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Práticas de letramento em Língua Espanhola de alunos do ensino médio: revendo atividades linguageiras em âmbito escolar e não escolar Albaniza Brigida de Oliveira Neta e Lucineudo Machado Irineu
PRÁTICAS DE LETRAMENTO EM LÍNGUA ESPANHOLA DE ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO: REVENDO ATIVIDADES LINGUAGEIRAS EM ÂMBITO ESCOLAR E NÃO
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ESCOLAR
Albaniza Brigida de Oliveira Neta Lucineudo Machado Irineu
Considerações iniciais
Este artigo trata-se de um estudo que objetiva analisar as práticas de letramento em língua espanhola e as destrezas linguísticas (escrita, leitura, audição e oralidade), com o olhar voltado para atividades realizadas em ambiente escolar e não escolar, considerando a motivação em realizá-las pelos
sujeitos investigados, a saber: alunos do 1º ano do ensino médio de uma escola do Alto Oeste Potiguar, localizada em Pau dos Ferros1. Esta pesquisa se fundamentou nos pressupostos teóricos dos seguintes estudiosos: Soares (2006), Stampa (2009), Lopes (2006), Tfouni (2006), Pereira (2011), dentre outros.
Esses autores trataram, em seus estudos, do surgimento da escrita, dos conceitos de escrita, leitura, audição, oralidade e das destrezas linguísticas. A seguir, tecemos algumas considerações teóricas a respeito dos conceitos centrais deste trabalho.
1 Aporte teórico
Segundo Soares (2006), a escrita e a leitura podem trazer consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduo que aprende a usá-la. A autora toca numa questão muito relevante, que é a escrita, porque ela
pode transformar qualquer sujeito tanto individualmente, quanto em um grupo social, porque depois que se apropria da escrita há muitas modificações no meio social em que este está inserido, visto que ela está presente em todo lugar com o objetivo de informar, comunicar e promover interação. Consideramos a escrita uma das modalidades da linguagem, enquanto meio responsável pela comunicação entre os indivíduos inseridos na sociedade, como demonstra Stampa (2009, p.51):
A escrita é um método de comunicação criado pelo homem tempos depois da linguagem ter sido adquirida. A escrita ocorreu de um processo que levou milhares de anos até o aparecimento do alfabeto de 23 letras usados pelos romanos durante os séculos a.C.
A escrita é a representante da língua padrão, enquanto variedade linguística, como confirma
Lopes (2006, p. 24-25):
1 O presente trabalho é resultado da monografia de graduação intitulada: Práticas letradas em língua espanhola dos alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Doutor José Fernandes de Melo, no RN, sob a orientação do professor Dr. Lucineudo Machado Irineu, ao mesmo tempo é fruto de estudos e discussões de textos do projeto de pesquisa “Práticas letradas de professores de espanhol como língua estrangeira (ELE) em formação: uma investigação discursiva situada no Curso de Letras do CAMEAM/UERN”, também sob a coordenação de Lucineudo Machado Irineu (DLE/CAMEAM/UERN).
Mais que uma das modalidades de uso da língua, a escrita conquistou o status de variedade linguística que representa a língua-padrão, e esta, nos termos e Gnerre, é um sistema associado a um patrimônio cultural apresentado como um ‘corpus’ definido de valores, fixados na tradição escrita. Essa variedade padrão, no que tange ao prestigio que lhe é conferido, destaca-se, segundo Gnerre, por estar associada à escrita padrão gramatical, ter o seu léxico inventariado e registrado no dicionário, ser a representante legítima de uma tradição cultural e ser considerada indispensável á unidade linguística nacional.
