AIC - Viver e Criar na Contemporâneidade

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VI Congresso de Iniciação Científica | 17 de Agosto de 2011

TIC – Nossas paisagens Viver e criar na contemporaneidade Eder Silva do Espírito Santo Prof. Ms. Nelson José Urssi 1

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Estudante do Curso de Design com habilitação em interface digital; Bolsista do Senac;

eder.espanto@gmail.com 2

Professor do Centro Universitário Senac

nelson.jurssi@sp.senac.br

Linha de Pesquisa: Design: Informação e Interface Projeto: Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) Aplicadas ao Design

Resumo Na contemporaneidade, o cidadão comum encontra novos meios para que suas ideias ecoem no meio social com uma abrangência jamais vista antes. As novas mídias, sobretudo a digital, possibilitam uma maior participação daquele na produção de conteúdo, uma vez que permite ferramentas mais democráticas nesta participação, além de englobar as perspectivas individuais fazendo emergir o conceito de inteligência coletiva. Palavras-chave: internet, multimídia, mídia digital, inteligência coletiva.

Abstract In contemporary times, ordinary people find new ways to make their ideas resonate in the social environment with a scope not seen before. The new media, particularly digital, allow greater public participation in the production of content, since it allows more democratic tools in this participation, and include individual perspectives giving rise to the concept of collective intelligence.

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Keywords: internet, multimedia, digital media, collective intelligence.

Nos últimos tempos a tecnologia avançou consideravelmente e seus efeitos repercutiram em várias

técnico fez nascer diversos dispositivos que auxiliaram os indivíduos a desempenhar as tarefas necessárias para a manutenção da vida no meio social, transformando o computador em uma multiferramenta, utilizada para a comunicação, entretenimento e formação intelectual. Uma vez que este dispositivo suporta a troca de informações através de uma plataforma multimídia, ele enriquece esta atividade e a complementa com funcionalidades que os antigos disseminadores de conhecimento na sociedade, o meio impresso como exemplo, não podem proporcionar.

Ao ser transportada para o meio virtual, a leitura - entendida aqui como um dos processos fundamentais para a transmissão de conhecimento - sofre inúmeras transformações que a adequam ao momento em que estamos vivendo. Em seu livro “O que é virtual”, Pierre Lévy (1996, p. 35) a define como sendo um processo abstrato de dar sentido a algo e que este exercício será sempre atribuído a uma forma muito singular, pois ao percorrer um texto, cada indivíduo o relaciona com outros textos, imagens, sentimentos e tudo o mais que os constituem. Assim, ele defende que o esforço de conectar o texto em que se esta lendo a outros conteúdos é fundamental no processo de leitura, independentemente do meio que lhe serve de suporte, pois é o relacionamento destas informações que lhe garante uma maior compreensão do assunto abordado.

O transporte da leitura para o computador não se caracteriza como um processo redundante, pelo contrário, ele é mais eficiente. O mundo do hipertexto torna possível a leitura de textos tridimensionais, interativos, uma vez que já traz dentro de si, várias outras possibilidades de leitura. O ato de tornar textos, imagens e inúmeras outras entidades em informações virtuais, dentro de um dispositivo eletrônico, implicam em transformações substanciais na relação que temos com estes objetos no meio físico. O autor destaca que está implícito ao fato de existir de forma virtual um complexo problemático que gera coerções a este estágio de existência. Essas coerções, os agentes externos que influenciam o processo de desenvolvimento neste modo, acabam por gerar o que ele chama de atualização, a resposta que um corpo virtualizado dá na tentativa de solucionar esta problemática: “o virtual é como um complexo problemático que deriva um processo de resolução: a atualização” (LEVY, 1996, p. 16). Funcionando no meio virtual, este objeto nunca será imaginado apenas sob a forma que é apresentado, suscitando novas possibilidades de sua própria existência. O autor ainda diz que “a

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esferas da sociedade. Tendo a necessidade de comunicar em primeiro plano, o desenvolvimento


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virtualização é um dos principais vetores da criação de realidade” (p.18), pois é a partir desse esforço criativo (a atualização) que imaginamos novas possibilidades para as coisas que já existem e

Outro aspecto que a virtualização traz à tona é no sentimento de desterritorialização que temos ao lidar com um corpo virtualizado. Estando desvinculado do espaço temporal, ele nos estimula a pensar em sua contextualização, fazendo com que nossa análise enxergue as coisas sob uma maior perspectiva. Com isto, o fato de algo existir no meio virtual, além de nos forçar a enxergar novas formas potenciais para a sua existência, nos liberta da maneira engessada de propor estas novas formas. A mídia digital possibilita não só a transformação na leitura e sim um novo pensar diante de tudo com que lidamos virtualmente. Uma vez que diversas entidades da sociedade tenham criado suas representações dentro deste sistema, exemplos como a economia, o corpo, bem como o texto, a forma com que os conhecemos são submetidos a passagem à problemática. Assim, este processo resulta em uma atualização no meio físico, servindo-se como um meio de transformação da realidade.

