PREFÁCIO Das contribuições que o Exército Brasileiro faz cotidianamente à Nação, aquelas relacionadas à educação e à cultura estão entre as mais relevantes, especialmente quando associadas à identidade brasileira de modo tão significativo como na Bahia. É o caso do complexo educacional formado pela Escola de Formação Complementar do Exército e pelo Colégio Militar de Salvador (EsFCEx/CMS), cujas trajetórias são retratadas resumidamente nesta obra que tenho a honra de prefaciar a convite do atual Comandante, Cel Costa Neto. Os desafios do nosso tempo projetam uma face particularmente áspera sobre os mais jovens, pela velocidade com que as transformações tecnológicas, sociais e políticas impõem novas visões do mundo em que vivemos e como devemos nos ajustar a essas realidades. Na crescente complexidade da vida contemporânea, a incerteza e a ansiedade estão presentes no cotidiano de todos. Daí a relevância de escolas dinâmicas alinhadas com perspectivas que possibilitem aos alunos compreender a realidade, desenvolver senso crítico próprio e se engajar no enfrentamento de temas variados e multidisciplinares. Aos profissionais da educação cabe, principalmente, adequar todo o corpo de conhecimento, incluindo as metodologias acadêmicas, às demandas da sociedade e às aspirações individuais dos alunos. A mera aplicação dos protocolos pedagógicos não é suficiente para garantir a esperada qualidade do ensino. A estrutura escolar deve proporcionar condições ótimas ao desenvolvimento de processos acadêmicos de excelência, que inspirem a adesão das pessoas. Nesse sentido, foi a sinergia dos esforços concentrados do Comando, da Direção
de Ensino, do Corpo Docente, do Corpo Administrativo e da Associação de Pais e Mestres que fez a diferença na EsFCEx/CMS, durante o período em que acompanhei suas rotinas como Diretor de Educação Superior Militar e, recentemente, como Comandante da 6a Região Militar. O foco no melhor desempenho dos alunos e no ambiente de cooperação possibilitou obter resultados signif icativos, mesmo a despeito das restrições impostas pela pandemia de COVID-19, incluindo a ampliação no uso de ferramentas de tecnologia da informação, bem como no aperfeiçoamento da didática do ensino a distância. Em retrospectiva, o Colégio Militar de Salvador, criado em 1957, escola p re d e c e sso ra d o c o m p l exo E sFCEx / CMS, com certeza sofreu a evolução mais impactante, tendo sido desativado, reativado, tendo incorporado o segmento feminino, além de efetivar outras dezenas de adequações pedagógicas e administrativas em conformidade com a evolução das legislações federais, estaduais e municipais. Também, no final da década de 1980, a evo l uç ã o d a so c i e d a d e b ra si l ei ra proporcionou condições favoráveis à criação de um corpo técnico de oficiais de carreira do Exército, o Quadro Complementar de Oficiais (QCO), que não necessitava de capacitação semelhante àquela focada nas operações de combate, conduzida na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende-RJ. Esse corpo técnico seria composto por homens e mulheres, profissionais das áreas do Direito, Administração, Informática, Comunicação Social, Economia, Ciências C o nt á b e i s, E st at í st i c a , M a gi st éri o, Pe d a go gi a , P si c o l o gi a , E nfe r m a gem e Veterinária, graduados pelas instituições de
GENERAL DE DIVISÃO JOÃO BATISTA BEZERRA LEONEL FILHO ANTIGO COMANDANTE DA 6ª REGIÃO MILITAR
ensino superior civis, que complementariam sua formação acadêmica com a militar em uma escola do Exército. Com tal objetivo, a solução foi criar a Escola de Administração do Exército (EsAEx), em 1988, a partir da estrutura física do, então desativado, Colégio Militar de Salvador. Mais tarde, a EsAEx foi transformada em Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), por ter incorporado outras capacidades acadêmicas além das relacionadas à administração, a fim de também formar oficiais farmacêuticos e dentistas. Concluindo, esta edição comemorativa deixa importante registro deste panorama, além de constituir documento de referência sobre um case de sucesso, do impacto transformador que o complexo educacional EsFCEx/CMS teve na vida de muitas famílias, na sociedade, no Exército e no próprio Brasil. Nosso reconhecimento e agradecimento a todos que construíram este legado e continuam construindo esta história! Parabéns! BOA LEITURA!
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PALAVRAS DO COMANDANTE O projeto deste livro foi uma ideia concebida após seis meses à frente da EsFCEx/CMS, lendo e escrutinando várias revistas, livros, álbuns de fotos e outros arquivos existentes no Espaço Cultural da Escola. Alguns desses materiais, em especial os livros de dois decanos do CMS, Professores Ivan e Fraga Lima, tocaram-me bastante e fizeram-me perceber o quanto era rica a história desta Organização Militar. Entretanto, observei que havia ainda muitas lacunas em função do longo tempo de existência do Colégio não retratado nos livros e do pouquíssimo acervo sobre a EsFCEx.
RUBEM MENDES DA COSTA NETO - CEL COMANDANTE DA ESFCEX/CMS
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Diante dessa situação e na medida em que fui me identificando com esses dois Estabelecimentos de Ensino, constatando a importância deles para a Força e a nobreza de suas missões, assim como o valor e a forte ligação das Escolas com esta terra soteropolitana abençoada pelo Senhor do Bonfim e pela Santa Dulce dos Pobres, minha terra natal, resolvi dar o start neste projeto. Com o apoio de vários integrantes da Escola e colaboradores externos, partimos para a elaboração de um registro histórico único que pudesse
englobar a trajetória do Colégio Militar de Salvador (CMS) e da atual Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), antiga Escola de Administração do Exército (EsAEx), desde a criação dos dois Estabelecimentos de Ensino (EE) até o início do ano de 2021. O trabalho está dividido em nove capítulos e preenche lacunas na narrativa das experiências e transformações dos EE, ao mesmo tempo em que relata fatos e episódios marcantes nos 64 anos do CMS e 33 anos da EsFCEx. Depoimentos emocionantes e muito ricos de personalidades que fizeram, e ainda fazem, parte desta belíssima história demonstram a evolução, a grandiosidade, a relevância e a excelente qualidade desses dois tradicionais Estabelecimentos de Ensino do nosso Exército Brasileiro, num momento especial em que é comemorado o Jubileu de Diamante – 60 anos – na agradabilíssima e acolhedora área da Pituba. O CMS foi criado pelo Presidente Juscelino Kubitscheck, por meio do Decreto n°40.843 de 28 de janeiro de 1957. A ideia de criação de um Colégio Militar em Salvador era muito antiga e correspondia a um velho sonho dos baianos. Desde então, o CMS, carinhosamente chamado de Nobre Cadinho, ocupou três
diferentes sedes, tendo sido a primeira, de forma provisória, na Rua Agripino Dórea, num casarão em Pitangueiras, no bairro de Brotas. Sua inauguração oficial ocorreu no dia 2 de julho de 1957, coincidindo com uma das datas mais significativas para o povo baiano: o dia da Independência do Brasil na Bahia. Apesar de o Colégio ter começado as suas atividades em Pitangueiras, as autoridades baianas e as altas autoridades do Exército da época sabiam que aquelas instalações e o seu terreno eram muito acanhados para a grandeza do projeto CMS. Por essa razão e por entendimentos entre o governo do Estado e os militares no sentido de encontrar um local que fosse mais adequado ao funcionamento pleno do CMS, foi realizada a doação, em 1959, ao então Ministério da Guerra de um enorme terreno situado no bairro da Pituba, que oferecia as condições ideais para o funcionamento e até para uma futura expansão das instalações do CMS. Posteriormente, em 1961 e novamente no dia 2 de julho, foi realizada a inauguração oficial do Nobre Cadinho na sua segunda sede. Nos dois capítulos iniciais do livro, é abordada, de maneira bem detalhada, essa criação do CMS, a sua primeira sede, a transferência para a Pituba e, em especial, a primeira turma de alunos, que realizou o curso no período de 1957 a 1964, com a narração de eventos e fatos significativos da época. Em seguida, no capítulo 3, vamos navegar pelo período de 1965 a 1988 e acompanhar o crescimento da estrutura do CMS na nova sede, algumas particularidades importantes da formação dos alunos com base nos valores e nas tradições do Exército Brasileiro, a valorização da prática desportiva, a atuação destacada de alunos nesta área e o sucesso profissional de outros discentes que ratificaram o valor da educação no CMS. Ainda nesse capítulo, veremos a criação da Associação de Ex-Alunos, que desempenha
um papel fundamental no apoio a diversas demandas do CMS e na integração de várias gerações, sem desconsiderar o valioso trabalho realizado por ela na reativação do Colégio em 1993/1994. Por fim, é tratada de forma simples e rápida a triste notícia do fechamento do CMS no final de 1988, o que caracterizou um duro golpe para a sociedade baiana.
EsAEx na atual EsFCEx; as novas instalações do CMS, na rua das Hortênsias, na área da Pituba e Itaigara; a ampliação da Seção de Educação Física; as novas atribuições da EsFCEx (condução do Estágio de Instrução para Capelães Militares e do Curso de Formação para Capelães Militares); assim como outros acontecimentos significativos ocorridos nesse intervalo de tempo.
No capítulo 4, vamos relembrar como foi a criação da antiga EsAEx em 1988 e do Quadro Complementar de Oficiais (QCO) em 1989, bem como os primeiros anos de funcionamento da nova Escola, que tinha como missão formar os Oficiais do Quadro Complementar do Exército, visando à inclusão na Instituição de especialistas já graduados em diversas áreas do conhecimento para desempenhar tarefas complementares à atividade-fim da Força Terrestre. Um fato marcante, que foi o ingresso da mulher no Exército Brasileiro, também é retratado nesse capítulo, assinalando que a Escola é considerada o berço do segmento feminino na Instituição.
Ao chegar à época recente, 2020, ano do início da pandemia, veremos de forma especial, no capítulo 7, como a EsFCEx e o CMS se adaptaram a essa nova realidade e conseguiram superar os inúmeros desafios apresentados, cumprindo com excelência todos os objetivos inicialmente propostos, além de outros de caráter relevante que foram surgindo ao longo do ano. Nessa exposição, poderemos observar a resiliência, a adaptabilidade, a capacidade de planejamento contínuo e a importância do entusiasmo e do comprometimento dos integrantes de ambas as Escolas com a nobre missão de manter elevada a qualidade do ensino e de fazer dos alunos do CMS cidadãos cônscios de seus deveres e de suas responsabilidades, bem como de formar e aperfeiçoar Oficiais do QCO e do QCM; e de especializar, sempre com excelência, os Oficiais das Armas, Quadros e Serviços para as funções de chefia e assessoramento de Estado-Maior e de Ordenador de Despesas.
Mais adiante, no capítulo 5, vamos ver a reativação do CMS, que felizmente voltou a funcionar em 1994, por meio de um convênio firmado entre o governo do Estado da Bahia e o Exército Brasileiro, acolhendo, assim, os anseios da sociedade local pela retomada de um EE que sempre foi e continua sendo motivo de orgulho na área de educação para o povo baiano. Em seguida, no capítulo 6, será exibida a trajetória das Escolas desde 1994 até o ano de 2019, expondo momentos singulares da história de cada uma ao longo desse período. Dentro desse contexto, destacam-se: a primeira turma de alunos em 1994, chamada de “Renascer”, que incluiu o segmento feminino no CMS; a transformação da
Ainda nesse capítulo, perceberemos o quanto somos fortes, propositivos e senhores de nossos destinos; forjados para a vitória e educados para superar adversidades e para somar esforços em todas as circunstâncias. O livro retrata, também, em outro capítulo, a atuação de eternos educadores, professores e grandes colaboradores nessa história de sucesso e reconhecimento, pessoas que com muito trabalho e paixão marcaram suas passagens pelo CMS ou pela EsAEx/EsFCEx e ficaram gravadas em gerações de alunos.
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No capítulo 9, o último desta obra, teremos a oportunidade de conhecer um pouco sobre o trabalho e o perfil dos eternos Comandantes desses dois Estabelecimentos de Ensino, apresentando um extrato da trajetória profissional de cada um deles, de algumas de suas realizações à frente do CMS e/ou da EsFCEx (antiga EsAEx), do significado dessas Escolas para a vida de alguns e para o Exército, bem como desfrutaremos de mensagens especiais dessas personalidades que se dedicaram de corpo e alma à nobre, gratificante e difícil missão de comandar. Não há dúvida de que este livro vai muito além da história desses dois EE, na medida em que retrata também um pouco da vida e do sucesso alcançado por vários de seus antigos alunos, integrantes e Comandantes, realçando o valor e a força da educação militar, assim como a grandeza do Sistema de Ensino do Exército na Bahia. Esta obra tem algo especial, pois, além de narrar histórias de vidas que se imbricaram no caminho do conhecimento, ela fortalece entre nós, homens e mulheres do passado
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e do presente, os laços de amizade e companheirismo, laços que acompanham os audazes e notabilizam os fortes em espírito. Antes de encerrar, cabe esclarecer que a consecução deste projeto contou com o auxílio de antigos integrantes dos dois Estabelecimentos de Ensino, que nos enviaram fotos e depoimentos marcantes de momentos aqui vivenciados. No entanto, a obra só foi de fato possível graças à dedicação, ao trabalho de pesquisa e aos fortes laços criados com essas Escolas pelos militares da atual gestão encarregados de escrever e organizar os capítulos. Nesse contexto, destaco o Capitão QAO Cabral, responsável pelo Capítulo 1; o Major QCO Fontes, responsável pelo Capítulo 2; o Tenente-Coronel R1 Félix, responsável pelo Capítulo 3; a Tenente-Coronel QCO Nadja e o Maj QCO Castro, responsáveis pelo Capítulo 4; o Coronel R1 Emanuel, responsável pelo Capítulo 5; os Majores Antunes, Farias e Queiroz, responsáveis pelo Capítulo 6; o Major Santos Braga e a Cap QCO Paola, responsáveis pelo Capítulo 7; o Tenente-Coronel QCO Genebaldo, responsável pelo Capítulo 8; e o Subtenente R. Marques, Adjunto de Comando,
responsável pelo Capítulo 9. Destaco nessa turma a paciência na reformulação dos capítulos que, por várias vezes, iam e voltavam nos despachos com este Comandante, que sempre tinha alguma coisa a acrescentar ou corrigir, mas tudo com o objetivo de melhor organizar os assuntos abordados e a escrita empregada, evitar repetições e fazer uma seleção inicial das imagens. Outra contribuição especial ficou por conta do trabalho meticuloso e profissional da Major QCO Adriana Castro, apoiado pelo Cap QAO Cabral, na revisão final dos textos, da ortografia e da linguagem, sempre com o intuito de garantir a clareza e a precisão das informações transmitidas, e também da Cap QCO Paola e do 1º Sgt Marcos na seleção final e no tratamento das imagens. A todos esses colaboradores a minha eterna gratidão pela dedicação total à causa de resgatar e manter viva essa riquíssima história do “recinto sagrado’’ e da “casa do QCO” e pela vigilância para que essas lembranças e tradições se perpetuem cada vez com mais intensidade.
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A CRIAÇÃO DO CMS E SUA PRIMEIRA SEDE – CASARÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA A educação militar no Brasil está alicerçada no compromisso de transmitir e preservar valores éticos, históricos e culturais do país e, especialmente, do Exército Brasileiro. Nesse contexto, o Sistema Colégio Militar do Brasil exerce a função de preparar seus alunos, tanto para as carreiras militares, quanto para as profissões e funções civis, públicas ou privadas. O surgimento do primeiro Colégio Militar data do Brasil Império, no século XIX, com o aumento da importância e influência das Forças Armadas (Exército e Marinha) advindo da participação vitoriosa na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870).
A efetiva criação do primeiro Colégio só foi concretizada em 9 de março de 1889, quando o Imperador D. Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 10.202, legitimando o Imperial Colégio Militar da Corte, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império. Sua finalidade era absorver os órfãos do sexo masculino de militares mortos na Guerra do Paraguai. Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o estabelecimento de ensino passou a chamar-se Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ). A partir daí, deu-se início ao que se denomina hoje Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), caracterizado como um subsistema de ensino do Exército Brasileiro. Atualmente abrange 14 Colégios Militares (CM), espalhados por todas as regiões do país, que oferecem o ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e o ensino médio (do 1º ao 3º ano). Na sociedade brasileira dos anos 1950, várias vertentes de pensamento,
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além das esferas governamentais, estavam sendo constituídas e divulgadas na tentativa de estudar a realidade do Brasil, cada uma com sua própria perspectiva educacional. Em meio às mudanças históricas dessa época, a legislação educacional funcionava por meio de um emaranhado de portarias e circulares, como se formasse um universo fragmentado de leis, adaptado e modificado às conveniências, às exigências e às mudanças da própria estrutura sociocultural brasileira. Ao longo da década de 1950, foram travadas grandes discussões sobre os caminhos educacionais do país e, consequentemente, dos valores da Educação. As constantes alterações no sistema de educação do Exército estavam contextualizadas pelos momentos históricos e políticos que o Estado Brasileiro atravessava durante a década de 1950. Percebiase, à época, que a escola e seu planejamento educacional tradicional não conseguiam mais assegurar um ensino de qualidade em virtude de diversas transformações sociais. Nesse ambiente, surgiu o desafio de se desenvolver um planejamento educacional que oferecesse cenários alternativos para a melhoria da qualidade do ensino. Ao assumir o Ministério da Guerra em 1955, o General Teixeira Lott estabeleceu uma meta de ensino para o Exército, na qual a prioridade era expandir a qualidade educacional do Colégio Militar para outras regiões. Nesse momento histórico, houve uma expansão da rede escolar do SCMB e foram criados os seguintes Colégios Militares:
1955 - Criação do Colégio Militar de Belo Horizonte; 1957- Criação do Colégio Militar de Salvador; 1958 - Criação do Colégio Militar de Curitiba; e 1959 - Criação do Colégio Militar de Recife. A implementação do Colégio Militar de Salvador foi mais um momento marcante para toda a comunidade baiana, coerente com uma proposta expansionista do SCMB e alicerçada nas tradições, costumes, práticas e evolução da história do Exército Brasileiro. Foram fundamentais nesse processo uma política desenvolvimentista do Governo Federal e o grande esforço e a valiosa cooperação do Governo do Estado da Bahia. Os estudos para a criação do Colégio Militar de Salvador (CMS) ocorreram por iniciativa de lideranças políticas locais em entendimento com as altas autoridades do Exército, conscientes da necessidade da valorização do ensino de qualidade.
Graças ao empenho e à tenacidade do General Nilo Horácio de Oliveira Sucupira, então Comandante da 6ª Região Militar, junto ao Doutor Regis Pacheco, Governador do Estado da Bahia, foi sancionado, em 14 de dezembro de 1953, o Decreto nº 623, pelo qual o Poder Executivo Estadual ficou autorizado a abrir um crédito especial de Cr$ 3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros) para aquisição de um terreno destinado à construção do Colégio Militar. Foi escolhido, no bairro de Brotas, um terreno pertencente à Caixa Econômica Federal, na capital baiana, e, já no orçamento da União de 1954, figurou a verba de Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros) para início das obras de construção do Colégio. Entretanto, em 1955, verificou-se que o referido terreno, em virtude de sua pequena área, não estava de acordo com a finalidade a que se propunha. Em consequência, o Comandante da 6ª Região Militar, General Eduardo de Carvalho Chaves, em 2 de junho de 1955, dirigiu ofício ao Ministro da Guerra, General Teixeira Lott, no qual sugeria a desistência daquele terreno e a procura de um outro com a área mínima de 500x500 metros, no bairro da Pituba, subdistrito de Brotas, não só pela excelente localização, como ainda pelo interesse do Senhor Antônio Balbino de Carvalho, Governador do Estado da Bahia, em adquirir e doar um terreno para a instalação do Colégio. O General Lott, Ministro da Guerra, aceitou a sugestão e escolheu-se um terreno à margem da Estrada Pituba, o qual seria doado ao Ministério da Guerra pelo Governo do Estado. Feita a doação, o Senhor Presidente da República, por meio do Decreto nº 40.569, de 18 de dezembro de 1956, autorizou o Ministério da Guerra a aceitar o imóvel no bairro da Pituba, em Salvador, com área aproximada de 250.000 m2, para a construção do Colégio. O Governador do Estado, Doutor Antônio Balbino de Carvalho, ao constatar lentidão na concretização de ideia já aprovada, dirigiu ao Ministro da Guerra ofício, datado de 29 de outubro de 1956, expressando o seu desejo de que o Colégio Militar funcionasse já no ano de 1957, provisoriamente instalado em prédio pertencente ao Estado, desde já posto à disposição daquele Ministério, com a promessa de ser posteriormente transferido, em definitivo, para uma sede própria. De acordo com o Radiograma nº 4702/D, do Chefe do gabinete do Ministro da Guerra, foi designada a comissão de recebimento do prédio do Instituto de Preservação e Reforma, onde funcionaria, provisoriamente, a sede do Colégio Militar de Salvador, à Rua Agripino Dorea, nº 26, nesta Capital, mobiliada inicialmente pelos Maj Gerson Alvite, Maj Inf Alonso de Oliveira Filho e Maj Art Nicanor de Sá Oliveira Filho.
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DECRETO DE CRIAÇÃO A efetiva criação do Colégio Militar de Salvador ocorreu em 28 de janeiro de 1957, quando o Presidente da República, Doutor Juscelino Kubitschek de Oliveira, assinou o Decreto Presidencial nº 40.843, publicado, na mesma data, no Diário Oficial da União. Pelos termos do Decreto, há uma ligação íntima entre o Colégio Militar de Salvador e o Colégio Militar do Rio de Janeiro, pois este último é o mais antigo e sempre foi o berço e a fonte de inspiração para a propagação da relevância do SCMB na organização e no funcionamento da Força Terrestre. O referido Decreto determinava, ainda, que o edifício do Colégio deveria ser erguido no bairro da Pituba e tratava, também, da urgência de sua execução.
O CASARÃO DE PITANGUEIRAS O Colégio foi instalado, provisoriamente, na Rua Agripino Dórea, nº 26, em Pitangueiras, bairro de Brotas, um bairro populoso e situado na capital baiana, num velho casarão cedido pelo Governo do Estado, onde funcionava o Instituto de Preservação e Reforma, chamado vulgarmente de “Escola de Menores”. O prédio tinha uma fachada precedida de uma ala de palmeiras imperiais, cujas palhas farfalhavam nas alturas, e era guarnecido por grades e janelas de ferro imponentes. Era um velho casarão em ruínas, com paredes esburacadas, já sem reboco em vários pontos. Não havia pátio para formatura, não tinha instrutores ou professores, não tinha guarda. Por fora, um acesso de terra que se tornava lama a uma chuva qualquer; por dentro, nada de mobiliário; e, nos fundos do casarão, havia uma piscina soterrada.
O velho casarão
O funcionamento do Colégio exigiu grandes esforços, gastos consideráveis e inúmeras adaptações, a fim de transformar a ruína num prédio capaz de abrigar alunos e professores. Houve novas construções, paredes consertadas, rebocos restaurados, pisos refeitos e teto reformado. Na parte externa, foi instalada uma espessa camada de gravilhão, para encobrir a terra suja. Transformou-se, assim, o “velho casarão” em um edifício novo, trazendo daquelas ruínas do passado acomodações compatíveis com os tempos modernos.
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Prédio recuperado para o início do ano letivo de 1957.
INÍCIO DO FUNCIONAMENTO Em 5 de abril de 1957, o Colégio Militar de Salvador começou a funcionar em sua sede provisória, no bairro de Pitangueiras, em um velho casarão em ruínas, que, após algumas reformas, foi transformado em um prédio capaz de abrigar alunos e professores. Também em 5 de abril, assumiu o comando, interinamente, o subcomandante Ten Cel Almir Soeiro, na falta do comandante titular que ainda não tinha chegado do Rio de Janeiro. Foram instaladas, com seus titulares e chefes, a Subdireção de Ensino, a Subseção de Planejamento, o Gabinete e Seção Técnica de Ensino e a Divisão Administrativa e Fiscal. Foi designado para a função de subcomandante o Maj Silvio Silveira. O Colégio começou a funcionar sem salas de aula adequadas, sem lugar próprio para a administração, mas a maior preocupação era a falta de professores. Inicialmente foram nomeados apenas dois professores para o Colégio, o Maj Algedy Ubiracy de Souza e o Cap Alberto Goulart Paes Filho, já que o Exército contava com os profissionais que preencheriam as vagas do concurso aberto para o
Magistério e que supririam as demandas nas disciplinas de Português, Francês, Geografia, Desenho, Matemática e Latim. A primeira seleção para composição do corpo docente do CMS ocorreu em março de 1957, quando houve nove candidatos inscritos e apenas quatro aprovados: - Português - Aristides Fraga Lima; - Latim - David Mendes Pereira; - Geografia – Waldir Freitas Oliveira; e - Francês – Remy Pompílio Fernandes de Souza. Os professores aprovados não foram nomeados de imediato, deixando o Colégio numa situação crítica. O Coronel Uchôa convidou os quatro professores civis aprovados a cooperarem com a instituição, lecionando sem vencimentos, enquanto aguardavam a homologação dos seus contratos. Todos aceitaram de imediato e, graças a essa atitude de compromisso e dedicação ao ensino, o Colégio pôde iniciar suas atividades.
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02 A PRIMEIRA TURMA DO CMS Neste capítulo, conheceremos fatos históricos relacionados à primeira turma, que ingressou em 1957, e a turma seguinte, de 1958, sendo a primeira a realizar o curso completo no Colégio Militar de Salvador (CMS). Após a sua criação, pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, foram publicadas as Portarias que nomearam o Comandante do CMS, o Coronel Uchôa; o Subcomandante, o Tenente-Coronel Soeiro; militares do seu Estado-Maior; Adjuntos Catedráticos; a Portaria que concedeu autonomia administrativa ao Colégio; e a Portaria nº 251, de 30 de janeiro do mesmo ano, que regulou as providências para o funcionamento do Colégio. Também foi publicada a Portaria nº 388, de 13 de fevereiro de 1957, que aprovava “As Instruções Provisórias do Concurso de Admissão ao CMS”, regulamentando o concurso para a 1ª série ginasial (atual 6º ano) em regime de externato.
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Em 5 de abril de 1957, no Boletim Interno nº 1, foram transcritas todas as informações pertinentes aos documentos acima citados e os aspectos do primeiro concurso de admissão ao CMS, baseados na já mencionada Portaria nº 251. Boletins Regionais da 6ª Região Militar – 6ª RM nomearam o Coronel Lauro dos Santos para a presidência da Comissão de Aplicação e Fiscalização – CAF, o Major Milton Campos para a presidência da Comissão de Sindicância, e seus membros, o Major Silvio Silveira e o Major José Augusto Vaz Sampaio Neto (substituído pelo Capitão Mario Sperança), bem como seus auxiliares, que seriam cedidos do efetivo de oficiais e sargentos do Centro Preparatório de Oficiais da Reserva – CPOR/6.
Após o concurso e os exames intelectual e de saúde, dos 417 inscritos, 146 candidatos conseguiram ser aprovados, 239 foram reprovados e 32 não compareceram. Nesse primeiro concurso de admissão ao CMS, o 1º colocado foi o inscrito nº 97 – Celso Dalmar de Castro Medeiros Gomes, com nota final de 9,422.
Ainda nesses documentos regulatórios, havia diversas informações complementares acerca do concurso, dentre elas: o Exame Intelectual, a ser realizado nas dependências do CPOR/6, com duas horas de duração para cada disciplina, e distribuído nas seguintes datas:
- 1ª Prova – Português – dia 11 de março de 1957;
- 2ª Prova – Matemática – dia 13 de março de 1957;
- 3ª Prova – Geografia – dia 15 de março de 1957; e
- 4ª Prova – História do Brasil – dia 18 de março de 1957.
Definiu-se, também, que o Hospital Geral de Salvador seria o local onde se realizaria o exame médico dos candidatos aprovados e que a inscrição deveria ser feita no Quartel-General da 6ª RM. Ao final do prazo de inscrição, 417 meninos haviam se candidatado para o concurso de admissão ao CMS, concorrendo a um total de 200 vagas. O primeiro candidato inscrito foi José Pessoa Martinelli, que, após provas e exames médicos, conseguiu lograr uma vaga no nobre cadinho, sob o número 90 - Martinelli.
O 1º colocado no concurso, aluno Dalmar, como o 1º porta-estandarte do CMS
O Professor Aristides Fraga Lima fez uma menção ao referido aluno em seu livro “Colégio Militar do Salvador – 28 anos”:
[...] Nascido em Penedo, Alagoas, filho de Valdemar Medeiros Gomes e dona Maria Alice de Castro Medeiros Gomes, este aluno, que se matriculou com o número 36 e tomou o “nome de guerra” Dalmar, foi uma estrela de primeira grandeza que brilhou entre os seus condiscípulos, sem nunca desmerecer a sua classificação do exame de admissão [...]. (FRAGA LIMA, 1985, p.26)
1º candidato inscrito no concurso de admissão do CMS
O aluno Dalmar, após matriculado no CMS sob o número 36, foi classificado como oficial-aluno e tornou-se o primeiro Comandantealuno do Colégio Militar de Salvador.
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O INÍCIO DO PRIMEIRO ANO LETIVO NO CMS Após a matrícula dos 146 candidatos aprovados, o Cel Uchôa organizou uma formatura para marcar o início do ano letivo no CMS. Nessa oportunidade, os novos alunos puderam entrar em contato com o novo fardamento e o estilo de formação de uma Escola Militar. A data escolhida para tal evento foi o dia 2 de maio de 1957. Essa primeira formatura contou com a presença do Governador interino da Bahia, Deputado Laudislau Cavalcante; o Comandante da 6ª RM, General Carvalho Chaves; o Cardeal Augusto Cardeal da Silva; secretários de Estado; oficiais das Forças Armadas e diversas outras autoridades.
O Professor Aristides Fraga Lima, que esteve presente na cerimônia, descreveu, em seu livro, como foi o evento: “[...] O aparato foi de um brilhantismo fora do comum: a rua principal, Agripino Dórea, ficou quase intransitável; as artérias vizinhas, aliás muito poucas, encheram-se de carros; o Largo dos Paranhos era uma praça forrada de automóveis; dentro dos muros do Colégio o povo se comprimia para ver, pela primeira vez, o grupamento de alunos formado, e ouvir as primeiras palavras do Comandante [...]” (FRAGA LIMA, 1985, p.28)
Iniciou-se a solenidade com o hasteamento do Pavilhão Nacional pela primeira vez no CMS e, em seguida, o Coronel Uchôa leu a Ordem do Dia. Em suas primeiras palavras, o Comandante do CMS fez a abertura oficial das aulas no Colégio; destacou as autoridades que permitiram a sua criação e as dificuldades e os desafios enfrentados até aquele momento, impedindo uma inauguração plena. No entanto, prometeu que isso aconteceria de forma oficial no dia 2 de julho daquele ano e que contaria com a presença das mais diversas autoridades, bem como representações de outras Escolas Militares e Institutos de Ensino do Estado da Bahia.
Jornal “A Tarde” do dia 2 de maio de 1957
Os novos alunos do CMS em forma pela primeira vez (1957)
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Ressaltou, ainda, a importância daquela solenidade e seu significado histórico, como, também, incentivou os novos alunos a terem confiança e fé em si mesmos e em suas capacidades. Descreveu os valores que seriam ali cultuados, o apoio e os ensinamentos que os professores e instrutores lhes dariam no decorrer do curso, visando à preparação intelectual, física e moral. Concluiu o seu discurso agradecendo a presença das autoridades e realçando a importância do Pavilhão Nacional como representação de nossos valores mais sagrados e nossas qualidades como Nação.
- GEOGRAFIA: Prof civil Waldir Freitas Oliveira; - FRANCÊS: Cap Prof Ericio de Oliveira Panisset e Prof civil Remy Pompilio Fernandes Souza; - LATIM: Prof civil David Mendes Pereira; - DESENHO: Maj Prof Dirceu Bonecker de Souza Lobo e Cap Prof Aberto Goulart Paes Filho; e - HISTÓRIA DO BRASIL: Maj Prof Algedy Ubiracy de Souza, Maj Prof Alberto Gomes Ramagem e Cap Prof Aberto Goulart Paes Filho.
“[...] É que no símbolo da Pátria percebemos o valor da eternidade que palpitou na alma dos nossos ancestrais, quando, levados pelos impulsos do seu gênio, conduziam-se pela intuição superior de que construiriam, de futuro, a grande Nação que é o Brasil [...]”
Alunos do CMS em aula (1957)
Ao centro, o Cel Uchôa; à direita, o Governador Interino Laudislau Cavalcante; à esquerda, o Cardeal Da Silva
No dia 3 de maio, as aulas começaram e uma mistura de expectativa e ansiedade tomou conta de todos os alunos e professores. Os alunos foram divididos em turmas: 11, 12, 13, 14 e 15. As disciplinas e os seus respectivos professores eram os seguintes:
Naquela época, a abertura do Colégio Militar de Salvador despertou a atenção dos soteropolitanos e os jornais publicaram reportagens informativas a respeito do nobre cadinho recém-inaugurado
- PORTUGUÊS: Prof civil Aristides Fraga Lima e Cap Prof Ericio de
Oliveira Panisset; - MATEMÁTICA: Maj Prof Júlio Pereira Raposo e Maj Prof Algedy Ubiracy de Souza;
Jornal “A Tarde” de 11 de maio de 1957
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A INAUGURAÇÃO DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR Em 2 de julho de 1957, conforme prometido pelo Coronel Uchôa, teve início a inauguração oficial do CMS. A data é de extrema relevância para o Estado da Bahia, pois se comemora a sua independência e contribui como mais um marco na história desse Estado. Dois meses após a aula inaugural, todos os preparativos haviam sido concluídos, as autoridades foram convidadas e os treinamentos foram providenciados. No dia anterior, em 1º de julho, houve uma solenidade no Instituto Normal da Bahia, como prévia das festividades de inauguração. Houve participação de alunos, professores e autoridades, como o Secretário de Educação e Cultura da Bahia. Nessa ocasião, a cerimônia foi presidida pelo General de Exército Aristóteles de Souza Dantas.
Cel Uchôa, ao centro, e seu Estado-Maior (1957)
Solenidade no Instituto Normal da Bahia (1957)
Jornal “A Tarde” do dia 27 de junho de 1957
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Chegou, finalmente, o tão esperado dia de inauguração do Colégio Militar de Salvador. Os alunos, já perfilados, exibiam com altivez os seus uniformes de gala, tornando o evento ainda mais garboso. Várias autoridades estiveram presentes à solenidade, como o Governador da Bahia, Doutor Antônio Balbino; o Diretor do Ensino de Formação do Exército (DEF), General Illydio Rômulo Colônia, representando o Ministro da Guerra, General Henrique Duffles Teixeira Lott; o General de Exército Aristóteles de Souza Dantas; o Comandante da 6ª RM, General João de Almeida Freitas; o Comandante do Colégio Militar de Belo Horizonte, General Newton O´Reilly, acompanhado de uma delegação daquele Colégio; e uma delegação da Academia Militar das Agulhas Negras. Havia, ainda, representações Federais, Estaduais e Municipais; autoridades religiosas, além de representações de estabelecimentos de ensino públicos e particulares da cidade.
O Professor Aristides Fraga Lima, presente àquela cerimônia, descreve em seu livro como foi o evento:
Durante a cerimônia militar, um busto em bronze do Marechal Trompowsky, Patrono do Magistério Militar, foi ofertado pela Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN.
Naquele 2 de julho, realmente, o sol brilhou mais que no dia primeiro; brilhou mais que no dia 2 de maio. Tinha o brilho da história Secular da Independência da Bahia, aliado ao brilho da história moderna da inauguração solene do Colégio Militar de Salvador. (FRAGA LIMA, 1985, p.33) O Professor ainda registra que a esposa do Governador, Sra. Tsyla Balbino, ofereceu, em nome da sociedade baiana, o Pavilhão Nacional ao Colégio Militar, e a esposa do Comandante da 6ª Região Militar, Sra. Cândida Freitas, fez a entrega do Estandarte do Colégio Militar, ofertado pelo Diretor de Material de Intendência do Exército. Pela primeira vez, a Bandeira Nacional e o Estandarte do Colégio foram incorporados ao Corpo de Alunos e conduzidos, respectivamente, pelo Tenente Antônio Bendocchi Alves Filho e pelo aluno Celso Dalmar de Castro Medeiros.
Cadetes Teixeira e Lassance ofertando o busto do Marechal Trompowsky
Primeira incorporação da Bandeira no CMS
Coronel Uchôa leu a Ordem do Dia relativa à inauguração do Colégio Militar de Salvador e, ao final da inauguração, era inegável a boa impressão causada aos presentes, o que rendeu muitos elogios. Sra. Cândida entregando o Estandarte do Colégio ao aluno Dalmar
Ainda durante as festividades, foram criadas a “Sociedade literária e recreativa”, que incluía uma Biblioteca e a “Obra do Estudante Pobre”, e a publicação de cunho jornalístico e anual, denominada Revista “Aspiração”, conforme preconizava a legislação da época.
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O DIA A DIA DO ALUNO NO CMS O jornal “A Tarde”, da Cidade de Salvador, produziu uma série de reportagens sobre o CMS. Uma delas merece destaque e transcrição. Ela foi publicada no dia 4 de novembro de 1957, sob o título: “O Colégio Militar visto por dentro – Ali não se deixa de estudar por ser pobre”:
Na reportagem anterior focalizamos, primeiramente, a maneira pela qual o candidato, depois de se submeter aos exames intelectual e médico ingressa naquele estabelecimento de ensino, abordando, em seguida, o aproveitamento do curso, da disciplina e da instrução-militar, instrução esta que facilita ao aluno a vantagem de, uma vez terminado o curso, receber sua carteira de segunda categoria. Na de hoje, falaremos da parte restante que vimos e anotamos durante à nossa visita àquele estabelecimento.
O ENXOVAL O aluno, ao ingressar no Colégio, fica obrigado a possuir seu enxoval em número de dois, sendo um o diário, o outro de gala. As despesas com êste enxoval são da ordem de sete mil cruzeiros. Normalmente êle é feito em duas etapas: na primeira, o responsável dispende cerca de três mil cruzeiros com as peças imprescindíveis a apresentação do aluno no Colégio, e, na segunda, quatro mil cruzeiros com os outros uniformes de uso externo, à boa apresentação do Colégio não só nas paradas como no meio civil. Dentro em breve, graças as providências que estão sendo tomadas pelo General João de Almeida Freitas, Comandante da VI Região Militar, será instalada uma alfaiataria militar que, além de atender aos militares da Região, servirá aos alunos do C. M. S. por preços módicos, o que virá baratear sobremodo o enxoval, que consta do seguinte: Borzeguim de couro preto, calça de brim caqui, calção de brim zuarte para ginástica, camiseta branca para ginástica, camisa de brim caqui (instrução), colarinho de brim caqui preso à túnica, gôrro de brim caqui, lenço branco, meia crua, meia preta, sapatos de tênis para ginástica, sapato de vernis, túnica de brim caqui, luvas brancas de fio da escócia, boné americano com capa de gabardine, calça de gabardine, cinto de couro branco, cinto de lona (verde oliva), pelerine de pano azul ferrete, polainas brancas de brim lona e túnica branca de brim lona.
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A OBRA DO ESTUDANTE POBRE No dia 8 de junho do ano passado foi criado no C.M.S, uma instituição denominada a “Obra do Estudante Pobre”, que tem por fim a promoção de assistência escolar, social e recreativa aos alunos desprovidos de recursos econômicos. O Colégio Militar, como se vê, é accessível a todos, mesmo às classes menos favorecidas. Além disso, àqueles de menores posses que venham a se matricular no início ou no decorrer do curso, e tenham os seus responsáveis qualquer dificuldade financeira poderão contar com o auxílio total ou parcial da “Obra do Estudante Pobre”, não só no pagamento das suas mensalidades, como no do seu enxoval. Atualmente já o Colégio ajuda a uma meia dúzia de alunos, só tendo conhecimento da mesma, o aluno e o responsável. Ninguém mais deve saber dêste auxílio, que é de caráter estritamente sigiloso. A Obra do Estudante Pobre será mantida, em principio, com donativos de ex-alunos do Colégio Militar, contribuições mensais de professores, militares e funcionários e uma contribuição mensal em caráter voluntário, por parte dos responsáveis por alunos contribuintes bem como subvenções dos poderes públicos e organizações particulares.
A MENSALIDADE: 250 CRUZEIROS O aluno tem, inegavelmente, um bom ensino, pagando uma mensalidade de duzentos e cinquenta cruzeiros, que se destina à compra de material escolar.
A SECÇÃO TÉCNICA Possui o Colégio uma secção técnica, confiada ao major Silvio Silveira, brioso oficial do nosso Exército, que tem colaborado para o engrandecimento dêste estabelecimento de ensino. A Secção Técnica é um órgão de que dispõe o diretor de Ensino dos Colégios Militares, destinando-se a fornecer elementos técnicos pedagógicos necessários ao planejamento, orientação e coordenação do ensino apurar ação do rendimento do ensino, por meio da coleta e estudo dos dados estatísticos com êle relacionados, propondo as medidas com o fim de somar as deficiências encontradas e dirigir as atividades extra curriculares, caso não haja outro órgão especializado, com essa finalidade.
OFICIAIS E PROFESSORES QUE
ATIVIDADE EXTRA-CLASSE
SERVEM NO COLÉGIO Os oficiais e professores que servem no Colégio Militar de Salvador são os seguintes: cel Alfredo Moacir de Mendonça Uchôa (comandante), ten. cel. Almir Veloso Soeiro (sub-comandante), major Silvio Silveira (chefe do gabinete e secção técnica), major José Augusto Vaz Sampaio (Fiscal Administrativo), major Alberto Gomes Ramagem (Sub-diretor do ensino), capitão Ivo Fernandes de Almeida (Ajudante), capitão Mário Sperança (comandante da Cia. de Infantaria), capitão José Ribeiro de Carvalho (comandante do COS e adjunto da secção técnica), capitão Isaac Mauricio Elarrat (tesoureiro), capitão Alvaro Figueiredo Vieira Lima (Dentista), 1º ten. Carlos Cecilio (Almoxarife), 1º ten. Antônio Bendocchi Alves Filho (Secretário), 1º ten. Adherbal Santana (Dentista), major Algedy Ubiracy de Souza (professor de História do Brasil), major Dirceu de Souza Lobo (professor de Desenho), major Júlio Raposo (professor de Matemática), capitão Alberto Goulart Paes Filho (professor de português), capitão Ericio de Oliveira Panisset (professor de francês), capitão José Aúgusto de Araujo Rezende (professor de Desenho), capitão Antônio Alves (professor de Geografia), e os professores civis Osvaldo Faceiro Lima (História do Brasil), Avelino Pereira de Souza (Latim), Aristides Fraga Lima (Português) e José Almada de Souza (Francês).
Não obstante haver iniciado a sua atividade um pouco tarde, e se achar em face incipiente de organização, o Colégio Militar não se descuida das atividade extra-classe, já havendo promovido visitas de alunos a Mataripe e aos campos petrolíferos do recôncavo, achando-se programada uma visita à Base Aérea do Salvador, Base Naval de Aratu e ao SENAI. Como parte das atividades extra-classe, acha-se em organização a sociedade literária, com a revista intitulada “Aspiração”, cujo primeiro número breve virá a público. As atividades de caráter desportivo interessam sobremaneira a direção do Colégio como meio indispensável e complementar da educação da juventude. Até o momento, porém, êste setor de atividade ainda não alcançou o seu real desenvolvimento, desde quando a precariedade absoluta das atuais instalações. (SEM AUTOR, “A Tarde”, 1957)
Visita à Petrobras no recôncavo (1957)
Visita à Base Naval de Aratu (1957)
ATIVIDADES DIÁRIAS DOS ALUNOS Diariamente os alunos chegam por volta das 7 horas. Em seguida, vão diretamente à Companhia, onde deixam o quepe e a túnica, para enfrentar as atividades em uniforme de instrução de gorro e gandola. Até às 7.25 horas ficam nos páteos de recreio fiscalizados pelos sargentos monitores Inspetores de alunos, disputando diversos jogos de caráter amistoso recreativo. Para a entrada das turmas nas salas de aulas, realizar-se, então, a formatura. Tem início, em seguida, as atividades escolares, sendo que, entre os 3º e 4º tempos há um intervalo para que os alunos possam fazer lanche e praticar outras atividades recreativas.
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PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS EM EVENTOS OCORRIDOS EM 1957 A primeira participação do CMS no desfile de 7 de setembro foi no ano de 1957. Naquele sábado, conforme descrito no Livro Histórico do CMS, apresentou-se, pela primeira vez em público, a Companhia de Alunos, sendo calorosamente aplaudida por todos.
Desfile de 7 de setembro
Ainda em 1957, ocorreram outras participações em eventos externos, como na solenidade de comemoração do 1º aniversário do Colégio Militar de Belo Horizonte. Ao longo daquele ano, houve visitas ilustres ao CMS, como, por exemplo, em 28 de setembro e 2 de outubro, o Comandante da 6ª RM; em 3 de outubro, o Chefe do Estado-Maior do IV Exército; e, em 22 de dezembro, o Comandante da 9ª RM.
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1957 Ao final de um ano letivo intenso e de muito estudo, a primeira turma que ingressou no CMS concluía o seu primeiro ano de estudos. Uma parte dos alunos obteve sucesso e passou de ano, outros não tiveram o mesmo destino e tiveram que repetir o primeiro ano ginasial, e ainda houve quem, por motivos diversos, desistiu do CMS ao longo daquele ano. O Coronel Hidelmo Alves Passos (aluno nº 64 – Passos, 19571960), que foi professor do CMS, em depoimento ao General de
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Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos (aluno nº 206 – Maciel, 19581964), antigo Vice-Chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa, fez uma declaração sobre esse assunto: Não lembro o meu número, mas o meu “nome de guerra” era Hidelmo. Fiz parte da primeira turma do CMS, tendo ingressado no Colégio em 1957, saindo em final de 1960, ao concluir o então Curso Ginasial. A minha turma tinha 146 alunos, sendo reprovados, ao final do primeiro ano, metade da mesma, praticamente; ao final da 4ª série do ginásio, a turma reduzira-se a 30 jovens, devido às exigências crescentes em termos de desempenho (o modelo, em todos os campos era o CMRJ, no Rio de Janeiro, centro educacional e culturalmente mais avançado do país). Assim, a informação que me chegou foi que o Exército não julgou compensador iniciar o Curso Científico com tão poucos alunos, número este que tendia a diminuir. Foi oferecido a todos a possibilidade de ir para outros Colégios Militares ou para as Escolas Preparatórias (Campinas e Fortaleza), além da opção pelas escolas civis, na própria Salvador. Deu-se a diáspora. Eu e o meu irmão, Hilberto, optamos por Campinas, seguindo a carreira militar.
No ano letivo de 1957, o aluno Luiz Pragana da Frota, nº 108 – Frota, destacouse, logrando a primeira colocação, conforme descreve o Boletim Interno nº 206, de 16 de dezembro de 1957. O aluno Frota é filho do General de Exército Sylvio Couto Coelho da Frota, que foi Ministro do Exército no Governo do Presidente Ernesto Geisel.
Aluno nº 108 – Frota
À esquerda, em destaque, o aluno Frota em uma formatura do CMS
Hoje, o aluno nº 108 – Frota é Contra-Almirante da Marinha do Brasil e foi o primeiro aluno do Colégio Militar de Salvador a chegar ao Generalato das Forças Armadas.
A TURMA DE 1958 No segundo semestre de 1957, o Comando do CMS iniciou os trabalhos para a produção do exame de admissão de novos alunos, visando ao primeiro ano do curso ginasial para 1958, seguindo as instruções previstas na Portaria nº 1.383, de 10 de julho de 1957. O Boletim Interno nº 207, de 16 de dezembro de 1957, registrou que foram deferidos os requerimentos dos responsáveis pelos 558 menores inscritos. No dia 10 de janeiro de 1958, foram divulgados os resultados do exame intelectual, informando que, dos 558 inscritos, apenas 64 candidatos conseguiram o índice mínimo (nota 5). O candidato João de Oliveira Pantoja foi o 1º colocado e sua média final foi 8,24. Essa nova turma do 1º ano do Ginasial foi também a 1ª turma a percorrer todas as séries e completar o curso do CMS.
Governador da Bahia em discurso no lançamento da pedra fundamental (1958)
A PEDRA FUNDAMENTAL DAS NOVAS INSTALAÇÕES DA PITUBA Recorte do jornal “A Tarde”, de 11 de janeiro de 1958
No dia 7 de março de 1958 (sexta-feira), foi lançada a pedra fundamental da futura sede do Colégio Militar de Salvador, cuja localização era o bairro da Pituba. Compareceram diversas autoridades, como o Governador da Bahia, Doutor Antônio Balbino; o Comandante do IV Exército, General de Divisão Cyro do Espírito Santo Cardoso; o Diretor de Saúde do Exército, General de Brigada Achilles Paulo Galloti; o Comandante da 6ª Região Militar, General de Brigada João de Almeida Freitas, dentre outras autoridades. Naquele importante evento, a guarda de honra foi formada exclusivamente por alunos do CMS.
Gen Freitas assinando a ata do lançamento da pedra fundamental do CMS no bairro da Pituba (1958)
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ABERTURA DO ANO LETIVO DE 1958 O segundo ano letivo teve início no dia 15 de março de 1958, sábado, com uma formatura. O Coronel Uchôa leu a Ordem do Dia e deu as boas-vindas aos alunos que cursaram o ano de 1957 e aos novos alunos que começariam a cursar o 1º ano do ginasial, turma que, no futuro, seria a primeira a concluir o curso no Colégio Militar de Salvador, no ano de 1964. Nessa solenidade, houve a apresentação da Bandeira Nacional aos novos conscritos; a leitura do Boletim Interno; a inauguração do Quadro de Honra do CMS, sendo incluídos os sete alunos que mais se destacaram no ano letivo de 1957 e que tiveram uma conduta irrepreensível e um brilhante aproveitamento nos estudos; a promoção de 60 alunos à 2ª série ginasial no Núcleo do Destacamento Escolar, e a divulgação dos resultados finais dos exames realizados na 1ª e na 2ª épocas, conforme determinava o Regulamento dos Colégios Militares (R-69) daquela época.
Hasteamento do Pavilhão Nacional (1958)
Segundo o Livro Histórico do CMS, a Biblioteca do Colégio foi inaugurada no dia 3 de maio daquele ano.
O PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO CMS Após um ano de intensos trabalhos e estudos, o Colégio chegou ao seu primeiro ano de existência no dia 2 de julho de 1958 e, como não poderia ser diferente, esse marco foi comemorado com grande alegria e, também, foi muito prestigiado. Realizou-se uma formatura com a participação de alunos, seus responsáveis, integrantes do CMS e diversas autoridades, como o Governador da Bahia e o Comandante da 6ª Região Militar.
