Tempo, memória e amor nas Confissões de Santo Agostinho Eliene Macedo Silva Pablo Enrique Abraham Zunino
Introdução O objetivo deste texto é investigar as relações que o filósofo medieval, Santo Agostinho (354-430), estabelece entre os conceitos de tempo, memória e amor na sua obra Confissões (398). Poderíamos compreender os escritos das Confissões como um projeto filosófico no qual Santo Agostinho traça um caminho ascendente em buscas de questões fundamentais para o conhecimento de si e consequentemente da natureza divina. Vemos aqui a possibilidade de demostrar que, a parte de todo pensamento religioso do filósofo, a busca pelo conhecimento das verdades divinas implica diretamente no conhecimento de si. Neste processo de busca, o filósofo compreende o amor como sendo a mola propulsora deste movimento investigativo. Pretendemos, portanto, compreender como o amor se torna para Santo Agostinho a via principal de aceso ao conhecimento de Deus e consequentemente do conhecimento de si. Para alcançar tal objetivo procuraremos mostrar em que medida esse projeto filosófico agostiniano é dirigido pelas relações estabelecidas entre tempo e memória. Começaremos a nossa investigação apresentando esta célebre questão proposta por Agostinho (1980, p.227): “Que é o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; porém se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei”. O tempo é uma das questões mais corriqueiras do nosso cotidiano. Baseamos todas as nossas experiências na simples presunção de que o tempo