Estas pessoas precisam de atendimento social, de geração de renda, de trabalho e de lazer e é necessário que elas também sejam contempladas no projeto.

DIVERSÃO NOS ANOS 2000

Durante a construção dos passeios, corredores e até mesmo de alguns edifícios do SDS, houve a necessidade de se criarem estruturas que atingissem o solo firme, cerca de 9 metros, até a cota da rodoviária. Foi solicitado, então, o aproveitamento dos subsolos. O rebatimento da planta do térreo no subsolo criou espaços públicos também no subsolo, que sempre geraram problemas de posse, uso e consequente responsabilidade sobre a manutenção. Aproveitado como garagens em alguns edifícios ou utilizado pelo teatro, igrejas e ex-cinemas, o subsolo do Conic faz parte da sua história fantástica. Muitos dizem que ele é assombrado e o abandono propiciou a ocupação por ratos gigantes, baratas mutantes e moradores de rua. Isto não impediu, no entanto, a sua utilização para diversos eventos. Nos anos 90, o Instituto Goethe organizou no subsolo do Dulcina, uma festa de música eletrônica com DJs alemães. Anos depois, também nas galerias do Dulcina, realizou-se a festa Makossa, quando grafiteiros foram chamados para pintar os seus corredores. Há alguns anos, a festa Frenética também acontecia ali. Hoje, devido a problemas de segurança, as galerias foram fechadas, mas o submundo do Conic ainda ecoa.

OCUPE O CONIC!

SUBSOLO OU SUBMUNDO? FECHADO PARA MANUTENÇÃO

O Conic pode, a qualquer momento, explodir. Isso mesmo. De certa forma, o acontecimento agradaria a muita gente que pensa que “aquilo ali, só explodindo e construindo tudo de novo”. Há 14 anos, em diversas vistorias técnicas, os problemas são os mesmos: infiltrações, vazamentos de gás e alto risco de explosão. A laje de piso da Praça do Chapéu, que nunca passou por tratamentos de impermeabilização, acarretou sérios problemas de infiltração e danos na estrutura da garagem. Esta foi, inclusive, interdidata por este motivos. Foram encontrados mais de 200 pontos críticos que precisam de reforma imediata no Conic. De tão antigas, algumas infilitrações formaram “estalactites” semelhantes às de cavernas, conferindo caráter ainda mais macabro para o subsolo do Conic. Muitas instalações elétricas também estão comprometidas, deterioradas pela umidade e pela má conservação. De acordo com o subsecretário da Defesa Civil, Sérgio Bezerra, o prédio inteiro devera ser interditado, devido ao agravamento da situação identificada há mais de uma década.

Há muitos anos se discutem projetos de revitalização do Conic. O que parece nunca sair do papel são projetos arquitetônicos. No entanto, há mais de uma década existe uma movimentação de grupos de artistas, do pessoal do Teatro Dulcina e de parte dos comerciantes que promovem eventos para revitalizar o Conic e atrair mais pessoas a vivenciá-lo. É o caso das inúmeras festas no Dulcina, inclusive nas galerias do subsolo, da Festa Frenética e da Festa Parabólica, festas que aconteciam com certa frequência e que incluiam projeções nas paredes, grafites nos subsolos e muita história pra contar. Outras iniciativas de coletivos e de próprios usuários do Conic são o Mercado Central, feirinha que os comerciantes organizavam e levavam para as praças e espaços públicos do Conic os produtos de suas lojas; e o Kultur - Ocupação Cultural do Conic, que contou com intervenções artísticas, feira de artesanato, feira de economia criativa, debates, shows, campeonato de skate, batalhas de MCs, encontro de break, performances, etc.

Injusto com o seu Lucio Costa dizer que ele errou na programação do Setor de Diversões. Enquanto nos anos 50, as opções de lazer incluiam bailes, passear pela cidade, ir a casas de chá e de espetáculos, hoje o que se considera ‘diversão’ é um pouco diferente. Os cinemas e idas a estádios, por exemplo, continuam sendo boas pedidas, mas em entrevista realizada com frequentadores do Conic, diversão, em termos atuais, foi definida como: eventos culturais, shows, encontros de arte, interação social, lazer ao ar livre, gente na rua, cerveja barata, festas, amigos reunidos, cozinhar, exposições, descansar ao ar livre, bares, música, museus, teatro, andar de skate, feiras, comida, parque, esportes, produção artística, ciclismo, viagens, qualquer coisa aprazível, performances, concertos, passear, ver gente, ler, dançar.

Será possível criar um setor de diversões que inclua todas estas atividades?

19

Lucio Costa concebe em seu Relatório para o Plano Piloto o Setor de Diversões, “em termos adequados de Picadilly Circus, Times Square e

Inauguração da New Aquarius, primeira boate gay de Brasília

Inicia-se a construção dos espaços públicos do Setor de Diversões Sul, como forma de incentivo à construção de edifícios. Novo projeto para o SDS, assumido pela filha de Lucio Costa, Maria Elisa Costa, em seu escritório no Rio de Janeiro

Inauguração do Cine-Superama, cinema especializado em exibição de filmes de arte

Implantação de praças em frente aos SDS e SDN e inauguração do Conjunto Nacional

Inauguração da Faculdade de Artes e Teatro Dulcina de Moraes, vinculada à Fundação Brasileira de Teatro, onde existiam cursos de Artes Plásticas, Teatro e Música

Criação de prefeitura, com o objetivo de requalificar o Conic e mudar a sua imagem negativa

Inicia-se reforma na Praça Zumbi dos Palmares (fachada leste do Conic)

Tombamento do Teatro Dulcina de Moraes e acervos da atriz (Decreto nº 28.518, de 7 de dezembro de 2007), pelo DePHA

Inauguração de Brasília

Inauguração do SDS, primeiro edifício voltado para a Esplanada dos Ministérios. Inauguração do Cine-Atlântida e em seguida dos edifícios Venâncio II, III, IV, V e VI

Instalação de embaixadas e órgãos públicos

Construção do estacionamento de serviço e da praça de ligação entre o Hotel Nacional e o SDS

Com o processo de abertura política, a criação de novos partidos políticos passou a ser permitido e inicia-se a instalação de sindicatos e associações no Conic

1º Seminário de Problemas Urbanos de Brasília, onde foi discutido o esvaziamento de setor, assim como foram denunciados os usos incompatíveis com o projeto de 1962, como a inexistência de bares e restaurantes voltados para a plataforma e a falta de tratamento paisagístico das áreas públicas e praças

Cine – Atlântida é comprado pela Igreja Universal do Reino de Deus

Surge, também, a primeira loja de skate do Conic

Brasília é tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade

Fechamento do Cine Ritz por falta de alvará e por suspeita de funcionar como casa de prostituição

Fechamento, também, de lojas que vendiam e exibiam filmes pornôs em cabines

Incêndio no Teatro Dulcina

1957 1960 1962 1966 1970 1971 1972 1974 1977 1979 1980 1987 1991 1995 2007 2009 2010 2014
liNH a do T e MP o
20

“10

O mapa abaixo evidencia lojas, restaurantes, bares e outros estabelecimentos que existiam no Conic nos últimos 30 anos. Foi elaborado com a ajuda de depoimentos de frequentadores do Conic e recortes de jornais como forma de resgatar a vivência do espaço nas primeiras décadas de ocupação.

“Na Praça dos Aposentados aconteciam muitos shows e eventos, como o ‘Concerto Cabeças’”

“Como as boates ficavam nessa rua de baixo, aqui ficava o maior movimento de noite, de madrugada...”

“Na minha adolescência, o Conic era um lugar com bares, frequentados por pessoas do rock, mais underground”

“O

A “Tribuna Livre” era um espaço na praça onde qualquer segmento da sociedade podia se manifestar, sendo provida a infraestrutura necessária.

O “Mercado Central” foi organizado diversas vezes entre os comerciantes, que expunham os artigos de suas lojas em uma feira nas praças do Conic.

N 0 10 20 50m M a Pa - Me MÓria
Porão do Rock acontecia naquele corredor no subsolo entre o Conic e o Touring” “O Café Belas Artes atraia os entendidos de artes, cinema, música, reunindo todo aquele ‘buchicho’”.
21
livrarias, 8 cinemas, 6 boates, 5 butequins, 2 saunas... tinham os butequins temáticos, butequim só de caipirinha..”

JoGo dos 7 erros

calçadão

praça do chapéu

praça do chapéu

ed. darcy ribeiro

largo do teatro dulcina

22

fachada leste

fachada oeste

largo do acropol

acesso do setor hoteleiro

largo do teatro dulcina

23
24

esPaÇ o deC ade NT e oU diversidade CUlTUral?

Com o crescimento da cidade e pela proximidade da Rodoviária, o setor acaba se popularizando, abraçando diferentes camadas da sociedade, desde os moradores da zona central aos moradores das zonas periféricas do Distrito Federal. “Skatistas, artesãos, boêmios, grafiteiros, evangélicos, prostitutas e sindicalistas vêm transformando esse espaço, convertendo cinemas em templos religiosos, calçadas em pistas de manobra, praças em feiras, escadas em palanques, porões em discotecas” (REZENDE, 2014). Lucio Costa não antecipou a participação e integração de outras classes neste setor, apropriado de um modo diferente daquele concebido por ele em seu relatório. “Isso é tudo muito diferente do que eu tinha imaginado para esse centro urbano, como uma coisa requintada, meio cosmopolita”, Lúcio Costa para Jornal do Brasil, novembro de 1984.

As duas imagens entram em conflito quando entram em jogo os skatistas, metaleiros, evangélicos, cabelereiros, artesãos, músicos, políticos, tatuadores, comerciantes, etc. A cidade reage a essa programação da espontaneidade, sugerindo que o projeto não é um domínio fechado e que o habitante é o principal agente transformador do espaço.

Seus primeiros anos, marcados pela consolidação da imagem do setor como um centro de diversões que dispunha de cinemas, restaurantes, boates e livrarias é logo substituída pela imagem de um lugar marginalizado e decadente, ocupado por moradores de rua, prostitutas e usuários de droga. A presença de prostíb-

ulos, cinemas adultos, casas noturnas, boates gays e os demais usos que estes estabelecimentos trouxeram ao Conic contribuíram para a impressão negativa que se tinha do lugar.

Andando pelo Conic, nota-se que tanto “as apropriações como a morfologia do setor são responsáveis por esse processo de ressignificação da sua arquitetura” (REZENDE, 2014). Por um lado, o Conic é considerado por muitos como um centro alternativo de cultura e lazer. Por outro, sofre ainda pela sua imagem estigmatizada, devido aos usos e apropriações durante a sua construção espacial e simbólica. No entanto, não deixa de ser ainda um lugar instigante no imaginário da população.

A diversidade de pessoas e atividades que compõem este cenário suscita também diversas percepções do espaço do Conic, assim como acontece nas cidades, onde as pessoas constroem e assumem suas próprias imagens a partir dos seus sentidos e das suas recordações e experiências ali vividas. O Conic é emblemático e até mesmo polêmico pelas múltiplas imagens que evoca e por não existir um consenso quanto à sua representação e significado para a cidade. Nem mesmo a imagem concebida por Lucio Costa conseguiu se concretizar, abrindo margem para diferentes apropriações do espaço público e com isso, maiores diferenças entre o seu significado para os diferentes grupos que o compõe.

25
OCUPE O C ONIC ! FAÇA VOC ê MESMO! BORA PARTICIPAR ! PLANTE ARTE ! 3
CONCEITOS

OCUPE o C oNiC!

