REVISTA CiMU - 2017

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circuito moda ufsc


WELCOME NOTE Seja muito bem-vindo à edição de 2017 da Revista CiMU! CiMU significa Circuito Moda UFSC, o título adotado para um projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que tem por objetivo promover e fomentar a moda autoral por meio da divulgação das coleções desenvolvidas pelos alunos do curso de design, especialmente das disciplinas de Moda, tendo como veículo a Revista CiMU. Além disso, o projeto contribui para o incremento da moda catarinense, oferecendo cursos de extensão como desenho de moda e modelagem. Neste ano, a Revista CiMU surge em formato mais consistente que a edição anterior, contemplando artigos pertinentes aos temas mais relevantes da moda da atualidade, como Upcycling, Slow Fashion e, em contraponto, a tecnologia da impressão 3D, que está cada vez mais em evidência no mercado de moda. O destaque desta publicação fica a cargo das coleções feitas pelas equipes de alunos que, em apenas 4 meses, se empenharam na pesquisa de tendência, na criação dos croquis e na modelagem, até chegarem à difícil tarefa de coordenar a confecção de cada peça. E o trabalho não parou por aí: no estúdio fotográfico, nosso editorial de moda fez os olhos brilharem sob o tema Cushy, uma produção especial que reuniu sob um único viés criativo todos os looks confeccionados. Cushy é um conceito que advém de uma tendência mapeada nos últimos tempos pelos coolhunters: o bem estar em qualquer lugar. Em casa, na rua, no inverno ou no verão, sentir-se cushy é tomar uma generosa bola de sorvete, deitar na grama, balançar na rede e ler um bom livro na companhia do pôr-do-sol. É cushy quem está entre os amigos na folia da piscina ou ouvindo as histórias da avó na mesa do chá da tarde. Essa tendência nos diz o quão central é a questão do conforto para a vida. Há, então, uma inclinação ao retorno da simplicidade do lar, a busca por um espaço mais humano e mais acolhedor, mas que pode ser encontrado em todos os cantos da rotina diária, seja na calçada ou na padaria. Cool, fresco e relax são os conceitos que resumem o editorial da Revista CiMU 2017. Esperamos que você encontre seu momento cushy com essa inédita produção e aproveite sem moderação! Grande abraço, boa leitura! Equipe CiMU.

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MODA NA UFSC

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UPCYCLING

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SLOW FASHION

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MULHERES DRAG

“UM MUNDO SEM A MODA SERIA CINZA E TRISTE, E MILHÕES DE PESSOAS NÃO Pierre Cardin TERIAM DO QUE VIVER.”

Entrevista

FRANK SILVEIRA

EDITORIAL: CUSHY

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MAKING OF

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TURMA / EQUIPE CiMU

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EXPEDIENTE / CRÉDITOS APOIADORES

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curso de Bacharelado em Design da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) dispõe de disciplinas em muitas áreas diferentes: design de produto, design gráfico, design de embalagem e design de moda. Esta diversidade, às vezes, faz com que o vestibulando nem faça ideia de que existe uma série de possibilidades dentro de um mesmo curso. Ao ingressar, o calouro faz dois semestres de disciplinas obrigatórias, mas é partir do terceiro semestre que a “mágica” acontece, pois o aluno começa a montar seu próprio currículo, podendo escolher o que deseja cursar. Neste momento, ele começa a dar os primeiros passos rumo ao seu futuro profissional! Ou seja, se o aluno acha que a sua praia é diagramar revistas, seu lugar é no Projeto Editorial; se gosta mais de coisas tangíveis ao mundo físico, talvez ele se encontre nos Projetos de Produto; se tiver o perfil coolhunter, que ama observar pessoas e comportamentos, vai se identificar com o Projeto de Tendência. Por fim, quem tiver afinidade com desenvolvimento de coleção, corte-e-costura e produção de moda, vai correr pra conseguir uma vaga no Projeto de Produto de Moda. Esses dois últimos projetos, hoje, condensam diversas disciplinas que abraçam o mundo da moda e visam oferecer meios para que os alunos, ao saírem da faculdade, sintam-se prontos pra tentar aquele estágio num bureau de tendências ou numa marca famosa de roupa. O Projeto de Tendência mostra para os alunos que pesquisar tendência não é lá o que todo mundo pensa e ao mesmo tempo é tudo

