Cia do Metropolitano de São Paulo – Metrô Ações de Relacionamento Inclusivas: A Experiência do Metrô-SP Permanente Relacionamento Sumário da Experiência
Neste trabalho, vamos apresentar as diversas ações praticadas pelo MetrôSP voltadas para a inclusão social dos públicos como idosos e pessoas com deficiência. Entre as ações estão as visitas monitoradas semanais voltadas ao público idoso para orientação sobre o uso seguro do metrô e prevenção de comportamentos de risco, parcerias com instituições de reabilitação para treinamento do deslocamento nas estações e trens, capacitação contínua dos empregados para o atendimento às necessidades desses usuários, campanhas de orientação e sensibilização do público em geral para o respeito ao atendimento preferencial e reuniões com representantes de movimentos sociais para implementação de melhorias, como, por exemplo, mudanças no projeto de piso tátil. Com isso, buscamos facilitar o uso do sistema metroviário para esses públicos, bem como garantir a sua segurança e prevenir acidentes.
Cenário das Experiências
O Metrô-SP, mesmo antes de iniciar a operação comercial, desenvolve ações de relacionamento com os seus usuários. Inicialmente, como esse meio de transporte era desconhecido pela maioria da população, realizou visitas monitoradas com o objetivo de preparar os usuários para o uso do sistema metroviário. Tratavam-se de viagens para o reconhecimento dos equipamentos disponíveis e de orientação de como circular dentro desse meio de transporte. Além disso, desenvolveu um processo de escuta, por meio de pesquisa, para entender o que a população imaginava e esperava do metrô. Com isso, pôde se preparar para atender os usuários e satisfazer suas expectativas. Como se tratava de um meio de transporte novo, essas ações possibilitaram uma maior aproximação da população, buscando a sustentação deste empreendimento. No decorrer dos anos, outras ações de relacionamento foram sendo colocadas em prática sempre com intuito de propiciar um conhecimento maior sobre o funcionamento do sistema metroviário e um uso cidadão e, assim, construir um relação de parceria colaborativa. Mais recentemente, em função das transformações sociais e a promulgação de algumas leis como a gratuidade dos transportes coletivos para os idosos e a obrigação por parte das empresas de contratar um percentual de pessoas com deficiência, verificou-se uma intensificação da mobilidade e das atividades desenvolvidas por estes segmentos. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil tem 20,6 milhões de idosos. Número que representa 10,8% da população total. A expectativa é que, em 2060, o país tenha 58,4 milhões de pessoas idosas (26,7% do total). O que explica esse aumento não é só a melhoria da qualidade de vida, que ampliou a expectativa de vida dos brasileiros, mas também a queda na taxa de fecundidade dos últimos 50 anos. No Estado de São Paulo, os idosos já representam 11% da população, somando cerca de 5,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos. (*Secretaria de Desenvolvimento Social). Já as pessoas com deficiência no país representam 23,9% da população, sendo que a maior concentração ocorre no nordeste (26,6%), segundo o Censo do IBGE de 2010. A deficiência visual é a mais frequente, atingindo 35,8 milhões de pessoas com dificuldade para enxergar (18,8%), mesmo de óculos ou lentes de contato. A deficiência visual severa (pessoas que declararam ter grande dificuldade de enxergar ou que não conseguiam de modo algum) atinge 6,6 milhões de pessoas, sendo que 506,3 mil eram cegos (0,3%). Além disso, a expansão da economia também favoreceu os demais grupos sociais, com reflexos bastante impactantes nos sistemas de transporte coletivo, que teve a sua demanda crescendo continuamente. Hoje o Metrô SP transporta aproximadamente 4 milhões de passageiros em uma rede de 66 Km. Tendo em vista a vulnerabilidade dos usuários preferenciais, mais especificamente, os idosos e pessoas com deficiência, o Metrô desenvolveu algumas ações inovadoras voltadas para o fortalecimento destes grupos. Vale lembrar que o Metrô, desde o início, preparou seus empregados, com treinamentos específicos, para condução de pessoas com deficiência no sistema. Mesmo após tornar as estações mais acessíveis a essa população, com a instalação de rampas de acesso, elevadores, corrimãos adequados e piso tátil, os empregados estão disponíveis para ajudar aqueles que necessitam de ajuda. A seguir, serão apresentadas as ações de relacionamento desenvolvidas junto a esses grupos em função do contexto atual do sistema metroviário.
