Nova retórica e neopirronismo: Perelman e Porchat
Uilson Bittencourt Ricardo Henrique Resende de Andrade
Introdução O Ceticismo e a Retórica são variedades filosóficas que foram condenadas secularmente a permaneceram à margem dos grandes sistemas. Apesar de contribuírem para alguns dos textos mais relevantes do pensamento moderno, são frequentemente desprezadas como saberes menores, graças a perpetuação de antigas críticas que a história da filosofia teimou em perpetrar contra essas tendências herdeiras do helenismo. Entretanto, as reprovações partem, muitas vezes, de juízos apressados e desconfigurados pelo tempo, que já é outro. Para além do fato de serem consideradas filosofias de segunda ordem, o Ceticismo e a Retórica possuem alguns traços em comum, especialmente em seus desdobramentos mais atualizados como a Nova Retórica de Chaïm Perelman e o Neoceticismo ou Neopirronismo de Oswaldo Porchat. O primeiro é um estudioso da Retórica e dos Argumentos sofísticos de Aristóteles; o segundo, um leitor privilegiado da Hipotiposes pirrônicas de Sexto Empírico. Assim como o ceticismo, a retórica valoriza o papel da diaphonia no debate e no confronto argumentativo entre as teses. Enquanto o neoceticismo de Porchat mantém a epokhé (suspensão do juízo) diante dos dilemas metafísicos, a nova retórica aposta numa adesão parcial, provisória e por vezes pragmática às perspectivas em disputa. A Retórica nos revela um modo de pensar a verdade como construção argumentativa diante da qual os juízos podem assentir