MODA NA UFSC por Eduardo Jurek

de bom. Logo no início, nas primeiras aulas do projeto, a turma tem que começar a pensar como pesquisador, tem que ter a cabeça rápida e aprender a fazer conexões mentais. Depois é hora de descobrir onde e como se procura por novidades (cool examples) e como elas impactam a sociedade em que se inserem. Nesse momento, ouvem-se termos como trendsetter e late adopter, no meio de um processo longo, mas super legal: são desenvolvidos os mais variados painéis semânticos, feitos muitos brainstorms, entrevistas e bate-papo com pessoas super open-minded, e claro, são feitos (muitos) registros fotográficos, pensando sempre em conjunto e dabatendo ideias. Tudo isso resulta em: TRENDBOOKS! Aqueles livros lindos com imagens bonitas e que contam uma poesia superinteressante pra dizer que no ano que vem o que vai estar na moda é o muskin, ou, o couro de cogumelo. Não é demais? Passado o Projeto de Tendência, se o aluno quiser trabalhar especificamente com a parte mais técnica e operacional do vestuário, ele pode se matricular no Projeto de Produto de Moda. Aí sim, é botar a mão na massa, ou melhor, no tecido! Tudo começa com aquelas aulas lindas e interessantes contando sobre História da Moda e como

Trendbooks do Projeto de Tendência (2017)

ela é um sistema intricado e complexo. Depois que se entende isso, é necessário fazer pesquisas de público-alvo, de marca, de estilo, de passarelas da alta-costura e do prêt-a-porter. É nesse momento que as pesquisas de tendências feitas no projeto anterior também podem ser utilizadas para enriquecer as coleções e fazer com que as pessoas queiram aquelas roupas de fato, porque de nada adianta fazer uma coleção maravilhosa e não ter comprador, não é? Feito essa parte de pesquisa, são definidos o tema e o conceito de coleção, acompanhados de inúmeros croquis que começam a dar vida pra tudo o que está na mente dos seus criadores. E então, vem aquele momento temido: A MODELAGEM. Modelagem de roupa é algo complexo e interessante, em que é preciso muito raciocínio para “bolar um jeito” de transpor as linhas do corpo humano para o papel, e, depois, fazer com que pedaços de pano costurados tenham um caimento perfeito! Não é muito fácil, não… Nos últimos anos, ao final de tudo isso, os alunos tem assumido o desafio de levar todas essas criações para a passarela! E deixa eu contar que não tem nada de divertido nisso. Mentira, tem sim, é super legal, mas também é beeeeeeeeeem trabalhoso. Tem que procurar patrocínio, locação,

modelo, som, iluminação, maquiagem, passarela, press kit… é muita coisa! Mas a galera tem feito um ótimo trabalho! Em 2015, o projeto teve seu primeiro momento de glamour: um mini evento em um auditório da UFSC mostrou num desfile as criações dos alunos. O primeiro passo foi dado! Em 2016, o primeiro evento de moda da UFSC aconteceu. O Circuito Moda UFSC (CiMU) deu seu primeiro “oi” ao mundo em dezembro, no estúdio criativo Cafundó, à beira da Lagoa da Conceição, num evento bonito e bem pensado, que trouxe modelos profissionais, equipes de som e imagem, passarela, fotógrafos, imprensa, etc... Ou seja, tudo o que um desfile tem direito. Além disso, todos os convidados foram brindados com uma taça de champagne e uma unidade daquela que veio a ser a primeira Revista CiMU, que servia de roteiro para o desfile. Os ensaios tomaram um dia inteiro e ocorreram no mesmo estúdio onde, dias depois, o desfile aconteceria. Modelos trabalharam conosco numa produção com as criações dos alunos e com sapatos e acessórios das marcas Lança Perfume, RustMiner, Gruta Acessórios, Cantrelle Design, Black Buffalo… muitos parceiros que emprestaram sua marca e seus produtos pra deixar esse evento ainda melhor!! Música, flashes, gente bonita e até uma drag queen fizeram do primeiro evento de moda da UFSC um sucesso! Ficamos felizes com o resultado, estamos animados com essa edição e sempre prontos para a próxima! Bem-vindo ao mundo da moda da Universidade Federal de Santa Catarina!