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Descrição das Experiências Ação com Idosos
A imagem da velhice, antes mais associada a limitações e inatividade, vem, gradualmente, mudando a partir de novas condutas de participação social de idosos em organizações civis, na educação, em eventos culturais e de lazer, etc. Eles circulam pela cidade, apropriando-se dos espaços públicos. Passeiam, trabalham, cuidam-se mais e contribuem com boa parte da renda familiar, favorecendo a paulatina desconstrução da imagem negativa do envelhecimento. Dentro deste contexto, a inclusão da mobilidade de cidadãos da “Terceira Idade”, mais do que um desafio e compromisso, ganhou status de uma ação de “Responsabilidade Social”, pela possibilidade concreta de contribuir para a transformação e melhorias das condições de deslocamento destes cidadãos. Comprometido em oferecer um atendimento diferenciado a esse público, o Metrô desenvolve várias ações, dentre elas:
Orientação a todos os empregados para prestar auxílio aos que necessitem de ajuda, antes mesmo que venham a solicitá-la. Acompanhamento por estagiários do Programa Jovem Cidadão para o deslocamento nas estações e auxílio no embarque e desembarque. Atendimento preferencial nas linhas de bloqueio em todas as estações. Disponibilidade de assentos preferenciais oferecidos em todos os trens, identificados na cor azul clara, em número acima do determinado pela lei. Orientação ao público em geral, por meio de campanhas sobre cidadania.
Aproximadamente, 6% dos usuários que utilizam o Metrô são idosos. Em relação aos usuários que viajaram no sistema metroviário nos últimos anos, esse valor equivale a uma média de 120 mil usuários idosos por dia. Tendo em vista essa realidade, o Metrô desenvolveu o Programa Experiente Cidadão, que consiste em visitas monitoradas ao sistema metroviário. Esse programa foi implantado em setembro de 2008, por ocasião do Dia Internacional do Idoso, e contempla encontros regulares com este segmento, em que se procura mostrar como funciona o sistema metroviário e os comportamentos de risco para acidentes. Vale lembrar que apesar de representarem, proporcionalmente, o menor grupo no sistema metroviário é o que mais se acidenta. Por meio das visitas monitoradas, recebem orientações sobre como circular de forma segura no sistema. Nessas reuniões, que são realizadas no Centro de Controle Operacional do Metrô e nas estações, são discutidos também temas relativos à qualidade de vida, direitos dos idosos e cidadania. O Programa já realizou 108 visitas e cerca de 3.170 idosos participaram da atividade. A partir dos encontros realizados com os idosos, ao longo de 5 anos, os temas vivenciados frequentemente, tornaramse reflexões que foram sistematizadas e serviram de referencial para renovar as ações práticas.
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O Metrô-SP tem participado ativamente da Semana Internacional de Prevenção de Quedas das Pessoas Idosas, que acontece anualmente no mês de junho. Em 2012, foi feita a distribuição de porta-cartões aos usuários com mais de 60 anos, com orientações de segurança durante toda a Semana Internacional.