Durante a formatura, o aluno nº 171 – Daneu declamou o poema “ODE AO 2 DE JULHO”, de Castro Alves: Era no 2 de Julho! A pugna imensa Travava-se nos cerros da Bahia. O anjo da Morte pálido cosia Uma vasta mortalha em Pirajá. - Neste lençol tão largo, tão extenso, Como um pedaço rôto do infinito, O mundo perguntava erguendo um grito: “Qual dos gigantes morto rolará?” Eras tu, que com os dedos ensopados No sangue dos avós mortos na guerra, Sagravas livre de Colombo a terra… Sagravas livre a nova geração! Tu, que erguias subida na pirâmide Formada pelos mortos do Cabrito,
Governador da Bahia e o Comandante da 6ª RM (1958)
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Um pedaço de gládio – no infinito… Um traço de Bandeira – na amplidão.
Na oportunidade, os melhores alunos classificados no ano escolar de 1957 e os melhores do primeiro semestre de 1958 foram agraciados com medalhas anuais de “Aplicação ao Estudo”, e a entrega foi realizada pelo Presidente da Câmara Estadual da Bahia.
Ao centro, Presidente da Câmara entregando medalha ao aluno Dalmar (1958)
Alunos do CMS em local de destaque para o recebimento de medalhas (1958)
OLIMPÍADAS ESTUDANTIS DE 1958 No segundo semestre de 1958, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia promoveu uma Olimpíada Estudantil entre vários estabelecimentos de ensino do Estado. Nessa competição, o Colégio Militar de Salvador sagrou-se campeão de Atletismo no dia 14 de novembro de 1958, além de obter ótimos resultados em diversas modalidades.
Alunos do CMS no desfile olímpico
Aluno nº 144 – Thiers acendendo a pira olímpica
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Há mais de 60 anos eu vesti a farda do Colégio Militar de Salvador. E continuei vestindo-a nos 47 anos que servi ao Exército Brasileiro e nos 5 cinco anos que estive como Ministro de Estado. Ainda hoje visto a farda e sou aluno do Colégio Militar de Salvador, ela me acompanhou em toda a minha carreira e ao longo da minha vida, nas missões que desenvolvi no Brasil e no exterior. Em minha família o CMS é hereditário, meu filho esteve lá em 1984 e meu neto atualmente traja com o mesmo orgulho e confiança a boina Garança, são três gerações vivendo a atmosfera do CMS. Sempre fiz e faço questão de demonstrar meu carinho e dizer o quanto esta unidade de ensino contribuiu para a formação do meu caráter e dos meus valores. Comemoro esse recinto sagrado com o espírito de reconhecimento e gratidão.
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1958 Semelhante ao ano anterior, a dedicação e o empenho dos alunos aos estudos e dos professores à cátedra foram a marca de 1958. O destaque foi o aluno nº 36 – Dalmar, seguido pelo aluno nº 108 – Frota. Aluno nº 36 – Dalmar
General de Exército Elito
O aluno Dalmar seguiu a carreira militar no Corpo de Fuzileiros Navais, chegando ao posto de Capitão de Fragata. Sobre o concurso de admissão para o ano de 1959, há registro de que foram inscritos 286 candidatos e foram aprovados 98 candidatos. Dentre eles estava o candidato José Elito Carvalho Siqueira, que, no futuro, chegaria ao posto de General de Exército e seria o primeiro aluno do CMS a ser escolhido para Ministro de Estado do Governo do Brasil.
UMA BREVE BIOGRAFIA SOBRE O GENERAL DE EXÉRCITO ELITO O General de Exército José Elito Carvalho Siqueira foi aluno do CMS de 1959 a 1963. Incorporou às fileiras do Exército em 15 de abril de 1964, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, e foi declarado Aspirante a Oficial em 20 de dezembro de 1969, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Destaca-se por ser o primeiro aluno do CMS a alcançar o mais alto posto do Exército Brasileiro. Durante a sua trajetória, exerceu funções de grande relevância, como: Comandante do 28º Batalhão de Caçadores, Force Commander da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH), Comandante da 6ª Região Militar, Comandante Militar do Sul e Ministro de Estado – Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Em sua homenagem, há, no Espaço Cultural da OM, as fardas que pertenceram ao então aluno do CMS nº 226 - Elito e do General de Exército Elito.
Gen Ex Elito na EsAEx/ CMS em 2006
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Fardas pertencentes ao Gen Ex Elito
O ANO DE 1959 O ano de 1959 registrou diversas melhorias nas instalações do CMS e o início dos trabalhos de construção do novo prédio no bairro da Pituba. Foram realizados serviços como medição; demarcação; regularização das escrituras do terreno; terraplanagem; e foi dado início à construção da estrutura do pavilhão Duque de Caxias.
O ano letivo de 1959 começou em 2 de março. A abertura oficial das aulas ocorreu no dia 14 daquele mês, sábado, com uma formatura que contou com a presença do Comandante da 6ª RM e de altas autoridades civis, militares e eclesiásticas do Estado da Bahia.
Certidão do terreno da nova sede do CMS na Pituba Entrada dos novos alunos no CMS (1959)
Maj Silvio Silveira lendo a Ordem do Dia alusiva ao início do ano letivo de 1959
Na formatura, foram entregues as medalhas aos alunos que mais se distinguiram no ensino ginasial e aos que revelaram melhor comportamento. O aluno nº 36 – Dalmar e o aluno nº 183 – Humberto foram os que mais se destacaram nas 2ª e 1ª séries, respectivamente. No Boletim Interno nº 60, de 14 de março, constam, ainda, as promoções dos alunos aos postos de oficiais e graduados, bem como a inscrição de alunos ao primeiro Quadro de Honra do CMS.
ALUNOS INSCRITOS 3ª SÉRIE GINASIAL
2ª SÉRIE GINASIAL
036 - Celso Dalmar de C. M. Gomes
183 - Jorge Humberto L. da Silva
108 - Luiz Pragana Frota
205 - Roberto Garcia
083 - José Barbosa Leite
204 - Roberto F. B. de Carvalho
064 - Hidelmo Alves Passos
165 - Edvaldo Correa Bruni
048 - Ernani Previtera Santos
198 - Osmar Oliveira e Silva
077 - João Alberto S. Sampaio
206 - Roberto Viana Maciel dos Santos
095 - José Viana Sampaio Filho
179 - João F. A. de Oliveira Pantoja 186 - José V. de Santana Neto 166 - Elbert Alves Barbosa
Pavilhão Duque de Caxias sendo construído (1959)
076 - Jayme Ribeiro Saldanha Júnior 100 - Luiz Carlos Oseko
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VISITAS ILUSTRES No dia 22 de maio de 1959, o CMS recebeu a visita do Governador da Bahia, Senhor Juracy Magalhães, figura histórica e de grande importância no cenário político brasileiro. Nesse dia especial, a Companhia de Alunos formou uma Guarda de Honra com uniforme de gala e prestou as continências regulamentares. A revista do Colégio assim registrou o momento: [...] O edifício, na modéstia de suas instalações provisórias, trajava uniforme novo, e estava engalanado como era possível. Os militares e civis, professôres ou não, envergavam trajes de recepção; os alunos, suas fardas de gala para os dias de festa. Às 14 horas, o clarim soava, anunciando a chegada do visitante: era a mais alta autoridade do Estado - General JURACY MONTENEGRO MAGALHÃES [...] Tendo visto desfilarem os alunos na entrada do Colégio, o Sr Governador foi recepcionado pelo Comando e professôres, no salão nobre, onde o saudou o Sr Cmt [...]. (PASSOS, 1959)
Após a apresentação da oficialidade e do corpo docente, o Governador foi saudado pelo Comandante, que declarou, em nome do Colégio, se sentir honrado com a visita. Lembrou que aquele prédio que alojava provisoriamente o CMS fora obra do Governador, quando interventor federal. Aproveitou para solicitar apoio para a construção do novo pavilhão do Colégio Militar na Pituba e, ao final, ofertou ao Governador uma flâmula do CMS. Em resposta, o Governador afirmou sua disposição em atender ao Colégio até o limite das possibilidades do Estado da Bahia. Posteriormente, ressaltou a magnífica acolhida durante a visita. Outra visita muito importante, que marcou o Colégio Militar de Salvador, foi a do Ministro da Guerra, General Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, ocorrida no dia 15 de julho. Na ocasião, o Ministro teve a oportunidade de conhecer as obras das novas instalações do CMS no bairro da Pituba.
AS COMEMORAÇÕES DO 2º ANIVERSÁRIO DO CMS As comemorações relativas ao segundo aniversário foram semelhantes ao ano anterior: hasteamento do Pavilhão Nacional, entrega de medalhas escolares aos melhores alunos e medalhas esportivas aos oficiais e praças, campeões regionais de 1958. Como parte das comemorações, houve a leitura da Ordem do Dia, uma partida de basquete entre o CMS e o Colégio da Polícia Militar e desfile cívico-militar em homenagem ao “2 de julho”.
Alunos do CMS em forma para o 2 de julho
No dia 10 de outubro de 1959, segundo o Livro Histórico do CMS, foi nomeado, como Comandante do Colégio, o Tenente-Coronel de Artilharia José Marcos Bezerra Cavalcanti, conforme Portaria nº 1.706, de 13 de agosto de 1959. Nos Jogos Intercolegiais de 1959, organizado pela Secretaria de Educação e Cultura da Bahia, o CMS sagrou-se campeão de atletismo. Já na XII Olimpíada Regional, organizada pela Comissão de Desporto do Exército (CDE), o Colégio se classificou em 4º lugar.
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1959 O final de 1959 foi bastante intenso. No dia 23 de dezembro, o Coronel Uchôa passou o Comando do CMS ao Tenente-Coronel Cavalcanti. Verificou-se, por ocasião do encerramento do ano letivo, que o aluno destaque foi, novamente, o nº 36 – Dalmar. O referido aluno, segundo a revista do Colégio Militar de 1959, ainda foi mencionado como um dos 10 melhores alunos da Bahia em uma enquete feita por professores e diretores de educandários desse Estado.
Desfile alusivo ao 2 de julho
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Sobre o concurso de admissão para o ano de 1960, há registro de que foram inscritos, pelos seus respectivos responsáveis, 334 candidatos e foram matriculados 156 novos alunos.
O INÍCIO DO ANO LETIVO DE 1960 O ano letivo de 1960 teve início no dia 12 de março com uma solenidade que contou com a presença do novo Comandante, Ten Cel Cavalcanti, e de várias autoridades. Nela foram realizadas as promoções dos alunos aos postos de oficiais e graduados, bem como a divulgação do Quadro de Honra do CMS, do qual 37 alunos fizeram parte, conforme descreve o Boletim Interno nº 58, de 12 de março. Segundo o Livro Histórico, no dia 14 de março, foi implantado o Serviço de Orientação Educacional (SOE) e, no dia 22 de março, o Conselho de Ensino do Colégio Militar.
A CANÇÃO DO CMS Cada Colégio Militar espalhado pelo Brasil possui a sua canção, entoada em formaturas. Ela é um símbolo que representa, de forma poética em sua letra e acordes, a grandeza da instituição, os seus valores e os ideais. Para essa importante tarefa, o Comandante convidou o 1º Ten Damasceno e o Mestre da Banda do Colégio, 1º Sgt Benoni, a compor a canção do CMS. Cumpriram a missão com muita competência, mas faltava o estribilho, que era uma obrigatoriedade para a aprovação por parte do Estado-Maior do Exército (EME). Na ausência do Tenente Damasceno, que participava da marcha Salvador-Brasília, o Cap Ribeiro foi procurado para ajudar nessa última peça que faltava. Sobre esse episódio, o Coronel José Ribeiro de Carvalho (Cap Ribeiro), chefe da Seção Psicotécnica do CMS entre 1957 e 1962 e um dos oficiais fundadores do Colégio, relatou em depoimento ao General de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos (aluno nº 206 – Maciel, 1958-1964):
Nas minhas lembranças a marcha Salvador – Brasília e a Canção do Colégio Militar de Salvador se entrelaçam e alcançam-me, casualmente. O 1º Ten Damasceno, destacado oficial de Infantaria, era também um intelectual brilhante, autor de livros e ensaios. Damasceno fez a letra da Canção do CMS e o 1º Sgt Benoni encarregou-se de musicá-la. Benoni percebeu que faltava o estribilho, obrigatório, segundo as normas do Exército, nos dobrados e canções militares. Procurou Damasceno, que servia em outro quartel e não o encontrou. Havia o compromisso com o Comandante do CMS de desfilar no 7 de Setembro cantando a “sua” canção. Mas cadê o Damasceno? Espírito criativo e inquieto, propusera, idealizara, melhor dizendo, homenagear a nova capital com uma marcha até ela: 60 homens estavam a caminho de Brasília, nesse momento, com dois dos nossos alunos, a comando do... Ten Damasceno. Benoni buscou ajuda comigo, gostador de serestas até hoje, que cometia, modestamente, as minhas poesias. Assim, fiz o estribilho e informei ao Damasceno, no seu retorno, o que havia ocorrido. Nunca busquei compensação ou reconhecimento pela pequena colaboração e se hoje falo ao Maciel é por ter sido provocado.
Ao finalizar a letra e os acordes da canção do CMS, a proposta foi enviada ao EME para aprovação, por meio de Ofício, em 30 de março de 1960. Esse documento levou à criação da Portaria Ministerial nº 1.577, de 28 de junho de 1960, que nomeou uma comissão julgadora para avaliar a referida canção. Após criteriosa análise, recomendou-se ao Chefe do EME a aprovação da canção, o que foi feito no dia 17 de novembro de 1960. O professor Aristides Fraga Lima, em seu livro “Colégio Militar de Salvador – 28 anos”, diz que a “Canção do Colégio Militar de Salvador” mereceu prêmios e elogios por parte do Instituto de Música da Universidade Federal da Bahia, sendo considerada uma das mais belas do Sistema Colégio Militar.
CANÇÃO DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR LETRA: 1º TEN FILADELFO DAMASCENTO MÚSICA: 1º SGT BENONI R. DO NASCIMENTO ESTRIBILHO: CAP JOSÉ RIBEIRO DE CARVALHO
É o Colégio o recinto sagrado Grande templo de luz e saber Onde, cedo, nos é ensinado A cumprir com o nosso dever.
Nossos mestres indicam o caminho: O trabalho, o saber, o direito. E ao sairmos do nobre cadinho Possuímos caráter perfeito.
Mocidade escolar do Brasil O futuro da Pátria sois vós Se preciso, tomai o fuzil Na defesa do berço de heróis.
Estribilho: Ó mocidade, gloriosa, altaneira Galardão de um país varonil Cultuando a sagrada Bandeira Para a glória do Brasil.
Estribilho: Ó mocidade, gloriosa, altaneira Galardão de um país varonil Cultuando a sagrada Bandeira Para a glória do Brasil.
Estribilho: Ó mocidade, gloriosa, altaneira Galardão de um país varonil Cultuando a sagrada Bandeira Para a glória do Brasil.
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A MARCHA SALVADOR–BRASÍLIA A marcha Salvador-Brasília foi uma operação criada pelo Comandante da 6ª Região Militar, General Freitas, que tinha como objetivo homenagear a nova Capital do País, a ser inaugurada no dia 21 de abril de 1960, simbolizando a união “passado e presente” e ligando o marco da fundação da cidade de Salvador (a primeira capital do Brasil) a Brasília (a capital do futuro), conforme descreve o relatório da missão “Marcha Bahia-Brasília”, escrito pelo seu Comandante, o Capitão de Infantaria Lauro Amorim. A ideia surgiu em uma reunião do Estado-Maior da 6ª RM e foi constituída por um destacamento de voluntários dos quartéis da Guarnição, somado a um grupamento da Polícia Militar da Bahia. Oficiais, sargentos, cabos e soldados participaram desse importante evento. A Operação teve início na manhã do dia 15 de março de 1960, junto ao marco da Fundação da Cidade de Salvador, chegando ao seu objetivo, na nova Capital do Brasil, em 19 de abril. O CMS foi representado pelo Sgt Antônio Silva; pelos Sd Manoel Firmino dos Santos, Milton Lopes de Oliveira e Diogenes de Carvalho Nunes; e pelos alunos Anderson Coppetiers Carvalho (aluno nº 3 – Coppetiers) e Jayme Ribeiro Saldanha Júnior (aluno nº 76 – Saldanha).
O Professor Saldanha, antigo aluno nº 76 – Saldanha, de 1957 a 1959, em depoimento ao General de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos (aluno nº 206 – Maciel, 1958-1964), declarou: “Tomei parte na marcha Salvador – Brasília, em que uma coluna militar do Exército com alguns elementos de outras corporações (a PM/BA, por exemplo), cerca de 150 homens, marcharam 45 dias de Salvador à Brasília a fim de desfilarem na nova capital, no dia da sua inauguração. Eu e o ex-aluno Coppetiers, ambos já com 18 para 19 anos, fomos os únicos representantes do CMS. Devido às consequências danosas ao aprendizado decorrentes de tão longo afastamento, o Comandante do CMS conseguiu que seus alunos participassem somente do início da marcha de partida que percorreu boa parte da velha Salvador e se reincorporassem à tropa já em Brasília. Chegamos a Brasília, em avião da FAB, quando a tropa já lá estava acampada. Brasília ainda era um canteiro de obras, não fazia um conjunto arquitetônico bonito: terra vermelha e árvores retorcidas era o panorama mais visível. A cidade era um vazio de pessoas e o acampamento, onde nos acomodamos, deu-se na própria Esplanada dos Ministérios. O desfile ocorreu no Eixo Monumental e, assim como na ida, retornamos via FAB...”.
Alunos Coppetiers e Saldanha no acampamento em Brasília
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Alunos representando o CMS ao lado de militares do 19º BC que usavam uniformes históricos do Batalhão Pirajá
OLIMPÍADAS ESTUDANTIS DE 1960 As equipes do Colégio foram muito bem sucedidas nas diversas modalidades dos jogos estudantis, intitulados “Jogos da Primavera” e promovidos pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia. O CMS sagrou-se campeão de esgrima, bem como de atletismo nas classes de 11 a 13 anos e de 14 a 16 anos.
O ANO DE 1961 VISITA DO GENERAL CASTELLO BRANCO No dia 27 de outubro de 1960, o General Humberto de Alencar Castello Branco, futuro Presidente do Brasil e, à época, Diretor de Ensino de Formação do Exército (hoje DESMil), Órgão responsável pelos Colégios Militares, visitou o CMS para uma inspeção às suas instalações e aos Corpos Docente e Discente. Sua permanência se deu até o dia 29 de outubro e contou com uma visita às futuras instalações do novo CMS, no bairro da Pituba.
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1960 No dia 17 de dezembro, o CMS comemorou o encerramento do ano letivo com homenagens à 1ª turma, admitida em 1957, que concluiu os quatro anos do curso ginasial. Na oportunidade, o Secretário de Educação da Cidade de Salvador, Professor Luiz Rogério, fez um discurso para os alunos e foram entregues medalhas e diversos prêmios aos formandos. O aluno nº 36 – Dalmar foi novamente o que mais se destacou no 4º ano ginasial. Nos estudos do 3º ano ginasial, o destaque ficou com o aluno nº 393 – Curi que seria o novo comandante-aluno, em 1961, em substituição ao aluno Dalmar.
Muitas mudanças e novidades ocorreram no Colégio Militar de Salvador em 1961. Conforme consta no livro histórico, o concurso de admissão para o 1º ano do curso ginasial, visando ao ano de 1961, teve 336 candidatos inscritos e foram matriculados 94 novos alunos. O referido livro também menciona que, no dia 11 de janeiro de 1961, o Colégio recebeu uma comunicação da Diretoria de Ensino de Formação, Radiograma nº 2-1/S1, determinando que o 1º ano do curso científico não funcionaria no CMS naquele ano. Essa determinação de cancelamento foi motivada pela pouca quantidade de alunos que iriam se matricular, o que inviabilizou o seu funcionamento. Essa situação obrigou que os responsáveis pelos alunos que concluíram o curso ginasial, dentre os quais constavam os alunos da 1ª turma (1957), buscassem outras instituições de ensino.
O INÍCIO DO ANO LETIVO DE 1961 O ano letivo de 1961 teve início, no dia 4 de março, com uma solenidade em que diversas autoridades puderam acompanhar as promoções de séries, referentes aos alunos aprovados em 1960; as promoções aos Postos e Graduações dos alunos que mais se distinguiram na parte intelectual, nas instruções militares e no comportamento. Ainda naquela solenidade, foram publicados, no “Quadro de Honra do CMS”, os alunos que se dedicaram aos estudos, tiveram conduta irrepreensível e obtiveram média final acima de 7 nos exames de 1960.
Aluno nº 393 – Curi
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A NOVA SEDE DO CMS Com a conclusão das obras do novo Colégio Militar de Salvador na Pituba, começaram os preparativos para a transferência. O Comandante da 6ª RM, por meio do Boletim Regional nº 144, de 30 de junho de 1961, determinou a criação de comissões que iriam tratar do assunto. O pavilhão do novo CMS foi construído ao lado da Av. Paulo VI, com pouco mais de 100 metros, tendo, à sua frente, um amplo pátio de formatura. Possuía quatro pavimentos, todos ligados por três escadas e o primeiro no subsolo. Foram três anos de construção, desde o lançamento da pedra fundamental, em 7 de março de 1958, e a sua inauguração, em 2 de julho de 1961. Após concluir a construção do Pavilhão Duque de Caxias, o Comando do CMS escolheu o dia 2 de julho de 1961, domingo, para a sua inauguração. Essa data tinha grande importância para o Colégio e para o Estado da Bahia. O seu Livro Histórico mostra-nos que diversas autoridades foram convidadas e estiveram presentes. Compareceram à inauguração o General de Divisão Jair Dantas Ribeiro, Diretor de Ensino de Formação; o General de Brigada João de Almeida Freitas, Comandante da 6ª RM; Governador da Bahia, o General Juracy Magalhães; Prefeito de Salvador, o Senhor Heitor Dias, além de outras autoridades civis e militares.
Construção do Pavilhão Duque de Caxias
Nas semanas seguintes ao evento, período de recesso escolar, o Comando do Colégio coordenou a mudança de todos os materiais e equipamentos da sede anterior para as novas instalações da Pituba. O Professor Aristides Fraga Lima descreve em seu livro como foi esse momento: Quase um mês levou a operação-transferência, durante a qual a vida do Colégio, em suas atividades didáticas e administrativas, não sofreu absolutamente nada. Tudo continuou normal, enquanto os caminhões transportavam o mobiliário e todos os serviços para a nova sede. (FRAGA LIMA, 1985, p.62)
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O INÍCIO DAS ATIVIDADES ESCOLARES NA PITUBA Após quase um mês de trabalhos intensos na ocupação das novas instalações, o novo prédio do Colégio Militar estava pronto para iniciar suas atividades. Em 1º de agosto de 1961, as férias escolares chegavam ao fim e o segundo semestre iniciava com a retomada das aulas e das atividades escolares no novo CMS. Houve uma formatura com todo o corpo docente e o discente, e diversas autoridades convidadas, como o Ministro da Guerra, Marechal Odílio Denys; o Diretor Geral do Ensino, General de Divisão Humberto Castello Branco; o Diretor de Ensino de Formação, General de Divisão Jair Dantas Ribeiro; e o Comandante da 6ª RM, General de Brigada João de Almeida Freitas. O Coronel Cavalcanti, Comandante do CMS, proferiu a locução alusiva à abertura dos trabalhos acadêmicos e administrativos nas novas instalações. Cabe mencionar, ainda, a presença do Professor Doutor Jorge Calmon, da Universidade Federal da Bahia, que fez um discurso em homenagem ao Colégio Militar de Salvador.
[...] De fato, os nossos queridos rapazes, estes guapos soldadinhos, tão precocemente imponentes nos seus vistosos uniformes, vieram encontrar, aqui, uma escola, como outra, lá fora não há. Nessa escola do dever e da Pátria, eles passam da meninice à adolescência, e desta à juventude conhecendo o valor da disciplina, sem a qual não há hierarquia, não há distribuição de trabalho, não há seleção de competências, não há obediência à lei - e conhecendo, também, o senso de responsabilidade, esse atributo essencial aos homens verdadeiros. (FRAGA LIMA, 1985, p.62)
Em relação às instalações do antigo prédio do CMS, no bairro de Pitangueiras, o Livro Histórico registra que, no dia 15 de agosto de 1961, o Coronel Cavalcanti devolveu oficialmente o imóvel ao Governador da Bahia. Atualmente, o casarão de Pitangueiras abriga a Fundação da Criança e do Adolescente – FUNDAC.
Alunos do CMS em forma no pátio em frente ao Pavilhão Duque de Caxias (1961)
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A VISITA DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR A SERGIPE O CMS sempre fomentou atividades extraclasse, como visitas e excursões a lugares interessantes, que contribuam para o ensino e desenvolvam os valores cultuados na instituição. Uma das visitas especiais de 1961 foi à cidade de Aracaju, no Estado de Sergipe, a convite de seu Governador, Senhor Luís Garcia. No dia 10 de novembro de 1961, o CMS, representado por uma comitiva de oficiais, professores, monitores e alunos, partiu em direção à cidade de Aracaju. Sobre essa viagem, o Coronel José Ribeiro de Carvalho (Cap Ribeiro), um dos que participaram, em depoimento ao General de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos (aluno nº 206 – Maciel, 1958-1964), declarou:
“A viagem a Aracaju foi um gesto de apreço e agradecimento dos familiares de alunos oriundos daquela cidade, cursando o CMS. Havia muitos sergipanos, entre os alunos. Sendo natural daquele estado, fui escalado para estabelecer os primeiros contatos com o grupo organizador, em Sergipe. Foram alunos e vários professores, monitores e militares em geral, em vagões especiais da Viação Férrea Federal Leste Brasileira. Ficamos hospedados pelas famílias dos alunos e uns poucos no quartel do 28º Batalhão de Caçadores (28º BC).”.
Da esquerda para direita: 1ª fila - Alunos Resende, Cabral, Governador Luís Garcia, Alunos Prudente e Corvelo; 2ª fila - Alunos Porto, Elito, Fontes, Jessenino e Rui; 3ª fila - Alunos Demétrio e Lobão; 4ª fila - Alunos Pavlichenko, Galdino, Santiago e Guerra.
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UMA IMPORTANTE DOAÇÃO AO CMS
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1961
O Colégio Militar de Salvador possui muitos colaboradores que sempre serão lembrados por seus gestos de comprometimento com o nobre cadinho. O Senhor Alcides de Souza Casé é um deles e, com um gesto de grande amor à causa pública, doou ao Ministério da Guerra, no ano de 1961, um terreno no bairro da Pituba, próximo ao Colégio Militar, com a finalidade de que nele fosse construída a residência do Comandante do CMS.
O ano de 1961 foi marcado por grandes mudanças e muitas conquistas. A turma que ingressou no CMS em 1958 concluía o 4º ano do ginasial e seria a primeira turma a ingressar no 1º ano científico do Colégio. O aluno nº 205 – Garcia foi o que mais se destacou no 4º ano ginasial e seria o novo Comandante-aluno para o ano de 1962.
Na ocasião, o Gen Bda João de Almeida Freitas, Comandante da 6ª RM, agradeceu, em seu nome e do Ministro da Guerra, tão significativa e útil doação, bem como ressaltou a valiosíssima cooperação prestada ao Exército Brasileiro e ao CMS. No histórico do Colégio, consta o seu nome como digno e verdadeiro benemérito, conforme descrito no Boletim Interno nº 260, de 25 de novembro de 1961.
“Salvador, 10 de novembro de 1961 - Exmº Sr. Comandante da 6ª Região Militar de Salvador - Bahia - General João de Almeida Freitas - Cordiais Saudações - Esta tem por fim confirmar a V. Excia., o nosso propósito de manter a doação que, a título gracioso e espontaneamente, no dia da inauguração do Edifício sede do Colégio Militar de Salvador, me propuz a realizar em benefício do Ministério da Guerra e por intermédio da 6ª Região Militar sob o esclarecido comando de V. Excia., do lote de terreno de nosso loteamento em Pituba, nesta Capital, para o fim específico de, nêle, ser edificada a residência do Sr. Diretor do Colégio Militar desta Região. Quanto à formalização, que concretizará a referida doação pela escritura de transferência do imóvel, apenas se aguardará reformulação, já em curso, da planta de loteamento do terreno... ...Na oportunidade azada, pois, avisarei ao Sr. Diretor do Colégio, para as providências que se fizerem mister. Sem mais, neste ensejo, queira V. Excia. aceitar os protestos de meu respeito e admiração pela excelentíssima pessoa de V. Excia. com auguro de felizes dias no porvir. Sem mais, data venia, cordialmente se subscreve Alcides de Souza Cazé - Rua Luis de Camões, 2 – Matatu.”.
Aluno nº 205 – Garcia
Certificado de conclusão do curso ginasial – 1961 (frente)
Trecho do ofício escrito pelo Senhor Casé ao Comandante da 6ª RM
Certificado de conclusão do curso ginasial – 1961 (verso)
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O ANO DE 1962
CURSO DE FORMAÇÃO DE RESERVISTAS – CFR
O ano de 1962 teve início com o concurso de admissão para o 1º ano ginasial. Houve 218 candidatos inscritos e foram matriculados 73 novos alunos.
O Boletim Interno nº 64, de 24 de março de 1962, determinou o funcionamento do Curso de Formação de Reservista – CFR pela primeira vez no Colégio, designou os instrutores e aprovou o seu programa de instrução.
O INÍCIO DO ANO LETIVO DE 1962 O Boletim Especial nº 1, de 25 de março, registrou a abertura do ano letivo de 1962 naquele domingo. O Comandante do CMS, o corpo docente, os pais e os alunos puderam acompanhar, em solenidade, a entrega de prêmios e medalhas; a publicação das promoções de séries, referente aos alunos aprovados no ano letivo de 1961; as promoções aos Postos e Graduações dos alunos que mais se distinguiram na parte intelectual, no aproveitamento das instruções militares e no comportamento.
O CFR matriculava os alunos do CMS que estavam em idade para a prestação do serviço militar. As instruções ministradas eram típicas da formação básica dos soldados da Força e o aluno terminava o curso como Reservista de 2ª Categoria do Exército, já que não recebia uma qualificação militar específica. No dia 30 de novembro daquele ano, conforme descreve o Boletim Interno nº 259, da mesma data, foi realizada a solenidade de Juramento à Bandeira e o compromisso dos 30 alunos aprovados no CFR. Ao término do Curso, o 1º colocado foi o aluno nº 183 – Humberto.
A partir daquela data, passaram a figurar no “Quadro de Honra do CMS” os alunos que se dedicaram aos estudos, tiveram conduta irrepreensível e obtiveram média final acima de 7 nos exames.
PÁSCOA DOS ALUNOS Em 23 de junho, sábado, houve uma cerimônia religiosa atinente à Páscoa dos alunos. Essa iniciativa da Associação de Pais e Mestres do CMS contou com a colaboração do Serviço de Orientação Educacional – SOE. Uma missa campal foi rezada pelo Padre Capelão Antônio Costa e abrilhantada pela pregação de Dom Jerônimo Sá Cavalcante e pela 1ª Comunhão de vários alunos. Essa atividade religiosa contou com a participação do Marechal Aristóteles de Souza Dantas, Presidente da Associação de Pais e Mestres, bem como de familiares dos alunos, do Comando do Colégio, do Corpo Docente e de um aluno representando o Colégio Estadual da Polícia Militar do Estado da Bahia.
Cerimônia de encerramento do CFR (1962)
OLIMPÍADAS ESTUDANTIS DE 1962 O Colégio Militar participou, juntamente com faculdades, colégios e clubes, dos jogos estudantis da “IV Olimpíada Baiana da Primavera”. Na abertura, no dia 1º de setembro, sábado, no estádio Otávio Mangabeira, o CMS desfilou representado por 120 alunos atletas e apoiado pela sua vibrante torcida organizada. Ao término da Olimpíada, o CMS obteve muitas vitórias e foi um dos principais destaques da competição.
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O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1962 O bem-sucedido ano letivo de 1962 chegava ao fim e a turma que ingressou em 1958 finalizava o 1º ano do curso colegial. O aluno nº 166 – Elbert foi o que mais se destacou no 1º ano e seria o novo comandante-aluno no ano de 1963.
O SARGENTO CAVALCANTI Uma figura icônica do Colégio foi o Sargento Cavalcanti. Em seu livro de memórias, o General de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos (Aluno nº 206 – Maciel, 1958-1964) menciona o militar com muito respeito e admiração, assim como outros ex-alunos daquela época.
O ANO DE 1963 O concurso de admissão para o 1º ano do curso ginasial, visando ao ano de 1963, teve 143 candidatos inscritos e foram matriculados 73 novos alunos, somados a dois alunos aprovados no exame de suficiência; um candidato ao 2º ano ginasial; e um candidato ao 3º ano ginasial.
O INÍCIO DO ANO LETIVO DE 1963 No dia 9 de março, sábado, ocorreu a abertura do ano letivo de 1963 com uma formatura prestigiada pelo Comandante do CMS, pelo corpo docente, pelos pais e pelos alunos. Como sempre ocorria, houve a entrega de prêmios e medalhas; a publicação das promoções de séries; as promoções aos Postos e Graduações dos alunos que mais se distinguiram na parte intelectual, no aproveitamento das instruções militares e no comportamento, dentre outros eventos. Ainda na solenidade, foram publicados os nomes dos alunos no “Quadro de Honra do CMS”.
O Sargento Cavalcanti nasceu em 1921, em Aracaju - SE. Aos 18 anos, saiu de sua cidade natal e seguiu para o Rio de Janeiro, incorporando-se ao Exército no Grupo Escola de Artilharia, onde serviu por dois anos. Deu baixa do Exército e voltou para Aracaju, até a chegada da 2ª Guerra Mundial. Em 1943, foi reconvocado, reingressando no Exército e indo servir no então 1º/4º Grupo Motorizado de Artilharia de Costa (GMAC), em Salvador, localizado no bairro de Amaralina. A partir daí, tornou-se militar de carreira. Com dedicação e sucesso, realizou os cursos de Formação de Cabos, de Sargentos e, por fim, de Aperfeiçoamento. Como era muito alto e possuía porte atlético, em 1947, foi convidado a fazer o Curso de Educação Física na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), no Rio de Janeiro, a primeira escola do gênero no Brasil e matriz de todas as demais. Ao concluí-lo, retornou a Salvador, sendo o primeiro militar da Guarnição a possuir tal Curso. Quando ocorreu a criação do CMS, dez anos depois, o Sargento Cavalcanti foi convidado a fazer parte do seu efetivo, trazendo consigo toda a experiência adquirida na área de Educação Física. Além de professor, tornou-se árbitro da Federação Baiana de Futebol, o único, naquela época, com formação teórica adequada.
O PERFIL VITORIOSO DO CMS NOS ESPORTES Desde a sua fundação, o CMS tem alcançado grandes vitórias e sucessos no campo esportivo. A participação em jogos estudantis do Estado da Bahia é um exemplo. No ano de 1963, o CMS foi o campeão absoluto da “V Olimpíada Baiana da Primavera”, competição que contava com a presença de importantes estabelecimentos de ensino do Estado. Foram inúmeros troféus, medalhas e prêmios. Além do pendor natural para os esportes, os alunos do Colégio tinham uma preparação muito bem conduzida pelo 1º Tenente Renir Reis Damasceno e pelo 1º Sargento José Cavalcanti de Brito, Chefe e Adjunto da Seção de Educação Física, respectivamente. Os resultados alcançados até o ano de 1963 foram consequência direta do trabalho desses dois militares, em especial, do Sgt Cavalcanti, militar que sempre será lembrado pelos alunos que cursaram o Colégio Militar nos anos 50 e 60.
Ten Renir à esquerda, alunos ao centro e Sgt Cavalcanti à direita
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Assim que foi transferido para o CMS, recebeu a missão, juntamente com o Tenente Renir e alguns soldados, de preparar as aulas de Educação Física e a infraestrutura necessária. As aulas iniciaram um mês depois, em 2 de maio de 1957. Sobre aquele momento e sobre o Sargento Cavalcanti, o General Maciel acrescenta:
Quadra coberta em construção (1962)
Sgt Cavalcanti, à direita, com alunos no TFM (1959)
Foram comprados no Rio de Janeiro dardos, pesos e discos para lançamento, agasalhos e sapatos próprios para atletismo, uniformes para as equipes, bolas de todos os tipos, enfim, todo o variado material necessário à “ginástica” dos alunos e ao treinamento de um grupo menor, os atletas em formação. Num grotão do Casarão, próximo ao Largo dos Paranhos, o campinho de futebol foi ampliado à muque por Cavalcanti e seus soldados. Nos fundos da garagem, aplainou-se, também a braço, uma ribanceira e ali foi montado um espaço para saltos em altura e distância, amortecidos pelas pernas raladas dos alunos, e pintado, na parede, um quadrado que fazia às vezes de tabela para o basquete. A quadra polivalente, eu a vi ser construída pelo mesmo mestre de obras (Cavalcanti) e sua equipe! Com tanto empenho, foi fácil motivar aqueles meninos e no espaço de um ano, apenas, levantar o título de campeão dos jogos colegiais, que começavam então a ser disputados na Bahia, sob o patrocínio de uma estação de rádio local.
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Quadras polivalentes (1963)
Quando o CMS foi transferido para a Pituba, o Sargento Cavalcanti trouxe a experiência adquirida em Pitangueiras, junto com seus soldados, e ajudou a construir a quadra coberta e as quadras polivalentes que estão lá até hoje. Todas elas foram inauguradas em 25 de novembro de 1963, com diversas competições esportivas, conforme descrito no Livro Histórico do CMS.
ZARAPI – cacique de uma tribo paraguaia esfaqueado junto com o pajé pelo Henriquinho.
A TORCIDA ORGANIZADA DO CMS A torcida organizada do Colégio Militar sempre foi das mais animadas em termos de vibração, cantos e harmonia, semelhante às torcidas dos clubes atuais. Nos anos 60, esse tipo de torcida era novidade e o CMS foi um dos primeiros estabelecimentos de ensino da Bahia a introduzila como vetor de motivação nas competições. Segundo descreve o General Maciel (aluno nº 206 – Maciel), o torcer pelo CMS foi uma iniciativa do Major Montezuma, que ensinava o “grito de guerra Zum Zaravalho” e outras canções guerreiro-esportivas. O primeiro líder de torcida foi o aluno nº 21 – Bastos. Sobre esse assunto, o Gen Maciel diz: [...] Um outro professor de História, major Montezuma, merece menção especial. Montezuma, que chegou a general e com quem tive contato, eu mesmo já general, era um apaixonado pelo esporte. Tendo sido chefe da torcida organizada do nosso CM matriz, montou a nossa, pôs um baixinho abusado, tocador de bumbo, Bastos, a chefiá-lo e assim fazíamos o chão e os adversários tremerem, no ginásio de esportes da cidade, o Balbininho, aos gritos em coro do Zum Zaravalho, Normalista e outras peças guerreiras. A Bahia desconhecia isto, agora conhece, mas só põe em prática, ações não tão organizadas, nas torcidas de futebol [...].
O grito de guerra, de conteúdo onomatopaico, possui origem indígena e transformou-se na saudação colegial feita a cada formatura geral. Cabe aqui uma explicação descritiva sobre o Zum Zaravalho feita pela ex-aluna do CMRJ Suzana Gonçalves e cedida pelo Gen Maciel: [...] Henrique Zaravalho, soldado brasileiro de origem indígena, que combateu na guerra contra o Paraguay do general Solano Lopes, era um matador de índios, tanto brasileiros quanto paraguaios. Tinha muita aptidão para matar a facadas e era muito rápido nos seus ataques fulminantes. ZUM – caracterizava uma onomatopéia referente a sua velocidade no ataque mortal. ZARAVALHO – era o nome desse grande guerreiro brasileiro. OPUM – no dialeto de sua tribo significava ferir mortalmente com a faca, esfaquear.
Ó QUÉ QUÉ, Ó QUÉ QUÉ! – os patos de uma lagoinha perto da “guerra” do Zaravalho, que grasnavam, fazendo um barulho semelhante, logicamente, a patos! ZUM – a mesma onomatopéia já vista, referente à velocidade com que o esfaqueador e herói brasileiro sumiu dentro da mata, após matar os dois idiotas. PINGUELIM, PINGUELIM, PINGUELIM – dá a impressão de sangue pingando sem parar, após a “faqueada” nos dois políticos enganadores da tribo – cacique e pajé – mensaleiros e corruptos, além de comunistas. ZUNGA – tradução para matar, arrancar a alma à faca. MARIMBAU – colar de pedras que os índios guerreiros levavam no pescoço, mas só os mais valentes, os quais, para o nosso esfaqueador, eram uns bobos. CATE MARIMBAU – o ato de catar as pedras caídas dos pescoços dos que enfrentavam o furor esfaqueador do Zaravalho. EICHAU, EICHAU! – grito de guerra de triunfo de Henrique, depois de matar esses inúteis. Como não podia deixar de ser, Henrique Zaravalho morreu, flechado por um guarani-paraguaio que o pegou desprevenido. Seu filho, Felipe Zaravalho, foi aluno do CMRJ, então criado para abrigar os órfãos dos militares combatentes na Guerra do Paraguay [...].
O ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DE 1963 O ano de 1963 foi de grandes vitórias. A turma que ingressou no CMS em 1958 finalizou o 2º ano do curso colegial e passou para o 3º e último ano do Colégio Militar de Salvador. Naquele ano, o aluno nº 166 – Elbert foi o que mais se destacou. O aluno Elbert Alves Barbosa seguiu carreira militar e chegou ao posto de Coronel do Quadro de Engenheiros do Instituto Militar de Engenharia.
Aluno nº 166 – Elbert
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Alunos em atividade extraclasse (1964)
O ANO DE 1964 E O INÍCIO DO ANO LETIVO Com a recepção dos 29 novos alunos, a leitura de boletim, a entrega de prêmios e medalhas; a publicação das promoções de séries, referente aos alunos aprovados no ano letivo de 1963; as promoções aos Postos e Graduações dos alunos que mais se distinguiram na parte intelectual, no aproveitamento das instruções militares e no comportamento, teve início, naquele 29 de fevereiro, sábado, o ano letivo de 1964. O Comandante do CMS, o corpo docente, os pais e os alunos prestigiaram a solenidade em que foram publicados os nomes dos alunos no “Quadro de Honra do CMS”.
ATIVIDADES EXTRACLASSE No dia 12 de novembro de 1964, uma representação do CMS, com oficiais, monitores e alunos, visitou a Cidade de Paulo Afonso e seus pontos turísticos. O Coronel Ivan (aluno nº 176, 1958-1964), em depoimento ao General Maciel (aluno nº 206), lembra da referida viagem:
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A visita à Usina de Paulo Afonso foi outra viagem inesquecível. Como Canudos, Paulo Afonso era distante de Salvador e a estrada era uma pista simples, sem asfalto. Acantonamos em um quartel que o Exército tem lá até hoje, a 1ª Cia Inf (Ind). Foi uma iniciativa da cadeira de Física, e acompanhou-nos o TC Montezuma, que comandava o 1º/4º GACosM, a artilharia de costa de Amaralina e cumulativamente ensinava no CMS. Tivemos, in loco, noções nunca esquecidas sobre barragens, células verticais de captação de água, multiplicação da sua força de queda pela utilização de caracóis, aletas de acionamento de turbinas, geração e transporte de energia para os centros de consumo. Viajamos em um ônibus “costa reta” cedido pela Petrobras, comendo “catanho” – dois sanduíches e uma mariola num saco de papel pardo – o que era divertido para os alunos, mas nem tanto para os militares que nos acompanhavam. Chegamos de noite ao destino ao lado de uma represa e do formidável S. Francisco, cobertos pela fina poeira que se filtrava pelos vidros do ônibus, o desconforto final: não havia água para o banho.
ALGUMAS LEMBRANÇAS DA 1ª TURMA Qualquer turma de alunos, seja de qual for o estabelecimento de ensino, possui lembranças que marcam para a vida toda. No CMS, isso não é diferente. O Coronel Ivan (aluno nº 176), em depoimento ao General Maciel (aluno nº 206), lembra de alguns fatos que ficaram marcados na memória dos alunos do CMS daquela época:
O Barão de Pituba foi a alcunha não muito carinhosa que demos ao Cel José Marcos Bezerra Cavalcanti, segundo comandante do CMS, talvez por ser ele um homem austero, muito exigente – inclusive consigo próprio – chegando a tangenciar a rudeza. Depois de um experiente intelectual e profundo conhecedor das coisas do ensino, o Cel Uchôa (que criou, partindo do nada e em sete simbólicos dias, o CMS), um tarimbeiro iria bem, devem ter pensado os altos dirigentes do Exército. Assim, Cavalcanti era o soldado a exigir a obediência rigorosa aos regulamentos, a fiscalizar os horários, a verificar nas salas de aula a presença de alunos e professores e o cumprimento dos planos de aula. Depois dos dias trabalhosos, difíceis, mas amenos de Uchôa – um homem afável –, Cavalcanti foi um choque. Quando revelei, ao falar de Fraga Lima, a decepção do Cel Cavalcanti de não ser eleito o paraninfo da turma que concluía o Científico, ficou clara a ação apaziguadora do sábio decano ao nos propor sufragar patrono, o Barão. Três anos antes, o mesmo se dera, sem final feliz: na formatura do ginasial, o Cel Cury, grande professor de matemática, foi escolhido para paraninfo e, sem qualquer ação apaziguadora, o comandante o impediu de dirigir-nos a palavra no interior do Círculo do Exército (CirEx), acolhedor clube de oficiais no Porto da Barra. Cury dirigiu-se a todos nós das escadarias externas do prédio. É necessário acentuar que a dureza do Barão só não era maior que o seu amor inconteste ao CMS. Se nos verdes anos aquele tratamento de soldado que ele dava a nós, meninos, pareceu excessivamente duro (e era, sem dúvida), haveremos de concordar, muito contribuiu para a nossa formação. Filadelfo Reis Damasceno, já oficial superior, com o curso de Estado-Maior, foi nosso professor de História, embora não fosse do Magistério Militar. Era um homem culto, carismático, autor de várias obras castrenses, entre elas Vida de Cadete, cuja leitura, divertida e um tanto romântica, influenciou muitos de nós na escolha da carreira das armas. É o autor da letra da Canção do Colégio Militar de Salvador, cuja música é do então 1º Sargento Benoni R. do Nascimento. Damasceno protagonizou
uma história, ainda tenente, de altruísmo, despreendimento e desapego à vida: servindo no 19º Batalhão de Caçadores (19º BC) em Salvador, durante uma instrução para soldados sobre granadas ofensivas, ao manusear uma delas, o engenho armouse para explosão imediata; correu a janela da sala para lançála fora, mas uma tropa deslocava-se pelo pátio. Granada na mão esquerda, deixou-a, conscientemente, explodir, perdendo dedos e parte da mão, além de sofrer ferimentos irreversíveis ao rosto. Nenhum soldado machucou-se! Nunca falou sobre o assunto, não demonstrava orgulho, mas a gente sabia. Muitas viagens foram feitas naqueles idos de 1960. Viagens de cunho social – como a ida a Itabuna para dançar em um baile de debutantes, viagens de valor cultural, como à hidrelétrica de Paulo Afonso e ao arraial de Canudos, e viagens de congraçamento como a que foi feita a Aracaju. Não fui a Aracaju, mas recordo bem da ida a Canudos. Canudos foi iniciativa do Cel Avelar, um excelente professor de História oriundo do CMRJ. O objetivo era coroar os estudos sobre a chamada Guerra de Canudos, episódio políticosocial tratado na ponta da baioneta pelos políticos de então, no alvorecer da República. Avelar dera ênfase especial à 3ª Expedição, comandada pelo Cel Moreira César, além de fazer muitas referências à obra magistral de Euclides da Cunha, Os Sertões. Além de Avelar, nos acompanharam os Sgt Jerônimo e Gama (excelentes mecânico e motorista, respectivamente), o Cb Marques, o Cap Fontes Lima, o Ten Alcântara e o Sgt Duarte. A Prof. Ruth Vieira, do SOE, também foi conosco. Passamos por Jeremoabo, Cansanção e Cocorobó, onde acantonamos numa instalação da empresa que construía a represa de mesmo nome, no rio Vasa Barris. Canudos ainda não tinha sido inundada, assim, estivemos nas ruínas da igreja, último baluarte da guerra, em frente à qual deu-se a degola. No Cruzeiro, crivado de balas, tiramos fotos e recolhemos restos de municão, trazidas para casa como troféus e, pouco tempo depois, sem a consciência histórica dos dias atuais, lançadas ao lixo. Conversamos com moradores que ainda não se tinham retirado da área, prestes a ser inundada, filhos dos seguidores do Conselheiro. Tratando de coisas mais prosaicas, a denominação Nobre Cadinho, com que muitos referem-se ao CMS nos dias de hoje, tem a ver com os versos de nossa Canção (“Ao sairmos, do nobre cadinho, possuímos, caráter perfeito”). Cadinho é um recipiente tronco-cônico, resistente a altas temperaturas, onde se fundem metais. Metais nobres, como o ouro, são fundidos no nobre cadinho. Assim, os jovens formados no CMS
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O FINAL DO ANO LETIVO DE 1964 E A 1ª TURMA QUE SE FORMOU NO CMS Os alunos que foram admitidos no CMS de 1957 até 1964 estavam concluindo o curso do 3º ano colegial e compunham um grupo de 19 estudantes. têm elevado valor intrínseco. Somos chamados baleiros, os alunos do CMS, diferente dos alunos do CMRJ, bombeiros. Os verdadeiros baleiros, com seus cestos de vime apoiados na barriga, passeavam pelas ruas mercando suas guloseimas (balas, chocolates, pirulitos, paçocas...). Vestiam-se de caqui e usavam borzeguins, alguns até bibicos, e assim, tinham quase a mesma aparência nossa. Mas a postura, a atitude, viu-se logo, era distinta. O que um dia foi pejorativo é hoje motivo de orgulho, indica origem. Clorofila era um velho ônibus GMC, muito bem reformado, pertencente ao Sgt Isaías, que fazia o transporte escolar desde as Pitangueiras (delícia de nome), passando pelo Acupe e pelo fim de linha de Brotas e nos levava, com segurança e pouca poluição, até à Pituba. Pintado de verde claro, apelidei-o de Clorofila. Pegava a turma dos Bancários, da Otaviano, das Pitangueiras, da Boa-Vista e entrava no Acupe onde subíamos eu, Tude, Dacach e Marcus, seu irmão. Daí ganhava a Vasco da Gama (ou da Lama, por razões óbvias). Quando o Colégio Militar de Salvador mudou de sede em 1961, o Cel Cavalcanti, numa atitude plena de desprendimento, resolveu criar um internato para 50 jovens. Desprendimento porque as acomodações eram mais amplas e novas que as de Pitangueiras, mas ainda assim insuficientes para o modelo planejado. Foi uma alternativa para acolher rapazes que ainda muito jovens deixavam a casa dos pais e vinham morar em Salvador. Os garotos, até então, ficavam em pensionatos de militares, nas residências mesmo destes militares, muito bem cuidados pelas suas famílias, tanto que muitos se mantiveram nessas casas até saírem do Colégio. Os Sgt Edésio e Isaías e o Ten Alcântara mantiveram tais “serviços”. Estes homens – que bom que falar do internato nos permite tratar disto – foram queridíssimos por estes meninos por toda a vida. Edésio foi padrinho de casamento do hoje Ministro do GSI Elito; o então Ten Prudente, vindo a Salvador para o meu casamento, pediu-me que o levasse à casa de Isaías, provocando o inédito atraso do noivo à cerimônia! Os idos de 1964 não são de fácil apreciação. Chegando cedo ao Colégio naquele 31 de março, e já tendo o movimento eclodido, fez-se a formatura normal durante a qual o Cel Cavalcanti informou o pouco que sabia. Só indefinições no ar. As aulas foram suspensas. A maioria daquela primeira turma prestes a concluir o Científico estava saindo da adolescência, na faixa dos 17 anos, e não tinha sido atraída pela política, embora uns poucos fossem muito engajados.”.