Aula de pesquisa de tendências (2017) Aula de modelagem (2017)

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DESFILE CIMU 2016 Foto: Igor Joner Modelo: Pedro Júlio Rabeschini

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VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE UPCYCLING? Moda & sustentabilidade caminham juntas nesse modo de produção. por Jéssica Roennau

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upcycling, tendência que caminha lado a lado com moda e sustentabilidade, diz respeito ao conceito contemporâneo que transforma resíduos, ou produtos inutilizados, em matéria-prima. Muito confundido com reciclagem, a grande diferença é que no upcycling o material a ser reaproveitado não precisa ser reprocessado para renascer, não envolve nenhum processo químico e recursos como água e energia. Enquanto a reciclagem é um processo que transforma resíduos, o upcycling seleciona algo que seria descartado e reaproveita o material - em suas propriedades originais - em algo novo. Aproximadamente 25% de todo o tecido produzido no mundo é descartado e vira lixo tóxico, e só no Brasil são descartados, em média, 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Na Inglaterra, o conceito está em alta. A universidade London College of Fashion tem um setor que estuda as alternativas de upcycling há três anos para o universo da moda e conta com apoio governamental. Algumas marcas brasileiras já adotaram o movimento. Entre elas, podemos citar a Joaqui-

À esquerda, confecção de colar com câmara de ar. Acima, colar da coleção“Scales Collection” da Rust Miner, feito com câmara de ar.

Look coleção “É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE”, Joaquina Brasil

na Brasil, marca que produz unindo conceitos de moda ética e sustentável. A fabricação das suas peças parte do sentido contrário: “não idealizamos a roupa e buscamos o tecido. Adotamos a técnica de upcycling na nossa criação. Compramos o excesso de tecido produzido pelos grandes fabricantes de moda e criamos nossa coleção com o que temos disponível em mãos”, relata Roberta Negrini, criadora da marca. Os modelos são limitados, exclusivos e atemporais. A marca não segue calendários de moda e não existe reposição ou produção em larga escala. Além da Joaquina Brasil, a Re-Roupa é um projeto carioca que propõe a criação de roupas a partir de retalhos, fins de rolo de tecido e roupas com pequenos defeitos. Prezam não só pelo reaproveitamento, mas também pela mão de obra local. Várias costureiras empreendedoras de diferentes comunidades cariocas trabalham em parceria com o projeto caminhando em direção contrária ao consumo desenfreado. Em Santa Catarina, a Rust Miner combina conceitos de artesanato, design e arte e cria acessórios exclusivos com visual sofisticado e acabamento refinado. Utilizam sucatas de relógio, peças de ferro velho, partes de bicicleta,

Adotamos a técnica de upcycling na nossa criação. Compramos o excesso de tecido produzido pelos grandes fabricantes de moda e criamos nossa coleção com o que temos disponível em mãos”

Look Projeto “Meus Quintais”Re-Roupa

retalhos e outros materiais que iriam ou já estavam no lixo. Cada acessório carrega sinais exclusivos deixados pelo tempo, tornando-se obras de arte que podem ser carregadas no corpo. Em 2015 a linha de acessórios criados pela Rust Miner a partir de sucatas de bicicleta foi selecionada e exposta na galeria principal da Bienal Brasileira de Design. No ano seguinte, foi uma das marcas de Santa Catarina indicadas pelo SEBRAE e escolhidas para expor as criações no São Paulo Fashion Week. Hoje, os idealizadores da marca são frequentemente convidados para palestrar e realizar oficinas de upcycling em universidades e escolas técnicas da área de moda e design, com o propósito de compartilhar o conhecimento com o público, atingindo consumidores e futuros atuantes no mercado que poderão levar o conceito da criação sustentável para suas empresas e marcas.

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Slow Fashion: UMA DIFERENTE FORMA DE CONSUMIR MODA. por Bianca Bunn, Camila Zilli, Maria Isabel Cota, Sara Prevedel

mercado de moda convencional para o slow fashion abrindo um ateliê com roupas feitas à mão e tecidos tingidos de forma natural, técnica na qual Flavia é referência. Se antes se considerava sozinha no ramo, agora sua concorrência não para de crescer. Questões sustentáveis estão sendo cada vez mais discutidas, principalmente entre os jovens, que buscam saber a origem e o impacto de todas as coisas que consomem, desde alimentos até peças de vestuário.

