MARÇO/2011 ANO 16 Nº 64
Rodoviário de passageiros
Avanços contínuos na qualidade dos serviços
Cuidadosa preparação dos motoristas
Salas VIP modernas e confortáveis
Internet sem fio a bordo dos ônibus
A volta das comissárias de bordo
Os melhores restaurantes nas estradas
S umário
30 O transporte rodoviário de passageiros do Brasil já é um dos melhores do mundo, e as empresas operadoras seguem trabalhando para elevar ainda mais os índices de qualidade dos serviços prestados.
A Induscar Caio está comemorando dez anos de atividade. Paralelamente, também festeja os 65 anos da marca Caio, que chegou ao mercado em 1946.
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A Irizar comemora 120 anos empenhada em vigoroso processo de expansão internacional.
50 Há 60 anos, o governo federal inaugurou a Rodovia Presidente Dutra, que se tornou a maior ligação rodoviária do País, e que hoje está sob a gestão da iniciativa privada.
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A unidade industrial de Ana Rech, principal fábrica de carroçarias da Marcopolo, está completando 30 anos de funcionamento. Foi inaugurada em 1981.
16 O Grupo Luft, do empresário Mário Luft (foto) assumiu o controle de uma das mais tradicionais empresas de transporte rodoviário do País, a Viação Garcia.
44 LEIA MAIS: Cartas �������������������������������� 6 Carta do Presidente ����������� 7 Bagageiro �������������������������� 8 Novo projeto da ANTP ����� 48 Opinião ���������������������������� 54
Internet sem fio nos ônibus e um amplo Espaço Cliente na rodoviária de Porto Alegre são duas novas comodidades oferecidas pela Viação Planalto aos seus usuários.
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A carroçaria número 35.000 produzida em Erechim pela Comil foi entregue à Viação Santa Cruz.
C artas MEDICINA DO SONO
SATISFAÇÃO 2
É gratificante saber que, dez anos
As empresas de transporte rodoviá-
depois de adotar um programa desti-
rio de passageiros estão de parabéns.
nado a proporcionar sono de qualidade
Alcançar uma média de satisfação dos
aos seus motoristas, a Viação Águia
usuários superior a 87% não é tarefa
Branca não só continua persistindo
fácil, especialmente devido à grande
em sua aplicação como também na
disparidade de condições e de infraes-
sua ampliação. Não me parece muito
trutura existentes no nosso Brasil. As
fácil avaliar a extensão dos benefícios
empresas que fazem transporte de lon-
que um programa dessa natureza pode
ga distância devem saber bem o que
trazer para os profissionais do volante,
isso significa. Continuem trabalhando.
para a própria empresa e para nós,
Lindomar Leite Ribeiro
passageiros, mas creio que basta
APARECIDA — SP
pensarmos no aspecto da segurança do motorista e dos passageiros para
BOA MESA
nos convencermos de que a Águia
Aplausos para a inicativa da empre-
Branca está no caminho certo e de
sa Expresso Guanabara, que trabalha
que o seu exemplo deve ser imitado
para melhorar a qualidade de lanchone-
por um número maior de empresas de
tes, bares e restaurantes nas estradas
transporte de passageiros.
por onde passam as suas linhas. Além
Crisanto A. de Paula
do Sebrae, também o DNIT, a ANTT ou
EUNÁPOLIS — BA
algum outro órgão do governo federal e dos governos estaduais deveriam
SATISFAÇÃO 1
voltar suas atenções para essa defi-
Muito interessantes os resultados
ciência crônica do nosso sistema de
da nova pesquisa da ABRATI junto aos
transporte de passageiros. Tratem
passageiros do sistema interestadual
bem os passageiros e eles passarão
e internacional. O que me pareceu
a viajar muito mais.
mais importante é o fato de que os
Flaviano José de Ataíde
índices de satisfação vêm sempre
IBIAPINA — CE
aumentando. Suponho que, até certo ponto, isso pode ter relação com o pro-
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COMETA
Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros Presidente Renan Chieppe Vice-Presidente Paulo Alencar Porto Lima Diretor Administrativo-Financeiro Cláudio Nelson C. Rodrigues de Abreu Diretores Carlos Alberto de O. Medeiros, Francisco Tude de Melo Neto, Jocimar Moreira, Letícia Sampaio Pineschi, Paulo Humberto Naves Gonçalves, Sandoval Caramori,Telmo Joaquim Nunes e Washington Peixoto Coura. Superintendente José Luiz Santolin Secretário-Geral Carlos Augusto Faria Féres Assessoria da Presidência Ciro Marcos Rosa SAUS Quadra 1 - Bloco J - Edifício CNT Torre A – 8º andar - Entrada 10/20 CEP: 70.070–944 Brasília - Distrito Federal Telefone: (061) 3322-2004 Fax: (061) 3322-2058/3322-2022 E-mail: abrati@abrati.org.br Internet: http://www.abrati.org.br
cesso de modernização do nosso país,
Os novos ônibus da Viação Cometa
mas é fora de dúvida que o empenho
ficaram deslumbrantes. Viajei num
das empresas operadoras em aper-
deles de São Paulo para Campinas
feiçoar os seus serviços é o que põe
e fiquei impressionado com várias
a roda em movimento: os usuários se
coisas, começando pelo design dos
tornam mais exigentes, os fabricantes
novos carros: a Marcopolo caprichou.
de ônibus melhoram a qualidade dos
O interior dos ônibus é espetacular
veículos e até as nossas péssimas
e não me lembro de jamais ter visto
estações rodoviárias tentam mudar o
nada igual, nem mesmo nos ônibus da
quadro de abandono e desconforto que
Cometa. Mas, conforto mesmo a gente
há décadas oferecem aos passageiros.
percebe quando a viagem começa:
Fotos da capa
No meu modo de ver, a Revista ABRATI
nenhuma vibração, o mínimo de ruído
Ibanes Lemos/Divulgação
muito tem ajudado nessa questão.
e muita tranquilidade.
Esta revista pode ser acessada via
Aelton J. Sabino
João Paulo Lopes dos Santos
TRÊS CORAÇÕES — MG
LINDOIA — SP
REVISTA ABRATI, MARÇO 2011
A Revista ABRATI é uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros Editor Responsável Ciro Marcos Rosa Produção, edição e editoração eletrônica Plá Comunicação – Brasília Editor Executivo Nélio Lima – MTb 7903 Impressão Gráfica e Editora Athalaia – Brasília
internet: http://www.abrati.org.br
C arta do Presidente
Um bom momento para falar de qualidade Júlio Fernandes
A
Renan Chieppe, Presidente da ABRATI.
O aperfeiçoamento na qualidade desse atendimento, desde o guichê de compra de passagem e o embarque, até a viagem em si, é a meta principal das empresas associadas à ABRATI. Todas investem recursos e tempo no permanente treinamento dos empregados e, especialmente, em cursos de segurança para os motoristas, incluindo direção defensiva e prevenção do sono.
indústria produtora de ônibus — chassis e carroçarias — vive momento muito bom com as crescentes vendas de veículos para as empresas prestadoras do serviço de transporte rodoviário de passageiros no Brasil. Os volumes de compras, sempre registrados pela Revista ABRATI, mostram a permanente preocupação das empresas transportadoras de passageiros em renovar suas frotas, dotando-as de veículos modernos, seguros e cada vez mais confortáveis para seus milhões de passageiros. E a indústria, numa demonstração de maturidade e de elevada competência tecnológica, tem sabido responder a essas exigências, produzindo veículos para as mais diferentes formas de utilização em um país de dimensões continentais e diferenças acentuadas na qualidade das rodovias. Os ônibus brasileiros são comparáveis aos veículos produzidos nos países de Primeiro Mundo. Em alguns casos, até superiores. Nunca inferiores. Isso em se falando de tecnologias adotadas para a produção dos chassis e carroçarias. Esse patamar tão elevado se deve à importância que o mercado de transporte de passageiros tem para a indústria de equipamentos. O Brasil é, para muitas delas, o principal mercado de ônibus em todo o mundo. Também as empresas de transporte rodoviário de passageiros desenvolveram um know how próprio ao administrar um sistema que opera linhas longas que exigem das operadoras todo um conhecimento para que tudo corra bem e nada falte ao longo das rotas. Parece simples, mas não é. Numa rota longa as empresas têm que manter carros reservas, pequenos almoxarifados com as principais peças sujeitas a trocas, mecânicos especializados, motoristas, despachantes e outros profissionais, todos voltados ao atendimento do passageiro. O aperfeiçoamento na qualidade desse atendimento, desde o guichê de compra de passagem e o embarque, até a viagem em si, é a meta principal das empresas associadas à ABRATI. Todas investem recursos e tempo no permanente treinamento dos empregados e, especialmente, em cursos de segurança para os motoristas, incluindo direção defensiva e prevenção do sono. Os investimentos em informática também contribuem para o melhor atendimento ao público: as informações fluem com maior rapidez, gerando respostas precisas por parte dos operadores dos call centers das companhias; as passagens são vendidas corretamente, sem riscos de duplicidade; as frotas e as viagens são rigorosamente controladas, inclusive com parte dos veículos rastreada por satélite; todos os dados de cada rota percorrida são fielmente registrados, e o conforto também se torna maior, haja vista que algumas operadoras já vêm oferecendo o serviço de internet a bordo dos seus ônibus. São as empresas na busca permanente por um melhor serviço, esforço esse que se complementa com as periódicas renovações de frota, com as quais se cuida de manter a idade média dos veículos sempre em nível baixo.
REVISTA ABRATI, março 2011
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BAGAGE I RO COMBUSTÍVEIS
O Econômetro do Axor ajuda o motorista a economizar combustível
Ethanol Summit será realizado em São Paulo no INÍCIO de junho
Fotos: Divulgação
FERRAMENTA
O novo painel dos pesados Axor: faixa verde variável ajuda o motorista.
A Mercedes-Benz agregou mais uma tecnologia aos caminhões pesados da linha Axor. Todos os modelos saem da fábrica com novo painel de instrumentos, com mais informações e melhor visualização. O painel traz diversas funções
que auxiliam o motorista a operar o caminhão da forma mais econômica, entre elas o Econômetro, que é uma faixa verde variável no contagiros. Ela indica ao motorista a melhor rotação de trabalho do motor para o menor consumo de combustível.
