A filosofia orientada

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Modos de dizer e ser Laiane Almeida Teles Kleyson Rosário Assis

Introdução Seria a filosofia um novo gênero literário? Giorgio Coli defende que sim. E argumenta de forma eloquente partindo justamente daquele momento histórico em que a filosofia nasce sob a égide da razão, na materialização da escrita platônica que carrega em si uma boa dose de dramaticidade teatral. A aproximação entre filosofia e literatura não é, portanto, algo novo, e a história da filosofia é a testemunha de que muitos filósofos podem ser lidos como literatos. E não raro encontramos na literatura um viés sofisticadamente filosófico. Nesse sentido, não haveremos de nos assustar quando o filósofo neopragmatista Richard Rorty (1931-2007) nos apresenta a literatura como uma alternativa à filosofia. Ele parece estar a gracejar com os filósofos, digamos assim, hard, daquela tradição da qual ele se originou, a dos filósofos analíticos. Decerto, esse gracejo (ironia) só foi possível depois do seu encontro com o pragmatismo que desembocou em uma ruptura com a filosofia “tradicional”. Rorty cresceu num meio pragmatista, mas no período em que estudou na Universidade de Chicago, onde as ideias pragmatistas não eram bem vistas, foi influenciado pelas ideias absolutistas. Em Trotsky e as orquídeas silvestres, texto em que faz um percurso autobiográfico buscando explicar como chegou às suas concepções filosóficas e políticas, relata que aos 12 anos de idade os livros mais importantes de seus pais diziam respeito a Leon Trotsky e John Dewey. Embora tivesse pouco fascínio por estes livros na época, os considerava como se fossem uma Bíblia, com verdadeiros princípios


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