COMPOSIÇÃO DIRETORA DE GRUPO CASA E COMIDA, CASA E JARDIM, CRESCER E GALILEU: Pauta Perim EDITORES EXECUTIVOS: (Cristine Kist (texto) e Rafael Quick (arte) EDITORES: Cláudia Oliveira, Nathan Fernandes e Thiaso Tanji REPÓRTERES: André Jorge de Oliveira e Isabela Morelra DESIGNERS: Felipe Eugênio (Feu). Fernanda Didini e João Pedra Brito ESTAGIÁRIOS: Bruno Vaia no e tocas Alencar (texto) e Giovana Rocha (arte) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO, André Bernardo, Bruno Romani, Evandro Furoni. Humberto Abdo, João Pedra Jorge. Llvia A~uiar. Marcia Schuler. Marília Marasciulo, Paula Sperb. Rennan Julio.
Priscila Ferreira da Silva e Cristiane Soares Nogueira UNIDADE DE NEGÓCIOS - DIGITAL DIRETORA: Renata Simões Alves de Oliveira EXECUTIVAS DE NEGÓCIOS DIGITAIS: Bianca Ramos Piovezena. lilian Ramos Jardim e Andressa Aguiar Bonfim ANALISTA DE MtTRICAS: Henrique Firmino CONSULTORA DE MARCAS EGCN: alivia Cipolla Bolonha UNIDADE DE NEGÓCIOS - ESCRITÓRIOS REGIONAIS GERENTE MUlTIPlATAFORMA: Sandra Regina de Meio Pepe EXECUTIVOS MUlTIPlATAFORMA: lilian de Marche Noffs e Guilherme legawa Sugio UNIDADE DE NEGÓCIOS - RIO DE JANEIRO GERENTE MULTIPlATAFORMA: Rogério Pereira Ponce de leon EXECUTIVOS MUlTlPLATAFORMA: Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos. Suellen Silva de Aguiar. Daniela Nunes Lopes Chahim. Katia Cilene Pinto Correia, Maria Cnstina Machado e Andréa Manhães Muniz UNIDADE DE NEGÓCIOS - BRASluA GERENTE MULTIPLATAFORMA: Barbara Costa Freiras Silva EXECUTIVA MULTIPLATAFORMA: (amila Amaral da Silva DIRETOR ESTÚDIO GLOBO: Rafael Kenski GERENTE: Eduardo Watanabe GERENTE DE EVENTOS: Oaniela Valente COORDENADORES DAOPECOFFLlNE: Jose Soares, Certos Roberto Alves de Sã e Oouglas Vieira da Costa INOVAÇAo DIGITAL DIRETOR DE INOVAÇAO DIGITAl: Alexandre Maron GERENTE DE ESTRATtGIA DE CONTEÚDO DIGITAL: Silvia Balieiro TECNOLOGIA DIRETOR DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇAo: Rodrigo José Gosling GERENTE DE TECNOLOGIA DIGITAL: Carlos Eduardo Cruz Garcia DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Jeferson Mendonça, Leonardo Turbiani, Icha-Icho e Victor HU§O Oliveira da Silva
MUNDO NERD
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OS VINGADORES TEXTO POR NANDA SANSONE Já faz dois anos que o mundo viu no cinema os Vingadores impedirem os assustadores alienígenas da civilização Chitauri de invadirem a Terra. Enquanto novas aventuras do time de heróis da Marvel não chegam à telona (a sequência está prevista para maio de 2015), uma boa oportunidade de aquietar a ansiedade das crianças é conferir a milionária mostra Avengers S.T.A.T.I.O.N., parceria do Discovery Times Square com a Marvel, que custou US$ 7,5 milhões. Em um espaço de mais de 1.000 m2 foi recriado em tamanho real o QG dos super-heróis (a base hi-tech da S.H.I.E.LD. - fictícia agência governamental de espionagem que recrutou o time todo). O investimento se justifica: o longa baseado no grupo criado por Stan Lee em 1963 entrou para a história do cinema como a terceira maior bilheteria de todos os tempos, só perdendo para Avatar e Titanic. Além da fantástica sala de reuniões dos heróis, a exposição conta com uma série de laboratórios e ambientes interativos onde cada personagem tem sua origem explicada. Logo de cara, a criança é “escaneada” da cabeça aos pés e “aprovada” como um membro do
time, ganhando identidade magnética que permite acesso ao QG. Entre os destaques, testes ergonométricos para medir sua força em comparação à do Capitão América (vivido por Chris Evans). um simulador de luta onde é possível controlar a armadura do Homem de Ferro com a íris dos olhos (do mesmo jeito que Robert Downey Jr. faz no filme) e o bombardeador de raios gama, que transformou o franzino Dr. Banner (Mark Ruffalo). no Incrível Hulk. Além de toda a parafernália tecnológica, os fãs também podem ver de perto os uniformes originais e os acessórios de todos os membros do time e de seus inimigos utilizados no filme. Não deixe de ver os impressionantes escudos do Capitão América, que têm até marcas de tiro para provar que foram realmente usados no set.