CNT renova seu portal e abre espaço DE DIVULGAÇÃO nas mídias sociais
Nicolas Souza
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REVISTA ABRATI, MARÇO 2011
carbono”, com o propósito de reforçar a importância dos derivados da cana para a redução dos gases causadores do efeito estufa. A Scania, única montadora a oferecer como solução de combustível renovável motores para ônibus e caminhões movidos a etanol, participará na condição de patrocinadora oficial.
Ônibus da Scania que divulga o conceito de uso do etanol.
COMUNICAÇÃO
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) introduziu mudanças de conteúdo e no visual do seu portal na internet, com o objetivo de organizar melhor as in formações sobre o setor,
Nos dias 6 e 7 de junho próximo será realizado em São Paulo o Ethanol Summit 2011, evento organizado pela União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica). Vai reunir importantes autoridades de vários países para debater o futuro das fontes de energia renováveis. O tema oficial será “Soluções para a economia de baixo
a própria confederação, o Serviço Social do Transporte (Sest), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e a Escola de Transporte. Além disso, as notícias da CNT e de suas instituições já podem ser acompanhadas pelo Twitter e pelo Facebook. No Youtube, são encontrados vídeos institucionais e reportagens sobre o mundo dos transportes. Também são mantidas no Flickr páginas da CNT, Sest e Senat.
CRESCIMENTO
Mutual Seguros abre filiaL em região com grande potencial de negócios A Mutual Seguros está instalando uma filial em Piracicaba, no interior paulista, onde tem registrado expressiva demanda por seus produtos. A cidade está localizada em uma região que tem outros municípios importantes como Campinas, Americana, Limeira e Indaiatuba. A Mutual vem pondo em prática um projeto de
expansão que visa aumentar a produtividade em regiões com grande potencial de negócios. No fim do ano passado, por exemplo, foi instalada a primeira filial no Nordeste, em Recife. O escritório de Piracicaba dará atenção especial ao Seguro de Responsabilidade Civil Ônibus, Responsabilidade Civil Caminhões, Seguro Garantia e Seguro Fiança Locatícia.
VERSATILIDADE
rio grande do sul usa OS Miniônibus Volare como delegaciaS móveIS
Uma das unidades que foram transformadas em delegacia.
balcão de atendimento, sala de espera, computadores com leitoras de impressões digitais e cela de detentos. Os W9 são empregados como equipamento auxiliar em operações policiais realizadas em locais considerados estratégicos.
Unidades do miniônibus Volare W9 estão sendo utilizadas como delegacias de polícia móveis no Rio Grande do Sul. Foram desenvolvidos especialmente para essa finalidade e dispõem de
As delegacias móveis estão disponíveis para o registro de ocorrências e de delitos, perda de documentos e recebimento de denúncias. Para melhor atender à comunidade, o veículo tem três guichês, cada um com quatro cadeiras de espera.
CHASSIS
Mercedes-Benz lidera venda de articulados no Brasil Em 2010, a Mercedes-Benz comercializou 139 unidades de chassis O 500 para ônibus urbanos articulados, alcançando 77% de participação no mercado nacional. Além disso, a montadora exportou 215 chassis O 500 articulados, o que correspondeu a 74% das vendas externas brasileiras desse tipo de produto. Desde o seu lançamento, em 2006, o chassi O 500 já teve 1.630 unidades vendidas no Brasil, Colômbia, Santiago do Chile, África do Sul e México, entre outros países.
produtividade
Scania fornece SEU chassi de 15 metros à empresa Metra, do ABC Quinze chassis do modelo K 270 de 15 metros foram fornecidos pela Scania à empresa Metra, da região do ABC paulista. Os ônibus com esse chassi transportam 25% mais passageiros na comparação com os modelos convencionais de 12 ou 13 metros.
Os modelos contam com sistema de ajoelhamento controlado eletronicamente, de modo que a suspensão é rebaixada à altura da calçada para facilitar embarques e desembarques. Têm capacidade para até 130 passageiros cada.
O chassi de 15 metros, opção entre o convencional e o articulado.
CAMPANHA
Parceria entre o Cisa e a PRF REFORÇA AS ações para educação de trânsito Como resultado de uma parceria com o Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) está ampliando a distribuição, para instituições públicas e privadas, de DVDs da campanha “Álcool ou
Direção” e do guia “Beber ou dirigir, faça a escolha certa”. Até agora, já foram mais de 500 cópias do DVD e 3.800 guias. A filosofia de atuação do Cisa (organização não governamental) é de que a melhor forma de prevenir é informar.
REVISTA ABRATI, MARÇO JUNHO 2006 2011
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erviço
A Planalto viaja na era wireless A Viação Planalto, de Santa Maria-RS, adota duas novidades que estão tornando os seus serviços ainda mais apreciados pelos passageiros: internet sem fio nos ônibus e o Espaço Cliente Planalto, na rodoviária de Porto Alegre. Traduzindo: ainda mais conforto para os usuários.
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REVISTA ABRATI, março 2011
Ibanes Lemos/Divulgação
s
Fotos: Ibanes Lemos/Divulgação
A sala é separada do espaço externo da rodoviária por uma divisória de vidro. Na parede à esquerda, um painel de 14 metros.
A
preocupação de melhorar cada vez mais os serviços oferecidos aos passageiros levou a Viação Planalto a instalar na rodoviária de Porto Alegre uma moderna Sala VIP denominada Espaço Cliente Planalto. O projeto foi desenvolvido especialmente para que os mais de 192.000 passageiros que embarcam ou desembarcam mensalmente no terminal, viajando nos ônibus da empresa, possam dispor de um lugar adequado para descanso e entretenimento durante o tempo em que permanecerem no terminal, seja durante o dia, seja à noite. Outro serviço que já está à disposição dos passageiros é o acesso gratuito à internet sem fio nos ônibus. Agora, já é possível conectar notebooks em qualquer ponto da viagem e usar a internet pelo tempo desejado. O sistema está disponível nas viagens intermunicipais de Porto Alegre para
Itaqui, Quaraí, Rio Grande, Rosário do Sul, Santiago, São Borja, São Francisco de Assis, Santa Maria e Uruguaiana. Duas linhas interestaduais — Santa Maria a Palmas-TO e Santa Maria a Barreiras-BA — também oferecem o sistema. A novidade agradou em cheio aos passageiros. Todo o serviço está sendo prestado em 86 ônibus com chassis Mercedes-Benz e carroçarias Marcopolo incorporados recentemente à frota da Planalto. Na rodoviária de Porto Alegre, para ter acesso ao Espaço Cliente Planalto, basta apresentar o bilhete de passagem do dia. Na Sala VIP, os usuários dispõem de ar climatizado, toaletes (inclusive para portadores de necessidades especiais), fraldário, internet wireless, revistaria, DVD, sala de reuniões, jogos de mesa e máquinas de auto-serviço com café, bebidas e snacs doces e salgados.
Outro conforto: máquinas para compra de refrigerantes, café e snacs.
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erviço
O Espaço Cliente Planalto ocupa área de 240 metros quadrados na rodoviária de Porto Alegre. Nele, chama atenção o trabalho do artista Mateus Grim, que pintou e montou um grande painel ao longo de uma parede de 14 metros de extensão, retratando o povo brasileiro através de sua cultura e lembranças. Ele instalou as figuras como se várias fotografias de viagem houvessem sido dispostas aleatoriamente ao longo do painel. A disposição e as figuras fortalecem, na visão do artista, a ideia de reconhecimento: as pessoas vão se identificando com os elementos presentes no painel. No ambiente estão instaladas 100 confortáveis poltronas avulsas, além de bancadas complementadas com cadeiras, e onde ficam os computadores.
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Fotos: Ibanes Lemos/Divulgação
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O espaço para jogos conta com mesas e confortáveis cadeiras de linhas modernas.
A nova frota de 86 ônibus equipados com internet sem fio (esquerda) introduz um novo diferencial nas viagens rodoviárias. Com o sistema wireless de acesso à internet, os passageiros viajam conectados e podem implementar decisões, tratar de negócios, enviar ordens, fazer compras, comunicar-se com familiares e amigos ou simplesmente informar-se, baixar jogos eletrônicos, ou dedicar-se a algum passatempo de seu interesse.
Os usuários podem navegar à vontade pela internet sem fio. Também se pode comprar lanches, refrigerantes e snacs nas máquinas instaladas na sala. A iluminação é suave e bem distribuída, com a utilização de luminárias de alumínio com lâmpadas fluorescentes. Peças embutidas com aletas metálicas e lâmpadas tubulares T5 compõem dois circuitos de luminárias que atendem às necessidades do dia e da noite. Um sistema de ar-condicionado mantém o Espaço permanentemente climatizado. Além do Espaço na rodoviária de Porto Alegre, a Planalto conta com salas de atendimento exclusivas aos passageiros nas rodoviárias de Rio Grande e Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.
Computadores com acesso permanente à internet sem fio e aspecto parcial do painel.
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Respeite a sinalização de trânsito
Como seria bom se a natureza tivesse mais verde e a cidade tivesse mais vida, com menos poluição e congestionamentos. Andar de ônibus ajuda a diminuir a emissão de poluentes nocivos à saúde, promove a redução de veículos nas ruas e rodovias e estimula a harmonia na sociedade. Andar de ônibus é bom, seguro e confortável. É bom para todos, inclusive você!
www. ma r co p o l o . co m. b r
mpresa Divulgação
E
O empresário Mário Luft diz que quer fazer da Viação Garcia a maior empresa de transporte rodoviário de passageiros do Brasil.
Viação Garcia trabalha para ser a maior do País Sob a gestão de novo controlador — o empresário gaúcho Mário Luft, radicado em São Paulo — a Viação Garcia mantém e amplia os projetos de contínuo aperfeiçoamento dos serviços e de renovação da frota, e trabalha com a meta de reposicionar a empresa no setor de transporte rodoviário de passageiros.
D
esde o dia 1º de dezembro de 2010 assumiu o comando da Viação Garcia o empresário Mário Luft, que preside o Grupo Luft, com sede em São Paulo, e que reúne seis unidades de negócios que atuam com
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soluções logísticas para os segmentos de agronegócios, alimentação, saúde, entretenimento e lazer, cargas expressas sensíveis e grandes volumes, e na produção industrial de defensivos agrícolas. O grupo possui um quadro
de mais de 3.500 colaboradores e é um dos maiores no setor de serviços logísticos da América Latina. A Viação Garcia foi negociada no fim de novembro pelas famílias Garcia Cid, Garcia Pedriali e Garcia Molina,
Os ônibus estão adaptados para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida.
