Tapiri 169 digital

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EDITORIAL Estimados amigos e estimados irmãos

Após certo tempo parado, retomamos as publicações de “Tapiri”. Desta vez sob a direção da Comissão Inspetorial de Pastoral, tendo como coordenador o Delegado para a Animação Pastoral. O Tapiri, deste os seus primórdios, tem sido um importante veículo de Comunicação da Inspetoria Salesiana São Domingos Sávio. Aproveitaremos as diversas mídias disponíveis, das quais temos acesso, para divulgá-lo ainda mais. Em cada número apresentaremos três artigos e notícias diversas da ação pastoral dos Salesianos na Amazônia e de grupos da Família Salesiana. Nesta edição o Pe. Canio Grimaldi, após vários anos como animador da pastoral da Faculdade Salesiana Dom Bosco, nos oferece uma reflexão sistemática sobre a figura do animador de Pastoral. Quando o animador de pastoral não tem clareza da própria identidade, também não age em conformidade com o que se espera dele.

O Pe. Antônio de Assis Ribeiro nos convida a aprofundarmos a questão da necessidade da promoção da animação pastoral em rede. Essa é uma das mais insistentes exigências da Igreja em nossos dias. Trabalhar em rede, mais que uma questão estratégica é uma necessidade vocacional dos discípulos missionários de Jesus. O Pe. Reginaldo Cordeiro, Delegado para a Animação Missionária, partilha conosco a importância do primeiro anúncio do Evangelho em vista da promoção da educação à Fé na ótica Salesiana. É fruto da sua participação na Jornada de Estudos Missionários em Los Teques, na Venezuela, em 2013. Na sessão “Aconteceu”, Gisele Lopes, Secretária para a Animação Pastoral, nos oferece a documentação de uma série de eventos de diversas obras salesianas. Faz bem para a história documentar o que fazemos! Boa leitura! Boa Leitura!

Pe. Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira) – SDB. Delegado para a Animação Pastoral Manaus, 05 de Setembro de 2014


TAPIRI é uma publicação bimestral e gratuita da Inspetoria São Domingos Sávio, iniciada em janeiro de 1989, dirigida aos Salesianos de Dom Bosco e aos colaboradores leigos e educadores nas inúmeras casas salesianas pertencentes à região amazônica brasileira que compõem a Inspetoria, com o objetivo de ser um instrumento de reflexão sobre temas diversos alinhados à ação pastoral do carisma salesiano. O TAPIRI reserva-se o direito de condensar/editar as matérias enviadas como colaboração. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do instrumento pastoral, sendo de total responsabilidade de seus autores.

Inspetor: Pe. Francisco Alves de Lima Organização: CIP Coordenador: Pe. Antônio de Assis Ribeiro Equipe de articulação: Gisele Lopes, José Luis (Zeca) e Animadores de Pastoral Projeto Gráfico: Eduardo Lacerda Revisão: Josely Moura Distribuição: José luis (Zeca) Articulistas: Convidados Foto da Capa: Curso de animadores de pastoral / julho 2014 - Manaus

SUMÁRIO

PG. 03 A Importância da Animação Pastoral em Rede PG. 16 Do Primeiro Anúncio à Educação à Fé na Ótica Salesiana PG. 30 Aconteceu PG. 34 O Animador de Pastoral: O Que Deve Saber e Fazer


O ANIMADOR DE PASTORAL: O QUE DEVE SABER E FAZER Por Pe. Canio Grimaldi1, sdb Secretário Inspetorial Pe. Canio Grimaldi sdb1

1. Introdução

ram os cursos de Teologia Pastoral para leigos nos vários níveis, para o desempenho de sua missão pastoral nas comunidades. A Congregação salesiana, em 1996, realizou um Capítulo Geral que teve como tema Salesianos e leigos: comunhão e partilha no espírito e na missão de Dom Bosco , chamando expressamente os leigos preparados a fazer parte ativa da CEP (Comunidade Educativa Pastoral) da Obra salesiana. Foi a partir deste Capítulo Geral que os leigos começaram a assumir responsabilidades específicas e tarefas concretas, como a animação pastoral da Obra Salesiana. O Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana começou a publicar orientações e subsídios, dando como resultado o documento “A PASTORAL JUVENIL SALESIANA” ­Quadro referencial (terceira edição 2014): documento rico e precioso para os salesianos e leigos responsáveis pelo trabalho pastoral das nossas Obras. O setor de Pastoral da Inspetoria Salesiana S. Domingos realizou um curso, em três módulos (20092010), para os leigos Animadores de Pastoral das Obras Salesianas. Foi um Curso teológico-pastoral com

São muitas as comunidades eclesiais em que os leigos são responsáveis pela ação pastoral das comunidades. Também nas Obras Salesianas a figura do “Animador de Pastoral” leigo agora é praxe comum. Estes leigos recebem uma formação adequada e o mandato da autoridade eclesial competente. É a nova Eclesiologia que está sendo posta em prática. De fato, a constituição dogmática “Lumen Gentium” (sobre a Igreja) e o decreto “Apostolicam Actuositatem” (sobre os leigos), do Concilio Vaticano II (196265), deram um salto de qualidade: convocaram os leigos a assumir sua responsabilidade de batizados na Igreja e no mundo. O papa João Paulo II em 1988, depois do sínodo dos bispos, publicou a Exortação Apostólica A Vocação e Missão dos leigos na Igreja e no mundo”, apontando os ofícios e as funções dos leigos na Igreja. Depois disso, nas dioceses ou grupos de dioceses, se multiplica Salesiano, já Diretor de Ações Comunitárias da Faculdade Salesiana Dom Bosco Manaus.

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estilo salesiano: Cristologia, Eclesiologia, Pastoral Juvenil, Liturgia, Liderança, Espiritualidade, Pedagogia Salesiana, Sociologia etc. Depois deste curso, melhorou muito a ação pastoral nas nossas Obras, de acordo com os depoimentos dos próprios animadores de Pastoral e Diretores. A segunda edição deste Curso começou em janeiro 2014. Lendo atentamente estes documentos do magistério da Igreja e da Congregação Salesiana, lembrando o conteúdo do Curso para Animadores de Pastoral e refletindo sobre a experiência pessoal na Paróquia, na Escola, no Ensino Superior (Pastoral da Universidade), achei por bem apontar alguns requisitos importantes para o Animador de Pastoral das Obras da nossa Inspetoria São Domingos Savio.

lado das coisas, sua profundidade. Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus”, escreveu S. Paulo (Fil.2,5)

A espiritualidade é alimentada, em primeiro lugar, pela escuta da Palavra de Deus que é fonte de vida. É viver a experiência dos textos bíblicos com a experiência da nossa própria vida. A Eucaristia sacramento dos sacramentos é fonte de energias novas da vida cristã. Na Eucaristia, mistério de Cristo que se doa por amor, o cristão aprende a doação generosa de si, abrindo-se ás necessidades dos outros, vencendo egoísmo e fechamento. A pessoa de Maria tem lugar privilegiado na espiritualidade salesiana. Dom Bosco cumpriu, com sua ajuda materna, o desígnio que Deus tinha sobre sua vida. “Foi Ela quem tudo fez” afirmou no termo de sua vida. A missão do Animador de Pastoral é superior ás suas forças, por isso ele precisa de oração: diálogo pessoal, íntimo, profundo com Jesus Cristo, no Espírito Santo. Só em Deus encontra força e luz que a missão pastoral exige. A oração salesiana é humilde, confiante e apostólica, alegre e criativa, adere á vida e nela se prolonga. • O Animador de Pastoral não é um simples funcionário da Obra. Ele não mede o esforço e o horário. A sua missão é doação de si mesmo no servi-

2. Espiritualidade do Animador de Pastoral “A Pastoral Juvenil Salesiana afunda suas raízes numa espiritualidade viva que a nutre e estimula a buscar a Deus no serviço aos jovens”. (QRPJS - p. 89) Espiritualidade vem de espírito. O espírito capta o que está além das aparências, daquilo que se vê, se escuta, se pensa e se ama. Ele não possui apenas sentidos materiais e psíquicos. Possui sentidos espirituais, que nos fazem aprender o outro 4


ço aos destinatários. Por isso ele é disponível, fazendo tudo o que é necessário pelo crescimento dos destinatários. Ele coopera com os outros, é tolerante e misericordioso. A espiritualidade é alimento, força, centro e motivação da vida. Só uma espiritualidade firme pode dar sustentação ao testemunho cristão. O Animador de Pastoral deve cultivar uma profunda espiritualidade, lembrando o que disse Jesus aos apóstolo sem mim nada podeis fazer”. Para o Animador de Pastoral importante é a leitura orante da Bíblia (leitura, meditação, oração e contemplação), com sensibilidade salesiana, referindo-se a situações suas pessoais e dos destinatários. Valoriza muito a Eucaristia, não só participando da Missa aos domingos, mas frequentemente. A devoção a N. S. Auxiliadora é indispensável.

O Animador de Pastoral deve rezar muito: em casa, no lugar de trabalho pastoral, lembrando sempre os destinatários, principalmente aqueles que mais precisam de ajuda espiritual. Ainda, o Animador de Pastoral deve estar disponível para atender aos destinatários, visitando-os quando estão doentes e rezando com eles e a família.