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No dia 4 de dezembro de 1964 , às 10 horas, a turma que iria se formar fez a sua última prova (Disciplina de Desenho), sob a fiscalização do Ten Cel Orlando, conforme consta do Boletim Interno nº 238, de 7 de novembro de 1964. Após essa avaliação, os resultados finais do 3º ano colegial foram publicados no Boletim Interno nº 277, de 30 de dezembro de 1964:
Nº
NOME
CLASSIFICAÇÃO
166 ELBERT
1º
198 OSMAR
2º
206 MACIEL
3º
174 CARVALHO
4º
176
5º
SOUZA
19 SANTANA
6º
6 GONÇALVES
7º
200 DACAH
8º
184
9º
TUDE
196 ARAGÃO
10º
63 HERMES
11º
154 TEIXEIRA
12º
107
13º
DUARTE
211 VALMORE
14º
163 TELES
15º
12 LEOMIR
16º
201 CASTRO
17º
210
18º
HUPSEL
101 PIEDADE
19º
Vale lembrar que, antes mesmo da conclusão das avaliações, o Comando do Colégio, os responsáveis e os alunos concludentes do 3º ano colegial já planejavam e tratavam dos preparativos relacionados aos eventos comemorativos da 1ª turma que estava concluindo o curso completo do CMS. Como paraninfo, a turma escolheu o Professor Aristides Fraga Lima e, como Patrono, os alunos selecionaram o Cel Art José Marcos Bezerra Cavalcanti.
AS DESPEDIDAS DO CMS Vários eventos ocorreram em homenagem a 1ª turma que estava se formando no Colégio Militar de Salvador, conforme descreveu uma reportagem do jornal “A Tarde”, de 15 de dezembro. A última formatura dos alunos do 3º ano colegial, “Turma Coronel José Marcos Bezerra Cavalcanti”, coincidiu com o encerramento do ano letivo de 1964, no dia 12 de dezembro, sábado, com a participação de várias autoridades, como o Comandante da 6ª Região Militar, o Gen João Costa.
DISCURSO DE FORMATURA Merece ser destacada a transcrição do discurso proferido pelo aluno concludente nº 176 – Souza, ocorrido no Fórum Ruy Barbosa, por ocasião da cerimônia de entrega do certificado de conclusão do curso:
Daquela marcante cerimônia, destacamos o desfile militar em homenagem ao Comandante da 6ª RM; a entrega de prêmios aos melhores alunos; a saudação e uma oração proferida pelo aluno nº 166 – Elbert. Ao final do evento, houve um almoço de confraternização entre oficiais, professores, pais e alunos concludentes.
Aluno Ivan ao microfone e aluno Alírio como porta-estandarte (1964)
No dia 18 de dezembro, sexta-feira, a agenda foi lotada: às 10 horas, uma missa em ação de graças na Igreja da Piedade; às 20 horas, sessão solene no Fórum Ruy Barbosa, na qual foi entregue aos alunos concludentes o certificado de conclusão do curso; e, ainda, às 22 horas, um baile de despedida no Círculo do Exército.
Além de um regulamento interno que é a diretriz básica sobre a qual trilha o aluno do Colégio Militar, existe algo ainda demais perfeito e belo, símbolo da honestidade, de sã consciência, da lealdade com o companheiro, da fiel amizade, e que é, finalmente, a chave de ouro que tranca o cofre de ferro do regulamento interno, onde estão encerrados todos os princípios da ordem e do bem. Este algo perfeito e belo, senhores, é o nosso CÓDIGO DE HONRA.
Parte interna do convite para as solenidades de formatura
Convite para o 1º baile de formatura de conclusão de curso no CMS
A este código todos nós prestamos culto, e, eis em vossa frente, o fruto da obediência aos seus belos princípios: uma equipe de jovens formados moral e intelectualmente, dispostos a continuar os intensos trabalhos para não quebrarem o ritmo que vinham mantendo, há sete anos. O nobre cadinho, como diz a nossa canção do Colégio, acaba hoje de cumprir mais uma missão: a de sempre moldar indivíduos probos, brasileiros dignos da Pátria que os possui. [...] […] Disse o nosso batavo Almirante Tamandaré durante a guerra do Paraguai: “O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER.
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1ª Turma formada pelo CMS – Turma Coronel José Marcos Bezerra Cavalcanti (1964)
Senhores, como bem sabeis, existem orações que atravessam os séculos e resistem ao poder destruidor do tempo, fazendo ainda sentido muitas décadas após a sua citação. Esta de Tamandaré, é uma delas. Assim sendo, colegas, sigamos os exemplos dos nossos superiores hierárquicos sendo, futuramente profissionais dignos, cumpridores de suas obrigações, honestos e trabalhadores, pois só assim teremos uma Pátria satisfeita por terem os seus filhos cumprido com os seus deveres para com Ela.
Na primeira fila, da direita para a esquerda, os alunos: Leomir, Tude, Souza, Carvalho, Duarte, Elbert, Teles, Teixeira, Santana e Adilson. À retaguarda, da direita para a esquerda, os alunos: Valmore, Hupsel, Maciel, Castro, Piedade, Hermes, Dacach, Osmar e Aragão.
Meus colegas: é nossa obrigação, no dia de hoje, agradecer pessoalmente a cada mestre por todo bem que eles nos trouxeram, pois assim, seria mais significativo e belo e desta maneira eles sentiriam mais de perto o nosso reconhecimento sincero. E aqui estamos diante de nós o representante deste espírito de bondade tão comum no professor do Colégio Militar, que é o nosso paraninfo. Não significa este fato ser o citado mestre o melhor de todos. Mas um homem que representa um todo. [...]
Durante as excursões que fizemos ao interior, constatamos a nossa imensidão territorial, conhecemos os campos de petróleo, visitamos a Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e só assim, conhecendo este pouco dentre o muito que possuímos de progresso é que podemos aquilatar as perspectivas que possuem o nosso País de se tornar uma entre as potências mundiais. E isto só depende de trabalho, de fé e de boa vontade.
[…] Colegas! Nós que hoje concluímos, sabemos que as profundas raízes da nossa amizade estão pregadas no sólido subsolo da infância, desde quando ingressamos pela porta de admissão e agora, levando em conta os sete anos que separam aquela da que hoje transpusermos que é a da conclusão, podemos assegurar que essa camaradagem aumentará mais e mais com o correr dos tempos.
E hoje, senhores, se passamos a pertencer ao futuro de um país, deveremos agradecer humildemente àqueles que trabalharam, que aconselharam, que castigaram e que nos deram apoio durante os anos de estudo. [...]
Senhores, após ouvirdes tudo o que o coração de uma turma concluinte pode dizer, podeis estar seguros de que seremos brasileiros honestos, e que, quando a nave do tempo esbranquiçar os nossos cabelos, teremos o orgulho e a honra de dizer que, em nossa juventude, pertencemos a um Colégio Militar.
[…] Aos nossos mestres, homens de extensa e inegável dedicação ao seu ofício e que nos adicionaram mais uma importante parcela à nossa educação: a educação intelectual. Parece incrível, mas a realidade é que os inesquecíveis professores são aqueles mais exigentes, os que mais castigam e que nos deixam a marca de reconhecimento e de gratidão para o resto da vida.
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Salvador, BA, 18 de dezembro de 1964. Aluno 176 – Ivan Sérgio Martins de Souza.
OS ALUNOS DA 1ª TURMA DO CMS NOS DIAS DE HOJE OMAR OLIVEIRA E SILVA Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles o de Corrosão metálica e proteção catódica, chegando ao cargo de Diretor Técnico da SOTER Engenharia e Supervisor do projeto e construção das Adutoras do JoanesBolandeira. Trabalhou na Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EmBASa), como Engenheiro de Manutenção.
ADILSON GONÇALVES DE JESUS Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1968, chegando ao posto de Coronel. Aluno nº 6 Gonçalves (1964)
ANTÔNIO FERNANDO TEIXEIRA DE CARVALHO
Aluno nº 198 Osmar (1964)
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1966 a 1969, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1969, chegando ao posto de Coronel.
EDGAR DA SILVA TELES SOBRINHO
Aluno nº 154 Teixeira (1964)
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Engenharia Civil pela Escola Politécnica da UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles o de Pós-Graduação em Engenharia Econômica. Ocupou diversos cargos, como: o de assessor do Secretário de Minas e Energia do Estado da Bahia e Superintendente da Companhia Baiana de Eletrificação Rural. Participou, ainda, da implantação do Porto de Aratu e trabalhou na empresa Nitro Carbono, no Polo Petroquímico de Camaçari.
VALMORE FREIRE DE OLIVEIRA FILHO Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial de Intendência em dezembro de 1968, chegando ao posto de Coronel. Aluno nº 211 Valmore (1964)
Aluno nº 163 Teles (1964)
ELBERT ALVES BARBOSA Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1968. Cursou Engenharia Mecânica no Instituto Militar de Engenharia, de 1974 a 1979, chegando ao posto de Coronel.
LEOMIR PEREIRA Matriculado no CMS em 1959, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1969, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1969, chegando ao posto de Coronel. Aluno nº 12 Leomir (1964)
Aluno nº 166 Elbert (1964)
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HERMES TEIXEIRA DE MELO Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Licenciatura em Física pela UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles: o de Mestrado em Educação na The Pennsylvania State University – EUA (1972) e o curso de Doutorado em Educação na mesma Universidade (1980). Foi Professor da UFBA e, atualmente, é Diretor Acadêmico da Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico. Aluno nº 63 Hermes (1964)
ROBERTO VIANA MACIEL DOS SANTOS Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial de Material Bélico em dezembro de 1968. Cursou a Escola de Comando e Estado-Maior em 1981. Dentre os vários Comandos por que foi responsável, destaca-se o de Vice-Chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército Brasileiro (hoje DECEx), chegando ao posto de General de Divisão. Aluno nº 206 Maciel (1964)
HUMBERTO SILVA CARVALHO
VALMAR PONTES HUPSEL
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Bacharelado em Física pela UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles: o de Mestrado em Geofísica pela UFBA (1972) e Doutorado em Geofísica pela mesma Universidade (1981). Foi Professor do Instituto de Física e Coordenador Adjunto do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geofísica da Universidade Federal da Bahia.
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Engenharia Civil pela Escola Politécnica da UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles: o de Direito Imobiliário e Pós-Graduação de Engenharia Econômica.
Aluno nº 174 Carvalho (1964)
Aluno nº 210 Hupsel (1964)
Foi o 1º Presidente da Associação de Ex-alunos do CMS e atualmente é Sócio-Gerente da Construtora e Incorporadora Nelmar Ltda e da Nelmar Comercial Ltda.
JOSÉ EUDORO REIS TUDE RAIMUNDO JOSÉ RODRIGUES DE CASTRO Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da UFBA, de 1965 a 1969. Foi gerente da Divisão de Equipamentos da FENGEL, de 1969 a 1978. Em 1978, foi Chefe da Divisão de Equipamentos da Usina Nuclear ANGRA 2. Atualmente é proprietário e Diretor Executivo da Empresa Metalcastro Estrutura e Mecanização Ltda. Aluno nº 201 Castro (1964)
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial de Intendência em dezembro de 1968. Concluiu o Curso de Administração de Empresas, em 1978, na Universidade Católica de Salvador, pedindo licenciamento do Exército no posto de Capitão. Exerceu vários cargos, como; Superintendente do DECASA (Camaçari); Prefeito de Camaçari; Presidente do ConDeR (Salvador); Deputado Estadual e Federal. Aluno nº 184 Tude (1964)
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IVAN SÉRGIO MARTINS DE SOUZA
OSCAR PIRES DE ARAGÃO E MELO NETO
Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1966 a 1969, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1969. Prestou o concurso para o Magistério do Exército em 1975. Foi Professor do CMS da Área de Ciências Exatas – Desenho Geométrico Plano e Geometria Descritiva, chegando ao posto de Coronel.
Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez Faculdade de Arquitetura, de 1965 a 1969. Realizou cursos de Planejamento Urbano do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM). Trabalhou no plano das cidades sob a influência da Hidroelétrica de Itaipu no Paraguai, exerceu cargo na REMURB e na Secretaria de Transportes Urbanos na Divisão de Projetos e Controle de Tráfego.
Aluno nº 176 Souza (1964)
Aluno nº 196 Aragão (1964)
ANTÔNIO DE JESUS SANTANA
LUIZ CARLOS DOS SANTOS PIEDADE
Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso do Instituto de Geociências da UFBA, do ano de 1965 a 1969. Especializou-se, realizando o Curso de Prospecção e Valorização de Minerais da Escola Nacional Superior de Geologia Aplicada e de Prospecção Mineira de Nancy – França, chegando a ocupar o cargo de Chefe de Projetos de Geologia na Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM.
Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e seguiu carreira militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1965 a 1968, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em dezembro de 1968. Realizou o Curso de Administração de Empresas na Universidade Católica de Salvador. Exerceu a função de Comandante do Corpo de Alunos do CMS, chegando ao posto de Coronel.
Aluno nº 19 Santana (1964)
Aluno nº 101 Piedade (1964)
LUIZ OTÁVIO SILVA DUARTE Matriculado no CMS em 1957, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez Faculdade de Ciências Econômicas, de 1966 a 1969. Realizou cursos de Política Interna e Prática de Comércio Exterior e Administração de Materiais. Exerceu diversas funções, como: Assistente no Banco Estadual da Bahia, Chefe da Divisão da TeleBahia, Chefe da Divisão da Companhia de Pneus Tropical, Comprador Técnico da Empresa DAW Química. Aluno nº 107 Duarte (1964)
PAULO ROBERTO DACACH LEITE Matriculado no CMS em 1958, concluiu o curso em 1964 e, em seguida, fez o Curso de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da UFBA, de 1965 a 1969. Possui diversos cursos, dentre eles: o de TWI, PERT-CPM, Desenvolvimento Gerencial e Planejamento Estratégico de Empresas. Exerceu funções de Diretor da Prisma S/A – Indústria de Pré-moldados e Coordenador de obras da Região Norte, pela Concic Engenharia S/A. Aluno nº 200 Dacach (1964)
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REVIVER MOMENTOS MARCANTES PELOS TESTEMUNHOS DE EX-ALUNOS Convidamos o leitor a conhecer um pouco mais da história do Colégio Militar de Salvador por alguns testemunhos de ex-alunos que pertenceram a primeira turma que se formou no CMS e, também, alguns ex-alunos que tiveram a honra de pertencer àquela turma e concluíram seus estudos em outro estabelecimento de ensino.
Meu pai fraturara o fêmur e, naquele tempo, a cura veio de cirurgia e engessamento da cintura para baixo, uma das pernas até o joelho e um ferro a separar as duas pernas. Quatro meses ficaria assim. Apelou à piedade de Tonho (apelido do coronel), arranjasse uma vaga no nascente Colégio Militar para mim. Respondeu-lhe o coronel, passagem muito citada ao longo da minha vida: “Zeca, me dê os documentos do menino que eu faço a inscrição, o resto é com ele e com Ruth”. Ruth é minha mãe, ainda viva neste março de 2021. Muito mais nova que meu pai, Ruth era (e é) dureza. Nada entendia de cozinha ou costura, mas fora muito boa estudante nas freiras de Petrolina para onde, menina, atravessando o S. Francisco, se dirigia todos os dias, num barco a vela para a escola. Juazeiro, sua terra, carecia de bom ensino. A mãe tinha uma didática única. Eu estudava, ela tomava a lição e qualquer erro me mandava reestudar e começava a questionarme da estaca zero. Às vezes o clima de terror se instalava e o meu pai interferia para acalmar os ânimos. Assim passei no concurso de admissão em 9º lugar (gravei, tanto que ela repetiu orgulhosa do feito que não era só meu).
Aluno nº 206 - Maciel, na frente à direita (1964)
GENERAL DE DIVISÃO ROBERTO VIANA MACIEL DOS SANTOS ALUNO Nº 206 – MACIEL (1958-1964) “Fui filho de pai velho, tempo em que a sabedoria estava com eles (os pais) e a nós, filhos, a obediência. No que respeita a meu pai, juiz sertanejo de muita vivência, leitor de jornais e ouvinte de rádio – coisa rara na minha meninice – isto era verdadeiro. Então estava o meu pai, Dr. Zeca Maciel estirado num leito do hospital Português sendo visitado pelo seu amigo de infância, Coronel Bendochi Alves, comandante do 19º Batalhão de Caçadores, herdeiro do Periquitos das lutas pela Independência, presidente do maior clube da Bahia daquele tempo, o Ypiranga. O 19º BC era a única tropa da Bahia, o que tornava Bendochi muito poderoso, pois concentrava todo o poder de combate do Exército no estado.
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Não tive motivação especial para ingressar no CMS. Embora meu pai soubesse o que era o ensino do Exército, creio que a maior razão era a proximidade de casa – morávamos em Brotas – pois os bons colégios eram longe e não tínhamos carro. Um adulto precisaria levar-me à região do Campo Grande, onde ficavam o Antônio Vieira e os Maristas. Ademais, a mensalidade era barata e o Judiciário pagava mal, o que foi corrigido para muito mais depois de 1964. O ginásio, que corresponde hoje, talvez, ao 6º ano do Fundamental, já seria diferente do curso primário, mas no Colégio Militar, muito diferente. Cada matéria tinha o seu próprio professor; fazíamos educação física; fardávamos em caqui e vermelho, bibico sobre a cabeça dentro da escola (quepe na rua); tínhamos nome de guerra e número (pelos quais nos tratamos, os ex-alunos, até hoje); havia punições disciplinares: a mais grave, a retirada; a mais branda, o retardamento (ficávamos uma hora ou mais na escola depois das aulas); fazíamos ordem unida (marchas, direita volver, sentido...) o que nos treinava para a disciplina coletiva e tantas coisas mais... Os primeiros professores vieram da matriz carioca, capital federal, onde o nível do ensino era incomparavelmente superior ao da província baiana num Brasil de desníveis educacionais gigantescos. Assim, os graus eram minguados e vi-me mal em muitas matérias. A mãe dava conta de Geografia e História, o pai ajuda um pouco em Francês e Latim e Dida, professora que morava em minha rua, fazia “banca” de Matemática. E fui melhorando até que, entrando Física e Química, outros professores particulares foram contratados para reforço.
Ao centro, Gen Maciel, Cmt da 12ª RM, ao lado de sua esposa e de seu Estado-Maior
Havia alguns mestres nos quais muito me espelhei. O maior deles, o Cel Cavalcante, o segundo comandante, exigente com todos, alunos, professores, monitores. Um mestre escola de quem reclamávamos, mas hoje, já velhotes, agradecemos por nos tirar da adolescência e nos fazer homens de bem. O Cel Uchôa, o pai criador e primeiro comandante, era um velhinho com quem não tínhamos contato e não teve influência na formação do meu caráter. Mas, aprendi depois, era um homem de espírito elevado e um grande organizador. Os matemáticos Maj Raposo (no início do ginásio) e Cel Alvarez (ao seu final) deixaram marcas, belas marcas em mim. Na AMAN fechei Matemática I com grau dez! E com grau superior a nove nas matemáticas seguintes. Nilton José, morto neste início de 2021, merecia uma placa pelo modo como nos envolvia contando histórias da Mesopotâmia, do antigo Egito, de Essênios e de invasões holandesas e de França Antártica. E do 2 de julho e muito mais. Achar que História para jovens deve ficar em causas e consequências, contextualizar, é esperar muito de crianças. Mais tarde fui juntando as peças e o contexto e o texto se encontraram. O Ten Dagoberto, nosso “bedel”, era um homem bonito e garboso, alto como uma torre, largo como uma porta, forte como um touro. E manso e sorridente! Veio ter conosco em 2014 quando fizemos uma bela reunião dos 50 anos de formados da primeira turma concludente do CMS, turma de 1964. Tenho foto dele desfilando ao meu lado. Às vezes ligo para ele que, meio surdo como eu, precisa de intérprete. Fraga Lima ensinou-nos Português. Era exigente e caladão, de pouco riso. Não permitia aproximação, então nunca troquei palavra com ele fora da matéria em sala de aula. Fez-nos, entretanto, ler os clássicos da língua, normalmente “chatos”. Herculano, Garret, Castilho, Camões… Usou de um artifício mágico: as aulas eram de duas horas, duas ou três vezes por semana. A meia-hora final era dedicada à leitura em voz alta, cada trecho recitado por um aluno, normalmente da fabulosa Antologia Nacional, que ainda tenho, outras de sua biblioteca pessoal. Este modo original prendia a atenção de todos e possibilitava treinar a conversação, pela pronúncia correta e desinibição da fala.
O Sargento Madruga foi o monitor mais querido. Monitor era o militar que tomava conta de cada turma, sob a supervisão do bedel, o comandante da companhia. Um homem alto e muito gentil. Formou-se em Odontologia e tornou-se oficial-dentista, chegando a Tenente-Coronel. O sargento Cavalcante, eu o vejo como imagino a figura de Antônio Conselheiro: alto e magro mas muito forte. Era formado em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército e braço direito do chefe da Seção de Educação Física, o Tenente Reny, que não tinha o curso mas pela patente chefiava a Seção. Acho que poucos se lembram, mas quando a capoeira ainda era coisa de malandros, o Cel Cavalcante, uma mente arejada, trouxe Bimba para ensinar “regional”. Espero que saibam quem foi Bimba e o que é regional! Há outras figuras e sobre elas muitos irão falar: o “Barbeirinho”, Faceiro de Geografia, Goulart que causou um rebuliço danado na escola, Mestre Benoni da banda de música... Segui para a AMAN, onde fui melhor estudante do que no CMS. Tirar a cangalha da mãe foi muito positivo, ali era eu e mais ninguém. Corri o Brasil, da Bahia ao Pantanal, de S. Paulo ao Rio, de Brasília à Amazônia e assim perdi-me do bairrismo e tornei-me inteiramente brasileiro. Tive uma passagem importante em Israel e consultei o Senhor muitas vezes e confessei-me e procurei ser um homem melhor. Foram aquelas pessoas e estas experiências, a partir do muro de arrimo familiar, que ajudaram na construção do meu caráter. Eu pretendo ser e ter sido quase tudo que o Ten Damasceno, depois coronel, recitou na nossa canção: cumpri com o meu dever; aprendi o trabalho, o saber e o direito. Se preciso ainda posso tomar do fuzil, afinal, sou filho do nobre cadinho”.
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GENERAL DE DIVISÃO ARMINDO CARVALHO FERNANDES ALUNO Nº 25 – ARMINDO (1957-1960)
Optei pela Escola Preparatória de Fortaleza, onde concluí o 1º ano do ensino médio em 1961. Em 1962 as Escolas Preparatórias de Fortaleza e Porto Alegre foram extintas e suas instalações abrigaram os Colégios Militares de Fortaleza e Porto Alegre, respectivamente.
“Em 1957 estava cursando a 2ª série do Curso Ginasial no então Instituto Normal da Bahia (depois, Instituto Isaias Alves), quando foram abertas as inscrições para os exames de admissão para o novo Colégio Militar de Salvador.
Segui por Campinas cujas instalações ainda não estavam totalmente concluídas e vivi a sua precariedade momentânea, experimentei a mesma excelência do ensino que já vivera no CMS, concluindo o ensino médio em 1963.
Sem nenhuma tradição militar na minha família e nenhum incentivo por parte de meus familiares, resolvi me inscrever para os exames influenciado por alguns amigos que também fariam os exames.
Em 1964, ao chegarmos na AMAN, soubemos que o curso seria de 4 anos, com dois anos de Curso Básico e mais dois anos na Arma ou Serviço escolhido. O período de internato sem licenciamento se prolongou por mais de dois meses, em função da Revolução de 31 de Março, mudando completamente a rotina de aulas e instruções do currículo.
Sem qualquer preparação séria, surpreendentemente, fui bem-sucedido, classificando-me entre os primeiros na classificação geral, o que atribuo à experiência de já estar cursando a 2ª série ginasial. A turma inaugural tinha cerca de 150 alunos, muitos dos quais já estavam cursando o ginasial. Elevado à condição de chefe de turma, com as responsabilidades da função, tive que me ajustar a situação que exigia disciplina e um comportamento exemplar, como nunca tivera antes. As instalações do Colégio, inicialmente satisfatórias, foram adaptadas da antiga Escola de Menores que abrigava jovens infratores ou sob risco social, localizadas no bairro de Pitangueiras. Houve, por esta razão, uma certa confusão inicial sobre as finalidades da nova escola. Com a chegada de novas turmas nos anos seguintes, as instalações modestas tornaram-se inadequadas, necessitando a construção de novo prédio no nascente bairro da Pituba. Morando no bairro de Santo Antônio, o meu deslocamento para o Colégio dependia de caminhar uma longa distância, subir ou descer uma ladeira para pegar o bonde, na época o único meio de transporte disponível para ir e voltar para casa. O uniforme do Colégio daquela ocasião era uma túnica de brim abotoada até o colarinho, sobre uma camisa de mangas compridas para uso interno e a cobertura era um “quepe”, muito desconfortáveis no calor de Salvador, principalmente na volta para casa ao sol do meio-dia. Fui aspirante a oficial aluno e porta-estandarte da Guarda de Honra do Colégio nas solenidades cívico-militares e desfiles e participei de várias equipes esportivas nas competições que havia e vibrava muito com essas condições. Daquela primeira turma de 150 alunos, apenas 40 concluíram o curso ginasial em 1960. Devido ao baixo efetivo, não haveria o 2º Grau no CMS em 1961. Então, foram oferecidas oportunidades àqueles que desejavam continuar os estudos no Colégio Militar do Rio de Janeiro ou no de Belo Horizonte ou ainda nas Escolas Preparatórias de Cadetes do Exército, em Campinas, Porto Alegre e Fortaleza. Também o Colégio Naval, em Angra dos Reis, e a Escola Preparatória da Aeronáutica, em Barbacena, abriram-nos as suas portas.
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Ao final do ano de 1967, formado Aspirante a Oficial de Artilharia, fui classificado no II/7º Regimento de Obuses 105 Auto-Rebocado (RO 105 AR), em Natal-RN (atual 17º GAC). Ao ser promovido a 2º Tenente, fui classificado no I/7º RO 105 AR, em Olinda-PE (atual 7º GAC). Um ano depois aceitei um convite para servir na 1ª/3º Grupo de Artilharia de Costa (GACosM), também em Olinda-PE, que foi extinta em 1971. Em 1970, fui matriculado no Curso de Especialização de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe), no Rio de Janeiro. Ao término do curso fui classificado no 4º Grupo de Canhões 90 Antiaéreo (GCan 90 AAE), em Niterói-RJ. Em 1972, fui nomeado instrutor na EsACosAAe, onde permaneci por 4 anos. Ao final do ano de 1975, fui aprovado nos exames para ingresso no Instituto Militar de Engenharia (IME), onde me graduei como Engenheiro de Geodésia e Topografia (atual Engenharia Cartográfica) em 1978 e passei a integrar o Quadro de Engenheiros Militares (QEM). Fui classificado na 2ª Divisão de Levantamento (2ª DL), em Ponta GrossaPR; em 1981, a 2ª DL foi transferida para Brasília-DF, onde permaneci até 1986; em 1987, cursei a ECEME e, ao final do curso, em 1988, fui nomeado Chefe da 2ª DL; ao final do ano de 1990, a 2ª DL foi extinta e seu efetivo foi absorvido pelo Centro de Cartografia Automatizada (CCAuEe), então fui nomeado Chefe do CCAuEe, permanecendo na chefia até 1993. De 1993 a 1996 servi no Centro de Inteligência do Exército. Em julho de 1996, fui transferido para a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG), onde exerci a função de chefe de gabinete até agosto de 1997, quando assumi interinamente a função de Diretor da DSG até novembro daquele ano. Em 25 de novembro de 1997, fui promovido a General de Brigada, assumindo efetivamente como Diretor da DSG e permanecendo nessa comissão até março de 2002. Como tinha sido promovido a General de Divisão em novembro de 2001, teria que assumir uma comissão exclusiva para esse posto. Então fui transferido para o Comando Logístico, assumindo a Diretoria de Fabricação e Manutenção, em abril de 2002. Em 30 de junho de 2002, fui transferido para a reserva a pedido.”
CORONEL IVAN SÉRGIO MARTINS DE SOUZA – ALUNO Nº 176 – SOUZA (1958-1964) (Ex-Professor do CMS da Área de Ciências Exatas – Desenho Geométrico Plano e Geometria Descritiva)
“Já havia cursado o primeiro ano de ginásio em um Colégio Estadual e a minha mãe perguntou-me se eu gostaria de concorrer ao CMS, que já tivera o seu primeiro ano letivo, em 1957; como boa Professora, inscreveu-me e preparou-me, conseguindo a minha aprovação em 46º lugar, no concurso de admissão, nas disciplinas de Português, Matemática, História e Geografia. Já uniformizado e com o número 176 – Souza, porém ainda sem o enquadramento usual, fui conduzido à sala de aula, juntamente com os meus colegas, e as primeiras aulas foram de Matemática (Maj Raposo), Português (Prof. Fraga Lima), Latim (Prof. Nunes) e Geografia (Prof. Faceiro); enquadrei-me rapidamente às rotinas. Fui instrumentista da Banda Marcial e pertenci à Guarda da Bandeira por dois anos, classifiquei-me bem no CFR, fui integrante da equipe de ginástica de solo do Colégio e era enquadrado e disciplinado, já prenunciando a carreira que iria seguir. Estar no Colégio, em quaisquer circunstâncias, sempre foi motivo de prazer e alegria, em companhia dos meus colegas, muitos dos quais são meus amigos até hoje. Muitos mestres, instrutores e monitores deixaram em mim e em nós as suas lembranças, todas componentes da nossa formação intelectual, cívica e disciplinar, que serviram de parâmetros para o nosso caráter e coerência exigíveis em quaisquer profissões. Seguem alguns deles, daquela época: Cel Uchôa (Comandante), Cap Sollero, Ten Bendocchi, Dagoberto, Cap Renir, Sgt Mus Benonni, Sgt Cavalcanti, Gilberto, Madruga, Sento Sé, Jerônimo, Milton, Valter, Maj e Cap Prof Raposo e Panissé, Goulart, Ramagem, Prof. Fraga Lima, Nunes, Faceiro, Hélio Rocha, Crisósthomo, Vieira... Concluímos o curso com apenas 19 formandos, sendo o nosso Paraninfo o Prof. Aristides Fraga Lima e homenageados o Cel Art José Marcos Bezerra Cavalcanti, professores e monitores, cujas fotos estão no nosso quadro de Formatura, que integra uma das valiosas peças do Espaço Cultural do Colégio. A solenidade de entrega dos diplomas ocorreu no Salão de Honra do Foro Rui Barbosa, e foi presidida pelo Gen João Costa, Comandante da 6ª RM, não tendo havido, portanto, uma formatura militar.
Eu tive a honra de ser o orador da turma, e o documento com as palavras proferidas, algumas fotos e peças valiosas foram por mim entregues à Seção de Comunicação Social do CMS para integrarem o acervo do Espaço Cultural; e outras, inclusive o meu diploma. Fui um dos participantes da criação da associação dos Ex-Alunos do Colégio Militar de Salvador, nos anos 80, muito prestigiada pelo Comandante, Cel Art Benito Nino Bísio; fui o seu segundo presidente, tendo sido o primeiro, o Eng. Valmar Fontes Hupsel. Fui um dos protagonistas nos pleitos dirigidos ao então Ministério do Exército, para a reativação do nosso Colégio, no que fomos atendidos em 1993. E já na reserva, e naquele mesmo ano, fui nomeado para reorganizar o novo Colégio, inclusive partícipe das suas obras, principalmente as de reforma e adaptações para a nova situação, que abrangia alunas. Como integrante da então EsAEx e já trabalhando para a sua implantação a convite do Cel Art Francisco Ronald Silva Nogueira, montei um museu do Colégio, com várias preciosidades de que dispunha, como revistas bem antigas, inclusive sua primeira, instrumentos musicais da primeira banda, manequins com uniformes de época, inclusive o meu último usado em 1964 (por ser o único disponível), uma caderneta individual, daquelas com assentamentos e notas, que não mais existiam, Revistas de Estudos Pedagógicos, inúmeras fotos antigas, quadros de formatura de alguns poucos anos e muito mais coisas miúdas, de que já não me lembro e ainda um livro de presença assinado até pelo Ministro do Exército Zenildo Zoroastro de Lucena. Ressalte-se o relevante trabalho do Ex-Aluno Hidelmo Alves Passos, Engenheiro Militar, que implantou parte do Pavilhão de Ensino e que o determinismo e a justiça divina vieram a criar as condições para aquilo tornar-se realidade, bastante tempo depois. Em Janeiro de 1994, o Colégio voltou a funcionar, com a minha ocupação da função de Subdiretor de Ensino. Realizei um despretensioso trabalho intitulado como Notas Sobre a Reativação do Colégio Militar de Salvador, que relata as ações desenvolvidas pelos participantes em todo o processo. O Colégio foi um meio fértil, que contribuiu para forjar e fortalecer os traços da minha personalidade, a partir do momento em que começamos a assimilar os princípios basilares do perfil de um cidadão, que estão caracterizados em três dos nossos símbolos: o Estandarte, a Canção e o Código de Honra. Cursei um ano de engenharia civil na Escola Politécnica, onde fui aprovado em vestibular, mas não fiquei porque, apesar de ser ela modelar, ela não me cativou para tornar-me um engenheiro; aquilo é o que eu queria ser: um militar!
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Fiz o vestibular para satisfazer à vontade dos meus pais; porém, me correspondia com os meus ex-colegas que foram para a AMAN e os visitava, ao chegarem de férias, para inteirar-me das rotinas de lá, para onde dirigi-me em 1966. Estou com 76 anos e continuo aprendendo com o que vivo e com o que vivi. Os erros e acertos, meus e de outrem, servem de recursos para tirarmos ensinamentos. Costumo dizer que, na escola da vida, a nossa matrícula é a Certidão de Nascimento, e a diplomação, a de Óbito. As reminiscências da minha trajetória naturalmente que são uma espécie de devaneios no breve período da juventude, em que os sete anos do Colégio militar ocupam um espaço relevante. Gosto de comparecer anonimamente a eventos diversos, principalmente às formaturas gerais para ter a emoção de ver desfilar, na minha memória, um passado que já vai bem distante mas com uma nitidez que leva-me de volta ao final dos anos 50 e início dos 60. Tenho a convicção de que procurei ser coerente, em todas as situações em que passei na minha vida, sempre consoantes com os ensinamentos dos meus Mestres, Instrutores, Monitores e pessoas mais velhas. Poucos dias passados, soube que as cinzas do Prof. Érico Alves Barbosa foram lançadas em áreas do Colégio. Se me for permitido, será também o meu desejo.”
SENHOR SÉRGIO SILVA FONTES ALUNO Nº 208 – FONTES (1958-1961)
“Em 1957 o primeiro grupo de meninos atravessava os portões do Velho Casarão das Pitangueiras e inaugurava o Colégio Militar de Salvador (CMS)”, e, nesse momento histórico, já registrava o início da participação sergipana com a presença dos Alunos 006 – Gonçalves e 074 – Pavlichenko, este filho do General Cossaco, oriundo da União Soviética, Ivan Pavlichenko, um grande incentivador e divulgador para que os jovens sergipanos participassem dos Exames de Admissão, que os qualificariam ingressar naquela Instituição de Ensino Militar. Naquela época, ele foi incansável, fazendo palestras nas Escolas Primárias, mostrando a Qualidade do Ensino na Formação Intelectual, dos Conceitos de Ética, Hierarquia, Disciplina, Organização e, acima de tudo, de Amor à Pátria. Chega o ano de 1958 e quatro estudantes sergipanos conseguiram êxito nos Exames de Admissão do CMS, 198 - Galdino, 193 – Otávio, 208 – Fontes e 211 – Valmore. A partir desse momento inicia-se a minha passagem pelo Glorioso Colégio Militar de Salvador. Proveniente do Colégio do Salvador, escola que iniciei meu aprendizado, onde as irmãs Galrão fizeram do ensino primário, em Aracaju, sinônimo de qualidade insofismável. Prestei Exame de Admissão que dava acesso ao Nível de Excelência do Ensino Médio do Sistema Escolar Militar. A base oferecida pelo Colégio do Salvador em Aracaju permitiu que, dos quatro alunos que conseguiram êxito, três foram originários dessa Instituição, os alunos José Galdino de Aragão Leite, Luiz Otávio de Aragão Leite e Sérgio Silva Fontes. À medida que passavam os anos, mais sergipanos procuravam participar dos Exames para ter acesso ao nosso Cadinho, era uma prova cabal da confiança que os Pais dos alunos de Sergipe tinham na competência do Ensino Militar, tanto é que, no período de 1957/1961, trinta e cinco alunos sergipanos foram aprovados nos Exames rigorosíssimos do nosso CMS. Nesse meu testemunho sobre a minha passagem pela Casa de Tomás Coelho, não posso deixar de registrar o meu carinhoso agradecimento, o mais profundo respeito e admiração a todos os Professores, em especial ao Coronel Curi, professor de matemática, que deixou uma semente muito importante para que anos depois me tornasse um Economista Cartesiano, Comandantes de Companhias, Instrutores que participaram ativamente na minha ‘Formação Intelectual, Ensinando o Caminho, o Trabalho, o Saber e o Direito’.
Aluno nº 208 – Fontes (1958)
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Durante os quatro anos de Colégio Militar de Salvador, pude bem avaliar o espírito de companheirismo dos colegas de turma e de contemporâneos de outras classes. Hoje, mais de 60 anos após a inauguração do nosso CMS, vejo como foi importante a escolha dos nossos pais no Ensino Militar, o que nos fez colher frutos e mais frutos para o nosso futuro pessoal e profissional.
Dentre todos os alunos que frequentaram os bancos de ensino, no período 1957/1961, tenho inteira convicção, se não a totalidade, mas, muito próximo dessa estimativa, conseguiram se graduar no Ensino Universitário ou seguiram carreira militar. Mais de duas dezenas de alunos alcançaram o posto de Coronel, um aluno chegou ao posto de Almirante, o aluno Frota, quatro chegaram a Patente de General: o aluno Elito, General de Exército; Maciel, General de Divisão; Érico Aragão, General de Brigada, assim como o aluno Armindo. Aqueles que optaram seguir carreira civil obtiveram grandes sucessos, Engenheiros, Geólogos, Economistas, Advogados, Administradores, Médicos, Procuradores, Promotores, Juízes, Empresários etc. Em nome de todos os alunos que seguiram a carreira militar e se tornaram Coronéis, quero citar o aluno 232 – Prudente, turma de 1959. Quanto aos inúmeros alunos que seguiram na vida civil, quero citar o Aluno 214 – Guerra, turma 1959, que seguiu a carreira de medicina. Ao longo de quatro anos de muito aprendizado, no final de 1961, me deparei com um grande dilema, entre duas opções, que sem dúvida iria mudar o rumo da minha vida: continuar no Sistema Militar e seguir carreira, ou retornar à minha cidade natal e adotar uma vida civil. Decisão difícil, mas, optei pela segunda, com a certeza de que a passagem pelo meu querido CMS seria fundamental para desenvolver minha vida fora dos quartéis. Confesso que no início essa decisão me trouxe momentos de dúvidas e incertezas, mas, hoje aos 75 anos, sendo mais de quarenta anos a serviço do meu Estado e de meus conterrâneos, reconheço que fiz a escolha acertada, no entanto, tenho absoluta certeza de que minha passagem pelo CMS foi fundamental para minha Carreira como Executivo Público. Após todos esses relatos, sinto-me extremamente Orgulhoso e Agradecido de poder afirmar que participei da linda História do Colégio Militar de Salvador, desde o seu nascedouro.”
Aluno nº 208 – Fontes – Secretário de Estado de Planejamento de Sergipe (2005)
VALMAR FONTES HUPSEL ALUNO Nº 210 – HUPSEL (1958-1964) “Eu nasci no dia 25/08/1946 – Dia do Soldado. Alguma coisa já previa que eu teria uma forte aproximação com o Exército Brasileiro. Meu pai, Walter Dantas Hupsel, médico, alistou-se como voluntário e serviu como profissional em Ilhéus, durante a 2ª Guerra Mundial, dando baixa como Tenente-Médico R2. No final do ano de 1957, meu pai chega em casa e diz que fez a minha inscrição para o exame de admissão no Colégio Militar do Salvador, recém-instituído. Eu não sabia nem o que era isso, mas topei na hora. Eu estudava no Colégio 2 de julho, onde também prestei o concurso. Tinha apenas onze anos de idade. Fui aprovado em ambos e, óbvio, escolhi cursar o CMS. Fomos para Pitangueiras sob o comando do saudoso Coronel Uchôa. Tudo que ali encontrei foi espetacular, pois, além de um excelente ambiente de ensino de qualidade, encontramos disciplina, instrução militar e muito esporte, o que sempre foi muito afeito. Um fato triste, mas que merece ser registrado, foi o acidente que, na época, o Tenente José Bendochi foi acometido. Coisas do destino. Foi meu pai quem o atendeu e, por ser hematologista, procedeu várias transfusões de sangue, salvando a sua vida. O irmão dele, o também Tenente, Antônio Bendochi, muito agradecido, ofereceu ao Dr. Walter os seus préstimos para o que fosse possível. Aí o “bicho pegou”. Meu pai pediu a ele para que olhasse por mim dentro do Colégio. Foi uma perseguição: “Hupsel, faça isso, faça aquilo”, como sendo o verdadeiro exemplo, mas foi uma saudosa época boa. Mudamos para a Pituba com melhores e mais amplas instalações. O ano de 1961 nos trouxe uma dúvida incrível, se haveria ou não a continuidade do Curso Científico, haja vista que na turma anterior não houve prosseguimento. Cheguei a ser matriculado no Colégio Central, mas para nossa felicidade a turma confirmou e, ao final de 1964, concluímos os sete anos na casa, com o mérito de sermos a primeira turma a concluir os sete anos no CMS. Dos 150 alunos no 1º ano do Ginásio, concluímos apenas 19 no 3º ano Científico. Convém registrar que nove alunos seguiram para a AMAN, nove alunos fizeram vestibular para Engenharia e um para Arquitetura. A maior vitória: todos foram aprovados! Resultado que exprime a qualidade do ensino do CMS. Não posso esquecer de registrar que todos esses anos foram comandados pela implacável tutela do Coronel José Marcos Bezerra Cavalcanti, o BARÃO. Vou citar apenas alguns dos nossos instrutores e professores: Fraga Lima, David Raposo, Granville, Vieira, Nunes, Afrânio, Dagoberto, Bendochi, Cury, Renny, Nilton José, Faceiro, Goulart e Alvarez (ele citava várias vezes que eu era um dos seus melhores alunos de matemática). Aos Sargentos Calvalcanti de Brito, Madruga, Cha Cha, Walter, Benoni da banda e muitos outros, que, como eram os monitores, eram os nossos contatos diretos com o Colégio.
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Como eu era aluno da Academia de Capoeira Regional de Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado), e, com consentimento do Comando, convidei o Mestre para dar aula de Capoeira no Colégio. As aulas eram aos sábados e ele chegou a ter cerca de 100 alunos, os quais tive que “batizar”, pois eu era o único veterano de Academia. Em junho de 1964, vale ressaltar, fui convocado para integrar a Seleção Baiana Juvenil de Voleibol, disputando, na Cidade de Juiz de Fora, o Campeonato Brasileiro. Registro que fui o primeiro aluno do Colégio Militar a integrar uma Seleção Baiana. Cumpre-me registrar um fato relevante da nossa formatura em dezembro de 1964. A Solenidade foi no Fórum Rui Barbosa tendo, como orador, o nosso colega Souza – 176. A festa comemorativa foi no CIREx, onde aconteceu um fato inusitado. Meu pai, Walter Hupsel, foi escolhido para ser o orador em nome dos pais. O Coronel Cavalcanti, presente ao ato, proibiu que houvesse no recinto qualquer discurso. Dr. Walter convocou os formandos e proferiu o discurso na escadaria do Clube, já que era impedido no recinto. Não houve nenhuma represália. Aliás, ele era muito amigo do General Costa, então Comandante da 6ª RM, como veremos a seguir. Formado no CMS, uma nova “pauleira” estava por vir: O vestibular para Engenharia na Escola Politécnica. Prevista a primeira prova para o dia 16 de fevereiro de 1965. Acontece então o falecimento do meu pai no dia 30 de janeiro e o enterro no dia 31. Foi lá que fui abordado pelo General Costa e, devido ao fato, perguntou-me se eu queria ir para a AMAN, que, mesmo com as inscrições encerradas, ele conseguiria me inscrever. Após o sepultamento, eu lhe expliquei que queria ser Engenheiro. E assim foi que logrei êxito no Vestibular. Aí começou o maior drama que já tive na vida. Eram 1965, 1966, 1967, 1968 em diante. Egresso do regime disciplinar existente, via-me de frente para situações de verdadeira baderna com greves seguidas, passeatas e muita desordem. Tive várias confusões com colegas, chegando ao ponto de ameaça de expulsão da Faculdade. Diplomei-me no dia 22 de dezembro de 1970, tendo este ano completado 50 anos como Engenheiro Civil. Perambulei por algumas cidades, como Paulo Afonso, trabalhando como subempreiteiro da Construtora Mendes Júnior na construção da Barragem de Moxotó. Em Ilhéus, por mais de dois anos, trabalhei como Engenheiro-Chefe da fiscalização da obra de construção da rede de esgotos da cidade, pela empresa Berenhauser S.A., liderada pelo seu Presidente, o General Berenhauser e, como Vice-Presidente, o General Bragança. Nos demais períodos, atuei como empresário na incorporação de cerca de 40 empreendimentos, como edifícios residenciais, institucionais e de hotelaria.
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Na área dos esportes, integrei as Seleções Universitárias de Futebol de Salão, Voleibol e Atletismo. Nunca perdi o meu vínculo com o CMS, mantendo sempre o contato com os ex-colegas. Foi aí que, no Comando do Coronel Benito e com o seu maior incentivo, nos reunimos e conseguimos, após uma terceira tentativa, fundar a nossa tão querida Associação dos Ex-alunos do CMS em 17 de janeiro de 1985, em reunião no próprio Colégio que contou com cerca de 50 ex-alunos. A primeira diretoria ficou assim composta: Presidente: Valmar Hupsel; Vice-Presidente: Ivan Souza; Tesoureiro: Tude; Diretor Social: Antônio Branco; e Secretário: Sacramento. Mais uma vez registro que a atuação do Coronel Benito foi fundamental para a existência da Associação, porém, faço questão de registrar que apenas uma vez discordei do Coronel Benito, quanto ao funcionamento da sede da entidade. Defendi e continuo defendendo a independência total, tanto quanto a sua localização. Naquela época, eu tinha um escritório bastante espaçoso e pude designar uma sala com uma secretária e foi assim que a Associação funcionou. Já nasceu grande e representativa. Hoje, a entidade é presidida por João Leal e eu ocupo o cargo de Vice-Presidente. Infelizmente a pandemia tem impedido os nossos encontros, com almoços nos meses pares e na segunda sextafeira do mês. Certamente em breve estaremos nos reunindo. Para completar o meu currículo, ingressei em paralelo no ramo do turismo, tendo sido titular da Hupsel Turismo e Viagens LTDA, do Hotel Casarão da Ilha e Salvador Residence Hotel. Por força desta atividade, assumi o cargo de Presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção Bahia), por duas gestões: 1989/1991 e 1995/1997. Neste período, foi realizado, em Salvador, o Congresso Brasileiro de Hotéis, reunindo cerca de 1.000 hoteleiros com suas famílias e, como eu dirigia a entidade local, fui designado para ser o Presidente Executivo do Congresso. Também por força do cargo que eu exercia como executivo de hotelaria, fui escolhido e nomeado para ser o Presidente da Salvador Convention Bureau, uma Fundação com a finalidade de captar eventos para a Cidade de Salvador, composta por 18 entidades representativas do turismo, tais como: Bahiatursa, Emtursa, ABIH, ABAV, ABRASEL, ABRAJET, SINDETUR. Em novembro de 2014, fui honrosamente condecorado com a Medalha da Ordem do Mérito Conselheiro Thomaz Coelho, que me foi entregue na formatura do dia 19 de novembro de 2014, alusiva às comemorações do Dia da Bandeira, no pátio da EsFCEx/CMS. Confesso que foi um dos dias mais emocionantes da minha vida. Hoje, mês de abril de 2021, ainda continuo trabalhando, porém, com menos vigor, e acabo de lançar um loteamento na Estrada de Salinas, denominado Bosque da Cascata. Um abraço para todos. Perdoem-me se omiti a citação de outros que merecem.”
O JUBILEU DE OURO DA 1ª TURMA DO CMS No dia 6 de novembro de 2014, após transcorridos 50 anos, o Colégio recebeu, com honras e alegria, os alunos da 1ª turma formada pelo CMS, visando às comemorações do seu Jubileu de Ouro. Nesse dia festivo, com a presença de ex-alunos e autoridades, ocorreram diversos eventos, como uma formatura alusiva à importante data, o descerramento de uma placa comemorativa e a entrega de um certificado comemorativo.
Placa comemorativa ao Jubileu de Ouro da 1ª Turma do CMS
Certificado comemorativo ao Jubileu de Ouro da 1ª Turma do CMS Ex-alunos do CMS em desfile alusivo ao Jubileu de Ouro. Ten Dagoberto (à esquerda/frente) e Gen Maciel (centro/frente) (2014)
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Por tornar possível a elaboração deste capítulo, o Colégio Militar de Salvador agradece a fundamental colaboração dos ex-alunos:
aGeneral de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos – Aluno nº 206 – Maciel (1958-1964); aCoronel Ivan Sérgio Martins de Souza – Aluno nº 176 – Souza (1958-1964); aSenhor Valmar Fontes Hupsel – Aluno nº 210 – Hupsel (1958-1964); e aSenhor Sérgio Silva Fontes – Aluno nº 208 – Fontes (1958-1961).
