dança de guerra

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Titulo do projeto: Dança de guerra Nome artista: Edu Monteiro Nome curador: Márcia Mello Assistente de curadoria: Laís Denise Santana Sinopse do projeto: Exposição fotográfica que une em uma mesma roda três danças de combate; a laamb do Senegal, a capoeira do Brasil e a ladja da Martinica. A luta senegalesa, conhecida como laamb no dialeto wolof, é um ritual de guerra africano, que dentre as inúmeras rotas escravagistas pode ter contribuído na germinação da capoeira no Brasil e da ladja na Martinica. Rastros ancestrais que carregam o peso da resistência na carne de seus lutadores, no lamento de seus cantos e na síncope de seus tambores, ressoando nas margens do atlântico negro. A proposta é permear poeticamente estas três rotas através do diálogo visual.

Objetivo do projeto: A exposição tem por objetivo principal trazer ao público brasileiro imagens, sons e informações textuais sobre as danças de combate ladja, laamb e capoeira, identificando suas origens e variações através dos diferentes destinos ocorridos em sua prática ao longo do tempo. Em viagem realizada à Martinica e Senegal, Edu Monteiro fotografou e levantou dados relevantes sobre essas três lutas e, de forma poética, sem ser descritivo, acumulou registros e informações preciosas para o entendimento esportivo, religioso e de resistência cultural dessas práticas em cada um desses lugares. Edu Monteiro é praticante da capoeira angola no Brasil, suas percepções aguçadas puderam aprofundar questões relevantes e entender as adaptações culturais feitas historicamente no contato dos seus praticantes com outros costumes, no Brasil e na Martinica.

Justificativa do projeto: A exposição parte da África, uma travessia que encara as rotas perversas da escravidão para navegar nos gestos de resistência corporais e nos atravessamentos das fronteiras físicas e culturais de suas expressões na contemporaneidade. Ela apresenta pela primeira vez a reunião de 3 práticas de combate de origem africana praticadas ainda hoje na Martinica, no Brasil e no Senegal: a ladja, a capoeira e a laamb, respectivamente. Sua importância se concentra no resgate e manutenção de tradições, assim como na contribuição do continente africano em sociedades banhadas pela diáspora.


A EXPOSIÇÃO núcleo 1 - Apresentação da exposição

A abertura contará com 4 imagens, sendo uma na Ilha de Gorée, no Senegal, um dos maiores centros de comércio de escravagista do continente, de onde saíram muitos escravos rumo às Américas. Esta fotografia será impressa em plotter em grande escala para introduzir o visitante da exposição no ambiente dos temas abordados ao longo da mostra. Um tríptico dos corredores labirínticos e das celas onde ficavam homens, mulheres e crianças antes do embarque, será impresso e emoldurado ao lado do texto curatorial e créditos da exposição.


núcleo 2 – Ladja


Esse núcleo será composto por 8 fotografias de grande formato (80x120cm), uma escultura circular de peça de couro tencionado por cordas e pedras e uma projeção com som, além de uma instalação audiovisual. Terá como fio condutor imagens de locais míticos onde a água será o elemento predominante e de ligação entre os objetos simbólicos representativos do universo da Ladja praticada na Martinica e originária da mistura de diversas etnias africanas e que se confunde, em sua raiz, com a capoeira praticada no Brasil. As imagens selecionadas não serão descritivas da prática da ladja, cada uma delas funcionará como fragmento poético que - reunidos - introduzirão o observador no imbrincado e misterioso universo que cerca a dança, a religião, a língua crioula e à música sincopada da Martinica. No entanto, textos explicativos e históricos contextualizarão sua prática e sua importância como fator de resistência colonial e de comunicação ancestral.

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núcleo 3 - Laamb


Outra dança de combate exercida no Senegal, a laamb, será representada na exposição com uma instalação composta por 8 fotografias de pequeno formato impressas em couro e exibidas em caixas de luz metálicas. Esses objetos luminosos serão dispostos em círculo na altura dos olhos, em referência direta à roda que se forma para a prática da laamb. Nesse caso, o foco principal das imagens será os corpos em combate, em constante tensão. Nove fotografias impressas (80x120cm) serão dispostas nas paredes, valorizando o ambiente senegalês, criando uma paleta de cores restrita do universo simbólico da luta. Essa atividade tradicional africana se tornou esporte nacional de grande apelo popular no Senegal. Recentemente, novas regras foram criadas ou adaptadas para sua apresentação em estádios lotados de admiradores, mas guarda suas tradições em espaços abertos e mais restritos. Da mesma forma que a Ladja, ela se dá através do efeito inebriante da música em combates cadenciados.