3. PASTORAL Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem”(Lc 10,14)

3.1 Ação Pastoral é ação transformadora articulada com a reflexão. Para fazer pastoral é preciso ir ao campo e chamar as ovelhas pelo nome, conduzir ás pastagens. Trata-se de uma atitude de relação com as pessoas, sob a luz da mensagem cristã.

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sas, estando atenta aos “sinais dos tempos”2. A pastoral deve estar sempre em sintonia com o magistério da Igreja, do papa e dos bispos.

3.2 Evangelização Evangelizar é o anúncio da vida e da mensagem de Jesus, de sua ressurreição e de sua promessa da vinda do Reino de Deus. A evangelização requer: “presença, testemunho, pregação, apelo à conversão pessoal, formação da Igreja, catequese; mas também inculturação, diálogo inter-religioso, educação, opção preferencial pelos pobres, transformação da sociedade” (QRPJS - p. 58)

3.5 Mundo O mundo é a realidade como um todo, aquilo que se manifesta, o conjunto das realidades que nos rodeiam. A evangelização não é ação desvinculada do mundo, mas se dirige a pessoas inseridas em seus contextos próprios de vida. Assim a evangelização precisa atender aos apelos da realidade e estar atenta ao mundo que o cerca. • O animador de pastoral precisa testemunhar o que anuncia e organiza, com a capacidade de viver claramente a fé entre os jovens: coerência de fé, participação ativa na vida eclesial e social, respeito pela diversidade, caridade atuante. • O Animador de Pastoral deve necessariamente ter uma boa base teológica: Cristologia, Eclesiologia, Sacramentos, Ética, Doutrina Social da

3.3 Organização Organização refere-se a um trabalho sistematizado, com planejamento, objetivos e metodologia. Toda ação organizada pressupõe uma coordenação que se faz guiar por um plano orgânico, com estratégias definidas e um sistema de avaliação. Isso exige planejamento participativo, capacidade de gerenciamento de conflitos, carisma, isto é, dom e santidade, graça de Deus.

3.4 Eclesialidade A igreja é comunidade que vive a comunhão. A Igreja é entendida como povo de Deus, servidora da humanidade e iluminada pela mensagem do Evangelho. Como rebanho de Cristo, a Igreja é guiada por seus pastores: papa, bispos, padres, diáconos. A Igreja muda seu modo de agir na história e nas culturas diver-

“sinais dos tempos”. Esta expressão se encontra nos documentos do Conc. Vaticano II e significa: discernir nos acontecimentos, nas exigências e nas aspirações de nossos tempos, a presença ou os desígnios de Deus, isto é, o que Deus quer através dos acontecimentos da vida do mundo.

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Igreja. A Pastoral é fruto de uma boa teologia. Hoje em dia, diante de tantos desafios que a pós-modernidade apresenta, é necessária muita competência, qualificação, isto é, a maior perfeição possível no próprio trabalho. A animação litúrgica é importante na Pastoral, mas nem sempre um bom animador litúrgico é um bom Animador de Pastoral, se não tiver um fundamento teológico-pastoral qualificado3. É importante para o Animador de Pastoral ler os Documentos atuais da Igreja: Documentos do Concilio Vaticano II, Documento de Aparecida (2007), Diretrizes da CNBB, Evangelização da Juventude (n.85 CNBB), Diretrizes dos Regionais da CNBB, Plano de Pastoral da Diocese, Orientações do Setor de Pastoral da Inspetoria. Importante, também, sempre estar atento ao que acontece no mundo para confrontá-lo com o Evangelho4.

Para o animador de pastoral é de suma importância estudar e reler continuamente o documento “A PASTORAL JUVENIL SALESIANA” – Quadro de Referência – do Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana: rica visão de conjunto do patrimônio pastoral salesiano. O Animador de Pastoral procure incentivar o espírito missionário dos destinatários, levando-os a testemunhar o Evangelho em casa, na escola, no lugar do trabalho, em todo canto.

4. Sistema Preventivo de Dom Bosco “Não com pancadas, mas com a mansidão e a caridade é que deverás ganhar esses seus amigos” (Jesus a Joaozinho Bosco) Dom Bosco educou muitos jovens praticando um método pedagógico que ele mesmo chamou “Sistema Preventivo”, fundamentado no amor educativo: Razão, Religião, Bondade. “Dom Bosco pretendeu oferecer aos jovens o método utilizado por ele para abrir as portas dos seus corações, conquistar a confiança deles e plasmar personalidades robustas do ponto de vista humano e cristão” (Pe. Páscual Chávez)5.

Pode acontecer de confiar a animação da pastoral a alguém que sabe tocar, cantar, animar a liturgia. A animação pastoral é mais abrangente, não é só liturgia. 04 Para os Animadores de Pastoral da nossa Inspetoria, é importante conhecer o documento Igreja na AMAZONIA, memória e compromisso , que contém as conclusões do Encontro de Santarém 2012 dos bispos dos Regionais Norte I, Norte II, Noroeste. 03

Reitor-Mor da Congregação Salesiana (2002-2014)

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A razão: capacidade de compreender, confrontar, raciocinar, adaptar-se, inventar, escolher, decidir. A religião: levar o jovem a Cristo e Cristo ao jovem, através de uma boa educação religiosa, da oração, dos sacramentos (Missa e Confissão) e o compromisso apostólico. A bondade: atenção, respeito, aproximação, entender e falar a linguagem do jovem, criar um ambiente espontâneo, ambiente de liberdade e naturalidade, de alegria e familiaridade. Assim o jovem se abre à influência do bem.

mundo oculto das novas pobrezas e suas causas... Importante educar para o valor da solidariedade contra a práxis da concorrência exasperada e do proveito individual. Solidariedade com projetos concretos em favor dos pobres, dos excluídos. Incentivar e promover o Voluntariado, que atualmente é prioridade na Congregação Salesiana. Voluntário é a pessoa que cumpre algo espontaneamente, de sua vontade. O voluntariado é uma escola de solidariedade. • O animador de Pastoral cuidará da Catequese dos destinatários, com conteúdo e metodologias renovados (Catequese renovada), criando e preparando o grupo de catequistas, não esquecendo o ecumenismo e o diálogo inter-religioso6. • Valorizará muito os sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação. Preparará bem também as festas religiosas, alegres e juvenis. Organizará os encontros de formação para os jovens, bem preparados e conduzidos. Cuidará bem do bom dia,

“Os jovens não somente sejam amados, mas sintam que são amados” (Dom Bosco).

Dom Bosco, com o Sistema Preventivo, teve como objetivo: Formar bons cristãos e honestos cidadãos”. “Bons cristãos”, isto é, o seguimento de Cristo (caminho, verdade e vida) que abre horizontes novos, dá mais sentido à vida humana. Formar bons cristãos hoje é respeitar a liberdade e a responsabilidade e educar para o senso crítico diante do pluralismo religioso contemporâneo. “Honestos cidadãos”, implica hoje a “dimensão social da caridade”, isto é, educar para o empenho sócio-político, no próprio bairro, na própria cidade, no próprio pais. Educar na defesa dos direitos humanos, dos direitos dos pobres; incentivar a luta contra a corrupção, privilégios, exploração, engano. Suscitar o sentido crítico diante da sociedade, ajudando a descobrir o

Ecumenismo: é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna para superar as divisões entre os cristãos: Católicos, Ortodoxos, Luteranos, Metodistas, Batistas, Evangélicos etc. Diálogo inter-religioso: é o contato, o respeito com as religiões não cristãs: judaísmo, islamismo, budismo, religiões indígenas etc.

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boa tarde, boa noite”, tradição salesiana educativa. O teatro, a música, o canto, o esporte, a dança, a arte, as gincanas, os momentos culturais são expressões concretas da alegria e espírito de família, que o Animador de Pastoral deve incentivar, com a colaboração de todos os membros da CEP. Cuidará também, e muito, da organização da AJS (Articulação Juventude Salesiana), expressão da Pastoral Juvenil. Dentro da AJS formará o grupo vocacional (preparação para o Matrimônio, a Ordem ou à vida consagrada). Incentivará também a Pastoral Familiar7. É o Animador de Pastoral que deve incentivar a dimensão social da caridade em comunhão com todos os membros

A animação da Pastoral Familiar, entre os pais dos nossos educandos, vai ajudar a AJS. Os filhos se animam vendo os pais engajados na pastoral da Obra salesiana.

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da CEP. É ele que deve suscitar reflexões, debates sobre a realidade sócio-pollítica e econômica do território e ainda sugerirá propostas para projetos sociais que envolvam educadores e educandos. (QRPJS, p. 196) Cuidará para que a Obra salesiana toda esteja presente na sociedade, principalmente quando se trata de manifestações públicas em favor dos direitos das classes menos favorecidas. O Animador de Pastoral deve conhecer o documento da Congregação Salesiana “Voluntariado e Missão Salesiana”, manual de Roteiro e Orientações, que é expressão madura da AJS. Projetos de Voluntariado devem entrar no PEPS da Obra salesiana, assim como o voluntariado missionário, com projetos que levem aonde as necessidades e as demandas dos jovens ainda não são preocupação8.