Ao condensar numa única mídia todas as possibilidades de comunicação de nosso tempo, o computador dispõe aos seus usuários as ferramentas necessárias para interagir no meio social de acordo com o contexto atual. “Considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produzir textos, sons ou imagens sobre suporte fixo (papel, película, fita magnética) equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade.” (LEVY, 1996, p.41)

Para o autor, o ciberespaço é identificado como um novo espaço antropológico e considera a fusão de diversos meios que compõem a multimídia como maior aspecto da revolução digital, que surgiu a partir de novas estruturas de comunicação, linguagens, técnicas intelectuais inéditas, etc. Em seu livro, “A inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço” ele nos diz que procura situar a evolução deste fenômeno em perspectiva antropológica, conduzindo para uma visão do lado positivo dos recursos que o ciberespaço tem a oferecer, tal qual, a volta ao nomadismo na sociedade, só que desta vez, o nomadismo imóvel; assim, tem se gerado novas formas de nos relacionarmos com o meio em que vivemos. Desta forma, Pierre propõe que ou inventamos um novo atributo do humano tão essencial quanto a linguagem, ou continuamos a pensar em instituições separadas, que culminarão no sufocamento e divisão das inteligências. Surge assim, a chamada inteligência coletiva,

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transformamos o meio em que vivemos.


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a concentração de nossas imaginações e experiências, ajudando-nos a concentrar soluções para os complexos problemas que nos deparamos. Onde a perspectiva de cada um é utilizada para integrar o

A fim de encontrar quais necessidades individuais do sujeito foram responsáveis por gerar tecnologias que lhe possibilitassem ter mais acesso à comunicação, foi necessário analisar-se antropologicamente os fatores que deram origem a isto. O principal instrumento nessa parte da pesquisa foi o livro "A identidade cultural na pós-modernidade", de Stuart Hall. Nele, o autor explica que as sociedades modernas passaram por diversas mudanças em sua estrutura que aos poucos foram mudando a forma de interação que o sujeito possuía com os seus elementos. Hall explica que um dos grandes motores destas transformações na sociedade foi o nascimento do "sujeito soberano" a partir das teorias iluministas de Descartes. O ser pensante, racional que logo em seguida ficou conhecido como sujeito cartesiano. Se pensarmos que o surgimento de tais teorias foram responsáveis por proporcionar ao sujeito acesso às premissas do pensamento científico, libertando-o dos dogmas que a igreja impunha e do teocentrismo, percebe-se que alí se deu o nascimento do processo que culminou hoje na mídia digital. As transformações que a tecnologia teve que passar para que hoje um simples usuário tenha uma infinidade de possibilidades de comunicação de forma mais democrática como esta mídia proporciona, são um reflexo destes conceitos que enxergam o indivíduo como um centro de conhecimento.

Considerações Finais Atualmente, a mídia digital representa a principal plataforma na transmissão de conhecimento e troca de informação que o indivíduo contemporâneo necessita. Além de ter transformado a forma com que ele racionaliza e interage com os conteúdos que produz, ainda faz com que suas ações no ciberespaço repercutam no meio físico.

Sendo esta mídia mais democrática e de maior alcance que os antigos meios de difusão de conhecimento na sociedade, sua presença neste cenário amplia e potencializa a participação de um número jamais visto de indivíduos na produção de conteúdos na sociedade.

Referências Bibliográficas:

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conhecimento que a humanidade já produziu até então.


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- HALL, Stuart. "A identidade Cultural na pós-modernidade" - Ed DP&A - Rio de Janeiro: 2004; - LEVY, Pierre. "A inteligência Coletiva – Por uma antropologia no ciberespaço". Ed. Loyola – 3 ed. -

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São Paulo: 2000; - ___________. "O que é o virtual?". São Paulo: Ed.34, 1996 - ___________. "Cibercultura". São Paulo: Ed.34, 1999 - DIMANTAS, Hernani. "Linkania - Uma teoria de redes". Ed. Senac - São Paulo: 2010

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