Essa ação do Metrô teve como principal objetivo convencer e disseminar hábitos simples que previnem acidentes. Antes de passar pelos bloqueios, ao retirar o Bilhete Único do porta-cartão, os usuários eram lembrados das orientações de segurança. Em 2013, ao completar cinco anos do Programa Experiente Cidadão, o Metrô comemorou o Dia Internacional do Idoso e o 10º Aniversário do Estatuto do Idoso, com o lançamento da campanha “Metrô para Todos”. Por meio de cartazes, emissão de mensagens sonoras nas estações, trens, divulgação na TV Minuto e mídias sociais, foram divulgadas mensagens com o objetivo de orientar os usuários idosos sobre o uso adequado e seguro do sistema. Além disso, procurou-se sensibilizar os demais usuários sobre a necessidade de atitudes respeitosas com esse grupo. Mensagens Auditivas Emitidas nas Estações (Comemoração do Dia Internacional do Idoso): Idosos: atenção nas escadas rolantes. Segurem-se no corrimão e cuidado com os degraus. Idosos: utilizem preferencialmente o elevador. Ao embarcar e desembarcar do trem respeite os idosos. Evite acidentes. Cuidado com idosos nas escadas e corredores. Assim você colabora para evitar acidentes. Os assentos preferenciais, na cor azul-claro, são reservados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, idosos, obesos, gestantes e pessoas com crianças de colo// obrigado por respeitar esse direito. Nas páginas oficiais do Metrô-SP nas redes sociais também se veiculou a campanha Metrô para Todos:
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A campanha mostrou as possibilidades oferecidas pelo Metrô para melhorar a mobilidade de todos, respeitando sempre as diferentes necessidades dos mais variados públicos, enfatizando a educação e a convivência no transporte público, no sentido de estimular o respeito entre usuários e incentivar uma atitude mais solidária no sistema metroviário. A constatação de que as experiências acumuladas mereciam ser compiladas e organizadas para servirem como ferramentas de reflexão ao idoso era inequívoca. Assim sendo, aproveitando o período de comemorações, em outubro, o Metrô realizou o evento “Estação Maturidade”. Na ocasião, um grupo de 44 percussionistas – 60 a 90 anos – fez uma apresentação na Estação Brás para comemorar a data e o relançamento do “Manual do Idoso”, e proporcionou grande visibilidade para esse grupo social com a participação do público em geral.
Feito com papel reciclado, o livreto traz importantes recomendações sobre o uso seguro dos equipamentos que promovem a acessibilidade nas estações, como, elevadores e escadas rolantes, bem como dicas sobre o envelhecimento ativo. Esse manual também tem como objetivo uma mobilização permanente para as questões de acessibilidade, bem como o reforço da cidadania e possibilidades de inclusão desse segmento.
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Todas essas ações tiveram como principal objetivo mostrar que o metrô é para todos e que se deve respeitar as diversidades e necessidades dos mais variados grupos sociais. O principal apelo da campanha foi a garantia de um deslocamento confortável e seguro dos idosos nas instalações do metrô e que, para tanto, é fundamental a colaboração e respeito do público em geral. A experiência também reforçou o compromisso com o idoso, enfatizando a pró-atividade do empregado no atendimento dos idosos, respeito ao assento e embarque preferencial, a convivência harmoniosa entre os diversos públicos, a necessidade de eliminar obstáculos que favorecem acidentes, entre outros temas.
Ações com Pessoas com Deficiência O Metrô de São Paulo, desde a sua criação, se preocupou com a segurança, limpeza, padrão de atendimento, entre outros. A acessibilidade não era um conceito tão difundido na sociedade décadas atrás. Com a conscientização da sociedade sobre a necessidade de inclusão de pessoas com deficiência houve adequação de edificações e serviços, de maneira geral, e a empresa encampou essa ideia, mesmo antes de haver legislação e parâmetros definidos. O Metrô de São Paulo sempre contribuiu para a inserção das pessoas com deficiência na sociedade, garantindo o direito de suas necessidades de ir e vir, seja ao capacitar o seu quadro de empregados operativos (desde 1981) e estagiários do Programa Jovem Cidadão (desde 2007) para atender e auxiliar o deslocamento com segurança este segmento de usuários pelo sistema, bem como ao promover a adequação das suas instalações – estações e trens, tais como:
Instalação de elevadores, plataformas elevatórias e escadas rolantes;
Instalação de sistemas de comunicação para monitoramento no deslocamento;
Instalação de comunicação visual;
Instalação de sinalização e piso tátil;
Adequação de sanitários públicos e operacionais, corrimãos, faixas de travessia, calçadas e acessos;
Aquisição de equipamentos e adequação do mobiliário;
Capacitação e requalificação dos empregados em atendimento;
Veiculação de campanhas específicas;
Produção de manuais de orientação de uso do sistema metroviário;
As atividades desenvolvidas consistem em:
contato com entidades representativas desse segmento, para propagar o conhecimento sobre o sistema metroviário e obter informações sobre as necessidades desse público, auxiliando o processo de melhoria contínua do relacionamento e subsidiando novas ações para atendimento.