A caligrafia sempre teve o poder de ser considerada por muitos como a variedade padrão da língua em uso, considerando que a escrita é conferida muito prestígio e valor, tanto pelos sujeitos que a utilizam como pela cultura. Levando em consideração que a ortografia é muito importante no que se diz respeito ao desenvolvimento do pensamento e da sociedade. Em consonância com isto, Tfouni (2006, p. 14) destaca que:
A escrita pode ser tomada como uma das causas principais do aparecimento das civilizações modernas e do desenvolvimento científico, tecnológico e psicossocial da sociedade nas quais foi adotada de maneira ampla. Por outro lado, não podem ser esquecidos fatores como as relações de poder e dominação que estão por trás da utilização restrita ou generalizadas de um código escrito.
Segundo Tfouni (2006), uma das consequências da escrita foi o desenvolvimento científico e psicossocial, considerando que ela também tem relação com o poder. No tocante ao psicossocial, pode mudar os pensamentos e os modos de comportamentos das pessoas que vivem na sociedade, sendo ela
um código escrito, específico é utilizada nas atividades humanas. Pereira (2011, p. 4) compreende as destrezas linguísticas como os modos que a língua é usada em sua concretização na sociedade. Entende-se por competências o termo utilizado para o conjunto das habilidades que ativam o uso da língua, a saber: a fala, a leitura, a audição e a escrita. Alguns autores dividem essas habilidades segundo o meio falado (escutar e falar) e o meio escrito (ler e escrever). Sendo assim, a autora entende por competências a aquisição da língua no que se refere à escrita, leitura, oralidade e audição.
Os alunos só conseguem aprender a escrever com o passar do tempo e com as habilidades necessárias que exigem esse processo. Segundo Costa (2011), a escrita está ligada ao método gramática e tradução, ou seja, ela parte do processo de traduzir textos para a pura gramática, que não contribui em quase nada no aprendizado comunicativo dos indivíduos, porque eles vão apenas decodificar símbolos
sem levar em conta à própria escrita, na qual esse método é pautado na visão estrutural da linguagem. Na perspectiva de Costa (2011), a concepção da escrita está relacionada à gramática pura e à tradução de textos, visto que não promove uma interação e consequentemente um bom aprendizado. Já Pereira (2011), afirma que “a expressão ou produção escrita é a destreza que se refere ao discurso escrito e nele são utilizados conhecimentos como léxico, gramática, ortografia e estruturas textuais”. A leitura é uma habilidade ligada à decodificação de textos tantos visuais como escritos, ou seja, em vários formatos, como afirma Costa (2011, p.5 apud WILDGRUBE, 2008): “que a habilidade da
leitura é considerada uma das mais importantes por envolver diversos métodos para aplicá-la. O ato de
ler textos escritos ou em outros formatos possibilita uma maior proximidade com a língua estrangeira, já que está ligada à compreensão oral”. Na habilidade leitora, existem diversos métodos e maneiras para o estudante de uma língua estrangeira ter um melhor aprendizado com relação à decodificação. Contudo, o texto pode se apresentar em diversos formatos, assim como também por meio de semioses, ou seja, imagens, linguagem verbal e não verbal. Nesta mesma perspectiva, Pereira (2011, p. 9) diz que:
Esta é a destreza responsável pela interpretação do discurso escrito. Nela relacionam-se fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e sociológicos. A compreensão leitora desenvolve-se desde a mera decodificação e compreensão linguística até a interpretação e valoração pessoal. Apesar de ser uma destreza de compreensão – e por isso considerada uma destreza de recepção – o indivíduo age ativamente, pois ele utiliza sua experiência de vida e conhecimentos prévios para a interpretação de um texto escrito.
Nesta destreza é muito valorizada a compreensão do discurso escrito, e nele estão impregnados diversos fatores linguísticos, cognitivos dentre outros que contribuem para um melhor entendimento do texto. Considerando que a escrita também é conhecida por ser uma destreza da recepção, de modo que o
sujeito utiliza sua vivência diária e os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação com objetivo de entender o próprio texto escrito.
