Magia com palavras
Num pinhal com muita vegetação diversa, situado atrás de uma casa antiga, grande e bonita, coexistiam muitas espécies de animais, durante todo o ano. O dono da quinta cuidava, com muito carinho, de tudo o que o rodeava: o burrico que o ajudava na agricultura, o cão que protegia o gato malhado, as galinhas, os coelhos, os porcos e toda a bicharada que lá habitava. Com ele, vivia a sua mulher, Gertrudes, uma velhota muito simpática e trabalhadora. Os dois cuidavam da terra e eram felizes com os seus animais. Os filhos homens, o José e o António ajudavam ao fim de semana, porque também trabalhavam como operários numa fábrica das redondezas. O mais velho chegou, numa sexta-feira à noite e, disse: - Mãe, pai, amanhã vamos todos ali ao pinhal buscar uns ramos de azevinho para enfeitar a nossa casa e musgo para fazermos um presépio. O Natal está a chegar e os pequenitos da nossa irmã Manuela vão ficar muito felizes quando chegarem. - Concordo, José, eles vivem num apartamento pequenino lá na capital. Aqui, com este espaço, vai ser uma festa e uma alegria para todos – respondeu o António. No sábado, logo pela manhã, foram os quatro, acompanhados do burro Mefistófoles, que puxava a carroça para trazer as coisas. Chegados ao pinhal começaram a ouvir uns sons estranhos:“Tlimliemlemliemliemliemliemliem” Eram os barulhos bizarros que se escutavam. - Io io io io io io! Ai a minha vida! – resmungava Mefistófoles na sua linguagem de burro. - A tua vida vai melhorar e muito, sou eu que te vou dar sangue novo e mais anos de vida! - Quem és tu que assim falas? Não te consigo ver! – respondeu o burro assustado.