capacitação dos empregados para o auxílio a todas as deficiências de forma que as pessoas sejam acompanhadas em todos os momentos de utilização do sistema metroviário. O acompanhamento da pessoa com deficiência no sistema é feito por um sistema de monitoração em que o empregado ao embarcar a pessoa com deficiência avisa o CCO (Centro de Controle Operacional) que comunica a
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estação de desembarque para a sua recepção e para a sua recepção e condução. No ano de 2013, foram aproximadamente 618 mil acompanhamentos, sendo que 91% dos usuários acompanhados têm deficiência visual e 9% têm deficiência física ou restrição de mobilidade, conforme tabela a seguir:
programa de Visita Institucional, onde os visitantes têm a oportunidade de conhecer, em detalhes, a acessibilidade das instalações e equipamentos nas estações e trens de metrô, bem como sobre o funcionamento do sistema metroviário. A atividade é destinada às instituições de reabilitação e organizações da sociedade civil, com duração de 2h.
Como exemplo, desse tipo de visita, o Metrô-SP recebeu, em julho de 2013, cerca de 20 jovens com deficiência mental atendidos por um programa de inserção profissional do CIEJACampo Limpo (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) em parceria com a APABB (Associação de Pais e Amigos do Banco do Brasil). No encontro, os jovens conheceram a operação do sistema metroferroviário, percorrendo, com orientação, o trajeto de trem e metrô desde Capão Redondo até o Centro de Controle Operacional do Metrô (Paraíso). Essa ação faz parte do treinamento do Programa de Inserção Profissional (PIP) e visa preparar esses jovens para o uso do transporte público facilitando sua inserção no mercado de trabalho.
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Reuniões com Usuários Representantes de Pessoas com Deficiência
Mais recentemente, o Metrô SP vem aprofundando o relacionamento com grupos de pessoas com deficiência para ouví-los e, assim, melhorar a sua acessibilidade ao sistema metroviário. Com diversas iniciativas de formação e treinamento de cães-guia para cegos vem crescendo sua presença nas viagens metroviárias. Em outubro de 2013, teve início uma parceria da empresa com o usuário Gabriel e seu cão-guia, Júlia, que tem um blog na internet. Uma das ações resultantes desse relacionamento foi a divulgação, no perfil oficial do Metrô no Facebook, de orientações aos outros usuários em relação ao comportamento na presença desses animais “fofos e adoráveis” utilizando a imagem da própria Júlia.
Além dessa experiência, o Metrô SP tem realizado reuniões com grupos de pessoas com deficiência visual que não utilizam cão-guia.
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Essas reuniões contam com pessoas representativas de entidades que lutam pela inclusão de pessoas com deficiência e as discussões giram entorno de melhorias na circulação e atendimento a este grupo de usuários De acordo com o teor de suas reivindicações, esse grande grupo pode ser subdividido em dois segmentos preocupados com:
Questões relacionadas ao atendimento:
A solicitação principal desse subgrupo é a melhoria no serviço de acompanhamento pelos empregados da estação. O serviço de acompanhamento pelos empregados e Jovens Cidadãos é prestado em todas as estações: eles acompanham o usuário até o embarque no trem, seguindo as orientações do procedimento e do treinamento específico, de modo que na estação de desembarque haja outro empregado para acompanhá-lo até a saída da estação com segurança. O essencial seria uma maior sensibilização dos envolvidos com as necessidades das pessoas com deficiência visual na condição de vulnerabilidade a que ficam expostas quando há alguma falha no serviço dentro de um meio de transporte com grande fluxo de usuários. Os procedimentos que orientam os empregados no atendimento dos usuários que têm direito ao atendimento preferencial têm sido constantemente revisados, acolhendo as sugestões do público interno (empregados) e do público externo (pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade, em especial). As últimas adequações feitas foram fruto do relacionamento com Gabriel e Júlia, com a incorporação de sugestões para a melhoria do embarque de pessoas com deficiência visual acompanhadas de cão-guia. Outra recomendação incorporada ao texto do procedimento foi a de auxílio do empregado na estação de modo a mostrar o caminho ao cão que é o responsável pela condução da pessoa com deficiência
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visual (há casos em que o usuário com cão-guia prefere a condução pelo próprio empregado, assim, a orientação é perguntar ao cego qual a melhor forma de ajudar). Assim, foram incluídas regras específicas de atendimento à pessoa acompanhada de cãoguia, diferenciando-o do atendimento já dedicado à pessoa com deficiência visual.