Exemplo de voluntariado missionário é


5. PROJETO EDUCATIVO PASTORAL SALESIANO (PEPS) “... a comunidade local é chamada a viver e agir com mentalidade clara de projeto; mentalidade que leva a individuar os campos prioritários de atenção e fazer escolhas fundamentais que orientem a vida das pessoas e a efetivação da ação nos diversos ambientes e setores de animação da obra” (QRPJS, p. 260)

A Organização é uma das categorias necessárias da Pastoral. Não basta organizar algumas atividades com os destinatários ou coordenar alguns eventos, mas crescer na mentalidade de projeto e na dimensão comunitária da Pastoral. Hoje em dia nas Obras Salesianas existe o Projeto Educativo Pastoral Salesiano (PEPS), que é “plano geral de intervenção que orienta a realização do itinerário educativo-pastoral num determinado contexto inspetorial e local e orienta as iniciativas e os recursos para a evangelização... Responde à pergunta: O que fazer e como, para chegar à a experiência da Pastoral da FSDB de Manaus. Um grupo de acadêmicos e ex -alunos passam quinze dias (no mês de janeiro) numa Obra salesiana do Alto Rio Negro, animando a colônia de férias. Realizam atividades religiosas, educativas e sociais com adolescentes e jovens. Eles recebem uma formação antes de viajar.

meta prevista?” – (QRPJS, p. 284). A elaboração, a execução e a avaliação do PEPS é uma oportunidade para crescer na mentalidade de viver e trabalhar juntos. O PEPS é elaborado e realizado pela CEP (Comunidade Educativa Pastoral) que é o conjunto de pessoas (salesianos, educadores, pais, jovens...) que trabalham juntos na educação e evangelização dos jovens. A dimensão comunitária da ação pastoral é fundamental: relações interpessoais, elementos de comunhão e colaboração sobre as preocupações gerenciais e organizativas. O PEPS se inspira no Sistema Preventivo. O capítulo VI do documento “A PASTORAL JUVENIL SALESIANA” – Quadro referencial - é dedicado ao PEPS, com claras orientações sobre finalidade, elaboração, atuação em nível inspetorial e local. No PEPS de cada Obra deve estar bem evidenciado que Educação e Evangelização formam um processo único, se articulam e qualificam reciprocamente, contribuindo juntos para a realização da mesma finalidade: o desenvolvimento integral do jovem considerado na totalidade do seu ser. “uma educação que desenvolve o sentido religioso da vida, abre e favorece o processo de evangelização, e uma evangelização que propõe à educação um modelo de humanidade realmente realizada” (Pe. Pascual Chávez)

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O animador de Pastoral “coordena a atuação do PEPS


local com programações concretas para os diversos setores da Obra; promove iniciativas de formação dos agentes de pastoral; garante a relação e colaboração da Obra salesiana com a pastoral da Igreja local” (QRPJS p.270). O Animador de Pastoral estará sempre presente em todas as reuniões da CEP e outras que dizem respeito a planejamento de atividades pedagógicas, culturais, religiosas, esportivas, para que estas atividades estejam de acordo com o conteúdo do PEPS, isto é, tenham sempre uma visão evangélica. O método “ver-julgar-agircelebrar” é útil na programação das atividades Educativo-pastorais. Trata-se de caminhar com os jovens, partindo de suas vidas e preocupações, com iluminação da fé e ação concreta. O Animador de Pastoral deve conhecer bem este método e utilizá-lo. O setor de Pastoral da Inspetoria pode orientar na elaboração do PEPS, onde ainda não existe. É o Animador de Pastoral que deve tomar a iniciativa, de acordo com o Presidente da CEP, Diretor da Obra Salesiana.

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6. CONHECER OS JOVENS “O ponto de partida imprescindível é o encontro com os jovens na condição em que se encontram, escutando atentamente os seus questionamentos e as suas aspirações, para valorizar o potencial de crescimento que cada um deles traz em si” – (QRPJS. p. 60)

Conhecer os jovens é condição prévia para a evangelização, que deve sempre partir da realidade (mundo), deve partir das condições concretas das pessoas, do contexto social e histórico da Obra Salesiana. É necessário dar atenção aos jovens reais, ás suas verdadeiras exigências, aos interesses atuais e aos deveres de vida que os esperam; à simpatia para com seu mundo. São muitas as pesquisas científicas sobre a Juventude em geral, sobre a Juventude brasileira ou amazonense. A própria CNBB, Setor Juventude, se preocupou com isso. Nestas pesquisas existem indicadores interessantes do ponto de vista social, cultural, religioso9. Conhecer os jovens, significa conhecer os jovens concretos que frequentam as Obras Salesianas (Pa09 O Texto-Base da CF2013 Fraternidade e Juventude , apresenta a realidade da juventude brasileira: religião, economia, trabalho, desafios...O documento da CNBB, n 85, Evangelização da Juventude , apresenta vários elementos da nova cultura pós-moderna que influem na religiosidade dos jovens.


róquia, Escola, Oratório, Faculdade etc.). Pode ser feita uma pesquisa sobre estes jovens. O importante que a pesquisa seja científica, feita por pessoas competentes. Dom Bosco criou o Sistema Preventivo a partir da realidade dos jovens que frequentavam o Oratório de Valdocco (Turim), realidade que ele conheceu através o contato direto com eles: pátio, conversas, atividades extra-classe. Dom Bosco era um ótimo observador. Era a observação do pai que amava os filhos, os jovens sobre os quais ele tinha um projeto: formar bons cristãos e honestos cidadãos . “O amor de Dom Bosco pelos jovens era feito de gestos concretos e oportunos. Ele se interessava pela vida inteira dos jovens, reconhecendo nela as necessidades mais urgentes e intuindo as mais recônditas” (R. Ruffinato)10 Para o conhecimento mais direto dos jovens Dom Bosco recomendou uma prática que se tornou um ponto importante na Pedagogia Salesiana, a Assistência Salesiana, entendida como acompanhamento, proximidade animadora, atenção a tudo que acontece, possibilidade de intervenção tempestiva e exemplo”. (QRPJS p.122). Essa assistência realiza-se principalmente no pátio. “A experiência de pátio é própria de um ambiente espontâneo, no qual se criam e estreitam relações de amizade e confiança.... É 10 Ruffinato, R. – Sacerdote salesiano, doutor em Salesianidade pela Pontificia Universidade Salesiana de Roma.

o lugar adequado para dar atenção a cada menino/jovem, para a palavrinha ao ouvido, de onde deriva a relação educador-jovem que supera o formalismo ligado a outras estruturas, ambientes e aos papeis”. (QRPJS, p. 131) • O Animador de Pastoral precisa, muito mais que os outros educadores, estar no meio dos jovens, principalmente no pátio, com espírito de observação educativa. Ele deve tomar a iniciativa, dar o primeiro passo para procurar os jovens e ficar com eles, conversar diretamente com os jovens que mais precisam de uma orientação. Os eventos realizados na Obra Salesiana são uma boa ocasião para conhecer os jovens. • Nas reuniões da CEP (Comunidade Educativa Pastoral) o Animador de Pastoral deve suscitar a troca de opiniões sobre a vida dos destinatários, principalmente daqueles que apresentam mais necessidade de cuidado pastoral. Deve cuidar para que a assistência salesiana, a presença no pátio seja praticada por todos os educadores. • O animador de pastoral seja disponível para o colóquio pessoal com os destinatários. Procure encaminhar para o sacerdote ou a orientação psicológica, quando necessário. 12


7. VIRTUDES HUMANAS “Os valores humanos, sociais, culturais e religiosos para realizar o programa de Dom Bosco bons cristãos, honestos cidadãos , devem ser vividos pelos leigos educadores para serem propostos aos jovens com credibilidade (CG 24, p. 129)

7.1 Esperança É a capacidade não só de amar, mas de amar o que será amanhã, não só de crer e saber, mas crer e conhecer o amanhã. Esperança é olhar adiante e saber cultivar no coração a certeza de que aquilo que se está a fazer, produzirá muito fruto, frutos de santidade. Esperança é otimismo que faz crescer os outros. A esperança é a virtude especial do carisma salesiano.

7.2 Prudência É a virtude de saber fazer a coisa melhor mais razoável em cada mo13

mento. O prudente é aquele que age com sensatez, com discrição, com serenidade, sem precipitação. Prudente é aquele que sabe resolver conflitos, que determina com coragem o que se deve fazer, que reflete antes de agir, persevera nos bons propósitos.

7.3 Fortaleza É a virtude que torna forte para suportar com alegria as incompreensões, falta de resultados imediatos, agressões, conflitos pessoais, avaliação insuficiente. A fortaleza torna capaz de ser criativo, pensar em novos projetos pastorais, inclusive projetos sociais.

7.4 Humildade Consiste na consciência dos próprios limites, da própria fraqueza. O humilde sabe que o que tem foi recebido. O humilde se abre aos outros, é capaz de aprender dos outros, sabe trabalhar com os outros.


7.5 Alegria salesiana É energia interior que resiste também ás dificuldades da vida. Alegria é flexibilidade, confiança em si mesmo e nos destinatários, que não desespera de ninguém e que vive pacientemente a sua missão. O espírito de família, elemento característico da pedagogia salesiana, alimenta a alegria salesiana. Juntamente com estas virtudes humanas, muito importante é a capacidade de diálogo: estar calmo antes de falar, procurar momento e lugar conveniente, falar com clareza, procurar soluções equilibradas, avaliar as alternativas. “Quem não quer dialogar é um fanático. Quem não sabe dialogar é um estúpido e quem não tenta dialogar é um escravo” (Diaz, C.)11 Muito importante também é saber trabalhar em equipe, que é o “trabalho do grupo que se encarrega de tarefas que criativamente desempenham, organizando-se e reorganizando-se conforme as decisões do grupo”. (Libanio, J.B.)12 • Considerando o que foi apresentado sobre o que o Animador de Pastoral deve saber e deve fazer, é fácil entender que ele precisa adquirir muitas virtudes, algumas necessariamente. Porque, quanto mais ele é virtuoso, DIAZ, C. em Ética del docene, p.92. Libanio, J,B. Jesuíta. A arte de formar-se, p. 68.