Há alguns anos o cenário público e cultural em Brasília vem se modificando: estão pipocando eventos na cidade, sejam eles manifestações políticas, sociais ou ainda econômicas (Marcha do Vinagre, Marcha das Vadias, Isoporzinho), sejam manifestações artísticas (Jam do Museu, Sarau da Passagem, Céu com Cinema), sejam festas alternativas (PicniK, Balada em tempos de crise). Diversos em sua natureza e pessoas que os compõem, têm em comum seus objetivos: a volta às ruas e a retomada dos espaços públicos. Uma consciência a respeito da ocupação e valorização dos espaços públicos ociosos está se formando e novas ideias estão surgindo de modo a estimular a vida

pública em Brasília, alvo de crítica de tantos estudiosos. Estas formas de ocupação são uma reação à cidade que não foi pensada para estas pessoas e para as suas reais necessidades, que além de tudo, vêm se modificando ao longo das gerações. As redes sociais, como tecnologia de conexão e de comunicação entre as pessoas, vêm de encontro a essas iniciativas que não surgem de forma espontânea na cidade, mas que são planejadas previamente. As pessoas estão saindo de seus computadores e de suas casas e indo para o centro da cidade para se apropriarem dos espaços, confraternizarem e estimular a cultura e as iniciativas criativas, propondo uma ressignificação aos espaços.

QUero Mela NCia CÉU C oM CiNe M a Ja M do MUse U saraU da PassaGe M T e ve Jo N a 9 F eira livre
27

FAÇA voCÊ MesMo!

Já são familiares os casos de grupos de pessoas fazendo a sinalização no asfalto para a segurança dos ciclistas, ajudando a melhorar a orientação dos pedestres através de sinalização de ruas, transformando espaços ociosos em jardins e hortas. Esta preocupação com a cidade e seus usuários vem sido demonstrada através de diversas intervenções urbanas ao redor do mundo, com a intenção de melhorar a qualidade dos espaços e as relações interpessoais favorecidas pela sua melhoria.

Essas ações criativas e em pequena escala, com caráter mais ou menos formal que tendem a contribuir para melhorar os espaços urbanos estão sendo chamadas de urbanismo pop-up, DIY urbanism (Urbanismo faça-vocêmesmo) ou também conhecido como urbanismo tático Praças e parques foram propostos em meio ao cruzamento de ruas, jardins no lugar de vagas de estacionamento, e por aí em diante.

28

Bora PARTICIPAR!

Por processo participativo, entende-se o envolvimento das comunidades nas tomadas de decisão que lhes dizem respeito ou que afetam o seu desenvolvimento futuro. O objetivo da participação é conferir aos membros de uma comunidade a oportunidade de ter uma voz ativa e tomar parte nas tomadas de decisão que afetam sua comunidade e a sua qualidade de vida. A participação da comunidade possibilita uma maior cooperação entre as partes envolvidas, além de gerar um sentimento de pertencimento à comu-

nidade em geral e aumentar a sua autoestima. Ao mesmo tempo, o processo pode melhorar as capacidades profissionais dos técnicos, especialistas e líderes, conferindo-lhes uma melhor compreensão da comunidade e das problemáticas envolvidas. O nível de envolvimento da comunidade pode variar, assim como a complexidade técnica na aplicação do método a ser utilizado. Há muitas formas de introduzir a participação no processo de criação de um espaço, em abordagens simples e de curta duração.

P la NT e ARTE

Quando pensamos em arte urbana ou em grafites, geralmente os associamos à cidade contemporânea. No entanto, a história nos revela que os homens sempre desenharam em paredes, desde as cavernas, como primeira forma de arte de guerrilha, aos muros de alvenaria. É intrínseco ao homem a necessidade de compartilhar suas ideias e se expressar de forma pública. Se são criticados por atos de vandalismo, são aplaudidos pelas poesias, estênceis e grafites que são irônicos e espirituosos, pelo encantamento que provocam a certos lugares. Esse encantamento que se revela, através da surpresa, do entusiasmo e do sentimento de descoberta, contribui para que “os consumidores do espaço público mergulhem na experiência (extra)ordinária da vida urbana” (CARÙ E COVA, 2007 apud VISCONTI et al, 2010).

A revitalização e a recuperação de bairros são instigados por esse processo, e os habitantes se sentem parte do ambiente recuperado, reanimando sentimentos de proximidade com ele. A arte de rua funciona como uma espécie de vitrine e a conversão do espaço em lugar. A apreciação dos bairros se estende além da esfera local e passa a incluir visitantes “de fora”. Dialogando com várias questões urbanas, a arte pública pode contribuir para diferenciar lugares uns dos outros atrair investimentos, impulsionar o turismo cultural e alternativo, valorizar as propriedades, criar empregos, incrementar o uso dos espaços urbanos e reduzir o vandalismo. Para os seus defensores, há um sentimento geral de que a arte pode desempenhar o papel de regeneração urbana conduzida pela cultura, tanto no âmbito econômico quanto em termos de cultura e comunidade.

29
30

ASPECTOS SOCIO CULTU RAIS

4

P essoas C oMUN s

O Conic é conhecido tanto pela diversidade de lojas e serviços oferecidos como pela diversidade de pessoas e grupos que o frequentam. É possível observar os trabalhadores da região, estudantes da Faculdade Dulcina, skatistas que ocupam o térreo, artesãos, moradores de rua, grupos religiosos, vendedores ambulantes, panfleteiros, polícia, políticos e sindicalistas, vigias de carro, dançarinos de hip-hop, grafiteiros, entre outros. Distribuidos pelos corredores e espaços públicos, estes atores desempenham diferentes funções e ações no cotidiano do Conic. Em muitos casos, alguns grupos são associados a um lugar específico no Conic ou a algum período do dia, como os skatistas que geralmente praticam a atividade de tarde nas praças internas.

trabalhar conversar passear descansar fumar beber e comer descarregar materiais limpar

estudar conversar atuar descansar fumar beber e comer

praticar skate conversar comprar artigos de skate circular

vender conversar circular

dormir circular armazenar beber e comer descansar

pregar cantar circular conversar panfletar

vender circular descansar

circular policiar conversar discursar manifestar descansar

vigiar conversar descansar lavar carros

dançar conversar circular

pintar conversar circular

3 1 2 4 5 6 7 8 9 10 11 12 32
* baseada na análise de presença cotidiana, do CADERNO CALAFATE, desenvolvida pelo coletivo micrópolis
N 0 10 20 50m 1 1 1 1 1 1 2 2 3 3 3 3 2 4 4 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 7 7 8 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 12 12 1 1 1 1 1 1 8 10 33
TÉRREO (AO NÍVEL DA PLATAFORMA RODOVIÁRIA - 1097.5) ESC. 1:1000
34
35

M a NiF es TaÇÕes CUlTUrais

Atualmente existem alguns eventos e atividades que ocorrem constantemente e outros de caráter pontual no Conic. São apropriações dos espaços públicos por alguns grupos ou então eventos organizados pelos comerciantes ou coletivos com o intuito de valorizar e atrair mais pessoas para o Conic. Estes eventos são também responsáveis por reunir as mais diversas tribos para o seu interior.

Feiras de Artesanato

De terça a sexta-feira, artesãos expõem os seus produtos embaixo do ‘chapéu’ da Praça do Chapéu ou sob o pilotis do Ed. Darcy Ribeiro. Em eventos organizados pela prefeitura do Conic, a feira de artesanato acontece também aos finais de semana.

Encontro de B-Boys e B-Girls

Desde 2000, o encontro de hip-hop e break dance ocorre todo primeiro sábado do mês sob o pilotis do Ed. Darcy Ribeiro ou na Praça do Chapéu. A iniciativa se deu pelos próprios dançarinos, que se reuniam primeiramente na plataforma superior da Rodoviária e no Conjunto Nacional.

Shows de rock

O Ticones, dono do Bar Barbarella, promove shows de rock no corredor que fica na frente do seu bar. As bandas se organizam e ele disponibiliza o espaço, gratuitamente. Segundo ele, mais de cem bandas já tocaram em seu bar.

Quinta do charme

Desde 2003, o Baile Charme toma conta da praça de alimentação do Monumental Shopping (subsolo do Ed. Boulevard). A festa acontece às quintas-feiras, a partir das 19:00.

Arte urbana

O Conic é conhecido pelos grafites e lambe-lambes que preenchem suas paredes. Além das diversas artes espalhadas pelo térreo e mesmo no subsolo, as lojas de spray e cultura urbana organizam oficinas de grafite para os iniciantes da prática.

Discotecagem

Grupos e coletivos como a Firma de Scratches organizam eventos de discotecagem mensalmente no Conic. O evento geralmente ocorre em frente ao edifício Miguel Badya, no largo do Teatro Dulcina e recebe o apoio das lojas de cultura urbana.

2 6 3 5 1 4 36
* baseada na análise de manifestações culturais atuais do CADERNO CALAFATE, desenvolvida pelo coletivo micrópolis
N 0 10 20 50m 6 6 6 5 5 5 5 1 1 2 2 3 4 37
TÉRREO (AO NÍVEL DA PLATAFORMA RODOVIÁRIA - 1097.5) ESC. 1:1000
38
39

eQUiPa Me NTos CUlTUrais

Espalhados pelos vários edifícios que compõem o SDS, existem diversos equipamentos de cultura. Entre eles, estão a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, que compreende o Teatro Dulcina de Moraes e a galeria de exposições, a Biblioteca Salomão Malina, o Quiosque Cultural, e a BsB Criativa, uma incubadora de economia criativa instalado no Edifício Darcy Ribeiro. Nos pavimentos superiores de alguns edifícios existem, também, coletivos de arte, laboratório de instrumentos musicais e escola de música.

Faculdade de Artes e Teatro Dulcina de Moraes

O Teatro Dulcina foi inaugurado em 1980 e é uma importante referência no movimento cultural do Conic e de Brasília. Além do teatro, a Faculdade de Artes possui uma galeria onde são expostos diversos trabalhos e mostras artísticas.

Quiosque Cultural

Desde 1999, após o fechamento de sua livraria no Conic, Ivan Presença mantém o Quiosque Cultural no pilotis do Ed. Darcy Ribeiro. Além de sebo de livros e vinis, seu Ivan promove encontros literários, como saraus de poesia e lançamentos de livros. A sua última novidade é o Quiosque Autoral, um evento que espera reunir músicos autorais da cidade às sextas-feiras. O quiosque fica aberto de segunda a sexta no período da tarde.

Biblioteca Salomão Malina

A Biblioteca Salomão Malina encontra-se no Ed. Venâncio III, voltada para a pracinha do Ed. Darcy RIbeiro. Projeto da Fundação Astrojildo Pereira (fundo partidário do PPS), é um ambiente de estudo, que provê rede wifi gratuita e computadores comunitários. Organiza finais de semana literários e é um ponto de bookcrossing (espécie de troca de livros) em Brasília.

BsB Criativa

Localizado no Ed. Darcy Ribeiro, o projeto BSB Criativa é uma parceria das secretarias com o Ministério da Cultura e tem por objetivo fomentar o empreendimento cultural por meio da capacitação e produção na Economia Criativa. Oferecem cursos de capacitação para artesãos, agentes e entes culturais do DF, que são auxiliados na elaboração de projetos para a captação de recursos públicos e para concorrer a editais, como os lançados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Disponibilizam, também, salas de aula para usos diversos e salas para coworking, (escritório compartilhado de trabalho).

