A Escola Atual ATPC 28 E 31_04
“Os Professores da minha Escola.”
A professora de Matemática, com suas contas complicadas, falando em equações, no Teorema de Pitágoras. A professora de Português, com seu modo indicativo, falando em advérbios, interjeições, substantivos. A professora de Geografia, com seus complexos regionais, falando em sítios urbanos, em pontos cardeais.
A professora de Ciências, com seus ensinamentos ecológicos, falando em evolução, em estudos biológicos. A professora de História, com seus povos bizantinos, falando na Idade Média, no Imperador Constantino. A professora de Inglês, com seus don't, do e does, falando em personal pronouns, na diferença entre go e goes.
A professora de Artes, com suas obras e seus artistas, falando em artes ópticas, em pintores surrealistas. O professor de Educação Física, com suas regras de voleibol, falando sobre basquete, em times de futebol. Os professores da minha escola, com suas matérias que às vezes não entendemos, falando em todas as coisas, que aos poucos vamos aprendendo
Clarice Pacheco
A escola não consegue mais atrair o
REALIDAD E ESCOLAR BRASILEIR A
jovem brasileiro, e o que prova isso são as estatísticas do Ministério da Educação (MEC). Segundo a pasta, a quantidade de matrículas no ensino médio caiu de 8,7 milhões para 8,3 milhões na última década (2002-2012). A pesquisa O que pensam os jovens de baixa renda sobre a escola, feita com 1 mil estudantes de 15 a 19 anos do ensino médio de São Paulo e de Recife, descobriu as razões que desmotivam os alunos a frequentarem as aulas.
O estudo revelou que os jovens não percebem utilidade no conteúdo das aulas. As disciplinas de língua portuguesa e matemática são consideradas as mais úteis por, respectivamente, 78,8% e 77,6% dos alunos. Já geografia, história, biologia e física são consideradas descartáveis para 36% dos entrevistados.
ANÁLISES
A pior avaliação foi para literatura: apenas 19,1% dos jovens acham que o conteúdo seja útil. Os estudantes desejam atividades mais práticas e alegam que exemplos do cotidiano usados em sala de aula facilitariam o o aprendizado. Mesmo que não considerem o conteúdo das aulas relevantes para a vida, os jovens acreditam que o certificado do ensino médio garante mais chances no mercado de trabalho.
O ensino médio é a etapa da vida
O ENSINO MÉDIO
estudantil com o maior índice de evasão, segundo os dados do MEC. O brasiliense Matheus de Andrade, 17 anos, faz parte dessa estatística. Ele largou os estudos há um ano e meio, quando era aluno do Centro de Ensino 111 do Recanto das Emas. "Vou fazer supletivo quando completar 18 anos. A escola não me motivava, era muita bagunça. No início do ano não tinha professor e, quando tinha, eles faltavam", conta.
O jovem, que já repetiu de ano duas
O que pensa o jovem brasileiro a respeito?
vezes, reclama ainda da forma de avaliação. "Eles deveriam avaliar de outra forma, usar outros métodos além da prova, que ofereçam mais tempo para o estudante, como trabalhos e apresentações." Mesmo sem o diploma do ensino médio, Matheus é atualmente professor em uma escola de informática do Recanto das Emas. Assim como os jovens da pesquisa, Matheus também usa celular e tem acesso a internet em casa, e utiliza a rede para acompanhar as novidades sobre tecnologia e entrar nas redes sociais.
Este cenário deixa claro que a escola
SOLUÇÕES
precisa se aproximar da realidade dos alunos, entender as suas expectativas e anseios e envolve-los nas questões escolares de forma a adequar melhor os projetos pedagógicos às necessidades", afirma a diretora-executiva da Fundação, Angela Dannemann. Para resolver as questões identificadas na pesquisa, a Fundação Victor Civita, em conjunto com especialistas em educação, propõe formas para aprimorar o ensino e torná-lo mais atrativo aos jovens de baixa renda.
Para a coordenadora Regina Scarpa,
Segundo Especialistas
primeiro as escolas precisam melhorar os serviços que já estão disponíveis. Para reverter os índices de abandono escolar, é necessário garantir professores presentes e preparados, melhorar a infraestrutura, usar as novas tecnologias durante as aulas e zelar pela segurança no ambiente escolar.
Segundo os especialistas, aproximar a
SOLUÇÕESPROJETOS
escola do universo dos alunos seria o maior desafio. O jovem estudante deve ser ao mesmo tempo sujeito e objeto da ação de seu desenvolvimento. Por isso a importância de projetos extracurriculares que envolvam a comunidade. Projetos de conservação do patrimônio escolar, bandas de música e clubes de leitura são algumas formas de diálogo entre jovem e escola que, além de atrair alunos, também podem integrar o projeto pedagógico das instituições de ensino médio.
Outra dica é diversificar os modelos de
DIVERSIFICA RO CURRÍCULO
formação ou flexibilizar os currículos para atender a demanda dos diversos projetos de vida dos alunos. Além disso, as atividades escolares devem ser mais variadas. A didática aplicada pode ser mais dinâmica e as aulas mais práticas. Fóruns e discussões em sala de aula e trabalhos em grupo são boas alternativas, sugere a pesquisa.
"O ambiente escolar precisa ser
Precisamos nos Reiventar.
reiventado. A pesquisa mostra que a escola perdeu o papel de referência na vida dos jovens e é preciso recuperá-lo. A escola deve ser um espaço para aprofundar os conhecimentos e também para debater e discutir ideias e lançar novos desafios para o futuro", ressalta.
A sala de aula deve prolongar-se pela
ALTERNATIV AS
sala de leitura, pelos corredores, pelos museus, pelos cinemas, pelas salas de exposições, pelas lojas, pelas fábricas, enfim, pelo meio ambiente físico e social onde o verdadeiro aprendizado se desenvolve, é concreto e ligado à vida real.
Coordenação Pedagógica