Mostrando disposição para inovar, ainda em dezembro o novo controlador colocou um ônibus leito na linha Londrina-São Paulo em horário diurno. E explicou: “Sempre há aquele passageiro que gosta de viajar durante o
dia e não abre mão do conforto. Para esse passageiro, teremos o ônibus leito durante o dia.”
Fotos: Divulgação
em transação que envolveu também a Viação Ouro Branco e a Princesa do Ivaí. Ao colocar-se à frente do negócio, Mário Luft anunciou imediatamente a intenção de comprar mais 50 ônibus novos, a serem destinados às operações de fretamento e turismo e à renovação de 30% da frota das linhas metropolitanas. Informação ainda não confirmada pela companhia dá conta de que em janeiro deste ano teriam sido adquiridos mais 30 chassis, estes da marca Scania. Mário Luft declarou que pretende dar impulso à área de marketing e às ações de relacionamento com o cliente. Um de seus primeiros elogios foi para o quadro de 2.700 colaboradores da Viação Garcia. A qualidade do pessoal vem ao encontro da sua intenção de fazer que o foco da empresa esteja totalmente voltado para o melhor atendimento ao usuário. “Vamos investir para beneficiar nossos passageiros e clientes. O bem-estar do nosso passageiro é prioridade”, anunciou.
Os novos ônibus da Garcia mostram fotografias das principais cidades servidas pela empresa.
NOVO SONHO Gaúcho de Santa Rosa, Mário Luft fundou sua primeira empresa de transporte em 1975. Sua visão empreendedora parece ajustar-se perfeitamente à história da Viação Garcia, empresa que nasceu e se desenvolveu junto com o município de Londrina, há 76 anos, e que em cada período da sua história invariavelmente se preocupou em buscar maior eficiência, segurança e conforto para os seus usuários. “É um privilégio fazer parte dessa história e uma honra incorporar a Viação Garcia ao nosso futuro”, disse o empresário ao assumir. Aos 67 anos de idade, Mário Luft diz que seu sonho, agora, é transformar a Viação Garcia na maior empresa de transporte rodoviário de passageiros do País. Hoje, ela ocupa a quinta colocação no ranking, com faturamento em torno de R$ 240 milhões
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mpresa
Em termos práticos, seu raciocínio se orienta pelo fato de que viajam pela Garcia, em média, um milhão de passageiros por mês, e que no ano passado o setor de transporte rodoviário de passageiros atendeu a aproximadamente 120 milhões de pessoas, ao passo que apenas oito milhões viajaram de avião. Mário Luft aposta nesse mercado com a economia em crescimento, a inflação controlada e o acesso dos brasileiros das classes D e E às classes B e C. Sua previsão: “Enquanto o avião está limitado à capacidade dos aeroportos das cidades metropolitanas e não há projeto de expansão para os próximos
dez anos, o ônibus receberá esse mercado crescente de passageiros.” FROTA NOVA A transferência do controle acionário para o Grupo Luft deu-se pouco tempo depois de a Garcia ter adquirido, no segundo semestre de 2010, um lote de 100 ônibus com chassis Volvo dos modelos B9R e B12R e carroçarias Marcopolo da Geração 7, nos modelos Paradiso 1200 e 1050. O negócio, no valor de R$ 55 milhões, foi o maior realizado pela Volvo Buses em 2010 no Brasil. Os novos ônibus já estão rodando nas linhas da Viação Garcia nos esta-
Fotos: Divulgação
por ano, mais R$ 40 milhões no setor de encomendas e serviços expressos. “Mudei-me para Londrina para realizar esse grande sonho. Vamos crescer, no mínimo, sete e meio por cento ao ano, com a meta de chegar a dez por cento.” Para atingir esse objetivo, ele pretende recorrer à mesma receita de sucesso empregada em seus outros empreendimentos: paixão pelo negócio e ousadia de inovar. Diz ser um apaixonado pelo setor de transporte, especialmente o de passageiros, e garante que foi “um gosto especial pelo desafio diário” que o impulsionou para tentar realizar o seu sonho com a compra da Viação Garcia.
Transportar passageiros em ônibus dotados das mais avançadas tecnologias de segurança e conforto é uma prática que acompanha a Garcia desde os tempos de sua fundação, há 76 anos.
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Mecânica Volvo ou Scania e carroçaria Marcopolo G7, eficiência e modernidade nas estradas.
dos do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Oferecem a possibilidade de acesso wireless à internet, e ainda, pontos para recarregar baterias de notebook e celular, ar-condicionado com difusores e controles individuais e sistema que permite a constante renovação do ar no interior do ônibus. Acrescente-se à lista o sensor de alerta de fumaça que indica se há cigarro aceso dentro do veículo. Os novos carros contam com todas as adaptações necessárias para o transporte de passageiros portadores de mobilidade reduzida.
A transmissão automática dos ônibus é equipada com a mais moderna caixa eletrônica. Todos eles contam com um avançado sistema de segurança que possibilita a aplicação individual dos freios em cada roda, de modo a controlar com eficiência a estabilidade do veículo. O sistema, lançado há menos de dois anos no Brasil, conjuga diversas tecnologias e dispositivos, entre eles o controle de frenagem que evita travamento das rodas, e o controle que iguala a força de tração nas rodas e a ação dos eficientes freios a disco.
Os novos ônibus da Viação Garcia estão circulando com fotografias das principais cidades atendidas pela empresa, estampadas nos vidros traseiros. São imagens de pontos turísticos que convidam para uma boa viagem ou um belo passeio. Fotógrafos convidados cederam imagens que mostram as belezas de Londrina, Maringá, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Nesta primeira fase, os trabalhos são dos fotógrafos Milton Dória, Valdir Carniel, Nani Góis e André Masiero. Imagens de outras cidades atendidas pela Viação Garcia também serão exibidas.
Os números mostram a força da empresa A frota da Viação Garcia conta com cerca de 500 veículos de última geração. A empresa liga o Estado do Paraná às cidades de Ribeirão Preto, Ourinhos, Bauru, Presidente Prudente, Campinas e São Paulo, e a várias localidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Seus ônibus percorrem mensalmente cerca de 3,5 milhões de quilômetros e, por ano, são transportados quase 12 milhões de passageiros, em serviços nos
padrões executivo, leito-cama e double class. A sede da empresa está em Londrina desde a fundação, e são mantidas 17 filiais. A Viação Garcia opera também no transporte metropolitano, no intermunicipal e no transporte de cargas. O serviço de encomendas expressas e cargas fracionadas funciona no sistema de entrega em até 24 horas nas localidades onde a Viação Garcia faz transporte rodoviário de passageiros.
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ncarroçadora
Marcopolo, há 30 anos produzindo em Ana Rech O complexo industrial de Ana Rech, em Caxias do Sul, uma das mais modernas fábricas do mundo para a produção de ônibus, comemorou 30 anos de atividades no dia 20 de fevereiro. Ali a Marcopolo
Fotos: Divulgação
produz cerca de 50 veículos diariamente e já fabricou aproximadamente 160 mil ônibus.
Acima: Ana Rech hoje: abaixo, em 1981, quando foi inaugurada.
L
ocalizada em Caxias do Sul-RS, a principal unidade encarroçadora da Marcopolo ocupa área total de 471.000 metros quadrados, sendo a área construída de 88.000 metros quadrados. Conta com os mais avançados equipamentos e instalações e, somente nos últimos três anos, recebeu investimentos superiores a R$ 50 milhões, sobretudo para modernização dos equipamentos, melhoria da qualidade, aumento de capacidade produtiva e para ergonomia e maior conforto dos empregados. Em Ana Rech, trabalham 6.726 colaboradores.
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Na unidade está localizado também o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Marcopolo, onde mais de 300 técnicos e engenheiros se dedicam à contínua evolução e aprimoramento dos veículos. Ali é projetada a maioria dos modelos que rodam pelo mundo e são produzidas as unidades especiais, concebidas sob medida para atender às necessidades dos clientes. A Marcopolo concentrou em Ana Rech a fabricação de componentes e equipamentos para os veículos, como poltronas, painéis de acabamento, laterais e revestimentos internos, entre outros. As peças produzidas são também enviadas para as demais unidades da empresa no Brasil e no exterior. A unidade de Ana Rech foi inaugurada em 1981, com o objetivo de suprir a crescente demanda de produção de ônibus que havia na época. A construção havia sido iniciada três anos antes e o projeto exigiu a implantação dos mais modernos sistemas de fabricação, que foram planejados e desenvolvidos para se alcançar alto grau de racionalização e produtividade. Dez anos após a fundação, a fábrica comemorou a produção do ônibus 60.000, um rodoviário Paradiso da então Geração IV. Em 2001, a unidade Ana Rech foi considerada “fábrica modelo”, pela eficiência dos seus equipamentos, pessoal especializado, processos industriais e desenvolvimento do produto. No mesmo ano a unidade inaugurou sua Estação de Gás Natural, desenvolvida para reduzir o consumo de energia elétrica e criar uma matriz energética sustentável. Considerada o centro nervoso de toda a Marcopolo, a fábrica de Ana Rech é onde se processam todas as operações SKD e CKD para vários
Carroçaria metalica produzida pela Nicola & Cia. Ltda., com chassi Mercedes-Benz O-321.
Carroçaria Marcopolo Viaggio Geração IV, sobre chassi Volvo, da Viação Santa Cruz (1983).
países. Também ali são desenhados e configurados todos os veículos a serem produzidos pelas demais unidades. Desde 2003, a Marcopolo Ana Rech dispõe de uma moderna pista de testes, que facilita e torna mais rápido o desenvolvimento de novos modelos, a implementação de mudanças e a detecção de eventuais falhas. Em 2004 foi inaugurada uma nova linha de montagem e, em 2006, a fábrica inovou com a implantação do Sistema de Qualidade Produzida.
Além das áreas de produção, administração, comercial e de engenharia, a fábrica de Ana Rech contempla um Centro de Treinamento para capacitação dos empregados e de clientes, além de uma unidade da Escola de Formação Profissional Marcopolo, voltada à aprendizagem de menores da comunidade. A unidade conta também com ampla estrutura de suporte aos empregados, como restaurante, serviços médicos, farmácia, bancos, despachantes, seguradora, biblioteca e loja conveniada.