TÉRREO (AO NÍVEL DA PLATAFORMA RODOVIÁRIA - 1097.5)

N 0 5 20 50m 3 4 2 1 40

ASPECTOS FÍSICOS

5
43
Touring Club Rodoviária Conic Setor Comercial Sul Hotel Nacional Setor Bancário Sul Teatro Nacional Conjunto Nacional
Hoteleiro Norte Setor Bancário Norte 44
Setor

O Setor de Diversões Sul encontra-se na Plataforma Superior da Rodoviária, entre os Setores Hoteleiro e Cultural Sul. Está também muito próximo ao Setor Comercial Sul (a sudoeste) e ao Setor Bancário Sul (a sul). Atualmente o Setor de Diversões Sul é composto por um grupo de edificações que hoje recebe o nome de Conic, uma praça e o Touring Club - um edifício baixo, previsto por Lucio Costa como casa de chá mas que hoje funciona como extensão da Rodoviária.

O Conic ocupa um terreno de 240m por 92m, um total de 22 080m². É composto por 8 lotes externos retangulares que juntos formam um conjunto retangular vazado. Estes lotes são todos compostos por edifícios que possuem loja, sobreloja, 5 andares de escritórios, cobertura e 2 subsolos. Formam um conjunto únco, adjacente à plataforma rodoviária, por onde se tem o acesso principal. No interior do conjunto existem 10 lotes internos compostos por edifícios mais baixos, cada um com uma característica particular.

O espaço de circulação no térreo é público e está sujeito ao regimento da cidade. Resultado da complexidade arquitetônica dos edifícios circundantes, é formado por praças, vielas, becos e poços ingleses descobertos.

0 5 20 50m 45
iMP la NTaÇÃo
Touring Club Hotel Nacional Conic Praça dos Aposentados CORTE ESQUEMÁTICO

ciclovias existentes principais rotas de pedestres

estações Bike Brasília

46 C oMo CHeG ar ?
a PÉ de BiK e

vias de acesso ao Conic Linhas e paradas de ônibus/metrô estacionamentos

de ÔNiBUs de C arro

47

F lUXos e aCessos

O Conic desempenha um importante papel de conexão, uma vez que é um ponto de ligação entre os setores Bancário, Comercial, Hoteleiro e a Rodoviária. No entanto, os percursos entre os setores caracterizam-se sempre como lugares de passagem, uma vez que “não há estrutura adequada, segura, confortável e interessante para a circulação de pedestres (...) e a iluminação pública atende principalmente as vias e estacionamentos (TENÓRIO, 2012). Dentro do Conic os espaços mais percorridos são o calçadão de frente ao setor e aqueles que conduzem aos setores comercial e hoteleiro, passando por lojas e espaços abertos.

A maioria dos acessos ao Conic encontra-se na fachada leste, integrando o Conic muito bem com a Plataforma Superior da Rodoviária. Porém, algumas entradas não são muito bem identificadas ou possuem pouca visibilidade do interior, causando desconforto ou sensação de insegurança ao visitante. Para quem vem do SCS ou do SHS, existe apenas uma entrada pela passarela que liga o Conic à Praça dos Aposentados ou por entradas no subsolo, das quais a maioria possui acesso restrito.

Setor Hoteleiro Sul

Frequência de uso dos caminhos no térreo (SOUZA, 1993 - adaptado)

alta

média

acessos comuns ao interior do Conic

Conjunto Nacional

Fluxo de pedestres no Conic (Realizada em 22 de outubro de 2008, 15:30 - 16:00 por CALAINHO, 2008 - adaptado)

Rodoviária

Setor Bancário Sul

Teatro Nacional

Fluxos e acessos ao Conic

Dados obtidos em Setor de Diversões Sul: Programa de Requalificação, 2011

Circulação motorizada em frente ao Conic

Fluxo de pedestres

calçada frontal do Conic

Principais rotas de pedestres (SOUZA, 1993 - adaptado)

Mais utilizadas

Menos utilizadas

48
Setor Comercial Sul
Praça dos Aposentados Setor Hoteleiro
Rodoviária Conjunto Nacional
Setor Comercial Sul
Sul
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
baixa
Acesso Número de pessoas Porcentagem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 1 2 2 7 0 20 42 19 34 Total 142 10,56% 0,70% 1,41% 1,41% 4,93% 0 14,08% 29,58% 13,38% 23,94% 100%
na
Estacionamento público nas proximidades
400.000 pessoas/dia
9.981 veículos/dia
692 vagas
3 3 4 4 2 2 1 1 49
Acesso ao Conic vindo do Setor Comercial Sul Acesso ao Conic vindo do Setor Hoteleiro Sul Acesso ao Conic vindo da Plataforma Superior da Rodoviária Acesso ao Conic vindo do Touring (Setor Cultural Sul) e do Setor Bancário Sul Praça das Fontes ou Praça Zumbi dos Palmares
Estacionamento
da CUT Praça dos Aposentados Hotel Nacional Setor Hoteleiro Sul Setor Comercial Sul Setor Bancário Sul Touring Setor Cultural Sul

PÚBliC o X P rivado

Como forma de incentivo à construção dos edifícios, em 1962 foi iniciada a construção do Setor de Diversões Sul, com a execução dos espaços públicos entre os lotes. Os projetos individuais de cada edifício seriam de responsabilidade de seus construtores, estabelecidos apenas os gabaritos com a definição dos lotes, das alturas e do número de pavimentos. Grandes incorporadoras da época participaram da construção dos edifícios, como Antônio Venâncio, o grupo Baracat e o empresário Karim Narrote. Inclusive, alguns edifícios recebem os nomes dos seus proprietários. Como a maioria dos edifícios que foram construídos nos primeiros anos da cidade, o investimento para a construção do SDS foi fornecido pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). Até hoje, 40% dos imóveis do local pertencem a ela.

Espaços públicos construídos

Espaços privados

Área verde pública

Estacionamento

Estacionamento

Estacionamento

Estacionamento

Estacionamento

50
Praça dos Aposentados Praça Zumbi dos Palmares Praça do chapéu Ed. Darcy Ribeiro Villas Restaurante

PaT riMÔNio

Brasília foi reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 1987, tombada como patrimônio histórico federal em 1990 e pelo Governo do Distrito Federal em 1991. O decreto nº 10.829 de 14 de outubro e a portaria nº 314/92 do Iphan definem os critérios de proteção do conjunto urbano construído em decorrência do Plano Piloto vencedor do concurso nacional para a nova capital do Brasil.

Art. 6º A escala gregária com que foi concebido o centro de Brasília em torno da intersecção dos Eixos Monumental e Rodoviário, fica configurada na Plataforma Rodoviária e nos Setores de Diversões, Comerciais, Bancários, Hoteleiros, Médico Hospitalares, de Autarquia e de Rádio e Televisão Sul e Norte.

Art. 7º Para a preservação da escala gregária referida no artigo anterior, serão obedecidas as seguintes disposições:

I. A Plataforma Rodoviária será preservada em sua integridade estrutural e arquitetônica original, incluindo-se nessa proteção as suas praças atualmente implantadas defronte aos Setores de Diversões Sul e Norte;

II. Os Setores de Diversões Sul e Norte serão mantidos com a atual cota máxima de coroamento, servindo as respectivas fachadas voltadas para a Plataforma Rodoviária, em toda a altura de campo livre, para instalação de painéis luminosos de reclame, permitindo-se se o uso misto de cinemas, teatros e casas de espetáculos, bem como restaurantes, cafés, bares, comércio de varejo e outros que propiciem o convívio público;

Em 1993, no primeiro monitoramento de Brasília pela UNESCO, quanto à escala gregária, sublinhou-se a necessidade de criar áreas de interatividade no coração da cidade, com a finalidade de preencher os vazios, avaliado como sendo o aspecto mais vulnerável de Brasília, devido à mesma não possuir um centro estruturado que reforce a sociabilidade natural da sua população que, ao contrário, utiliza os centros comerciais como lugares de reunião.

Já em 2001, no segundo monitoramento da UNESCO, apontou-se o mau estado de conservação do conjunto CONIC (SDS). “O edifício do lado sul encontra-se em avançado estado de deterioração física e funcional, algo que se torna evidente pelo grande número de escritórios e lojas vazias para alugar.” (Fonte: PPCUB)

No Setor de Diversões Sul, o único edifício que é tombado é o Teatro Dulcina de Moraes, tombado pelo IPHAN, pelo DePHA, e pelo Governo do Distrito Federal. O acervo fotográfico, textual e cênico da atriz também são tombados pelo GDF.

Uso do solo permitido - PPCUB, 2013

Comércio: Varejista, com exceção de supermercados, hortifrutigranjeiros, combustíveis, materiais de construção.

Serviços: correios, alimentação, gráficas, atividades cinematográficas e de rádio, financeiras, escritórios, agências de viagens, jogos de azar e apostas, atividades esportivas e de recreação e lazer (exceto parques temáticos), atividades de organizações associativa.

Institucional: administração pública, defesa e seguridade social; educação (exceto ensino infantil, fundamental e médio), atividades artísticas, criativas, de espetáculos e ligadas ao Patrimônio Cultural e Ambiental (exceto jardins botânicos, zoológicos e áreas de proteção ambiental).

Bens tombados

Edifícios com cota de coramento máxima permitida H=23m

51
Teatro Dulcina de Moraes Praça Zumbi dos Palmares

aT ividades loC ais

Muitas das pessoas que frequentam o Conic o fazem por causa dos serviços oferecidos. Entre eles, concentram-se as óticas (devido às clínicas oftalmológicas e aos exames admissionais de trabalho, dos demais pavimentos), salões de beleza, sindicatos, gráficas, lojas de informática, lojas de skate, lojas de piercings e tatuagens, lojas de instrumentos musicais, lojas de camisetas, livrarias e locais de cultos, entre outros. Existem também muitas lanchonetes e restaurantes, que durante a semana são frequentados pelos trabalhadores da região. Entre os equipamentos de cultura, estão o Teatro Dulcina, a galeria de exposições no interior da Faculdade e a Biblioteca Salomão Malino. A única atividade de lazer encontrada foi o fliperama Replay. Desde 2014, a BSB Criativa, uma encubadora de economia criativa, ganhou a licitalção da Terracap para funcionar no Ed. Darcy Ribeiro. É um espaço de confluência cultural e artística, que provê espaço para capacitações gratuitas e coworking.

Nos demais pavimentos predominam escritórios de sindicatos e associações, de advocacia, de contabilidade, de engenharia, corretoras de seguros e imóveis, clínicas médicas e odontológicas. Existem, também, uma escola de música, um laboratório de instrumentos musicais e grupos artísticos diversos.

A maioria das atividades têm seu funcionamento no horário comercial, de segunda a sexta, das 09:00 às 19:00. As boates que existiam no Conic deixaram de existir ou funcionam esporadicamente. Durante o final de semana, alguns dos bares e lanchonetes ficam abertos, assim como poucas lojas. Por este motivo, durante a noite e nos finais de semana, o Conic torna-se um lugar mais vazio. Ocasionalmente, aos finais de semana, ocorrem eventos organizados pelos comerciantes, usuários ou alunos da escola de teatro.