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ISCAS DE LEITURA TEXTO POR CADÃO VOLPATO A missão da literatura infantojuvenil é consolidar o gosto pela leitura e levar o hábito para a vida. Identidade é um problema clássico do adolescente, que ainda não é adulto, mas também já não é mais criança. A literatura voltada para esse público padece do mesmo problema. Afinal, o que seria um livro infantojuvenil, essa categoria inventada para rotular um leitor que já não procura mais livros infantis, embora não tenha ingressado ainda no mundo da literatura para adultos? Quando se fala de umjovem leitor que oscilaria entre 9 e 15 anos, fica difícil descobrir um gosto geral, uma necessidade de leitura, mas o que a maioria das editoras costuma fazer é jogar uma isca. O leitor nasce na infância e se consolida na adolescência. Os especialistas afirmam que transformar em leitor uma pessoa que passou impune por essas fases é uma tarefa quase impossível. Na infãncia, quem lê está brincando, sonhando, imaginando, usando a liberdade dos pensamentos.Na adolescência, um livro é um amigo. Muitos leitores mais velhos descobriram seus heróis nos livros, mesmo bombardeados pelas ima-
gens do cinema, da televisão e dos videogames. Um livro que desperta emoções na nossa imaginação é algo que guardamos para toda a vida. Por isso é que as editoras lançam iscas para o leitor adolescente: o leitor que for perdido nessa fase deixará de ler no futuro. Quem hoje é adulto e passou pela experiência de ler um Marcos Rey, com seu excelente O Último Mamífero do Martinelli, ou ainda O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho, sabe que foi pescado para sempre. Sem contar essa geração que agora está partindo para outras leituras interessantes depois de ter encarado os verdadeiros catataus da série Harry Potter, de J. K. Rowling, traduzidos para 64 línguas depois de terem sido recusados por uma porção de editoras. Confira ao lado alguns lançamentos recentes que podem ajudar na pescaria.
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C O M
NOVO EM FOLHA
( E
S E M )
A PALAVRA TEXTO CAROLINA VASONE
A importância da conversa entre amigos, da simpatia pelo diferente e das histórias contadas sem uma única letra definem os melhores lançamenos da temporada.
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Não há uma só palavra escrita nas páginas desta série: em O Pássaro, O Violinista e A Carta (todos da editora Formato, R$ 33 cada) as ilustrações é que sugerem a história. A ausência de texto deixa adultos e crianças que ainda não sabem ler em pé de igualdade: assim, dá para alternar quem é que vai ser o narrador, estimulando interação e imaginação.