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tanto mais o seu trabalho será eficaz. É a pessoa do Animador de Pastoral que faz crescer os jovens, e não somente os seus conhecimentos e a sua pedagogia. O seu “ser” é responsável pela promoção integral dos jovens. A capacidade de diálogo e o trabalho em equipe são indispensáveis para o Animador de Pastoral. Ele trabalha com os outros: deve transmitir confiança, segurança, harmonia, serenidade, bom humor. Por isso, nada de severidade, rigidez. Seriedade com amabilidade.

CONCLUSÃO O Animador de Pastoral é um apóstolo, escolhido e enviado por Jesus Cristo para cumprir um serviço em favor dos jovens que lhe foram confiados. Este serviço não leva o Animador de Pastoral a esquecer a si mesmo. Ao contrário, é ele que cresce juntamente com os destinatários, os jovens. O seu serviço é um ministério, uma vocação, uma maneira de viver. Na medida em que ele doa a si mesmo, ele se recupera, cresce. Uma oração que sugiro ao Animador de Pastoral, a ser rezada frequentemente, é a oração ao Espírito Santo, bastante conhecida:

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“Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho,

Atos do Conselho Geral, n. 415 (2013).

inspirai-me sempre o que devo pensar,

Capítulo Geral dos Salesianos – 24 (1996).

o que devo dizer, como o devo dizer;

A PASTORAL JUVENIL SALESIANAQuadro de Referencial (QRPJS). Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana (terceira edição 2014).

o que devo calar, o que devo escrever, como devo agir, o que devo fazer para obter a vossa glória, o bem das pessoas

Evangelização da Juventude, CNBB, n. 85.

e minha própria santificação. AMÉM”

JULIATTO, C.I. Um jeito próprio de evangelizar. Editora Champanhat (2007).

BIBLIOGRAFIA

LIBANIO, J.B. A arte de formar-se. Edições Loyola (2002).

Documentos do Concilio Vaticano II (1962-65).

PRIETO, M.D. Ética del docente. Las – Roma (2007).

Atos do Conselho Geral, n. 407 (2010).

FRANCISCO, Papa. A alegria do Evangelho. Exortação apostólica. Paulinas 2013.

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A IMPORTÂNCIA DA ANIMAÇÃO PASTORAL EM REDE Por Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira), sdb Vice-Inspetor e Delegado Inspetorial de Pastoral

1. Introdução O senso de comunhão é uma das mais profundas e fortes características da Igreja Católica; por isso, apesar dos acidentes históricos, ela continua doutrinalmente sólida, politicamente compacta e pastoralmente, a grosso modo, com a mesma sensibilidade. A Igreja Católica, pelo que conhecemos no ocidente, é a única instituição bimilenar que continua com vida, atuante e com grande força religiosa e política em todo o mundo. Diante dessa realidade histórica somos convidados a nos perguntar: De onde vem isso e qual é o seu segredo? Sem dúvida, o seu segredo está na comunhão, com consequência do mandamento do Amor deixado por Jesus. Levado à prática, o mandamento novo, desde os primórdios do cristianismo, foi traduzido em organizações comunitárias alicerçadas no exercício da comunhão, em busca do mesmo pensamento, de sentimentos de comunhão, de experiência de partilha, como bem nos atesta diversos textos do Novo Testamento.

A comunidade nascente vivia uma forte experiência de comunhão doutrinal – o ensinamento dos apóstolos que, por sua vez, vinha de Jesus (cf. At 2,42-45). São Paulo exortava os fieis da comunidade de Filipos, dizendo: “comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Desse modo, indo vê-los ou estando longe, eu ouça dizer que vocês estão firmes num só espírito, lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho” (Fl 1, 27). Era o segredo dessa comunhão que causava grande impacto positivo em quem entrava em contato com a proposta cristã. A práxis de vida tinha um grande poder de atração de novos fieis e, ao mesmo tempo gerava uma rede estratégica que estimulava a propagação do Evangelho (cf. At 8,1; 1Ts 1,8; 2Cor 2,15). A cultura contemporânea nos convida a reforçar esse sentido de comunhão trabalhando em rede. O termo rede nos estimula a pensar na força estratégica da união. Mas a Igreja e Congregação são chamadas a trabalhar em comunhão e em rede não por força de interesses estratégicos, mas por vocação! Isso deve 16


ser aprofundado! Dessa necessidade vocacional decorrem muitas exigências e possibilidades de modalidades de ação. Esta matéria quer ser um simples convite e estímulo à reflexão sobre esse importante assunto. Faremos breves considerações antropológicas, bíblicas, eclesiais e por fim, carismáticas na perspectiva salesiana. Contudo, é certo que não é suficiente a consideração de fundamentos teóricos; isso tudo deve se traduzir em atitudes pessoais, comunitárias e em práxis pastorais.

2. HORIZONTE BIOANTROPOLÓGICO a) A natureza nos fala de rede: essa ideia de rede vem da natureza; isso significa integração e harmonia; a natureza nos oferece uma brilhante rede de sistemas que nos mostram a beleza do dinamismo da vida; onde não há integração, há morte. Aliás, a morte é a desintegração irreversível de um ser. Na natureza cada ser vivo tem

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internamente diversos sistemas dentro do seu contexto específico (habitat). b) O homem imitando a natureza, aprende a importância da ordem, da integração e da harmonia em seus empreendimentos. Assim, as empresas são dotadas de sistemas técnicos em rede: rede de segurança, rede de comunicação, rede de produção, rede de distribuição; e ainda e mais importante a rede social, baseada fundamentalmente nos relacionamentos; por isso, fala-se tanto hoje, de capital social das instituições... c) A sensibilidade cultural contemporânea: se por um lado o viver e trabalhar em rede é uma exigência e conquista da cultura atual, é bem verdade que o fundamento de tudo está na natureza humana. Isso é antigo! O ser humano é um ser social; social significa voltado para os outros, aberto, que não vive sozinho, que tem necessidade de interagir: dando e recebendo; o outro nos educa, fortalece, anima,


ajuda, desafia, nos favorece o autoconhecimento... d) A família: nascemos e crescemos numa rede natural, a família! É nessa rede que somos educados, que aprendemos a ser gente, a ganhar, perder, partilhar, sonhar; é nessa rede que fazemos as primeiras experiências da alegria e da ternura do encontro com outros e ao mesmo tempo do medo e do conflito com ele. Não fomos programados para ser e viver isolados! e) O instinto associativo: o ser humano, como muitos animais, tem um forte instinto associativo; mas, ao mesmo tempo, vai muito além daqueles das outras espécies; nós nos associamos por atração espontânea, por necessidade (segurança), por consciência de cuidado, por dever etc. Nós nos associamos por estratégia, por interesses; mas também por opção ética e religiosa, ou seja, movidos por nossas crenças, valores e princípios.

ções harmoniosas, criativas e convergentes: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Deus é uno! Jesus declarou “eu e o Pai somos um” (Jo 10,30); “o Pai permanece em mim e eu no Pai” (Jo 10,38); “não credes que eu estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14,10); Jesus estimula seus discípulos a essa mesma comunhão: “para que sejam um como nós somos um” (Jo 17,22); Deus é comunidade. Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade participa inteiramente da ação da outra, sem individualismo, sem setorialismo, sem particularismo; “Repleto do Espírito Santo, Jesus voltou do rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito através do deserto” (Lc 4,1); “Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza” (Lc 4,14). b) DEUS SALVA formando Rede: no AT é muito clara a importância da família em si e das 12 tribos de Israel que formavam uma grande rede fraterna e um só povo; após a criação, todo o dinamismo da história da Salvação nos fala da profunda intenção divina de corresponsabilizar a humanidade como parceira do plano da própria salva-