Vestuário

Óticas

Farmácias e atendimento de saúde

Lojas de instrumentos e artigos musicais

Camiseterias

Lojas de skate

Lojas de cultura urbana

Lojas de fotografia e eletrônicos

Lojas de utensilhos e presentes

Joalherias

Salões de beleza e acessórios para cabelo

Bancos, lotéricas e serviços financeiros

Imobiliárias

Gráficas e Papelarias

Auto-escolas

Utilitários

Lojas de piercings e tatuagens

Restaurantes, lanchonetes, bares e cafés

Mercados e distribuidoras de alimentos

Locais e artigos de culto

Sindicatos e Associações

Atividades culturais (teatro, galeria, biblioteca)

Fliperama e Lanhouse

52
* Foram analizados apenas os estabelecimentos com acesso a partir dos espaços públicos do Conic.
servi Ç os C o MÉ r C io
i N s T i TU i ÇÕ es
la Z er
TÉRREO
Correios
2o SUBSOLO

GeraÇÃo de P rese NÇ a

As atividades realizadas no térreo foram classificadas quanto à geração de presença que proporcionam. Utilizou-se a classificação de SOUZA (1993), em que as atividades são comparadas segundo os seguintes critérios: as práticas sociais características de cada uma; o seu tempo de funcionamento; a frequência com que ocorrem no Setor; a quantidade de pessoas que a utilizam. De um modo geral, as atividades do setor geram baixa a média permanência no local e estão uniformemente distribuidas. As atividades que geram maior presença são os bares e lanchonetes, salões de beleza, locais de culto, lojas de skate e de diversões eletrônicas. Alguns destes estabelecimentos, inclusive, promovem eventos que atraem ainda mais pessoas, promovendo encontros e a vivência urbana.

Atividades que proporcionam baixíssima ou nenhuma geração de presença

• depósitos

• lojas e espaços vazios, abandonados ou em reforma

Atividades que proporcionam baixa geração de presença

• faculdade

• imobiliárias

• óticas e/ou joalherias

Atividades que proporcionam média geração de presença

• auto-escola

• chaveiros

• livrarias

• lojas de artigos para cabeleireiro

• lojas de artigos para computadores

• lojas de artigos para umbanda e candomblé

• gráficas

• lojas de disco

• lojas de roupas e sapatos

• lojas de instrumentos musicais

• lojas de piercings e tatuagens

• restaurantes

• sindicatos / associações

Atividades que proporcionam alta geração de presença

• bancas de jornais

• bares e lanchonetes

• salões de beleza

• diversões eletrônicas

• drogarias e farmácias

• locais de culto

• lojas de presentes

• lojas de skate

• lotérica

• bancos

• mini-mercados

• papelarias

53
2o SUBSOLO
TÉRREO

MoBili Á rio F i Xo

Uma das maiores carências dos espaços públicos do Conic é o mobiliário. Em quase todas as praças, mobiliário urbano básico como iluminação e sinalização estão ausentes ou não estão funcionando. Bancos são poucos ou estão posicionados em lugares desconfortáveis (termicamente), o que faz com que a maioria dos espaços sejam configurados como lugares de passagem. O conjunto não possui banheiros públicos.

* baseada na análise de equipamentos, do CADERNO CALAFATE, desenvolvida pelo coletivo micrópolis

8 11 12 4 5 3 9 10 6 1 2 13 7 54
8 11 11 12 12 12 12 1 1 1 2 2 4 4 4 4 5 5 5 5 5 9 10 6 7 16 16 14 14 15 15 16 16 16 17 17 17 15 15 15 3 4

MoBili Á rio T e MP or Á rio

Existem, também, mobiiliário e equipamentos de uso temporário no Conic. Na frente dos bares e restaurantes, estão dispostas mesas e cadeiras de plástico e madeira, para uso dos clientes, que são recolhidas no final do expediente. Além disso, é interessante notar o uso de materiais alternativos para alguns destes equipamentos, como o uso de jardineiras feitas com pneus reciclados e poltronas de tonel de madeira. Quando ocorrem eventos no Conic, geralmente os organizadores responsáveis devem providenciar equipamentos dos quais o setor não dispõe, entre eles tendas, palcos, pistas de skate, e outros.

1 2 3 4 5 7 6 8 9 10 56
3 4 5 5 5 7 7 7 7 1 1 2 2 2 8 9 9 10 10 10 6 6 6 6 6 6 6

C olCH a de re Tal Hos

Durante a implantação do Setor de Diversões, cada lote do setor foi comprado e construído por um proprietário diferente, o que acarretou vários problemas de conexão entre os edifícios. Isto justifica a descontinuidade dos materiais utilizados, tanto nas fachadas quanto no piso. O mapa a seguir evidencia os materiais predominantes de piso nos espaços públicos do Conic e alguns materiais particulares dos demais edifícios, como o painel do Athos Bulcão no Teatro Dulcina e os grafites espalhados pelo setor.

9 5 3 6 4 10 11 12 13 7 8 1 2
58
* baseado no catálogo de materialidades do CADERNO CALAFATE, desenvolvida pelo coletivo micrópolis
13 9 5 5 5 5 5 3 6 4 10 10 10 11 11 12 12 12 7 8 8 1 1 2

FaCH adas

60
NORTE
61 SUL
62 LESTE
63 OESTE

C oNdiCioN a NT es CliMÁT iC as

Andando pelas áreas externas do Conic, sente-se um grande desconforto térmico, devido à grande área impermeabilizada exposta ao sol, como o asfalto e as calçadas. Apesar de o Conic estar cercado por uma extensa área verde, as praças possuem pouco sombreamento por árvores, que, em sua maioria, localizam-se nos gramados onde as pessoas não permanecem. Já no seu interior, a presença de vegetação é ainda menor, plantadas em pequenos canteiros e vasos, não propiciando espaços confortáveis para permanência por causa da vegetação de pequeno porte. Quando chove, as aberturas entre os edifícios molham também os corredores internos, dificultando a circulação nestas condições. A chuva também prejudica os eventos que ocorrem nos espaços públicos, já que estes não possuem cobertura. Há boa ventilação, de um modo geral.

ORIENTAÇÃO SOLAR

VENTOS PREDOMINANTES

Noroeste (chuva)

Leste

Sudeste (seca)

9h 12h 17h 9h 12h 17h 64
ver à o i N ver N o

oCUPaÇÕes P oT e NCiais

11% das lojas do térreo estão vazias atualmente. Em parte, o esvaziamento das lojas do térreo coincidiu com o fim das eleições de 2014, quando estas salas estavam sendo alugadas por partidos políticos. Embora estas lojas estejam distribuidas unformemente no térreo, boa parte concentra-se na porção sul do setor, que é justamente a região menos movimentada. Estas lojas vazias poderiam ser ocupadas, de forma a gerar maior movimentação, por mais bares, lanchonetes, boates ou outras atividades que gerem maior presença. Em amarelo, estão assinalados os espaços residuais do Conic, que são os desníveis causados gerados pelos poços de ventilação ou pela descontinuidade dos edifícios, que também apresentam potencial de ocupação.

Estabelecimentos fechados / vazios

Espaços residuais (poços de ventilação / desníveis)

65

PadrÕes de P ro Je To

A partir das análises anteriores, foi possível propor algumas intervenções para os espaços do Conic. Elas compõem a demanda percebida e também parte do programa de necessidades do projeto. Estas propostas foram compartilhadas com usuários do Conic, que podiam concordar ou não com as propostas, além de sugerir outras, por meio do questionário que foi divulgado pela página do facebook Conic ao avesso e por entrevistas feitas com figuras-chave do Conic. Este processo será detalhado no capítulo a seguir.

Cinema ao ar livre

Skate park

Galeria a céu aberto

Garagem

Cobertura Mercado/Feira

Exibição de filmes ao ar livre nas praças, com arquibancadas e bancos para plateia.

Cinema na fachada do Conic

Parque com rampas e obstáculos para skatistas ao ar livre.

Parede Verde

Fachadas dos edifícios coloridos com grafite e arte urbana.

Parte do subsolo ocupado com garagem para veículos.

Horta urbana Mobiliário

Cobertura dos espaços públicos internos do Conic com estrutura temporária e com flexibilidade de uso .

Feira de produtos variados nos finais de semana.

Bares com mesinhas do lado de fora Vida noturna

Exibição de filmes na fachada do Conic, com arquibancadas e bancos para plateia.

Jardins verticais nas paredes do Conic, como forma de proteção solar e aumento da vegetação.

Atividades como hortas urbanas para criar formas de engajamento social e integrar os marginalizados do Conic.

Arquibancadas, mesas e bancas para complementar as atividades existentes no Conic.

Bares, lanchonetes e cafés com mesas para fora, ocupando calçadas e praças.

Boates, cinemas, bares e restaurantes para melhorar a vida noturna do Conic, atraindo mais pessoas e tornando-o mais seguro.

1 7 2 8 3 9 4 10 5 11 6 12
66

Terraços/Arquibancadas na Praça dos Aposentados e bares com mesinhas externas na parte de trás do Conic.

Quiosques

Fachada com marcas do Conic

Quiosques móveis multifuncionais com wifi e tomadas, para uso comum ou para artesãos e vendedores ambulantes.

Fachada do Conic valorizando a sua identidade e o que acontece em seu interior.

Rua do mercado

Terraços e bares Iluminação

Rua de serviço transformada em passeio com bancos, terraços e mercado

Coworking e Laboratórios Criativos Anfiteatro

Oficinas coletivas de trabalho e laboratórios criativos no Ed. Darcy Ribeiro.

Posto de Atendimento Médico e Banheiros

Atividades como escalada nas fachadas cegas do Conic.

Banheiros públicos Arborização

Aumentar e melhorar a iluminação nos espaços públicos do Conic.

Arquibancadas e palco para apresentação de teatro, performances artísticas e musicais.

Posto de atendimento médico e banheiros com chuveiros para moradores de rua.

Praças com mais árvores e bancos para melhorar os acessos e a permanência nos arredores do Conic.

Banheiros públicos móveis nos espaços públicos do Conic.

Bares, lanchonetes e restaurantes com mesinhas em varandas com vista para Esplanada.

13 19 14 20 15 21 16 21 17 23 18 24 67
multifuncionais Varandas com vista para a Esplanada Escalada

BORA PARTI CIPAR!

6

o P roCesso

A participação é a presença ativa ou envolvimento das partes interessadas em processos decisivos, sejam eles urbanos, territoriais, sociais ou culturais. A ideia da participação incide sobre a inclusão das minorias e dos não-organizados, portadores de exigências diversas, na tomada de decisões.

No projeto para o Conic, por exemplo, não basta implantar ou requalificar uma praça e outros equipamentos de lazer, isolados de um processo onde os usuários compreendam e se reconheçam nesses lugares. Em seu livro, “Arquitetura e Paisagem – projeto participativo e criação coletiva”, Sylvia Pronsato discorre sobre a falta de afetividade pelos lugares, que consequentemente gera uma pobreza cultural. Segundo ela, os locais são melhores conservados quando, de alguma maneira, os moradores tem um envolvimento no processo de decisão e execução desses lugares, pois a partir da participação, é desenvolvido o afeto pelo lugar.

Neste contexto, foram realizadas algumas ações com o objetivo de se aproximar da comunidade do Conic. Estas ações estão divididas em 5 momentos, passando do contato virtual ao contato real. O processo participativo inicia-se com a criação da página do facebook O Conic ao avesso, de forma a envolver e promover a comunidade. Por meio da página, foi divulgado o questionário online, Bora participar?, que buscava entender o cotidiano no Conic e as experiências pessoais dos usuários por meio de perguntas relacionadas à vivência no Conic. O terceiro momento foi uma intervenção interativa, Colocando o Conic no mapa uma instalação de post-its na lateral do Teatro Dulcina, que chamava os transeuntes a responderem o que era o Conic para eles. Em seguida, durante o evento Kultur - Ocupação Cultural no Conic, foi instalado o mural de aspirações, O que deseja para o Conic? uma lousa onde as pessoas tinham a oportunidade de escrever os seus anseios para o Conic. No último momento, Aproximações figuras-chave do Conic foram entrevistadas com o intuito de aprofundar o conhecimento do Conic e as suas problemáticas, além de entender as verdadeiras carências e aspirações das tribos que frequentam o Conic diariamente.