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ncarroçadora
No ano passado, a Marcopolo produziu 27.580 unidades em suas várias fábricas no mundo e alcançou a receita de R$ 2,96 bilhões, com crescimento de 42,3% sobre as 19.384 unidades fabricadas em 2009. O excepcional resultado se deveu à significativa recuperação do mercado brasileiro de ônibus e à consolidação de suas principais operações no exterior; mas também é importante registrar que a companhia se preparou cuidadosamente para alcançar esse resultado, tendo iniciado já em 2008 um programa de investimentos da ordem de R$ 330 milhões para aumento de sua capacidade produtiva e incremento da produtividade. Naquele momento, é bom lembrar, o ambiente era de crise econômica de âmbito mundial. José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, explica: “O bom desempenho de 2010 é fruto de decisões estratégicas, tomadas há algum tempo e que se mostraram assertivas, que incluíram o contínuo investimento em modernização e aumento de capacidade e de produtividade e a sua não interrupção durante a crise de 2008 e 2009. Quando a demanda foi retomada, principalmente no mercado brasileiro, estávamos prontos, com capacidade, mão de obra especializada e treinada e elevado nível de produtividade”, afirma o executivo. Ele ainda destaca que, ao longo de 2009, em vez de reduzir o quadro de colaboradores, a Marcopolo optou por negociar redução de jornada de trabalho e formação de banco de horas, mantendo a mão de obra expe-
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Júlio Soares
Em 2010, foram produzidas 27.580 unidades e realizada uma receita de R$ 2,96 bilhões
As vendas dos ônibus da Geração 7, lançados ainda no período de crise na economia mundial, contribuíram fortemente para o excelente desempenho da Marcopolo em 2010.
riente, fator que também foi decisivo para atender com rapidez a demanda surgida a partir do segundo semestre daquele ano. “A crise nos ajudou a nos tornarmos mais competitivos e eficientes. Reduzimos o desperdício em cada uma de nossas operações, elevamos a produtividade e a velocidade da tarefa de fazer ônibus e, com isso, melhoramos nossa margem bruta, ou lucro operacional, em 2,3%”. A eficiência operacional, aliada a outros aspectos importantes, entre os quais o fornecimento de cerca de 800 ônibus para a Copa do Mundo de Futebol, na África do Sul; o crescimento do PIB brasileiro, aliado às melhores condições de financiamento, e o sucesso alcançado pela nova geração de ônibus rodoviários — a Geração
7 — lançada em 2009 durante a crise econômica, foram fatores que possibilitaram à Marcopolo atingir o lucro líquido de R$ 295,8 milhões. O resultado é proveniente, em parte, da receita financeira das exportações e aplicações financeiras, do êxito em ações judiciais relativas a causas tributárias e do desempenho do Banco Moneo, criado em julho de 2005 com a finalidade de financiar os produtos da Marcopolo e que, em 2010, obteve lucro de R$ 25,8 milhões. CRESCIMENTO DAS OPERAÇÕES Em 2010, a Marcopolo registrou crescimento de produção em suas operações no Brasil e no exterior. Das 27.580 unidades fabricadas, 18.900 (68,5%) foram produzidas no País; as demais 8.680 (31,5%), no exterior. O
foi de 38,2% em relação à produção do ano anterior, que havia sido de 13.672 unidades. No exterior, as operações registraram aumento de 52,0% sobre 2009, quando foram produzidas 5.712 unidades. No mercado brasileiro houve ainda um fator que contribuiu para o crescimento do segmento de ônibus, o projeto “Caminho da Escola”, desenvolvido para fornecer transporte escolar para alunos das zonas rurais no Brasil. A previsão é de que continue sendo um importante propulsor das vendas de micros e miniônibus. No exterior, mesmo enfrentando a excessiva valorização do real frente ao dólar, a Marcopolo procurou atender os mercados conquistados ao longo dos anos e manteve expressivo fornecimento para diversos países. Foram exportadas 2.426 unidades, com crescimento de 10,7% em relação a 2009. Na Índia, onde a Marcopolo mantém uma joint venture com a Tata Motors, a produção foi de 5.216 unidades, com crescimento de 107,2% em relação a 2009. Na Argentina, a operação cresceu 53,8%, sendo produzidas 723 unidades. Na África do Sul, o volume total produzido foi de 416 unidades, 35,1% superior à de 2009, mantendo-se a liderança do mercado, com uma participação de 42,0%. Já na Colômbia, a Superpolo produziu 1.472 unidades, sendo 736 unidades (50%), consideradas na produção consolidada da Marcopolo. O volume foi 15,4% maior que o de 2009. Finalmente, no México, o volume produzido pela Polomex foi de 1.255 unidades. Nesse país, os patamares do mercado de ônibus ainda estão muito abaixo dos patamares de antes da crise econômica de 2008.
Mudanças na estrutura para aumentar a competitividade Com o objetivo de aumentar a competitividade e a independência de suas operações, e coincidindo com aniversário de implantação da unidade Ana Rech, a Marcopolo introduziu várias mudanças em sua Unidade de Negócio Ônibus. As atividades foram divididas em quatro regiões: 1) Brasil, 2) Américas, 3) África/Índia e 4) Ásia/Pacífico. Novos executivos foram nomeados para dirigi-las. A partir de agora, as três fábricas brasileiras passam a ter gestão única, tendo em vista aumentar sua produtividade e eficiência. O diretor-geral da Marcopolo, José Rubens de la Rosa, explica que as mudanças visam preparar a empresa para um novo e vigoroso ciclo de crescimento, tanto no Brasil como no exterior, tornando a companhia ainda mais competitiva e moderna. Na Unidade de Negócio Ônibus, sob gestão do diretor Carlos Casiraghi, com divisão em quatro regiões e a nomeação de um diretor para cada uma, Lusuir Grochot passa a ser o responsável pelas operações fabris no Brasil, que envolvem as plantas de Ana Rech e Planalto, em Caxias do Sul, e a Ciferal, no Rio de Janeiro. Paulo Andrade assumiu a região Américas, com as unidades da Argentina, Colômbia e México; Gelson Zardo está no comando das fábricas da África do Sul, Índia e do Egito, e Wang Chong, da região Ásia/ Pacífico, que compreende os mercados da Rússia e da China. A estrutura organizacional da Marcopolo teve mudanças também em outras diretorias. Em uma delas, Milton Susin, até então diretor de Recursos Humanos e Aquisição e Logística,
Fotos: Divulgação
crescimento obtido no mercado interno
Paulo Bellini, presidente do Conselho da Marcopolo e seu acionista majoritário.
José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo.
assumiu o comando da Unidade de Negócio Volare no lugar de Nelson Gehrke, que passa a cuidar da área de Aquisição e Logística. Não houve alterações nas áreas de Estratégia e Desenvolvimento, sob o comando de Ruben Bisi; Engenharia, com Edson Mainieri, e Controladoria e Finanças, José Valiati, que compõem a diretoria executiva da empresa.
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A Marcopolo foi fundada em 6 de agosto de 1949, em Caxias do Sul, pelos irmãos Nicola (Dorval, Doraci e Nelson). Inicialmente, chamou-se Nicola & Cia. Ltda. Era uma oficina de pintura de cabines de caminhões. Em 1950, ingressou na sociedade o atual presidente do Conselho de Administração e controlador majoritário, Paulo Bellini. Foi quando passou a produzir carroçarias de ônibus. Tinha então 15 empregados e as carroçarias eram de madeira. O primeiro ônibus com estrutura em aço foi fabricado em 1952. Em 1967, a empresa deu início a um ciclo de atualização dos seus processos produtivos, compreendendo inclusive a implementação de treinamento dos colaboradores para aumento da eficiência e da produtividade. Em 1968, graças à evolução de todos os setores da fábrica, especialmente projeto e desenvolvimento, foi concebido um novo ônibus com o nome inspirado num dos mais famosos navegadores italianos, Marco Polo. O ônibus transformou-se rapidamente num grande sucesso de vendas. Coincidindo com a retirada dos irmãos Nicola do negócio, os sócios remanescentes decidiram mudar a razão social para Marcopolo. O modelo exclusivamente de gestão familiar foi mantido durante mais da metade da trajetória da companhia, sempre com sucesso. O desenvolvimento e as exigências do crescimento tornaram imperiosa a adoção, em 1980, de um conjunto de métodos administrativos inspirados nos modelos japoneses e adaptados à realidade brasileira. E assim, em um novo salto de qualidade, a empresa assumiu um
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Fotos: Júlio Soares
Negócio familiar que se tornou multinacional e com fábricas instaladas em nove países
Área de finalização das carroçarias: toque final para realçar a tradicional qualidade.
Aqui se completa o longo ciclo de produção da Unidade de Ana Rech.
bem-sucedido modelo de profissionalização que possibilitou potencializar a experiência dos empresários pioneiros e o permanente engajamento dos colaboradores, levando a companhia à posição de liderança que ocupa há
vários anos no mercado interno e na América Latina, além da marcante atuação em mais de 100 países. Hoje, a encarroçadora mantém fábricas na África do Sul, Argentina, China, Colômbia, Egito, México, Portugal, Rússia e Índia.