Questões relacionadas á acessibilidade do sistema metroviário:
Para um melhor entendimento dessa ação de relacionamento, vale a pena fazer uma retrospectiva histórica. Em dezembro de 2004 foi promulgado o Decreto Federal 5296, que regulamenta as leis de acessibilidade, e o Metrô, seguindo sua trajetória de pioneirismo, já na virada do milênio entendeu a necessidade de se atender a essa parcela da população que passava a buscar cada vez mais os meios de transporte. Vale lembrar que, desde 2000, o Metrô já havia aberto suas portas para as diversas entidades da sociedade civil, a fim de ouvir as demandas, buscar soluções e trabalhar em conjunto, no sentido de estabelecer critérios, padrões e colaborar com a elaboração de normas. Após a publicação do decreto federal as ações se intensificaram, e as empresas de transporte coletivo metroferroviário criaram um plano de adaptação do sistema existente para se tornarem acessíveis. Em 2005, já estavam prontas as normas para essas adaptações, e isso já seria suficiente, não fossem as novas necessidades que foram surgindo ano após ano, necessidades que não estavam contempladas na legislação, mas que deveriam ser atendidas da mesma forma. Para essas situações, o Metrô SP sempre contou com seu corpo técnico para analisar a necessidade, dentro do universo de critérios técnicos e operacionais, inclusive ouvindo constantemente diversas associações representativas de pessoas com deficiência. Em 2013, alguns usuários com deficiência visual reivindicaram a oportunidade de serem ouvidos e o direito de opinar na acessibilidade das estações que iriam passar por processo de reforma. O pedido incluía o oferecimento de opções de locomoção diferentes do padrão até então utilizado pelo Metrô de SP - que priorizava o atendimento assistido pelos empregados e a utilização de caminhos direcionados aos elevadores. Esse grupo defende a possibilidade de locomoção autônoma das pessoas com deficiência visual pelo sistema, desde que devidamente treinados, utilizando o piso tátil em direção às escadas. Daí a importância de que o caminho pelo piso não ofereça nenhum tipo de restrição ou situação em que o usuário necessariamente precise ser assistido por um empregado do Metrô. A negociação começou com o acesso desses usuários à Alta Direção de Operações do Metrô, que os recebeu em uma reunião especialmente marcada para este fim. Ao término do encontro, receberam do Diretor de Operações a garantia de que o pleito seria então como o foi - atendido nas estações em que fosse possível a concepção dos equipamentos em acordo com a solicitação do grupo. Dessa forma, o Metrô de São Paulo passou a contar, nas estações reformadas em que isso foi viável, com piso tátil direcionando as pessoas também para as escadas fixas, além dos elevadores. Esse critério já era adotado na área livre, ou seja, desde os acessos até a linha de bloqueios (catracas), e depois dessas reuniões passou a ser adotado também na área paga, ou seja, desde a linha de bloqueios até as plataformas. Para realização desse estudo, o Departamento Técnico da Gerência de
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Operações do Metrô executou maquetes táteis da estação República, escolhida por ser a primeira a ter o piso reformado, e o grupo de deficientes visuais foi convidado para analisar os entraves de se permitir sua circulação autônoma, em meio a intenso fluxo de pessoas, em estações de grande complexidade espacial. A estratégia foi bastante satisfatória para ambas as partes, pois foi possível o entendimento entre cegos e videntes de uma forma que não seria possível sem a maquete tátil, pois todos puderam se expressar e compreender quando os demais expunham seus pontos de vista.
Campanhas Educativas de incentivo à Cidadania e à convivência com a Diversidade
O Metrô sempre investiu em campanhas para incentivar um ambiente de respeito entre seus usuários, focando também orientações de segurança para a prevenção de acidentes. Nos últimos anos, o Atendimento Preferencial ganhou destaque especial nas Campanhas da Companhia para garantir que todos possam usufruir, da melhor maneira possível, dos serviços oferecidos à população.
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As campanhas veiculadas foram as seguintes:
Prevenção de Acidentes nas Escadas Rolantes 2012 e 2013
De acordo com uma pesquisa da Secretaria do Estado da Saúde, cerca de 9 mil idosos são internados por ano no Estado de São Paulo devido a fraturas de fêmur em decorrência de uma queda. Estimou-se que ao menos 30% dos idosos paulistas com mais de 60 anos sofrem quedas ao menos uma vez por ano. No Metrô-SP, as ocorrências de acidentes são mais frequentes nas escadas e o público alvo é o idoso.Com o intuito de prevenir acidentes nas escadas foram colocados cartazes e adesivos com dicas de segurança nas escadas rolantes que apresentaram índices mais elevados de acidentes em 2012, o resultado foi positivo e, em 2013, a campanha foi ampliada.
