Percepção e cinema: uma análise do filme Dogville Josemary da Guarda de Souza Emanoel Luís Roque Soares
Introdução O presente trabalho analisa o filme Dogville (2003) à luz dos estudos de Maurice Merleau-Ponty sobre cinema. A partir da obra Fenomenologia da Percepção (2006), referência para o trabalho desenvolvido pelo filósofo, pretendemos aprofundar algumas teses da conferência “O cinema e a nova psicologia”, proferida no Institut des Hautes Études Cinématographiques, em 1945. Julgamos que é possível realizar os desdobramentos necessários para a compreensão do cinema como uma potência filosófica que permite aos seus telespectadores imergir na realidade do mundo e do outro. Através da noção de percepção merleau-pontiana se desenvolvem os estudos acerca das sensações, sentidos e corpo. Estas construções, aliadas aos estudos da psicologia Gestalt, mostram o cinema não como um modo de filosofar, tampouco como expressão de pensamentos humanos, mas antes e primordialmente como expressão de comportamentos, do modo de estar no mundo. Para desenvolvimento da análise sobre a imbricação entre percepção e cinema e suas implicações na obra de Maurice MerleauPonty, este estudo se baseia inicialmente na obra Fenomenologia da Percepção, onde são explicitados os prejuízos clássicos causados ao fenômeno da percepção pela simplificação da sensação. A pesquisa que a partir de então se configura visa compreender de que modo o corpo foi relegado a uma condição secundária sobre a produção do conhecimento e, principalmente, da relação que estabelecemos