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alar de sustentabilidade na moda é falar sobre slow fashion, movimento que ganha força dia a dia e permanece estável. Posicionando-se contra a indústria fast fashion, o movimento tem seus olhos para o meio ambiente e grande responsabilidade social, em que é posta em prática a reflexão sobre consumo exacerbado de roupas e acessórios. Termo criado pela consultora e professora de design sustentável Kate Fletcher em 2008, o slow fashion foi impulsionado pela inspiração no slow food, outro movimento que aborda a consciência coletiva em relação à comida e seus desperdícios.. Alguns critérios precisam ser respeitados para que uma marca possa se considerar slow fashion. Deve ser rentável, ou seja, que possa competir no mercado; diminuir o consumo; possuir diversidade ecológica, social e cultural; ter qualidade; ser atrativa; promover a consciência; priorizar a mão de obra e seus fornecedores; esta-

Kit “Tingimento Catuaba”, camisa feminina, Flávia Aranha.

belecer relações firmes entre os envolvidos; haver condições de trabalho justas; reconhecer a necessidade de desacelerar a indústria de massa; valorizar as necessidades humanas. Este conjunto de coisas geram palpabilidade no movimento, tornando-o cada vez mais estável e acessível. Portanto, tanto a mão de obra até a consciência do consumidor fazem parte do ciclo provedor deste movimento contemporâneo. No Brasil, várias marcas estão seguindo os passos do slow, mas a estilista Flavia Aranha é conhecida como a pioneira do movimento. Com referências bastante artesanais, migrou do

Cropped “Camélia”, Flávia Aranha. Tecido 100% linho biodegradável com amaciamento natural.

Peça da coleção masculina “José”, feita de algodão orgânico

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COLE ÇÕES

RUAS DE HAVANA Bianca Bunn Camila Zilli Maria Isabel Cota Sara Prevedel MAJOR MINOR Barbara Scheeffer Gustavo Sawada Matheus Lufiego Tarcila Zanatta EFÊMERA Giovana Schmitt Katia Maria Carvalho Rafael Rodrigues Vieira Taynara Oliveira Martins JARDIM Ana Luísa Soares Júlia Florentino Lucas Lopes Victor Libório LUNA Ana Carolina Schneider Jéssica Roennau Rafaela Gomes de Oliveira

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RUAS DE HAVANA

Bianca Bunn, Camila Zilli, Maria Isabel Cota, Sara Prevedel

¡Hola! ¿Estás mambo? Em uma cidade cheia de vida e de cultura muito rica, as curvas suaves da arquitetura e cores contrastantes entram em harmonia com a exuberante natureza. Havana, conhecida como pérola do Caribe, é quente em todos os sentidos. Seus mares, os mais azuis do Caribe, são a melhor pedida para relaxar e apreciar a vida marinha, e depois emendar a noite no La Bodeguita del Medio para saborear um camarón enchilado acompanhado de um mojito bem gelado. Esta é a melhor maneira de viver Havana!

Raphaella veste top e calça Ruas de Havana, sapato e acessórios acervo. Kathelen veste top e quimono Ruas de Havana, short, sapato e acessórios acervo.

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MAJOR MINOR

Barbara Scheeffer, Gustavo Sawada, Matheus Lufiego, Tarcila Zanatta

Enquanto regimes conservadores buscavam sedimentar a rigidez e a opressão, jovens de todo mundo resistiam das mais variadas formas. Através da arte, da música e da celebração da autenticidade, alguns movimentos culturais de música eletrônica destacaram-se por seu caráter transgressor e disruptivo, como os Club Kids, a La Ruta del Bakalao e a Underground Rave Revolution. É nesse contexto que surge nossa coleção. Inspiradas no ambiente noturno, as peças buscam surpreender e dar vazão à capacidade da resiliência humana frente à intolerância e a repressão.

Kathelen veste vestido e top Major Minor, acessórios acervo.

Kathelen veste casaco Major Minor, top, short, sapato e acessórios acervo.