3. HORIZONTE BÍBLICOTEOLÓGICO a) O que somos vem do NOSSO CRIADOR: Deus é a rede do Amor absoluto, das rela18


ção; dessa forma, Deus faz alianças; aliança é envolvimento, corresponsabilidade, parceria, inclusão do outro interlocutor de uma missão; Deus fez aliança com Noé (cf. Gn 6,18), fez aliança com Abraão e seus descendentes Isaac e Jacó (cf. Gn 12-15; 17); no processo de libertação do povo no Egito, Deus envolve a Moisés como seu parceiro e este, por sua vez, corresponsabiliza nessa missão seu irmão Aarão e Josué; no processo de liderança Moisés aprendeu a necessidade de corresponsabilizar os outros delegando-lhes específicas atribuições (cf. Ex 18,24). Moisés não trabalhava sozinho: Josué era seu auxiliar (cf. Ex 24,13), seu ajudante (cf. Ex 33,11), seu servo (cf. Nm 11,28). Para a construção do templo de Jerusalém o rei Salomão envolveu muita gente estabelecendo parceiros e contratando profissionais (cf. 1Re 5,1-32); ninguém brilha sozinho! c) Jesus, o Filho de Deus, formou uma comunidade em vista da promoção do Reino de Deus; Jesus não trabalhou sozinho, chamou colaboradores, os formou e os corresponsabilizou em sua missão (cf. Mt 4,10-22; Mt 10,1-11; Mc 6,6-13; Lc 6,12-16. O evange19

lista João descreve uma cena muito significativa: no processo de envolvimento dos primeiros discípulos com Jesus, há um brilhante senso de envolvimento gerando uma verdadeira rede de animação vocacional (cf. Jo 1,35-50); enfim, nesse processo de envolvimento com a pessoa de Jesus e sua missão não havia somente os doze, mas também mulheres que o seguiam e o assistiam em suas necessidades (cf. Lc 8,1-3); Jesus tinha parceiros em sua missão! Tinha uma rede de amigos, admiradores, discípulos, apóstolos! Jesus compartilha sua missão, nada reteve para si, nem ideias, nem projetos, nem experiências, nem responsabilidade (cf. Lc 10,1ss). Os exemplos são muitos: na multiplicação dos pães há uma rede fantástica de colaboração (cf. Mt 14,15; Mc 6,34-43; Jo 6,5-13); no processo de preparação da páscoa – última ceia - há envolvimento (cf. Mt 26,19; Mc 14,12); quando o evangelista João descreve o impacto da ressurreição, narra um maravilhoso dinamismo de comunicação, alegria, respeito (cf. Jo 20,18ss). d) No livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas quando fala do vazio deixado por Judas Is-


cariotes, reflete sobre a necessidade que os apóstolos sentiram de logo reconstituir a comunidade apostólica, por causa do abandono de Judas; e assim, entrou para fazer parte do grupo dos doze, por sorteio, o jovem Matias (cf. At 1,23-26); enquanto isso Lucas faz questão de descrever o perfil da comunidade dos apóstolos marcado pela comunhão, partilha, solidariedade e oração (cf. At 1,14; At 2,42-47 At 4,32-35; At 5, 12-16); também dos Atos dos Apóstolos é muito significativa a narração do processo de resolução do primeiro grande conflito, através do diálogo, da escuta e do discernimento; quem provocava a confusão eram pessoas que não estavam em comunhão com os apóstolos (cf. At 15,1-35). e) São Paulo com o seu exemplo de vida e doutrina também nos deixou um grande estímulo sobre a importância do “fazer pastoral em rede”. Paulo nunca trabalhava sozinho, não foi um herói solitário; tinha sua equipe de animação pastoral (cf. At 13,13-14) – diversos são os seus companheiros ou colaboradores de missão como Barnabé, Marcos, Silas, Silvano, Lucas, Timóteo, Tito, Apolo etc. Mais ainda, lá

onde fundava uma comunidade promovia lideranças.

4. HORIZONTE ECLESIAL 4.1 Concílio Ecumênico Vaticano II: a pastoral de conjunto Com o advento do Concílio Ecumênico Vaticano II, cresceu fortemente em todo o mundo, o conceito de Igreja como comunidade de comunhão dos discípulos de Jesus. Abandonou-se, por completo, a tentação de considerar a Igreja como uma “sociedade perfeita, autossuficiente e distante do mundo”. Ao contrário, passou-se, com mais clareza e liberdade teológica, a considerar a experiência da comunhão, que se expressa em atitudes pastorais, como uma das mais autênticas manifestações de testemunho da Igreja como “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-15). A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, entra na Igreja Católica, uma nova linguagem pastoral dando enfoque a um novo modo de agir, que se expressa numa grande diversidade de termos, tais como: “em comunhão”, “em conjunto”, “em colaboração”, “em sintonia”, “em sinergia”... para refletir, estudar, discernir, programar, agir, avaliar, celebrar, tomar decisões etc. São expressões recorrentes em muitos documentos que nos revelam a convicção de uma nova postura pastoral. 20


O Decreto “Optatam totius”, sobre a formação sacerdotal, já propunha a promoção da ação pastoral conjunta como uma experiência profundamente formativa e estimulante para o surgimento de novas vocações: “que se organize metódica e coerentemente e promova com zelo e discrição uma ação pastoral de conjunto para o fomento de vocações”1 em todas as dioceses e nações. Daí esse conceito de “ação pastoral de conjunto” se desenvolveu e se ampliou.

4.2 Documentos Pontifícios Essa forte reflexão teológica sobre a comunhão eclesial, se traduz, na prática, em sinergia pastoral, espírito de colaboração, abertura à parceria, partilha de experiências, reflexão conjunta, senso de obediência etc. É essa sensibilidade que identificamos nos mais variados documentos pontifícios, sobretudo, nas encíclicas e nas exortações apostólicas. Nas últimas recentes décadas, sobretudo 01 Concílio Ecumênico Vaticano II. Decreto Optatam Totius, sobre a Formação sacerdotal. Roma 1965, Número 3.

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no pontificado do papa João Paulo II, tivemos grandes encíclicas e áreas diferentes, tais como: “Laborem Exercens” (14 de Setembro de 1981), “Sollicitudo Rei Socialis” (30 de Dezembro de 1987), “Redemptoris Missio (7 de Dezembro de 1990), “Centesimus Annus” (1 de Maio de 1991), “Veritatis Splendor (6 de Agosto de 1993), “Evangelium Vitae” (25 de Março de 1995), “Ecclesia de Eucharistia” (17 de abril de 2003). A mesma sensibilidade ressoa nas exortações apostólicas: “Ecclesia in Africa” (14 de setembro de 1995), “Ecclesia in America” (22 de janeiro de 1999), “Ecclesia in Asia” (6 de novembro de 1999), “Ecclesia in Oceania” (22 de novembro de 2001) e “Ecclesia in Europa” (28 de junho de 2003). Em 2007, falando das pastorais sociais, assim o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, se expressa: “dever-se-á «pôr em rede» quanto já existe num determinado território, em vista de um intercâmbio de boas experiências e também de uma eventual ajuda, por parte daqueles que já dispõem de uma ampla prática, em relação a quantos ainda se encontrem


no início” (142). Para agir como Igreja somos desafiados a sair do pessimismo, fechamento e da autossuficiência: “as possíveis crises levam a estrutura de assistência a sair do isolamento, em que por vezes, corre o risco de se encontrar, e a pôr em prática um «trabalho em rede», com os vários serviços presentes no território” (154)2. O papa Francisco na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” insistentemente nos exorta a fugir de toda espécie de atitude de fechamento e individualismo. Vejamos algumas citações: “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária» (EG, 23); “Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fruto, tornando-se ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-se completamente para a missão” (EG, 28). “O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares. A ação pastoral deve mostrar ainda melhor que a relação 02 Conselho Pontifício da Pastoral para

os Migrantes e Itinerantes, Pastorais Sociais, Roma, 24 de Maio de 2007, Números 142, 154.

com o nosso Pai exige e incentiva uma comunhão que cura, promove e fortalece os vínculos interpessoais” (EG, 67). “Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a «mística» de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiarnos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. Assim, as maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em novas oportunidades de encontro e solidariedade entre todos” (EG, 87). “Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna, que se torne fascinante e resplandecente. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros, como mutuamente vos encorajais animais e ajudais: «Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai: «Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia» (Jo 17, 21). Cuidado com a tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos” (EG, 99). 22


4.3 Conferências Episcopais Latino-americanas

4.3.2 III Conferência do Episcopado Latino-Americano

O tema da comunhão, muito 4.3.1 II Conferência do se amplia no documento de PueEpiscopado Latino-Americano O documento de Medellin (1968) nos apresenta com muita clareza a necessidade da comunhão da Igreja, sobretudo, em sua constituição hierárquica. Assim declaram os bispos: “no corpo místico de Cristo, os bispos e os presbíteros são consagrados pelo sacramento da Ordem para exercer o sacerdócio ministerial como um conjunto orgânico, que manifesta e torna presente a Cristo Cabeça. Os presbíteros são incorporados a este conjunto orgânico para serem cooperadores da Ordem episcopal (cf. MD 2,a). A afirmação soa fortemente profética, uma vez, que nesse período, muitos países estavam sofrendo pela divisão politica por causa dos regimes de ditadura implantados pelos governos militares. O documento também retoma a necessidade da promoção da “pastoral de conjunto” (cf. MD, 3,a) mas vai além. O Episcopado Latino-Americano consciente da complexidade da transição cultural, propõe que se promova uma pastoral educacional, nos países latino-americanos, que não seja concebida como uma série de atividades e normas desconexas, mas como parte integrante de uma pastoral de conjunto que se apresenta como uma urgências pastoral (cf. MD 4.1). 23

bla. Incentiva-se a promoção e a consolidação dos movimentos e outras formas do apostolado familiar (cf. DP, 615. n), mas “deve-se insistir numa opção mais decidida em favor da pastoral de conjunto, especialmente com a colaboração das comunidades religiosas, promovendo grupos, comunidades e movimentos; animando-as a um esforço constante de comunhão” (DP,650). Os bispos reconhecem que há fraca unidade e critérios de ação que constitui uma fragilidade pastoral (cf. DP, 673, a). Todavia, também se reconhece conquistas da animação pastoral conjunta, em colaboração, da comunhão pastoral, apesar da diversidade teológica e vocacional entre clero secular, religiosos, religiosas e leigos (cf. Dp, 850). O documento lança o importante critério teológico-pastoral de “Comunhão e participação” que deve permear o dinamismo da vida eclesial que evita toda espécie de divisão e isolamento (cf. DP, 992); por fim, reconhecendo a pluralidade da vida da sociedade, os bispos declaram-se abertos para a promoção de uma ação conjunta com organismos da sociedade na promoção do Bem Comum (cf. DP, 1214, c).