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O COLÉGIO NA PITUBA (1965 a 1988)
As turmas formadas a partir das novas instalações do CMS, no bairro da Pituba, receberam uma herança muito sólida e bem formada da primeira turma de alunos.
A nova sede era constituída apenas por um pavilhão, onde passou a funcionar as diversas seções, como a seção técnica, a secretaria, a seção de ensino, a subdireção e as salas de aula. Foi assim que o Professor Aristides Fraga Lima descreveu a Pituba que acolheu o CMS em 1961:
Juramento dos novos alunos – década de 1960
Era apenas um vasto campo, quase despovoado, tendo poucas casas de recente construção, misturadas a casas de palhas, utilizadas por pescadores como residência ou local de guarda de materiais. Pouquíssimos eram os edifícios, de três andares no máximo, pouco atraentes e de linhas ainda muito rudimentares. (LIMA. ARISTIDES FRAGA, 1985).
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Dez anos após a inauguração do referido pavilhão, esse era o olhar de um ex-aluno, que ingressou em 1971, sobre a área do CMS: Nossa turma entrou em 1971, e ainda pairava no ar o sentimento de que o colégio ainda iria crescer muito, pois a área era demasiadamente grande. Lembro-me do dia em que entrei pela primeira vez nas instalações do CMS. Para mim, que vinha de uma escola pública, de instalações acanhadas e precárias, de um bairro popular de Salvador, me parecia estar em uma daquelas escolas de “filmes americanos”, tamanha era a organização, a limpeza e a área atribuída ao colégio. Fui, assim como os meus colegas, testemunha ocular da transformação paisagística e arquitetônica que ocorreu no bairro da Pituba e em particular na área do colégio, durante a década de 1970. (EX-ALUNO, 096, FELIX).
Em pouco mais de uma década, já havia uma mudança significativa na paisagem do bairro e na arquitetura do CMS.
Vista da área interna do CMS – Início da década de 1970
Vista do Pavilhão Brigadeiro Eduardo Gomes – Antigo Pavilhão Duque de Caxias
INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO BRIGADEIRO EDUARDO GOMES (ANTIGO PAVILHÃO DUQUE DE CAXIAS)
A partir da década de 1970, o CMS iniciou a expansão das suas instalações. Em 1975, foram construídos os atuais pavilhões Brigadeiro Eduardo Gomes e Almirante Tamandaré. O pavilhão Brigadeiro Eduardo Gomes foi construído com a supervisão da Diretoria de Obras Militares e fiscalização da CRO/6, sendo inaugurado em 15 de novembro de 1975, no comando do Coronel Armando José Sperotto.
Inauguração do Pavilhão Brigadeiro Eduardo Gomes
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Diversas autoridades civis e militares prestigiaram a inauguração. Entre essas autoridades estavam o Governador do Estado da Bahia, Professor Roberto Filgueira Santos; o Prefeito da Capital, Doutor Jorge Hage Sobrinho; o Cardeal Arcebispo de Salvador, Dom Avelar Brandão Vilela, a quem coube a honra de abençoar as instalações; o Comandante da 6ª Região Militar, o General de Brigada Adyr Fiuza de Castro, e ex-comandantes da Unidade.
“7 DE SETEMBRO” O sentimento de que o “7 de Setembro” era um momento muito esperado pelos alunos é algo comum a todos os ex-alunos do CMS. Havia toda uma preparação para que o Colégio se apresentasse impecavelmente. Nas semanas que antecediam o desfile, havia revistas de uniforme e pessoal, e um espírito de união e vitória pairava por todos os lados. Era o momento esperado pelo CMS para apresentar à sociedade baiana tudo que os seus alunos incorporaram durante aquele ano: disciplina, postura, perseverança e, principalmente, cidadania. Cada aluno, da Banda de Música até o último dos novatos, esmerava-se para traduzir em vibração tudo que representava “ser aluno do Colégio Militar”.
Desfile de Sete de Setembro – década de 1970
B ênção das novas instalações realizada pelo Cardeal Arcebispo de Salvador
Após a inauguração, as diversas autoridades e os convidados assistiram ao vibrante desfile do Corpo de Alunos. Foi um momento marcante daquele dia épico para o CMS.
Tradicionalmente, o desfile acontecia no itinerário da Vitória, passando pela Avenida Sete de Setembro e chegando até a praça Castro Alves. Quando o Colégio passava, ouvia-se claramente as manifestações populares de apoio ao grupamento, numa atitude de respeito e admiração. A marcialidade e o garbo dos uniformes transformavam o desfile num espetáculo admirável. O Estado-Maior, a Banda e a Guarda-Bandeira, que vinham à frente, chamavam a atenção pela beleza, pela harmonia e pela atitude de seus integrantes. Já os grupamentos de alunos marcavam pelo conjunto e pela vibração da concretude da massa que desfilava, coesa e irmanada.
Desfile do Corpo de Alunos
A seguir serão abordados fatos relevantes que marcaram a trajetória do CMS e que bem demonstram as tradições, características e peculiaridades deste Colégio ímpar no contexto da sociedade baiana da época.
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Desfile do Corpo de Alunos na Avenida Sete de Setembro – década de 1970
O NICODEMUS NOS DESFILES O carneiro, desde as primeiras décadas do CMS, foi um dos símbolos cultuados pelos alunos. No início da década de 1990, o General de Brigada César Augusto Nicodemus oficializou o carneiro como mascote dos Colégios Militares. A partir daí, a mascote foi apelidada de “Nicodemus” em homenagem ao próprio General. Normalmente, ele abre o desfile do CMS e dá um toque especial, segundo à percepção de todos que assistem ao espetáculo. Em particular, as crianças, ao verem um “garoto” numa atitude de tanta integração com o carneiro, sentem-se muito felizes e identificadas com aquele símbolo de pureza e carinho. Desfile de 7 de setembro – Década de 1970
A PRESENÇA DA BANDA DE MÚSICA De maneira geral, a banda de música, em acordo com o Regimento Interno dos Colégios Militares, procurou: selecionar, despertar e estimular os talentos musicais, visando ao desenvolvimento de atributos da área afetiva, em especial, da solidariedade e do trabalho em grupo; representar o Corpo de Alunos, abrilhantando solenidades do Colégio Militar; e oferecer espaço para o desenvolvimento artísticocultural de alunos com habilidade específica para a música.
Depoimentos de ex-alunos mostram que, para aqueles que participavam do convívio na banda de música, não era apenas uma mera atividade extraclasse, era uma forma de exteriorizar o forte sentimento que o aluno tinha em relação ao “Nobre Cadinho” e aos seus companheiros. Quem fazia parte da banda do Colégio normalmente era levado por amigos que queriam compartilhar momentos inesquecíveis, mas logo o sentimento de pertencimento ao grupo ia ficando cada vez mais forte. Os integrantes da banda ficavam muito alegres quando viam o sorriso nas feições das pessoas, traduzindo tudo aquilo que os seus instrumentos causavam: alegria, ânimo, vida e companheirismo. É claro que não se pode deixar de citar a orientação carinhosa e amiga do ST Bonfim, o “Mestre da Banda”. Bonfim era daquelas pessoas que nasceram com o sentimento de servir ao próximo da melhor maneira possível e sempre com muita educação. Gentil, apresentava constantemente uma palavra de conforto, incentivo e generosidade. Algumas vezes, por excesso de vibração, alguns alunos chegavam a bater tão forte no instrumento de percussão que o couro se rompia. Mas o ST Bonfim, com um sorriso no rosto, sempre os incentivava a continuar tocando. Assim que chegavam ao galpão onde funcionava a banda, o Mestre colocava couro novo e a vida seguia.
Integrantes da banda com o Subtenente Bonfim – década de 1970
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A FORMAÇÃO DO RESERVISTA (CFR) O Curso de Formação de Reservistas (CFR) funciona nos Colégios Militares e destina-se a formar reservistas de 2ª categoria, de acordo com a Lei do Serviço Militar. A duração do CFR é de meio ano letivo, com funcionamento previsto para o primeiro semestre e para um efetivo mínimo de 20 candidatos. Entre 1961 e 1988, várias turmas realizaram o CFR, contemplando, ao mesmo tempo, o seu ensino regular e a sua missão constitucional de servir a Pátria. É uma experiência única para o jovem do Ensino Médio. O depoimento do Al 135, Sacramento, concludente do CFR no ano de 1971, quando o Instrutor-Chefe do Curso era o Major Dinaldo, apresenta as impressões que o CFR deixou gravado em seu imaginário:
As marchas eram de 8, 16, 24 e 32 km. Os roteiros eram variados, mas sempre saíamos e voltávamos ao Colégio. Os instrutores do CMS convocavam seguranças da PE (Polícia do Exército) para dar cobertura ao pelotão e orientar o trânsito nas travessias de ruas ao longo do trajeto. A marcha de 16 km, por exemplo, tinha uma parada de 15 min para descanso a cada 4 km percorridos, de modo a perfazer avanços de 4 km/h.
Instrução teórica para alunos do CFR
Ano 1971 Comandante Responsável: Major Dinaldo. O CFR era uma atividade complementar oferecida aos alunos que faziam 18 anos no ano em que participavam do Curso. Praticamente, todos que se enquadravam na situação preferiam fazer o CFR, pois dessa forma evitavam o risco de ter que servir como praças ou mesmo enfrentar a burocracia para obter um certificado de dispensa de incorporação. O Curso era percebido como um diferencial importante que somente alunos do CMS podiam ter. Nas aulas eram ministrados conhecimentos acerca de técnicas de combate, manuseio de armas e equipamentos do trabalho militar, orientação na mata e em trilhas, além de noções sobre a estrutura das Forças Armadas. Essas aulas teóricas eram entremeadas com muita atividade prática em áreas como Ordem Unida, Tiro de Pistola-Fuzil-Bazuca-Canhão, marchas a pé carregando fuzil e mochila, tiro ao alvo em stand de tiros com protocolos de segurança, visitas a quartéis, culminando com um acampamento de três dias dentro de uma mata e realização de vários exercícios diurnos e noturnos. Nesse acampamento tivemos que limpar o terreno dentro da mata onde ficamos instalados, montar as barracas para cada dois colegas, alvorada às cinco horas da manhã, refeições em rancho improvisado, fazer exercício de guerrilha para tomada de um morro, fazer trilha à noite por dentro da mata, transpondo córregos, com orientação pelas estrelas. Foram 3 dias inesquecíveis sob o comando do Major Reininger e equipe.
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Instrução de campo do CFR
Justo nessa marcha, que aconteceu à tarde, distribuíram na fase de preparação dois capacetes acoplados, um de fibra, bem leve, e outro de aço, bem pesado. Desde cedo ouvimos os monitores dizerem: - Não pense alto, aluno! Essa frase tinha vários significados, todos relacionados a corrigir uma atitude equivocada do alunado.
Alunos do CMS jogando Capoeira
Ao perceber a existência de dois capacetes, eu os desacoplei separando o de fibra do capacete de aço. Guardei no meu escaninho o mais pesado e usei o de fibra. Após o almoço os integrantes do pelotão receberam ordens para se dirigir à Av. Paulo VI, em frente ao Colégio, e entrar em forma. O instrutor que comandava a operação era o Capitão Nascimento, paraquedista, gente boa, contudo extremamente exigente. Foram dados alguns comandos e a tropa estava perfilada para o Capitão passar em revista antes de iniciar a marcha. Quando chegou na minha frente, o Capitão perguntou: - Onde está o seu capacete de aço? Eu respondi: - Entregaram dois capacetes, eu pensei que somente um seria necessário. O Capitão: - Não pense alto. Vá pegar o capacete de aço. Tem dois minutos para fazer isso. Além de mim, dois outros colegas haviam igualmente deixado o capacete de aço dentro do vestiário, no escaninho. Saímos correndo, mochila nas costas, empunhando o fuzil. Pegamos rápido o capacete de aço, acoplamos sobre o de fibra e descemos para a Av. Paulo VI para nos reincorporarmos à tropa.
CAPOEIRA A Capoeira surgiu no CMS no ano de 1975, levada pela sensibilidade cultural e histórica do Cel Hildo Benzi de Souza. O esporte/luta gerou atletas de alto nível, tais como: Antônio Jorge em 75/76; Paulo Cesar em 77/78 e Jalves Reis em 80/81. Os citados alunos sagraram-se campeões estudantis a níveis nacional, estadual e municipal, sendo a última competição realizada na bem instalada Roda Mestre Bimba.
Isso teria sido possível se a tropa já não tivesse saído. Ficamos por uns segundos paralisados, sem acreditar que havíamos ficado para trás. Perguntamos a alguns transeuntes para que lado a tropa havia se deslocado, uma vez que não sabíamos previamente o roteiro. Depois de algumas informações desencontradas, resolvemos seguir na direção da orla da Pituba. Na orla, voltamos a perguntar a pessoas que passavam, e de novo surgiram dúvidas se a direção tinha sido o bairro de Amaralina ou Boca do Rio. Sem muita certeza, optamos pela direção Boca do Rio. A essa altura a presença de três “caras”, no meio da rua, vestidos de soldado e cheios de paramentos, começou a chamar a atenção, não só de quem estava a pé, mas também de quem vinha de carro. Os carros diminuíam a velocidade e dava para ver os ocupantes apontando para nós. O clímax desse “mico” foi quando um cidadão, que estava no banco do carona de um dos carros que diminuiu a velocidade, botou a cabeça para fora do veículo e disse em tom de chacota: - Carnaval é em fevereiro seus malucos. Estávamos tão preocupados em reencontrar a tropa que nem retrucamos, deixando o carro arrancar em disparada depois da chicana. Finalmente, na altura do atual Centro de Convenções de Salvador, o pelotão estava descansando no primeiro auto horário de 15 min e conseguimos nos juntar ao grupamento, após nova inspeção do Capitão Nascimento. Nem descansamos. Foi chegar e a tropa se pôs em forma e iniciou o segundo trecho da marcha.
Treinamento de Judô
JUDÔ O Judô foi introduzido no seio do CMS no ano de 1980, como remanejamento efetuado nas atividades da Seção de Educação Física, que acabava de ser instalada nas antigas dependências da Companhia de Comando e Serviços. Foi implantado o Shijou Mestre Moacyr Cintra, precursor desse esporte/luta japonês na Bahia. O projeto ficou sob a orientação do Professor Manoel Paixão. Com essa iniciativa ficou registrada mais uma ação educadora do CMS em favor da sociedade baiana.
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Reunião da Diretoria da SLR – década de 1980
O CMS passou a montar equipes para participar da competição. Atletismo, basquete, vôlei, natação, futebol e ginástica eram as modalidades treinadas, surgindo uma enorme quantidade de alunos com potencial atlético. Isso elevou muito o nome do CMS nos cenários municipal, estadual e até nacional. A seleção para participar das equipes passou a ser feita com a Olimpíada Interna do Colégio. Era uma semana em que as outras atividades paravam para que o aluno priorizasse o seu desempenho nas diversas modalidades desportivas.
A SOCIEDADE LITERÁRIA E RECREATIVA – SLR A Sociedade Literária e Recreativa era o Órgão representativo do aluno do CMS. A ela competia promover a recreação dos seus associados, mediante jogos, competições esportivas e reuniões sociais; estimular o desenvolvimento intelectual do Corpo Discente por meio de concursos realizados periodicamente e manter intercâmbio com organizações militares congêneres. Ela era administrada por uma Diretoria de Alunos, eleitos anualmente por seus companheiros.
ATIVIDADES DESPORTIVAS No segundo semestre de 1958, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia promoveu uma Olimpíada Estudantil entre vários estabelecimentos de ensino do Estado. Nessa competição, o Colégio Militar de Salvador sagrou-se campeão de Atletismo, além de obter ótimos resultados em diversas modalidades. Foi o início de um período de grandes conquistas em atividades desportivas no Estado da Bahia, nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Essa competição passou a ser anual, no mês de setembro, coincidindo com o início da primavera e, consequentemente, recebendo o nome de “Olimpíada Baiana da Primavera”. O Al 365, Moreira, entrou no Colégio no ano de 1967 e, a esse respeito, assim se expressou: Uma recordação marcante para mim dos tempos de aluno do CMS foi a Olimpíada Baiana da Primavera. Participavam dela os colégios públicos de Salvador. As competições eram muito disputadas. Os colégios preparavam com esmero seus alunos atletas. Se bem me recordo, o CMS sempre saía campeão das Olimpíadas. Começava com um desfile no Estádio da Fonte Nova com cada colégio levando à frente seus estandartes, malabaristas e os alunos atletas com suas medalhas das diversas modalidades esportivas. A TV Itapuã fazia cobertura do evento. E as finais dos jogos de quadra eram disputados no ginásio Antônio Balbino.
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Olimpíada Interna do CMS – Corrida de Fundo
Além das Olimpíadas Internas, havia jogos amistosos com os colégios da rede pública e privada de Salvador. No entanto, o nosso grande adversário era o Colégio da Polícia Militar do Estado da Bahia – CPM. Toda competição que envolvia os dois colégios tinha um caráter todo especial. As torcidas inflamavam-se a ponto de se enfrentarem em diversas oportunidades. Isso tinha o seu lado positivo, pois elevava o nível das equipes das duas instituições, que literalmente “sobravam” nas Olimpíadas da Primavera, quase sempre decididas entre os dois colégios.
Equipe de Basquete do CMS
Poderíamos citar vários alunos como exemplos de potencialidades descobertas no ambiente esportivo do CMS, mas vamos nos restringir a dois: Maia Junior, que ingressou no ano de 1975, e Felix, que ingressou em 1971. No ano de 1982, Maia Junior, no seu último ano, estimulado pelo ambiente de competições externas, bateu o recorde baiano do salto em altura, com a marca de 1,93 cm, o que é um excelente resultado, como mostra o Memorial Técnico da Federação Baiana de Atletismo.
Al Felix prepara-se para acender a Pira Olímpica
Competição Interna de Salto em Altura – Salto do Ex-aluno Maia Junior
Quanto ao Al Felix, pode-se afirmar que foi realmente uma potencialidade descoberta por mero acaso. Segundo relato do próprio aluno, ele estava assistindo à competição de atletismo, quando foi chamado pelo então Cabo Marques. Segundo ele, o Cabo determinou que fosse até o ginásio e trocasse de roupa, pois o atleta do seu Ano tinha faltado. O Cabo precisava de alguém para substituí-lo de imediato. O Al Felix trocou o uniforme e apresentou-se para correr a prova de 100 metros rasos. O orientador da prova chamou Felix e disse: “fica tranquilo, aluno, é só correr para frente quando ouvir o tiro, mas não pode sair de sua raia”. Conforme lembra o Ex-aluno, quando ouviu o tiro, assustou-se e saiu correndo, mas não conseguia ver ninguém à sua frente. A prova terminou e ele acabou ganhando com muita diferença, o que patrocinou uma festa para o seu Ano. Depois disso, o Sargento Carlos Alberto Lancetta, monitor do Colégio e chefe da equipe baiana de atletismo infanto-juvenil, convidou o Al Felix para fazer parte da equipe, que treinava na Fonte Nova, mudando totalmente a vida do jovem.
Recorte de Jornal sobre viagem do Al Felix
Felix participou de competições locais, estaduais, nacionais e internacionais. Foi, por diversas vezes, Campeão Baiano Juvenil nos 100 e 200 metros rasos, inclusive com recordes; Campeão do NorteNordeste Juvenil; Campeão Brasileiro Infanto-Juvenil e Juvenil, com recordes; Campeão Sul-Americano Infanto-Juvenil e Juvenil, inclusive com recordes Sul-Americanos; Campeão Brasileiro Estudantil, estabelecendo novo recorde na época, e chegou a representar o Brasil no Campeonato Mundial Estudantil, na cidade francesa de Saint-Étienne. No seu último ano no Colégio, Felix foi agraciado com uma viagem de preparação para atletas selecionados pela Confederação Brasileira de Atletismo – CBA. A ideia era preparar atletas brasileiros que tinham potencial para representar o Brasil nos próximos Jogos Olímpicos (Moscou-1980 e/ou Los Angeles-1984). Felix permaneceu treinando com o grupo em vários países da Europa, conhecendo novas técnicas e realizando uma série de testes biométricos. Ao voltar para o CMS, foi selecionado para a AMAN, para onde seguiu no final do ano de 1977.
Cartão Postal de Paris enviado pelo Al Felix para a sua mãe.
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O coroamento do Ex-aluno Felix como atleta de relevância ficou evidenciado quando ele entrou para a equipe de atletismo da AMAN, em 1978, ainda no 1º Ano da Academia. Como Cadete, conseguiu quebrar diversos recordes nos 100 e 200 metros, e nos revezamentos dos 4x100 e 4x400 metros, além de competir e ganhar dois Campeonatos Sul-Americanos de Cadetes, um no Equador e outro no Rio de Janeiro, inclusive com quebra de recordes. Vale ressaltar, ainda, que alguns dos recordes quebrados pelo então Cadete Felix, entre 1978 e 1981, permanecem sendo seus até os dias atuais.
Diploma de Campeão Sul-Americano de Cadetes – 200 metros – Cadete 1283, Felix
O CORONEL-ALUNO Ser aluno do Colégio Militar é cultuar uma série de preceitos que eleva o estudante e o transforma em um cidadão consciente de seus deveres e responsabilidades, tanto em relação à sua própria vida, quanto à sociedade da qual ele faz parte. Mas ser um Coronel-Aluno, comandante dos demais companheiros, novatos e pares, traz uma responsabilidade ainda maior. É algo que só quem passou pela função pode descrever. Por isso, trazemos o depoimento de um ex-aluno, para nos brindar com suas experiências. Ex-aluno 135, Sacramento, Coronel-Aluno, em 1972:
Minha experiência como Coronel-Aluno do CMS em 1972. Assumir essa posição foi motivo de muita satisfação para mim e para minha família. Mas o desafio não foi somente alcançar o desempenho escolar e disciplinar para o cargo. Ocupar essa posição requereu também uma dose extra de empenho e atenção, pois, além de obter resultados escolares de alto nível, foi necessário desenvolver habilidades de comando e liderança.
Diploma de Recordista da AMAN – Cadete 1283, Felix
Após os 30 anos previstos para a sua carreira como oficial, o Ex-aluno Felix tomou uma decisão significativa: voltou aos bancos escolares para formar-se em História e voltar ao “Nobre Cadinho”, agora como professor. Hoje, suas vitórias servem como exemplo e impulsionam muitos alunos a seguirem a carreira das Armas.
Ao centro, Professor Felix – Despedidas de fim de ano – 2018
Isso foi testado já desde o primeiro dia de aula do ano de 1972. Eram três companhias de alunos e cada uma era comandada por um Capitão-Aluno, todos os meus colegas do 3º Ano Colegial. Houve atraso justamente da companhia dos alunos veteranos. Indaguei ao meu colega que comandava a companhia sobre o motivo da demora. Ele me chamou e explicou que a demora se devia a dois alunos bem altos e fortes que estavam querendo ocupar a mesma posição na primeira fileira do pelotão. Os dois tinham a mesma altura, então perguntei qual deles havia chegado primeiro. Disse para o primeiro entrar em forma para ficar onde estava. Pedi ao outro para ficar em outro lugar da fileira, pois num outro dia ele poderia ficar onde pretendia. Porém, o preterido se zangou e disse que ia me “pegar lá fora” ao que eu retruquei “se vai me pegar que fosse ali mesmo”. O grandalhão saiu de forma e veio na minha direção. Nesse momento, notei que estava próximo o major Comandante do Corpo de Alunos. Chamei-o e expliquei, resumidamente, que o tal aluno estava atrasando a formatura e ainda havia dito que ia “me pegar”. O Major observou ao tal aluno: - Sr. Fulano, primeiro dia de aula e o senhor já começa o ano dando alteração? Volte para casa, três dias de retirada para você. Em seguida, a companhia entrou em forma rapidamente e a formatura teve sua sequência normalizada. Foi meu batismo como Coronel-Aluno.
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Desfile do CMS na Avenida Centenário – década de 1970
Ao longo desse ano, vivi experiências que se juntaram a tudo que o CMS me ensinou nos seis anos anteriores. A começar por aguçar minha percepção sobre noções como disciplina e organização. Apurei nesse último ano o exercício da liderança sem arrogância ao comandar o grupamento escolar, a desenvoltura para falar em público e de improviso. Também foi aguçada a capacidade de tratar com naturalidade, mas com respeito, as diversas autoridades civis e militares, a quem tive a oportunidade de apresentar o Corpo de Alunos nas inúmeras solenidades de que participei. Ainda lembro a emoção de desfilar à frente do Colégio no desfile de “7 de Setembro”, que nesse ano ocorreu na Av. Centenário. Para coroar esse ano inesquecível e a trajetória de sete anos, eu e meus colegas concluintes, 17 alunos, fomos brindados com um dia de comemorações com solenidade de encerramento pela manhã e baile no Clube Português à noite, ambos com a presença de professores, oficiais, equipe do CMS e familiares. Como resultado de toda essa longa caminhada, tivemos a felicidade de
ver todos os colegas aprovados, alguns nas escolas militares (Exército e Marinha) e outros nos cursos de Engenharia, Medicina etc. Eu optei pela Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde graduei em 1977. Fiz carreira no campo da construção industrial e projeto de fábricas. Em paralelo passei numa seleção da Engenharia Mecânica da UFBA e me tornei professor. Daí até 1996 atuei nas duas atividades, Engenharia de campo e docência. A partir desse ano centrei minha atuação somente na UFBA, fiz mestrado em Educação e me aposentei em 2016. Ainda me sentindo com disposição, fundei uma empresa que milita na produção de feiras de negócios, consultoria e treinamento. Desde 2007 desenvolvi uma carreira autodidata de artista plástico criando pinturas. Ainda na atualidade, eu e os dois “grandalhões” continuamos a nos encontrar com frequência, agora na condição de amigos, mas o assunto das conversas passa sempre por nossa trajetória no CMS e nossa gratidão eterna aos mestres e equipe do Colégio que com tanto esmero cuidaram da nossa formação.
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MENSAGENS DE EX-ALUNOS DA DÉCADA DE 1980 O carinho pelo “Nobre Cadinho”, demonstrado rotineiramente pelos ex-alunos do CMS, comprova que o Colégio é uma instituição de ensino diferenciada. Para ilustrar, apresentaremos duas mensagens de ex-alunos, que, após a formação no Colégio, empreenderam trajetórias de vidas vitoriosas. A mensagem seguinte é do aluno 010, Muniz, que estudou no CMS de 1980 a 1986. Após a formação no Colégio, Muniz ingressou na Academia da Polícia Militar do Estado da Bahia, passou por todos os postos de oficial da carreira policial, chegando ao posto de Coronel, e hoje é o Chefe da Divisão de Comunicação Social daquela instituição. MENSAGEM DO EX-ALUNO MANUEL PAULO MUNIZ JÚNIOR (1980 A 1986): Me honra muito ter sido distinguido pelo Comando do Colégio Militar de Salvador – CMS para dizer em poucas palavras, sobre esse enorme sentimento de orgulho que carrego por ter sido aluno, durante sete anos, desse “recinto sagrado, grande templo de luz e saber”. Minha mensagem, embora personalíssima, tenho plena convicção de que espelhará os sentimentos de muitos que, igual a mim, puderam desfrutar desse privilégio. Buscando ser sucinto, porém não incompleto e lacunoso em meu texto, proponho que façamos uma reflexão sobre o significado da sigla que encerra a denominação do nosso “Nobre Cadinho”, qual seja: CMS. A sua tradução formal todos nós conhecemos: COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR, porém o seu significado emocional e imaterial, certamente cada um dos seus eternos alunos carregam consigo na mente e no coroação, como verdadeira medalha de honra que um valente combatente ostenta no peito e na alma. Portanto, para mim a sigla CMS significa e representa a CASA, a MEMÓRIA e a SAUDADE. Enquanto CASA, foi um verdadeiro lar, que nos acolheu na vigência de nossa “mocidade gloriosa e altaneira, para nos transformar em galardão deste país varonil”, conduzido por “PAIS” atentos e exemplares (Comandantes, Monitores e Professores) e habitado por “IRMÃOS” confidentes e companheiros (colegas de turma e contemporâneos de curso), dentre os quais, ombreio com alguns numa feliz caminhada de 41 anos de convivência, desde o tempo de olhares pueris da infância, até os dias atuais, de conselhos maduros, emanados de homens que se tornaram pais, avôs e profissionais vencedores em seus labores. Nessa CASA ratifiquei valores que trouxe de minha família e aprendi que, para ser um verdadeiro brasileiro, teria que me doar à pátria antes de pedir algo em troca; que honrar minha família com o meu proceder; haveria de acreditar na força do conhecimento e do mérito pessoal; teria que cultuar nossos valores e tradições como referencial de vida e farol de caminhada; e necessitaria compreender que todos nós somos um soldado da pátria, no qual repousa um autêntico e valoroso cidadão, guardião deste Brasil. Já a MEMÓRIA se manifesta como um grande acervo de valores, princípios, aprendizados e conhecimentos que carrego comigo para a eternidade, pois sei que mesmo em outros planos existenciais essas marcas indeléveis do “Nobre Cadinho” me acompanharão, principalmente em meus momentos de conflito e tomada de decisão, remetendo-me aos seus ensinamentos, que é fonte abundante e cristalina, na qual bebo para fortalecer convicções e crescer em equilíbrio, e, assim, seguir destemido no caminho da resiliência, do sucesso e da vitória, pois “nossos mestres indicaram o caminho, o trabalho, o saber e o direito”. A SAUDADE me remete ao sentimento nostálgico do período de escola, local onde vivi experiências prazerosas de aprendizados e alegrias, decorrentes do convívio quase que diário com todas as atividades pedagógicas (aulas, laboratórios, competições esportivas, formaturas e eventos sociais) e com as pessoas que davam vida e valor àquela escola “onde cedo nos era ensinado a cumprir com o nosso dever “. Por fim, me resta asseverar que, ao ingressar no “Nobre Cadinho” e ao entoar a sua canção, convicto acreditei naquela estrofe que dizia “o futuro da pátria sois vós” e, hoje, confirmo como verdadeira aquela melódica assertiva, convencido de que se for necessário, para garantir o porvir dessa nação, “tomarei o fuzil na defesa deste berço de heróis!”.
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MENSAGEM DO EX-ALUNO COUTINHO – TURMA DE 1984 A 1988:
VALORES PARA A VIDA Disciplina, persistência, respeito ao próximo são alguns dos valores que carrego na vida profissional e pessoal, e que sempre busco transmitir a meus filhos. Posso afirmar, com toda a certeza, que adquiri esses valores, em parte, na convivência familiar, e em outra parte no período em que estudei no Colégio Militar de Salvador, entre os anos de 1984 e 1988. Tenho um imenso orgulho de ter passado por essa prestigiada e concorrida instituição. O Colégio Militar de Salvador nos passa fundamentos que vão muito além de uma formação em conhecimentos básicos. Na verdade, nos traz toda uma base de comportamento e atitude que levamos para a vida além do ambiente de ensino. A disciplina de acordar às 5h30 da manhã, já estar com o uniforme preparado, e me dirigir para chegar pontualmente à instituição, onde cumpria o período de ensino até 12h30. A persistência para darmos o nosso melhor e nos superarmos a cada dia, a começar pelo próprio exame de admissão para o colégio, que é extremamente concorrido. O respeito à hierarquia, aos nossos mestres e, também, aos colegas que estão do nosso lado. Para tudo o que faço hoje, tenho à minha frente todos esses ensinamentos que o Colégio Militar de Salvador me passou. Continuo acordando às 5h30 da manhã, com tudo o que preciso para o dia preparado na noite anterior. Mantenho a pontualidade dos meus compromissos, a vontade de me superar a cada dia e, claro, o respeito a quem está em cargos superiores e aos que estão ao nosso lado. Nas diversas funções que acumulei ao longo da minha carreira no Direito Criminal, ter comigo esses valores foi algo crucial para que pudesse estabelecer metas e conquistar objetivos. Fiz pós-doutorado, voltei para sala de aula como professor, me tornei dirigente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Bahia, e consigo desempenhar todas essas atividades graças à disciplina e organização, que aprendi no meu período de Colégio Militar. A filosofia do Colégio Militar de Salvador desenvolve em nós também o caráter humanista. No mesmo local, estudam o filho de uma lavadeira e o dono de uma grande empresa. Não há distinção entre os aprendizes. A única diferença entre nós eram os números que serviam para identificação de cada um. Não à toa, até hoje temos laços mantidos com os colegas de classe, e todos estão sempre dispostos a estar juntos e ajudar aqueles que, porventura, estejam passando por alguma necessidade. Essa é a harmonia perfeita entre disciplina, persistência e respeito ao próximo. Ao longo dos anos que passei no Colégio Militar de Salvador, percebi que estava sendo formado, de fato, para a vida. E a nossa gratidão será eterna aos mestres que nos possibilitaram esses ensinamentos que, garanto, serão perpetuados, também, a partir das gerações que têm a oportunidade única de passar por essa importante instituição do nosso estado.
CORONEL PM R/R SILVINO BERLINK MORAES O Coronel PM R/R Silvino Berlink Moraes é mais um exemplo de aluno forjado no Colégio Militar de Salvador (CMS), na década de 70. Bem-sucedido na sua profissão, tornou-se uma referência no âmbito da sua corporação por ter ocupado diversas funções de destaque e por ter alcançado o último posto da carreira, acumulando vários títulos e condecorações. Pelo sua dedicação e pelo amor à profissão militar foi também uma referência na sociedade baiana. Como um bom combatente e líder, sempre costumava proferir a célebre frase do Marechal Osorio: “É fácil a missão de comandar homens livres; basta mostrarlhes o caminho do dever”. Quando indagado sobre o legado que o CMS teve na sua vida pessoal e na profissional, respondeu o seguinte:
Há precisamente 49 anos ingressei no Colégio Militar de Salvador, no ano de 1972. Lembro-me que naquele momento tinha um sentimento de alegria somado à expectativa de uma nova realidade. Com o passar do tempo, adaptei-me rapidamente ao sistema de ensino voltado para educação de excelência e alicerçado em dois pilares básicos, hierarquia e disciplina. O CMS foi para mim uma alavanca no caminho do bem, aprimorando, aperfeiçoando meu caráter e conhecimento. Inclusive tive a oportunidade de ser atleta da equipe de atletismo, participando de diversas competições dentro e fora do Estado com momentos de glória. Desta forma, o Colégio Militar de Salvador contribuiu para minha formação intelectual, moral e desportiva, sempre dentro dos princípios éticos e da respeitabilidade, tornando-me um cidadão de bem. Ao CMS, “recinto sagrado, grande templo de luz e saber”, minha eterna gratidão.
Ao centro, General Racine em solenidade de substituição da Bandeira Nacional – Comando Militar do Planalto (CMP)
Depois de concluir a Educação Básica no Colégio, foi selecionado para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército – EsPCEx, onde estudou no ano de 1973, seguindo para a Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN. Graduou-se na Arma de Infantaria, em 1977, e norteou uma carreira ascendente, chegando ao posto de General de Divisão. Durante sua trajetória foi designado para comandar instituições de grande relevância dentro da Força, como a 16ª Brigada de Infantaria de Selva, a 6ª Região Militar, em Salvador, e o Comando Militar do Planalto.
QUANTO ÀS MEMÓRIAS DO “NOBRE CADINHO”, GENERAL RACINE REVELOU: São muitas, mas destacaria as formaturas; as partidas de futebol; o pãozinho delícia da mãe de D. Regina, no intervalo das 10:00 horas; as festas de São João, em que cada turma montava as próprias instalações para uma movimentada quermesse – era uma oportunidade para desenvolver os espíritos de equipe e liderança; as VCs no salão de provas, onde nem se pensava em colar; as aulas de Mestres experientes, como o Sr. Medrado, de Filosofia, Patrocínio, de Geografia, Fraga Lima, de Português, Milton, de Matemática, Batatinha (não lembro o nome próprio), de História, e outros jovens como nosso ex-Cel aluno Valter, brilhante professor de Física. Bons tempos, muitas lições.
DESTAQUES INDIVIDUAIS Cabe ressaltar, por questão de justiça, que foram inúmeros os ex-alunos que se destacaram, cada um em sua área de atuação e preferência, levando o nome do Colégio aos mais altos cenários da vida política, econômica, social e esportiva da sociedade baiana e da brasileira. Aos 13 anos de idade, em 1969, entrou no CMS o aluno Racine Bezerra Lima Filho. O Aluno Racine foi um dos destaques do “Nobre Cadinho” durante o período de 1969 até 1972, quando escolheu trilhar a vitoriosa carreira das Armas no Exército Brasileiro, o que em muito elevou o nome do CMS.
General Racine, Ex-aluno, proferiu Aula Inaugural no CMS – 2013
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Vale citar o depoimento do Aluno 096, Felix, da Turma Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, do ano de 1977: General Racine deixou, ainda, uma mensagem à Família “Zum Zaravalho”: Uma mensagem de otimismo e culto aos valores, pois são eles que estruturam e mantêm uma sociedade. No CMS, são praticados esses valores e, considerada a tenra idade de seus alunos, eles se solidificam por toda a vida. Não percam essa oportunidade. Assimilem tudo que lhes for ensinado e pratiquem sobretudo a camaradagem, que fará com que, daqui a muitos anos, tenham em cada um(a) dos(as) que hoje compartilham o recinto sagrado um(a) verdadeiro(a) amigo(a). Ao se encontrarem, com 30, 40, 60 anos, voltarão a ser crianças e se emocionarão com as lembranças do Grande Templo de Luz e Saber, onde cedo nos é ensinado a cumprir com o nosso dever.
Já no ano de 1968, o Colégio teve a felicidade de receber uma turma vibrante, que marcou a sua passagem pelo CMS. Dela fazia parte um dos destaques individuais desse período, que merece ser lembrado. Trata-se do Aluno nº 189, Moura. Baiano, oriundo da cidade de Jequié, o Aluno Moura realizou uma trajetória vitoriosa e trouxe muito orgulho para os seus pares, para os conterrâneos da Bahia e para a história do glorioso Exército Brasileiro. Ainda como aluno, Moura já se destacava pelo espírito militar, pelo companheirismo e pela dedicação às atividades do Colégio, inclusive fazendo parte da Sociedade Literária e Recreativa.
Aluno 189 – Moura – Turma de 1968 a 1974
Lembro-me de um fato que marcou a minha trajetória nos anos que estive no CMS, e que mostra um pouco do perfil do então aluno Moura. Talvez nem ele mesmo se lembre. Eu morava no centro da cidade, no bairro da Fazenda Garcia, e, como eu era muito novo, minha mãe todos os dias me conduzia até o ponto de ônibus, no bairro do Campo Grande. Em um desses momentos, por não poder permanecer esperando o ônibus chegar, ela me deixou sob os cuidados de Moura, que, muito educadamente, me conduziu até as instalações do colégio. Me marcou a gentileza e o trato que aquele aluno, veterano, me dispensou. Ali, eu, que ainda era um aluno novato, pude perceber o espírito de acolhimento e de camaradagem que reinava entre os integrantes do “Nobre Cadinho”, e a confiança que minha mãe, assim como a sociedade baiana, tinha no aluno do CMS.
A trajetória de sucesso do Aluno Moura extrapolou os muros do Colégio. Ele fez a Academia Militar da Agulhas Negras, AMAN, e foi o primeiro aluno baiano do CMS a ascender ao Posto de General de Exército, chefiando no final da carreira o Departamento-Geral do Pessoal. Sua vida militar, possivelmente impulsionada pelo desejo de estar próximo do Colégio e daqueles que certamente marcaram a sua vida, trouxe o Ex-aluno Moura para servir aqui, na Bahia, e no Nordeste brasileiro por diversas oportunidades, destacando-se como Comandante do 19º Batalhão de Caçadores, Batalhão Pirajá, como Comandante da 6ª Região Militar, Região Marechal Cantuária, e como Comandante Militar do Nordeste. Sempre que estava por perto, o Ex-aluno Moura visitava as instalações do CMS, sempre saudoso e agradecido por tudo que o “Nobre Cadinho” e seus integrantes representaram em sua vida. Como Comandante Militar de Área, materializando o perfil vitorioso do antigo aluno do CMS, General Moura recebeu uma grande homenagem da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, a comenda “2 de Julho”, pelos inúmeros e relevantes serviços prestados à sociedade baiana.
Assembleia Legislativa da Bahia concede comenda 2 de julho ao General Artur Costa Moura
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Ressalta-se também que, durante a solenidade na Assembleia Legislativa, a presença dos seus antigos companheiros de turma do “Nobre Cadinho” marcou o momento, evidenciou o espírito que reina entre aqueles oriundos desse grandioso estabelecimento de ensino e enfatizou todo o carinho da turma pelo Ex-aluno Moura.
Freitas, Leão, Davi, Fraga Lima, Milton, Evilásio, Medrado, Nunes e Estrela; dos professores militares Dantas, Lima, Tavares, Vilarinho, Granville, Fraga, Nunes, Afrânio e Dinaldo; dos instrutores Benzi, Nolasco, Americano, Aldes, Kurt Pessek, Reiniger, Moraes, Nascimento; dos monitores Torquato, Serra Seca, Barros, Vasconcelos, Berthelot, Souto, Souza Neto, Lancetta e Cabo Marques; e do servidor civil Vovô. Grandes lembranças. Muita saudade!!! Nas minhas palavras de despedida do Serviço Ativo, agradeci aos meus colegas e amigos:
Integrantes da Turma Cel Lauro Pie – Entrega da comenda 2 de julho ao General Moura
“Registro um agradecimento especial aos meus amigos da Turma Coronel Lauro Pie do Colégio Militar de Salvador que, se não fosse a pandemia, muitos deles estariam presentes aqui, como estiveram em vários momentos de minha vida, pela atenção, pelo incentivo e, principalmente, pelo culto aos valores adquiridos nos bancos escolares do Colégio Militar que são inegociáveis e que nos unem ao longo dos anos e fortalecem a nossa amizade”. Esse legado de profunda amizade e respeito acompanha-me por toda a vida e serve de motivação para que os jovens alunos percebam que os seus colegas de hoje serão os seus amigos de sempre. Aproveito para convidar os alunos do Colégio Militar de Salvador para refletirem sobre a letra da Canção do CMS todas as vezes que a cantarem: “É o Colégio o recinto sagrado Grande templo de luz e saber […]
PARA FINALIZAR ESSAS LEMBRANÇAS, REGISTRAMOS UMA MENSAGEM DO GENERAL MOURA:
[…] E ao sairmos do nobre cadinho Possuímos caráter perfeito [...]”
ONDE TUDO COMEÇOU Em solenidade no Quartel-General do Exército, Brasília – DF, no dia 07 de agosto de 2020, após quarenta e cinco anos, seis meses e dezesseis dias, deixei o Serviço Ativo do Exército Brasileiro. Nos dias que antecederam à solenidade e durante o seu transcurso, voltei, muitas vezes, no tempo e me recordei de momentos marcantes em que servi ao Exército de Caxias. Ao olhar para o passado, rememorei sonhos, desafios e conquistas, todos vivenciados ao longo de minha carreira, fixando-me, em especial, nos sete anos em que fui aluno do Colégio Militar de Salvador (CMS), berço de nobres e eternas tradições. Para um jovem sem militares na família, o Colégio Militar era um mundo desconhecido e desafiador. Com o passar dos anos, tive a grata satisfação de constatar que ele foi fundamental para a minha vida pessoal e para a profissional. Na vida pessoal, o CMS consolidou os valores e atributos que me foram transmitidos por meus pais e que todo jovem deveria aprender e pôr em prática. Dentre esses princípios, destaco a amizade, a camaradagem, a disciplina, a verdade, a lealdade, a importância da família e a fé que devemos ter no nosso Brasil. Na vida profissional, preparou-me e apresentou-me possíveis direções a serem seguidas de modo transparente, deixando sempre evidente que as escolhas são uma decisão pessoal e que todas as profissões são importantes para a Nação e para a sociedade em que vivemos. Não se pode pensar em nosso “Nobre Cadinho” como referência em educação sem relembrar de nossos mestres, lamentando, é claro, não ser possível citar todos. Lembremos, portanto, dos comandantes Coronéis Cabral, Silveira e Pie; dos professores civis Patrocínio, Salvador D’Ávila,
Essa letra, tão simples e tão profunda, consegue retratar com perfeição como devemos considerar o Colégio: um “Recinto Sagrado”. Ela destaca um dos grandes objetivos escolares, qual seja formar o cidadão brasileiro com “caráter perfeito”, objetivo esse que tem sido alcançado com mérito graças ao esforço conjunto dos corpos discente e docente. Desejo aos alunos do CMS que aproveitem tudo o que o Colégio lhes oferece. Analisem cada ação realizada com a certeza de que o corpo docente está comprometido com a sua formação como cidadão e com a sua efetiva preparação para os crescentes desafios a serem enfrentados. O mundo hoje passa por transformações profundas que ocorrem cada vez com maior velocidade. No entanto, a educação é a base de tudo. A cada novo ano de existência, o Colégio evolui e se torna mais efetivo nas ações empreendidas. Com o cumprimento de Soldado, presto minha continência ao Colégio. Continência que traduz toda a minha estima, o meu agradecimento e a minha admiração por todos que têm a honra e o privilégio de pertencerem, eternamente, a esta Casa de Thomaz Coelho: professores, militares, servidores civis e alunos. PÁTRIA!!!!
General de Exército Artur Costa Moura
Aluno 189 Moura (1968-1974)
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A ASSOCIAÇÃO DE EX-ALUNOS: DEDICAÇÃO E VIGILÂNCIA Segundo o Ex-aluno João Leal, que pertence à Diretoria da Associação e que já foi seu presidente, no dia 17 de janeiro de 1985, no auditório do CMS, 53 ex-alunos, tendo à frente o grande incentivador, o então Coronel Benito Nino Bisio, Comandante do Colégio, tiveram a luminar iniciativa de fundar uma Associação. Seu primeiro presidente foi o Ex-aluno da turma de 1959 Valmar Fontes Hupsel. A Associação ergueu-se com os objetivos de congregar os ex-alunos; oferecer atividades de cunho recreativo, esportivo e sociocultural; bem como cooperar com os poderes públicos e privados no estudo, na orientação e na solução dos problemas relativos aos interesses da sociedade. A Associação possui, hoje, mais de 400 ex-alunos cadastrados no e-grupo, um verdadeiro celeiro de profissionais liberais, empresários, militares, servidores públicos, caracterizando uma diversidade que enriquece e possibilita ampliar o horizonte de relacionamentos. João Leal acrescenta, ainda, que a Associação procurou ajudar quem cerrou fileiras, mesmo que por um curto período. Ele exemplificou uma série de ações realizadas desde a sua criação, como o apoio dado ao desfile do ex-aluno no “Sete de Setembro”; a constituição do Batalhão da Saudade, que tradicionalmente desfila nos aniversários do Colégio; a confraternização de fim de ano dos ex-alunos; as palestras motivacionais de ex-alunos para os alunos do 3º Ano do Ensino Médio; os passeios aos fortes históricos de Salvador; a ajuda na confecção do projeto estrutural do prédio Aristides Fraga Lima; a compra de cama hospitalar para apoio a aluno necessitado; o contato com Deputados que garantiu verbas para serem usadas no Colégio por meio de emenda parlamentar; os convênios com empresas prestadoras de serviços; o apoio à 6ª Região Militar em solenidades comemorativas à Semana do Exército e na Corrida Duque de Caxias; a assinatura de convênio com o Senai/Cimatec, visando ao aperfeiçoamento de militares e ex-alunos e, por fim, o apoio ao Colégio na transposição desse momento tão difícil de pandemia.
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O ex-presidente João Leal faz ainda um importante registro, destacando o apoio recebido dos comandantes que passaram pelo Colégio e de seu atual comandante ao longo de toda a trajetória da Associação.
FECHAMENTO DO “NOBRE CADINHO” O “Nobre Cadinho” também passou por momentos difíceis. O dia 31 de março de 1988 foi um dia significativo para a memória do Colégio. A sociedade baiana viu com apreensão e tristeza os portões do CMS serem fechados. Uma conjuntura de restrições orçamentárias atingiu com muita intensidade a economia brasileira e determinou que o então Ministério do Exército tomasse uma decisão histórica: encerrar as atividades de alguns Colégios Militares. Em 1989, o CMS, junto com outros colégios militares, foi desativado, causando uma onda de pesar sobre toda a sociedade local. Para os ex-alunos que sabiam da importância do CMS para a formação de suas personalidades e profissionalismo foi um fato que marcou profundamente as suas vidas e a de seus familiares. Para os políticos baianos, o fechamento indicava que a Bahia não tinha relevância suficiente para desfrutar, em seu estado, de uma entidade de ensino federal com o nível de excelência dos colégios militares; para os educadores, significava que a Bahia perdia uma referência não só na pedagogia, mas também uma opção real de formação de uma juventude capaz e comprometida com o Brasil, e para a sociedade soteropolitana em geral, indicava que a crise econômica subtraía de seus jovens integrantes a esperança de alcançar uma vida melhor. Em um cenário repleto de saudosismo e perplexidade, diversos setores da sociedade soteropolitana, incluindo ex-alunos, políticos, educadores, religiosos e artistas, mobilizaram-se para que o colégio voltasse a funcionar.
04 CRIAÇÃO DA EsAEx E DO QCO Não é exagerado dizer que a administração militar se constitui no principal alicerce do travejamento operacional do Exército Brasileiro. A vinda da Missão Militar Francesa, no início dos anos 1920, refletiu, como poucos eventos anteriores, a preocupação com esse aspecto, na medida em que promoveu uma reorganização sem precedentes no seio da Força Terrestre, alterando vertentes ligadas à doutrina, ao preparo e ao emprego dos efetivos e, também, ao manejo da máquina burocrática militar. Resultado direto dessas mudanças foi a aprovação do regulamento para o Serviço de Intendência da Guerra por meio do Decreto nº 14.385, de 1º de outubro de 1920, firmado pelo Presidente da República, Epitácio Pessôa, e pelo Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras. Ministro Pandiá Calógeras
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Gen Ex Leônidas Pires Gonçalves
As inovações daí advindas voltaram-se para a administração e a organização de serviços relacionados a fardamento, equipamentos, contratos, aquisições, estoques, pagamentos, além da fiscalização e da apuração de responsabilidades quanto ao emprego de recursos financeiros e de material. Para o desempenho de tais tarefas, previu-se a formação de quadros de intendentes da guerra e de oficiais de administração, admitidos mediante requerimento e concurso para os cursos da chamada “Escola de Administração Militar.” Contudo, as demandas de natureza administrativa acentuaram-se nos anos seguintes, levando o Exército a redefinir cargos e funções. Como reflexo disso, a Lei nº 2.851, de 25 de agosto de 1956, reorganizou a estrutura dessa Força Singular. No ponto que interessa, a nova norma criou o Quadro de Oficiais de Administração (QOA) e o Quadro de Oficiais Especialistas (QOE), cujas atribuições seriam definidas pela Lei nº 3.222, de 21 de julho de 1957. O art. 3º dessa Lei demonstra exatamente a intenção do legislador da época: “Os integrantes do QOA e do QOE destinam-se, em tempo de paz, respectivamente, ao exercício de funções de caráter burocrático e especializado, nos Quartéis Generais, Corpos de Tropa, Estabelecimentos, Repartições e demais organizações militares que por sua natureza, não exijam curso de formação de oficial.”. Percebe-se, pois, que tanto os QOA como os QOE secundavam os oficiais das Armas e do Serviço de Intendência na gestão da burocracia castrense, o que perduraria até a edição da Lei nº 6.391, de 9 de dezembro de 1976, que extinguiu aqueles Quadros e recriou o antigo Quadro Auxiliar de Oficiais, com as mesmas funções. Em meados dos anos 1980, na esteira dos eventos históricos que remodelavam a face do país, percebia-se, no seio do Exército, que o mecanismo que regia as engrenagens militares carecia de transformações mais profundas do que aquelas que até então vinham ocorrendo de forma paulatina, segura e parcimoniosa. Entendia-se, de fato, que um novo choque de modernização era necessário para preparar o Exército para o século que se avizinhava, visando à atualização da instrução militar, do preparo das tropas e da renovação da infraestrutura e do material bélico.