A audição é outra destreza de língua estrangeira, que tem uma grande relevância porque é a partir dela que o sujeito escuta e capta os sons da nova língua que está aprendendo e, como consequência, aprenderá uma melhor pronúncia. A audição é outro fator necessário para o processo de
ensino e aprendizagem do idioma em estudo, já que, envolve diretamente a comunicação entre os sujeitos da sociedade em que estão inseridos e leva em consideração que essa habilidade, quando bem trabalhada na sala de aula, tem como consequência uma melhor fluência na língua, assim como no vocabulário e na pronúncia. Ressaltando que o indivíduo, a partir desta destreza (audição), pode ser uma
forma de aproximar o outro do acústico, como afirmam as Orientações Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (BRASIL, 2006, p.151):
O desenvolvimento da compreensão oral como uma forma de aproximação ao outro, que permita ir além do acústico e do superficial e leve á interpretação tanto daquilo que é dito (frases, textos) quanto daquilo que é omitido (pausas, silencio, interrupções) ou do que é insinuado (entonação, ritmo, ironia...) e de como, quando, por quê, para quê, por quem, e para quem é dito.
Como afirmam as OCNEM (BRASIL, 2006, p.151), “o desenvolvimento da produção oral, se dá também de forma a permitir que o aprendiz se situe no discurso do outro, assuma o turno e se
posicione como falante da nova língua, considerando, igualmente, as condições de produção e as situações de enunciação do seu discurso”. Assim sendo, para aprender a destreza da oralidade é necessário que o aprendiz esteja situado no que o outro diz para que ele assuma o seu local na situação comunicativa, levando em conta as condições em que foi produzido o discurso. Para a utilização das
destrezas linguísticas (leitura, escrita, audição e oralidade) na sala de aula é necessário o livro didático, o
aparelho de som, o computador dentre outros.
O livro didático de Espanhol hoje já é disponível nas escolas públicas brasileiras, mas ao mesmo tempo é um grande avanço no que se refere a essa língua, porque faz pouco tempo que ele foi inserido nos componentes curriculares do Ensino Médio. O manual didático é um apoio e uma fonte de estudo
para o aluno aprender a língua estrangeira estudada, no qual se podem buscar informações relevantes e significativas no seu aprendizado. Podemos perceber isso nas palavras de Rodrigues (2007, s/p):
Na escola os livros didáticos são um ponto de apoio essencial no processo de construção do conhecimento. Para o aluno, muitas vezes, servem como uma referência, um lugar onde pode buscar informações precisas e exatas, quer nos momentos de estudo individual em casa, quer na solução de dúvidas pontuais. Este tipo de livro tornou-se um material básico de referência, um organizador de conteúdos e atividades, tanto para o aluno, quanto para o professor.
O aluno pode pesquisar na escola ou em casa, e, com isso, o livro didático serve como referência
de material, tanto para o professor quanto para o aluno. Nesse ponto, concordamos com o autor, visto
que ele é um forte aliado para o professor de língua estrangeira e também uma ferramenta muito importante para ambas às partes por ser uma fonte de consulta e referência, tanto escolar quanto
domiciliar.
O manual didático é o grande responsável por uma parte da aprendizagem dos alunos do Ensino Médio porque na sala de aula pode ser a única fonte escrita a que ele tem acesso, considerando
que nas escolas públicas a maioria já tem acesso a ele, tendo como intuito compartilhar conhecimentos. Diante desse cenário, o professor é o mediador e o meio de interação entre os alunos, através das aulas. No livro pode estar contidas práticas de letramento e, principalmente eventos, como afirma Nucci (2002,
p.35):
O livro pode ser considerado como um evento de letramento muito marcante na história das sociedades letradas. Ele é o principal símbolo da cultura letrada por dispor de informação cultural que alimenta a imaginação do indivíduo e desperta o prazer pela leitura. Tradicionalmente, a leitura de livros é uma prática bastante presente nas sociedades letradas, principalmente antes do surgimento da televisão e da internet.