Responsabilidade social como prática diária voltada aos coloboradores e à comunidade Na Marcopolo, a responsabilidade social é uma prática diária e perfeitamente mensurável a qualquer instante e para onde quer que se olhe. Sua expressão mais evidente, mas nao a única, é um programa permanente que oferece oportunidades de qualificação profissional, num primeiro momento, e emprego, posteriormente, para pessoas portadoras de deficiência. O programa tem possibilitado que pessoas com deficiência visual, auditiva, mental, física ou múltiplas ingressem no quadro de colaboradores da empresa, depois de passarem pelo curso Operador de Veículos Automotores. No curso, eles se submetem a treinamento específico para o desempenho de atividades profissionais em diferentes áreas. A capacitação profissional é feita considerando aptidões específicas, talentos e necessidades especiais. Abrange temas técnicos, comportamentais e sociais. Tem a duração de 800 horas e é ministrado na Escola de Formação Profissional Marcopolo, em convênio com o Senai. A principal diretriz desse e de outros programas e projetos estabelece que eles devem, obrigatoriamente, beneficiar crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência. São alcançados, prioritariamente, os colaboradores, suas famílias e a comunidade. CIDADANIA O Programa de Cidadania Marcopolo compreende uma série de ações e programas em diversas frentes, sempre com o propósito de acorrer a grupos de vulnerabilidade social, de
A Escola de Formação Profissional Marcopolo está integrada à unidade Ana Rech.
forma a criar condições para sua real inclusão. Além do curso profissionalizante e do primeiro emprego, são oferecidas bolsas de estudo. Outro projeto, o Programa Vida, busca melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e de seus familiares. Atua na prevenção do uso do álcool e de outras drogas, não apenas preventivamente, mas oferecendo tratamento para reabilitação em dependência química. Já o programa Todos na Escola distribui material escolar e zela para que todos os filhos de seus colaboradores, de seis a 18 anos de idade, estejam efetivamente matriculados em instituições de ensino e tenham seu rendimento cuidadosamente acompanhado pelos pais. Com o objetivo de
estimular os estudantes, a Marcopolo também pôs em prática o Projeto Aluno Nota 10, que confere a eles prêmios de incentivo. São destinados recursos financeiros e humanos a projetos da comunidade que se proponham oferecer educação de qualidade, valorizar a vida e proporcionar formação integral ao aluno. As colaboradoras-gestantes contam com o Projeto Bebê Chegando, que faz o acompanhamento detalhado da gravidez, de modo a assegurar saúde física e emocional a mães e filhos. As consultas médicas de pré-natal são complementadas em encontros com assistentes sociais, médicos e enfermeiros que orientam as colaboradoras.
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Avanços contínuos na qualidade dos serviços Em 2011, mantendo o mesmo ritmo do ano passado, quando realizaram grandes investimentos na aquisição de novos ônibus, no treinamento de pessoal e na implantação de salas especiais destinadas ao descanso dos passageiros, as empresas de transporte rodoviário de passageiros filiadas à ABRATI seguem apostando na qualidade dos veículos que operam, na capacitação e na eficiência
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do atendimento prestado aos usuários.
A preparação e treinamento dos motoristas é um dos pontos altos das empresas com o objetivo de oferecer sempre o melhor serviço.
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magine-se, por exemplo, uma viagem em que, ao longo de todo o trajeto, os passageiros vão recebendo informações turísticas sobre as cidades por onde o ônibus passa. É exatamente isso que acontece duas vezes por semana nos ônibus da Util que fazem
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a linha Rio de Janeiro-Brasília. A partir de pesquisas e de contatos na área de atendimento ao cliente, a companhia identificou alguns pontos que poderiam transformar a viagem de ônibus em uma experiência ainda mais agradável. Em seguida, colocou nos ônibus
da linha comissários ou comissárias que não só prestam atendimento e orientação permanentes aos passageiros durante a viagem como ainda transmitem a eles variadas informações turísticas e culturais, inclusive sobre as cidades do Rio de Janeiro e
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O novo ônibus Mix da Util oferece em um só carro dois diferentes serviços, que podem variar de horário para horário e de linha para linha.
O conceito do novo serviço é também resgatar o serviço das famosas rodomoças, praticamente extinto no País após a década de 1970, dando um toque turístico na prestação do serviço e aproveitando as paisagens que só a viagem rodoviária proporciona aos passageiros. O ônibus entre Rio de Janeiro e Brasília faz três paradas durante o percurso. Em todas elas o comissário ou comissária traz informações sobre o tempo de parada, o percurso e a estimativa de chegada ao destino, além de orientar os passageiros no que for solicitado. FOCO É O CLIENTE Empenhada em prestar sempre o melhor serviço para os passageiros, a Util faz seus investimentos tendo como foco principal o cliente. Para este ano, por exemplo, a empresa planejou e está executando várias ações com
esse objetivo. Os canais de relacionamento com o cliente foram ampliados através das redes sociais na internet; os passos de compra no site da companhia foram simplificados e também foi aumentado o número de canais de Júlio Fernandes
de Brasília. A intenção é transformar a viagem de quase 17 horas em um agradável passeio turístico. Durante a viagem os passageiros descobrem, por exemplo, que Paracatu, cidade no Noroeste de Minas, tem o cerrado como vegetação típica, e que Juiz de Fora promove um dos maiores festivais de música clássica do mundo. Também ficam sabendo que a rodovia BR 040, que liga o Rio a Belo Horizonte e Brasília, foi a primeira a ser asfaltada no País, no trecho entre Rio de Janeiro e Petrópolis. Já chegando ao Rio de Janeiro ou a Brasília, os viajantes recebem diversas dicas e informações de caráter histórico e cultural sobre as duas capitais. O ônibus com comissário de bordo tem duas saídas por semana: às terças e às quartas, com partida às 20h30 do Rio de Janeiro, e às quintas e sextas, também às 20h30, com partida de Brasília.
Cláudio Flor, diretor da Util.
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venda física e virtual para facilitar a compra de passagens. A longo do ano, serão instaladas mais salas VIP nas rodoviárias e implementados novos serviços. Finalmente, foram adquiridos novos carros Mix, o que possibilita aumentar a oferta das diferentes categorias de serviço, adequando-as às necessidades de cada passageiro. Atualmente, a frota da Util conta com 30 carros Mix, cuja configuração pode ser alterada de modo a oferecer sempre duas categorias de serviços em cada ônibus, possibilitando, portanto, aumentar a oferta de categorias
por horário. Por exemplo: o Mix leito/ plus oferece serviço leito e serviço executivo com apoio de pés; o Mix Premium é um semileito com apoio de pés e maior inclinação da poltrona e oferece, no mesmo carro, o Clássico, serviço convencional com ar-condicionado. Há ainda carros que oferecem o Mix plus executivo com apoio de pés simultaneamente ao serviço Clássico convencional com ar-condicionado. Todos os carros foram comprados em 2010 e, pelo conforto que oferecem, têm sido muito elogiados pelos clientes.
Fotos: Divulgação
O CHEFE RECOMENDA Imagine-se, por outro lado, uma viagem na qual todos os lugares onde o
A Util está resgatando o conceito de comissária de bordo nos ônibus e agregando a suas funções tradicionais a tarefa de prestar informações turísticas aos passageiros.
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Paulo Porto Lima, diretor da Expresso Guanabara.
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ônibus faz paradas estão qualificados para oferecer serviços de bar, lanches e restaurante de primeira categoria. Isso pode não ser tão comum, mas quem viaja pelas linhas da Expresso Guanabara já se acostumou a encontrar qualidade, conforto e ambiente agradável em todas as paradas. Em grande parte, isso acontece graças ao programa Boa Mesa na Estrada, criado pela empresa em 2005, em cooperação com o Sebrae, e que, desde então, vem sendo continuamente aperfeiçoado. Justifica a iniciativa o fato de a Expresso Guanabara entender que a satisfação deve estar presente em todos os momentos de uma viagem. Assim, quando se desloca em ônibus da companhia, o cliente pode até não saber, mas o bem-estar que lhe é proporcionado também nas paradas foi cuidadosamente trabalhado e planejado em encontros promovidos com os proprietários dos restaurantes prestadores dos serviços. Os estabelecimentos que aderiram ao programa passaram por um amplo processo de capacitação, conhece-
ATENDIMENTO Seguindo a mesma filosofia, a Expresso Guanabara criou o programa “Agência Top 10”, que introduziu várias melhorias nas suas agências terceirizadas de venda de passagens. Guardadas as peculiaridades de cada segmento, o mesmo trabalho de conscientização e sensibilização feito com os donos de restaurantes foi repetido junto aos agentes terceirizados que vendem passagens, enfatizado-se principalmente a importância da melhoria contínua da qualidade dos serviços oferecidos. A implementação do programa resultou em um novo
padrão de atendimento nas agências terceirizadas espalhadas pelas re giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Todos os anos, o programa premia as dez melhores agências do ano e as agências-destaque regionais. A empresa também não se descuida de suas próprias agências, cuja rede está sempre sendo melhorada. No dia 6 de dezembro último, por exemplo, ela inaugurou o seu novo box de venda de passagens no terminal rodoviário de Juazeiro do Norte. O box tem padrão semelhante ao de uma agência de viagens e segue o mesmo conceito do existente na rodoviária João Thomé,
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ram a importância de fatores como alimentação saudável, boa apresentação, higiene e bom atendimento. Aprenderam como montar o serviço de self-service mais adequado ao usuário e assimilaram noções básicas de administração. Como desdobramento do programa, neste momento o Sebrae está trabalhando no processo de auditoria que vai resultar na certificação dos restaurantes com o selo Boa Mesa na Estrada, que classifica o estabelecimento em uma de três categorias, de acordo com a estrutura e os serviços oferecidos e segundo as normas técnicas de certificação do órgão.
Um dos 103 ônibus adquiridos no início do ano pela Viação Santa Cruz.
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Na garagem principal da Expresso Guanabara, os motoristas podem manter a forma física exercitando-se num espaço exclusivo.
em Fortaleza, um dos mais modernos do País. Em Juazeiro, a área é de 100 metros quadrados, em ambiente climatizado, com sistema que permite mais eficiência no atendimento ao clientes no momento da compra de passagens. O novo espaço, maior e mais amplo, acomoda as pessoas com mais conforto e conta com funcionários especialmente preparados para lidar com o software que controla e divide os clientes de acordo com a sua necessidade e prioridade. Juazeiro é a terceira cidade a adotar esse novo conceito de box/agência. Além de Fortaleza, a Guanabara implantou o mesmo padrão também na rodoviária de Brasília. MODERNIZAÇÃO A contínua modernização gerencial e tecnológica das empresas também é um modo de prepará-las para imprimir um alto padrão de qualidade aos seus serviços. Sob esse aspecto, a
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Expresso Guanabara e a Util, como tantas outras companhias associadas à ABRATI (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros) constituem referências muito importantes no setor de transporte rodoviário de passageiros. Nas garagens da Util, o meio ambiente é uma preocupação permanente: o lixo e a água são reciclados, e o combustível utilizado apresenta menor teor de enxofre do que o empregado nos ônibus das linhas urbanas. No que diz respeito aos colaboradores, eles passam constantemente por treinamento e reciclagem para desenvolver de forma precisa as suas funções. Os motoristas têm espaços adequados para descanso e repouso nas próprias garagens. A preocupação com o treinamento e o bem-estar dos motoristas é permanente na Guanabara, como caminho para assegurar o cumprimento do
compromisso com a qualidade e também com o conforto e segurança dos passageiros. Os profissionais passam por diversos estágios de treinamento, alguns antes de assumirem suas funções na empresa e outros, para fins de aperfeiçoamento, quando eles já estão atuando. O treinamento inclui informações sobre direção preventiva, normas de circulação e conduta, legislação de trânsito, sinalização, meio ambiente e cidadania. Todos os motoristas contratados passam por exames de direção e por testes psicológicos. A saúde dos profissionais é acompanhada durante todo o tempo, em um processo que inclui avaliações clínicas, exames oftalmológicos e audiométricos, ecocardiograma, eletroencéfalograma e exames clínicos em geral. Na garagem central, os motoristas também dispõem de espaço e modernos equipamentos para a prática de exercícios físicos.