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O impulso derradeiro surgiu com a assunção do General Leônidas Pires Gonçalves ao cargo de Ministro do Exército, precisamente em 1985, que lançou as fundações do que seria conhecido como Projeto FT-90. Arrojado, o programa tinha por objetivo alterar a maneira como o Exército deveria se desenvolver nos anos por vir, inclusive no que se referia ao emprego e à destinação de seus efetivos. A exemplo do que ocorrera nos anos 1920, a atenção maior foi dispensada ao vetor finalístico da Força Terrestre, sem descuidar, todavia, das engrenagens administrativas necessárias ao emprego operacional em sua plena capacidade. Com efeito, o contexto era de mudanças, mas o entendimento de que o binômio administraçãooperatividade deveria evoluir de forma conjunta, em busca da excelência, não se alterara. Naqueles dias, os labirintos de uma burocracia em constante mutação representavam um desafio por vezes intransponível para os oficiais formados para as artes da guerra, deles exigindo um completo redirecionamento que, não raro, comprometia os caminhos originalmente escolhidos e, por consequência, afetava a própria capacidade dissuasória do Exército. Inevitavelmente, chegou-se à conclusão de que eram necessários oficiais de carreira, voltados especificamente para atividades administrativas não supridas pela Intendência, detentores de formação superior nas áreas de que a Instituição carecia, a fim de se liberarem oficiais formados pela Academia Militar das Agulhas Negras para as missões para as quais haviam sido forjados originalmente.
Foi nesse cenário de racionalização do emprego dos recursos humanos, portanto, que se propôs a criação do Quadro Complementar de Oficiais (QCO), conforme se infere da Exposição de Motivos nº 36, encaminhada pelo Ministro do Exército ao Presidente da República em 2 de maio de 1988: No contexto atual, o acompanhamento das atividades relacionadas com a reestruturação acima referida, dentro de princípios da modernização administrativa, vem impondo a este Ministério, não raras vezes, o atendimento às suas necessidades complementares em pessoal de nível superior, com o aproveitamento de oficiais de carreira, o que vem acarretando crescentes prejuízos à atividadefim da Força. Com o objetivo de se obter um melhor aproveitamento dos efetivos, preservando-se os Quadros existentes, em especial aqueles de natureza combatente, concluiu-se pela necessidade imprescindível de se criar, neste Ministério, um Quadro Complementar de Oficiais que, integrado por pessoal habilitado em distintas áreas de conhecimento do interesse do Exército, elimine a deficiência acima assinalada.
A proposta deu origem ao Projeto de Lei nº 772, autuado na Câmara dos Deputados em decorrência da Mensagem nº 225, da autoridade máxima do Executivo, datada de 15 de junho de 1988.
Mensagem do Presidente da República propondo a criação do QCO
Em linhas gerais, o PL previa a criação do QCO, “destinado a suprir as necessidades de suas Organizações Militares (OM), com pessoal de nível superior para o desempenho de atividades complementares”, constituído dos postos de primeiro-tenente a tenente-coronel. Poderiam nele ingressar “os militares da ativa e da reserva não remunerada das Forças Armadas e os civis”, aproveitando-se assim o próprio pessoal das Forças Armadas, além de profissionais oriundos da iniciativa privada. Inovador, o PL previa a inclusão de mulheres no novo Quadro, todavia reconhecendo que adaptações deveriam ser levadas a efeito pelo Exército. Durante os debates na Câmara dos Deputados, já em 1989, porém, houve quem propusesse que o universo feminino deveria ser restrito às áreas de assistência social e de saúde, entendimento esse rechaçado pelo Relator, Deputado Nilson Gibson, à luz da igualdade de gêneros celebrada e consolidada pela Constituição Federal, promulgada em outubro do ano anterior. Aos oficiais do QCO, de todo modo, seriam aplicáveis “todas as disposições legais relativas aos demais oficiais de carreira do Exército”, desde que não colidissem com as prescrições da nova Lei. Durante a formação, todos seriam considerados primeiros-tenentes da reserva de segunda classe convocados, para efeitos de remuneração e precedência hierárquica. O Parecer final da proposta manteve-se alinhado com a ideia original: “[a] matéria constante deste projeto de lei permite tornar a Força Terrestre compatível com o porte de suas missões atuais e futuras, bem como possibilita a ampliação de seus níveis de operacionalidade, procurando uma racional utilização dos recursos humanos disponíveis e, em consequência, liberando oficiais de carreira, ora empregados em atividades administrativas, para a atividade fim do Exército.” De qualquer sorte, vencidos os debates, foi publicada a Lei nº 7.831, de 2 de outubro de 1989, criando-se assim o Quadro Complementar de Oficiais e estabelecendo-se que ao Ministério do Exército caberia definir as áreas de interesse para admissão dos novos oficiais. Seguindo um planejamento que caminhava paralelamente à tramitação do PL no Congresso Nacional, o Exército já havia decidido que a formação dos futuros oficiais do Quadro Complementar se daria na recentemente criada Escola de Administração do Exército (EsAEx), localizada em Salvador, BA. De fato, a EsAEx fora trazida à luz no ano anterior, por meio da Portaria nº 15, de 5 de abril de 1988, de natureza reservada, do Ministro do Exército, na esteira do fechamento dos Colégios Militares, operado pela Portaria nº 14, da mesma data, também reservada, ocupando as instalações do Colégio Militar de Salvador, uma área ampla no bairro da Pituba, com pavilhões ladrilhados de dois e três andares e rodeados por uma densa área verde.
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Como Organização Militar distinta de qualquer outra, tendo como Comandante o Cel Art Francisco Ronald Silva Nogueira, esse estabelecimento de ensino havia sido originalmente incumbido de especializar oficiais das armas e dos serviços com o intuito de habilitá-los para o desempenho de cargos e funções que exigissem conhecimentos de administração. Além disso, era sua atribuição também formar e aperfeiçoar sargentos de Intendência, especializar sargentos em cursos voltados para a área administrativa e completar a formação de oficiais e sargentos por meio de cursos de extensão. Contudo, foi com a criação do QCO, em outubro daquele ano, que a Escola encontrou sua maior vocação. O Regulamento aprovado pela Portaria nº 742, do Ministro do Exército, de 16 de agosto de 1989, antes, portanto, da publicação da Lei do QCO, já deixava clara a destinação da EsAEx: “preparar recursos humanos para o Exército, particularmente no campo da administração militar, contribuir para o aprimoramento da administração, no âmbito do Exército” e, especificamente, “formar oficiais para o Quadro Complementar de Oficiais (QCO) e praças para o Quadro Complementar de Praças, quando criados”. Para o QCO, o Regulamento previa as seguintes áreas a serem contempladas: Estatística, Ciência da Computação, Administração, Ciências Contábeis, Economia, Direito e Magistério. Assim, ainda em 1989, foram adotadas as providências para a realização do primeiro concurso de admissão (CA) ao Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (CFO/QC) que se desenvolveria em 1990. Para tanto, seguiu-se a previsão contida na Lei nº 7.831, de 1989, destinando-se vagas prioritariamente àqueles que já se encontravam no serviço ativo do Exército, sendo as remanescentes divididas entre militares de outras Forças e civis, e estabelecendo-se, por isso, diferentes limites de idade para os candidatos.
O resultado do certame foi divulgado no início de 1990, tendo-se selecionado 100 (cem) candidatos, divididos pelas áreas de Administração (45), de Economia (4), de Ciências Contábeis (16), de Informática (18), de Direito (8) e de Magistério (9), que seriam alojados nas instalações do que hoje é o Pavilhão Almirante Tamandaré.
Independentemente de suas origens, os novos alunos passariam a ostentar a insígnia do novo Quadro: um triângulo isósceles vazado, representando o conhecimento civil, tendo o sabre nele sobreposto, traduzindo o conhecimento militar, refletindo os conhecidos versos de “Quem dá aos Pobres, Empresta a Deus”, do poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves: “Duas grandezas neste instante cruzam-se! Duas realezas hoje aqui se abraçam!... Uma - é um livro laureado em luzes... Outra - uma espada, onde os lauréis se enlaçam. Nem cora o livro de ombrear co’o sabre... Nem cora o sabre de chamá-lo irmão... Quando em loureiros se biparte o gládio Do vasto pampa no funéreo chão.”
Em 30 de abril de 1990, o Comandante da EsAEx proferiu a Aula Inaugural abordando os reflexos da criação do QCO na Alta Administração do Exército. O evento foi prestigiado pelo então Comandante da 6ª Região Militar, General de Brigada Leone da Silveira Lee, por oficiais de seu Estado-Maior, por comandantes de OM da guarnição de Salvador e por outras autoridades locais. Diante dos novos alunos, um universo a ser compreendido, uma tábula rasa em que novos parâmetros seriam fixados e novas regras seriam estabelecidas. Embora a instrução ainda se revolvesse em mistério, os ventos da mudança e da modernização eram evidentes, permitindo a construção paulatina de uma nova identidade para aqueles militares.
Candidatos do 1º CA ao CFO/QC – 1989
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O novo Quadro serviu como porta de entrada para profissionais de origem civil no Exército, atraindo administradores, advogados, contadores, professores, economistas e tantos outros que terminariam abraçando a carreira militar, seus valores e suas tradições. Mesmo na maturidade, percebia-se, havia espaço para a compreensão plena dos preceitos de hierarquia e disciplina, de ética e de cumprimento do dever. Mais do que isso, a sensação de pertencer a algo maior, de fazer parte de um organismo com séculos de existência era para muitos algo inédito, o que contribuiu para com o estabelecimento de um espírito de corpo diferenciado.
Aula Inaugural – 30 ABR 1990
Refletindo esses novos tempos de valorização do aspecto técnico sem desmerecimento do lado operacional, a Escola passou a receber constantes visitas de autoridades civis e militares, ora com o intuito de orientação técnica, ora com vistas à aproximação institucional, inaugurando uma rotina que se perpetuaria.
Apresentação dos novos alunos 02 MAIO 1990
As palavras do hoje Cel QCO Info R/1 Wanderley Alves dos Santos, integrante daquela Turma, são reveladoras dessa atmosfera: Em maio de 1990, cheios de alegrias e incertezas, 100 alunos cruzaram o portão e subiram a rampa da então Escola de Administração do Exército. Uma turma composta por oficiais temporários, praças das Forças Armadas e civis. Bem heterogênea em experiência de vida e maturidade, com idade variando entre 20 e 40 anos, mas com muita união e cuidado uns com os outros, fomos superando todos os obstáculos que apareceram ao longo do curso para então, no dia 30 de novembro do mesmo ano, sermos incluídos na Turma Pandiá Calógeras e declarados oficiais de carreira do Quadro Complementar. Após este tempo, muitos foram os trabalhos de assessoramento ao Comando, realizados por todos os integrantes da Turma Pioneira. E hoje, temos a certeza do dever cumprido, do sonho realizado e principalmente, o orgulho de pertencer e fazer parte da história a uma Instituição com a grandeza do Exército Brasileiro.
Guarda de Honra ao Gen Ex Pedro Luis de Araújo Braga, Secretário de Economia e Finanças 10 NOV 1989
De fato, desde a criação da EsAEx, Governadores, Ministros e Generais desceriam de seus veículos oficiais em frente ao Corpo da Guarda, recebendo a apresentação do Comandante da Escola, passariam em revista à tropa formada na rampa que dá acesso ao Pavilhão de Comando e, vez que outra, assistiriam aos desfiles do grupamento no topo da elevação – e não em frente ao Pavilhão Duque de Caxias, como hoje ocorre.
Cumprimentos aos primeiros colocados do Período Básico – 1990
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Não por outros motivos, ao final do primeiro Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar, o Governador do Estado da Bahia, Nilo Coelho, houve por presidir a cerimônia de encerramento, entregando a espada de oficial ao primeiro colocado.
O depoimento do Maj QCO Adm R/1 Francisco Avelino de Assis demonstra bem a multiplicidade de origens dos alunos e as dificuldades de ajuste dessas primeiras turmas:
Interessa destacar a figura de Pandiá Calógeras para denominar essa Turma pioneira. Foi o único civil a ocupar o cargo de Ministro da Guerra (e do Exército) durante toda a República, promovendo mudanças que se fazem sentir ainda hoje. Tal personalidade histórica traduzia o ideal a ser buscado por aqueles homens de origens tão distintas que se preparavam para alterar a maneira de pensar do Exército.
Uma coisa interessante da turma de 91 é que ela foi muito mesclada. Tinha gente da Aeronáutica, do Exército, oficiais R/2, tinha sargentos, e tinha também muitos civis, mais ou menos 50%. Então formouse um caldeirão bem interessante, um processo muito interessante de integração. Eu achei muito diferente porque eu tinha uma vida profissional totalmente fora do contexto militar... Tinha um irmão que era da PM de Minas Gerais, tinha contato com outras pessoas da área militar, mas eu nunca tive uma participação anterior. Era civilzão mesmo!
Esse espírito voluntarioso foi marcante também na turma que se seguiu, de 1991, responsável pela consolidação do QCO no seio da Força Terrestre. Homenageando o Marechal Mascarenhas de Moraes, 85 alunos foram selecionados nas áreas de Administração (50), Ciências Contábeis (9), Direito (10), Economia (2), Informática (5), Magistério (8) e Estatística (1), para o curso de formação que se iniciaria em 12 de abril daquele ano, já sob a direção do novo Comandante da EsAEx, o Cel Cav Jeferson Soares Fartes.
Eu tinha uma formação muito técnica, muito focada no setor privado, trabalhei em empresa Industrial, Indústria e Comércio, trabalhei em instituição financeira, e trabalhei em empresa de auditoria contábil. Então para mim era uma coisa bem diferente, quando me vi no pátio da escola, marchando – “O que eu estou fazendo aqui?” Foi um processo de ajuste muito intenso.
Esse testemunho contrasta com o do Maj QCO Adm R/1 Elói André Trinks, que chegou à EsAEX oriundo do meio militar: Para mim, foi uma experiência muito emocionante, empolgante e estimulante porque, como muitos colegas, eu já era militar, era segundo-sargento de Infantaria, inclusive com CAS. Estava servindo em Marabá, tinha sido transferido para lá fazia dois meses, saindo de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e havia feito concurso em dezembro, em Santa Maria. O resultado saiu no meu segundo mês de serviço no 52º BIS. [...]
Entrada novos alunos – 12 ABR 91
Assim como os oficiais da turma anterior, também esses oficiaisalunos recém-chegados procediam de diversas origens do território nacional. Todos prestaram o compromisso de honra, jurando defender a Pátria, se preciso fosse, com o sacrifício da própria vida, em juramento solene. Todos passaram por instruções de natureza militar, aí incluídas as disciplinas de armamento, munição e tiro, além de intenso treinamento físico, ordem unida e exercícios no terreno, tudo com o intuito de adaptar o conhecimento profissional que já detinham às necessidades da Instituição, com foco nos valores militares.
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Então foi uma correria só mas, chegando na escola, veio aquela sensação de estranhamento, por estar ingressando num novo círculo, o círculo dos oficiais. Com a chegada de alguns colegas já militares, então veio a familiaridade, devido à linguagem toda e depois, com a chegada de alguns, oriundos do meio civil e com a linguagem diversa da nossa, mas aos poucos as engrenagens foram se encaixando. Como era apenas o segundo ano, as coisas eram meio precárias. O alojamento era num pavilhão com diversos beliches, mas tudo funcionando bem, os banheiros, os armários, o alojamento em si, estávamos bem acolhidos – eu morei na escola junto com alguns colegas – e sempre as refeições muito saborosas e tudo mais, então um ambiente bastante acolhedor, que nos facilitou bastante a adaptação.
Consegui estudar bastante e me preparar com bastante afinco para ir bem nas provas, já tinha feito alguns cursos militares e graças a Deus sempre fui bem. A primeira parte do curso, que era a aprendizagem militar, eu já tinha feito no curso de cabo, já tinha feito como sargento e agora estava repetindo as instruções de maneabilidade, enfim, instruções marcantes, a aprendizagem do tiro, ordem unida... Muita coisa a gente estava repetindo, mas mesmo assim foi bom porque em muitas coisas a gente acaba adquirindo vícios – inclusive o Ten Breviliere, que também era de Infantaria, muitas vezes me chamava a atenção por causa dos meus vícios na ordem unida –, mas aos poucos eu fui me encaixando nas instruções militares. [...] Depois, na segunda parte do curso, que era a parte específica. A [área de] Administração na época tinha 51 alunos, então as salas eram bastante cheias. Tivemos professores muito bons, nos surpreendemos com algumas cadeiras que eram ministradas por professores civis, como História Militar e Direito, mas o encaminhamento do curso foi muito bem, porque estávamos fisicamente bem e militarmente também, já bastante adaptados e ajustados ao ambiente.
De todo modo, desde o início, apesar dos naturais tropeços, privilegiou-se o desenvolvimento da lealdade, da camaradagem, do respeito e da urbanidade, não apenas durante as instruções, mas também nos momentos de lazer, como festas juninas, torneios esportivos e comemorações de aniversários, tudo com o intuito de gerar o sentimento de grupo, de pertencimento, de irmandade.
Por certo, a formação do QCO não poderia ser comparada à dos oficiais oriundos das demais linhas de ensino militar, tendo em vista os objetivos distintos para os quais uns e outros eram – e são – formados. Não obstante, o que se buscava nos bancos da EsAEx, desde o princípio, a par das previsões contidas na Lei de Ensino no Exército então vigente (Lei nº 6.265, de 19 de novembro de 1975), era consolidar o entendimento de que, ao lado dos oficiais da linha bélica e científicotecnológica, o oficial do QCO tinha como missão contribuir, na medida de seu profissionalismo, para com o incremento do poder de combate enquanto ferramenta imprescindível para a proteção dos fundamentos da República, em especial a soberania. De fato, o Leviatã em que se constituía o Exército Brasileiro, já nos anos 1990, não poderia prescindir de uma ou outra vertente, de oficiais oriundos das linhas de ensino estabelecidas oficialmente ou não, sob pena de ver prejudicado o cumprimento de suas missões constitucionais, sua capacidade de preparo e emprego. Foi com esse espírito que ainda em 1991 foram adotadas as providências derradeiras para a inclusão do segmento feminino nesta Força Singular, concretizando, enfim, a previsão contida na Lei nº 7.831, de 1989. Não por outro motivo, iniciaram-se as obras para construção do edifício de três pavimentos destinados a alojar os futuros alunos do CFO/QC, na elevação ao final da rampa dos coqueiros, próximo do Comando da Escola, um trabalho que haveria de se estender por todo o ano seguinte. Uma vez mais o ano letivo culminou com a formatura de encerramento do curso diante do Governador do Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, que, repetindo o gesto de seu antecessor, entregou a espada de oficial ao primeiro colocado no curso.
Turma de 1991 – Pátio de Formaturas
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Alunas pioneiras com a Instrutora CT Orília 20 ABR 1992
O ANO DE 1992 SE APROXIMAVA. Visando à chegada das futuras oficiais-alunas, o Regulamento da EsAEx já vinha sofrendo alterações, como a promovida pela Portaria nº 778, do Ministro do Exército, de 14 de setembro de 1990, para prever idades-limite idênticas para candidatos militares e civis. Na mesma linha, a Portaria nº 456, do Ministro do Exército, de 17 de junho de 1991, passara a considerar que “[as] condições gerais para a seleção, previstas neste Regulamento, aplicam-se a todos os candidatos”. Na prática, essas mudanças normativas permitiriam, a partir do concurso de admissão de 1991, realizado em dezembro daquele ano, para o CFO/QC de 1992, que a seleção se desse de forma universal, sem qualquer priorização de vagas, seguindo, com rigor, o previsto na Constituição Federal. Em 20 de abril de 1992, a chegada das mulheres ao Exército foi consolidada de maneira contundente. Naquele dia, dos 124 oficiais-alunos que cruzaram o Portão das Armas da EsAEx, dando início a um novo período de formação, 49 eram mulheres que, por sua presença, abririam espaço para a alteração das feições desta Força Singular, mudança bem-vinda e aguardada, tanto pela Instituição como pelas próprias candidatas, como se vê nas palavras da hoje Ten Cel QCO Adm R/1 Regina Benini Moézia de Lima: Sempre foi meu sonho, desde os meus 8 anos de idade, entrar para o Exército. Meu pai era de Infantaria e eu sempre quis ser militar, então foi a realização de um grande sonho. Desde o dia que eu passei no concurso, passei a ser o ser humano mais alegre, feliz e realizado do mundo. Enquanto às vezes estava todo mundo cansado na Escola, não aguentando mais, eu estava sempre com o moral lá em cima, porque eu queria mais, mais e mais! Eu sempre era voluntária para todas as atividades que aconteciam em Salvador! A gente sempre era muito requisitada por ser a primeira turma de mulheres, ou melhor da primeira turma mista.
Para fazer frente a esse desafio, entendimentos com a Marinha do Brasil permitiram a participação da Capitão-Tenente CAF Orília de Oliveira Silva como oficial orientadora da turma, o que viria a facilitar a adaptação de todos, instrutores e alunos, a esse novo cenário em que homens e mulheres passariam a marchar ombro a ombro.
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Nesse contexto, é válido destacar o depoimento da hoje Cel QCO Mag Ing Carla Beatriz Medeiros Albach: Apesar de ter sido a última Força a admitir mulheres em seus quadros, o Exército foi o primeiro a formar uma turma mista. Não havia, em nosso grupo, divisão nas atividades. Homens e mulheres realizavam, juntos, as mesmas tarefas. Sem dúvida, todas as turmas que nos sucederam passaram pelas mesmas dificuldades. Para essas, contudo, já havia um exemplo anterior, um algo a seguir, ou a evitar, ou a se inspirar. Para nós, da turma Maria Quitéria, no entanto, tudo era novo. Não só para nós, mulheres, que não imaginávamos como seríamos recebidas em uma instituição secularmente masculina, mas também para os alunos do sexo oposto, que teriam a responsabilidade no trato conosco, e mesmo para todo o corpo docente: oficiais e praças, que teriam que desenvolver novas condutas, mais cuidadosas e mais tolerantes com as diferenças que, naturalmente, se apresentariam. […] Após os mais intensos oito meses de nossas vidas, conseguimos! Cada uma com suas sequelas, expectativas, sonhos, frustrações, mas, acima de tudo, com uma inquestionável certeza: éramos outras pessoas. Ao contrário das moças assustadas e inseguras que se lançaram em um rio de adversidades, sem saber se chegariam à outra margem, havíamos nos transformado em verdadeiras estacas, autossustentadas em todos os aspectos, vibradoras com as coisas da Caserna e acostumadas à simplicidade e à rusticidade que forjam os bons soldados. Vencemos? Sendo bem realista, diria que, independentemente de ser mulher ou homem, mais jovem ou mais velho, militar temporário ou de carreira, formado na área bélica ou técnica, vencem todos os que realmente vestem a camisa verde-oliva, os que não se acomodam, os que não se deixam abater por questões menores que a grandiosidade da missão das Forças Armadas.
De fato, as mulheres dessa primeira turma trariam inovações que, em muitos aspectos, modificariam as rotinas e os procedimentos em todo o Exército. A 1º Tenente-Aluna Alyne Alves Trindade, por exemplo, teria seu nome impresso na tábua de tradições do Quadro Complementar de modo indelével, na condição de autora da Canção do QCO. “Somos das Letras, das Ciências somando formas de lutar!”, diz a letra que consolida com fidelidade a razão de existir desses distintos militares.
Por natural, a primeira turma mista homenageou Maria Quitéria de Jesus, figura heroica dos combates que se seguiram à declaração da Independência nas terras da Bahia, reconhecida pelo próprio Imperador, D. Pedro I, por sua lealdade, destemor e engajamento na luta pelos ideais da Pátria, passando a ser exemplo essencial para homens e mulheres prontos a assessorar com todo o brio, somando formas de lutar. O encerramento do curso contou uma vez mais com a presença do Governador Antônio Carlos Magalhães, acompanhado pelo Ministro do Exército, Gen Ex Zenildo de Lucena, que assistiram à solenidade de entrega da espada a 34 oficiais de Administração, 7 de Ciências Contábeis, 10 de Direito, 2 de Economia, 13 de Enfermagem, 3 de Estatística, 19 de Informática, 28 de Magistério, e 6 de Veterinária.
Formatura de Encerramento do CFO/QC 1992
Compromisso à Bandeira – 25 AGO 1992
Do ponto de vista da formação, o ano de 1992 nada deveu às turmas anteriores. Todos passaram por intensa instrução, incluindo exercícios no campo, compromisso à Bandeira e desfile de Sete de Setembro – este com especial destaque por contar, pela primeira vez na História, com um grupamento exclusivamente feminino marchando pelas ruas de Salvador.
Em fins de 1992, com o término do curso de formação, pela primeira vez, em terras seculares da Bahia, neste templo de lendária tradição, homens e mulheres entoaram a Canção da EsAEx, de autoria do Coronel Gilberto Gonçalves de Lima e do Capitão José Apolinário da Costa Filho. Diz-se que os alunos cantaram com os olhos rasos d’água, conferindo ao ato uma espécie de emoção única, autêntica e contagiante que, por representar a profundidade do vínculo construído com este estabelecimento de ensino, passaria a se repetir com todas as turmas a seguir. Avante, minha Escola tão querida! Conserva o denodo varonil, Buscando ensinar que nossa vida Se engrandece, a serviço do Brasil. E quando te deixar quero, com calma, Extravasar, assim, a emoção: Adeus, adeus, nossa Escola, nossa alma, Levo saudade de ti no coração!
Desfile de Sete de Setembro de 1992
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É interessante perceber como esse ato marcaria os homens e mulheres egressos desta Escola, mesmo depois de muito tempo. Pelas palavras, mais uma vez, da Cel QCO Mag Ing Carla Beatriz infere-se de modo exato esse sentimento: Gostaria de deixar registrada uma lembrança da comemoração, aqui nesta casa, do decênio da minha turma, em 2002, no momento em que, em forma, recebemos nossos ex-comandantes e instrutores, para presidirem nossa cerimônia de aniversário, e começamos a entoar a canção que diariamente animava nossas formaturas: “...e quando te deixar, quero, com calma, extravasar assim a emoção: Adeus, adeus, nossa Escola, nossa alma, levo saudades de ti no coração”. Fui invadida por uma emoção que nunca havia sentido, e que nunca mais senti. Todo o meu corpo começou a tremer, incontrolavelmente, me fazendo crer que, pela primeira vez, não conseguiria me manter de pé. Mas consegui... Era emoção sim, mas guiada pelo sentimento de gratidão que batia forte: gratidão àqueles instrutores, que tanto me ajudaram e ensinaram; gratidão aos amigos ao redor, os mesmos que compartilharam comigo as agruras do começo; e gratidão ao Exército Brasileiro, que enche até hoje de glórias a minha vida e a vida da minha família. É essa mesma gratidão que desejo a todos os que tiverem, e tiveram, como eu, o privilégio de chamar de LAR essa renomada Escola.
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O depoimento do Cel QCO Alexandre Lopes Nunes, descreve o que representou para a sua vida profissional e pessoal o Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar, em 1992: Sou participante da Turma CFO/QC do ano de 1992, intitulada Turma Maria Quitéria. Posso afirmar categoricamente que esse ano foi o grande divisor de águas da minha vida, pois, com 22 anos de idade, ingressei no Exército Brasileiro, um sonho antigo de meus pais, e dali em diante vivencio orgulhosamente essa atividade tão especial e respeitada perante a sociedade. Nesses trinta anos, muitos desafios, experiências e, principalmente, aprendizados profissionais e pessoais, tive o privilégio de viver, que certamente eu não teria noutra atividade. Outra característica de que me orgulho se traduz no pioneirismo, pelo fato de ser integrante de uma especialidade funcional que era uma grande novidade àquela época nas lides castrenses. Em pouco tempo, graças ao talento e competência de seus integrantes, conquistou seu respeito perante a Instituição e, orgulho-me, da mesma forma, pelo fato de ser partícipe da primeira turma composta também pelas mulheres, tão precursoras quanto às enfermeiras que atuaram nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma turma fantástica e inesquecível, cujas amizades são puras e eternas. Sim, oficial do Exército Brasileiro do Quadro Complementar de Oficiais com muito orgulho e amor, com sangue verde-oliva e, por que não dizer, imortalizado no almanaque de oficiais, na missão cumprida e, principalmente, como membro desta grande família.
Inauguração dos alojamentos do CFO 05 FEV 1993
O ano de 1993 trouxe para o QCO 48 oficiais-alunos de Administração, 13 de Ciências Contábeis, 5 de Direito, 2 de Economia, 19 de Enfermagem, 4 de Informática, 19 de Magistério, e 17 de Veterinária, totalizando 127 novos integrantes que comporiam a Turma Marechal Rondon, homenageando outro expoente da vida civil e militar. Foi essa a turma que ocupou os alojamentos inaugurados em 5 de fevereiro daquele ano, por ocasião da assunção do Comando da EsAEx pelo Cel Antonio Carlos de Oliveira Freitas. O depoimento da hoje Ten Cel QCO Direito Maria das Graças Andrade de Jesus, que viria a ser instrutora da EsAEx entre os anos de 1996 e 2000, deixa transparecer toda a atmosfera de entusiasmo, não só pela chegada dos novos alunos, mas também por tudo o que os aguardava naquele ano: A data é 20 de abril, uma terça-feira. O ano de 1993. Este, não é nem será, a partir desta data, um dia comum para a vida desta Oficial. Trata-se de divisor de águas. A pequena Gracinha, filha do insubstituível SO Fuz Nav Misael e da saudosa servidora pública Osvaldina, cruzou o portão da Escola de Administração do Exército (EsAEx) e naquele momento ingressou no Curso de Formação do Quadro Complementar de Oficiais do Exército (CFO/QC-1993). […] Ah, os instrutores! Inesquecíveis militares. Como é bom lembrar o Ten Breviliere, Ten Samuel e outros que agregaram valores e nos fizeram sorrir nos momentos mais árduos. Desse modo, com o exemplo dos mais antigos, foi possível encontrar força para diuturnamente cumprir o Quadro de Trabalho Semanal. As atividades incluíam muitas horas de Ordem Unida e Treinamento Físico Militar, em especial corridas em forma, cantando inesquecíveis canções. Sem dúvida, atividades intensas e diferentes que exigiam grande afinco. [...] Foi assim que o ano de 1993, voou. Em 12 de novembro, a Tenente Maria das Graças teve a graça de receber das mãos de seu pai e sua mãe a honrosa espada de oficial.
Chegada dos oficiais-alunos de 1993 – 20 ABR 1993
Já as palavras da Ten Cel QCO Direito Roberta Helena Tavares, apesar de seguirem a mesma linha, conferem uma noção do que ainda viria a ocorrer: Em abril de 1993 iniciou-se o Curso de Formação de Oficiais na Escola de Administração do Exército. Encontrei na EsAEx instalações recém-inauguradas, num bloco construído para receber os alunos do curso de formação de oficiais do Quadro Complementar. Como integrante da turma de 1993, precursora 2ª turma de mulheres, que ingressava no Exército Brasileiro, posso dizer que se inauguravam não só os alojamentos femininos adaptados para receber a mulher, mas um novo tempo para a Força Terrestre! […] E assim, com esse pensamento de soma e construção, que me acompanha desde a juventude, passei a integrar o Exército. Escolhi servir na AMAN, minha primeira OM, dando continuidade ao pioneirismo feminino militar, tendo a satisfação de ser a primeira assessora jurídica e Chefe da Assessoria Jurídica da AMAN. [...] No seguimento de minha carreira, em fevereiro de 1998, apresentei-me no Comando da Aviação do Exército, em Taubaté, SP, centro de excelência e modernidade da Força Terrestre, tendo também nessa ocasião a satisfação de ser a primeira mulher militar a integrar o efetivo da Aviação do Exército, o que foi materializado pelo recebimento, das mãos do Comandante da Aviação, Gen Akira Obara, da boina e do macacão de voo, bem como o especial sutache!
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É interessante observar como, ainda em 1993, a Administração Militar já antevia a carreira de relevo de homens e mulheres do QCO no futuro próximo. Não por outro motivo, a fim de demonstrar a igualdade entre todos no tocante às responsabilidades, aos direitos e aos encargos, a então 1º Ten QCO Adm Regina Benini Moézia de Lima, formada no ano anterior, tornou-se a primeira militar oriunda do Quadro Complementar, independentemente de gênero, a desempenhar a função de instrutora, além de ser a primeira mulher a assumir o serviço de oficial de dia em qualquer unidade do Exército, bem como a função de Porta-Bandeira em solenidades do Comando da 6ª Região Militar.
Compromisso à Bandeira 25 AGO 1993
Quando passei quase dez anos trabalhando no Centro de Pagamento do Exército, que considerávamos a maior tesouraria da América Latina, com o pagamento de todo o pessoal militar e civil do Exército, fiz valer o aprendizado obtido na EsAEx, no que tange às relações pessoais e às soluções na convivência intensiva do tempo de formação. [...] Asseguro que pude replicar essa experiência tão enriquecedora quando tive a oportunidade de estudar na École de langues des Forces canadiennes no Canadá e, em seguida, integrar a MINUSTAH - Missão de Paz no Haiti, no BRABATT 2/15, onde ampliei minha família verde-oliva para outros países. Minha enorme gratidão a Deus por me permitir viver plenamente esse antes e depois da ESAEx – agora EsFCEx.
O ano de 1993 ainda se destacaria pela decisão do Exército, em conjunto com autoridades do Governo Federal, em reativar os Colégios Militares, inclusive o Colégio Militar de Salvador. O CMS voltaria a funcionar no ano seguinte, como fruto de uma parceria junto ao Governo do Estado da Bahia. Os alunos seriam admitidos de acordo com o regulamento, sendo possível também aos filhos da parcela civil da sociedade a disputa mediante concurso pelas vagas que seriam abertas. O sucesso de tal estratégia é percebido na excelência da formação dos oficiais do Quadro, pela designação de muitos deles para funções de relevo nacional, como se infere do depoimento da hoje Ten Cel QCO Cont R/1 Rita de Cássia Gouveia de Santana:
Sempre afirmo que, na minha vida, há o antes e o depois da Escola de Administração do Exército. Eu possuía oito anos de experiência profissional em Contabilidade, na iniciativa privada, que chamo carinhosamente de “capitalista selvagem”, quando entrei para o Exército. Nada que tinha vivido se igualou à minha jornada na vida militar. A começar pela rotina puxada de atividades físicas, estudos e adaptação a novos saberes. Foi um período de descobrimento de sentimentos conflitantes, de união, de solidariedade, de competição e muita superação. Sem experiência militar anterior, sem familiares e amigos próximos ligados ao meio castrense, foi nessa Escola que iniciei o aprendizado e moldei minha carreira sem perder minha essência. [...]
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Inscrição para o concurso do CMS 01 OUT 1993
Em breve, junto ao brado da EsAEx, voltaria a ser ouvido o “Zum Zaravalho” dos alunos do Nobre Cadinho.
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A REABERTURA DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR Em 1993, durante a gestão do General de Exército Zenildo de Lucena como Ministro do Exército, foram reativados os Colégios Militares de Curitiba, de Salvador, do Recife e de Belo Horizonte. Ainda em 1993, foram criados os Colégios Militares de Juiz de Fora e de Campo Grande e, em 1994, o Colégio Militar de Santa Maria. Para a reabertura do CMS, foram oferecidas, inicialmente, 60 vagas para ambos os sexos, no concurso de admissão para a 5ª Série (atual 6º Ano do Ensino Fundamental). Esse concurso marcou a entrada do segmento feminino no Colégio Militar e foram realizadas provas de Matemática, no dia 27 novembro, de Português, no dia 14 de dezembro, e de História e Geografia, no dia 23 de dezembro de 1993. Cinco anos após a fatídica suspensão de suas atividades, em 1988, o Colégio Militar de Salvador tem, novamente, a presença de seus jovens alunos no aquartelamento da Pituba, a este momento já consagrado berço dos Oficiais do Quadro Complementar.
Portaria da Reativação do Colégio Militar de Salvador
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Semana de adaptação em 1994
Fruto do esforço do Exército Brasileiro e atendendo ao clamor de seus ex-alunos e da sociedade baiana como um todo, o CMS é, enfim, reaberto e, no ano de 1994, 60 jovens, meninos e meninas aprovados no concurso com 1.702 candidatos, além de 24 filhos de militares recém-transferidos para a Guarnição de Salvador, travam, em 10 de janeiro, seu primeiro contato com o Colégio, quando foram apresentados a seus instrutores e monitores e receberam instruções de fardamento, ordem unida, hinos e canções, símbolos nacionais, e hierarquia e disciplina.
Cap PMBA Rosemary, primeira monitora feminina do CMS
A presença de militares de outras Forças integrando o Corpo de Alunos do Colégio Militar de Salvador é tradição que ainda hoje se mantém viva, sendo fundamental para a compreensão, por parte do aluno, do papel desempenhado não só pelo Exército, mas pela Marinha e pela Força Aérea Brasileira, no contexto da Defesa Nacional. Hoje, o CMS conta com o inestimável apoio e valorosa representação de três militares da Força Aérea Brasileira e oito militares da Marinha do Brasil, desempenhando funções de monitores e auxiliares do Corpo de Alunos.
Monitores da Marinha do Brasil no CMS Recorte do Jornal “A Tarde” de dezembro de 1993
A redistribuição das funções dos militares integrantes da OM ocorria em paralelo e, face à nova demanda de iniciar o ano letivo do CMS, são designados como efetivo permanente do Colégio, no Boletim Interno nº 011, de 18 de janeiro de 1994, os militares: Cel R/1 Ivan (Subdiretor de Ensino), Cel R/1 Dourado, TC Maltez, TC Almeida, Maj Rios, Cap Jorge, Cap R/1 Melo, 1º Ten R/1 Érico e 2º Ten R/1 Soares. Além dos militares supracitados, foram designados, para desempenhar a função de monitores de alunos, o 3º Sgt Inf Abdias, e passaram à disposição do CMS, pelas respectivas Forças, o 3º Sgt Paulo, a 2º Sgt Amorim, da Marinha do Brasil, e a 3º Sgt Rosemary, da Polícia Militar do Estado da Bahia.
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Monitora da Força Aérea Brasileira no CMS
AULA INAUGURAL Aula Inaugural do Professor Fraga Lima
Marcando o reinício oficial das atividades do Colégio Militar de Salvador, no dia 03 de fevereiro de 1994, foi realizada, no antigo Centro de Convenções, a solenidade de abertura do ano letivo do CMS, com a presença do Deputado Antônio José Imbassay, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, do Desembargador Ruy Dias Trindade, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, do Vice-Almirante Carlos Edmundo Lacerda Freire, Comandante do 2º Distrito Naval, do General de Brigada César Augusto Nicodemus de Souza, Diretor de Ensino Preparatório e Assistencial.
Convite da Aula Inaugural de 1994
Gen Souza, Dir Ens Prep Ass, e Cel Oliveira Freitas, Cmt EsAEx/ CMS na Aula Inaugural
Segue a transcrição de trechos da palestra do Professor Aristides Fraga Lima sobre a reabertura do Colégio Militar de Salvador. (Transcrito das páginas. 55 a 71 do livro de Notas Sobre a Reativação do Colégio Militar de Salvador, de autoria do Coronel Ivan Sérgio Martins de Souza).
Aula Inaugural do Professor Fraga Lima
Em momento histórico da solenidade, o Professor Aristides Fraga Lima, mais notável dentre os catedráticos deste Colégio Militar, proferiu a Aula Inaugural, na qual dirigiu aos alunos suas reflexões sobre a relevância da Instituição que adentravam, haja vista o culto aos mais elevados valores constituintes de um verdadeiro cidadão honrado. Essa foi, também, a última oportunidade do eterno Decano subir ao tablado para inundar os corações juvenis com a esperança de uma sociedade melhor e da responsabilidade de seu papel e sua construção, pois veio a falecer no dia 06 de maio de 1996.
Símbolo da Associação de ex-alunos do CMS, extraído de documento timbrado da Entidade
Aula inaugural do Novo Colégio Militar de Salvador pronunciada pelo prof. Aristides Fraga Lima no dia 03 de fevereiro de 1994 no centro de convenções da Bahia. Era 31 de dezembro de 1988. Eu fora convidado para fazer o último discurso, encerrando as atividades do colégio. Eu, que fora um dos fundadores do colégio militar, não me pude furtar à honra de fazer o discurso de encerramento das atividades do colégio. Aceitei o convite. [...]
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Esta luta, pela sobrevivência do Colégio Militar de Salvador, se começou do nada, continuou com sangue, suor e muito sofrimento. Só dois acreditávamos, convictos, na reabertura deste Colégio: eu, o professor mais antigo, e o Cel. Ivan Sérgio Martins de Souza, meu ex-aluno durante sete anos. E uma das forças que nos levaram a essa crença era conhecer os benefícios que este estabelecimento trazia à sociedade. São benefícios que não se podem medir, porque não há escalas para medir os benefícios do ensino e da educação. Quem quiser ter disto uma pálida ideia, leia o meu livro “Colégio Militar de Salvador”, do qual há muitos exemplares na biblioteca desse Estabelecimento de Ensino.
A certa altura daquela reunião de ex-alunos, um deles se levantou e propôs que, para se conhecerem, naquele momento, pois passaram pelo Colégio em épocas diferentes, seria bom que cada um se levantasse, dissesse sua identidade no Colégio – nome e número – e concluísse dizendo o que era agora e a função que desempenhava. Foi um deslumbramento! Todos, sem exceção, estavam bem de vida, em funções de destaque na sociedade, todos formados: engenheiros, médicos, advogados, dentistas, economistas, administradores, químicos, contabilistas, políticos, militares, professores e todos felizes, com o sorriso estampado no rosto! Não há melhor atestado da eficiência do ensino do Colégio Militar de Salvador e de sua eficiência como casa de formação do que ver seus ex-alunos triunfantes na vida, vitoriosos na profissão que abraçaram, alegres e felizes de rever seus colegas, seus professores e instrutores e a casa onde estudaram e formaram seu caráter. [...] Uma das forças que contribuiu decisivamente para a reabertura do novo Colégio Militar foi, sem dúvida, o interesse e a influência do Dr. Antônio Carlos Magalhães, Governador do Estado, sempre atento aos problemas da Bahia, com prioridade aos da Educação. Queira Sua Excia. receber, por minhas palavras, os agradecimentos da Bahia e do Nordeste do Brasil, pela influência e prestígio de Sua Excia. Em nome do Nordeste, Senhor Governador, muito obrigado! Não só o apoio moral deu o Sr. Governador do Estado, Dr. Antonio Carlos Magalhães à idéia de reabertura do Colégio Militar de Salvador.
Construção do Novo CMS Pavilhão Sgt Marques
Nesse livro histórico do Colégio destaquei, na página 153, algo que desejo proclamar neste momento: Tratava-se de fundar a Associação dos Ex-Alunos do Colégio Militar de Salvador. Atenderam à convocação pelos jornais cerca de setenta a oitenta ex-alunos. Eu presidia à sessão.
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Numa demonstração inequívoca de seu apreço pela Bahia e de sua dedicação a grandes causas, ele prometeu e cumpriu a promessa: erguer edifícios para funcionamento do novo Colégio Militar, as expensas do Estado, e doá-los ao Exército. São dois os edifícios: o primeiro, das salas de aula, está com a primeira metade em fase de acabamento. A segunda metade, o segundo edifício – do Corpo de Alunos – e a Praça de Esportes com Quadras e o Parque Aquático deverão ser iniciados e concluídos até o fim de 1994, segundo garantiu o Ex Sr. Governador do Estado. E sabemos que, quando ele promete, cumpre. Tudo isto será de grande proveito para o colégio que deseja oferecer a seus alunos uma educação integrada, globalizada – não apenas a informação científica, mas a formação ética nos seus múltiplos aspectos – cívica, moral, patriótica, física e até religiosa.
Uma dádiva destas, Senhor Governador, não tem preço, mas fala bem alto da grandeza de alma de V. Excia. para quem todo esforço e dispêndio são justificados quando em prol da Educação e do bem-estar social. A Bahia, aqui bem representada, agradece a V. Excia. este presente maravilhoso que acaba de receber. A euforia que nos trouxe a reativação do Colégio Militar é qualquer coisa indescritível. Eu só a comparo a alegria que experimenta o nordestino quando, alguns dias após as primeiras chuvas, depois de longa estiagem, campos se cobrem de verde, as árvores se enfolham, os pássaros cantam, e a Natureza toda parece estar em festa. Tenho certeza de que a Pituba vai vibrar em festa, pois ali está o Colégio Militar, agora reativado, sede da alegria que virá com o bando álacre para fazer vibrar de vida a colina sobre que assenta o Colégio Militar. [...] E agora o nosso colégio reabre. E reabre com todo vigor, como quem quer recuperar o tempo perdido, consciente de que o Brasil precisa de filhos ilustres, e ele, o Colégio Militar, pode contribuir, a médio prazo, para o aumento desses filhos ilustres. É o seu destino, é o seu futuro, em que confiamos. O Colégio Militar de Salvador retoma o seu caminho – de levar os jovens de nossa terra e de Estados vizinhos a um futuro promissor, contribuindo de forma positiva, para a grandeza do Brasil e da sociedade brasileira. Professor há uma vida, quase quarenta anos de magistério, ensinando no 1° e no 2° graus do curso preparatório, costumo grupar os colégios de nosso Estado em três categorias: - 1° a dos bons colégios – aqueles que oferecem a seus alunos o que há de melhor no ensino: bons professores, e boas instalações; - 2° a dos médios, que não tem corpo docente nem instalações capazes de oferecer aos alunos o melhor do ensino; - 3° a dos colégios fracos, donde os alunos saem mal formados e informados. Essas categorias de colégios são bem caracterizadas por ocasião dos exames vestibulares: Bons são aqueles colégios cujos alunos, submetendo-se às provas dos diversos vestibulares, logram aprovação em mais de 70%.
Formatura no Pátio 2 de Julho do Novo CMS
Médios são aqueles colégios que ficam pelos 20 a 30% de alunos aprovados nos vestibulares. Fracos são os colégios que não logram aprovação de ninguém ou quase ninguém nos vestibulares. Acima de todos sempre esteve o Colégio Militar cujo índice de aprovação nos vestibulares anda pelos 100%. E mais: é sabido, no Brasil inteiro, que as maiores escolas de Matemática do País são o IME – Instituto Militar de Engenharia, e o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica. E nós temos o orgulho de dizer que os ex-alunos do Colégio Militar de Salvador daqui saíram, sem outro curso além do curso de colégio aqui feito, foram aprovados nos vestibulares daqueles dois Institutos. Posso afirmar, falando de cátedra, que ex-aluno do Colégio Militar de Salvador não precisa tomar “cursinho” para ser aprovado em qualquer vestibular. Dois filhos meus que aqui cursaram os sete anos, concorreram – um para Medicina, outro para Agronomia, da Universidade Federal da Bahia, e foram ambos aprovados de primeira nos vestibulares daquelas Escolas. Mas em 1988 este colégio foi desativado.
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Uma das poucas pessoas que acreditavam na sua reabertura era eu. Tamanha era minha fé que, no encerramento do meu discurso de 31 de dezembro de 1988 – encerrando as atividades do Colégio Militar, fiz aos presentes um convite nestes termos: “Meus amigos, se um dia vocês virem nos jornais um convite para virem no Colégio Militar de Salvador, atendam ao convite e venham, porque o Prof. Fraga Lima vai dar a aula inaugural do Novo Colégio Militar de Salvador”. A resposta ao seu convite vocês me prometeram imediatamente; a assistência em peso se levantou – do Comandante, Cel. Ronald, ao último civil, – para, em calorosas palmas, aplaudir de pé, não as minhas palavras, mas minha Fé, que todos, naquele momento, confessavam também. E aqui estamos nós – vocês e eu – para atendermos aquele convite, e cumprirmos aquela promessa – verdadeira profecia – a reabertura do Colégio. Prezado Amigo Cel. Antonio Carlos de Oliveira Freitas, você que é hoje Comandante deste colégio, que se ergue redivivo cheio do entusiasmo, sinta sobre os ombros a responsabilidade de levá-lo para frente para o alto, ao lugar de destaque que ele já teve no passado. Coronel do Exército, você não pode esquecer, neste momento, o menino que foi, igual a estes pequeninos que nos olham, vestido de calça e camisa, à paisana, entrando para uma escola do Exército; não pode esquecer aquele atletatenente ou capitão; nem aquele oficial superior, consciente, convicto, destemido, resoluto, aqui num posto de comando, para gáudio de seus amigos e glória de nossas Forças Armadas. Posso dizer, Sr Comandante, que o Brasil inteiro o conhece, pois já ouviram seus passos o Rio de Janeiro, o Amazonas, o Distrito Federal, o Rio Grande do Sul e outros Estados, e finalmente a Bahia, onde, hoje é o Comandante do Colégio Militar de Salvador. Aqui está o colégio em suas mãos: compete a você saber comandá-lo, para levá-lo ao seu destino. Senhor Coronel Comandante, conduza estes meninos com aquele carinho e paternal afeto que você recebeu das mãos e das palavras mansas de seus pais, no seu tempo de criança. Esqueça os seus galões e as estrelas de seus ombros e se torne menino com eles, irmanando-se com eles num esforço conjugado, tendo por ideal a formação deles para grandeza do Colégio e da Pátria. Não esqueça aquele princípio que você tantas vezes deve ter
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ouvido e agora ouve de mim: que na humildade está a grandeza das almas verdadeiramente grandes. Seja feliz, Senhor Comandante! Queremos fazer, neste instante, um agradecimento especial à Marinha, à Aeronáutica, à Policia Militar e à Secretaria de Educação do Estado, pela relevante participação e decisivo apoio ao Exército neste nosso trabalho de reativação do Colégio Militar de Salvador. A estas entidades o nosso muito obrigado, e que disponham do nosso Colégio. Alunos pequeninos recém-aprovados no concurso de admissão no Colégio Militar de Salvador! Para vocês que me ouvem neste momento pela primeira vez, guardei minha última palavra: O colégio é de vocês. Usem-no do melhor modo que puderem. Ali vocês estudarão as ciências exatas; estudarão a física, a química, a biologia; estudarão as ciências humanas e sociais – a História da Humanidade e a do Brasil, a Geografia do Mundo e a Geografia do Brasil; estudarão línguas estrangeiras e iniciação as artes bélicas; enfim, todas as ciências básicas do conhecimento humano. Dali, vocês sairão formados para a vida profissional. Aproveitem o tempo e o espaço que lhes são dados, e marchem para frente. Sintam, também vocês, sobre seus ombros de crianças ainda, a mesma responsabilidade de erguer bem alto a bandeira e o nome desse Colégio, cientes de que o Colégio Militar de Salvador não são aqueles edifícios que os abrigarão por muitos anos; não são os militares que compõem esta guarnição do Exército. Colégio Militar de Salvador são vocês. Creiam, queridos meninos e meninas! Creiam primeiramente em vocês mesmos! O homem que crê em si mesmo é talhado para vencer na vida. Creiam no seu Comandante e nos oficiais e Professores. Creiam no ensino desse Colégio que tantos frutos já têm dado. Creiam na Bahia que se ergue a cada dia, ombro a ombro com os maiores Estados da Federação. Creiam neste Brasil que tanto necessita de nossa cooperação para continuar a se erguer no concerto das nações. Para isto, meninos e meninas, estudem e leiam muito. E creiam em Deus, que sempre abençoou esse Colégio. Creiam em Deus e sejam felizes! (FRAGA LIMA, ARISTIDES. Aula Inaugural do Novo Colégio Militar de Salvador, 1994.)