Em O Caso do Favo de Mel.(Brinque-Book, R$ 34), uma abelha, com a ajuda de vários animais da floresta, investiga o roubo de seu favo. Com belas ilustrações (da carioca Taline Schubach). o livro privilegia insetos como personagens, dando chance para que as crianças perguntem e saibam mais sobre pulgas, baratas e traças. Vem com um CD para ouvir a história no smartphone, por meio de código QR.
Em Tadeu Bartolomeu é Novo na Escola (Caramelo, R$ 39), o garotinho que come sanduíche orgânico e lê jornal no lugar de assistir à televisão para ficar “mais crítico” é considerado diferente demais pelos colegas, até que todos vão à sua festa de aniversário e descobrem novas maneiras de se divertir. Para os pais, um atrativo a mais: Tadeu é o próprio hipster mirim, com roupas e acessórios vintage, óculos de grife e pinta de nerd incornpreendido’
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Lançado este mês São-Rio (Leya,R$ 29) conta como duas crianças, uma carioca e outra paulistana, imaginam sua cidade ideal a partir de um mix do melhor de cada capital. O livro, escrito e ilustrado pelo músico e jornalista Cadão Volpato, faz parte do projeto Redescobrindo o Brasil, uma parceria da Leyacom a grife infantil Green, que tem o objetivo de mostrar, em livros e nas coleções da marca, mais sobre a cultura regional brasileira.
Jack ganha um amigo especial: a própria sombra. Ela apronta poucas e boas, e o menino a manda embora sem dizer uma palavra. A história tem uma moral, mas sem a parte chata da lição: depois da briga silenciosa, ambos pedem desculpas um ao outro e percebem que, mais do que ter razão, o importante é resolver o problema com uma boa conversa. A Incrível Sombra de Jack (Caramelo, R$ 38).
É importante que as crianças já tenham contato com livros, mesmo que ainda não saibam ler. Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de Nova Escola explica: Para os pequenos, a escrita é apenas um conjunto de marcas em folhas de papel. Um adulto, ao ler uma história para crianças, faz com que essas marcas ganhem vida e os pequenos tenham acesso a tudo que mora dentro dos livros, como os contos de fadas e as lendas.
VIDA REAL
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GERAÇÃO LEITURA TEXTO POR PATRÍCIA GIUFFRIDA Pesquisa revela aumento no índice de leitura entre crianças Você sabia que 18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil? Há uma boa notícia para comemorar essa data! A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em 2008, mostra que o índice de leitura entre crianças acima de 5 anos cresceu. Segundo o levantamento, a taxa de leitura por pessoa foi de 4,7 livros lidos por ano. Em 2000, foi apenas de 1,8 livro. O estudo também aponta que a maioria das obras lidas foi indicada pela escola (incluindo os didáticos). Entre os gêneros preferidos pela garotada estão a literatura infantil e a história em quadrinhos. Outro dado interessante: crianças e jovens leem mais que adultos. Leitores entre 11 e 13 anos leem, em média, 8,5 livros por ano. Já entre as pessoas na faixa etária dos 30 anos, a taxa cai para 4,2 livros. A leitura de livros na infância é muito importante porque é a porta de entrada para mundo da escrita. Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA explica: “Para as crianças pequenas,
a escrita é apenas um conjunto de marcas em folhas de papel. Um adulto, ao ler uma história para crianças, faz com que essas marcas ganhem vida e os pequenos tenham acesso a tudo que mora dentro dos livros, como os contos de fadas e as lendas”. O Dia Nacional do Livro Infantil foi criado em 2002. A data escolhida é o nascimento de Monteiro Lobato, um dos maiores escritores da literatura infantil no Brasil. Entre suas obras estão O Pica-pau Amarelo, O Saci e Dom Quixote das crianças.
A PRINCIPAL
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CAÇADORA DE
HISTÓRIAS TEXTO LETÍCIA PIMENTA
A jornalista Duda Porto de Souza conta como mobilizou meio mundo para montar uma biblioteca multilíngue que já soma 15 mil títulos.