“conversão pastoral”; dentre os tan4.3.3 IV Conferência do Episcopado Latino-Americano tos aspectos consequentes dessa O Documento de Santo Domingo, refletindo sobre os desafios emergentes da sociedade fala da “urgência de um novo tipo e alto nível de colaboração” (DSD, 20); a Igreja Católica na América Latina sente-se, humildemente, como um sujeito capaz de colaborar e aberta para a reflexão e busca de solução para os problemas sociais. Por isso declara que é necessário “favorecer a formação de trabalhadores, empresários e governantes em seus direitos e em seus deveres, e propiciar espaços de encontro e mútua colaboração” (DSD, 185). Em nível interno, eclesial, o documento retoma o importante princípio da comunhão e da colaboração entre os vários sujeitos eclesiais: é preciso “evangelizar em estreita colaboração com os bispos, com os sacerdotes e com os leigos, dando exemplo de renovada comunhão” (cf. DSD, n. 27 e 21). Constata a importância de “animar iniciativas e fortalecer as estruturas e organismos de colaboração intra-eclesial que sejam necessários ou úteis, respeitando às diversas competências” (cf, DP, 208).

4.3.4 Aparecida: V Conferência do Episcopado Latino-Americano O Documento de Aparecida nos convoca insistentemente a uma

conversão está a questão da exigência fundamental da comunhão da qual deriva a promoção de uma pastoral em rede. Vejamos algumas citações desse documento; “A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo em comunhão. A partir da paróquia, é necessário anunciar o que Jesus Cristo “fez e ensinou” (At 1,1) enquanto esteve entre nós” (DA, 172). “A Igreja apoia as redes e programas de voluntariado nacional e internacional, que surgiram em muitos países, na esfera das organizações da sociedade civil, para o bem dos mais pobres de nosso continente, à luz dos princípios de dignidade, subsidiariedade e solidariedade, em conformidade com a Doutrina Social da Igreja” (DA, 372). Lamenta a existência de um “certo enfraquecimento da vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja Católica”; e denuncia a falta de comunhão e solidariedade entre comunidades (cf. DA, 100, b, e). Recorda a todos que como discípulos-missionários somos chamados a viver em comunhão (cf. DA, 155-156); a Igreja, animada pela Palavra de

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Deus e pela Eucaristia, é “casa e escola de comunhão”, onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor a serviço da missão evangelizadora (cf. DA, 158). O documento pede que as associações, serviços e movimentos, comunidades religiosas, pequenas comunidades, comissões de pastoral social e diversos organismos eclesiais tenham uma visão de conjunto e convergência de iniciativas (cf. DA, 281).

4.4 A sensibilidade pastoral da CNBB A CNBB no documento 104, fala da urgência de concebermos e promovermos a paróquia como uma rede de comunidade e uma comunidade como uma rede de pastorais, grupos, movimentos, associações etc. Afirma: “A paróquia, porém, não é a Igreja Particular no sentido estrito, pois ela está em rede com as demais paróquias que formam a diocese, que é a Igreja Particular” (CNBB, Doc. 104, N.57). Constatando os frágeis laços de pertença na cultura contemporânea, afirma que o critério de associação preferido pelas pessoas não é mais aquele da territorialidade, mas da afetividade, que se manifesta através da vida em rede. Disso decorre a necessidade de repensar os critérios de animação pastoral na paróquia, não mais orientado pelo princípio da territorialidade geográfica (cf. CNBB, Doc. 104, N.108). 25

5. HORIZONTES CARISMÁTICOS 5.1 A mentalidade de Dom Bosco Dom Bosco deste o início de seu sacerdócio aprendeu e se exercitou na prática do envolvimento de pessoas no seu trabalho, evitando toda e qualquer forma de heroísmo solitário: sua primeira colaboradora foi a sua mãe, corresponsabilizou seus primeiros jovens a cuidar dos colegas, estabeleceu parcerias com os empresários da construção civil do seu tempo, envolveu em seu trabalho os líderes políticos de Turim, partilhava seus sonhos com o papa e os bispos; a congregação salesiana nasce com um estilo profundamente “social”, “civil”, “aberta”, solidária ao povo e aos seus líderes; Dom Bosco aos poucos cria uma rede de instituições unidas pelos mesmos ideais, “ser instrumento


de salvação para a juventude”: Sociedade de São Francisco de Sales, as Filhas de Maria Auxiliadora, os Salesianos cooperadores e a Associação dos Ex-alunos; essa vai se expandindo com o passar dos anos. Por vocação e carisma, os salesianos são estimulados a viver e a trabalhar em comunhão. Para Dom Bosco a paixão pelo Reino de Deus é inseparável de um profundo amor à Igreja. Essa marca carismática está presente também nas atuais constituições salesianas quando afirma: “sentimo-nos parte viva da Igreja e cultivamos em nós e em nossas comunidades uma renovada consciência eclesial. Expressamo-la na fidelidade filial ao sucessor de Pedro e ao seu magistério, e na vontade de viver em comunhão e colaboração com os bispos, o clero, os religiosos e os leigos” (Const. SDB, artigo 13).

5.2 O Capítulo Geral 24 Em 1996 aconteceu em Roma o Capítulo Geral XXIV que refletiu sobre o tema: “salesianos e leigos em comunhão no espírito e na missão de Dom Bosco”. Os salesianos de Dom Bosco foram convocados a trabalhar em rede com os leigos animados pela mesma comunhão carismática, o espírito de Dom Bosco. No texto do CG 24, o princípio da comunhão entre salesianos e leigos em todas as Comunidades Educativas Pastorais, se converte em compromisso cotidiano de tra-

balhar “juntos”: juntos e em comunhão, juntos em sinergia, juntos em colaboração, juntos na formação e na vivência do Sistema Preventivo, juntos em caminho de santidade, juntos como família salesiana (cf. GC 24, N. 104, 125, 144, 185, 239).

5.3 O Capítulo Geral 27 O último capítulo geral nos convida a fortalecer a “Graça da Unidade”; somos profetas e servos dos jovens em comunhão fraterna; isso significa esforço por superar: a visão fragmentada da própria vida e da missão; combater o individualismo, o isolamento, o conformismo (imobilismo), o ativismo (ações desordenadas), o clericalismo, o perfeccionismo, a solidão; evitar a todo custo estrelismo (fazer por aplausos e não por consciência de ser); nos estimula a “redesenhar” a dinâmica da nossa ação pastoral em seu ardor, expressão e metodologia. Além desse convite genérico à comunhão e sinergia afetiva e intelectual, o QRPJS nos convida com muita insistência a articular nossa animação pastoral em rede. O documento reconhece que não podemos contrariar a dinâmica do contexto sócio-cultural no qual vivemos profundamente sensível à dinâmica das redes. “Tudo está acontecendo em rede, e as jovens gerações (os “nativos digitais”, “cyberkids”, “click generation”) adquiriram uma elevada capacidade de acesso à tecnolo26


gia e às capacidades de sua utilização” (QRPJS, p. 162). Por isso o processo de animação e evangelização das nossas CEP não deve ser dispersivo, isolado e nem fechado; “nossas iniciativas pastorais mais significativas devem ser articuladas como rede: todos colaboram em diversos níveis na elaboração do PEPS, centro de convergência de todas as atividades, cooperando no próprio processo educativo, enriquecendo-se reciprocamente num itinerário comum de formação (cf. CG24, n. 157). A experiência formativa envolve a comunhão de critérios (mentalidade), convergência de intenções (objetivos) e organicidade de intervenções (corresponsabilidade, confronto, busca, revisões)” (QRPJS, p. 110). Essa dinâmica de comunhão e colaboração em rede se estende para fora de nossas obras em vista de atingir o complexo Movimento Juvenil Salesiano (AJS), nos quais os jovens se encontram e se ajudam em seu caminho de crescimento. “É necessário ligar numa rede inspetorial os grupos existentes e os que vão surgindo” (QRPJS, p. 166). Essa articulação em rede contribui eficazmente para a promoção da visibilidade do MJS. Por isso, “é importante, criar uma rede de informações e coligações entre os diversos grupos e associações do MJS e também entre eles e os demais grupos e associações na Igreja e no território” (QRPJS, p. 168). A diversidade das obras salesianas presente 27

em um determinado território, com suas múltiplas características, não é empecilho para estarem ligados entre si (cf. QRPJS, p. 179,184).