69

No contexto atual de comunicação e tecnologia, as redes socias são um modo mais fácil e imediato de aproximação entre as pessoas. A primeira tentativa de articulação com a comunidade do Conic foi por meio da criação da página do facebook O Conic ao avesso. No começo, a adesão foi principalmente de amigos e colegas da FAU. Porém, a partir da divulgação de eventos e das

intervenções realizadas no Conic, cada vez mais pessoas passaram a curtir a página e hoje mais da metade dos participantes são pessoas com as quais eu não tenho vínculos. A página tem como objetivo conectar os diferentes usuários do Conic e, ao mesmo tempo, divulgar o que acontece no Conic e chamar para a participação e envolvimento no projeto.

154 pessoas curtem a página

566 pessoas alcançadas por mês

19 pessoas envolvidas por semana

456 cliques na página

40 pessoas alcançadas 3 curtidas, comentários e compartilhamentos

1.301 pessoas alcançadas 90 curtidas, comentários e compartilhamentos

1.104 pessoas alcançadas 87 curtidas, comentários e compartilhamentos

33 pessoas alcançadas 4 curtidas, comentários e compartilhamentos

70 o C
o QU e a C o NT e C e N o C o N i C? CH a M ada P ara P ar T i C i P a ÇÃ o div U l G a ÇÃ o do P ro J e T o o QU e es TÃ o F ala N do do C o N i C?
oNiC ao avesso

Usos noturnos

Posto de informação

Revitalização das praças

Sinalização

Conscientização dos lojistas

Limpeza Mobiliário urbano Habitação nos pavimentos superiores

Imagem do Conic Atrativos para permanência nos locais

Maior integração com espaços adjacentes Mais árvores

Por meio da página O Conic ao avesso foi divulgado um questionário online, que tinha como objetivo engajar o maior número de pessoas e entender as necessidades e aspirações de pessoas que costumam frequentar o Conic. O questionário partia de questões mais gerais, como o que o participante entendia por diversão a questões afetivas relacionadas ao Conic (os pontos de referência, os lugares, lojas e restaurantes preferidos, etc). O questionário pretendia, ainda, coletar informações para a elaboração do Guia de Bolso do Conic, um guia colaborativo onde os usuários do Conic poderiam dar dicas a futuros visitantes. A partir das análises feitas anteriormente, foi possível sugerir intervenções nos espaços do Conic, entre eles, as praças internas, externas, os subsolos, as fachadas e os demais pavimentos. Os participantes podiam escolher entre os padrões propostos e sugerir novas ideias.

Intensa urbanidade

Descontraído Lojas e serviços Diversidade de pessoas e atividades

Grafites e paredes cheias de coisas coladas

Local histórico

Praça e espaços abertos

Fossos

Cinemas tomados pelas igrejas

Falta de segurança

Conexões com outros setores e acessos

Ambiente pouco convidativo

Falta de cor Subsolo macabro

Clima cultural

Significado político

Lugar único em Brasília

Abandono e má conservação

Fama negativa

71
ora
iCiPar ? o QUe voCÊ Gos Ta No C oNiC? o QUe voCÊ NÃo Gos Ta No C oNiC? o QUe voCÊ aCH a QUe P oderia Mel Horar ?
B
Par T
72
73

C oloC a Ndo o C oNiC No M a Pa

De forma a compreender a imagem do Conic para aqueles que o vivenciam, foi proposto um mural interativo, inspirado nas intervenções da artista taiwanesa-americana Candy Chang, conhecida por suas instalações públicas interativas que provocam o engajamento cívico e introspecção emocional. Um mural de post-its com a forma do Plano Piloto e o Conic destacado foi instalado na parede do Teatro Dulcina durante o mês de novembro de 2014. Na versão elaborada para o Conic, Colocando o Conic no mapa os usuários do Conic foram convidados a responder o que era o Conic para eles.

O resultado foi interessante; por um lado, as respostas giraram em torno de temas como “lugar de efervescência cultural e de todas as tribos”, “minha segunda casa”, “underground”, “roots”. Por outro, os post-its eram utilizados como espaço para tags/grafites com nomes de pessoas ou até mesmo para declarações de amor. No entanto, o mais curioso foi a quantidade de post-its relacionando o lugar ao uso do crack.

Ainda hoje o Conic é segunda casa para muitos moradores de rua e usuários de crack, que perambulam por suas vielas e se apropriam de alguns espaços, onde repousam ou fazem o consumo de drogas. Mesmo à noite, quando o setor está já fechado, a Praça dos Aposentados dá lugar para os usuários provenientes da Crackolândia e para traficantes que passam por lá.

74

o QUe dese Ja

Para o C oNiC?

Nos dias 28, 29 e 30 de novembro, o Conic deu lugar ao evento Kultur Ocupação Cultural, projeto idealizado pelo Unos Coletivo que visava trazer para o centro da cidade uma proposta de Ocupação Cultural, através de intervenções artísticas em suas diversas vertentes. O festival contou com intervenções artísticas, feira de artesanato, feira de economia criativa, debates, shows, campeonato de skate, DJs, batalhas de MCs, encontro de break, performances, etc. A ideia era que as próprias pessoas ocupassem e se apropriassem do espaço e que a cada dia do festival o Conic estivesse configurado de uma forma diferente. Neste contexto, foi disponibilizado um espaço para a realização de uma outra intervenção interativa.

Foi proposto, desta vez, um mural em forma de lousa onde as pessoas pudessem escrever e desenhar o que imaginam para o espaço do Conic. O mural foi inspirado nas lousas do projeto Ocupe Goiânia, criadas pelo grupo Sobreurbana, que por sua vez se inspirou no mural mais famoso de Candy Chang, “Before I die...” (Antes de morrer...), uma lousa pintada sobre um muro, onde as pessoas são convidadas a escrever o que elas gostariam de fazer antes de morrer. A adaptação foi feita para o contexto do Conic, de forma a engajar os visitantes e entender não mais o que é o Conic, mas o que as pessoas gostariam que ele fosse.

Durante o final de semana da Ocupação Cultural, o mural foi instalado no pilotis do Edifício Darcy Ribeiro e permaneceu no Conic durante o mês de dezembro, na parte de trás do Teatro Dulcina. Entre os desejos, pedia-se um Conic com mais amor, alegria, cultura e ocupação. A lista de pedidos contava, ainda, com banheiros públicos, sinuca, cinema, skatepark, wi-fi, restauração, festas, sebinho de livros, iluminação, arte, infraestrutura para shows e eventos, música, lugar para grafitagem, teatro, performance, e mais, que fossem sem a Igreja Universal.

75

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

Para mim, o Conic é

76

De forma a se aproximar dos usuários do Conic, figuras-chave do dia a dia do Conic foram entrevistadas. Os entrevistados foram escolhidos por serem representantes de tribos que frequentam o Conic, ícones na sua história ou por fazerem parte da sua cena artístico-cultural.

Francisco Pessanha frequenta o Conic há 20 anos. Presidente da Associação dos Skatistas da Capital, organiza em conjunto com as lojas de skate competições no Conic, além de motivar a prática por meio de outras iniciativas.

Roni Cezar é um dos organizadores do Encontro dos B-Boys e B-Girls e frequenta o Conic desde 1995, aproximadamente. Junto com o seu grupo Blackspin Breakers, participa de competições internacionais de dança de rua.

Anne é a gerente da loja de camisetas Verdurão. Trabalha na loja desde 2011, mas frequenta o Conic desde a sua adolescência. Defende que o Conic tem muita coisa legal e que as pessoas deveriam deixar o preconceito de lado para conhecê-lo.

Maria Francisca é uma das artesãs que vende crochês, tricôs e bordados sob o chapéu do Conic. Gosta de encontrar conhecidos pelo Conic, mas não aprecia o barulho dos skatistas.

Ivan Presença é um ícone do Conic, dono da antiga Livraria Presença e do atual Quiosque Cultural. Sente saudades do Conic de 20 anos atrás, quando o lugar tinha mais alma mas acredita que em 20 minutos tudo pode mudar.

Túlio Guimarães é professor da Faculdade Dulcina desde 1988, sendo muito ligado à história da Fundação Brasileira de Teatro. Preocupa-se com o SDS, que segundo ele, está sendo tomado por igrejas que descaracterizam o objetivo inicial ao qual ele se destinava.

Cícero Bastos trabalha há 4 anos no Conic, como diretor pedagógico da Faculdade Dulcina. Seu objetivo é fortalecer os laços entre cultura, entretenimento, o Teatro Dulcina e o Conic.

Luiza Helena trabalha na Kingdom Comics há 2 anos, mas sempre frequentou o Conic pois gosta das lojas, das temáticas, dos eventos de música e dos bares. O que mais gosta de fazer no Conic são as suas tatuagens.

Reinaldo Freitas é dono da Berlin Discos, loja de CDs e vinis que existe no Conic há 25 anos. Segundo ele, o Conic foi o primeiro conjunto punk de Brasília, bem antes da Plebe. Ressalta a necessidade da ajuda do governo para solidificar o Conic como setor de diversões da cidade.

Thiago Fanis é coordenador de gestão da incubadora de economia criativa, Bsb Criativa, que ocupa o Ed. Darcy Ribeiro desde 2014. Frequenta o Conic há 20 anos e incentiva as pessoas a visitarem e se envolverem com o Conic e com a sua cultura.

Marta Carvalho é presidenta da Ossos do Ofício, uma associação de artistas que representa mais de 500 artistas de todas as áreas. Sediada no Conic há 14 anos, lamenta o descaso com o local atualmente, pois antes o Conic pulsava 24 horas por dia.

Patricia Baldez trabalha na Biblioteca Salomão Malina há 5 anos. Recebe, em média, 50 visitantes por dia, desde trabalhadores dos edifícios a guardadores de carro e moradores de rua.

Raimundo Nonato, mais conhecido como Natinho, é um artista, serigrafista cearense. Ator, frequenta o Conic desde os anos 80. Em 96, abriu junto a um sócio, a Kingdom Comics, loja de revistas em quadrinhos e camisetas, que deu origem às outras camiseterias do Conic. É conhecido pelas suas “baratas” e pelo engajamento cultural no Conic.

78 a P roX iM aÇÕes

Francisco Pessanha

Gosta de todos os lugares do Conic, pois conhece todo mundo. Gosta de trocar ideia com os amigos, passar nas lojas para ver o que está rolando.

Francisco ressalta a falta de apoio para incentivar quem faz a cultura no Conic. Segundo ele, o Conic precisa de uma revitalização das praças, para que sejam mais habitáveis e tenham espaços para shows e pistas de skate.

Roni Cezar

Seu Ivan gosta de vender livros e de promover eventos culturais. Para ele, todos os corredores e espaços são interessantes, pois ele o conhece desde a fundação.

Para ele, hoje o Conic é um lugar feio, pois falta a alma. Muito saudosista, reivindica a volta dos bares, butequins e cinemas. Defende o Conic como um centro de vivência e gostaria que fosse um lugar mais aprazível.

Gosta do Conic todo, gosta de visitar outras lojas, tomar café, ir ao Dulcina, ir aos shows. Gosta de ficar lendo ou conversando.

Reinaldo não quer que o Conic se transforme em um shopping. Sugere uma reforma estrutural e comercial, um mix de lojas, mantendo os padrões antigos. Implora pela construção de banheiros públicos!

Natinho reconhece que o Conic é um território hostil dentro da cidade, mas enxerga isso como algo positivo.

Valoriza a arte e a cultura urbana no processo de regeneração do Conic. Preocupa-se, também, com os usuários de crack. Sugere, por exemplo, a colocação de bebedouros e algum apoio para eles.