PASSAGEM PELOS PORTÕES Chegou, oficialmente, a hora de os alunos ingressarem na instituição que os acolheria crianças e, pelos próximos sete anos, iria conduzi-los à vida adulta. No dia 07 de fevereiro de 1994, os novos cruzam o Portão das Armas, simbolicamente aberto pelo Comandante da EsAEx e do CMS, Cel Cav Antônio Carlos de Oliveira Freitas, e pela Aluna mais nova da turma, Carolinne Maria da Silva Magalhães, marchando em direção à Avenida Marechal Trompowsky, caminho que passariam a fazer diariamente, no ano de 1994, ao seguirem para suas salas de aula.
Corpo de Alunos do CMS em 1994
Aluna Carolinne realizando a abertura simbólica dos portões do CMS em 1994
Alunos da primeira turma após reabertura do CMS em sua entrada pelos portões
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Inauguração do novo pavilhão de aulas do CMS
A INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO DE AULAS DO CMS Com a convivência entre a Escola de Administração do Exército (EsAEx) e o Colégio Militar de Salvador (CMS), era imperativo que o aquartelamento da Pituba ampliasse suas instalações construídas, o que se materializava com a construção do novo Pavilhão de Aulas do CMS, com entrada pela Rua das Hortênsias, fruto do convênio com o Governo do Estado da Bahia. Em 22 de março de 1994, o Pavilhão seria inaugurado em solenidade com a presença do Governador do Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, de seu Vice-Governador, do Secretário de Educação do Estado, do
Presidente da Assembleia Legislativa, do Presidente do Tribunal de Justiça, do Comandante do 2º Distrito Naval, do Comandante da 6ª Região Militar, do Presidente da Câmara dos Vereadores, do Comandante Geral da Polícia Militar, do Comandante da Base Aérea de Salvador e do Coronel Antonio Carlos de Oliveira Freitas, Comandante da EsAEx/CMS, e outras autoridades civis e militares. Além da importância material da solenidade, ela também ficou marcada por ser a primeira em que os novos alunos do CMS compareceram com seu tradicional uniforme diário.
Novo pavilhão de aulas do CMS
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OS ANOS DE 1994 A 2019
A ESAEX COMO REFERÊNCIA EM FORMAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO EM ADMINISTRAÇÃO MILITAR Não obstante a grandeza da missão de retomada das atividades do Colégio Militar de Salvador, a Escola de Administração do Exército manteve-se em pleno exercício de suas missões de ensino, conduzindo, no ano de 1994, os Cursos de Especialização em Administração Militar (C Esp Adm Mil), Administração de Depósitos (Adm Dep) e de Auxiliar
Encerramento dos C Esp Adm Mil, Aux Info e Adm Dep de 1994
de Informática (Aux Info); o Curso de Formação de Sargentos de Intendência; o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento de Intendência; e, por fim, o Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar. Premiação do 1º colocado do CFS/Int e do CAS/Int de 1994
Os cursos de Formação, Especialização e Aperfeiçoamento para Sargentos permaneceram ativos na Escola até o ano de 1995.
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PRIMEIRAS ATIVIDADES DO CMS EM 1994 No dia 09 de abril de 1994, foi realizada, no pátio de formaturas do Colégio Militar, a comemoração do 6º aniversário da EsAEx e 32º do CMS, marcando sua presença nas novas instalações. O que aparentemente seria uma atividade rotineira em uma Organização Militar, ainda que revestida da importância pela reabertura do Colégio, tornou-se, talvez, o mais marcante momento do ano para aqueles jovens alunos da 5ª série. Minutos após o início da solenidade, uma forte chuva cai sobre a região do Itaigara, permanecendo durante toda a cerimônia. Mesmo registros fotográficos do evento são raros, pois apenas permaneceram no local as autoridades militares, que, prontamente, postaram-se ao descoberto, e a tropa em forma, com militares do Corpo Permanente e alunos do Colégio Militar. Todos os alunos mantiveram-se em forma durante todo o evento e, após trocarem de uniforme, assistiram às aulas do dia com os trajes de Educação Física.
Alunos do CMS desfilando no aniversário da EsAEx/CMS em 1994
Um último rito militar faltava para que a iniciação dos primeiros alunos da reabertura do Colégio Militar de Salvador se desse por completa: a entrega das boinas e o juramento dos alunos do CMS. A solenidade foi realizada no dia 14 de maio, em conjunto com os soldados recrutas da Companhia de Comando e Serviços.
Convite para a Solenidade de Entrega de Boinas aos alunos do CMS
Ainda, na solenidade, ocorreu a aposição de divisas de Cabo-Aluno ao primeiro colocado no concurso de admissão, o Al Francisco Telésforo Celestino Júnior. Incorporando-me ao Colégio Militar e perante seu nobre estandarte, assumo o compromisso de cumprir com honestidade meus deveres de estudante, de ser bom filho e leal companheiro, de respeitar os superiores, de ser disciplinado e de cultivar as virtudes morais, para tornar-me digno herdeiro de suas gloriosas tradições e honrado cidadão da minha pátria.
Foi a primeira vez que sentimos o peso da farda que ostentávamos. Sim, já éramos alunos do CMS, mas foi naquele dia que pudemos perceber o compromisso moral de nunca desistir ante as adversidades que havíamos assumido quando adentramos por esses portões. Existem fatos, no campo das tradições, que moldam toda uma cultura e, sem dúvida, aquela formatura foi um deles, pois passamos o espírito aguerrido adiante, para os alunos que nos sucederam e, estes, para todas as gerações seguintes. Ainda hoje, vendo meu filho em forma ou marchando, indiferente ao tempo ou condições que o afetam, percebo que a farda de aluno veste-se como armadura moral, deixando invencível, pela força do orgulho, aqueles que ousaram usá-la. Depoimento do Maj Antunes, ex-aluno da turma que reabriu o CMS em 1994, atualmente servindo na Escola de Formação Complementar do Exército e pai do Aluno Antunes, que ingressou no Colégio no ano de 2017.
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Juramento dos alunos do CMS em 1994
INAUGURAÇÃO DA CAPELANIA DA ESAEX A importância crescente da EsAEx/CMS gerou mais frutos e, no dia 1º de setembro de 1994, foi instalada a Capelania da EsAEx, apossando seu primeiro Capelão Militar, Capitão Capelão Reni Nogueira dos Santos, em solenidade que contou com a ilustre presença do Bispo Auxiliar de Salvador, Dom José Carlos Melo, e do Chefe do Serviço de Assistência Religiosa do Exército, Monsenhor Coronel Capelão José Maria. A instalação da capelania militar foi o movimento embrionário para, no ano de 1995, iniciar a formação dos futuros Capelães Militares do Exército na EsAEx, com a realização do Estágio de Instrução e Adaptação a Capelães Militares, que se manteve a cargo desta OM até o ano de 1999, quando foi transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras. Cap Reni na primeira missa da Capelania da EsAEx em 1994
COMEMORAÇÃO DOS TRINTA ANOS DE FORMADOS DA PRIMEIRA TURMA DO CMS Após finalizadas as atividades escolares de 1994, ainda outra cerimônia marcante seria realizada nas novas instalações do Colégio Militar de Salvador, em 19 de dezembro. Os alunos integrantes da primeira turma do CMS comemoraram os 30 anos de sua formatura, com a plena convicção de terem cumprido seu papel para a compreensão da sociedade baiana acerca da necessidade de uma instituição tão relevante para a boa formação de seus cidadãos.
Inauguração da placa alusiva aos 30 anos da formatura da primeira turma do CMS
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A RETOMADA DO BATALHÃO ESCOLAR EM 1995 Por ocasião da conclusão do primeiro ano letivo após sua reabertura, o Colégio Militar de Salvador retomou, na plenitude, suas tradições, com o destaque meritocrático de seus alunos. Pautado nos dois pilares do Exército Brasileiro, a hierarquia e disciplina, o CMS organiza-se conforme a estrutura de seu Batalhão Escolar, possibilitando que os alunos com os melhores resultados acadêmicos sejam promovidos aos postos e graduações correspondentes de cada ano.
Dessa forma, em 1995, ocorreu a primeira cerimônia de promoção do Batalhão Escolar desde a reabertura do Colégio Militar de Salvador, na qual os dez primeiros colocados do ano recém-cursado receberam suas divisas das mãos do então Comandante da EsAEx e CMS, Coronel de Engenharia Reynaldo Cayres Minardi.
Solenidade de promoção do Batalhão Escolar do CMS em 1995
Desfile do Batalhão Escolar com alunos graduados em 1995
Tal estrutura, segundo preconiza o Regimento Interno dos Colégios Militares, principia com a promoção do 1º colocado no concurso de admissão ao 6º Ano do Ensino Fundamental à graduação de Cabo-Aluno, conferindo-lhe o comando de seu ano escolar. As promoções sucessivas são realizadas de acordo com os postos e graduações disponibilizados a cada ano letivo. Isso é definido em percentuais do efetivo de cada ano, à exceção do 3º Ano do Ensino Médio, a quem compete a composição do EstadoMaior, Porta-Bandeira, Porta-Estandarte do Colégio Militar e da figura de maior destaque dentre os alunos, o Comando do Batalhão Escolar, a cargo do Coronel-Aluno, 1º colocado da turma no último ano.
Insígnias de postos e graduações dos alunos dos Colégios Militares
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A chegada de novos alunos fortaleceu ainda mais o renascimento do CMS. Além dos novos alunos aprovados no concurso de admissão para a 5ª série de 1995, havia os transferidos de outros Colégios Militares, os filhos de militares recém-chegados à Guarnição de Salvador e os aprovados no concurso de admissão para o 1º Ano do Ensino Médio, completando o Batalhão Escolar.
Alunos aprovados no CA para o 1º Ano do Ensino Médio de 1995
Outras tradições promovidas nos demais Colégios Militares no período em que o CMS teve suas atividades suspensas também foram incorporadas à vida escolar de seus alunos e, pela primeira vez desde sua criação, o CMS procedeu à entrega do Alamar aos destaques no âmbito acadêmico. O Alamar é uma distinção ao aluno que apresenta todas as Notas Periódicas acima de 8,0 em todas as matérias em determinado trimestre e, a despeito de sua classificação na turma, reforça a valorização de seu esforço individual para a obtenção de tais resultados. Sua simbologia remete aos uniformes históricos do Exército Brasileiro, em que os Oficiais de Estado-Maior e Ajudantes de Ordens utilizavam o Alamar, a fim de se destacarem perante os demais, sendo a tradição mantida ainda nos dias atuais.
ST PM Aníbal regendo a Banda de Música em formatura de conclusão do EAS/MFDT de 1996
Aluno do Colégio Militar de Salvador recebendo Alamar
A presença mais vívida e contagiante para o elevado moral da tropa, a Banda de Música do Colégio Militar de Salvador, também teve sua incorporação à rotina das formaturas da OM após um ano de exaustivo trabalho de seu Mestre, o então Subtenente da Polícia Militar do Estado da Bahia Aníbal Alves Costa. Dono de espírito alegre, sorriso fácil e paciência paternal, o ST Aníbal esteve à disposição do CMS entre os anos de 1994 e 2000, sendo o responsável por ensinar aos jovens alunos os primeiros versos das canções militares que entoariam, com vibração, nas solenidades e realizar a iniciação musical daqueles que seriam os integrantes da carinhosamente apelidada “Banda Organizada pelo Subtenente Aníbal”.
À semelhança das demais estruturas dos Colégios Militares, a organização da Banda de Música espelha-se no efetivo profissional do Exército Brasileiro, refletindo, nas graduações e condecorações dos alunos, a estrutura meritocrática inerente à Instituição. Dessa forma, a depender do tempo de banda de música, do conhecimento musical, da dedicação e da assiduidade aos treinamentos, o integrante da banda que se destacar perante os demais poderá alçar às graduações de Cabo Músico (7º Ano do Ensino Fundamental), 3º Sargento Músico (8º Ano do Ensino Fundamental), 2º Sargento Músico (9º Ano do Ensino Fundamental), 1º Sargento Músico (1º, 2º e 3º Anos do Ensino Médio), Subtenente Mestre de Música (3º Ano do Ensino Médio) e Segundo-Tenente Regente de Música (3º Ano do Ensino Médio).
Banda de Música do CMS no desfile da Pátria em 7 de setembro de 1998 Insígnias de graduações dos alunos músicos dos Colégios Militares
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Entrega de lembrança ofertada pela DEPA ao Diretor do Colégio Militar da Luz
Comitiva dos Colégios Militares do Brasil no Colégio Militar em Lisboa
Em 1998 e 2000, foi a vez do Colégio Militar da Luz retribuir a visita com seus alunos secundaristas, aportando em terras baianas, como fizeram seus antepassados navegadores. O Colégio Militar de Salvador recebeu os formandos daquele Colégio e seu Comandante, Brigadeiro Antônio de Deus Alves, por uma semana, na qual vivenciaram nossa rotina, visitaram os sítios históricos de Salvador e participaram de atividades em que puderam experimentar a nossa cultura ímpar.
Recepção dos alunos do Colégio Militar da Luz no Aeroporto Internacional 2 de Julho
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O COLÉGIO MILITAR DA LUZ O ano de 1995 foi o marco inicial das comemorações da descoberta de nossas terras por navegadores lusitanos, que culminaria com os festejos do aniversário de 500 anos do Brasil no ano 2000. As Relações Internacionais entre ambos os países foram culturalmente reforçadas, o que se estendeu ao Exército Brasileiro e ao Sistema Colégio Militar do Brasil. Houve um ciclo de visitas de cortesia entre alunos dos diversos Colégios Militares brasileiros à sua instituição coirmã em Portugal, o Colégio Militar da Luz. A comitiva, chefiada pelo General de Brigada César Augusto Nicodemus de Souza, Diretor de Ensino Preparatório e Assistencial, contou com a presença de militares representantes da Diretoria e de alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, selecionados em seus colégios de acordo com critérios estabelecidos pelos seus Comandantes. O CMS, além do critério disciplinar, destacou os alunos com maiores notas nas matérias de Língua Portuguesa e História em seus respectivos anos, participando da viagem dois alunos do Ensino Fundamental e um aluno do Ensino Médio. Na ocasião, os alunos visitaram sítios históricos relevantes para a história de Portugal, das Grandes Navegações e do surgimento do Exército Português, e participaram de solenidades militares de comemoração do evento.
Lembrança ofertada pelo Colégio Militar da Luz ao CMS
A NOVA BIBLIOTECA Conforme as necessidades de modernização do ensino aumentavam, a EsAEx/CMS ampliava sua estrutura para comportar as tecnologias em evolução e oferecer a seus alunos o estado da arte em práticas pedagógicas. Assim, em 2 de outubro de 1996, foi inaugurada a Biblioteca Olavo Bilac com amplas instalações em uso até os dias atuais, contando com computadores que permitiam aos alunos acesso à internet, algo extremamente inovador para a época.
Retrato de Maria Quitéria na Escola de Formação Complementar do Exército
Alunos do CMS na Biblioteca Olavo Bilac
Maria Quitéria, a mulher-soldado, movida pelos ideais de liberdade que clamam a si e a muitos de seus companheiros, humildes sertanejos, e pela grandeza do dever, foge de casa e, com uniforme emprestado, sob a alcunha de Soldado Medeiros, incorpora no Corpo de Artilharia para, em seguida, demonstrar toda sua bravura junto ao Batalhão de Caçadores no combate na foz do rio Paraguaçu, onde revelou sua identidade. A escolha de Maria Quitéria como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais denota mais que a consolidação da presença feminina no Exército Brasileiro, presta justa e fundamental homenagem às destemidas mulheres integrantes das primeiras turmas de Oficiais do QCO e marca sobremaneira o espírito vanguardista e combativo da Bahia perante o Brasil e o seu Exército. Aqui, as lutas pela independência foram ainda mais aguerridas; aqui, Quitéria, uma mulher-soldado, atendeu ao seu dever de lutar; aqui, nasceu o Quadro Complementar para ampliar a capacidade técnica do Exército; aqui, a primeira turma de um Curso de Formação de Oficiais a integrar mulheres em seus Quadros foi matriculada.
MARIA QUITÉRIA: PATRONO DO QCO A reabertura do Colégio Militar de Salvador não ofuscou, em nenhuma forma, o brilho da já consolidada Escola de Administração do Exército que, cada vez mais, demonstrava seu valor para o Exército Brasileiro, com a presença de seus assessores técnicos e científicos, homens e mulheres, de alto nível de conhecimento em suas áreas de atuação.
Estátua de Maria Quitéria no Largo da Soledade, em Salvador/BA
Enraizando ainda mais a história do Quadro Complementar de Oficiais na Bahia, o Presidente da República reconheceu, em 28 de junho de 1996, e publicou no Diário Oficial da União, em 1º de julho de 1996, a heroína baiana da luta pela Independência do Brasil, Maria Quitéria de Jesus, como Patrono do QCO.
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A VOCAÇÃO À CARREIRA MILITAR DOS ALUNOS DO CMS Os Colégios Militares são instituições de ensino singulares, não apenas pelo alto desempenho de seus alunos e professores, pela rígida conduta exigida de todos os seus integrantes e pela valorização de sua integridade moral, mas, também, por serem incentivadoras da vocação à carreira das Armas, conforme determinado em suas missões descritas em Regulamento. No ano de 1996, apenas um ano após a matrícula da turma no Ensino Médio, ingressaram na carreira das Armas os primeiros alunos do CMS, desde a sua reabertura. Os Alunos Anderson, Moreira e Boery foram aprovados em concurso da Escola Preparatória de Cadetes do Ar e os Alunos Queiroz, Mauro, Belchior, Pinho e Santos Braga matricularam-se na Escola Preparatória de Cadetes do Exército.
Em 1997, uma grande mudança ocorreu no aquartelamento da Pituba e, em 14 de fevereiro, o então Comandante da EsAEx/CMS, Cel Eng Reynaldo Cayres Minardi, foi substituído pelo Cel Art Luiz Sérgio Melucci Salgueiro no Comando da EsAEx e pelo Cel Inf R/1 Josué Ramirez Saldanha no Comando do Colégio Militar de Salvador. Com isso, foi permitido aos Comandantes a imersão nas complexidades de suas atividades específicas: o Ensino Superior e Formação de Oficiais para a EsAEx e o Ensino Preparatório e Assistencial para o Colégio Militar de Salvador. No mesmo ano, o espírito militar dos alunos do CMS elevou-se, ainda mais, com a realização do primeiro Curso de Formação de Reservistas, desde a sua reabertura, para os alunos do Ensino Médio que já se encontravam em idade de prestar o Serviço Militar inicial.
Alunos do CFR em 1997 Alunos do CMS aprovados para a EPCAr no ano de 1996
No ano seguinte, o Aluno Savitsky da 8ª série foi aprovado no concurso de admissão do Colégio Naval, onde permaneceu como primeiro colocado durante os três anos de formação, completando, assim, a presença de alunos do CMS nas três Forças Armadas brasileiras.
O Curso funcionava em contraturno e eram ministradas as mesmas instruções dos Soldados recrutas do Exército Brasileiro, como Instrução Individual para o Combate; Orientação; Marchas e Estacionamentos; Nós e Amarrações; Sobrevivência; Armamento, Munição e Tiro; e Transposição de Obstáculos.
Entrega de lembrança do CMS ao Al Savitsky do Colégio Naval
Instrução do CFR/1997
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Como coroamento da instrução militar, houve o Exercício no Terreno, na área de instrução do 19º Batalhão de Caçadores, oportunidade em que os alunos colocaram em prática todos os ensinamentos colhidos para serem forjados, à exaustão, combatentes do Exército de Caxias.
OLIMPÍADAS DOS COLÉGIOS MILITARES DO NORDESTE Por ser reconhecido celeiro de atletas de destaque na sociedade baiana e o maior oponente dentre os colégios da capital nos torneios interescolares, o CMS não se furtou à retomada de suas glórias desportivas e, pelo trabalho incansável e tecnicamente apurado de sua Seção de Educação Física, o sangue novo do Colégio foi preparado para honrar sua tradição. Com os Colégios Militares de Salvador, Recife e Fortaleza em pleno funcionamento em 1997, foi hora de nossos atletas deixarem as terras baianas para mostrar o seu valor nas Olimpíadas dos Colégios Militares do Nordeste, sediada na cidade do Recife, em Pernambuco. Nos anos seguintes, a competição repetiu-se, havendo rodízio pelas cidades de Fortaleza, em 1998 e, finalmente, Salvador, no ano 2000.
Acampamento do CFR/1997 Alunos atletas do CMS no rancho do CMR em 1997
Ao término do ano de instrução, os alunos realizaram o compromisso à Bandeira Nacional, como novos integrantes da Reserva Mobilizável da Força Terrestre.
Comitiva de Salvador chegando ao CMF em 1998
Compromisso à Bandeira do CFR/1997
Solenidade de abertura das Olimpíadas dos Colégios Militares do Nordeste em Salvador, em 2000
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As competições regionais dos Colégios Militares foram o embrião dos Jogos da Amizade, iniciados em 2007 e, atualmente, em sua XIII edição. Alunos de todo o Sistema Colégio Militar do Brasil disputam diversas modalidades, como voleibol, handebol, futebol, basquete, natação, judô, xadrez, atletismo e pentatlo moderno (corrida, natação, hipismo, esgrima e tiro).
Equipe de basquetebol feminino do CMS
Delegação do CMS nos Jogos da Amizade 2013
Desfile de abertura da Competição
Alunos do CMS disputando os Jogos da Amizade
Com o objetivo de integrar o incentivo ao desporto à vocação para a carreira das Armas, os Jogos são realizados, costumeiramente, na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende/RJ, e na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas/SP. A cada ano os Jogos vêm se confirmando como uma das principais atividades promovidas pela Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial (DEPA) e adquirindo tradição no cenário esportivo escolar brasileiro. Em sua mais recente edição, realizada no ano de 2019, no período de 15 a 20 de julho, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, o Colégio Militar de Salvador foi novamente destaque por sua disciplina e atuação desportiva. Com uma delegação de 105 integrantes, entre alunos-atletas, técnicos, dirigentes e pessoal de apoio, o CMS fez-se presente e bem representado em todas as modalidades esportivas. Muito empolgados, os atletas do CMS deram uma demonstração de civilidade, respeito, comportamento e determinação. Entretanto, a disciplina exemplar não foi motivo para deixarem a diversão de lado. Eles souberam como ninguém identificar os limites entre brincadeiras e seriedade, especialmente na hora das disputas por medalha.
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Delegação do CMS nos Jogos da Amizade 2019
A PRIMEIRA TURMA A SE FORMAR APÓS A REABERTURA DO CMS O ano de 1997 encerrou-se com dois grandes eventos: a formatura da primeira turma após a reabertura do Colégio e a reinauguração da Galeria dos Ex-Comandantes do Batalhão Escolar, com a inclusão do retrato da primeira Coronel-Aluna do sexo feminino, Jovita da Silva Araújo.
HUMANISTAS DA TURMA RENASCER DO CMS Concomitantemente, a turma que marcou a reabertura do CMS em 1994, nomeada na ocasião de Turma Renascer do CMS, concluiu o Ensino Fundamental, em solenidade realizada no Centro de Convenções, com a presença do Comandante do CMS, Cel Inf R/1 Saldanha, do antigo Comandante, Cel Eng Cayres, e do antigo Subdiretor de Ensino, Cel Inf R/1 Ivan. Na cerimônia, foi homenageado o então Maj Art Victor Frota Rios, primeiro Comandante do Corpo de Alunos após reabertura do CMS e militar de presença marcante na formação do caráter dos alunos.
Coronel-Aluna Jovita da Silva Araújo com o Batalhão Escolar
Após finalizar o ciclo de três anos do Ensino Médio, era hora do CMS devolver à sociedade não mais os adolescentes que recebeu em 1995, mas jovens adultos, ansiosos por buscar todas as oportunidades provenientes de seus esforços.
Cel Inf R/1 Saldanha, Cmt do CMS, realiza a abertura da cerimônia de diplomação do Ensino Fundamental da Turma Renascer do CMS
Saída pelos Portões da Guarda da Turma de 1997
Comemoração da Turma de 1997 após o “Fora de Forma”
Turma Renascer do CMS com seu homenageado, Maj Art Victor Frota Rios
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OS GRÊMIOS DE ARMAS Com a finalidade de incrementar a rotina de atividades de cunho cultural e militar desenvolvidas no Colégio Militar de Salvador, o Corpo de Aluno iniciou, no ano de 1998, a implantação dos Grêmios de Armas, nos quais os alunos integrantes seriam orientados por militares oriundos de Armas, Quadros, Serviços e das outras Forças em relação às suas atividades profissionais e tradições. Inicialmente foram criados os Grêmios de Infantaria e Artilharia, e o ingresso foi facultado aos alunos a partir da 7ª série (atual 8º Ano) do Ensino Fundamental que possuíssem todas as Notas Periódicas acima da média e comportamento, no mínimo, bom. Ações características das Armas efervesceram o espírito militar presente no CMS e, em 1999, foram incorporados os Grêmios de Cavalaria, da Força Aérea e da Marinha do Brasil.
Além das atividades peculiares aos seus Grêmios, os alunos disputavam, anualmente, o Torneio Solidário Intergrêmios, competindo em oficinas que caracterizavam suas Armas e arrecadando alimentos para serem doados a instituições de caridade.
Formatura de posse da diretoria do Grêmio de Infantaria do CMS em 1999
Atualmente os alunos podem ingressar nos Grêmios já no 6º Ano do Ensino Fundamental, optando entre: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Intendência, Material Bélico, Comunicações, Banda de Música, Força Aérea e Marinha do Brasil.
Distintivos dos Grêmios do CMS
2º Torneio Solidário Intergrêmios do CMS
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A CANÇÃO DO QUADRO COMPLEMENTAR DE OFICIAIS A simbologia tradicional do Exército Brasileiro determina que todas as Armas, Quadros e Serviços possuam, respectivamente, um distintivo que permita reconhecê-los, um Patrono que celebre os valores maiores de seus integrantes e uma canção que evoque seus feitos e glórias como integrante simbiótico e sinérgico de nosso Exército. Com o reconhecimento de Maria Quitéria como Patrono do Quadro Complementar, chegava o momento de escrever sua canção, a fim de disseminar a relevância do QCO em todas as demais Organizações Militares, nas solenidades alusivas ao seu dia. Coube à então Cap QCO Alyne Alves Trindade escrever os versos marcantes que seriam musicados pelo 1º Tenente Músico Jacy Ferreira, originando a Canção do QCO. Ela foi entoada pelos alunos da EsAEx e militares do Quadro, pela primeira vez, em 29 de outubro de 1998, por ocasião do Encontro Nacional do Quadro Complementar de Oficiais, que comemorou, em âmbito nacional, nos termos da Portaria Ministerial nº 137, de 16 de março de 1998, a data festiva de sua Patrono. No ocaso de outras guerras Verdes campos, vastas terras Hoje venho ressaltar Bravo que não se olvida O QCO dá sua vida Pelo progresso a trilhar Brilha a nossa História QCO, vela essa glória Reflete o passado que se viu Desempenha a sua missão Por amor a essa Nação Homens e mulheres do Brasil Com afinco e prudência Somos das letras, das ciências Prontos a assessorar Nossa força é nosso brio Ao construir um país Somando formas de lutar Brilha a nossa História QCO, vela essa glória Reflete o passado que se viu Desempenha a sua missão Por amor a essa Nação Homens e mulheres do Brasil. (assobio – 1ª estrofe) Brilha a nossa História QCO, vela essa glória Reflete o passado que se viu Desempenha a sua missão Por amor a essa Nação Homens e mulheres do Brasil.
Busto de Maria Quitéria no Pátio dos Patronos da EsFCEx/CMS
Durante o Encontro Nacional do QCO, foi inaugurado o busto de sua Patrono, a heroína baiana Maria Quitéria, ombreando com os mais ilustres representantes das Armas, Quadros e Serviços do Exército Brasileiro no Pátio dos Patronos da EsAEx/CMS.
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O ANO DE 1999: RETOMADA DO COMANDO ÚNICO E AMPLIAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DO CMS O ano de 1999 iniciou com outro grande incremento às instalações do aquartelamento: a inauguração da piscina de 25x12 metros no dia 27 de janeiro. A piscina, denominada “Guerra Ganha”, seria utilizada tanto pelos alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar, quanto pelos alunos do Colégio Militar de Salvador, que, até então, realizavam suas atividades de natação no Costa Verde Tennis Clube.
A Medalha de Aplicação e Estudo visa premiar os três primeiros colocados de cada série do Colégio Militar, sendo confeccionadas em bronze, prata ou ouro, conforme a classificação do condecorado.
Em 23 de setembro de 1999, o CMS encontrava-se com sua aparência física já próxima à atual. O próximo passo foi a ampliação do seu Pavilhão de aulas, fruto do convênio com o Governo do Estado da Bahia, de modo a comportar todas as séries concomitantemente e permitir que as salas de aula do Pavilhão Duque de Caxias fossem ocupadas exclusivamente pela EsAEx. A solenidade de inauguração contou com a presença do Doutor César Augusto Rabelo Borges, Governador do Estado da Bahia, do Senhor Antônio Imbassahy, Prefeito da Cidade de Salvador, e demais autoridades civis e militares. Além das salas de aula, foram incorporados laboratórios de Química, Física e Informática, salas de estudo de Idiomas e auditório com capacidade para 200 pessoas. Na solenidade, foi ressaltada, ainda, a participação do Governador César Borges como antigo integrante do CMS, de 1961 a 1963, quando era conhecido como Aluno nº 053 Rabelo.
Piscina da EsFCEx/CMS
Relógio de Sol do CMS
Em nova reestruturação organizacional interna, em 29 de janeiro de 1999, os Comandantes da EsAEx, Cel Art Salgueiro, e do CMS, Cel Inf R/1 Saldanha, realizaram a passagem de comando a um único comandante, o Cel Cav Roberto Fantoni Saurin, que passou a ser o Comandante da EsAEx/CMS.
Entrega dos registros escolares do CMS ao Governador César Borges
Em 6 de maio de 1999, o avanço pedagógico do CMS mostrou-se, novamente, na inauguração do Relógio de Sol posicionado no Pátio dos Patronos. O equipamento, doado pelo Senhor Sérgio Doret, reconhecido gnomonista brasileiro, encontra-se georreferenciado, sendo um dos poucos existentes com precisão calculada para a informação correta da hora local. Em mais uma oportunidade, a retomada das tradições enche o Colégio Militar de orgulho e, em ato de reconhecimento ao estudo, concludentes do Ensino Médio no ano de 1998 foram homenageados com a entrega da Medalha de Aplicação e Estudo às ex-alunas Carla Ceci Bello Wanderley, Marjorie Tábata Rampozo Tagata e Paula Diandra Tagata, classificadas, respectivamente, em 3º, 2º e 1º lugares.
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Pavilhão Sargento Marques do CMS
A PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO Em 2001, o CMS participou dos V Jogos dos Colégios Militares do Nordeste. Mesmo não tendo alcançado o pódio, o CMS consagrou-se nos quesitos força de vontade, comportamento e camaradagem.
A FORMATURA DA TURMA BRASIL 500 ANOS: O CICLO SE COMPLETA No ano de 2000, o primeiro ciclo completo do CMS foi concluído e chegou a hora da primeira turma a adentrar seus portões em 1994, após a reabertura, realizar o caminho de volta para a sociedade baiana. Nomeada “Brasil 500 anos” por força dos eventos comemorativos do aniversário do Descobrimento do Brasil, a turma que seria eternamente lembrada por seus alunos como Renascer do CMS completou o Ensino Médio, elevando as expectativas sobre o sucesso dos jovens que, junto com os militares e civis professores, instrutores e monitores, ajudaram a retomar a história de lutas e glórias do Colégio Militar de Salvador.
Ainda em 2001, concluiu-se a nova Casa da Banda, local que, até os dias atuais, está presente no cotidiano do Colégio, demonstrando o seu papel fundamental para o conhecimento da área musical pelos alunos. Vale ressaltar também que a biblioteca Olavo Bilac foi reinaugurada e a sala do COP foi totalmente reformada, a fim de melhor atender às demandas do Colégio. A nova quadra poliesportiva coberta, mais uma inovação ocorrida no comando do Cel Saurim, conhecida pelo nome de Tapadão, por não ter as dimensões oficiais, tornou-se um espaço plural para diversas atividades que beneficiou o Colégio e a EsAEx. Nele houve algumas feiras culturais e científicas, festas, gincanas, além de apresentações musicais e de dança. Ao término desse ano, a Escola recebeu a marcante visita do então Comandante do Exército, o Senhor General de Exército Gleuber Vieira, que abrilhantou a formatura de encerramento do CFO.
Cientes do compromisso realizado em seu ingresso no Colégio, reiteram sua condição de fiéis seguidores dos nobres valores castrenses em sua vida, agora como ex-alunos, ao proferir as palavras de seu juramento solene: Ao deixar o Colégio Militar, assumo o compromisso de ser um cidadão digno e honrado, conservar a fé nos destinos do Brasil, cultuar o sentimento de camaradagem que congrega alunos e ex-alunos em uma única família e guardar as nobres tradições deste colégio, prestando-lhe, com dedicação e entusiasmo, o meu serviço para sua crescente prosperidade, maior glória de seus filhos e eterno prestígio de seu nome.
Deslocamento do Batalhão Escolar para a saída pelos Portões do CMS
Gen Ex Gleuber Vieira em visita à EsAEx/CMS
Em 2002, ano de eleição, uma rede de farmácias promoveu um concurso com o tema: “O que eu faria se fosse presidente do Brasil”. Em primeiro lugar, tivemos a honra de reverenciar o aluno do Colégio Militar Filipe Quintela pela conquista do concurso. Esse mesmo Aluno sagrou-se campeão do nível II da V Olimpíada Brasileira de Astronomia.
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Reunião com o Governador da Bahia
Em 2002 e, posteriormente, no ano de 2003, duas únicas alunas fizeram por merecer serem eternizadas no Pantheon de Ex-Alunos. Esse reconhecimento objetiva destacar os ex-alunos que satisfazem as seguintes condições: a) ter cursado o ano letivo completo das sete séries no Colégio Militar de Salvador; b) ter obtido o 1º lugar na turma em todas as séries; e c) ter nota final superior a 9,5 em todas as séries. Por terem atingido todas essas metas e por seus méritos, as Alunas Mariana Rocha Ribeiro da Silva (2002) e Rachel Freire de Abreu Neta (2003) passaram a integrar o rol do Pantheon de Ex-Alunos.
Ao findar 2003, formou-se na EsAEx o então Ten Castro, que, hoje no posto de major, exerce as funções de assessor jurídico e instrutor da Escola, e divide conosco a sua percepção sobre a EsFCEx: Chovia na manhã em que cheguei à EsFCEx depois de dezoito anos. Pelo vidro do carro notei as poças ganhando volume. Inevitavelmente me veio à cabeça a época em que eu, ainda menino, achava que o choque do caminhar sobre a água acumulada podia se parecer com um tique-taque, marcando o tempo com um ritmo próprio. Ao subir a rampa que vai do Corpo da Guarda ao Pavilhão de Comando, permiti a mim mesmo um mergulho nesse devaneio. A cada passo, o som da água espalhada me trazia à mente a imagem de um relógio. De início, não era uma imagem nítida, mas, à medida que eu avançava, seus contornos se tornavam mais claros, até eu perceber que os ponteiros se deslocavam para trás.
Al Mariana Rocha
Pantheon de Ex-Alunos
Al Rachel Abreu
Em dezembro de 2003, durante uma reunião entre o Diretor de Ensino e Pesquisa, General Conforto, e o Governador da Bahia, a parceria “Exército-Estado” foi ratificada, perdurando até os dias atuais.
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Um paradoxo, certamente. Fato é que nesses poucos minutos essa cena abstrata se desvaneceu, dando lugar a outra, mais completa, mais detalhada. Mais real. Vi a mim mesmo, camisa branca, calça jeans e tênis preto, em meio à pérgula dos alojamentos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar. Era março de 2003. Estava um tanto perdido, como era de se esperar, mas querendo parecer tranquilo. Dizia a mim mesmo que tinha sido oficial temporário e que por isso não havia nada a temer. Mas a ansiedade era clara, até porque vinha misturada à insegurança em relação a tudo o que ocorreria dali para frente. Ter sido aprovado num concurso tão concorrido era de fato gratificante, mas chegar à então EsAEx e perceber os alicerces da realidade era ainda mais fantástico. O pátio, a Bandeira, os edifícios com suas paredes de azulejos amarelos. Tudo era mistério para aquela versão de mim mesmo. Outra cidade, outro Estado. Outra vida.
Súbito, estávamos em forma, os três pelotões: o Carcará, o Furacão e o Cães de Guerra. Cento e dez alunos fardados, procurando permanecer imóveis, respondendo rapidamente às ordens, mantendo o alinhamento e a cobertura, marchando firme em direção ao rancho. Um-Dois, CFO; Três-Quatro, Brasil! O sol abrasador, o ar salgado, o calor e a chuva. Instrução de fuzil, de topografia, de desmontagem de pistola, de orientação, de pista de cordas. Solenidades, Olimpíadas, acampamento. Desfile de Sete de Setembro, passeios culturais, corridas em forma. As amizades, a camaradagem, os sacrifícios, as frustrações, o afeto, tudo construindo nosso caráter, nossa ética, nossa honra. No início, acreditávamos que havia, diante de nós, um oceano a ser atravessado. No fim, quando da formatura de encerramento do curso, numa manhã em que o sol brilhava sobre um pátio abençoado por uma chuva recente, víamos que aquele oceano era nada mais do que uma poça. Uma poça de tempo. Tentei retornar à realidade, mas, nos corredores, turmas inteiras, enfileiradas em placas de um dourado antigo, me impediam. Vozes sussurravam os nomes dos alunos, dos instrutores e dos comandantes. Quantas histórias foram trazidas para estes muros? Quantas outras aqui começaram? Um horizonte a desbravar! Deitar as fundações do Quadro Complementar de Oficiais deve ter sido um desafio homérico! Consolidá-lo, uma tarefa hercúlea que, a rigor, se desdobra até os dias de hoje. Sob as nuvens alaranjadas que agora cediam espaço ao sol, finalmente ressurgi neste presente. Não mais como aluno, mas como instrutor. Alguém necessário para indicar, dentre a miríade de caminhos a seguir, aqueles que encerram a missão do QCO: o assessoramento seguro e leal; o respeito à hierarquia e à disciplina. Encontro nos olhos dos alunos de hoje a mesma ansiedade dos alunos de ontem. Vejo neles um pouco de mim, essa vontade de
mostrar-se útil, de ajudar, o desejo de pertencer a algo muito maior do que nós mesmos. E percebo, nisso, a possibilidade de restituir um pouco do que aprendi em todos esses anos, influenciando-lhes as escolhas, os pensamentos, a vida. Que oportunidade fantástica é essa de fazer a diferença na existência de tantas pessoas, oferecendo-lhes meios para questionar, para criticar, para argumentar, para pôr à prova conceitos estabelecidos e, assim, contribuir para com a concepção das ferramentas de que nossa Instituição se valerá para vencer os obstáculos que surgirão nos próximos dez, vinte ou trinta anos. Não deixo de perceber, porém, o nível de responsabilidade que isso tudo acarreta. Sou senão um espelho para essa gente ávida por fazer a diferença e, por isso mesmo, alguém que deve servir como exemplo. Daí o empenho redobrado em todos os aspectos, na elaboração das instruções, no treinamento físico, no tratamento respeitoso mas também exigente. O desafio da superação os aguarda e é minha obrigação estimular-lhes a resiliência, a audácia, a valentia e a criatividade. Não quero vê-los perdendo a intensidade, o brilho nos olhos, o ar de maravilhamento ou a ousadia que exibem nestas primeiras semanas. Sobretudo, quero que o entusiasmo desta aurora se perpetue pela carreira que está por vir. Esta é minha missão como instrutor. Futuros colegas, é assim que os considero. Em breve estaremos ombro a ombro, conjugando em uníssono a coragem e a excelência em prol do QCO, em prol do Exército, sussurrando inspiração para as gerações vindouras, quer no ocaso de outras guerras, quer em nossa Escola tão querida. Mas claro, sem nunca esquecer do som mágico das chuvas e das poças d’água.
Entrega de espada 2003
Formatura geral da EsAEx 2003
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Atividade cívico-militar com a presença do Governador da Bahia e do Prefeito de Salvador
GENERAL DE BRIGADA CLAUDIMAR MAGALHÃES NUNES O General de Brigada Claudimar Magalhães Nunes (in memoriam) foi o primeiro ex-aluno do CMS a alcançar o cargo de Diretor de Educação Preparatória e Assistencial, após mais de trinta anos de serviço dedicados ao Exército e à Pátria. Por esse motivo, em 2005, foi feita uma homenagem ao General por sua trajetória e seus fortes laços com o SCMB.
Gen Claudimar na EsFCEx/CMS em 2005
CINQUENTENÁRIO DO CMS
Logomarca do Jubileu de Ouro
O aniversário de 50 anos do Colégio Militar de Salvador, celebrado em 2007, ratificou sua excelência em educação. Em 5 de abril, data exata do seu aniversário, foi realizada a solenidade cívico-militar em comemoração ao Jubileu de Ouro, contando com as ilustres presenças do Governador do Estado da Bahia, Senhor Jacques Wagner, e do então Prefeito da Cidade de Salvador, Senhor João Henrique. Vale salientar a participação de entidades públicas e privadas, extrapolando os muros do Colégio, em diversos eventos, como concursos literários, pintura, fotograf ia, exposições em shopping, entre outros. Ainda como comemoração, houve o tradicional desfile dos ex-alunos.
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Placa de identificação do CPBSA em homenagem ao Sargento Albino Biodiversidade
O Centro de Biodiversidade era um sonho nutrido por diversos comandantes e concretizou-se ainda em 2007. Durante muito tempo, pensava-se em um espaço que pudesse integrar o conhecimento da sala de aula à atividade prática no meio ambiente. Por conta disso, o projeto piloto foi a “horta do CMS”. Localizada em área arborizada do Colégio, a horta tornou-se realidade pela parceria de dois ambientalistas, o Sargento José Albino de Cerqueira e o professor de Educação Física Valney Alves de Souza, mais conhecido como Ninja, além de contar com a colaboração da Associação de Pais e Mestres do CMS (APM). Infelizmente o Sgt Albino faleceu em 2005 e fez-se necessário buscar pessoas capacitadas tecnicamente para assumir o projeto de criar uma área maior que a antiga horta, tendo em vista a complexidade de mapear a fauna e a flora do local, considerando-se a sua abundância. Cabe ressaltar que o êxito dessa tarefa se deve ao Cel Julimar, que, com sua presteza, colaborou para a construção do Centro de Pesquisas da Biodiversidade para apoio às aulas de Biologia do CMS. Com foco no futuro Centro de Biodiversidade, foi criado, em 2006, o Grêmio de Gestão Ambiental. Suas ações educativas tiveram início em abril de 2007 e contaram com a cooperação voluntária de 45 alunos do Ensino Fundamental, sob a direção da 2ª Tenente Soraia Grosso, e com a participação dos demais professores de Ciências Físicas e Biológicas. O Grêmio de Gestão Ambiental instalou a sua sede no Centro de Pesquisas da Biodiversidade, concentrando, nesse espaço, a maior parte de suas ações educativas, como: promoção de palestras; preparação e plantio de mudas de espécimes da Mata Atlântica; coleta seletiva de resíduos sólidos; promoção de oficinas de brinquedos a partir de materiais reaproveitáveis; oficinas de vassouras a partir de garrafas PET; elaboração de placas de identificação para as árvores do espaço; concurso de fotografias com temática ambiental; estímulo ao desenvolvimento de trabalhos com temas relacionados ao ambiente para apresentação na Feira Cultural; divulgação e comemoração de datas relacionadas ao ambiente, com apresentação de peças de teatro; projeção de filmes e vídeos, e produção de cartazes.
HOMENAGEM AO SARGENTO MARQUES José Marques da Silva, nascido em Itiúba, interior baiano, mudou-se ainda jovem para a capital no intuito de ingressar nas fileiras do Exército Brasileiro. Proveniente de uma educação voltada para o trabalho árduo na lavoura, logo foi possível perceber no Soldado Marques a incessante vontade de aprender tudo acerca do mundo que conhecera. Jovem de exemplar disciplina, sempre se destacava pela apresentação individual e pelo seu respeito inigualável. O Soldado Marques não tinha dotes musicais, todavia, foi designado para a Banda de Música ainda como recruta. Possuidor de uma motivação admirável, aprendeu rapidamente a tocar clarim. Algum tempo depois, foi designado para fazer o Curso de Corneteiro, no 19º Batalhão de Caçadores, sendo elogiado pelo comandante da companhia responsável pelo curso pelo seu empenho. Em 1963, conquistou uma vaga no Curso de Formação de Cabo, para a qualificação de corneteiro. Demonstrando sempre vibração, entusiasmo, profissionalismo, responsabilidade, o então Soldado Marques conquistou a primeira colocação dentre os alunos do CFC da 6ª Região Militar. No ano de 1967, o Soldado foi efetivamente promovido a Cabo e, no exercício de suas atribuições, participou com brilhantismo dos diversos desfiles e apresentações públicas do Colégio, destacando-se pela perfeição e marcialidade na execução dos toques de comando. Em decorrência de seu esmero e trato exemplar com os alunos, foi convidado para exercer a função de monitor de aluno até os
“Como pai, sensacional. Amoroso e protetor. Íntegro. Amigo. Não por acaso que muitos alunos tinham imenso carinho e gratidão por ele”. (Luciano Marques, Filho do Sgt Marques)
3º Sgt Marques
últimos dias de sua vida na caserna. Contribuiu para a formação de milhares de cidadãos brasileiros de diversas gerações que passaram pelo nobre cadinho. Era muito respeitado pelos alunos, sempre bastante rígido na área do ensino. Seu intuito sempre foi buscar um elevado padrão de disciplina e o desenvolvimento da consciência de responsabilidades e deveres. Foi promovido, em 1983, à graduação de 3º Sargento e incluído no Quadro Especial como reconhecimento à sua inteira dedicação às missões emanadas de seus chefes. Esteve por 18 anos à frente da 5ª série, tornando-se um referencial e um exemplo de militar e ser humano. Passou para reserva no ano de 1986 e retornou como Prestador de Tarefa por Tempo Certo (PTTC), na mesma função de monitor. Nem o avançar da idade, nem os problemas de saúde foram capazes de diminuir a motivação do exemplar militar que, por mais de 35 anos, trabalhou arduamente para entregar à sociedade brasileira cidadãos íntegros.
ESTÁGIO DE CAATINGA
Alunos do CFO no estágio de Caatinga
Em meados de 2010, os alunos do CFO compuseram a primeira turma a ter a oportunidade de realizar o estágio de Adaptação à Caatinga no 72º Batalhão de Infantaria Motorizado em Petrolina – PE. Esses oficiais–alunos puderam aprender o quão difícil é combater nesse ambiente hostil com privações de água, alimentos e horas de sono.
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Canteiro de obras do Pavilhão Fraga Lima
Símbolos da EsAEx e da EsFCEx
MUDANÇA NO NOME Em 8 de novembro de 2010, a Escola de Administração do Exército (EsAEx) foi transformada em Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), por intermédio da Portaria nº 1.080-Cmt Ex. Em 2011, a EsFCEx passou a selecionar e formar, além de oficiais do QCO, oficiais farmacêuticos e dentistas do Serviço de Saúde do Exército.
CCSV - ALICERCE DA FORMAÇÃO Paralelamente a todas as missões da EsFCEx/CMS, e não menos importante, acontece a formação do soldado do efetivo variável, a cargo da Companhia de Comando e Serviço (CCSv). Única subunidade da OM, ela atende a todas as demandas das divisões e seções deste Estabelecimento de Ensino, possibilitando o bom cumprimento da missão preponderante de bem formar ou aperfeiçoar os alunos do Colégio Militar, do Curso de Formação de Oficiais ou do Curso de Gestão e Assessoramento de Estado–Maior. Ainda faz parte de suas atribuições manter o aquartelamento manutenido, apoiar as seções de manutenção e serviços gerais, bem como o Setor de Aprovisionamento. Por tudo isso, a CCSv pode ser considerada o alicerce da formação.
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CONSTRUÇÃO DO PAVILHÃO FRAGA LIMA: MARCO DA MODERNIZAÇÃO Em 2011, foi captado recurso financeiro junto ao Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) para viabilizar a construção do 2º pavilhão do CMS, chamado de Pavilhão Fraga Lima. O FNDE financiou a construção, mas os projetos foram de responsabilidade do Colégio. Para solucionar essa questão, foram fundamentais as ações do Comandante do CMS, Cel Leite, e do Comandante da 6ª RM, Gen Gonçalves Dias, que, apoiados pelo Doutor Mário Gordilho, estimularam os Ex-alunos Arquiteto Ivan Smarchevisk e Engenheiro Francisco Cruz Vieira, juntamente com os Engenheiros Vladimir Menezes e Thales de Azevedo Júnior, amigos do CMS, a confeccionarem os projetos e a acompanharem a sua execução. A obra foi iniciada em 1º de abril de 2013 e o pavilhão foi entregue em 26 de abril de 2016. A obra do Pavilhão Fraga Lima foi de extrema relevância diante da necessidade de proporcionar aos corpos docente e discente do CMS uma estrutura melhor e mais conforto para as diversas seções do Colégio: sala dos professores, Subdireção de Ensino, Ajudância, Corpo de Alunos, Divisão de Ensino, Seção de Atendimento Educacional Especializado, Supervisão Escolar e Seção Técnica de Ensino.