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Desde pequena fui incentivada a ler por minha mãe e meus padrinhos. Meu avô materno, o cronista carioca Sérgio Porto, mais conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, marcou os anos 60 com sua verve irreverente. Cresci nesse universo que inspirava a leitura, mas sou muito mais compulsiva por livros infantis hoje que quando criança. Tive algumas dificuldades de aprendizado causadas pelo TOC (transtorno obsessivo compulsivo), com o qual convivo desde cedo e, por causa disso, não consegui ler tanto quanto gostaria. Mas esse hábito foi ficando mais prazeroso a cada boa história. Lembro bem do primeiro título que li, Spot the Oog, do inglês Eric Hill (1927-2014). Era uma série sobre um cachorrinho amarelo, que contribuiu muito para a minha alfabetização. Quando completei 25 anos, em 2009, coloquei no papel meu desejo de proporcionar a crianças e jovens de diferentes classes sociais uma biblioteca com a mesma qualidade da que frequentava no St. Paul’s, colégio britânico no qual estudei em São Paulo. Compartilhei a ideia on-line com amigos, que encaminharam meu projeto a possíveis interessados. Poucos meses depois - e já tendo recebido diversas propostas - a Biblioteca Infantil Multilíngue Duda Porto de Souza ganhou uma sede. Há um ano o espaço foi inaugurado no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana. Parece que
foi ontem que cortei a fita inaugural e fechei a parceria com a faculdade, que acreditou, e abrigou o projeto e deu meu nome para o espaço. Escritores, editoras e amigos de diversos cantos do mundo continuam me procurando para doar novos títulos, inclusive raridades, preciosidades de família. Atualmente, a biblioteca já tem um acervo rotativo de 15 mil títulos novos e antigos, sendo sete mil deles nacionais, oito mil estrangeiros, escritos em inglês, espanhol, francês, alemão, italiano, japonês, coreano, norueguês e esperanto.Como idealizadora dessa empreitada, sigo arrecadando livros e organizando eventos especiais, que atraem mais público e ajudam a valorizar o hábito de frequentar uma biblioteca e ler, minha principal meta. O que levo em consideração na hora de escolher uma publicação para o acervo? A junção entre uma boa história e um projeto gráfico interessante. A atual geração é muito visual, por isso a riqueza de imagens é sempre um prérequisito. A biblioteca foi projetada para receber seu público-alvo (O a 18 anos) pela equipe de arquitetos da Belas Artes junto com o escritório D5. O espaço é indico e interativo, com uma brinquedoteca e uma videoteca. Os móveis foram desenhados especialmente para a altura de seus leitores, e os títulos da primeira infância ficam no nível mais baixo das estantes. Outra sensação entre as crianças é a cadeira de bichinhos de pelúcia dos irmãos Campana que fica logo na entrada do
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20 espaço. Os campeões de empréstimos variam muito de acordo com a faixa etária, mas entre os brasileiros os que mais saem são os títulos Mania de Explicação, de Adriana Varejão, e todos os de Ruth Rocha, Ziraldo e Patricia Auerbach, arquiteta e professora de história da arte que virou uma premiada escritora de livros infantis. Os gibis da Turma da Mônica também são superdisputados, claro. Como a proposta era que o espaço tivesse livros de diferentes nacionalidades, aproveitei viagens internacionais para garimpar títulos. Entre 2009 e 2013 estive na Índia, na África do Sul, no México
e nas Ilhas Maurício. Foram destinos de escolha pessoal, mas minha tarefa era, antes de tudo, procurar editoras locais para conseguir livros. Logo no início do projeto fui para Mysore, na Índia, para uma edição especial da TED (Technology, Entertainment and Design), conferência com o objetivo de disseminar ideias que podem fazer diferença para a sociedade. Apresentei a futura biblioteca aos organizadores, e eles me ajudaram a entrar em contato com algumas editoras, além de compartilhar o projeto com outros participantes, que trouxeram livros de casa. Já éramos multilíngues desde o começo!