Kathelen veste macacão Major Minor, top, sapato e acessórios acervo.

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EFÊMERA Kathelen veste vestido Efêmera, sapato e acessórios acervo.

Giovana Schmitt, Katia Maria Carvalho, Rafael Rodrigues Vieira, Taynara Oliveira Martins

Assim como as flores, Efêmera é uma coleção “cultivada” para ser contemplada e inspirar nossos sentimentos, satisfazendo nosso desejo pelo belo, pelo mágico, dando asas a nossos impulsos e nos seduzindo com sua beleza. Esta coleção foi pensada e construída com tecidos que conferem leveza e fluidez de movimentos, como as pétalas de flores dançando ao vento, trazendo toda a elegância e vivacidade das cores marcantes das flores.

Raphaella veste calça e colete Efêmera, top, sapato e acessórios acervo.

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JARDIM Raphaella veste body e saia Jardim, sapato e acessórios acervo.

Ana Luísa Soares, Júlia Florentino, Lucas Lopes, Victor Libório

No encontro de formas, cores e individualidade, a natureza e a cultura queer têm muito a nos ensinar. Inspirada no exercício que é cultivar a própria essência e lutar para preservar sua preciosidade, JARDIM mistura ilustração e moda para abraçar a ousadia daqueles que não se encaixam, daqueles que seguem a própria natureza.

Raphaella veste calça e quimono Jardim, sapato , top e acessórios acervo.

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LUNA

Ana Carolina Schneider, Jéssica Roennau, Rafaela Gomes de Oliveira

Luz e escuridão, força e delicadeza, feminino e masculino - opostos que se complementam. O contraste entre seus lados, claro e escuro, a fluidez de seus ciclos, o poder com que influencia as marés e colheitas - a lua é o astro que inspirou nossa coleção.

Raphaella veste vestido e colete Luna, acessórios e sapato acervo. Kathelen veste top e capri Luna, acessórios e sapato acervo.

Kathelen veste saia Luna, top, sapato e acessórios acervo.

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MULHERES NO DRAG por Ana Luiza, Julia Carmem, Lucas Devani e Victor Libório

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performance artística de Drag Queens vem acontecendo desde 1960, nas noites de Nova York e Londres, e a maioria dos artistas que fazem essa arte são homens que colocam saltos, perucas, maquiagens extravagantes e geralmente se apresentam na noite. Esse movimento chegou ao Brasil em 1980, e, atualmente, conta com representantes incríveis como Elke Maravilha (em memória), Silvetty Montila, Nany People entre outras. Porém, ser Drag Queen não é algo que cabe só aos homens fazerem, existem também mulheres fantásticas que fazem Drag, mas há preconceito por parte do sexo oposto, pois, os homens, ao se “montarem”, muitas vezes utilizam estereótipos femininos e alegam que quando uma mulher faz Drag é mais fácil, pois ela naturalmente já seria feminina. No entanto, isto pressupõe um erro, pois ser Drag Queen não se refere a gênero, a um homem criar uma ilusão feminina; Drag é arte, é expressão, onde não cabem estereótipos. Em virtude desse preconceito, foi criado um movimento em São Paulo, o “Coletivo Riot Queens”, que apoia, fortalece e dá dicas para mulheres que querem entrar nesse meio artístico. Essa manifestação chamou atenção da cineasta Kelviane Lima, 25, que criou um documentário sobre esse grupo: They Can Do It, que está disponibilizado no YouTube. Vale à pena conferir!

Creme Fatale

A moda do futuro: IMPRESSÃO 3D APLICADA EM ACESSÓRIOS DE MODA

por Giovana Schmitt, Katia Maria Carvalho, Rafael Rodrigues Vieira, Taynara Oliveira Martins.