Pavilhão Fraga Lima atualmente
POSTO METEOROLÓGICO DO CMS
Construção do pavilhão administrativo da SEF
CONSTRUÇÃO E INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO ADMINISTRATIVO DA SEF Em 2013, a Seção de Educação Física iniciou o ano letivo nas suas novas instalações, localizadas ao lado do Tapadão. O novo pavilhão administrativo foi construído com duas salas amplas para acomodar confortavelmente todos os professores e militares que desenvolvem as atividades da Seção. O General Ajax, antigo Diretor de Educação Superior Militar, acompanhado do Coronel Mansur, antigo comandante da EsFCEx/ CMS, inaugurarou, oficialmente, o pavilhão administrativo da Seção de Educação Física da EsFCEX/CMS durante a visita de inspeção à Escola. A cerimônia foi marcada pelo descerramento da placa comemorativa. Arejadas, climatizadas e bem iluminadas, as salas oferecem atualmente um excelente ambiente de trabalho para os entusiastas da atividade física.
NOVA SALA DE MUSCULAÇÃO Em agosto de 2013, foi inaugurada pelo Gen Orozco, Diretor de Educação Preparatória e Assistencial, a nova sala de musculação. A reforma contou com ampliação do espaço, instalação de um novo piso antiderrapante, climatização do ambiente e aquisição de novos equipamentos.
Inauguração da Academia
No ano de 2014, as aulas do CMS passaram a contar com a utilização do Posto Meteorológico, visando otimizar o processo ensino-aprendizagem com aulas práticas. Por ocasião da inauguração do Posto Meteorológico, o 6º Ano identificou os fenômenos meteorológicos, realizando a interdisciplinaridade entre as Ciências Físicas e Biológicas e a Geografia. Já o 1º Ano do Ensino Médio verificou as propriedades e substâncias componentes de alimentos e seres vivos. No laboratório de Química, foi conduzida a investigação de ácidos e bases. Essa foi uma excelente oportunidade para os professores do CMS desenvolverem o interesse dos alunos por associar a teoria vista em sala de aula às aplicações práticas.
DENOMINAÇÕES HISTÓRICAS A LOCAIS E INSTALAÇÕES DO CMS No dia 18 de agosto de 2015, foram aprovadas as propostas de concessão das seguintes Denominações Históricas a locais e instalações sob administração do Colégio Militar de Salvador: a. Cel Uchôa – O Primeiro Comandante, para o auditório do CMS; b. Professor Aristides Fraga Lima, para o novo prédio do CMS; c. Sargento Marques, para o prédio atual do CMS e d. 2 de Julho – Independência da Bahia, para o Pátio de Formaturas do CMS. As denominações foram uma justa homenagem a personagens marcantes que labutaram pelo “Nobre Cadinho” ao longo de sua história e que serviram de exemplo para futuras gerações de alunos do “recinto sagrado”. Pátio 2 de Julho – Independência da Bahia
Inauguração da sala de musculação
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A FORMAÇÃO DOS CAPELÃES MILITARES NA ESFCEX/CMS O Serviço de Assistência Religiosa do Exército (SAREx) foi instituído no nosso País pela Lei nº 6.923/81. Ele materializa o Acordo entre
a Santa Sé e a República Federativa do Brasil sobre a Assistência Religiosa nas Forças Armadas. Trata-se de um serviço prestado em ambiente da administração pública com origens ainda no Império. Esse Serviço é formado por padres e pastores, os chamados capelães militares, e consiste na salvaguarda constitucional do direito à liberdade de crença e à assistência religiosa, preconizado pela nossa Constituição Federal (art. 5º, VI). Desde 1981, os capelães eram formados na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde frequentavam um Estágio de Instrução e Adaptação para Capelães Militares (EIAQCM). Em virtude de mudanças nas exigências e capacidades profissionais dos capelães, surgiu, em 2016, o projeto da formação dos nossos capelães na Linha de Ensino Militar Complementar, visando a uma profissionalização mais eficiente.
Em 2018, padronizou-se a formação dos capelães e dos demais oficiais do Quadro Complementar, passando a funcionar juntos o CFO/QC e o EIACM. Contudo, visando à racionalização dos meios, dentre outras motivações, o Estado-Maior do Exército extinguiu o EIACM e criou o Curso de Formação de Capelães Militares (CF/CM) em 19 de março de 2019. A EsFCEx/CMS passou a coordenar o CF/CM, a fim de habilitar os capelães para prestarem assistência religiosa e espiritual à família militar e aos civis das organizações militares. Em 2017, a EsFCEx recebeu a visita do Ordinário Militar do Brasil, Dom Fernando José Monteiro Guimarães. No ano de 2019, por ocasião da abertura do ano letivo e da formatura de conclusão, o Chefe do Serviço de Assistência Religiosa, Cel José Eudes da Cunha, e os capelães da 6ª Região Militar e do Comando Militar do Nordeste prestigiaram a Escola em visita oficial.
Para isso, o Estado-Maior do Exército extinguiu o antigo EIAQCM e criou o Estágio de Instrução e Adaptação para Capelães Militares (EIACM), transferindo-o da AMAN para a EsFCEx/CMS. Desde então, a Escola passou a formar os padres e pastores aprovados em concurso público. Em 2017, a EsFCEx/CMS recebeu o primeiro capelão classificado na Escola, Cap Fabricio do Prado Nunes, para apoiar a estruturação da formação militar inicial dos capelães. Foram realizados procedimentos administrativos, curriculares e pedagógicos que desencadearam a proposta de alinhamento com o Curso de Formação do Quadro Complementar de Oficiais (CFO/QC). Houve uma série de ajustes na legislação, tornando o processo pedagógico apropriado a uma formação baseada em capacidades, sob a ótica do ensino por competência. Tais alterações permitiram reestruturar, com base nos critérios de organicidade, economicidade e interdisciplinaridade, o perfil profissiográfico e o mapa funcional dos capelães, elaborando um novo plano de disciplinas.
Visita do Arcebispo Militar Dom Fernando José Monteiro Guimarães
A primeira turma de capelães do CF/CM, formada em 2018, era composta por dois padres e um pastor: Asp Eliano Roberto Rodrigues, Carlos Otávio Rodrigues da Silva e Nilton de Souza Sales. A partir de então, o Curso vem se aperfeiçoando, com destaque para a unificação do símbolo do Quadro de Capelães Militares e para a exposição do seu processo formativo no Seminário Anual Internacional Religion Faith Matters, realizado na Jamaica, sob coordenação do Comando Sul dos EUA, como modelo aos países da América Latina e Caribe.
PCI dos alunos do CF/CM 2020 no SAREx Missa em Ação de Graças pela Formatura do CFO/2017
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Distintivo de Capelão Militar
Cap Fabricio do Prado Nunes – Capelão e Instrutor do CF/CM
Ex-alunos do CMS na formatura dos 60 anos do Colégio em 2017
OS SESSENTA ANOS DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR
Em 9 de abril de 2017, a já tradicional solenidade de aniversário do Colégio Militar de Salvador trouxe à tona toda a emoção de seus alunos e ex-alunos ao contar com a participação de membros de todas as suas gerações, desde a turma pioneira até os formandos do terceiro milênio. Foi marcante a participação da Associação dos Ex-Alunos do Colégio Militar de Salvador, que reuniu o maior efetivo de ex-alunos do CMS já registrado em um evento dessa natureza, celebrando seu lema “colegas ontem, amigos sempre”. Com o novo milênio, novos rumos são possíveis aos alunos do CMS e, de maneira pioneira, o ciclo se reinicia para alguns antigos alunos na Alameda Marechal Trompowsky. A Cap QCO Paula Bahia foi a primeira ex-aluna deste Colégio Militar a ingressar no QCO:
Falar sobre a história do Colégio Militar de Salvador e da Escola de Formação Complementar do Exército é contar, também, muito da minha história. Em 1998, dei entrada pela primeira vez como aluna do CMS. Com apenas 10 anos, fui apresentada a valores e princípios que carreguei durante toda a vida: honra, dignidade, pontualidade e camaradagem. Levo, até hoje, os bons amigos que fiz e os ensinamentos que aprendi. Após 7 bem vividos anos no nobre cadinho, segui para o mundo civil, mas algo me dizia que ainda retornaria a minha tão amada Escola. Cursei Direito na Universidade Federal da Bahia. Ao final do curso, eis que a carreira militar novamente me encontra. Despretensiosamente, em uma conversa, um amigo me informou que as inscrições para a EsFCEx abririam no dia seguinte. Resolvi me inscrever e comecei a estudar. Nesse primeiro ano, fiquei na majoração. No ano seguinte, 2010, consegui a sonhada aprovação.
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2011 foi o ano do reencontro: ao adentrar pelo Portão das Armas, tive a sensação de novamente estar em casa. Bradava com orgulho a todos os novos companheiros o quanto conhecia a Escola como a palma da minha mão. Relembrei histórias, revi instrutores e professores. Naqueles primeiros dias, a emoção tomou conta. Também foi um momento de transformação. Aliadas às virtudes já incorporadas, surgiram inúmeras responsabilidades: física, intelectual e, principalmente, moral. Os valores aprendidos pela Aluna 923 – Paula Bahia foram essenciais para a transformação da Tenente-Aluna 1125 – Paula. E se antes eu já sentia a necessidade de me expor com retidão perante a sociedade, como Oficial do Exército Brasileiro isso se tornou uma obrigação. O conteúdo das instruções foi muito diferente daquele que havia aprendido enquanto aluna e como bacharel em Direito. Passar pela ordem unida foi relativamente fácil. Difícil foi aprender sobre armamento, munição e tiro; instrução militar; regulamentos administrativos; doutrina militar terrestre etc. Ao final do ano, coberta pela tinta verde-oliva, a 1º Tenente Paula Bahia saiu pronta para o exercício de suas funções. O que se faz com amor, todavia, não soa artificial! Apesar da adaptação à nova carreira, foi ali, nas terras seculares da minha Bahia, que tive
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certeza de que escolhi a carreira certa, a qual me encontrou no momento certo. O Exército me forjou, no fogo forte, para ser não só a profissional, mas, sobretudo, a pessoa que sou hoje. No momento atual, em que a sede da Pituba completa seus 60 anos, o sentimento que exalto é o de gratidão! Sou grata pelo exímio ensino do Colégio Militar de Salvador, que foi essencial para a minha formação profissional. Grata pelos valores aprendidos desde a tenra idade, indispensáveis para a constituição do meu caráter. Grata, por fim, por ter sido escolhida para a carreira das armas, pois a vocação não é algo que se elege, mas que simplesmente se abraça. Que por mais longos anos eu ainda me emocione todas as vezes que cruzar o Portão das Armas, seja em função do “meu nobre cadinho”, seja pela “minha Escola tão querida”.
Depoimento da Cap QCO Paula Bahia, primeira aluna do CMS a ingressar no QCO.
IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O CMS implantou, em 2018, a Seção de Atendimento Educacional Especializado (SAEE), voltada para o acompanhamento e a assistência individualizados de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Composta por profissionais especializados, a SAEE visa proporcionar a complementação e a suplementação pedagógicas para alunos com diagnóstico de deficiências físicas, motoras ou sensoriais, alunos diagnosticados com Síndrome do Espectro Autista (TEA) e alunos dotados de Altas Habilidades. Atualmente os discentes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar da SAEE e fazem jus a currículo adaptado, provas flexibilizadas e adaptadas, e planejamento educacional individualizado. Ao manter os alunos completamente integrados ao corpo discente e à rotina do Colégio, a SAEE, de forma colaborativa com os corpo docente e agentes de ensino do CMS, atende ao princípio legal da acessibilidade, da permanência, da participação e do aprendizado de alunos com NEE, sob uma perspectiva humanista e moderna de ensino.
Robô construído com peças LEGO
Atendimento especializado ao aluno
CLUBE DE ROBÓTICA: O CMS NA ERA DA INOVAÇÃO
CMS no Desafio Global do Conhecimento
Certificado do Desafio Global do Conhecimento
O Clube de Robótica do CMS teve sua fundação em agosto de 2019, quando o então Comandante da EsFCEx/CMS, Cel Marconi Gomes Stefanel, determinou que, na sala 101 da Escola, funcionaria o clube, sob responsabilidade dos 2º Ten Jorge Sales e Silva Neto. Inicialmente o Clube de Robótica era composto por cinco alunos do Ensino Médio e objetivava prepará-los para competições nacionais de Robótica dentro e fora do Sistema Colégio Militar do Brasil. Atualmente existem dois grandes eventos voltados para a Robótica Educacional: a OBR – Olimpíada Brasileira de Robótica e o FLL – First Lego League, este último promovido pela Lego Internacional. O Clube de Robótica do CMS participou, em 2019, do Desafio Global do Conhecimento (DGC), oportunidade em que 12 Colégios Militares desenvolveram robôs autônomos para realizarem missões definidas. Nesse evento, o CMS ficou em 4º lugar geral e recebeu o prêmio de INOVAÇÃO (Robô Mais Criativo). O Clube de Robótica dispõe hoje dos seguintes materiais para o seu funcionamento: uma impressora 3D, duas mesas oficiais de treino, 15 Maletas Lego EV3 e 7 kits de arduino. Nesse ano, o Clube é composto por 15 alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental ao 2º Ano do Ensino Médio. Os alunos reúnem-se no turno oposto, uma ou duas vezes por semana, com a finalidade de se prepararem para os eventos de Robótica que ocorrem anualmente.
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A TRADICIONAL CORRIDA DUQUE DE CAXIAS E A SOCIEDADE BAIANA Nos primeiros anos da década de 70, o Exército Brasileiro, por meio do Comando da 6ª Região Militar, Região Marechal Cantuária, criou a primeira Corrida Duque de Caxias, com a finalidade de comemorar, dentre outros eventos, o Dia do Soldado. Como resultado, essa primeira prova trouxe à cidade de Salvador um grande envolvimento de inúmeras instituições, de órgãos da mídia e da comunidade soteropolitana, reunindo mais de 1300 participantes. Com o passar dos anos, a Corrida Duque de Caxias ficou conhecida não só em Salvador, mas em toda a Bahia. Hoje, com 48 anos de existência, a já tradicional corrida agrega um número muito maior de competidores, totalizando, anualmente, em torno de 1.000 corredores inscritos entre civis, militares, cadeirantes, pessoas com necessidades especiais de diversas faixas etárias e distribuídas em várias categorias. Em 2019, a EsFCEx/CMS realizou a 46ª edição da Corrida e contou com a participação de aproximadamente 1000 corredores e cerca de 200 atletas convidados. Esse evento tem como principal objetivo divulgar a Semana do Soldado por meio de uma atividade que visa ao congraçamento sociocultural e esportivo entre os atletas, a mídia, as instituições civis e a comunidade soteropolitana. Visa, também, incentivar a prática do exercício físico, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de seus participantes.
Basquete em cadeira de rodas
CONSOLIDAÇÃO DAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS NO CMS No ano de 2019, diversas atividades pedagógicas direcionadas para a consolidação da inclusão foram realizadas no Colégio Militar de Salvador. A Semana de Inclusão do CMS foi um exemplo e promoveu desde palestras a práticas de esportes inclusivos. Essas atividades oportunizaram aos alunos momentos de muito aprendizado e superação, como a prática do voleibol sentado, que é uma modalidade para atletas com deficiência física. Esse esporte foi iniciado durante a Segunda Guerra Mundial com os ex-soldados feridos do Exército Norte-Americano e é um dos poucos que esteve presente em todas as edições dos jogos paraolímpicos. Além disso, foram apresentadas palestras e vivência no basquete em cadeira de rodas pelos atletas do Instituto Baiano de Reabilitação e por Marcelo Colé, atleta de natação paraolímpico, que abordou especialmente os temas “motivação e superação”.
Aquecimento e largada da Corrida Duque de Caxias
Palestra do Triatleta Paraolímpico Marcelo Colé
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07 Anos de 2020/2021 e a pandemia
UM ANO DE NOVAS REGRAS O ano de 2020 começou no dia 3 de fevereiro de 2020 para 134 novos jovens que, pela primeira vez, adentraram o portão do Colégio Militar de Salvador como alunos e, no dia 14 de março, já adaptados à rotina e familiarizados com o Sistema, receberam a Boina Garança, objeto que é símbolo de pertencimento à Família Zum Zaravalho. Para os novos integrantes do Curso de Formação de Oficiais e de Capelães Militares, os desafios começaram no dia 16 de março, com a cerimônia de Entrada pelos Portões das Armas, quando os candidatos foram convidados a, solenemente, entrar na vida militar. Mas, a partir desse momento, o planejamento teve que ser alterado. Casos de uma nova doença causada pelo vírus SARS-CoV2 começaram a ser detectados em várias partes do mundo e a Organização Mundial de Saúde definiu o surto como pandemia.
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ADAPTANDO-SE À REALIDADE
Novos alunos do CMS
Quando as autoridades decidiram pela suspensão das atividades letivas nas unidades de ensino, públicas e particulares, por decretos municipal e estadual, o Exército procurou soluções que possibilitassem o funcionamento das suas Escolas e Colégios, sem prejuízo para a qualidade da educação e a formação de crianças, jovens e militares. A Instituição, por estar enquadrada como prestadora de serviços essenciais à Nação, não parou, e essa manutenção possibilitou que as soluções para as diferentes demandas fossem encontradas e colocadas em prática, sempre atendendo às normas preconizadas pelas autoridades a quem está subordinada. Com a decretação do lockdown, a EsFCEx/CMS converteu as atividades do Colégio Militar de Salvador em remotas, valendo-se da estrutura já disponível e implementada em todo o Sistema Colégio Militar do Brasil. Para alimentar as plataformas virtuais, disponibilizou recursos tecnológicos e infraestrutura para que os profissionais da educação pudessem ministrar aulas, compartilhar vídeos e fazer transmissões, oferecendo aos alunos informações e conteúdos necessários à formação. Todo esse suporte foi possível porque os militares continuaram executando suas missões, com a manutenção de todos os protocolos sanitários preconizados.
Aluno realizando prova no AVA Entrega da Boina Garança
A Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador – EsFCEx/CMS é uma Organização Militar sui generis, pois seleciona, forma e especializa os oficiais do Quadro Complementar e Capelães Militares, habilita oficias superiores para gestão e assessoramento de Estado-Maior e ministra educação básica – níveis fundamental e médio, promovendo educação integral, segundo valores, costumes e tradições do Exército Brasileiro. Com públicos diversos, a EsFCEx/CMS precisou agir de forma também distinta para executar suas missões e resguardar a saúde dos militares, professores civis, alunos e seus familiares durante a pandemia que assolou a humanidade no ano de 2020.
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Aluno do CMS em atividade remota
OS CURSOS DE FORMAÇÃO As atividades preparatórias dos Cursos de Formação de Oficias e de Capelães Militares 2020 já haviam sido iniciadas uma semana antes dos decretos governamentais que regulavam a suspensão das aulas presenciais. O Exército, por intermédio da Diretoria de Educação Superior Militar (DESMil) e à luz da legislação peculiar que lhe rege, manteve a formação de seus militares de carreira, tendo em vista a operacionalidade e a prontidão do Exército, bem como o apoio às ações subsidiárias e ao combate à pandemia da COVID-19. A Escola de Saúde do Exército, por exemplo, empregou seus alunos médicos no atendimento real à população. Alunos do CFO realizando prova
Treinamento Físico Militar – Alunos do CFO
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No dia 16 de março, os alunos, após a solenidade de entrada pelo Portão das Armas, iniciaram as atividades do Curso em regime de internato e assim permaneceram até o dia 27 de março. Sob as orientações do Ministério da Defesa, Ministério da Saúde e Ministério da Educação, a EsFCEx adotou as medidas recomendadas para o combate à propagação da pandemia; estabeleceu triagem clínico-epidemiológica para o acesso ao quartel, com vistas à redução da possibilidade de ingresso de pessoas com sintomas do COVID-19; orientou os profissionais e alunos sobre as formas de contágio e prevenção; incrementou a higienização das instalações, sobretudo as áreas mais utilizadas; disponibilizou meios de sanitização das mãos em seções, corredores, salas de aulas e demais instalações; orientou sobre o uso da máscara e cobrou a correta utilização; reorganizou as salas de aula, os refeitórios e os alojamentos para adequá-los à necessidade de distanciamento; dentre outras medidas exigidas pelas autoridades para salvaguardar a saúde.
Sinalização de distanciamento
Tiro de Fuzil – CFO
As atividades de natureza mais operacional, como o Campo Básico, Patrulha e Instrução de Sobrevivência, foram suspensas no primeiro semestre e aconteceram durante o segundo, quando as medidas de contingenciamento foram flexibilizadas. No final de junho, um dos tenentes-alunos machucou-se e, na realização dos tratamentos, visitas a órgãos de saúde e a farmácias, foi contaminado pelo coronavírus. Assim que relatou o primeiro sintoma, foi posto em isolamento, observado e tratado pela Seção de Saúde da Escola, com sintomas brandos e recuperação rápida. Após a confirmação do caso, todos os militares que tiveram contato com o tenente-aluno doente foram testados e, tendo a confirmação de mais dois casos, as atividades presenciais do Curso de Formação passaram para o modo virtual, por uma semana. Como a semana seguinte coincidia com o início do recesso, os alunos que decidiram viajar realizaram novo teste antes de serem liberados, a fim de confirmar o teste negativo.
Meios sanitizantes
CFO na Manobra Escolar da AMAN
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Apesar do ano atípico, marcado pela pandemia do COVID-19 e por suas restrições, a EsFCEx entregou à Força 18 militares, componentes da Turma 75º Aniversário da Tomada de Monte Castelo, que demonstraram o seu valor, a sua coragem e, acima de tudo, a sua determinação na busca pelo objetivo proposto, assim como fizeram heroicamente os nossos Pracinhas na Segunda Guerra.
Formatura de Entrega de Espada
Acreditar é o caminho. É esse sentimento que impulsiona o Exército Brasileiro quando recebe e executa com primor missões diversas como a Acolhida aos venezuelanos, integrando a Força-Tarefa de Ajuda Humanitária, em Roraima; Operações de Garantia da Lei e da Ordem, no combate aos ilícitos transfronteiriços e na manutenção da ordem; a Operação Pipa, com a distribuição de água no sertão nordestino a mais de 2 milhões de brasileiros afetados pela seca; a assistência a populações indígenas; a Operação Verde Brasil, no combate aos ilícitos ambientais, e tantas outras atividades. Nosso espírito de cumprimento de missão faz as coisas acontecerem. Os Pracinhas são prova de que o impossível e o improvável são convertidos pela fé e pelo trabalho.
Familiar realizando a entrega da espada
Instrução de Sobrevivência
Além de formar com excelência a Turma 75º Aniversário da Tomada de Monte Castelo, a Escola trabalhou para que o Concurso de Admissão para o CFO fosse realizado sem prejuízo para a Fazenda, para o Exército e para os cidadãos interessados em ingressar nas Forças Armadas. Pista de Progressão – rastejo
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CONCURSO DE ADMISSÃO Os concursos realizados pela Instituição são baseados em estudos anuais sobre a necessidade de recomposição de cargos nas diversas organizações militares, em decorrência principalmente da passagem para a reserva remunerada, de forma voluntária ou compulsória, de militares. Os concursos têm a função de regular e garantir o fluxo de carreira. O adiamento ou a suspensão geraria impactos ao quadro funcional, sobrecarga de trabalho e impossibilidade de recompletamento. A Lei nº 13.079/2020, que estabeleceu o regramento geral para o enfrentamento da Pandemia do COVID-19, resguardou os serviços essenciais, dentre os quais “atividades de defesa nacional e defesa civil”, a Lei Complementar nº 173/2020 (Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus) excepciona das atividades restritivas, durante sua vigência, a contratação de alunos de órgãos de formação de militares. A EsFCEx foi a primeira das escolas militares a realizar concurso em 2020 e as ações que implementou serviram de balizamento para os demais certames do Exército e das outras Forças. O concurso para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) do Exército e de Capelão Militar (CM) foi previsto na Portaria nº 347 do Estado-Maior do Exército, de 8 de dezembro de 2019, e regulado pelo Edital lançado no Diário Oficial da União n° 113, de 16 de junho de 2020. Foram 8.932 candidatos, de todas as regiões do país, disputando vagas nas áreas de Administração; Enfermagem; Veterinária; Ciências Contábeis; Direito; Estatística; Informática; Pedagogia; Psicologia; Magistério (Biologia, Espanhol, Geografia, História, Inglês, Matemática, Português, Química e Física) e Capelão Militar (Padre Católico e Pastor Evangélico). Ante o desafio de enfrentamento ao surto da COVID-19, a aplicação e a execução das provas foram conduzidas sob rígidos protocolos de segurança sanitária, definidos pelo Ministério da Defesa, pelo Ministério da Saúde, pelo Exército Brasileiro e pelos Governos Municipais de cada sede de realização das provas. Todos os cuidados sanitários foram adotados para preservar a saúde dos envolvidos. Os candidatos, partícipes na tarefa de combate à COVID-19, foram alertados quanto a suas responsabilidades no cumprimento das regras impostas para resguardar a sua saúde e a dos demais candidatos. Na entrada e no interior de cada local de exame, foram montados Postos de Triagem e Identificação, sempre com a disponibilização de álcool em gel (70%) e/ou borrifador de álcool líquido (70%), para higienização das mãos e de objetos; e equipamentos para a aferição de temperatura. Em todos os ambientes de prova, foram disponibilizados recipiente com álcool em gel e borrifador de álcool líquido, para desinfecção dos alimentos, objetos pessoais e demais materiais permitidos. As salas de prova foram desinfetadas, conforme o protocolo de Desinfecção/ Descontaminação do Departamento de Educação e Cultura do Exército
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Desinfecção das instalações
Identificação – Concurso Militar
(DECEx), e organizadas para a manutenção da distância mínima de 1,5 metro entre os candidatos. As portas e janelas das salas de prova foram mantidas abertas durante toda a atividade, possibilitando a ventilação e a circulação do ar nos ambientes. O uso de máscara foi obrigatório para todos os envolvidos no certame. A prova foi aplicada em 22 cidades e, em cada uma delas, foram observadas as peculiaridades preconizadas pelos protocolos de segurança locais. Para isso, as organizações militares responsáveis pela aplicação da prova e a Seção de Concursos da EsFCEx/CMS monitoraram os decretos relativos ao combate ao coronavírus e as medidas exigidas pelas cidades-sede, para que o certame atendesse a todas as regras. Os espaços destinados à realização da prova foram escolhidos dentre os que permitissem a organização das salas com distanciamento entre os candidatos e a montagem de dispositivo com uma circulação segura pelas áreas comuns. Além das salas para aplicação da prova, foram montadas outras para receber os candidatos que apresentassem temperatura superior às aceitas pelas regras sanitárias ou algum sintoma de COVID-19.
A imprevisibilidade das condições sanitárias e de circulação de pessoas (lockdown) em todas as 22 guarnições de exame espalhadas pelo Brasil, bem como a necessária padronização de procedimentos pelas Comissões de Aplicação e Fiscalização do Exame Intelectual, uma vez que o Concurso de Admissão (CA) é de âmbito nacional, exigiu que o Comando da EsFCEx mantivesse o Escalão Superior constantemente informado da evolução da situação e realizasse diversas videoconferências com as organizações militares sede de exame, nas seis semanas que antecederam à prova. As ações implementadas demandaram coordenação entre as EsFCEx e as organizações militares envolvidas no Concurso, e atenção das outras escolas militares que, em seguida, realizariam seus concursos. A aplicação das provas militares e dos concursos dos Colégios Militares conferiram aos militares experiência e know-how, mas, em tempos de pandemia, a pragmática foi acrescida de necessidades diversas e a expertise adquirida pela Escola de Formação foi implementada nos demais certames, como os protocolos para desinfecção das áreas, a estrutura montada nas áreas de aplicação de prova e as formas de comunicação com o candidato.
Medidas sanitárias para o concurso militar
Lavatório móvel
Para o cumprimento do Protocolo Sanitário estabelecido pelo DECEx e pelo MD, bem como para atender aos decretos das autoridades estaduais e municipais, foram necessárias várias adaptações e, por vezes, mudanças nos locais de exame inicialmente indicados no Edital do CA. A obrigatoriedade de distanciamento mínimo de 1,5 metro entre candidatos provocou o aumento da necessidade de setores de prova (salas de aula), consequentemente aumentou o espaço a ser utilizado e a quantidade de pessoal envolvido, tanto nas medidas de recepção, como na aplicação e na fiscalização de provas. A Escola reforçou as informações e redobrou os cuidados com o seu público interno, para que participassem da atividade e mantivessem a saúde.
A crescente demanda pela carreira militar e a redução da oferta de concursos e de trabalho estão entre os fenômenos que impulsionaram a inscrição, o estudo e a realização das provas para as escolas do Exército. No entanto, a organização do concurso esperava que, em meio a uma crise mundial de saúde, houvesse desistência dos candidatos no dia das provas. Foram surpreendidos com a menor abstenção dos últimos quatro anos. A presença dos candidatos nos locais de prova faz entender que a confiança da sociedade no trabalho do Exército Brasileiro moveu esses cidadãos para os locais de aplicação do concurso, como comprovam as falas de candidatos entrevistados após a realização do concurso: “os protocolos de segurança foram seguidos à risca, a questão da conscientização, a questão do distanciamento social, desde a entrada até o momento de realizar a prova, tudo dentro dos padrões sanitários”, conta Ademir Teixeira; “com relação ao protocolo, achei que não seria tão rígido como foi. Mas Exército é Exército, né?”, constata Mateus Bezerra. Após os exames intelectuais, o concurso seguiu com as suas fases subsequentes, no intuito de selecionar e formar os oficiais, mantendo o fluxo de carreira na Força e contribuindo com a manutenção da prontidão do Exército Brasileiro em missões de “Braço Forte” ou em missões de “Mão Amiga”, cumprindo seus deveres constitucionais com a Nação e com o seu povo, e, por vezes, além deles, professando, como deontologia, o cumprimento do dever e a devoção ao trabalho.
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receber os militares, no segundo semestre, com todos os protocolos sanitários preconizados para a manutenção da saúde de todos. Os alojamentos reservados para os alunos do Curso tiveram suas capacidades de ocupação reduzidas, a fim de que o distanciamento fosse mantido para além das atividades de instrução. Um alojamento foi reservado para oficial-aluno que viesse a apresentar sintoma de COVID-19, de maneira a acomodar o militar em um ambiente reconhecido e preparado para esse fim. A Escola reconhece a necessidade de melhor assistir ao militar, uma vez que ele está distante de casa e sem a assistência da sua família.
Apresentação virtual de TCC Salão de provas convertido em sala de aula
As salas de instrução utilizadas nos anos anteriores não comportavam a turma de forma a atender às regras de distanciamento. Para isso, o Estabelecimento de Ensino readequou o antigo salão de provas, desativado há um bom tempo, reparando toda a sua estrutura, desde a rede elétrica, disponibilizando mais pontos de energia para os equipamentos de informática dos alunos e da equipe de instrução, passando pelas melhorias no arejamento e na circulação de ar, pela pintura de todo o ambiente e pela reestruturação dos banheiros, copa e salas vizinhas para diminuir a necessidade de deslocamentos dos alunos. O antigo salão de provas também recebeu telões interconectados, que possibilitaram melhor visualização das projeções, compensando a luminosidade gerada pela abertura das janelas, e um sistema de som com alcance para o ambiente.
CURSO DE GESTÃO E ASSESSORAMENTO Em outra frente, na especialização dos oficiais superiores do Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior (CGAEM), seguindo as diretrizes do Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército e do Diretor de Educação Superior Militar, a Escola de Formação Complementar do Exército adotou outra recomendação da Portaria nº 30, de 17 de março 2020, do Ministério da Defesa, a de postergar os cursos ainda não iniciados. Em consequência, a parte presencial do 29º turno do CGAEM, prevista para iniciar no dia 23 de março de 2020, foi alocada para o segundo semestre. Após a fase remota, quando fazem uma pós-graduação em Administração Pública, conduzida por uma Instituição de Ensino Superior (IES) contratada, os militares iniciariam a segunda etapa com a apresentação dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) na EsFCEx. Dessa vez, as apresentações aconteceram de forma virtual, valendo-se de meios de Tecnologia de Informação da EsFCEx e da Universidade Sul de Minas (UNIS), IES contratada. Com a suspensão das atividades do CGAEM, os instrutores do Curso passaram a analisar e implementar soluções para
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Palestra do Diretor de Educação Superior Militar
Com a chegada dos alunos, formados em tempo integral, a Escola teve mais uma vez que reajustar os dispositivos adotados para as refeições. Novos horários foram criados para a utilização dos ranchos, que tiveram suas capacidades de acomodação reduzidas em observância aos protocolos. Medidas de higiene e profilaxia, recomendadas pelo órgãos responsáveis, foram adotadas. As aulas foram iniciadas em 12 de agosto com o cumprimento de todas as normas sanitárias. Aos oficiais-alunos foi apresentado o grande desafio de, ao término do Curso, identificar perspectivas profissionais com o enfoque para o pensamento estratégico, o processo decisório, a interoperabilidade entre as Forças, a criatividade, a diversidade de ideias, a intensificação da interação social e das novas tecnologias e metodologias de trabalho.
Diplomação do CGAEM
Aula Inaugural do 30º Turno do CGAEM Descerramento da Placa – 29° Turno do CGAEM
Palestra do SCmt de Operações Terrestres
Durante as semanas que permaneceu em Salvador, o turno, composto por oficiais superiores das Armas, do Quadro de Material Bélico e do Serviço de Intendência, teve instruções sobre Gestão de Pessoal, Logística e Mobilização, Orçamento e Finanças, e Comunicação Social. Não houve casos de contaminação por COVID-19 durante a realização do Curso. Sessenta e oito oficiais do Exército Brasileiro concluíram, no dia 27 de outubro, o Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior e voltaram para suas organizações militares para empregar os conhecimentos adquiridos nas duas fases do Curso. A cerimônia de encerramento, ritual presente em todas as atividades de capacitação do Exército, foi transmitida ao vivo nas redes sociais, para que os familiares, que não puderam se fazer presentes, por conta das medidas de prevenção ao coronavírus, conseguissem dividir a alegria da conquista com os militares que concluíram o CGAEM.
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NOBRE CADINHO
Formatura do CMS – início de 2020
Com a eclosão da pandemia, os alunos do Nobre Cadinho, que geralmente têm carga horária de atividades escolares em período integral, precisaram ser afastados, seguindo as recomendações do DECEx, da DEPA e das autoridades sanitárias. Nem os mais catastróficos e imaginativos esperavam que acordariam em um mundo plausível apenas em filmes de ficção científica. Foram dias duros. O mundo foi privado das atividades corriqueiras e obrigado ao distanciamento, à paciência e à resiliência. Mas o que mantém a humanidade no topo da cadeia, como espécie, é a capacidade de adaptação, além da sua inteligência. O ser humano só vence as adversidades que lhe são impostas porque é adaptável, vive no Saara, na Sibéria, constrói sobre as águas e inventa soluções mirabolantes e, às vezes, aparentemente simples, mas eficientes para resolver os problemas. Usando máscaras de tecido, criatividade e ciência, foi moldando suas necessidades às impostas pelo vírus. Adaptação é a chave. E o CMS tornou-se a escola possível em meio a uma pandemia. Mantendo os valores e a capacidade de adaptação, consubstanciou os conhecimentos necessários para cumprir o ano letivo, ofertou os conteúdos imprescindíveis, e apoiou e foi apoiado pelos jovens e por suas famílias para a superação da crise sanitária.
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AMBIENTE VIRTUAL Os colégios militares já possuíam um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e por essa plataforma passou a realizar as atividades didáticas. Para os alunos do Colégio Militar de Salvador o AVA foi a ferramenta pela qual a educação aconteceu. Em 17 de março, o AVA passou a ser o meio principal de integração e de operacionalização do processo de ensino-aprendizagem. O desafio imposto pela crise de saúde mundial exigiu esforços de todos os envolvidos com a educação. Os professores precisaram adaptar suas capacidades docentes, os pedagogos adaptaram as práticas, os demais agentes fizeram com que a plataforma funcionasse melhor. As necessidades surgiram no dia a dia e foram supridas, os problemas foram sanados e os alunos, já um pouco familiarizados com o mundo digital, precisaram entender que esse espaço, utilizado na maioria das vezes para o lúdico, passou a ser seu lugar de estudo.
materiais para apoio ao ensino remoto, como mesas digitalizadoras, projetores multimídia e webcam; materiais didáticos para a Seção de Atendimento Educacional Especializado, materiais para higiene e balizamento do ambiente escolar, tótens e dispensers de álcool em gel, tapetes sanitizantes, pias para lavar as mãos que foram instaladas nos corredores e pavilhões; divisores de público; banners; adesivos; cartazes; panfletos e fitas adesivas para sinalização. Professora produzindo conteúdo Sinalização de combate à pandemia
Professor em aula virtual
Os pais e responsáveis e toda a família também são partícipes, seja da educação presencial, seja da virtual. O CMS alcança os objetivos que lhe são propostos e os que propõe porque conta com esse elo externo ao Colégio, mas intrínseco ao aluno e ao processo educacional. O CMS está sempre preocupado em estabelecer conexões e trocas com os pais e responsáveis, estimulando-os a estabelecer rotinas para os seus filhos, a apoiar e estimular a busca de conhecimento, a conhecer o progresso que estão galgando, a trocar informações com os professores. Esse alicerce, construído ao longo dos anos, ajuda a encontrar soluções, reprogramar processos, criar laços que fortalecem a Família Garança e superar dificuldades. Essa relação com as famílias se dá de forma individual e também por intermédio da Associação de Pais e Mestres (APM/CMS) e da Associação de Ex-Alunos do CMS. Nos seus 64 anos de história, a Instituição vem agregando aliados na sociedade soteropolitana e baiana, além de contar com esses parceiros sempre que a eles recorre. Apesar do esforço do Exército, do DECEx, da DEPA para adequar as organizações militares às regras impostas pelo combate ao coronavírus, os ditames da administração pública não permitiram a celeridade necessária. No CMS, o apoio da APM e da Associação de Ex-Alunos foi essencial para que, em pouco tempo, o Colégio promovesse as adequações que garantissem segurança para o retorno às aulas. Adquiriram
Associação de Ex-Alunos Campanha de Solidariedade
Em 29 de abril, a Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial divulgou diretrizes a serem implementadas no Sistema Colégio Militar do Brasil, visando à preparação para a reativação das atividades presenciais, com regras para um cenário mais restritivo e para um cenário normalizado. As medidas possibilitariam que todas as Unidades estivessem prontas para o retorno das aulas, após o descontigenciamento de cenários, dentro de suas realidades e condições.
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A DEPA, ao longo de todo o ano de 2020, emitiu orientações, por meio de videoconferências e do acompanhamento diário das informações disponibilizadas pelos CM. A Diretoria produziu memórias documentais que contribuíram para a coordenação e o controle das ações didáticas e administrativas, a fim de que o descontingenciamento das atividades ocorressem de forma gradativa, controlada e coordenada, garantindo, principalmente na área pedagógica, a estabilidade e a segurança aos discentes e docentes do SCMB, e também uma excepcional condição sanitária nos estabelecimentos de ensino. A pandemia reconfigurou os protocolos de higiene pessoal, coletiva e institucional, bem como inseriu a necessidade de desinfecção de ambientes coletivos em face da possibilidade da transmissão da doença. Foi essencial estabelecer novas rotinas e procedimentos, e
adquirir materiais, para prover os cuidados sanitários para o combate ao coronavírus. A EsFCEx/CMS fixou cartazes com orientações do Ministério da Saúde em vários locais, difundindo sintomas do COVID-19, as formas de contaminação e as medidas de prevenção; equipou as instalações com dispositivos sanitizantes; reajustou férias e função dos profissionais de saúde da Unidade; incrementou a higienização; restringiu o acesso do público e determinou, inicialmente, apenas uma entrada para as duas escolas, para garantir maior controle do Posto de Triagem, destinado à checagem de sintomas. Após a verificação inicial, eram transmitidas orientações gerais de medidas preventivas em relação ao vírus, sendo também instalado um posto de atendimento, em ambiente aberto, ventilado, coberto e com uma estrutura de saúde mais adequada para uma segura avaliação dos casos suspeitos.
Medidas sanitárias no CMS
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Profissionais da área de ensino e da administração se uniram e tornaram possível uma educação com suporte nas Tecnologias de Informação e Comunicação. Além de abrigar as aulas, a internet passou a mediar também as formaturas, as atividades de educação física, as avaliações, o apoio pedagógico e o psicológico. A biblioteca da Escola, um espaço que instiga e sacia curiosidades, não parou. O aluno pôde reservar livros virtualmente e buscá-los no sistema de drive-thru, em horário agendado.
Live do Comandante
Live sobre Orientação Vocacional
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O Ensino Híbrido já existia no Colégio Militar de Salvador, mas, como o novo sempre gera desconfiança e estranhamento, as modalidades de ensino-aprendizagem empregadas há anos foram sempre mais fortes, demarcando e fincando território. Apesar das atividades extracurriculares acontecerem pelas redes, as bases curriculares mantêm-se fortemente alicerçadas ao modelo tradicional. Ele tem sido eficaz durante anos, mas os novos meios e os crescentes anseios dos discentes apontam para outros métodos. A pandemia veio apenas acelerar esse processo, exigindo o envolvimento de toda a comunidade escolar, professores, alunos, dirigentes, técnicos e familiares. Os professores reinventaram as práticas de ensino e aprendizado, adquiriram novas capacidades e entregaram aos alunos o conhecimento forjado na dedicação e na superação. Foram estudantes dedicados e curiosos e, com o auxílio da Instituição, dos pares e dos alunos, conquistaram a expertise. Os alunos, já bem melhor adaptados às redes e suas linguagens, absorveram o processo rapidamente e começaram a criar rotinas e consubstanciar conhecimento. No entanto, o distanciamento do ciclo social os fez sentir bastante e, se no começo acreditaram estar de férias, logo sentiram a ausência dos colegas e da atmosfera familiar do Nobre Cadinho. O formato e as ferramentas usadas para a confecção das aulas foram escolhidos pelos professores. O Colégio disponibilizou meios e técnicos para os que precisaram de auxílio ou orientação para o novo modelo implementado. O CMS também se preocupou com os alunos que tiveram dificuldades de acesso ou equipamentos, acompanhando-os e emprestando material, computadores, modems, para que todos tivessem como frequentar as aulas virtuais.
Central de Apoio aos Alunos
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As primeiras avaliações virtuais exigiram uma verdadeira operação de guerra para sua efetivação. Foi criada uma Central de Apoio ao Aluno, onde profissionais de várias especialidades trabalharam para encontrar a melhor forma de utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), sem comprometer a sua capacidade de acesso simultâneo, e para montar uma equipe multidisciplinar com condições de assessorar os pais/responsáveis nas possíveis dúvidas e nos problemas durante a realização da atividade. O aluno pôde consultar livros e materiais didáticos, mas, em hipótese alguma, solicitar o apoio de outra pessoa para solucionar as questões. Com isso, além de testar seus conhecimentos, eles tiveram a oportunidade de internalizar valores, como honestidade, ética e disciplina consciente.
EXERCENDO CIDADANIA Outras atividades constantes no calendário letivo também estrearam na modalidade on-line e cumpriram seu papel de fazer os alunos interagirem entre si e com a comunidade, procurando reinterpretar saberes e construir novos, ajudando a melhorar a realidade do seu tempo e do porvir. As Feiras Cultural e Científica movimentaram a produção de conteúdos, como vídeos, fotos e slides que contribuíram no desenvolvimento de valores e hábitos importantes para a formação integral. O trabalho vencedor da Feira Científica, “A aplicação da tecnologia na prevenção contra o COVID-19, por meio de sensores e da plataforma Arduino”, é um projeto que usa a engenharia para ajudar no combate ao coronavírus e possibilitar um retorno mais seguro às aulas e a outras atividades presenciais. Além de ganhar a Feira Científica, o trabalho foi finalista da 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), na área sanitária.
O dispositivo criado pelos jovens cientistas é constituído de um sistema, programado na linguagem C++ para Arduino, que lê as informações captadas e transmitidas por um sensor de gás sobre os níveis de dióxido de carbono (CO2) no ambiente. Esse gás é um bioindicador e, por intermédio dele, é possível mensurar a quantidade de pessoas em um ambiente. A partir dessas informações, o equipamento emite sinais luminosos e sonoros para alertar sobre os níveis de dióxido de carbono. Ao ser acionado, o sistema realiza o teste do funcionamento dos seus componentes (LEDs e Buzzer) e, após a checagem, o sensor de gás começa a captar o nível de concentração de CO2 presente no local e acende os LEDs de acordo a saturação, indicando se o ambiente está saudável ou não.
Mesmo na pandemia, o CMS manteve seu propósito de formar com valor, buscando alternativas para ministrar os conteúdos e instigando questionamentos e posturas para o exercício da cidadania. No III Mini Sotero MUN, evento de Relações Internacionais que segue a metodologia de simulação do Sistema Nações Unidas, os temas são fantasiosos, mas as questões deflagradas a partir deles são bem reais e fazem pensar sobre as ações da atualidade, seus reflexos no futuro e no desenvolvimento de soluções para os problemas mundiais. Por acontecer remotamente, facilitou a participação do Senhor Jacob Said Netto, Assistente Especial de Assuntos Políticos do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau/Chefe do UNIOGBIS. De suas casas e vestidos em alto estilo, os alunos discutiram questões ambientais, pobreza e desigualdade, sustentabilidade, crise demográfica, entre outras, e buscaram soluções diplomáticas para os conflitos gerados entre e dentro das nações. O Clube de Relações Internacionais oportunizou ainda palestra com o tema “Havard Model UN” (HMUN), com o Aluno Lucas Campos do 3º Ano, e divulgou a participação da Aluna Carolina Santos Guttman, destaque em evento promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO.
III Mini Sotero MUN, evento do Clube de Relações Internacionais
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O Nobre Cadinho comemora as vitórias de cada aluno e os resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2019. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) disponibiliza informações sobre os níveis de aprendizagem em Língua Portuguesa, com ênfase em leitura, e em Matemática, com ênfase em resolução de problemas. Testes para aferi-los são realizados a cada 2 anos com os estudantes do 5º e do 9º Anos do Ensino Fundamental e do 3º Ano do Ensino Médio. O CMS tem a melhor nota da Bahia e do Sistema Colégio Militar do Brasil. A comemoração por esses resultados reflete-se em mais trabalho e dedicação na missão de produzir cidadãos conscientes dos seus deveres e comprometidos com o seu futuro e o do país.
Campanha de Solidariedade – Martagão Gesteira
O Colégio Militar de Salvador também foi pauta da agenda do Instituto de Ensino e Pesquisa da Polícia Militar da Bahia e da Secretaria de Educação do Governo do Estado da Bahia. Esses Órgãos visitaram a Unidade para obter informações sobre o ensino virtual conduzido pelo CMS desde o início da pandemia, a preparação das suas instalações e o planejamento para a volta às aulas presenciais, de forma segura e gradual, alinhada aos protocolos e às orientações sanitárias.
Campanha de Solidariedade Obras Sociais Irmã Dulce
Esse e muitos outros assuntos foram pauta do Clube de Mídia do Colégio. Os alunos produziram e divulgaram muita informação, desde as atividades desenvolvidas pelo Colégio até assuntos de ordem mundial. O bom uso da linguagem vai além da prova do IDEB. Eles utilizam-na para contar suas experiências, seus sentimentos, para entender e discutir o mundo e, a partir daí, transformá-lo. Produziram homenagens aos profissionais de saúde, aos médicos, contribuíram para a Campanha de Solidariedade e Esperança “Nobre Cadinho” – Martagão Gesteira e para as Obras Sociais Irmã Dulce, imaginaram o mundo no futuro, contaram fatos do seu presente e criaram repertórios e vivências que os auxiliarão em seus projetos e na vida.
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Visita da Secretaria de Educação do Estado da Bahia
A EsFCEx/CMS despediu-se de 2020 ainda no enfrentamento à crise sanitária, como todo o mundo. Mas cabe destacar que cumpriu todos os objetivos propostos. Isso só foi possível graças ao empenho e à obstinação de cada um dos seus integrantes, compensando o aumento dos trabalhos e responsabilidades e a redução do efetivo por conta dos rodízios ou por afastamento de profissionais com maior risco ou com algum outro impedimento.
Solenidade de Encerramento do 3º Ano
Além das atividades de ensino e de suas peculiaridades, a EsFCEx/CMS executou a missão que cabe a muitas organizações militares, a de formar reserva de pessoal destinada a atender às necessidades das Forças Armadas, no que se refere aos encargos com a Defesa Nacional. Esses jovens que ingressaram na Escola para prestar o serviço militar obrigatório e também os que fazem parte do efetivo permanente contribuíram efetivamente para a concretização do ensino por meio de suas atividades diárias, ao mesmo tempo em que adquiriram conhecimento e repertório para entender o Exército para além de sua proximidade com aventura e jogos. Aprenderam que a “mão amiga” que se voluntaria para a doação de sangue, que transporta a vacina para indígenas e que monta hospitais de campanha é tão heroica quanto o “braço forte”.
Doação de Sangue
Testagem de COVID-19 – professor
Eles estiveram presentes nos mais diversos setores, como na desinfecção das instalações; na confecção de refeições; na manutenção das instalações; nos Postos de Triagem e atendimentos de saúde; no reparo, manutenção e melhoria das instalações; no transporte de pessoal e meios; na aquisição, compra e alocação de material; na divulgação de informações, entendendo e reproduzindo os saberes do Exército e compreendendo sua posição como cidadão. O ano foi difícil, mas o trabalho árduo e ético impulsiona a Unidade e seus integrantes a seguirem acreditando em dias mais felizes e proporciona satisfação e resultados duradouros.
Entrega da Boina do Soldado
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Sala de aula em 2021
DE VOLTA AO RECINTO SAGRADO No início de 2021, ainda em razão da pandemia, o Colégio Militar de Salvador antecipou o início de suas atividades pedagógicas no ambiente virtual e realizou um período de nivelamento durante as cinco primeiras semanas do ano. A finalidade era fazer uma revisão dos objetos de conhecimento considerados como pré-requisitos (CORE) para o ano letivo de 2021 e consolidar outros transmitidos em 2020. Na sexta semana do ano, o CMS aplicou por meios digitais uma Avaliação Especial sobre o conteúdo revisado no nivelamento, a fim de obter um diagnóstico acerca do aprendizado dos alunos. A partir da sétima semana, iniciada em 8 de março de 2021, o CMS, ainda no modo virtual, começou a desenvolver os conteúdos do ano letivo vigente. No dia 3 de maio de 2021, após 1 ano e 2 meses com aulas apenas na modalidade remota, baseando-se em decretos do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador, o CMS finalmente retornou à tão desejada aula presencial, na modalidade de ensino híbrido, cumprindo todos os protocolos estabelecidos. Destacou-se nesse retorno o sorriso estampado no rosto dos nossos alunos, a satisfação de reencontrar os amigos, professores e demais profissionais do nobre cadinho, e o sentimento de pertencimento a uma Instituição que se prepara e bem cumpre as missões a ela atribuídas.