5.4 Quadro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana A animação da missão é entregue a uma CEP, que envolve a todos internamente e trabalha em rede dentro da Inspetoria. O documento apresenta a comunhão como princípio fundamental da qual deriva o bom êxito da missão confiada a uma comunidade educativa: é necessária, antes de tudo, “convergência espiritual”, “convergência de intenções”, “convicções de todos” (cf. QRPJS, pag. 77, 107-108). O QRPJS nos fornece no seu quarto capítulo (cf. QRPJS, pag. 136-169) um elemento fundamentam, sem o qual não é possível a comunhão e, muito menos, o trabalho em rede. Trata-se da mentalidade projetual. É necessário trabalhar com projeto! O projeto é fruto de uma intenção, ou seja, de um desejo conjunto por onde se deseja passar e o que se pretende fazer. O projeto é a “carta de navegação” de um empreendimento no qual condensamos as referências fundamentais, a dinâmica de ação e as adequadas estratégias para a consecução de um geral. Quando trabalhamos sem projeto, ficamos a deriva das circunstâncias e dos desejos de quem lidera.


lada e avulsa, não é católica. A pastoral em rede começa com a adesão e assimilação de princípios teológicos, bíblicos e doutrinais. Não há verdadeira pastoral em rede, onde não se leva em conta as orientações eclesiais. 5. Na perspectiva salesiana temos uma forte herança carismática. Dom Bosco foi um sacerdote profundamente aberto à interação e muito sensível à promoção da corresponsabilidade. Dom Bosco foi um grande promotor do trabalho pastoral em rede: envolvendo sua mãe, corresponsabilizando seus primeiros jovens, compartilhando seus sonhos com seus colegas e bispos, estimulando as autoridades a assumir sua parcela de responsabilidade, divulgando o bem que fazia, fundando novas instituições com o mesmo ideal. 6. Essa herança carismática converteu-se para os salesianos e leigos em todas as Comunidades Educativas e Pastorais um compromisso permanente; não se trata de uma questão opcional. Os documentos oficiais da Congregação, assim como aqueles da Família Salesiana (Carta de Comunhão e Carta da missão da Família Salesiana) nos apresenta a exigência

CONCLUSÃO 1. O tema abordado na perspectiva teológica e pastoral, o trabalho em rede, já faz parte de uma das mais profundas convicções e dinâmicas de trabalho da cultura das grandes corporações empresariais e que cresce cada vez mais. Vivemos em rede! 2. A exigência da promoção da animação pastoral em rede é fruto da evolução da consciência de diversas exigências da ação evangelizadora da Igreja. É fruto do amadurecimento da assimilação do agir de Jesus e do anúncio do Reino de Deus. Não basta o anúncio, é importante uma metodologia adequada e coerente. 3. Estamos diante de um tema muito importante, que não é questão de “moda pastoral”. Trata-se de um importantíssimo critério de ação pastoral e, ao mesmo tempo, condição de sua significatividade à luz do Evangelho. A essência da ação evangelizadora da Igreja é o anúncio da pessoa de Jesus Cristo e do seu Reino que promove o encontro, a comunhão fraterna, a partilha, a corresponsabilidade etc. 4. A questão do desenvolvimento da pastoral em rede é uma condição de eclesialidade católica. Toda ação pastoral iso28


do trabalho conjunto como um princípio fundamental que expressa nossa unidade carismática e pastoral como Família Salesiana. 7. Elemento de fundamental importância para estimular a convergência de intenções e uma práxis pastoral animadas pelos mesmos princípios é o Projeto Educativo Pastoral. O Projeto é um instrumento operativo que disciplina e direciona o agir pastoral. Para que um grupo de sujeitos possa trabalhar em conjunto formado rede é preciso que reconheçam um centro de unidade, valores comuns, critérios compartilhados. 8. Há muitas vantagens do trabalho desenvolvido em rede: fortalecemos nossos sonhos, ampliamos nossa visão da realidade, somamos recursos, diminuímos perdas, reduzimos as margens de risco, erros e prejuízos; juntos, alimentamos a esperança, promovemos o otimismo e chegamos à solução dos problemas com mais rapidez; no trabalho em rede desenvolvemos nossas ações com mais serenidade e segurança... 9. Para chegarmos a essa experiência, contudo, não é simples e nem automático. E preciso que nos eduquemos para superarmos uma série de ati29

tudes antissociais, tais como: o individualismo, a autossuficiência, o heroísmo solitário, o anonimato, o autoritarismo, o pessimismo, o messianismo, o medo do outro, a apatia, a depreciação das nossas experiências pastorais, o negativismo, a inveja, o ciúme, o boicote de processos e dinâmicas pastorais etc. 10. Em fim, a animação pastoral em rede, é profundamente educativa porque nos estimula a estar sempre numa contínua atitude de revisão das nossas atitudes oportunizada pela experiência do confronto, do diálogo, da interação e da partilha dos desafios que encontramos. Por isso é uma práxis pastoral rica de estímulos positivos capaz de despertar uma otimista atitude diante dos desafios e problemas. É dessa forma que percebemos de perto o quanto é maléfica a fragmentação eclesial e o individualismo pastoral.

Manaus, 24 de setembro de 2014 Antônio de Assis Ribeiro – SDB (Pe. Bira) Delegado Inspetorial para Pastoral Juvenil Salesiana Email: birasdb@gmail.com


Do Primeiro Anúncio à Educação à fé na ótica salesiana Por Pe. Reginaldo Lima Cordeiro, sdb Delegado da Animação Missionária da Amazônia Após o encontro realizado em Los Teques, Venezuela, entre os dias 20 e 25 de novembro de 2013 com a jornada de Estudo dos Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora, sobre o Primeiro Anúncio ao Discipulado Missionário na América e Caribe, a Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia junto com a Inspetoria Santa Teresinha e a Inspetoria Laura Vicuña, realizaram um evento de cunho missionário com os jovens do evento “Campo Bosco” e com alguns membros da família salesiana no Colégio Auxiliadora(Manaus), no dia 12 de setembro com intuito de sensibilizar o ardor missionário dos jovens animadores de oratório, para a missionariedade de “coração oratoriano para um coração oratoriano missionário”. Neste sentido, se refletiu em forma de celebração, recordando os cinco continentes tendo como base algumas reflexões iniciais do texto da Ir. Nancy Venegas – FMA, com o tema: Do primeiro anuncio à Educação à Fé na ótica Salesiana. O texto nos propõe as seguintes reflexões:

Façamos o caminho: “ O Filho de Dom Bosco e a Filha de Maria Auxiliadora, como membro de uma comunidade concreta é um enviado(a). Chamado(a) a viver a identidade de educador(a) salesiano(a) no espírito do ‘Da mihi animas’ e do “a ti as confio” para cooperar na salvação infância e da juventude”. No contexto de uma nova evangelização, muitas são as perguntas que a Igreja se coloca no atual caminho missionário. “O sistema Preventivo1 característica da nossa vocação na Igreja, é para nós específica e método de ação pastoral. É uma experiência de caridade apostólica que tem como fonte o próprio coração de Cristo e como modelo a solicitude materna de Materna de Maria. Consiste numa presença educativa que, somente com a força da persuasão do amor, procura colaborar com o Espírito Santo para o crescimento de Cristo no coração das jovens. Foi-nos transmitido como um espírito que deve guiar nossos critérios de ação e permear todos os nossos relacionamento e o nosso estilo de vida”2. 01 Cf MB IV 546-552. 02 Cf. MB XVII 628.

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Aqui encontramos a razão de ser da nossa vocação e missão dentro da Igreja. Viver a tarefa Evangelizadora com a caridade pastoral de Cristo Bom Pastor e com atenção especial ao jovens pobres e abandonados. Por sua vez, as Linhas orientadoras da Missão Educativa oferecem elementos essenciais que devem ser traduzidos em projetos adequados às situações concretas de idade, ambientes familiares e sociais, culturas e religiões. Entendem acompanhar o processo de inculturação do carisma nos vários contextos, sendo pontos de referencia que orientam a missão, oferem motivações e critérios inspiradores.3 Para nós, é fundamental deixarnos conduzir pela categoria evangélica da vida como dom e como tarefa entende sublinhar a intrínseca dimensão vocacional da missão educativa, reafirmando a opção de estar a serviço da vida, lá onde muitas vezes reina uma cultura da morte, e convidar com determinação a ser testemunhas da plenitude de humanidade que Jesus manifestou na existência. A visão antropológica de referência tem raízes no mistério da Encarnação redentora de Cristo. Ele assumiu e levou a cabo a realidade humana e fez de todos filhos e fi03 Para que tenham vida e vida em abundância. Linhas Orientadoras da missão educativa das FMA, Madri, 2005 (LOME).