300 ônibus em janeiro, divididos entre as marcas Mercedes-Benz, Scania e Volvo. Quase no fim do ano passado, a Viação Cometa, do mesmo grupo, já havia adquirido 123 novos ônibus Mercedes-Benz com encarroçamento Marcopolo G7. Pouco antes, outra empresa do Grupo JCA — a Auto Viação 1001 — havia comprado 120 carros das marcas Mercedes-Benz e e Volvo. “Nosso objetivo é sempre proporcionar aos usuários uma viagem segura, confortável e feita em carros novos, de última geração, dotados de todos os itens de conforto que possam tornar as viagens cada vez mais agra-
Heinz Kumm Júnior, diretor executivo da Auto Viação 1001, do Grupo JCA.
dáveis”, explica o diretor executivo da Auto Viação 1001, Heinz Kumm Júnior.
Villela Design/Divulgação
Ônibus novos constituem um diferencial de qualidade, conforto, segurança e proteção ao meio ambiente. Por isso, as empresas de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros mantêm programas de renovação de frota escrupulosamente cumpridos a cada ano. Somente nos dois primeiros meses de 2011, inúmeras companhias formalizaram expressivos pedidos de ônibus novos, acrescentados às volumosas compras do segundo semestre de 2010. Enquadram-se neste caso as empresas que compõem o Grupo JCA, de Niterói-RJ, que, juntas, adquiriram
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Cumprir os programas de renovação anual das frotas, ponto de honra para as empresas
A Transnorte, de Montes Claros-MG, é outra empresa que está investindo em renovação de frota.
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Recorde-se que no segundo semestre de 2010 a Viação Águia Branca e a Viação Salutaris (ambas do Grupo Águia Branca), de Cariacica-ES, incorporaram a suas frotas 90 ônibus rodoviários Mercedes-Benz encarroçados pela Marcopolo. Outras empresas que fizeram compras foram a Viação Garcia, de Londrina-PR (ver matéria na página 16) e, em volumes não anunciados, a Gontijo, de Belo Horizonte-MG. Também a Viação Santa Cruz, de Mogi-Mirim-SP, comprou 103 ônibus Scania e Mercedes-Benz em dezembro de 2010, confiando o encarroçamento à Marcopolo e à Comil. Cláudio Nelson C. Rodrigues de Abreu, diretor da empresa, informa que a Santa Cruz adiantou os investimentos que ia fazer em 2011 e renovou de uma só vez mais de 12% de sua frota de 500 ônibus. “Carro novo dá mais conforto ao usuário e é um fator que pesa cada vez mais na concorrência, além de reduzir
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Cláudio Nelson de Abreu, diretor da Viação Santa Cruz, do Grupo Santa Cruz.
Joel Fernandes, diretor da Viação Cidade do Aço.
custos de manutenção”, justifica. A mesma explicação foi dada no segundo semestre do ano passado por Joel Rodrigues Fernandes, diretor da Viação Cidade do Aço, de Volta Redonda-RJ, ao anunciar a compra de mais um lote de rodoviários da marca Scania,
Redonda. Ele enumerou fatores como o aspecto ambiental da operação de transporte rodoviário, a economia de combustível e as emissões reduzidas de poluentes, mas destacou, do mesmo modo, o fato de a Viação Cidade do Aço perseguir o objetivo de criar todas as condições para que seus clientes se sintam satisfeitos e, mais ainda, para que os usuários de automóveis se sintam motivados a mudar para o ônibus.
encarroçados pela Marcopolo. Antes de entrarem em operação, os veículos foram apresentados em um concorrido desfile pelas ruas das cidades fluminenses de Barra Mansa e Volta
A responsabilidade social também está entre as prioridades das empresas. A Util e a Guanabara, a exemplo das demais, apóiam entidades e programas voltados a crianças carentes, além de incentivarem a cultura, o esporte e a preservação do meio ambiente. A Guanabara está transformando a vida de 60 jovens do projeto “Caminhos Musicais Guanabara”. São crianças e adolescentes da rede municipal de ensino de Croatá–CE, que formam a Orquestra Sinfônica Estrelas da Serra, patrocinada pela Guanabara. Através do projeto, a filarmônica vem realizando apresentações em várias cidades das regiões Norte e Nordeste.
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Responsabilidade social e preservação do meio ambiente estão entre as prioridades
Apresentação da Orquestra Filarmônica Estrela da Serra, patrocinada pela Guanabara.
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Os 65 anos da Caio e os dez da Induscar Caio Em 2011, a marca Caio completa 65 anos de tradição. A primeira carroçaria da marca surgiu em 1946. De lá para cá, foram produzidas mais de 172.000 carroçarias destinadas aos mercados interno e externo. Mais de um terço delas saiu das linhas de montagem da Caio Induscar, que assumiu a marca em 2001.
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assumiu a produção das famosas carroçarias. Tratava-se de uma solução encontrada para pôr fim à longa crise financeira da Companhia Americana Industrial de Ônibus, desencadeada na segunda metade da década de
1990, quando a encarroçadora foi simultaneamente afetada por problemas de gestão, pela retração do mercado interno de ônibus e por dificuldades conjunturais da economia. A produção foi drasticamente atingida e a empresa
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m momento muito importante na trajetória da marca Caio, a mais tradicional no Brasil, ocorreu no dia 25 de janeiro de 2001, em Botucatu, quando uma nova empresa, operando sob a denominação de Induscar/Caio,
Instalações industriais da Induscar Caio em Botucatu, no interior do Estado de São Paulo.
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Carroçaria Caio sobre chassi da General Motors do Brasil.
acabou interrompendo as atividades, embora naquele momento contasse com significativa quantidade de encomendas em carteira. Muitos dos pedidos eram de um dos maiores clientes da Caio — o Grupo Ruas, com forte atuação no segmento de transporte urbano de passageiros em São Paulo. Uma grande quantidade de chassis urbanos pertencentes ao grupo se encontrava no pátio da fábrica, em Botucatu, e corria o risco de deteriorar-se caso não recebesse encarroçamento. O Grupo Ruas apresentou então uma proposta de arrendamento da marca Caio e das instalações da fábrica. A proposta foi aceita, o que possibilitou a constituição da nova empresa, a Induscar/Caio, cujo objetivo inicial era fazer o encarroçamento dos chassis que já se achavam no pátio da Caio. Como começaram a surgir pedidos de outras empresas de ônibus fiéis à marca Caio, a produção para terceiros foi retomada e em pouco tempo voltou a funcionar a plena capacidade. Atualmente, a Induscar Caio é uma das mais modernas e eficientes encarroçadoras brasileiras e está entre as que mais cresceram no mercado
Carroçaria Caio produzida no início da década de 1960.
interno na última década. Em 2010, alcançou a maior produção individual de carroçarias, com 8.984 unidades, respondendo por 28% do total fabricado pelas encarroçadoras brasileiras associadas à Fabus. Das mais de 172.000 carroçarias que receberam a marca Caio nesses 65 anos, mais de um terço saíram das linhas de produção da Induscar Caio nos últimos dez anos. A empresa, hoje, tem vários escritórios de representação de vendas. Seu parque fabril ocupa a área de 472.000 metros quadrados, sendo 159.000 de área construída. Sua
capacidade de produção é de 40 carroçarias por dia. Ela tem mais de 3.000 colaboradores e é uma das maiores empregadoras de Botucatu. A produção atende aos segmentos rodoviário, urbano, de turismo, fretamento, escolar, executivo e de carga, com vasta linha de modelos que inclui, além dos rodoviários e urbanos, os articulados, biarticulados, mídis, micros e mínis. A antiga vocação exportadora da marca foi retomada e vem se firmando cada vez mais. Em dez anos, a Induscar Caio conquistou vários novos mercados no exterior.
Modelo que ficou conhecido como “papa-fila” (1956). Este era puxado por um Mercedes-Benz.
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Da produção artesanal ao mercado mundial Fotos: Divulgação
a suas atividades, que ainda tinham certas características artesanais. A produção, contudo, cresceu continuamente. Se no fim de 1946 eram fabricadas 12 unidades por mês, no ano seguinte já eram 26, em média. No início dos anos 1950, quando a FNM — Fábrica Nacional de Motores —, sob licença da Alfa-Romeo, passou a fabricar o primeiro caminhão nacional (conhecido por “João Bobo” Segundo modelo da carroçaria Amélia, lançado depois que a fábrica mudou-se para Botucatu. Com peças e componentes padronizados, sua estrutura podia ser de aço ou de alumínio.
No dia 13 de abril de 1945, praticamente já no fim da Segunda Guerra Mundial, começou a funcionar num galpão de 3.120 metros quadrados na Avenida Celso Garcia, no bairro do Tatuapé, em São Paulo, a Companhia Americana Industrial de Ônibus — Caio. Surgiu de uma associação entre os irmãos José Gonçalves e Octacílio Piedade Gonçalves, tendo como terceiro sócio José Massa, com a finalidade de produzir, ainda artesanalmente, carroçarias de ônibus, naquela época chamadas de jardineiras. As jardineiras
Carroçaria Caio Jaraguá.