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ocê não precisa mais se preocupar em ir de loja em loja em busca do acessório perfeito, agora você pode simplesmente comprar um arquivo digital Online. contendo o programa para impressão de seu acessório. São quatro passos simples: escolha, compre, imprima, e use. Simples assim. Esta é uma das tendências para 2018, e não há dúvida de que a impressão 3D veio para ficar. Atualmente atribui-se à impressão 3D o status de quarta revolução industrial, e de que ela vai mudar o modo como produzimos e consumimos, incluindo produtos do mercado de moda. Diversos fatores conferem a esta tendência um tom futurista, tais como: a capacidade de oferecer resistência aliada a leveza, maleabilidade, beleza, e toda praticidade e facilidade do

processo de aquisição. A versatilidade e liberdade oferecidas por este sonho de consumo ainda é restrita para muitos brasileiros em razão do custo do equipamento e dos filamentos de impressão. Porém, considerando a velocidade com a qual as inovações tecnológicas tem evoluído e se tornado acessíveis, certamente não tardará em termos nossa própria impressora 3D e sermos os agentes criadores de nossa própria coleção. Mas, enquanto isso não acontece, não precisamos nos privar por completo deste prazer. As empresas Studio Bitonti e Noiga vem desenvolvendo e produzindo acessórios em 3D, os quais já estão disponíveis no mercado brasileiro. Estas peças possuem design único que nos remetem ao olhar futurista. Além de permitir a construção de peças inteiras, sem a necessidade de divisões ou encaixes, a nova tecnologia também permite que se desenvolvam peças dotadas de movimentos livres e impensáveis antes do advento 3D. Brincos, pulseiras e correntes, por exemplo, podem ser construídos sem nenhuma emenda ou qualquer outro tipo de divisão, e além de tudo, são acessórios delicadamente únicos e anatomicamente perfeitos. Saiba mais em: http://studiobitonti.com/ e http://www.noiga.com.br/

Joias impressas em 3D, Bitonti Collection

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Acessórios linha Grid, da Noiga, impressos em 3D.

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Sustentabilidade no mercado da moda: TINGIMENTOS NATURAIS DE TECIDOS

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por Barbara Scheeffer, Gustavo Sawada, Matheus Lufiego, Tarcila Zanatta tualmente uma arte esquecida, o tingimento de tecidos com corantes naturais de origem vegetal e mineral foram substituídos por processos químicos, mais rápidos, baratos e com maior resistência a fatores externos. Apesar de algumas vantagens, o tingimento com corantes sintéticos, presente em 99,5% dos têxteis do mundo atual, é responsável pela difusão de substâncias tóxicas ao meio ambiente, como enxofre, ftalato, formaldeído, cromo e mercúrio. Além disso, podem apresentar riscos à saúde humana - de acordo com Danielle Palma de Oliveira, professora da Universidade de São Paulo (USP), os riscos identificados são danos genéticos causados por conta da quebra das moléculas de DNA nas células. Esse comportamento mutagênico pode levar ao desenvolvimento de câncer. Já os processos de tingimento natural são inofensivos à saúde humana e ao meio ambiente. Utilizados há mais de seis mil anos por diferentes civilizações, essa prática está relacionada a atividades ancestrais, como coletar ervas, retirar líquens de rochas, cercas e árvores. No Egito Antigo, o linho, o algodão e a lã já eram utilizados, sendo as tonalidades das vestimentas - geradas pelo tingimento natural - fator de diferenciação social. Com o passar dos anos, os conhecimentos foram aperfeiçoados entre os povos europeus e asiáticos e, assim, a humanidade alcançou naturalmente uma maior gama de cores e tons para o tingimento de roupas e utensílios. Com isso, por um grande período de nossa história foi possível proporcionar uma maior integração entre

Coleção “Mergulho no Azul”, Osklen

o artesão e o meio, valorizando a origem e a nãotoxicidade da matéria-prima. Logicamente, alguns desafios ainda se fazem presentes quando o assunto é a aplicação de corantes naturais na mesma escala protagonizada pelos sintéticos no contexto atual. O rendimento da extração dos componentes vegetais e minerais, a manutenção do padrão de qualidade, a mudança da cor em função do pH e a capacidade de fixação consistem nos principais obstáculos estudados por pesquisadores de diversos países que reconhecem a utilização de tecnologias e produtos sustentáveis como uma tendência mundial. No Brasil, o cenário é favorável: a flora riquíssima em ativos abriga um patrimônio químico único e inexplorado. Atualmente, marcas como a carioca Osklen vem apostando em processos mais artesanais, desmistificando a inviabilidade do uso de corantes naturais na indústria da moda. Em coleções passadas, a marca se apropriou da espontaneidade presente no processo de tingimento orgânico, apresentando a variância nas tonalidades das peças como fator de destaque frente às demais empresas.