núcleo 4 – Capoeira

A capoeira será o terceiro núcleo da mostra. A capoeira nas últimas décadas ganhou fama internacional, com seus estilos regional e angola. A regional adotou movimentos acrobáticos, saltos, voos, criando uma movimentação altamente estetizada. Ela seduziu o mundo por sua energia e plasticidade,


atraindo milhares de praticantes no Brasil e em diversos outros países. Já a capoeira angola se voltou mais para o lado espiritual e suas matrizes africanas. Sua expansão internacional foi menor e mais lenta se comparada à regional, mesmo assim ela é amplamente praticada em quase todos os estados brasileiros e em diversos países. Nesta exposição será mostrado o universo da capoeira angola através de duas sequências de quatro fotografias tamanho (40x65cm) e quatro fotografias de grande formato (80x120cm). Total de obras: Obras prontas: Duas instalações. Obras para produzir: 24 fotografias emolduradas 80cmx120cm 8 fotografias emolduradas 40cmx65cm 1 plotter grande (temos que conferir as dimensões da sala) Currículo resumido do artista: O trabalho de Edu Monteiro transita pela fotografia e videoinstalação. Atravessamentos perceptíveis em suas obras mais recentes, nelas Edu apresenta o universo das danças de combate africanas e da diáspora. Interesse despertado pela prática da capoeira e solidificado em suas viagens de pesquisa para a África e o Caribe durante seu doutorado. É da memória ancorada no corpo, do sobrevoo simbólico de suas buscas que nascem suas proposições artísticas. É doutor em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2018), contemplado com o Programa Institucional de Doutorado-sanduíche no exterior (PDSE - CAPES) / Université des Antilles - Martinica. É mestre em Ciência da Arte pela Universidade Federal Fluminense UFF (2013). Participou como fotógrafo e responsável pelo levantamento iconográfico no registro da capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil (IPHAN, 2007). É autor dos livros independentes Teere Deer e Jardinage (2016), Autorretrato Sensorial (Pingadoprés, 2015) e Saturno (Azougue Editorial, 2014). É um dos artistaspesquisadores selecionados para as três etapas do projeto Anthropology and Contemporary Visual Arts from Black Atlantic: Between the Art Museum and Ethnological Museum in the Global North, organizado pela Universidade de Hanôver e a Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar. Possui obras na coleção Joaquim Paiva / MAM – RJ. É representado pela galeria Movimento no Rio de Janeiro. Como artista participou de diversas exposições no Brasil e no exterior. Entre suas exposições individuais destacam-se Corpos em luta na galeria Movimento no Rio de Janeiro em 2019. Costas de Vidro na Z42 Arte Contemporânea no Rio de janeiro em 2018. The Invisible fight, durante o Shanghai International Photography Festival no China Art Museum em 2017. Saturno na cidade de Dali no DIPE - 6th Dali International Photo Exhibition e em Yixian durante o Yixian Photography Festival, ambos na China em 2015. No mesmo ano expôs Autorretrato Sensorial no Paraty em Foco no Rio de janeiro. Em 2014 sua série Autorretrato sensorial participou do Lianzhou foto festival


em Lianzhou, China e também foi exposta no CCI - Centro Capibaribe de Imagem em Recife e na DOC Galeria em São Paulo. www.edumonteiro.com

Currículo resumido do curador: Marcia Mello é bacharel em Letras pela UFRJ, pesquisadora, curadora e conservadora de fotografia. Participou da implantação do Departamento de Fotografia do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde foi curadora entre 1988 e 1997. Prestou serviços para instituições públicas e privadas como o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da FUNARTE e o Arquivo Nacional. Sua formação se completou em estágio no Atelie de Conservation et Restauration de Photographie de la Ville de Paris. Participou dos projetos de conservação dos acervos fotográficos da família do fotógrafo Marc Ferrez, do artista plástico Rubens Gerchman e do crítico de arte Mário Pedrosa. Entre 2006 e 2015 foi diretora-curadora da Galeria Tempo (RJ). Nesse período, além de organizar inúmeras exposições, participou como expositora das feiras SP/ARTE e ART/RIO. No Centro Cultural da Justiça Federal curou a mostra “Tempos de Chumbo, Tempo de Bossa - os anos 60 pelas lentes de Evandro Teixeira” (2014) e na Galeria do Espaço SESC, “Deveria ser cego o homem invisível?”, fotografias de Renan Cepeda (2015). Entre suas atividades mais recentes, destacam-se a co-curadoria das exposições “Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)”, “Rossini Perez, entre o morro da Saúde e a África” e “Ângulos da notícia, 90 anos de fotojornalismo em O Globo” no Museu de Arte do Rio, todas em 2015. Foi curadora da exposição “Artesania fotográfica - a construção e a desconstrução da imagem” no Espaço Cultural BNDES (RJ, 2017), além de "Hiléia" de Antonio Saggese, "Retraço | Vestígios" de Walter Carvalho e "Fluxos"de Luiz Baltar no Paço Imperial em 2018/19. Como pesquisadora, participou das exposições e livros: “Alair Gomes - A new sentimental journey”, (Cosac Naify, 2009), e “Caixa-preta – fotografias de Celso Brandão” (Estúdio Madalena, 2016), ambas com curadoria de Miguel Rio Branco e exibidas na Maison Européenne de la Photographie em Paris. Realizou a pesquisa e a edição de imagens do livro “Milan Alram” (Edições de Janeiro e Bazar do Tempo, 2015) de Joaquim Marçal. Autora dos livros “Só existe um Rio” (Andrea Jakobsson Estúdio, 2008) e “Refúgio do olhar, a fotografia de Kurt Klagsbrunn no Brasil dos anos 1940”, (Casa da Palavra, 2013) em parceria com Mauricio Lissovsky. Tem participado regularmente como leitora de portfólio nos diversos festivais de fotografia realizados no Brasil e organizado debates em torno da fotografia.


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