22 O espírito comunitário também contagiou o St. Paul’s. Quando contei para antigos professores o que estava fazendo, a escola decidiu nos doar o dinheiro dos Bake Sales (venda de bolos caseiros com arrecadação destinada à caridade) daquele semestre. Recebi uma sacola de moedinhas de R$1 e comprei clássicos da literatura infantil inglesa. Outro momento especial foi conhecer a família de Livia Odani Liao, de São Paulo. Ao saber da iniciativa, sua mãe entrou em contato comigo dizendo que a filha estava completando 2 anos e ganharia uma festa para ela. Mas em vez de presentes, os convidados doariam livros para a biblioteca. Ela fez o mesmo no ano seguinte, e Livia pôde levar as publicações pessoalmente, pois o espaço já estava pronto. Desembrulhamos tudo juntas e conversamos sobre as crianças que conheceriam novas histórias graças a ela. Outro dia, troquei ideias no Facebook com uma menina de 19 anos que, após conhecer o acervo da biblioteca, passou a escolher a Flip como destino de viagem. Lembro ainda de um sábado em que minha mãe, que me apoiou tanto neste projeto (muitas vezes atravessando a cidade para buscar um livro, independente de qual fosse), conversou com um pai que trouxe o filho de Interlagos para escolher alguns livros em espanhol. Com muito esforço, ele havia proporcionado um interâmbio para o menino, mas, já com medo de ele perder o contato com a língua, optou pela literatura para que isso não acontecesse. Qual foi o título que mais gostei de incluir no. acervo além dos meus
preferidos da infância? Impossível escolher! Há alguns meses descbri Oown’s Upside: A Positive View of Oown’s Syndrome, com 101 retratos de crianças portadoras da síndrome de Down que transbordam amor e alegria, feitos pela fotógrafa holandesa Eva Snoijink. A seção de obras raras também é imperdível. Há entre elas uma edição de Branca de Neve da década de 40 na língua original, o alemão. Almanaques infantis dos anos 50, como o Tiquinho, também são muito procurados entre as raridades. A lista crescente de colaboradores está em nosso site oficial, e o processo de arrecadação continua aberto. Minha meta agora é trazer mais autores, artistas, ilustradores para o espaço. É assim que a biblioteca vem angariando novos fãs: um livro conta muito mais que uma história - ele funciona como um objeto mágico que proporciona uma conexão única com o próximo, não importa a língua.
Biblioteca Infantil Multilíngue Duda Porto de Souza: Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Rua Or. Álvaro Alvim, 90, Vila Mariana, São Paulo. Tel. (71) 5576-5729. De segunda a sexta-feira, das 8h às 19h e aos sábados, das 9h às 16h. www.bibliotecainfantil.com.br
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ARTE IMPRESSA
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VIAGEM ILUSTRADA TEXTO POR THAIS CARAMICO A compilação Little Big Books leva você e seu filho a um passeio pelo design contemporâneo nos livros infantis. “Os melhores livros ilustrados são capazes de simplificar, para uma criança, questões complexas para a idade, além de influenciar um gosto estético, já que este pode ser o seu primeiro contato com a arte.” A declaração do alemão Hendrik Hellige explica sua vontade de editar o Little Big Books (da alemã Gestalten), uma compilação atual dos melhores picture books para crianças. Em 240 páginas é possível conferir o trabalho de ilustradores contemporâneos de destaque como Oliver Jeffers, Blexbolex, Wolf Erlbruch, Kaatje Vermeire, Chiara Armellini, Frank Viva, Gwénola Carrere. Attak e Bernardo Carvalho (português, homônimo do escritor brasileiro). “Não se trata de uma lista de best-sellers do livro ilustrado. A escolha, em boa parte gráfica, veio de uma vontade de reunir ilustradores que trabalham com simplicidade, que vão direto ao ponto sendo visualmente
interessantes e atuais e que conseguem emocionar as crianças por meio dessas imagens”, explica Hellige. Para o editor, a linguagem visual é extremamente atraente para a criança, que nota cada linha da ilustração e segue uma trilha imaginativa ao contemplar as imagens. Em Little Big Books é possível explorar as páginas bem devagar, pois cada dupla está reservada a um artista com ilustrações supercoloridas de estilos diferentes, acompanhadas de pequenos textos sobre cada autor.