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lhas de Deus. Nesta visão unitária da pessoa e do seu processo de crescimento, a nossa missão encontra legitimidade, mesmo em contextos multireligiosos e multiculturais. Onde quer que trabalhemos com espírito salesiano, educação e evangelização, pedagogia e pastoral se harmonizam na ótica do Sistema Preventivo, no qual convergem as prospectivas: cultural, evangélica, social, comunicativa. No documento Lineamenta do Sínodo sobre a Nova Evangelização, as perguntas giram em torno à transmissão da fé, sua crise e a exigência de novas formas de evangelizar e a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação à vida cristã que comece com o kerigma e guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez mais intenso, com Jesus Cristo; se esta é uma realidade urgente para todos os seres humanos, com maior razão para a infância e a juventude. Para nós SDB e FMA é de grande importância a comunidade cristã vista com sujeito evangelizador e lugar onde se vive a evangelização já que é na comunidade que vivemos a espiritualidade do Sistema Preventivo formando um ambiente de família no qual os jovens possam experimentar o que se anuncia, celebra e testemunha com a vida. Somos convocados pela força da fé a testemunhar Cristo Ressuscitado. Num estilo de vida comunitário, esta tarefa é realizada


em colaboração direta com os outros grupos da Família Salesiana, como testemunho de comunhão e em ordem a uma ação mais eficaz a serviço do Reino. Frente aos grandes desafios enunciados, como Família Salesiana, somos chamados a viver o anúncio de Cristo nas diversas formas de serviço pastoral e, de modo especial, na catequese, e oratório que é a alma da nossa ação evangelizadora. Esta tarefa deve ser realizada com competência e em comunhão com o caminho da Igreja, procurando ajudar os jovens a discernir o plano de Deus na própria vida, de modo que este seja a meta de nossa ação pastoral. Para a nossa família religiosa, o oratório exige dedicação e atenção e deve ser vivida dentro de um processo que leve os jovens ao encontro autentico com Jesus Cristo, porque também hoje o mundo precisa de outros “Domingos Sávio, Miguel Magone e Laura Vicuña”. Acredito que, diante desta tarefa, se vislum-

bra uma primeira urgência à qual devemos responder e que é aquela que objetiva examinar o método e as linguagens da evangelização. Evangelizar não é somente proclamar a boa notícia: a vida inteira precisa converter-se numa boa notícia. E não só pessoalmente, mas como comunidade que coloca Jesus no centro, se reúne ao redor da Palavra e da Eucaristia; cultiva o amor aos irmãos e as irmãs, se converte em lugar de acolhida e comunhão para todos, sobretudo para as famílias e para os jovens mais necessitados. No que se refere ao primeiro anúncio como exigência de novas formas do discurso sobre Deus, vale a pena recordar-nos que a dimensão missionária é um elemento essencial à congregação salesiana e somos chamados a trabalhar entre os povos aos quais ainda não chegou o anúncio da Palavra, para nós o interesse pelos problemas da evangelização é algo fundamental. Por isso, o nosso compromisso com a

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evangelização deve ter como objetivo ajudar os jovens e as jovens a valorizarem não somente as celebrações litúrgicas, mas também todos os espaços de oração e de aprendizagem em termos de educação à fé segundo as orientações da Igreja. Entretanto, os desafios que nos apresentam o fenômeno da globalização, o pluralismo religioso e a realidade neoliberal, com suas luzes e sombras, fazem sim que sintamos como uma outra urgência a necessidade de capacitarmo-nos para desenvolver com verdadeira competência a missão de evangelizadores através de uma adequada preparação e uma constante atualização, em espírito de discernimento. A evangelização sistemática e orgânica, da qual tanto se fala e sobre a qual estamos refletindo, pressupõe a responsabilidade de realizar um primeiro anuncio kerigmaticomissionário, para depois continuar o processo em termos de maturação e crescimento na fé, que nos faça, junto com os jovens, encontrar Cris-

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to e nos permita viver a vida num estilo de conversão contínua e permanente. Isto, por sua vez, nos torna credíveis e coerentes naquilo que anunciamos e testemunhamos; nos ajuda, junto com os jovens, a aprofundar o Mistério de Cristo e da Igreja, inserindo-nos ativamente na vida da comunidade paroquial e diocesana. Para os que pertencem a outras confissões devemos oferecer uma formação que respeite e desenvolva os valores humanos e sociais presentes em cada cultura e lhes abra um caminho rumo à aceitação de Cristo e sua mensagem. Por fim, o compromisso de sermos fiéis ao “da mihi animas cetera tolle” e ao “a ti as confio” deveria levar-nos a viver a paixão por Cristo e pela humanidade como empenho a sermos sinais do amor preveniente de Deus entre os jovens e as jovens, ao mesmo tempo em que promovemos um humanismo de paz e de justiça e nos fazemos presentes nos “novos pátios” que os avanços tecnológicos nos oferecem.


ACONTECEU

1 – PREPARAçãO DA PEREGRINAçãO A TURIM DE 27 DE JUNHO A 14 DE JULHO DE 2015

A festa do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco (1815-2015) é a celebração de uma vida dedicada à prática do sistema preventivo nas nossas vidas. Será de grande emoção e reflexão estar na terra onde viveu esse santo homem e aprofundar nossos conhecimentos sobre sua trajetória de doação aos jovens necessitados. Recordaremos, in loco, principalmente os ensinamentos que ele nos deixou como grande legado para a nossa prática profissional como educadores de diversas obras salesianas na Amazônia: Colégio Dom Bosco de Manaus, Faculdade Salesiana Dom Bosco, Pró-Menor Dom Bosco, Paróquia São José de Ji-Paraná (Ro), Obras Sociais do Aleixo (Manaus), Centro Juvenil Salesiano de Manicoré, Missão Salesiana de Yauaretê, Colégio Dom

Bosco e Paróquia Nossa Senhora de Fática de Porto Velho. Os diversos grupos somam 49 peregrinos em processo de preparação. Em cada área temos um coordenador que anima o grupo auxiliando o delegado inspetorial para a pastoral. Participar da organização dessa peregrinação com os peregrinos da cidade de Manaus, nos leva a repensar tudo aquilo que nos propomos a fazer como cristãos e honestos cidadãos. No dia 20 de Setembro de 2014, o grupo de Manaus teve seu I Encontro de Formação. Refletimos sobre o tema “As Atitudes dos Peregrinos” apresentado pelo Coordenador Geral Pe. Bira. Para melhor se articular, o grupo com 25 integrantes, formou internamente 04 comissões: eventos, liturgia, cultura e animação, sob as orientações das coordenadoras Fernanda Melo e Cleyse Silva.

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2 – ANIMAçãO MISSIONÁRIA JUVENIL O GAM (Grupo de Animação Missionária) do Colégio Dom Bosco de Manaus – Centro, fez a sua primeira experiência de Voluntariado-Missionário fora de Manaus, no município de Manicoré (Amazonas) na Paróquia Nossa Senhora das Dores e no Centro Juvenil Salesiano nos dias 04 a 12 de julho deste ano.

luntariado nas comunidades mais carentes da cidade. O grupo está sendo acompanhado pelo animador de pastoral do Colégio Oswaldo Tércio, e pelo Pe. Daniel (Pároco da Paróquia Dom Bosco). Trata-se de uma experiência pastoralmente ousada que merece nossos

Com o tema “A quem eu te enviar, irás!” (Jr 1,7) os jovens do GAM ousaram realizar esta experiência de convivência, partilha, oratório e vo-

parabéns! A promoção do GAM é um compromisso da Pastoral Juvenil Inspetorial que deve ser promovido em todas as obras.

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3 – CAMPO BOSCO NA AMAZÖNIA Nos dias 12 a 14 de Setembro de 2014, realizamos o encontro com a temática I Campo Bosco na Amazônia em Manaus com 60 jovens animadores de oratório das Obras Salesianas das Filhas de Maria Auxiliadora e dos Salesianos da área do Pará, Rondônia e Manaus. A atividade foi desenvolvida no estilo de acampamento nas estruturas da Casa de retiro dos jovens, anexo á sede da Inspetoria Laura Vicuña.

O foco do evento buscou vivenciar a experiência de um grande oratório salesiano com diversos momentos formativos antes e durante o evento, frisando o inicio dos oratórios de Valldocco e Mornese. Os jovens foram estimulados a apresentarem a realidade de cada oratório onde atuam e motivados pelo tema “Um Coração Oratoriano”, mostraram o quanto é belo a vida de um animador salesiano.

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4 – RELATO DA ITINERÂNCIA NO RIO PAPURÍ

No mês de setembro o Tirocinante Augusto dos Santos acompanhou a itinerância com o Pe. Norberto Hohenscherer (conhecido por todos os cantos do Rio Negro como o padre que viaja sozinho, por isso houve surpresa do povo ao vê-lo acompanhado). O Rio Papurí é o limite de fronteira entre o Brasil e a Colômbia, na parte inferior da região que se chama “cabeça do cachorro” no mapa do Brasil.

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Tem muitas cachoeiras e o triste fenômeno do grande exôdo das comunidades indígenas para a cidade. Saindo das terras demarcadas para se aventurar em busca de melhores condições de vida. Segundo Augusto, foi uma ótima experiência para conhecer o povo de Deus que mora distante dos grandes centros e procura nos meios das crises, cruzes e luzes viver a sua fé.


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5 – CURSO DE TEOLOGIA PARA LEIGOS

Parabenizamos o Pe. Alberto Rypel (SDB), pároco da Paróquia São José Operário, do Bairro São José I, em Manaus, pela maravilhosa iniciativa da promoção do curso de teologia para os fieis da sua paróquia. Foram mais de 200 participantes provenientes das várias comunidades da paróquia. A formação, organizada por módulos, foi credenciada pela Faculdade Salesiana Dom Bosco como curso de Extensão Universitária. A formação de fieis leigos é uma condição fundamental para a renovação pastoral de uma paróquia. Diz o Documento de Aparecida: “Os melhores esforços das

paróquias neste início do terceiro milênio devem estar na convocação e na formação de leigos missionários. Só através da multiplicação deles poderemos chegar a responder às exigências missionárias do momento atual” (Doc. Aparecida, 174). “Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (cf. Doc. Aparecida 207, 212). Que sejam perseverantes!

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ACONTECEU

6 – PEREGRINAçãO DA FAMÍLIA SALESIANA à BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DE NAZARé - BELéM/PA

No dia 19 de setembro se reuniram os animadores de pastoral e educadores membros da família salesiana para programar a peregrinação à Basílica de Nossa Senhora

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de Nazaré que está agendada para a 1ª quinzena do mês de outubro. Em conformidade com esta Programação, houve a Peregrinação da Imagem também nas Casas Salesianas.



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