Nos livros didáticos ou paradidáticos, há diversas informações, como figuras, linguagem verbal, com o objetivo central de gerar e dispor de novos conhecimentos para os sujeitos que os leem. Ele é um dos principais ícones da sociedade da informação em que se vive porque apresenta diversos fins, dentre
um deles podem-se destacar o gosto pela leitura. Antes, em um passado não muito distante, o livro era considerado um recurso para a prática letrada bastante corriqueira, pois os indivíduos não tinham tanto acesso à Web como se tem hoje. Mas consideramos um fato bastante interessante o surgimento do meio virtual, pois através da internet, pode-se ter acesso e ler alguns tipos de livros, já que tudo está disponível em um curto espaço de tempo, pois o sujeito pesquisa em várias páginas simultaneamente.
Na próxima seção serão mostrados os comentários analíticos análises referentes às práticas de
letramento em língua espanhola, de alunos do ensino médio, com o olhar voltado, para as atividades linguageiras em espaço escolar e não escolar, notadamente no campo da escrita. Os sujeitos investigados foram os alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola de Pau dos Ferros.
2 Análise dos dados
Esta parte do artigo tem o intuito de mostrar nossos comentários analíticos acerca das atividades realizadas em língua espanhola, suas destrezas linguísticas, e também a motivação em realizar as mesmas, por alunos do Ensino Médio, da Escola Estadual Doutor José Fernandes de Melo, no RN.
Vejamos este primeiro quadro:
Atividades que envolvem a leitura em língua espanhola
Atividades no livro didático
Ler textos em Espanhol
Ler questionários
Livros, palestras e trabalhos escolares Textos em atividades no livro didático
Leitura do livro didático
Ler receitas
Ler textos pra responder exercícios
Leitura de textos com o objetivo de escrever frases em Espanhol
Fonte: elaboração nossa.
Neste quadro, descrevemos as atividades que envolvem a leitura nas aulas de língua espanhola dos sujeitos investigados. Percebeu-se que as atividades que os alunos mais citaram e que realizam na sala de aula foram leituras de textos em espanhol, atividades no livro didático e resolução de exercícios em espanhol, leitura de textos para responder exercícios, leitura de receitas. Todas essas atividades
ocorreram porque essa é uma das destrezas que se faz uso na sala de aula com objetivo dos discentes aprenderem a falarem melhor, a desenvolver a competência leitora, compreender o que o outro quer falar. No mais, ao tocante citado, a leitura pode se dar por meio de textos ou imagens (semioses), e ainda
leva em conta fatores como o linguístico, sociológico, como afirma Pereira (2011, p. 9):
Esta é a destreza responsável pela interpretação do discurso escrito. Nela relacionam-se fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e sociológicos. A compreensão leitora desenvolve-se desde a mera decodificação e compreensão linguística até a interpretação e valoração pessoal. Apesar de ser uma destreza de compreensão – e por isso considerada uma destreza de recepção – o indivíduo age ativamente, pois ele utiliza sua experiência de vida e conhecimentos prévios para a interpretação de um texto escrito.
A maioria das atividades, como por exemplo, responder exercícios de interpretação de textos estava só relacionada ao livro didático porque ele é fonte de apoio para os professores em sala de aula.
As que foram mais citadas e que envolvem o livro didático foram: atividades no livro didático e leitura do livro didático. Como afirma Rodrigues (2007, s/p):
Na escola, os livros didáticos são um ponto de apoio essencial no processo de construção do conhecimento. Para o aluno, muitas vezes, servem como uma referência, um lugar onde pode buscar informações precisas e exatas, quer nos momentos de estudo individual em casa, quer na solução de dúvidas pontuais. Este tipo de livro tornou-se um material básico de referência, um organizador de conteúdos e atividades, tanto para o aluno, quanto para o professor.