USS$ 50 - 240 páginas
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BRASILIDADES
& LOW
HIGH
L I T E R Á R I O
TEXTO CADÃO VOLPATO Lançamentos com nomes da alta cultura brasileira abrilhantam a biblioteca infantil. Mas nem sempre o resultado satisfaz
31 No Brasil, o que não faltam são bons livros para crianças: editores e escritores sabem muito bem que se trata de um mercado elétrico, cheio de escolhas, de títulos inteligentes e bem desenhados, para todos os gostos. Três livros que acabam de sair do forno pela mesma editora (a Casa da Palavra, do Rio de Janeiro) têm em comum o fato de recorrer à alta literatura para atrair pequenos às estantes. Mas os caminhos explorados para construir essa ponte são bem diferentes. O primeiro deles é simplesmente uma longa ilustração construída em cima de uma música antiga de Chico Buarque, chamada “Pedro Pedreiro”, que dá título ao livro. Ela está no primeiro disco do compositor, que tinha apenas 22 anos na época e acabava de vencer o famoso Festival da TV Record. Pedro Pedreiro tem uma letra muito elaborada, pensada como se fosse um croqui poético aberto a invenções, como, por exemplo, na primeira estrofe: “Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem”. E por aí vai. Também tem um toque de protesto típico da época, ao relatar a vida difícil do personagem a caminho do trabalho. As ilustrações de Fernando Vilela - em cinza, branco, preto e rosa fosforescente - vão se abrindo como se fossem os vagões do trem que o pedreiro espera. O resultado, todo gráfico, espelha um pouco a frieza construída da canção. Duvido que uma criança se entusiasme com esse formalismo das duas. Já os adultos...
O segundo livro é obra de um grande poeta, o maranhense Ferreira Gullar, também crítico de artes plásticas e artista nas horas vagas. Bichos do Livro é um livrinho feito à base de colagens, em que frases de uma linha ou duas explicam do que elas tratam, mas perdem muito de seu efeito por não oferecerem a tridimensionalidade sugerida na capa. Ou seja, as imagens chapadas, acompanhadas dos textos despretensiosos do poeta, acabam sendo desinteressantes, e Gullar acaba se divertindo muito mais que os leitores mirins. Por exemplo, no texto que acompanha uma colagem de pernas recortadas de revista: “PAS DE DEUX/ Lembra a própria Margot Fonteyn”. Vai explicar a uma criança que Margot é uma das grand dames da dança do século 20... O terceiro livro é o melhor da série. Antologia Ilustradada Poesia Brasileira é uma amostra bem divertida do talento da cantora Adriana Calcanhotto. Adriana fica melhor até como criança: seu personagem Partimpim é um hit infantil, e os poemas dessa antologia parecem ter sido escolhidos por ele, sem preconceito, de um jeito até um pouco anárquico.
32 Tem do parnasiano Olavo Bilac aos concretistas Haroldo e Augusto de Campos, passando por Drummond, Adélia Prado e Eucanaã Ferraz, só para dar uma ideia da diversidade da antologia. Para completar, a própria Adriana ilustra os poemas - suas figuras sem nariz lembram os velhos desenhos das obras de Monteiro Lobato. Aqui, um adulto folheando o livro para uma criança encontra o seu cenário ideal. Dá para começar a gostar de poesia, daquela poesia que é, segundo Oswald de Andrade num poema famoso, “a descoberta das coisas que nunca vi”. Dando risada junto, que é o melhor dos mundos.
R$ 50 - 88 páginas
R$ 49 - 136 páginas
R$ 40 - 48 páginas