Campanha Metrô para Todos – 2013
Para incentivar o respeito aos usuários com direito ao atendimento preferencial, seja nos elevadores ou no embarque e desembarque, o Metrô desenvolveu uma campanha para propagar o direito à prioridade no atendimento para idosos, pessoas com deficiência, gestantes e pessoas com crianças de colo, mostrando a infraestrutura e serviços que o Metrô disponibiliza para esses usuários e sobre a importância dos demais respeitarem esse direito. A campanha contou com banners espalhados nas estações mais movimentadas, painéis nos trens e estações e vinhetas nos trens, como já citado anteriormente.
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Campanha Cidadania 2013
Essa campanha é feita periodicamente e trata dos aspectos relacionados ao comportamento dos usuários ao abordar questões de educação e convivência no transporte público, como por exemplo, o respeito no embarque e desembarque e a utilização de fones de ouvido. Outro tema abordado foi o respeito e a solidariedade com idosos, pessoas com deficiência, gestantes e pessoas com crianças de colo, destacando a importância do assento preferencial. A campanha foi amplamente divulgada através de cartazes nos trens e estações, vinhetas nos monitores multimídia e ações nas redes sociais, onde o usuário podia compartilhar as peças da campanha para propagar cidadania e ações de respeito. Foi desenvolvida também uma ação interativa na estação República, (uma das mais movimentadas do Metrô) onde o usuário era convidado a “espalhar respeito” através de um sensor que captava os movimentos das pessoas para revelar as mensagens da campanha em um telão. Uma promotora aproveitava para explicar a importância de seguir as orientações dadas na Campanha.
Avaliação da Experiência
Finalmente, cabe destacar a efetividade dessas ações de relacionamento inclusivas. O Metrô-SP realiza anualmente uma pesquisa sobre o Comportamento dos Usuários, em que por meio de metodologia quantitativa é acompanhada a evolução do comportamento dos usuários, visto que a colaboração destes é fundamental para o êxito da produção do serviço. Observamos que, de modo geral, com o crescimento da demanda surgem mais frequentemente alguns comportamentos individualistas e desrespeitosos na disputa por espaço. No entanto, de acordo com os dados da tabela abaixo, pode-se verificar que, mesmo no último ano, quando foram atingidos recordes de demanda, há uma tendência de queda na frequência de alguns comportamentos relacionados ao tema aqui analisado.
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Comportamento: Não respeitar o Assento Preferencial
Comportamento: Não respeitar o Embarque Preferencial
Além desses indicadores, registrou-se queda no índice de ocorrência de acidentes com idosos, como se vê a seguir.
Índice de acidentes com idosos por milhão de passageiros transportados
2010
2011
2012
2013
1,01
0,96
0,96
0,89
Creditamos a melhora desses indicadores, ao conjunto das ações realizadas, cuja sinergia produzida estimula positivamente não só os públicos envolvidos como todo o quadro de empregados e colaboradores numa atuação mais compromissada com a cidadania e a inclusão social.
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Ficha Técnica
Ana Claudia Grieco Fratocchi
Analista de Desenvolvimento e Gestão – anagrieco@metrosp.com.br
Cecilia Guedes
Chefe do departamento de relacionamento com o Cliente – cguedes@metrosp.com.br
Claudia Tania da Silva
Analista de Desenvolvimento e Gestão – ctsilva@metrosp.com.br
Denise Daud Cardoso Supervisora de Pesquisa – ddaud@metros.com.br
Eliete Mariani
Arquiteta – eliete@metrosp.com.br
Fabio Martini Pontes
Arquiteto – fpontes@metrosp.com.br
Gislene Ferreira
Analista de Desenvolvimento e Gestão – gislenesk@metrosp.com.br
Marcos Leodoro Borges
Supervisor de Redes Sociais – mlborges@metrosp.com.br
Naomi Takeshita
Analista de Desenvolvimento e Gestão – ntakeshita@metrosp.com.br
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