Os textos estão presentes no livro didático com as suas atividades e o docente pede aos alunos que respondam para melhor entendimento, tanto do texto quanto da atividade. O quadro seguinte mostrará as atividades que envolvem a escrita.
Atividades que envolvem a escrita em língua espanhola
Responder as atividades em Espanhol.
Escrever frases em Espanhol. Atividades, provas e testes.
Responder questionários, textos e provas.
Atividades passadas pelo professor. Copiar o conteúdo da aula.
Responder as atividades na sala de aula.
Trabalho de digitação. Atividades de gramática do livro didático. Atividades da escola.
Fonte: elaboração nossa.
Neste quadro, apresentamos uma síntese da análise das atividades de leitura que os indivíduos
pesquisados praticam em língua espanhola. As mais citadas foram: resolução de atividades em espanhol, redação de frases em espanhol, resolução de questionários, provas e testes, realização de atividades de gramática do livro didático encaminhadas pelo professor. A maioria das práticas de letramento está relacionada às atividades que o professor solicita em sala de aula, visto que, os sujeitos traduzem textos e, assim, fixam as regras gramaticais com o objetivo de escrever melhor e expressar o que pensa da escrita na língua estrangeira. Seguindo essa ideia, encontramos nas OCN (BRASIL, 2006, p.152) o que se segue:
O desenvolvimento da produção escrita, de forma que o estudante possa expressar suas ideias e sua identidade no idioma do outro, devendo, para tanto, não ser um mero reprodutor da palavra alheia, mas antes situar-se como um indivíduo que tem algo a dizer, em outra língua, a partir do conhecimento da sua realidade e do lugar que ocupa na sociedade.
Com relação à destreza escrita, os sujeitos investigados conseguem demonstrar seus pensamentos, ou seja, suas ideias, por meio de atividades como ler textos, resolver provas e testes,
colaborando assim no processo de ensino e aprendizagem de um idioma. Diante disso, no que se que se
refere aos quadros e aos objetivos de pesquisa podemos concluir que as atividades que envolvem a leitura estão muito ligadas ao livro didático, já que ele é uma das ferramentas que o professor utiliza na sala de aula e que os alunos podem ter acesso, pois são distribuídos gratuitamente, no caso das escolas públicas brasileiras. No que diz respeito às atividades de escrita analisadas, observa-se que elas estão relacionadas ao professor, porque ele é o responsável por comandar/direcionar, já que essas práticas letradas condizem ao ambiente escolar. No quadro seguinte evidenciaremos as atividades que envolvem a oralidade.
Atividades que envolvem a oralidade em língua espanhola
Explicações do professor. Respostas das atividades.
Responder oralmente.
Pronunciação de palavras na aula de Espanhol.
Apresentação de trabalhos. Falar com o professor em espanhol.
Fonte: elaboração nossa.
Neste quadro, são apresentadas as atividades que envolvem a destreza da oralidade. Os exercícios citados pelos sujeitos foram: as explicações que o professor faz na sala de aula, as respostas dadas às atividades, as resoluções orais de atividades nas aulas, as apresentação de trabalhos e os diálogos com o professor. Nas práticas citadas acima, podemos deduzir que elas estão todas relacionadas com a sala de aula, ou seja, os alunos não falam em espanhol em nenhum outro local, que não seja o ambiente
escolar.
Contudo, nas atividades como apresentar trabalhos, por exemplo, os sujeitos ampliam a sua pronúncia da língua estudada, e, consequentemente a fala, sendo que o sujeito ouvinte também toma posição no discurso do outro, porque, durante a apresentação, os colegas escutam e depois podem comentar o trabalho apresentado. A seguir, apresentamos as atividades auditivas.
Atividades que envolvem a audição em língua espanhola
Ouvir músicas nas aulas.
Ouvir o professor explicar o conteúdo. Assistir filmes legendados em Espanhol. Escutar rádio.
Fonte: elaboração nossa.