Coleção “Mergulho no Azul”, Osklen.

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Frank Silveira ENTREVISTA

por Tiago Mattozo

Frank Silveira, formado em design pela Universidade Federal de Santa Catarina, fotografa campanhas de moda pelo mundo todo, trabalhando com nomes como Thaila Ayala e Lucas Lucco e marcas como Renner e Vestem. A Revista CiMU conversou com o Frank para conhecer um pouco mais da carreira desse fotógrafo de sucesso! O QUE TE FEZ OPTAR POR FOTOGRAFIA DE MODA DENTRE AS DIVERSAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DE UM FOTÓGRAFO? FS - Sempre me interessei, desde o início, em fotografar pessoas. Nunca gostei de fotografar objetos estáticos e preferi me dedicar mais aos retratos e às pessoas. Então acabei caindo na fotografia de moda por ser uma fotografia mais humanizada, onde encontrei a possibilidade de fotografar e gerenciar pessoas. Além disso, a fotografia de moda também envolve criação, algo que sempre me interessou por conta das minhas formações em Publicidade e Design.

Thaila Alaya, fotografada por Frank Silveira.

propriamente marcantes. As evoluções em termos de produção de moda e fotografia não são drásticas. Muitas vezes elas vão se atualizando em paralelo com a evolução tecnológica. A tecnologia ajuda a produzir resultados que, com equipamentos mais antigos, talvez não fosse possível fazer. Eu diria que os avanços tecnológicos nos equipamentos contribuíram sim no enriquecimento do trabalho, mas não foram definitivos na atuação do fotógrafo. Mesmo com menos recursos, produziase fotografias de excelente qualidade. Contudo, o avanço na tecnologia dos equipamentos nos permitiu criar conceitos cada vez mais elaborados. Além disso, o acesso a estes equipamentos ficou mais viável, também por conta da maior profusão destas tecnologias.

EM SUA OPINIÃO, QUAL É O MAIOR DESAFIO DA FOTOGRAFIA DE MODA? FS - Acredito que o maior desafio seja conseguir equacionar o trabalho artístico fotográfico com os aspectos comerciais exigidos pelos clientes. Então é imprescindível que atendamos os desejos dos clientes, mas também precisamos estar satisfeitos com o trabalho artístico produzido. SUA FORMAÇÃO EM DESIGN CONTRIBUI DE ALGUMA MANEIRA PARA O SEU TRABALHO ENQUANTO FOTÓGRAFO? FS - Contribui totalmente, considerando que o Design trabalha com imagens e composição. Então todas as referências que eu tive na faculdade me ajudam, e muito, nessa parte de criação de imagens, por mais que às vezes eu nem perceba. Certamente, são bagagens que trago desde a faculdade.

Acervo Pessoal, Frank Silveira.

COM BASE EM SUA EXPERIÊNCIA DE MERCADO, QUAIS FORAM AS MUDANÇAS MAIS SIGNIFICATIVAS NOS EDITORIAIS DE MODA NOS ÚLTIMOS TEMPOS? FS - Não dá pra pontuar uma mudança específica, pois é um trabalho que está em constante mudança, especialmente por conta das tendências. Sempre seguimos as tendências, eventualmente sem perceber, mas estas são mudanças graduais e não

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CUSHY

Kathelen veste colete Efêmera, saia Luna, top acervo, colar Gruta Acessórios

FOTOGRAFIA E TRATAMENTO DE IMAGEM: João Paulo Sena Luckina (L1NK) BELEZA: Neusa Santos STYLING: Fernanda Iervolino, Yago Redede. PRODUÇÃO: Eduardo Jurek, Fernanda Iervolino, Tiago Mattozo. ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Yago Redede MODELOS: Kathelen Herculano, Raphaella Souza (DN Models) LOCAÇÃO: Estúdio L1NK

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Raphaella veste vestido Major Minor, casaco Ruas de Havana, acessรณrios e patins acervo.