Em relação ao Encontro de B-Boys e B-Girls que ele organiza, enfrenta problemas com a autorização da prefeitura para realizar o evento mensal.

Para ele, é importante que se faça um plano de revitalização para acabar com o preconceito existente em relação ao Conic. Além disso, fala da urgência em restaurar o Teatro e de pagar as dívidas da faculdade.

Gosta de tudo no Conic, das festas, dos artistas, de conhecer gente, encontrar gente. Andar de skate, matar o tempo. Comprar disco, CD.

Thiago comenta sobre os conflitos de interesses entre os proprietários dos edifícios e os lojistas, e ainda entre os lojistas tradicionais e os alternativos. Tem vontade de criar a Rádio do Conic e um estúdio coletivo de música com sede no Ed. Darcy Ribeiro.

Para Gilmar, o Conic é um lugar pequeno e aconchegante, onde as pessoas se conhecem, se cumprimentam, marcam encontros ou se encontram por acaso.

Gilmar acha problemático o uso do Conic como ponto de droga e de tráfico. Esta utilização deturpa a imagem do Conic e afasta muitas pessoas. Sugere dar mais visibilidade ao teatro e dar uma “repaginada” no setor.

Anne

Anne gosta de olhar as lojas de skate e de camisetas. Sua loja preferida é a Negro Blue. Gosta também de se reunir com os colegas no café Eldorado.

Para as lojas de camisetas, os eventos no Conic são importantes, pois além de atrair mais clientes, enaltecem o lado alternativo do Conic. A ideia é que o Conic seja um grande centro cultural.

Cícero gosta da divisão de espaços no Conic, mas não aprecia a falta de projeto.

Cícero comenta sobre a necessidade de alojamentos para estudantes estrangeiros que vem estudar na Faculdade Dulcina. Segundo ele, é necessário, ainda, um espaço político e acadêmico dentro do Conic.

Marta considera o Conic um espaço de resistência em Brasília. Segundo ela, é um espaço criativo onde as pessoas tem ousadia e onde todo mundo do DF consegue se encontrar.

Preocupa-se com o descaso do governo em relação ao Conic e com a falta de estrutura. Comenta sobre a efervescência criativa, noturna que existia e que foi se perdendo. Para ela, é necessária uma revitalização de verdade, com reforma, policiamento e educação.

Skatista e funcionário da FUNHOUSE (loja de skate) Leandro frequenta o Conic todos os dias para andar de skate. O que ele mais gosta é o chão liso.

Para Leandro, um dos maiores problemas do Conic é a falta de cuidado com o espaço físico. Também mostra preocupação com o conflito existente entre os lojistas.

Maria Francisca

Gosta de encontrar os conhecidos pelo Conic. O melhor dia para vir ao Conic segundo Luiza é sábado, quando está mais movimentado, tem mais eventos e mais vendas.

Maria Francisca pede que o espaço onde ela e as demais artesãs ficam seja arrumado, ou que seja criado um espaço melhor para elas exporem os seus trabalhos.

Luiza acha que faltam bares, lojas legais , além de mais espaços para eventos, como palcos.

Patrícia valoriza a localização do Conic, muito acessível para todos e o público misto e a variedade cultural que isso permite.

Em relação à biblioteca, considera muito importante a inclusão digital e a disseminação de informação, principalmente para aqueles que não tem acesso a ela. O modelo atual de sala de leitura existente na Biblioteca bloqueia outras formas de criação, mas o espaço físico atual não permite outra disposição.

79 T roC a Ndo F iGUriNH as
Túlio Guimarães Cícero Bastos Luiza Helena Thiago Fanis Gilmar Marta Carvalho Leandro Patricia Baldez Roni Cezar valoriza o encontros das pessoas no Conic. Túlio destaca o Teatro Dulcina como um dos lugares mais importantes do Conic.

Guia de bolso do Conic percebida

Galeria a céu aberto recebida

Skatepark recebida

Via compartilhada de pedestres e ciclistas percebida

Mercado / Feira percebida

Cinema ao ar livre recebida

Escalada percebida

Bicicletário recebida

Mobiliário percebida

Hortas percebida

Quiosques de comida percebida

Bancas de jornal percebida

Anfiteatro percebida

Quiosques para artesãos / vendedores ambulantes percebida

Palcos para apresentações de artistas de rua percebida

Posto de informação recebida

Sebinho / biblioteca ao ar livre recebida

Infraestrutura para shows e eventos recebida

Banheiro público recebida

Cobertura temporária percebida

Arborização recebida

Apoio para moradores de rua percebida

Jardins verticais percebida

Fachadas com marcas do Conic

Após o processo participativo e as análises dos aspectos físicos e socioculturais do Conic, foram decididos os projetos e intervenções a serem realizados. A tabela ao lado evidencia a demanda e as intenções de cada projeto.

Nos diálogos estabelecidos por meio dos questionários e das entrevistas com as figuras-chave, o que se percebe é por um lado um medo e um certo preconceito em relação do Conic e por outro, uma tentativa de combatê-lo. Ainda que a polícia considere o Conic como um dos lugares menos violentos da zona central, existe ainda a imagem de um lugar inseguro e marginalizado na cidade, principalmente para aqueles que não frequentam o Conic no dia-a-dia. Isto pode ser justificado pelo pouco conhecimento que se tem do lugar, ou pela imagem disseminada pelos veículos de comunicação nos últimos anos.

Em virtude desta problemática, surge a ideia de criar um Guia de Bolso do Conic que conte com imagens e conteúdo sobre a sua história, desde a concepção por Lucio Costa às apropriações atuais; além de dicas de quem frequenta o Conic e memórias de quem o frequentou. O guia seria colaborativo, elaborado em conjunto para valorizar a diversidade do Conic, resgatar a sua memória e disseminar a imagem do Conic hoje, virada ao avesso.

O abandono, a má conservação e a falta de segurança, por sua vez, também comentados, seriam sanados por meio da requalificação do espaço físico a partir das intervenções sugeridas. A valorização das atividades realizadas no Conic e a criação de novas formas de lazer e cultura atrairiam mais pessoas para o seu interior, mantendo-o vivo e consequentemente, mais seguro.

As intervenções propostas surgiram a partir da demanda verificada. As demandas percebidas são aquelas derivadas das análises feitas anteriormente, enquanto as demandas recebidas são aquelas propostas pelos usuários do Conic.

Cada proposta tem uma intenção que a motiva. As intervenções visam valorizar a diversidade do Conic, atrair mais pessoas, incentivar formas de lazer e cultura, resgatar a memória do local, incluir as minorias e requalificar o espaço físico.

80
de M
de
lisTa
iNT e NÇÃo iNT e NÇÃo percebida recebida valorizar
e
C oNClUs Ões
a Nda
M a Nda
de ProJeTos
atrair lazer
cultura memória incluir requalificar
percebida Sinalização recebida Wifi recebida Coworking percebida Garagem percebida Alojamento estudantil recebida x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

O Conic é hoje um espaço de encontro, de criação artística, de engajamento social e político e de diversão e lazer. A ideia é transferir essas qualidades para fora, ou seja, virar o Conic ao avesso.

Ponto importante de conexão entre a Rodoviária e os demais setores adjacentes, os acessos ao Conic foram repensados de forma a serem não apenas o caminho mas lugares de permanência. Novos atrativos foram propostos, visando a ocupação dos espaços públicos todos os dias da semana com a intenção de mantê-lo vivo e seguro! Pistas de skate, espaço para grafitagem e dança de rua também foram incluídos, de forma a trazer um pouco da periferia para o centro da cidade e promover a inclusão social e atividades acessíveis a todos.

Um entorno convidativo chamará as pessoas a desvendarem o interior do Conic, que será uma enorme galeria a céu aberto, com as empenas coloridas com arte urbana e com diversas atividades culturais.

82
Bicicletários

Arquibancadas

Hortas urbanas

Mercado

Vaga viva

Jardins de chuva

Oficinas de trabalho compartilhado

Banheiros públicos

Rádio do Conic

Galeria a céu aberto

Cobertura multifuncional

Fachada com marcas do Conic

Postes de iluminação com painel solar

Palcos para apresentações informais

Jardim comunitário

Calçadão arborizado

Quiosques

AO AVESSO

Fontes interativas

Anfiteatro

Jardineiras “skatáveis”

Acesso ao Touring

Bicicletários
7
OCONIC
84

GUIA PRA QUÊ?

O Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, é um espaço de efervescência cultural e ponto de encontro de tribos diversas e de pessoas que procuram produtos e serviços especializados. É também um lugar de engajamento político-social e de diversão e lazer. Caminhando pelo Conic hoje, a sensação que se tem é que estamos dentro de um bairro e que seus usuários são como os moradores que, enxergam nele uma segunda casa e um senso de pertencimento.

Este guia de bolso tem como objetivo colocar o Conic no mapa reunindo um pouco da sua história, das suas manifestações culturais, dicas de usuários e do que fazer por ali, elaborado em colaboração com pessoas que realmente o conhecem.

Vamos ocupar o Conic!

Imaginado por Lucio Costa como um lugar sofisticado e cosmopolita, previam-se livrarias, restaurantes, cafés, casas de chá, bares e boates, além de outras atividades que deveriam preencher as necessidades de lazer da futura população do plano. Segundo o Relatório do Plano Piloto, o acesso ao setor seria feito através de galerias e arcadas, concentrando atividades voltadas ao comércio e ao entretenimento. Lucio Costa cria esta imagem de centro baseado na Champs Elysées em Paris, no Piccadilly Circus em Londres, Times Square em Nova Iorque e na Rua do Ouvidor no Rio de Janeiro. Suas boutiques famosas e seus painéis iluminados, seus restaurantes luxuosos e cafés, além do burburinho típico das ruas brasileiras, numa tentativa de reunir diferentes grupos de funcionários, estudantes, comerciantes e profissionais liberais.

Lucio Costa concebe em seu Relatório para o Plano Piloto o Setor de Diversões

Inauguração da New Aquarius, primeira boate gay de Brasília

Inicia-se a construção dos espaços públicos do Setor de Diversões Sul, como forma de incentivo à construção de edifícios.

Inauguração do Cine-Superama, cinema especializado em exibição de filmes de arte

Construção do estacionamento de serviço e da praça de ligação entre o Hotel Nacional e o SDS

Implantação de praças em frente aos SDS e SDN e inauguração do Conjunto Nacional

Criação de prefeitura, com o objetivo de requalificar o Conic e mudar a sua imagem negativa

Inauguração da Faculdade de Artes e Teatro Dulcina de Moraes, vinculada à Fundação Brasileira de Teatro, onde existiam cursos de Artes Plásticas, Teatro e Música

Tombamento do Teatro Dulcina de Moraes e acervos da atriz (Decreto nº 28.518, de 7 de dezembro de 2007), pelo DePHA

Inicia-se reforma na Praça Zumbi dos Palmares (fachada leste do Conic)

Incêndio no Teatro Dulcina

Inauguração de Brasília

Inauguração do SDS, primeiro edifício voltado para a Esplanada dos Ministérios. Inauguração do Cine-Atlântida e em seguida dos edifícios Venâncio II, III, IV, V e VI

Instalação de embaixadas e órgãos públicos

Com o processo de abertura política, a criação de novos partidos políticos passou a ser permitido e inicia-se a instalação de sindicatos e associações no Conic

1º Seminário de Problemas Urbanos de Brasília, onde foi discutido o esvaziamento de setor, assim como foram denunciados os usos incompatíveis com o projeto de 1962, como a inexistência de bares e restaurantes voltados para a plataforma e a falta de tratamento paisagístico das áreas públicas e praças

Cine – Atlântida é comprado pela Igreja Universal do Reino de Deus

Surge, também, a primeira loja de skate do Conic

Brasília é tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade

Fechamento do Cine Ritz por falta de alvará e por suspeita de funcionar como casa de prostituição

Fechamento, também, de lojas que vendiam e exibiam filmes pornôs em cabines

1957 1960 1962 1966 1970 1971 1972 1974 1977 1979 1980 1987 1991 1995 2007 2009 2010 2014
A CHAMPS ELYSÉES DO CERRADO www.facebook.com/conicaoavesso 85
86

dire T ri Z es Gerais de iNT erve NÇÃo do C oNiC

Reforma estrutural

Intervenções de caráter estrutural são urgentes no Conic. Reforços nas estruturas do subsolo, assim como a troca de instalações e impermeabilização dos pisos externos devem ser feitos imediatamente, uma vez que quem frequenta o Conic corre sérios riscos, segundo a Defesa Civil.