No presente quadro, analisamos as atividades que incluem a compreensão auditiva. As atividades que os sujeitos mais citaram foram as seguintes: ouvir músicas nas aulas, ouvir o professor explicar o conteúdo, assistir a filmes legendados em espanhol (mesmo sendo legendados os filmes
contribuem na compreensão auditiva, pois o aluno escuta em espanhol e lê ao mesmo tempo). Os
sujeitos também relataram escutar rádio. Podemos observar que a maioria dessas atividades está relacionada ao entorno de sala de aula, porém, ao mesmo tempo, os sujeitos podem ouvir músicas que não seja somente no ambiente escolar, mas também no cotidiano ou em qualquer outro local. Consideramos a audição como a destreza responsável pela captação dos sons e de uma melhor
pronúncia da língua, e que tem como consequência a aproximação do outro, como afirma OCNEM
(BRASIL, 2006, p.151):
O desenvolvimento da compreensão oral como uma forma de aproximação ao outro, que permita ir além do acústico e do superficial e leve à interpretação tanto daquilo que é dito (frases, textos) quanto daquilo que é omitido (pausas, silencio, interrupções) ou do que é insinuado (entonação, ritmo, ironia...) e de como, quando, por quê, para quê, por quem, e para quem é dito.
As atividades mencionadas no quadro como escutar músicas, podem aproximar os indivíduos
uns dos outros porque eles compreendem o que está escrito em frases e em textos, considerando as
omissões como interrupções e pausas na leitura de textos que são feitas e ninguém percebe, levando em conta que isso tudo tem um por que, para quem é dito, dentre outros.
Todas estas atividades, em síntese, traçam um perfil das práticas letradas dominantes e
vernaculares de alunos do ensino médio em língua espanhola. Revelam, por assim dizer, certo distanciamento entre o que leem e escrevem os sujeitos analisados em ambiente escolar e em ambiente não escolar, questão que merece mais atenção em pesquisa futuras.
Considerações finais
No presente trabalho, propusemos como objetivo analisar as práticas de letramento em língua espanhola, no que se referem as suas destrezas linguísticas (audição, escrita, leitura e oralidade), pelos sujeitos investigados, que neste caso foram os alunos do 1º ano do Ensino Médio, de uma escola pública de Pau dos Ferros. Para a constituição do corpus deste trabalho, utilizamos um questionário com questões
referentes às atividades em língua espanhola, e as suas destrezas que os discentes realizavam tanto na escola como no cotidiano pelos alunos, e também a motivação para executá-las. Diante dos resultados, no que se refere às atividades que envolvem a leitura, podemos destacar a
leitura de textos escolares. Sendo assim, às atividades relacionadas à escrita, as mais citadas foram:
responder as atividades em Espanhol, assim como escrever frases em espanhol e responder aos exercícios de gramática no livro didático. Ressaltamos que essas atividades estão direcionadas com o professor, pois se observa que ele é meio por isso ocorrer.
Com relação às atividades que envolvem a audição, podemos dizer que as mais citadas foram: ouvir músicas nas aulas e escutar o professor explicar a aula em espanhol, assim, pode-se constatar que
elas têm como base de sua ocorrência o ambiente escolar, visto que, fora deste âmbito, eles não falam
mais a língua espanhola. Já nas atividades da oralidade, podemos concluir que tais atividades têm como
base das ocorrências o professor.
Por fim, com relação aos quadros apresentados anteriormente neste artigo, podemos dizer que as práticas letradas/atividades executadas, estão relacionadas com o ambiente em que estão situadas,
significa dizer, na escola. Diante disso, podemos concluir que as atividades têm como principal meio responsável pelas suas ocorrências o ambiente escolar, afirmamos que a escola contribui muito na vida
cotidiana dos sujeitos aprendizes porque o que adquire de conhecimentos nela, leva para o dia a dia e a vida inteira.
Referências
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