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Raphaella veste regata Major Minor, calça Ruas de Havana, colar Rust Miner, sapato e bracelete acervo. Kathelen veste bata Efêmera, short acervo, colar Gruta Acessórios, jaqueta jeans, sapato e acessórios acervo

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Kathelen veste colete Luna, vestido Ruas de Havana, sapato e acessórios acervo. Raphaella veste top Luna, quimono Ruas de Havana, pantacourt Efêmera, sapato e acessórios acervo

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Kathellen veste body Jardim, capri Luna, casaco e meia acervo. Raphaella veste top Luna, calรงa Ruas de Havana, meia acervo.

Raphaella veste top Ruas de Havana, quimono Jardim, colar Gruta Acessรณrios

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BASTIDORES

BASTIDORES - 38 -

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equipe C i M U

Aspirante a designer de moda, estuda design na UFSC e é voluntário nesse projeto. - 41 -

MAYCON CARMO

Fashionista, cabelo colorido. Maycon é voluntário nesse projeto.

YAGO RODRIGUES

Professor no Design UFSC e agilizador de qualquer tarefa do Circuito Moda UFSC.

FERNANDA IERVOLINO

Professora efetiva no Design UFSC, mas nunca abandonou suas raízes da Moda

TIAGO MATTOZO

Estudante do Design UFSC aspira a produtor de moda e é voluntário nesse projeto.

EDUARDO JUREK

T U R M Aprojeto produto de moda 2017.2


EXPEDIENTE Coordenação Geral Fernanda Iervolino Tiago Mattozo Conselho Editorial Eduardo Jurek Fernanda Iervolino Israel Braglia Tiago Mattozo Redação e Revisão Fernanda Iervolino Moda - Editorial Cushy Eduardo Jurek Fernanda Iervolino Tiago Mattozo Yago Rodrigues Projeto Gráfico Tarcila Zanatta Gustavo Sawada Mateus Lufiego Bárbara Scheffeer

Capa Foto: João Paulo Sena Luckina - L1NK Beleza: Neusa Santos Modelo: Raphaella Souza (DN Models) Agradecimentos L1NK Estúdio Criativo Gráfica Rocha Organic Press DN Models Black Buffalo Gruta Acessórios Israel Braglia

realização:

Publicidade Eduardo Jurek Captação de Recursos Fernanda Iervolino Tiago Mattozo MODELOS Kathelen Herculano (DN Models) Raphaella Souza (DN Models)

Comunicação e Relações Públicas Eduardo Jurek

A Revista CiMU é uma produção independente e integrante do projeto de extensão Circuito Moda UFSC. Desenvolvida por alunos do curso de design da Universidade Federal de Santa Catarina, seu conteúdo tem por objetivo apresentar as produções dos alunos do Produto de Moda, sem fins comerciais.

patrocínio:

CRÉDITOS

(2017) Fernanda Iervolino Tiago Mattozo Corpo Discente - Produto de Moda (2017) Diretor CCE Ana Carolina Shneider Arnoldo Debatin Neto Ana Luísa Soares Bárbara Scheeffer Chefe EGR Bianca Bunn Rodrigo Braga Camila Zilli Giovana Schmitt Coordenadora Curso Design Gustavo Sawada Logo Haco versão CMYK Marília Matos Gonçalves CMYK de aproximação dos pantones: Jéssica Roennau C 78 M 0 Y 20 K 0 Katia Maria Carvalho = R 0 GUFSC 176 B 199 Coordenação - Circuito* RGB Moda Lucas Lopes Fernanda Iervolino pantone 3125 Maria Isabel Cota pantone 541 Matheus Lufiego Colabores - Circuito Moda UFSC Rafaela Gomes de Oliveira Eduardo Jurek Rafael Rodrigues Vieira Maycon Cardoso Sara Prevedel Tiago Mattozzo Logo Haco versão Pantone Tarcila Zanatta Yago Rodrigues pantone 3125 Taynara Oliveira Martins Corpo Docente - Produto de Moda Victor Libório pantone 541 Reitor PRO TEMPORE Ubaldo Balthazar

Realização UFSC CCE - Centro de Comunicação e Expressão EGR - Departamento de Expressão Gráfica Design UFSC

apoio: versão PB com degradé

versão 100% k

Obs.: Aconselha-se utilizar o Illustrator para impressão da logo.

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circuito moda ufsc

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