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saíam da fábrica da Caio equipadas com motor Buda ou Hercules; tinham o motor projetado para fora do salão de passageiros e janelas acionadas por catracas. Os modelos rodoviários dispunham de bagageiro no teto, com acesso por uma escada externa colocada na traseira do veículo. Em pouco tempo as instalações da Celso Garcia ficaram pequenas e a empresa se transferiu para uma área de 20.000 metros quadrados na Rua Guaiaúna, no bairro da Penha, na capital paulista, onde deu sequência
ou Fenemê), a Caio retirou dele a cabine, mudou a posição do volante e introduziu algumas soluções técnicas, transformando-o em chassi para carroçaria de ônibus. Foi o primeiro e um dos mais significativos avanços em termos de qualidade e de tamanho das carroçarias Caio. Outra enorme evolução ocorreu quando, anos mais tarde, a encarroçadora foi uma das primeiras no Brasil a produzir carroçarias metálicas. José Massa tornou-se o único controlador da companhia e, após sua morte, a família manteve o controle acionário, representada inicialmente por José Roberto Massa (segunda geração) e mais tarde por José Massa
Caio Bossa Nova, a primeira carroçaria tubular da marca.
Os produtos Caio ao longo de 65 anos 1946 Jardineira com motor Buda ou Hércules. 1956 Papa-Filas, um FNM puxando um semi-reboque. 1958 Cabines de caminhões para a Mercedes-Benz. 1959 Bossa Nova, primeira carroçaria rodoviária com estrutura tubular. 1960 Ônibus elétrico para Araraquara, SP.
O rodoviário Squalo, em alumínio, lançado em 1985, ganhou rapidamente a preferência do setor de fretamento.
1966 Gaivota, ônibus urbano lançada no Salão do Automóvel, com toalete, bar, iluminação individual para leitura, carpete, poltronas reclináveis e cinto de segurança. 1967 Gaivota modelo rodoviário. 1969 Rodoviário Jubileu e Caio Verona, o primeiro micro-ônibus brasileiro. 1974 Gabriela. 1974 Carolina I. 1976 Gabriela II, com vigia inteiriço. 1977 Rodoviário Corcovado. 1980 Amélia. 1980 Rodoviário Aritana. 1980 Papa Móvel. 1981 Carolina II. 1983 Carolina III. 1985 Lançamento de novo modelo Amélia.
Carroçaria Caio Gabriela, produto lançado em 1974.
1985 Rodoviário Squalo, em alumínio. 1987 Carolina IV.
Neto (terceira). Ao longo dos anos, foi adquirida a Companhia Autocarroçarias Cermava, do Rio de Janeiro, e instalada em Recife a subsidiária Caio Norte, que chegou a produzir 50 carroçarias mensais. Em 1976, a matriz comprou a Indústria de Carroçarias Metropolitana, também do Rio de Janeiro, e criou a Caio Rio. A aquisição lhe permitiu absorver a tecnologia de construção em duralumínio. Tornou-se também grande exportadora de carroçarias: na segunda metade dos anos 1970, chegou a exportar 25% da sua produção. Já no fim desse mesmo período, em virtude de mudanças no quadro econômico, a Caio Rio foi desativada. Alguns anos depois, em abril de 1985, a matriz foi transferida para Botucatu, no interior do Estado de São Paulo. A encarroçadora respondia então por 80% do total dos ônibus urbanos fornecidos ao mercado interno e mantinha volume expressivo de exportações. Em 1981, por exemplo, cerca de 2.000 unidades foram destinadas a outros países. Naquele momento, a marca Caio era, de longe, a mais forte no mercado de carroçarias de ônibus, especialmente no segmento urbano.
1988 Urbano Vitória. 1994 Rodoviário monobloco Beta, lançado na Expobus’94 é destinado ao mercado externo (México), em joint-venture com a Mercedes-Benz da Alemanha. 1994 Monte Rei e Carolina V. 1995 Urbano Alpha. 1995 Taguá — urbano escolar. 1997 Piccolino, Piccolo, Millenium e Alpha Intercity. 1999 Apache S21. 2001 Apache Vip. 2002 Giro 3400. 2003 Millennium II e Giro 3600. 2004 Top Bus e Giro 3200. 2005 Foz 2400, Mondego HA e Mondego LA, Giro 3200. 2006 Foz Super. 2007 Apache S22. 2008 Foz 2200 e Apache Vip 2008/2009. 2009 Topbus PB 2010 Solar
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Chassis Scania. Porque um ônibus se faz com gente, tecnologia e história. Todo ônibus carrega sonhos e destinos. Mas ônibus é mais do que se vê. É o que ele oferece. O conforto, a segurança, o desempenho e o conjunto. A Scania se dedica a produzir diferentes chassis para cada tipo de aplicação, com tudo o que cada cliente espera: eficiência, flexibilidade e baixo custo operacional. Com características, tecnologia e a confiança de colocar nas ruas sempre o melhor. Scania. Tudo por Você.
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ncarroçadora
Comil comemora 35.000 carroçarias produzidas Em fevereiro, a Comil entregou sua carroçaria número 35.000, um rodoviário Campione 3.45, adquirido pela Viação Santa Cruz. A encarroçadora também acaba de atingir um recorde importante
Fotos: Divulgação
na vida da empresa, a produção de 16 carros por dia.
João Luiz Mazzon, do Grupo Santa Cruz (camisa vinho) foi a Erechim para receber do presidente do Conselho da Comil, Deoclécio Corradi (camisa cinza) a carroçaria número 35.000, um Campione 3.45.
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Vista aérea da planta de produção da Comil em Erechim, no Rio Grande do Sul.
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carroçaria número 35.000, um Campione 3.45, foi entregue na fábrica da encarroçadora em Erechim-RS, a João Luiz Mazzon, do Grupo Santa Cruz, de Mogi-Mirim-SP, pelo presidente do Conselho da Comil, Deoclécio Corradi. A expressiva marca está sendo alcançada justamente quando a empresa completa 25 anos de atuação no mercado. “Estamos muito felizes com este momento, marcado pela celebração de uma venda que simboliza nosso longo caminho percorrido”, afirmou Deoclécio Corradi, que também destacou o recorde de produção atingido. Por sua vez, João Luiz Mazzon fez elogios à carroçaria adquirida pela Santa Cruz. Afirmou que a Comil lançou um produto competitivo, com design e estilo, tanto interno quanto externo, daí a opção feita pelo Campione 3.45. “Acredito — disse ele — que a empresa está mais preparada para assumir o mercado pelos seus investimentos e o potencial dos seus produtos”. O modelo Campione entregue à Viação Santa Cruz, montado sobre o chassi 0 500 M da Mercedes-Benz, é o
lançamento mais recente da encarroçadora e tem seu projeto marcantemente voltado aos aspectos da maior produtividade e dos custos de manutenção menores. Por exemplo, as lanternas e conjuntos ópticos são modulares e se encaixam tanto do lado esquerdo como do direito. No salão, nas lanternas traseiras e nas portas dos bagageiros, a iluminação é totalmente em LED. Já os vãos das janelas são padronizados, de modo que os vidros têm as mesmas dimensões em todas elas, racionalizando as substituições e a estocagem. A Comil é uma das principais fabricantes de ônibus do Brasil, destacando-se como a segunda maior produtora de ônibus rodoviários. Seu parque fabril, de 35.000 metros quadrados, tem capacidade de produção de aproximadamente quatro mil unidades/ano. A empresa emprega cerca de 2.500 pessoas. A linha de produtos abrange todos os modelos de ônibus rodoviários, urbanos e micros. Qualidade, inovação e estilo são algumas de suas características. Ela também exporta para mais de 30 países.
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P rojeto
ANTP estuda cadeia produtiva de empresas de transporte A ANTP — Associação Nacional de Transportes Públicos — anunciou que vai estudar, no âmbito dos fornecedores, a cadeia produtiva do transporte no Brasil. Por se tratar de um projeto piloto, inicialmente o estudo estará limitado às empresas vencedoras do Prêmio de Qualidade ANTP,
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estudo projetado deverá tomar como base os dados levantados em uma pesquisa a ser realizada proximamente. Estão previstas quatro etapas na realização do projeto piloto: 1) identificação dos fornecedores das premiadas; 2) desenho da cadeia produtiva do transporte; 3) diagnóstico situacional de qualidade; 4) pesquisa com a cadeia produtiva (segmento de micro e pequenas empresas). De posse desse aparato estatístico, será iniciado o processo de edição de relatório diagnóstico conclusivo da situação de gestão e qualidade das microempresas e empresas de pequeno porte da cadeia produtiva das empresas premiadas pela Qualidade ANTP. Segundo Denise Cadete, coordenadora do Prêmio ANTP de Qualidade, a excelência na prestação de serviços não é fruto do acaso. É resultado de ações bem planejadas e executadas, do controle e da eficácia do administrador e de seus colaboradores em alinhar suas ações e projetos com as demandas e expectativas dos clientes. “É
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fundamental conhecer as expectativas dos clientes e suas necessidades mais imediatas, definindo ações que possam melhor atendê-lo. Desta forma, é possível elevar seu nível de satisfação e aprovação da prestação dos serviços, principalmente no que tange à área de atendimento direto, setor de elevado valor agregado no campo avaliativo da prestação de serviços que tem como target principal a excelência em seu grau máximo”, afirma. QUALIDADE É ESSENCIAL A qualidade é quesito essencial neste processo. Para tanto, não basta apenas que a empresa atinja este patamar. Há, também, a necessidade
Divulgação
ciclo 2008 e 2009. A ABRATI apoia institucionalmente o Prêmio ANTP de Qualidade.
Denise Cadete, coordenadora do Prêmio ANTP de Qualidade.
de seus fornecedores/parceiros terem essa qualificação, a fim de que se possam nortear as premissas básicas envolvidas na cadeia de excelência a ser atingida no decorrer do processo de prestação de serviços. Com o diagnóstico concluído, será possível estruturar projetos de desenvolvimento de fornecedores, para melhorar a competitividade das micro e pequenas empresas e, consequentemente, da cadeia de suprimentos das empresas premiadas pela Qualidade ANTP, explica Eliane Borges, analista do Sebrae. A pesquisa que servirá de base para o estudo da ANTP será realizada pela empresa Foco Opinião e Mercado.