Restauração do Teatro Dulcina de Moraes

De forma a valorizar o Teatro Dulcina, um dos principais pontos de referência do Conic, propõe-se a restauração do Teatro e uma reforma no espaço físico da faculdade. A abertura do Teatro para o largo que existe em seu interior, também ajudaria a promover uma maior integração entre o teatro e o Conic. Recomenda-se, ainda, que o letreiro original do teatro seja recolocado e que o mural do Athos Bulcão na sua fachada oeste seja iluminado, de forma a valorizar elementos da sua arquitetura.

Ocupação das lojas vazias

Recomenda-se que as lojas que estão atualmente vazias sejam ocupadas por bares, boates, sinucas e equipamentos de lazer e cultura. Principalmente na porção sul do setor, que é menos movimentada, estes usos poderiam gerar maior presença de pessoas. Em cinemas que não estão ocupados por igrejas, como no caso do Cine Karim, recomenda-se a restauração e ocupação por cinemas e teatros.

Alojamento estudantil

Ainda que a legislação de tombamento não preveja o uso residencial na escala gregária, a necessidade de acomodar estudantes estrangeiros para estudar na Faculdade Dulcina dá subsídios à ocupação do centro com atividades que ocorram fora do horário comercial. Propõe-se, portanto, no último pavimento dos edifícios, habitação estudantil com apartamentos pequenos (entre 30 e 60 m²).

Subsolo

O Conic dispõe de 2 níveis de subsolo, sendo que um deles localiza-se no nível da plataforma inferior da rodoviária. Neste nível, recomenda-se a instalação de pontos de apoio para moradores de rua, com postos de atendimento médico, banheiros com chuveiro e alojamentos temporários. Quando possível, propõe-se, também, a ocupação dos espaços públicos residuais entre os edifícios com pequenas praças arborizadas. No restante do subsolo, recomenda-se o uso como garagem.

ALOJAMENTO ESTUDANTIL ESCRITÓRIO ESCRITÓRIO ESCRITÓRIO COMÉRCIO E LAZER COMÉRCIO E LAZER GARAGEM GARAGEM ESCRITÓRIO CORTE ESQUEMÁTICO - ZONEAMENTO DE USO 1 2 3 4 5 87

PraÇa do MerCado

PLANTA HUMANIZADA 1 2 3 N 88
AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

RAMPA =7% RAMPA =7% RAMPAi=7% RAMPA 6,5% RAMPA = 5% RAMPA =8% HORTAS h = 80cm HORTAS = 80cm MERCADO MERCADO PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
EDUCATIONAL PRODUCT N CORTE AA ESC. 1:750 PLANTA TÉCNICA 89
PRODUCED BY AN AUTODESK
AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50
90
91

PraÇa do MerCado

A Praça dos Aposentados foi pensada de forma a aliar acessibilidade e um parque para skatistas. O desnível de 10 metros entre o Setor Hoteleiro Sul e a rua de serviço do Conic teve de ser repensado de forma a, primeiramente, facilitar o acesso ao Conic para quem vem dos setores adjacentes e, em seguida, criar desníveis e obstáculos para a prática do skate. Rampas, escadas, corremãos e muretas são a configuração do que os skatistas conhecem como skate plaza, uma praça com obstáculos para skatistas de diferentes modalidades e grau de experiência. A solução da praça em patamares de 1 metro de altura, ou em alguns casos, de 2, criou mirantes que configuram diferentes visuais para quem vem dos Setores Hoteleiro e Comercial Sul, valorizando a vista do Eixo Monumental.

A rua de serviço que passa pelo segundo subsolo do Conic é ocupada, principalmente, por distribuidoras de doces, alimentos e bebidas. O perfil de mercado desta via potencializa a criação de um mercado que pode se estender à rua, aos finais de semana.

As arquibancadas também foram pensadas para criar uma relação entre a praça e a rua, criando uma espécie de praça vertical. Rampas, escadas e jardineiras podem servir de assento e mesmo mirante para se observar o que acontece na rua, que aos finais de semana, torna-se uma via compartilhada de pedestres e ciclistas. A mesma arquibancada pode ser utilizada para reuniões de partidos políticos e sindicatos ou para sessões de cinema ao ar livre.

Skate plaza para skatistas. Mirante para os inspirados. Muro de escala para os mais radicais.

Hortas urbanas

Via compartilhada de pedestres e ciclistas aos finais de semana

Mercado Vaga viva e bicicletário

Hortas

Escadas, rampas e arquibancadas

Rua de serviço fechada para carros aos finais de semana, transformando-se em via para pedestres, com mercado e espaço de convívio.

Novos atrativos: praça com mercado fixo, hortas comunitárias e mobiliário urbano.

Considerando o crescente interesse das pessoas em consumir alimentos frescos e saudáveis, as hortas urbanas são uma boa opção para a ocupação de locais ociosos e promover o bem estar e a inclusão econômica e social. Foram pensadas, também, com a intenção de dar uma ocupação a moradores de rua e usuários de drogas, que podem ocupar-se, sentir-se úteis, aprender um novo ofício e fazer, de graça, uma das mais eficazes terapias do mundo: mexer na terra.

1 2 3 92
Muro de escalada Mirante Hortas Rampas para skate e bmx Mercado Hortas Mobiliário
93 CORTE BB SEG. A SEX. ESC. 1:250 CORTE CCSEG. A SEX. ESC. 1:250 CORTE BB FINAL DE SEMANA ESC. 1:250 CORTE CC FINAL DE SEMANA ESC. 1:250
94
95

FACHADA OESTE

ESQUEMA DE COMPOSIÇÃO DE JARDIM VERTICAL NA FACHADA OESTE

grelha em aço inoxidável com estrutura em perfil metálico

arbusto ou trepadeira

vaso em aço inoxidável

Jardim vertical

O jardim vertical ou parede verde, além de contribuir para o embelezamento de uma fachada, colabora na diminuição dos efeitos da emissão de gás carbônico e diminui a temperatura de um ambiente pelo controle da energia solar. A fachada oeste do Conic que recebe forte insolação no período da tarde há pouca ou nenhuma proteção e poderia se beneficiar desta estrutura, agindo como um brise. Módulos do jardim podem ser apoiados sobre as lajes / marquises ou então fixados na parede. Para este jardim vertical, especificamente, recomenda-se o uso de plantas trepadeiras que não precisem de muita manutenção.

96
módulo apoiado sobre laje

PRAÇA DE ACESSO AO SCS

A praça de acesso ao Setor Comercial Sul foi pensada como uma praça cotidiana. Uma vez que conecta o SCS à plataforma rodoviária, é um espaço muito percorrido e de pouca permanência. Foram propostos, então, alguns equipamentos de modo a torná-la mais atrativa. Foram acrescentados quiosques, que podem ser lanchonetes, bancas de jornal, bancas de flores, banco 24horas, etc. O projeto inclui, também, uma rampa de ligação à via S2, para facilitar o acesso ao subsolo do Conic.

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

N
97
PLANTA HUMANIZADA PLANTA TÉCNICA
AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50
N PLANTA HUMANIZADA 1 2 3 98
PRAÇA DAS FONTES
AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
N PLANTA TÉCNICA 99
AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

P raÇ a das FoNT es

PRAÇA DAS FONTES

A Praça das Fontes é o acesso principal ao Conic, para quem vem dos Setores Cultural e Bancário Sul e para quem está atravessando os eixos L e W. Pela proximidade do Setor Cultural e pela própria apropriação da praça no passado para shows e eventos culturais, a Praça das Fontes foi pensada voltada à cultura

Apoiada sobre a estrutura da rodoviária, não permite o plantio direto de árvores no solo. Para arborizar a praça, foi necessário criar jardineiras elevadas, que permitiram diversas configurações: a criação de um anfiteatro para apresentações e performances, rampas para skatistas, bancos e palcos menores para apresentações informais.

As fontes existentes do projeto da praça de 1972 foram mantidas, porém restauradas e pintadas com motivos coloridos. A instalação de novas fontes de piso criam, junto com as fontes antigas, uma composição interativa e lúdica, propiciando uma atração para crianças, por exemplo.

No calçadão entre a praça e o Conic, foram propostos quiosques, que podem ser de comércio de produtos ou de alimentos. Dispostos junto a mesas, a intenção é uma releitura da ideia de Lucio Costa, dos cafés com mesas viradas para a esplanada.

100

Mobiliário skatável: Rampas para skatistas

Calçadão arborizado

Vaga viva: mesas viradas para a Esplanada Jardim de chuva

Jardim de chuva

plantas nativas de fácil manutenção

meio fio h = 10 cm abertura para passagem de água pluvial solo do jardim de chuva areia grossa material agregado solo existente

Fontes existentes restauradas e pintadas

Drenagem de águas pluviais, remoção de poluentes e efeito paisagístico nas vias

Novas fontes de piso

Reaproveitamento de água pluvial para fins não potáveis

Bancos e palcos para apresentações informais

Anfiteatro

passagem e filtragem de água da chuva

jardineira elevada h = 80cm banco h = 40cm base de concreto armazenamento de água pluvial reutilização de água para as fontes reutilização de água para irrigação

2 3 1 101
Quiosques
asfalto calçada
102
103

TÉRREO DO CONIC

Uma forma rápida, de baixo custo e impacto é a pintura da pavimentação no lugar da troca de revestimento. No Conic, a pintura do piso foi proposta como sinalização: as diferentes cores indicam percursos a serem feitos para acessar as praças internas e externas do Conic. Onde os percursos se cruzam, preencheu-se o espaço com diferentes motivos geométricos para a conformação de pequenos largos.

N 104
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT 0 5 10 25 50 RAMPA i = 14% banco de madeira pergolado de madeira jardim comunitário jardim vertical sem escala Pintura de piso

proteção do sol proteção da chuva

T rUTUras T e MP or Á rias e MoBili Á rio F le X ível

e

tecido vegetação

proteção do sol proteção da chuva diferentes estampas efeitos luminosos

material translúcido

proteção da chuva transparência luzes e reflexos leveza

proteção do sol proteção da chuva transparência efeitos luminosos luzes e reflexos contato com a natureza

6m 6m 105 cobertura módulo expandível multifuncional
biblioteca
lona encontro
descanso festas cinema ao ar livre
es
106
107

es T rUTUras T e MP or Á rias e MoBili Á rio F le X ível

O Conic é um espaço plural e, portanto, necessita de espaços que possam se configurar de diferentes maneiras, conforme o público ou a ocasião. Por este motivo, foram propostas estruturas de caráter temporário, que possibilitem flexibilidade tanto na disposição quanto no uso. São, também, estruturas leves, de fácil montagem e de baixo custo, o que permite que sejam feitas pelos próprios usuários do Conic, quando necessário.

O mobiliário proposto pode ser feito com madeiras provenientes de pallets, de 100x120cm ou de 80x120cm. A madeira crua dos pallets foi utilizada para contrastar com o concreto do interior do Conic e criar uma linguagem mais leve. A combinação dos módulos permite diversos desenhos: passarelas de moda, palcos, bancos, deck; e possui diversas funções: assento, estante, painel, mesa de jogos, entre outros. As possibilidades são muitas, para permitir a apropriação por pessoas diferentes.

Foram propostos, também, equipamentos de lazer, como mesas de ping-pong para descontração do dia-a-dia e parquinho infantil, para eventos que atraem crianças e famílias. A arborização do interior do Conic se deu por meio de jardineiras feitas, também, com pallets e árvores de pequeno porte.

Os banheiros públicos também foram pensados como estruturas temporárias e com a possibilidade de serem transferidos ou removidos. 1 container de 20 pés (2,43 x 6,06 x 2,59) sob a estrutura de bambu tem capacidade para 4 banheiros (masculino, P.N.E masculino, feminino, P.N.E feminino).

108
um banco módulo 1 x 1 mesa de ping-pong / barraca de artesanato jardineira / banco parquinho infantil um banco maior uma estante sentar jogar desenhar um palco um painel

Cobertura verde

A cobertura verde ajuda a amenizar os efeitos de calor gerados por coberturas translúcidas como o vidro ou o policarbonato. Além da sombra, a presença de vegetação também provoca uma sensação de bem-estar. Indica-se o uso de plantas trepadeiras como a Jasminum officinale¹, Ipomoea purpurea² ou a Thunbergia coccinea³, que são de rápido crescimento, florecendo e provocando efeitos visuais interessantes.

Jardim comunitário

Na laje do Villas, restaurante sob concessão da TERRACAP, foi proposto um jardim comunitário com acesso por meio de uma rampa. Por um lado, o jardim comunitário surge com a intenção de transformar áreas subutilizadas em áreas verdes e promover a inclusão social. Por outro, a utilização da cobertura como horta pode contribuir no abastecimento de alguns restaurantes ou ser utilizada pelos próprios funcionários do Conic. A educação ambiental, a reeducação alimentar e a socialização das pessoas contribuem para um projeto sustentável nos âmbitos ambiental, social e econômico. Recomenda-se para este projeto o plantio de plantas aromáticas, condimentares e medicinais perenes, que possam ser plantadas e colhidas durante todo o ano.

Cobertura temporária de bambu (Phyllostachys bambusoides ou Phyllostachys edulis - ver planta técnica)

Árvores de pequeno porte Biblioteca coletiva Mesas de ping-pong

Palco para apresentações

109
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT P raÇ a do CH a PÉU
111
112
113

BiBlioGra F ia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDER, C. et al. Uma Linguagem de Padões: a pattern language. Tradução de Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2013.

ANDRADE, L. M. S. D. et al. MÉTODO DE ENSINO PARA PROJETOS DE URBANISMO MAIS SUSTENTÁVEIS: resultados da integração horizontal das disciplinas de projeto de urbanismo, paisagismo, infraestrutura e conforto térmico da FAU-UNB. Universidade de Brasília. Brasília. 2013.

CLEMENTE, F.; HABER, L. Plantas aromáticas e condimentares: uso aplicado na horticultura Brasília, DF: Embrapa, 2013.

COSTA, L. Relatório do Plano Piloto de Brasília. In: LEITÃO, F. Brasília, 1960-2010. Brasília: [s.n.], 1957. p. 76.

DOUGLAS, G. Do-it-yourself Urban Design: The social practice of informal “improvement” through unauthorized alteration. City & Community, 13, 2014. 5-25.

FERRELL, J. Urban Graffiti. Youth and Society, 1995. 73-92.

GDF. Plano de preservação do conjunto urbanístico de Brasília. GDF. Brasília. 2014.

GEHL, J. Cidades para pessoas. Tradução de Anita di Marco. 2a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

LYDON, M. Urbanismo tático: Ação a curto prazo, mudança a longo prazo [S.l.]: [s.n.], v. 2, 2012. Disponivel em: <http://issuu.com/streetplanscollaborative/docs/tactical_urbanism_vol._2-portuguese>. Acesso em: 05 setembro 2014.

MICRÓPOLIS. Caderno Calafate. Escola de Arquitetura, UFMG. Belo Horizonte, 2014.

NUNES, B. F. A “sociologia” de um edifício urbano: o CONIC do Plano Piloto de Brasília. Cadernos Metrópole 21, 2009. 1332.

PENHA, A. C. L. S. Setor de Diversões Sul: considerações sobre sua evolução. Brasília. 2008.

PER, A. F.; ARPA, J. Strategy and tactics in public space. [S.l.]: a+t architecture publishers, 2008.

PRONSATO, S. A. D. Arquitetura e Paisagem: projeto participativo e criação coletiva São Paulo: Annablume, 2005.

RENA, N.; BERQUÓ, P.; CHAGAS, F. Biopolíticas espaciais gentrificadoras e as resistências estéticas biopotentes. Lugar Comum No 41, 2014. 71-88.

REZENDE, R. Centro de Brasília: projeto e reconfiguração: O caso do Setor de Diversões de Brasília - Conic. Brasília. 2014.

ROSA, M, WEILAND, U. Handmade Urbanism: Mumbai, São Paulo, Istanbul, Mexico City, Cape Town: From Community Initiatives to Participatory Models. October, 2013.

SHARP, J.; POLLOCK, V.; PADDISON, R. Just art for a just city: public art and social inclusion in urban regeneration. Urban studies, Maio 2005. 1001-1023.

SOUZA, G. A. M. D. SDS “Conic”: Revitalização e integração com o centro urbano de Brasília. Vol. 1. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.

SOUZA, G. A. M. D. SDS “Conic”: Revitalização e integração com o centro urbano de Brasília. Vol. 2. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.

TENÓRIO, G. D. S. Ao desocupado em cima da ponte: Brasília, Arquitetura e Vida pública Brasília: Universidade de Brasília, 2012.

VISCONTI, L. et al. Street Art, Sweet Art? Reclaiming the “public” in public space. Journal of Consumer Reasearch, 2010.

SITES CONSULTADOS

ARQUITECTURA expandida. Arquitectura expandida. Disponivel em: <http://www.arquitecturaexpandida.org>. Acesso em: setembro 2014.

ARQUITECTURAS colectivas. Arquitecturas colectivas - Red internacional de colectivos Disponivel em: <http://arquitecturascolectivas.net>. Acesso em: setembro 2014.

BLOG Indisciplinar. Grupo de Pesquisa Indisciplinar Disponivel em: <http://blog.indisciplinar.com>. Acesso em: setembro 2014.

DIY Urbanism. City Lab. Disponivel em: <http://www.citylab.com/topics/diy-urbanism/ >. Acesso em: setembro 2014.

DIY Urbanism. Hack your city. Disponivel em: <http://hackyourcity.com/category/diy-urbanism>. Acesso em: setembro 2014.

DOT Art. NYC DOT, 2014. Disponivel em: <http://www.nyc.gov/html/dot/html/pedestrians/dotart.shtml>. Acesso em: setembro 2014.

ICONOCLASISTAS: mapeo colectivo, cartografias, investigación e imágenes de libre circulación. Disponível em: <http:// www.iconoclasistas.net>. Acesso em abril, 2015.

KULTUR Brasil Cosmopolita. Facebook. Disponivel em: <https://www.facebook.com/pages/Kultur-Brasil-Cosmopolita/920787131284187>. Acesso em: novembro 2014.

MAIS cor por favor. Color + City Disponivel em: <http://www.colorpluscity.com>. Acesso em: setembro 2014.

MAKEA es una marca que no vende nada. Makea tu vida Disponivel em: <www.makeatuvida.net/>. Acesso em: setembro 2014.

MAURO, E. D. Storia del Museo d’Arte Urbana. Museo di Arte Urbana, 2014. Disponivel em: <http://www.museoarteurbana.it/en/history/>. Acesso em: novembro 2014.

MICROPOLIS. Micropolis. Disponivel em: <micropolis.com.br>. Acesso em: setembro 2014.

MIWA, J. Ong fomenta horta urbana comunitária e escolar. The greenest post, 2014. Disponivel em: <http://www. thegreenestpost.com/ong-fomenta-horta-urbana-comunitaria-e-escolar/>. Acesso em: 15 novembro 2014.

OFICINA informal. Oficina Informal. Disponivel em: <http://www.oficinainformal.com>. Acesso em: setembro 2014.

PROJECTS. Candy Chang Disponivel em: <http://candychang.com/projects/>. Acesso em: novembro 2014.

RAY, B. Do-it-Yourself Urban Planning. The University of Chicago Urban Network, 2014. Disponivel em: <https://urban. uchicago.edu/news/do-it-yourself-urban-planning>. Acesso em: 4 setembro 2014.

RECETAS Urbanas. Recetas Urbanas Disponivel em: <http://www.recetasurbanas.net>. Acesso em: setembro 2014.

SPITZCOVSKY, D. Moradores em situação de rua cultivam horta comunitária. Superinteressante 2014. Disponivel em: <http://super.abril.com.br/blogs/planeta/moradores-em-situacao-de-rua-cultivam-horta-comunitaria-em-abrigo>. Acesso em: 16 novembro 2014.

TO Do. Illegal Art Disponivel em: <http://illegalart.org/projects/to-do/>. Acesso em: novembro 2014.

TODO por la praxis. Todo por la praxis. Disponivel em: <www.todoporlapraxis.es>. Acesso em: setembro 2014.

114

CrÉ di Tos

As autorias das imagens utilizadas para a elaboração deste trabalho encontram-se listadas a seguir. Caso haja alguma informação incompleta quanto à titularidade das figuras, agradeço a informação complementar.

As renderizações e desenhos de projeto, incluindo plantas, cortes e esquemas foram todos elaborados pela autora e não estão incluidos na lista abaixo.

capa autoria própria

contracapa

Dingbats de Brasília, Autoria Grande Circular pág. 4 autoria própria

pág. 7 foto de Luisa Melo

pág. 8

autoria própria

pág. 16 foto disponível http://alcnolet.blogspot.com, editada

pág. 22 /23

fotos de Gabriela Tenório, autoria própria

pág. 24

SOUZA, 1993

pág. 27

fotos de Shake it, Giovanna Bembom, Vanessa Oliveira, Fernanda Ferreira, Facebook do Jam do Museu, Facebook Sarau da Passagem

pág. 28

fotos de 100 architects, basurama, collectif etc, storify, DOT NYC, Roberto Volpe

pág. 28

fotos de Candy Chang, Vancouver Biennale, autoria própria e Banksy

pág. 30

autoria própria

pág. 32

autoria própria e skalgubbrasil

pág. 34

autoria própria

pág. 36 autoria própria, facebook barbarella

pág. 38 autoria própria, facebook Kultur Ocupação Cultural

pág. 40

teatro dulcina, facebook biblioteca salomão malina, autoria própria

pág. 41

foto de Marcello Casal Jr.

págs 42/43

autoria própria

pág. 49 autoria própria

págs. 54/55, 56/57, 58, 60, 61, 62, 63, 66, 67 autoria própria

pág.s. 69/70

foto de Liza Andrade, editada págs. 72/73

autoria própria

pág. 74

foto de Martinha Raquel

pág. 78

autoria própria

pág. 81

foto de Marcelo Kalil

págs. 91, 101, 107 autoria própria

115

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.