ÔNIBUS VOLVO POTÊNCIA ATÉ NO NOME
Cinto de segurança salva vidas Agora a potência passa a fazer parte do nome de todos os ônibus Volvo no Brasil. Uma mudança que vai ajudar você a escolher sempre o melhor veículo para sua operação de transporte. Confira detalhes da nova nomenclatura no site www.volvo.com.br/onibus
Urbanos
Rodoviários
B290R 4x2 B360S B340M
B290R 4x2 B340R 4x2 B380R 4x2, 6x2 e 8x2 B420R 6x2 e 8x2
Ônibus Volvo. qualidade de vida no transporte
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nfraestrutura
Os 60 anos da grande ligação rodoviária do Brasil Há 60 anos, no dia 16 de janeiro de 1951, o então presidente da República dos Estados Unidos do Brasil (assim se chamava o País na época), general Eurico Gaspar Dutra, descerrou a placa de inauguração da rodovia BR-2, batizada como Rodovia Presidente Dutra e inicialmente conhecida como Nova Rodovia Rio-São Paulo. Ao mesmo tempo, a anterior estrada Rio-São Paulo, aberta em 1928, praticamente toda em terra, passou a ser chamada de Estrada Velha Rio-São Paulo. A solenidade aconteceu em um local próximo da cidade paulista de Lavrinhas.
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cidades de Guaratinguetá e Caçapava, além de seis quilômetros situados nas proximidades de Guarulhos. Ou seja, da extensão total prevista, de 405
quilômetros, haviam sido concluídos 339 quilômetros. Outro detalhe — menos importante na época — era que a maior parte da rodovia tinha pista
Fotos: Divulgação
a verdade, naquele dia, a BR-2 ainda não estava completamente pronta: faltava a pavimentação do trecho de 60 quilômetros entre as
A chamada garganta de Viúva Graça, um dos trechos mais desafiadores e de construção mais demorada na nova rodovia.
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simples, denominada de pista singela pelos construtores, com tráfego nos dois sentidos. Havia apenas dois segmentos com pista dupla, um de 46 quilômetros entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e um de dez 10 quilômetros entre a capital de São Paulo e a vizinha Guarulhos. A esses detalhes, porém, sobrepunha-se o fato de que a distância entre as duas capitais foi encurtada em 111 quilômetros, graças à utilização das mais modernas técnicas de engenharia da época e de equipamentos importados. Como o uso dessas técnicas e equipamentos, que até então nunca tinham sido utilizados no Brasil, foi possível superar obstáculos naturais antes invencíveis nos banhados da Baixada Fluminense; na área rochosa da garganta de Viúva Graça; na região serrana entre Piraí e Cachoeira Paulista e na Várzea de Jacareí. Mais ainda, a concepção avançada da rodovia incluiu a construção de rampas menos acentuadas e curvas mais suaves, o que, junto com a redução da distância, resultou em drástica redução no tempo de viagem, de 12 horas para 6 horas. Com os veículos da época e as condições técnicas oferecidas pela pista, tornou-se possível manter velocidades médias da ordem de 70 km/h. Tão comentado quanto esses avanços foi o custo da obra: 1,3 bilhão de cruzeiros, quase um escândalo para os padrões da época e objeto de muitas críticas por parte da imprensa e da própria sociedade civil. O governo justificava com o argumento de que a nova ligação entre o Rio de Janeiro e São Paulo era fundamental para o desenvolvimento do País, cujo desbravamento (palavra muito usada então) dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência.
Em local próximo de Lavrinhas-SP, o então presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, ouve o discurso que precedeu o descerramento da placa de inauguração.
A construção da Rodovia Presidente Dutra — esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de trabalhadores e movimentação de milhões de toneladas dos mais diversos materiais — representou um grande aprendizado e importante acúmulo de experiência para a engenharia rodoviária nacional. Exemplo disso foi a transposição da Várzea do Paraíba em um trecho de seis quilômetros de solo instável onde havia enormes depósitos de turfa. Para implantar um aterro submerso de 15 metros de profundidade e tornar a terra firme, foi preciso despejar no local nada menos que 12 milhões de metros cúbicos de terra, equivalentes a 1,6 milhão de caminhões cheios. Também difíceis foram as obras na garganta de Viúva Graça. Para encurtar distâncias, foi preciso transpor um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras, com escavações complexas ao fim das quais o paredão de granito havia sido rebaixado em 14 metros.
Estrada em obras, caminhões em comboio.
Na região de Queimados, Rio de Janeiro, trecho de pavimentação em concreto.
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Pista simples, pista dupla, depois concessão
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Rodovia Presidente Dutra encontrava-se em estado de deterioração. Foi incluída no programa no primeiro pacote de trechos que seriam entregues à exploração pela iniciativa privada, no regime de concessão. Saiu vencedora a empresa Concessionária da Rodovia Presidente Dutra S/A, conhecida como NovaDutra. Criada em outubro de 1995, assumiu a concessão em março de 1996. De lá para cá, até agosto do ano passado, a concessionária investiu R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões em obras e equipamentos. Em custos operacionais, foram desembolsados R$ 3,6 bilhões. Nesse período foi recolhido em impostos R$ 1,1 bilhão, sendo R$ 281 milhões
somente em ISS para as 36 cidades que margeiam a rodovia. Atualmente, a NovaDutra conta com 1.200 funcionários, equipamentos eletrônicos avançados e viaturas dotadas de modernos equipamentos para atendimento pré-hospitalar e operações rodoviárias, que atuam nas 24 horas do dia. O sistema de atendimento ao usuário — SOS Usuário — é formado por 11 bases operacionais. Atuam nas ações de socorro médico e resgate 77 médicos, 13 enfermeiros e 143 Agentes de Atendimento Pré-Hospitalar. O atendimento mecânico conta com 23 guinchos leves, 10 guinchos pesados e 17 viaturas de inspeção de tráfego.
Fotos: Divulgação NovaDutra
A historia da ligação rodoviária entre a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil) e a capital de São Paulo teve um de seus marcos mais importantes no dia 5 de maio de 1928, quando o então presidente da República, Washington Luís, entregou os 120 quilômetros de estrada que faltavam ser implantados no território fluminense para completar o percurso. O trecho paulista já estava construído. Com faixa de rolamento de oito metros de largura (pista simples), a Rio-São Paulo tinha apenas 37 quilômetros pavimentados. A extensao total era de 506 quilômetros. O segundo grande marco foi a entrega da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, que em pouco tempo tornou-se a mais movimentada do País. Com o aumento da frota nacional e do transporte de carga por rodovia, alguns segmentos da BR-2 começaram a congestionar, notadamente na Serra das Araras e na ponta de São Paulo. Em função disso, o Governo Federal decidiu realizar novos investimentos e, à medida que os recursos iam sendo disponibilizados, foi duplicando as pistas nos trechos mais críticos. Entre 1959 e 1960, foi construída uma nova pista de subida na Serra das Araras e duplicado um segmento de 42 quilômetros entre Guarulhos e Jacareí. A partir daí, foram sendo complementados gradualmente os 274 quilômetros restantes da duplicação. O grande esforço de construção ocorreu a partir de 1965 e a Dutra completamente duplicada foi entregue em 15 de novembro de 1968. Em 1995, quando o Governo Federal criou Programa de Concessões de Rodovias Federais — Procrofe — a
A Via Dutra atual: trecho da marginal depois da Linha Vermelha, no Rio de Janeiro.
O pinião
Divulgação
As oportunidades no País e os desafios da MAN
Ricardo Alouche Diretor de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America
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Brasil é e tem sido há algumas décadas um dos mais importantes mercados para ônibus no mundo, tanto em aplicações urbanas como rodoviárias. Ao longo dos últimos anos, nossas ruas e rodovias têm sido o palco do esforço dos profissionais do transporte que buscam melhorar o serviço ofertado para os que utilizam o ônibus como meio de locomoção. Frequentemente, profissionais da área de transporte de passageiros dos setores público ou privado de outros países e continentes nos visitam para conhecer nossas operações de transporte, em busca de ideias para guiar seus projetos locais. Em nossas operações, além do grande volume de passageiros transportados diariamente, os ônibus ainda têm que suportar as difíceis condições das nossas vias, enfrentando terrenos acidentados e pavimentos em
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condições precárias. Essa condições adversas são, quase sempre, as mesmas que encontramos nos locais de origem desses visitantes que vêm ao nosso País para descobrir como conseguimos administrar esta importante questão que é dar mobilidade para a população. As soluções veículares desenvolvidades por aqui, que foram testadas e comprovadas nas nossas condições mais severas, já são encontradas nos vários cantos do mundo e, repetindo os resultados brasileiros, levam qualidade de vida para as populações, que passam a ganhar mobilidade e, em consequência, têm acesso à educação e a novas oportunidades profissionais. Nós, da MAN Latin America, nos sentimos orgulhosos de participar dessas operações que dão mobilidade às populações e são de vital importância para a economia de um país. O momento atual é grande importância para o transporte público. Os grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil nos próximos anos trouxeram investimentos para o setor, e estão estimulando a implantação de novos sistemas de transporte nas cidades sedes dos jogos da Copa do Mundo. Os sistemas urbanos de transporte terão que estar preparados para aten der as grandes demandas de passageiros que circularão pelas cidades sedes. Nesse sentido, os BRTs são os sistemas mais indicados, pois além de atenderem o requisito de transportar um grande número de passageiros, ainda são os mais rápidos de ser im-
plantados entre os modais de grande capacidade de transporte. Esta é uma oportunidade para me lhorarmos a qualidade nos serviços de transporte oferecidos aos passageiros, e deverá ser o grande legado da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. A população que hoje utiliza os sistemas convencionais passará a contar com um transporte mais rápido, sem muito tempo de espera nas plataformas e com tempos de viagem reduzidos. Pelas características do sistema, os ônibus articulados serão maioria predominante nas frotas que operarão nos BRTs. De olho nesta tendência, antecipamos nossos planos e, em novembro passado, apresentamos ao público o nosso chassi Volksbus articulado, que fará parte da nossa linha de chassis para ônibus 2012. Construímos um veículo projetado na medida para atender às operações de grandes demandas de passageiros e com a preocupação de não penalizar os custos operacionais e de investimento inicial. Esperamos também um reflexo positivo para as operações rodoviárias e de turismo, que transportarão os turistas que circularão pelo País durante as semanas da Copa e provavelmente utilizarão o ônibus como meio de locomoção para o turismo regional. Hoje, atuamos pouco no setor rodoviário, pois nosso portfólio de chassis para ônibus ainda não está completo. Mas estamos estudando o segmento para, da mesma forma que nos urbanos, oferecer produtos apropriados para cada operação.