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Aluna no retorno ao CMS
TRABALHANDO O FUTURO No segundo semestre de 2020, a ideia da Escola de Saúde do Exército (EsSEx) migrar para Salvador começou por meio de um estudo de viabilidade. A Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx) montou um grupo de trabalho para elaborar o documento que se consubstanciou das análises dos diplomas legais; dos levantamentos de bens e da infraestrutura necessários às demandas do ensino e da administração; da viabilidade econômica; das questões ambientais e da possível desvinculação do Colégio Militar de Salvador, tudo para avaliar a exequibilidade da unificação das Escolas de Saúde e Complementar. O estudo foi finalizado em outubro de 2020 e encaminhado para os Órgãos de Direção Setoriais para análise. No final de 2020, de posse das observações do estudo de viabilidade feito pelos Órgãos envolvidos na transferência, a EsFCEx produziu e encaminhou a minuta do Projeto de Transferência, em consonância com as instruções das Normas Gerais para Gerenciamento de Projetos. Dessa minuta constavam o acolhimento da EsSEx pela EsFCEx e a unificação dos Estabelecimentos de Ensino por meio da criação da Escola de Saúde e Formação Complementar do Exército (ESFCEx); bem como a desvinculação do CMS, que passará a ser uma nova Organização Militar. A unificação das Escolas busca padronizar a Formação Básica de Oficiais da Linha Complementar e de Saúde, além da racionalizar meios. Em 25 de março de 2021, as Portarias nº 1504, 1505 e 1506, do Comandante do Exército, endossaram os novos capítulos da história da educação militar na Bahia ao desvincular o Colégio Militar de Salvador da Escola de Formação Complementar do Exército, transferir a Escola de Saúde do Exército para a capital baiana e transformar a Escola de Formação Complementar do Exército em Escola de Saúde e Formação Complementar do Exército. O bairro da Pituba, que recebeu a sede atual das escolas em 1961 e, desde então, vem agregando conhecimento às terras seculares da Bahia e desenvolvendo profissionais e cidadãos forjados no trabalho e nos valores do Exército, agora vai ser também a casa dos médicos, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos e veterinários. As relações entre os Quadros de Saúde e Complementar sempre existiram. A EsFCEx formou durante muitos anos os enfermeiros e veterinários e, em alguns, dentistas e farmacêuticos, reunindo, em uma única OM, conhecimentos diversos que se engrandecem a serviço do Brasil. A EsFCEx possui espaço físico e estrutura para receber os novos alunos, mas vai precisar de reforço para formá-los. Por isso fez um levantamento da necessidade de pessoal para as novas demandas de ensino e administrativas, elaborando um novo Quadro de Cargos Previstos (QCP). Para além da construção do QCP, houve a preocupação de manter os militares das Escolas unificadas informados sobre o andamento do projeto, sobretudo os militares da EsSEx que serão
Equipe de trabalho da EsSEx para transferência
Comandantes da EsSEx e da EsFCEx
transferidos para a Bahia e integrarão a nova Unidade, a atenção de lhes apresentar a guarnição de Salvador, a EsFCEx e o CMS. Pari passu as mudanças pessoais, os militares da Escola de Saúde trabalharam, em parceria com os militares da EsFCEx, no levantamento do material que vai precisar ser enviado à Bahia. Nova casa para os militares de Saúde e nova fase para o ensino militar desenham a futura realidade para 2022. Estão previstos, ainda para execução em 2021, o novo Regulamento da ESFCEx, já proposto, obras de adequação das instalações, unificação curricular da Fase Básica de Instrução, bem como adaptações necessárias para a formação específica – que vai contar com o apoio do Hospital Geral de Salvador (HGeS). Os preparativos para o Concurso de Admissão conjunto foram iniciados, em outubro de 2020, com um levantamento das informações sobre as provas EsSEx, como as etapas exigidas, as cobranças por especialidades, entre outras. De posse dos dados, a EsFCEx começou a trabalhar para unificar o certame, e, em setembro de 2021, conduziu com sucesso os dois concursos, tanto para o QCO quanto para o Serviço de Saúde. Como a Bahia, a Escola da Pituba constitui-se da diversidade e trabalha para acolher os projetos do Exército e da sociedade. O Colégio Militar de Salvador separa-se no nome e na subordinação, mas vai continuar sendo o Nobre Cadinho, a receber o afeto e a atenção dos militares da “Escola irmã”. Organizações distintas que dividem espaços e caminham no mesmo passo para o sucesso da educação, seja ela preparatória e assistencial, seja ela militar.
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Eternos colaboradores e educadores “Nossos mestres indicam o caminho: O trabalho, o saber, o direito E ao sairmos do nobre cadinho Possuímos caráter perfeito.”
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ARISTIDES FRAGA LIMA,
ANTIGO PROFESSOR, PRIMEIRO DECANO DO CMS E INTEGRANTE DO PANTHEON DOS EDUCADORES DO CMS (IN MEMORIAM) Como vimos, o Colégio Militar começou a funcionar. Deus sabe como, e nós somos testemunhas da penúria de seus primeiros dias. Nem salas de aula adequadas, nem mobiliário conveniente, nem lugar próprio para administração, nem pátio de recreação e ginástica, nem pintura e asseio, […] Mas a falta principal era de professores […] Aberto concurso para o Magistério – prova de suficiência para ingresso no Magistério do Exército, para as cadeiras de Português, Francês, Geografia, Desenho, Matemática e Latim, inscreveram-se nove candidatos, dos quais apenas quatro foram aprovados, cuja relação consta do BI nº 10, de 16 de abril de 1957. […] Tendo de abrir as portas do Colégio e fazê-lo funcionar de qualquer jeito, o Cel Uchôa, Comandante do Colégio, convidou os quatro professores civis aprovados e solicitou deles a possibilidade de cooperarem com a instituição, lecionando sem vencimentos, enquanto aguardavam homologação do contrato pelo Tribunal de Contas. Os quatro aceitaram cooperar. Mais tarde, o Cel Uchôa, num desabafo sincero, confessava: “Graças aos quatro professores civis – Fraga Lima, David, Waldir e Remy – o Colégio Militar de Salvador pôde funcionar naquela data”. E o Comandante tinha razão, pois os outros professores eram apenas dois, e da mesma cadeira – História. Dos quatro professores civis, dois desistiram no meio do ano, cansados de esperar pelo contrato; os outros dois, Fraga Lima e David, tiveram a paciência de aguardar durante quase dois anos para serem contratados. David Mendes Pereira e Aristides Fraga Lima, ambos professores efetivos do magistério secundário estadual, deram as primeiras aulas do Colégio Militar de Salvador: o primeiro, de Latim; o segundo, de Português.
Fonte: Lima, Aristides Fraga. Colégio Militar do Salvador: 28 anos. 2 ed. Salvador: 1985, pp 23-24.
IVAN SÉRGIO MARTINS DE SOUZA,
CORONEL DA RESERVA DO EXÉRCITO, EX-ALUNO E PROFESSOR INTEGRANTE DO PANTHEON DOS EDUCADORES DO CMS De acordo com Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, “as famílias formam, e as escolas informam, eis a dualidade da educação integrada”. Porém, o CMS tornou-se uma extensão da minha, devido à formação ética, cívica, moral e disciplinar, adjacentes aos currículos das suas matérias, paternalmente ministradas pelos meus saudosos Mestres, tudo consubstanciado na nossa canção e no nosso Código de Honra. Significa o símbolo da minha gratidão pois, ao assimilar os valores supracitados, tornei-me precocemente um cidadão brasileiro que ama a sua Pátria e sempre cumpriu com os seus deveres, “pratica o bem, não foi vadio e nunca fez mal a ninguém”. Como Professor Pe r m a n e nte d o Magi stéri o do Exército, esforcei-me junto aos meus alunos para que assimilassem sem restrições a disciplina de Geometria Descritiva, Desenho Plano e Matemática. Incentivei-os a seguir a carreira militar. Como Presidente da Associação dos Ex-Alunos do CMS, pugnei disciplinadamente compondo esforços para a reativação do Colégio, desativado em 1988. Os resultados estão publicados em um despretensioso trabalho – NOTAS SOBRE A REATIVAÇÃO DO COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR – disponível na biblioteca do Colégio. Voluntariamente, fui o responsável pela criação do Museu, hoje Espaço Cultural. Auxiliei, naquilo que pude, na implantação da atual EsFCEx (antiga EsAEx), tornandome Chefe de uma Seção encarregada da preparação para o aperfeiçoamento de sargentos e responsável pela organização, execução e apuração dos resultados das provas escritas, orais e físicas para todas as especialidades, objeto do concurso a nível nacional, para o provimento das vagas do QCO (Quadro Complementar de Oficiais). Com muita honra, fui agraciado com a Medalha Marechal Trompowsky, pelo exercício de mais de dez anos de bons serviços prestados ao Magistério do Exército.
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JOSÉ MARQUES DA SILVA,
3º SARGENTO DA RESERVA DO EXÉRCITO, MONITOR INTEGRANTE DO PANTHEON DOS EDUCADORES DO CMS (IN MEMORIAM) Esse momento é muito especial, pois lembramos dos Monitores. Eles são verdadeiros “anjos da guarda” dos alunos. Acompanhavam os estudantes em todos os períodos da vida diária das turmas. Observavam a todos e estavam presentes em todos os momentos, fossem eles bons ou ruins, alegres ou tristes. Um desses Monitores ficou muito conhecido pela sua maneira própria de conduzir os alunos que ficavam sob sua responsabilidade, o “Cabo Marques”. Várias turmas de alunos desfrutaram da experiência especial que era a monitoria do valoroso “Cabo”. Firme, mas carinhoso, exigente, mas justo, rigoroso, mas paciente, esse era o perfil do saudoso “Cabo Marques”. Ao lembrarmos do Sargento Marques, estendemos nossas lembranças a todos os monitores, que, assim como ele, contribuíram para a formação intelectual e humana dos nossos ex-alunos. Minha indagação é: o que nós fizemos de bem e importante, que possa ser garimpado pelos nossos filhos, alunos e amigos, quando recebermos o derradeiro “fora de forma”? O Marques conseguiu estar dentro de nós, mesmo passados 35 anos daquele convívio diário no CMS.
monitoria de alunos, colaborando na educação e desenvolvimento dos valores cívicos e morais dos jovens pertencentes ao “Nobre Cadinho”. Os 35 anos dedicados ao trabalho de monitoria, aliados à firmeza de suas atitudes e convicções, os seus conhecimentos profissionais, o seu espírito de colaboração e renúncia, a lealdade para com os chefes, pares e subordinados, e o especial carinho com os seus alunos conduziram esse nobre militar ao Pantheon dos Educadores do CMS. Fonte: Referência Elogiosa de despedida do 3º Sgt Marques como PTTC da EsAEx/CMS
Sgt Marques na década de 1960
Sgt Marques nos anos de 1980
Fonte: Revista do CMS, 2010. Roberto PEREZ, Al 370 (1970/1975)
Esteve por 18 anos à frente da 5ª série, tornando-se referencial e exemplo de militar e ser humano. Após esse tempo, passou para a reserva. Mas seu coração vibrante de soldado fez falta na formação dos alunos. Então ele foi convidado a retornar ao convívio escolar em 1998. Em cada instrução que ministrava aos seus comandados, o Sargento Marques transmitia patriotismo e disciplina ao coração dos jovens garotos e garotas. E essa dedicação e esse entusiasmo o tornaram um diferencial na história dos educadores do CMS.
Sgt Marques nos anos 2000
Nascido em Itiúba, interior baiano, o 3º Sgt José Marques da Silva incorporou às fileiras do Exército Brasileiro em 1958, na Companhia de Comando e Serviço do CMS, sede de Pitangueiras. Durante anos exerceu a função de corneteiro, porém, devido ao amor pelo Colégio e trato exemplar com os discentes, foi convidado pelo Comando para a
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No dia 27 de setembro de 2019, o então Comandante da EsFCEx/CMS, o Coronel Marconi Gomes Stefanel, realizou, na presença de familiares do Sargento Marques, de ex-alunos representantes da Turma General Antônio Sampaio (1980-1986) e de integrantes da Organização Militar, uma homenagem com a inauguração de uma galeria de monitores do CMS, batizada com o nome do inesquecível Sargento Marques. A criação da galeria surgiu da necessidade de homenagear e deixar eternizada a lembrança às gerações futuras, o trabalho feito pelos monitores do CMS, representado pelo Sgt Marques, que esteve por mais de 18 anos atuando com extrema dedicação e enorme habilidade no trato com os jovens alunos do “Nobre Cadinho”. Na ocasião, foi entregue pelo Cmt da EsFCEx/CMS à Sra. Juliana Rodrigues Marques, esposa do Sgt Marques, uma réplica da placa alusiva.
NADJA DE JESUS MIRANDA, ATUAL DECANA DO CMS
Cheguei ao CMS em 1995, quando fiz concurso. Era o então Coronel Caires, comandante das duas escolas. A recepção, no gabinete dele, no qual estávamos eu e a professora Margarete, foi fundamental para que não tivéssemos dúvidas em assumir a vaga de docente. Ele foi extremamente receptivo e passou uma imagem de lugar ideal para dar aula. No início do ano letivo de 1996, éramos vários professores recém-chegados, cheios de brilhos nos olhos, estimulados e com muita vontade de atuar da melhor forma como professores. Desde 1996 até hoje, vivenciei a passagem de 13 comandantes e lembro o nome de todos. Essa conta é fácil, mas quantos estudantes? […] Teve ano que dei aula em dois anos/séries paralelamente e 2 anos que fiquei afastada para o doutorado, equivale a, aproximadamente, 2.400 alunos que passaram por mim. […] Durante esses 26 anos, presenciei muitas mudanças. A primeira turma que dei aula foi da 7ª série. Era a turma do primeiro concurso depois da reabertura do CMS, estudantes que hoje encontro como colegas de trabalho (Maj Antunes e Farias)! Isso é uma felicidade! […] Ao longo desses anos foram muitos desafios, muitos aprendizados para oferecer o melhor para os alunos em sala de aula. Desafios nem sempre fáceis, nem sempre de resolução imediata, mas encarados com bom senso e muito equilíbrio emocional para suplantá-los! Os estudantes foram sempre a minha maior motivação, quando escutei vários depoimentos, como: “prof, preciso de agradecer, meu filho nunca gostou de História e a Sra. conseguiu o milagre dele gostar”; “é você a professora Nadja, que fez minha filha gostar de História?” “Prof, a senhora é minha inspiração”. Encontrar ex-alunas como minha colega – Ten Renata, ser professora de uma aluna (Juliana Belo), cujo pai também foi aluno do CMS (César Belo). Tudo isso me inspira e me fortalece. Somando-se a isso, destaco os chefes que passaram por mim e que sempre creditaram confiança no meu trabalho e valorizaram o meu desempenho profissional. Ademais aqueles que contribuíram para viabilizar a continuidade dos meus estudos de Mestrado e Doutorado. E como não posso deixar de destacar como motivação as amizades que construí ao longo desses anos na Instituição. Amigos que me incentivaram a continuar os estudos, me apoiaram e me inspiraram, como Deusdedete e Margarete; amigos que me fortaleceram quando perdi minha mãe (foram e são muitos); amigos que estiveram comigo quando tive problemas de saúde; amigos que me deram uma palavra de apoio, um abraço, a mão, quando não me sentia emocionalmente bem; amigos que extrapolam os muros do CMS. Nossa! Sem eles e elas, esses 26 anos não seriam os mesmos! […]
HIDELMO ALVES PASSOS,
CORONEL DA RESERVA DO EXÉRCITO, EX-ALUNO E PROFESSOR INTEGRANTE DO PANTHEON DOS EDUCADORES DO CMS O Cel R/1 Hidelmo Alves Passos (Cel Passos) é um ex-aluno e professor destaque no Pantheon dos Educadores do CMS. Ingressou no CMS em abril de 1957, na sede de Pitangueiras, após aprovação em um exame de admissão que contou com a participação de 648 meninos para disputar as 152 vagas oferecidas na 1ª série do ginásio. Após concluir a 4ª série, seguiu para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas-SP. Em 1964, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras e começou a sua formação como cadete da Arma de Engenharia. Já em 1974, no posto de Capitão, transferiu-se para o Quadro de Engenheiros Militares no Instituto Militar de Engenharia. Na Guarnição de Salvador, deixou sua contribuição e marca pessoal na Comissão Regional de Obras da 6ª Região Militar. O Cel Passos teve papel fundamental na gestão das obras de implantação da Escola de Administração do Exército (atual EsFCEx), de construção e adaptações para a reativação do Colégio Militar de Salvador, de urbanização e construção da arquibancada na piscina semiolímpica, projetos para a construção do Pavilhão da Banda de Música e na elaboração do projeto para a construção do galpão com arquibancada no Centro de Biodiversidade desta OM. Ainda no serviço ativo, os anos de 1995 e 1996 marcaram o início da sua trajetória como docente, atuando como Professor Colaborador de Geometria Descritiva para os alunos do Ensino Médio no Colégio Militar de Salvador. Após a passagem para a reserva, em novembro de 1996, este brilhante Oficial retornou como Prestador de Tarefa por Tempo Certo (PTTC), dando continuidade às atividades relativas ao ensino no “Nobre Cadinho”. “O CMS ocupa um lugar privilegiado na minha vida presente, pois guardo na minha memória ter pertencido à primeira turma e, também, a ele estive ligado não só na ativa como na reserva.” Fonte: Revista do CMS, 2003; Referência Elogiosa de despedida do Cel Passos como PTTC da EsFCEx/CMS
A soma de tudo isso e a crença no papel de uma boa educação na vida de crianças e jovens me fazem pensar e repensar em me aposentar.... essa decisão tem a ver com o acolhimento, a confiança e a valorização profissional da atual gestão, também!!
Nadja de Jesus Miranda, professora de História do CMS
Cel R/1 Passos em 2012
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PROFESSORES DESTAQUES DO CMS
A partir do ano de 2009, o CMS começou a eleger oficialmente o docente destaque de cada ano letivo. O professor é escolhido por meio de votação dos corpos docente e discente, e posterior homologação do Diretor de Ensino. Desse modo, o professor agraciado é homenageado durante a Visita de Supervisão Escolar da DEPA.
PROFESSORA MARIA LUIZA (2009)
CAPITÃO ALINE (2010)
PROFESSOR ANTÔNIO (2011)
CAPITÃO ASSIS (2015)
MAJOR GENEBALDO (2012)
PROFESSORA FLÁVIA FRÓIS (2013)
PROFESSORA ILKA (2014)
TENENTE FORASTIERI (2018)
PROFESSORA KARINA (2019)
TENENTE MORAIS (2020)
TENENTE GISELDA (2016)
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CAPITÃO ANDRÉ MENDES (2017)
OUTROS ANTIGOS
PROFESSORES A avaliação que os ex-alunos faziam dos professores é de que eram docentes de alta competência. Alguns deles, como o Cel Luiz Arthur e o Prof. David Mendes Pereira, eram figuras, à época, de projeção no Governo da Bahia e da Prefeitura de Salvador. Outros tinham muito lastro e larga experiência de ensino, como o Cel Lima, Prof. Carlos Barros, Prof. José Nunes e o Prof. Salvador D’Ávila. Para os ex-alunos
Professor Remy de Souza (Francês) e Cel Ramos
isso era visivelmente percebido em sala de aula, em razão do grau de atenção e interesse que esses e outros mestres conseguiam despertar no corpo discente. Por tudo que fizeram em prol da formação dos alunos do CMS, os eternos agradecimentos a todos os nossos queridos professores que passaram por este Recinto Sagrado.
Professor David Mendes Pereira (Latim e Língua Portuguesa)
Coronel Benzi, Professor Osvaldir, Professor Salvador, Brioude, Professor Remy, Capitão Nunes, Professor Deraldo, Professor Edmilson, Professor Patrocínio e Professor Leão
Professores da década de 1960
Major Nunes, Professor Leão (História), Professor Osvaldir (Geografia), Professor Patrocínio (Geografia), Professor Medrado (EMC), Professor Deraldo (Geografia), Professor Edmilson (História), Salvador D’Avila e Coronel Benzi.
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EDUCADORES EM LEMBRANÇA
PROFESSORA ADAIR MIRANDA EMER Minha vivência no CMS: do Cel Saldanha ao Cel Costa Neto, foram 11 comandantes, cada um com suas peculiaridades, mas nenhum deixou a desejar, porque sempre tive o suporte da sua equipe de apoio. Iniciei no CMS em 27 de setembro de 1998, na Seção Psicopedagógica, sendo muito bem acolhida por todos os integrantes e chefes. Em 2012, passei a integrar o Apoio Pedagógico do CMS, sob a coordenação da então Maj Aline. Lá, aprendi a fazer inclusão escolar, a resgatar conhecimentos e a colocar os alunos na mesma cadência do saber pedagógico. Nunca encontrei portas fechadas no CMS, sempre tive apoio de todos, mas, em especial, os professores que acreditam em apoio pedagógico, as companhias de alunos e a Ajudância do CA, pois durante todo o ano letivo me mantêm informada das idas e vindas dos nossos alunos, porque o alicerce da minha prática pedagógica é o aluno do CMS. Em breve, retornarei para cumprir a minha missão no Nobre Cadinho. Parabéns, querida escola! Adair Miranda Emer, pedagoga do CMS
MAJOR ROSÂNGELA PEREIRA FIGUEIREDO A Maj Rosângela Pereira Figueiredo (in memoriam) ingressou no Exército Brasileiro no ano de 1996. Graduada em Matemática pela UCSAL, essa soteropolitana retornou para o CMS em 2001, após servir por quatro anos no Colégio Militar de Curitiba (CMC). Possuidora de uma alegria contagiante, chefiou de forma destacada a Seção de Ensino “B” – Matemática e Desenho –, além de atuar como coordenadora de ano escolar e prestar os seus serviços à Seção de Apoio Pedagógico. Em 2011, reconfigurou a organização da Feira Cultural do CMS, elevando o nível de seleção dos trabalhos, a coordenação dos professores orientadores e a estrutura logística do evento, de modo que toda a comunidade escolar participasse de forma colaborativa nessa rica atividade pedagógica.
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PROFESSORA SIMONE MIRANDA BASTOS A professora Simone ingressou no CMS, no ano de 1998, com a missão de lecionar Informática Educacional para os jovens alunos do Recinto Sagrado. Tão logo, assessorou a Direção na criação e na administração do Laboratório de Informática, de modo a apresentar ao corpo discente as ferramentas básicas para o ingresso no mundo digital. Enquanto gestora do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do CMS, destaca-se pela dedicação e abnegação demonstradas na organização e no gerenciamento desse espaço de ensino e aprendizagem do nosso Colégio. A imediata migração do ensino presencial para o ensino remoto, ocorrida no dia 18 de março de 2020, só foi possível graças à existência das salas de aula virtuais planejadas anualmente por essa docente. A sua vibração com o emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na área educacional garantiu à Direção do CMS toda a confiança e a tranquilidade para implementar as orientações emanadas pela DEPA durante o período de aulas remotas. O seu trabalho solitário e incansável é digno de todo o respeito e consideração pelos seus pares, pelos agentes de ensino e pelo Comando da EsFCEx/CMS.
Sou professora de informática educacional do CMS desde o ano de 1998. Participei da implantação do AVA no ano de 2010, sendo a gestora desse espaço de aprendizagem desde então. Fico feliz e realizada ao perceber que contribuí de maneira destacada na migração do ensino presencial para o ensino remoto durante a pandemia da COVID-19. Aguardamos ansiosamente pelo reencontro com os nossos alunos, mas certa de que o ensino híbrido fará parte do dia a dia da nossa comunidade escolar. Enfim, sou privilegiada e tenho um orgulho muito grande de fazer parte deste Recinto Sagrado, um estabelecimento de ensino que é referência para o SCMB e para o país. Simone Miranda Bastos, professora do CMS
PROFESSOR JOSÉ DEUSDEDETE DE OLIVEIRA O professor José Deusdedete de Oliveira (in memoriam), natural de Monte Santo/BA, ingressou no Sistema Colégio Militar do Brasil por meio de concurso público, em 1977, mais especificamente no CMRJ, onde contribuiu com seus conhecimentos na disciplina de História. Em 1996, transferiu-se para o CMS, atuando como professor, chefe de subseção e coordenador do 3º ano (Prevest). A sua trajetória profissional de seriedade fez com que este professor conquistasse a amizade de todos, a admiração de muitos e a confiança dos professores civis no trato dos assuntos da carreira docente perante a Direção do CMS. Fonte: adaptada da Revista do CMS, 2005
PROFESSORA ANA ISABEL DUARTE MACHADO Em 20 de janeiro de 1995, fui removida do quadro de magistério do Governo do Estado da Bahia para o Colégio Militar de Salvador, onde passei a laborar como professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Durante esse período que estive à disposição do Colégio Militar de Salvador, fui agraciada pelo Instituto de Docentes do Magistério Militar com a Medalha da Ordem do Mérito Conselheiro Thomaz Coelho, por relevantes contribuições ao ensino da EsFCEx/CMS. Participei por vários anos de apresentações com alunos do colégio militar no programa Soletrando, apresentado pela Rede Globo, onde obtivemos classificações diversas, três semifinais e uma final em segundo lugar. No ano de 2014, participei da 4ª edição da Oficina Regional de Poema, na Olimpíada de Língua Portuguesa em Belo Horizonte – MG, onde se fizeram presentes diversos estabelecimentos de ensino da rede pública do país. Em trabalho conjunto com a professora de Artes, desenvolvemos diversos projetos de literatura, para apresentação à DEPA. No ano de 2019, requeri minha aposentadoria. Desses vinte e cinco anos de serviço, vinte e quatro foram prestados à cadeira de Português do Colégio Militar de Salvador. Ana Isabel Duarte Machado, antiga professora de Língua Portuguesa do CMS
PROFESSORA MARIA LUIZA NUNES DE ARAÚJO O que falar dos meus sentimentos em relação ao CMS? Foram aproximadamente 23 anos que passei neste Nobre Cadinho; cadinho este que me fez sentir muitas emoções e por que não dizer as realizações como professora? Para resumir, existem três palavras que definem os anos que passei no CMS: AMOR, GRATIDÃO e ORGULHO. Amor por ter compreendido a proposta do CMS e vivenciado em sala de aula; gratidão por ter conquistado novos amigos, pois estes me fizeram crescer em todos os aspectos da minha vida; orgulho por ter feito parte do nobre corpo docente do CMS. Maria Luiza Nunes de Araújo, antiga professora de Língua Portuguesa do CMS
1º TEN R/2 MARCO ANTÔNIO MORAIS FERREIRA O 1º Ten R/2 Morais foi o professor destaque do CMS no ano de 2020. Esse militar da reserva serviu no Colégio durante oito anos, sendo uma referência e um exemplo de dedicação e comprometimento com a nobre missão de ensinar.
Ser professor do Colégio Militar de Salvador é com certeza um grande desafio profissional e pessoal, que poucos têm orgulho de vivenciar. Sendo professor e militar, aprendemos no cotidiano da caserna o que queremos transmitir de valores aos nossos jovens discentes para que saiam cidadãos formados de fato e preparados para somar em sociedade. 1º Ten R/2 Morais, professor de História do CMS
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COLABORADORES ETERNOS EX-ALUNOS CEL R/1 CLAUDIO ANTONIO DA COSTA DOURADO Quando fui para a reserva do Exército Brasileiro, o CMS estava reabrindo as portas para o funcionamento escolar. Fui convidado para trabalhar e fiquei por 15 anos, e formar jovens a partir da minha experiência foi um grande estímulo. Com o 1º Ten José Luiz, fomentamos nos discentes a cultura de participar das Olimpíadas de Matemática e implantamos a Oficina de Xadrez para o corpo discente. Em 1999, consegui a doação de um Relógio de Sol para a EsFCEx/CMS. Esse Relógio é um dos poucos georreferenciados, lembrando que, naquela época, a tecnologia do GPS não era de fácil acesso. Enfim, acho que aprendi mais do que ensinei no Recinto Sagrado. Cel R/1 Claudio Antonio da Costa Dourado, antigo professor de Matemática do CMS
TEN CEL R/1 ALINE CRISTINA DE ARAÚJO Durante meus anos de magistério no CMS, no ensino regular ou nas classes de apoio pedagógico, fui guiada por uma pedagogia do pertencimento. A legislação (o R-69) prevê que os CM existem para os dependentes de militares e para os demais por meio de processo seletivo, capacitandoos a entrar em escolas militares ou em instituições civis de ensino superior. A minha luta foi para que esses grupos se unissem não apenas nas formaturas, no orgulhoso brado do “Zum Zaravalho”, mas para que eles crescessem juntos nos padrões de aprendizagem, até que os rótulos “amparado” e “concursado” não tivessem mais sentido, quando da saída pelo Portão das Armas, no terceiro ano. Perdi alguns no caminho, mas acho que, ainda assim, todos os que passaram por mim souberam que eu estava a serviço do progresso deles. Ten Cel R/1 Aline Cristina de Araújo, professora de Língua Portuguesa do CMS
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GENERAL DE EXÉRCITO ARTUR COSTA MOURA O General de Exército Artur Costa Moura foi o primeiro aluno baiano a ascender ao Alto-Comando do Exército. Estudou no Colégio Militar de Salvador e incorporou às fileiras do Exército Brasileiro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), graduando-se na Arma de Infantaria, em 1978. Durante a sua carreira, exerceu diversas funções de destaque, dentre elas: Comandante do 19º Batalhão de Caçadores, Comandante da 6ª Região Militar, Comandante Militar do Nordeste e Chefe do Departamento-Geral do Pessoal.
EX-GOVERNADOR CÉSAR BORGES O Senhor César Borges ingressou no CMS em 1961, ainda no bairro de Pitangueiras, onde estudou até a 2ª série do Ensino Médio. Natural de Salvador/BA e com 72 anos, é graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia – UFBA (1971), onde também foi professor universitário nas Cadeiras de Estradas e Transportes. Foi Deputado Estadual, Vice-Governador e Governador deste Estado, além de ser eleito Senador Federal pela Bahia no ano de 2002.
Nos anos 60 o CMS já era uma referência do ensino médio na cidade de Salvador e estado da Bahia. Criado em Jequié, interior do estado, cidade onde meus pais nasceram e viveram, distante 360km da capital, fiz aí o ensino primário. Aos 10 anos de idade, por orientação paterna, desloquei-me para Salvador, para iniciar a preparação e submeter-me à “admissão” ao CMS em cursos particulares existentes. Fui admitido em 1961, quando o CMS ainda era em Pitangueiras, e cursei o primeiro semestre, quando entrei em contato com a disciplina e qualidade de ensino típico de um Colégio Militar, onde se combinavam e somavam respeito, disciplina, ensino de qualidade e amor à Pátria. No segundo semestre daquele ano, o CMS transferiuse para sua nova e excelente sede no bairro da Pituba, com a implantação do internato. Estive como interno até o seu encerramento ao final do ano, por decisão administrativa. Como era natural, vindo de uma cidade do interior do estado, com um nível de ensino inferior ao encontrado no CMS, tive de esforçar-me bastante nos estudos para lograr êxito, passando de ano, ao tempo que recebia instrução de ordem unida e prática de esportes. No ano de 1962, cursei a 2ª Série do ensino médio com bastante afinco, para manter-me com notas satisfatórias, frente ao nível de exigência dos qualificados professores do colégio. No mesmo ano, com a eleição do Presidente Jânio Quadros, houve um movimento de transferir os colégios militares do âmbito do Ministério do Exército para o Ministério da Educação, onde acreditava-se que se perderia em grande parte os requisitos encontrados no CMS. Aliado a este fato, e já tendo meu irmão mais velho no internato do Colégio Marista, meus pais indicaram minha transferência para aquele estabelecimento de ensino. O CMS marcou desde a sua implantação em nossa capital, uma referência de ensino de escol, que, sem demérito a outros colégios, tinha um papel destacado de liderança. Para mim, em particular, representou não apenas um ganho pedagógico
extraordinário, mas também me deu balizas para servir de guias ao longo da minha vida estudantil e profissional. Reputo, em muito, o sucesso obtido para concluir o curso médio e ensino secundário, assim como o sucesso no vestibular para a Escola Politécnica de Engenharia da UFBA, às bases obtidas no curto espaço de tempo em que estive no CMS, onde também fiz colegas e amigos para toda a vida. Foi com sentimento de fazer justiça ao estabelecimento de ensino de excelência que é o CMS e como Governador que pude cumprir com o dever com a educação do meu estado e da cidade de Salvador, contribuir para a ampliação e perpetuidade desse grande colégio. O diferencial de poder exercer um cargo público é fazer com que os recursos disponíveis tenham a aplicação no que é essencial para a população: educação é a número um. Portanto, apenas cumpri com a minha obrigação, participando no esforço de que o CMS tivesse no seu atual prédio: laboratórios de química, física, informática, e um auditório à altura do colégio e de suas tradições. Em 2007, exercendo o cargo de Senador da República pelo meu Estado, tive a honra, durante as comemorações do Jubileu de Ouro do CMS, de receber como homenagem meus registros escolares, que alcancei nos anos de 1961 e 1962, com o nome de guerra 54 RABELLO, sendo um momento de grande emoção para mim, mas principalmente um sentimento de gratidão pelo que recebi do CMS, que me é útil ao longo da vida.
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ENGENHEIRO MÁRIO GORDILHO
CEL R/1 LEANDRO MORAES RAMOS
O Engenheiro Mário de Paula Guimarães Gordilho é ex-aluno do CMS e baiano, Engenheiro Civil, ex-diretor do Banco Econômico, antigo Superintendente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia e antigo Superintendente de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Esse ex-aluno da turma de 1959 foi um eterno batalhador pelo sucesso do Recinto Sagrado e teve participação fundamental em todas as ações de reabertura, em particular, nas três fases de construção das atuais instalações do Nobre Cadinho. Após a epopeia para reativação do CMS, manteve as ações auxiliando o comando do Colégio na construção da primeira fase do Pavilhão Sgt Marques, em 1993, e na sua conclusão em 2003. Já em 2011, a articulação dele foi essencial para montar o grupo de projetistas que doaram os projetos de arquitetura e engenharia ao CMS, viabilizando a construção do Pavilhão Prof. Aristides, após longos 26 anos de espera.
O Coronel R/1 Leandro Moraes Ramos é um ex-aluno do CMS que por vários anos contribuiu para a evolução dos dois Estabelecimentos de Ensino. Desempenhou as funções de Chefe da Divisão de Ensino do CMS e de Subdiretor de Ensino. Na EsFCEx, participou ativamente na formação de diversas turmas do Quadro Complementar. Entretanto, destacou-se na estruturação e na condução do Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior (CGAEM) após a transferência desse curso da ECEME para EsFCEx. Suas habilidades e competências foram essenciais no apoio ao planejamento da transferência dos cursos da Escola de Saúde do Exército (EsSEx) para a nova sede em Salvador.
CEL R/1 SALOMÃO JOSÉ DE SANTANA O Coronel R/1 Salomão José de Santana foi aluno deste Colégio na década de 1980, tornou-se Oficial do EB e regressou ao “Nobre Cadinho” para retribuir com dedicação e fidelidade a formação recebida na educação básica. Trabalhou no Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar da EsAEx, desempenhando desde a função de Instrutor a Subdiretor de Ensino. Foi Chefe da Divisão de Concursos e, posteriormente, Subcomandante da EsFCEx/CMS. No CMS, atuou como Comandante de Companhia de Alunos, Supervisor Escolar, Chefe da Divisão de Ensino e Subdiretor de Ensino. Foi um dos responsáveis pela implantação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) no ano de 2010, por meio da plataforma Moodle. Um dos grandes articuladores para a construção do Pavilhão Aristides Fraga Lima, Cel Salomão passou para a reserva remunerada em 2014, mas acompanhou a obra voluntariamente até a sua conclusão em 2017. Em 2019, como Superintendente do Patrimônio da União na Bahia, sua participação foi fundamental para a assinatura do Termo de Regularização Patrimonial da área destinada à EsFCEx/CMS. “O CMS é a fundação sólida das minhas habilidades e competências. É incrível como nossas vidas se cruzam...”
Cel R/1 Salomão
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ARQUITETO IVAN SMARCEVSCKI O Arquiteto Ivan Smarcevscki é ex-aluno do CMS. Contribuiu de forma relevante na construção do Pavilhão Professor Aristides Fraga Lima, segundo pavilhão do CMS após a reativação. Participou da equipe de projetistas, sendo o responsável técnico pelos projetos de arquitetura.
O Colégio Militar de Salvador significou na minha juventude o ponto de partida para que eu pudesse entender que a disciplina, a organização, a hierarquia, o respeito são essenciais na nossa caminhada, e todos esses valores norteiam a minha vida na direção moral, intelectual e profissional. Hoje como arquiteto, conduzo todas as minhas iniciativas, orientações, administrações, baseado nesses conceitos que adquiri nos anos em que convivi com os militares. Gratidão sempre!
ENGENHEIRO FRANCISCO CRUZ VIEIRA O Engenheiro Francisco Cruz Vieira é ex-aluno do CMS e também contribuiu sobremaneira na construção do Pavilhão Professor Aristides Fraga Lima. Participou da equipe de projetistas, sendo o responsável pelo levantamento topográfico da área da construção do pavilhão.
COLABORADORES EM DESTAQUE – AMIGOS
ENGENHEIRO THALES DE AZEVEDO O Engenheiro Thales de Azevedo teve papel de grande relevância na construção do Pavilhão Professor Aristides Fraga Lima. Participou da equipe de projetistas, sendo o responsável técnico pelos projetos de instalações elétricas, hidráulicas e cabeamentos da edificação do nosso Recinto Sagrado.
Tenho muita admiração pelo Colégio Militar. Foi uma grata satisfação retribuir ao Exército Brasileiro a aprendizagem que obtive no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva e nos Batalhões em que servi como oficial temporário.
GENERAL DE DIVISÃO MARCOS EDSON GONÇALVES DIAS O General de Divisão Marcos Edson Gonçalves Dias, como Comandante da 6ª Região Militar, teve um papel essencial para a captação de recursos financeiros junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, bem como para a participação dos projetistas na construção do prédio administrativo do CMS, o Pavilhão Professor Aristides Fraga Lima.
ENGENHEIRO VLADIMIR MENEZES O Engenheiro Vladimir Menezes, responsável por uma exaluna, contribuiu de forma significativa na construção do segundo pavilhão do CMS após reabertura, Pavilhão Professor Aristides Fraga Lima. Atuou voluntariamente na equipe de projetistas e responsáveis técnicos do projeto estrutural da edificação do Nobre Cadinho.
FOTÓGRAFA MARIA JOSÉ SILVA Meu sentimento pelo Exército Brasileiro e pela EsFCEx/CMS é muito grande, é como amasse a mim mesma. Eu conheci a então EsAEx/CMS em 1986, aos 26 anos de idade. Em 1989, fechou o CMS; e retornou em 1994. Tenho muito orgulho em prestar meu serviço aqui, respeito a todos os comandantes, a todo o corpo docente, aos soldados, às crianças como se fossem os meus próprios netos. O meu amor pelo quartel é muito grande. Lamento pelo afastamento devido à pandemia.
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COLABORADORES EM LEMBRANÇA – APOIO ADMINISTRATIVO SERVIDOR CIVIL SENHOR GETÚLIO ESPEDITO TOLENTINO ALVARES O Senhor Getúlio Espedito Tolentino Alvares (in memoriam), nascido em Salvador/BA, era servidor público federal, na função de Agente Administrativo. Por mais de 21 anos prestou serviços de instalação e manutenção de equipamentos eletrônicos para a EsAEx/CMS, colaborando efetivamente com as atividades de sonorização dos eventos realizados. Ao longo desses anos, presenciou a desativação do CMS (1988), a criação da EsAEx (1989) e a reativação do CMS (1994). Por tudo que realizou em prol do Exército Brasileiro, o Senhor Getúlio é integrante da galeria de amigos que escreveram a história das nossas escolas de formação.
3º SGT JOSÉ ALBINO DE CERQUEIRA O 3º Sgt José Albino de Cerqueira (in memoriam) iniciou a sua vida na caserna em Aracaju/SE, serviu em Marabá/PA e, por último, empregou a excelência das suas habilidades na EsAEx/CMS. Era integrante da Seção de Educação Física, pois adorava esportes, como as artes marciais, além de meditação, livros e, principalmente, a Natureza. Foi responsável pela iniciativa de criação de uma horta na OM, zelando pela sua manutenção e conscientização da comunidade escolar. Foi, assim, um dos pioneiros na utilização da área conhecida hoje como Centro de Pesquisa da Biodiversidade Sargento Albino.
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OS COMANDANTES
“Em tempos de guerra ou de paz, exercer o comando e tornar-se responsável por outras vidas é o maior desafio
O exercício do comando é o mais nobre desafio da carreira do oficial, exigindo-lhe o máximo de sua experiência, conhecimento profissional, dedicação e abnegação que, alicerçados em atributos como entusiasmo, flexibilidade, tato e discernimento, constituem os ingredientes essenciais da arte de comandar.
de qualquer líder”.
Comandar a Escola e contribuir com a formação intelectual, física e moral de jovens cidadãos e de oficiais do Exército Brasileiro é prestar um serviço à Nação.
Alberoni Francesco, “A Arte de Comandar”. Rocco, 2004.
Desde a gênese do CMS, perpassando a criação da EsAEx e da EsFCEx, até o ano de 2021, trinta militares tiveram a honra de comandar esses renomados Estabelecimentos de Ensino:
“As palavras são importantes, mas o que vale é o exemplo.” Esopo - Grécia séc VI a.C.
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CORONEL DE INFANTARIA RUBEM MENDES DA COSTA NETO 14 FEV 20 – 15 DEZ 21 * 08-04-1970, EM SALVADOR, BA. TURMA DE FORMAÇÃO: 1991.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); curso Avançado de Inteligência, curso Avançado de Operações Psicológicas e curso de Estado-Maior de Defesa (ESG). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante da Companhia de Comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva; Instrutor-Chefe do Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado; Instrutor do Curso de Infantaria da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais; Chefe das Seções de Inteligência e de Comunicação Social do Comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva; Oficial de Operações da Divisão de Planejamento do Centro de Comunicação Social do Exército; Chefe da Seção de Comunicação Social do 1º Batalhão de Infantaria de Força de Paz no Haiti; Chefe da Seção de Comunicação Social da 6ª Região Militar; Comandante do 6º Batalhão de Polícia do Exército; Conselheiro Militar das Nações Unidas no Escritório Integrado para a Construção da Paz na Guiné-Bissau; e Subchefe da Assessoria de Planejamento e Gestão do Departamento-Geral do Pessoal. Seu comando foi marcado por um período de muitas atividades e transformações, dentre as quais merecem destaque: a elaboração e a conclusão do projeto de desvinculação do Colégio Militar de Salvador (CMS) da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx); a supervisão dos trabalhos referente à transformação das Escolas de Saúde do Exército e de Formação Complementar do Exército em Escola de Saúde e Formação Complementar do Exército (ESFCEx); a implantação das medidas de segurança impostas por ocasião da pandemia da COVID-19; a adequação das salas com material para transmissão das aulas on-line e espelhamento; e uma série de melhorias e reformas nas instalações do CMS e da EsFCEx. A par disso, obteve excelentes resultados nas inspeções logísticas, alcançando índices para aprovação no Programa de Auditoria em Segurança Alimentar (PASA), e muito bons resultados também nas visitas de orientação da ICFEx, sendo a Escola uma referência na administração para as demais Organizações Militares da Guarnição. Acerca dos fatos que ocorreram durante seu comando e sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino, assim se pronunciou:
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É um presente comandar a Escola onde homens e mulheres realizam sua formação militar como Oficial do Quadro Complementar e aprendem a cultivar e a entender a alma militar, e, ao mesmo tempo, o Colégio Militar de Salvador, instituição em que minha filha Maria Fernanda está estudando. É a realização de uma aspiração profissional que, confesso, pensava impossível, mas que, com trabalho, dedicação, perseverança e amor à profissão, se tornou uma realidade. Está sendo uma honra estar à frente de um estabelecimento de ensino de tamanha envergadura e com missões tão nobres e variadas. Esta missão tem sido um enorme desafio profissional, quiçá o maior da minha carreira, pela complexidade de conjugar missões tão distintas, desde a formação do soldado, passando pela formação do aluno do CMS, pela formação/ especialização/aperfeiçoamento dos Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (QCO) e do Quadro de Capelães Militares (QCM), e pela especialização dos Oficiais Superiores da nossa Força, por meio do CGAEM, tendo que manter em alto nível a qualidade em todas essas atividades. Costumo dizer às visitas que recebemos que a EsFCEx/CMS é a única Escola da Força que trabalha com todas as linhas de ensino do Exército, desde o aluno do CMS até o aluno no posto de Coronel do CGAEM. O desafio realmente não tem sido fácil, pois além da formação e do ensino, há necessidade de gerir um grande efetivo, mais de 1500 alunos e profissionais de várias e diferentes áreas, civis ou militares, bem como de gerir uma infraestrutura grande, antiga, com instalações e materiais espalhados em uma área de 250.000m². Como se não bastasse, a Escola gerencia e conduz dois concursos públicos, um para o CFO do QC e do QCM e outro para o CMS. A partir deste ano, irá abarcar um terceiro concurso, o do CFO de Saúde, que já está em andamento. Em virtude desse incremento, teremos dois editais do concurso do CFO, uma para o QCO e QCM e o outro para o pessoal de Saúde, com 54 provas diferentes. A experiência acumulada ao longo de mais de 33 anos de serviço, o entusiasmo pela missão e a possibilidade de contar com uma equipe de profissionais militares e civis, seja da área de ensino ou administrativa, comprometida, motivada e integrada, têm colaborado muito para o êxito das missões, apesar das restrições impostas pela pandemia da COVID-19 e pelas outras inúmeras atribuições extras recebidas em 2020/21, como o estudo de viabilidade da vinda da EsSEx para EsFCEx; a elaboração da minuta deste projeto; o planejamento e a condução do Curso de Pós-Graduação em Administração Hospitalar já em 2021; o planejamento da desvinculação do CMS da EsFCEx, e a elaboração de diversos documentos referentes às novas escolas (ESFCEx e CMS), tais como Quadro de Cargos Previstos, Regulamentos, memórias, pareceres de mérito e propostas de portarias. Ao longo do Comando, além das atividades inerentes à formação e à especialização, que são a razão de ser dessas Escolas, não descuidamos em momento algum da manutenção desse enorme aquartelamento composto de vários prédios e, principalmente, da administração de pessoal e material, reajustando e aprimorando diversos processos, alcançando índices excepcionais no PASA, na inspeção logística e na visita de auditoria da antiga 6ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército.
Sem dúvida, este Comando recebeu “uma pitada de sal” daquelas que a gente não esquece jamais. O bom de tudo isso foi perceber que, mesmo em tempos difíceis e na adversidade, combatemos o bom combate e a nossa Instituição, a EsFCEx e o CMS estão crescendo e se aprimorando ainda mais, demonstrando assim o valor da nossa Força e dos nossos militares em evoluir e cumprir a missão, pois ela sempre será o farol. Por tudo que tenho visto, com certeza, quando essa situação de excepcionalidade provocada pela pandemia passar, perceberemos que foi um momento difícil, extremamente complexo, mas de vitória, de aprendizado e de crescimento pessoal, quando a solidariedade, a união, a força e a fé fizeram a diferença. O trabalho de ambas as Escolas é fantástico e, por mais que imaginasse o quanto seria gratificante e prazeroso, só vivenciando as atividades no dia a dia desses dois Estabelecimentos de Ensino e vendo a satisfação, a vibração e a evolução dos nossos alunos do CMS e da EsFCEx, para perceber a real grandeza dessa missão e sentir a emoção de poder contribuir para a formação desses futuros cidadãos e profissionais militares. Nessa Escola, pude constatar o valor do nosso sistema de ensino e como uma educação, conduzida com organização, seriedade, disciplina, dedicação e planejamento, produz excelentes resultados. Tive a grata satisfação também de perceber o quanto a engrenagem do trinômio “Família – Escola – Aluno” pode fortalecer o processo de ensino-aprendizagem e exercer um papel fundamental na educação baseada em valores e na gestão educacional. Durante este Comando, aprendi a valorizar ainda mais os nossos profissionais do QCO e constatar como eles têm sido importantes para a Instituição, na medida em que conjugam muito bem o saber e a força, ratificando a sábia frase do poeta baiano Castro Alves, que está cravada no Pavilhão Maria Quitéria: “nem cora o livro de ombrear co’o sabre... nem cora o sabre de chamá-lo irmão”. Aos nossos militares e civis integrantes da EsFCEx/CMS, está sendo uma honra contar com o apoio, o trabalho, o empenho e a camaradagem dos senhores(as) na manutenção dessa longa trajetória de sucesso e dessa sólida e reconhecida competência na arte de ensinar. Deixo meu registro de respeito e satisfação em comandar esses homens e mulheres que hoje integram este complexo e que têm demostrado competência e elevado espírito de cumprimento de missão, sem os quais a nobre missão de formar e ensinar dificilmente seria realizada. Não esqueçamos jamais que os nossos alunos do CMS e da EsFCEx são a razão da nossa existência. Consagrados neste templo do saber, nos rituais de nossas formaturas, nos afazeres de nossas atividades, na excelência dos nossos mestres, agentes de ensino, instrutores, monitores e do corpo permanente, unimo-nos ao legado de nossos antecessores para reafirmar princípios e valores intrínsecos ao nosso “nobre cadinho” e à “casa do QCO”. Aqui se vive para aprender e aprende-se para viver, a fim de que cada pessoa, uma vez feliz, leal e forte, seja abnegada em favor do seu país. Por fim, rogo a Deus, ao Senhor do Bonfim e a Santa Dulce dos Pobres que continuem a nos proteger e guiar, sempre com zelo, nestas terras seculares da Bahia.
CORONEL DE CAVALARIA MARCONI GOMES STEFANEL 08 FEV 18 – 14 FEV 20 * 31-08-1967, EM SANTA MARIA, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1990.
Principais cursos militares realizados: curso de Defesa Química, Biológica e Nuclear; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante de Subunidade do 9º Regimento de Cavalaria Blindado e do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado; Instrutor da EsAEx e EsFCEx; Subcomandante do 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e EsFCEx; Ch da 3ª Seção da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; Comandante do 10º Batalhão Logístico; Oficial da 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército; e Chefe do Estado-Maior da 6ª RM. Atuou de forma efetiva nas áreas do ensino e administrativa, proporcionando inúmeras realizações à Comunidade Garança. Com foco no trinômio Família-Escola-Aluno, o CMS alcançou resultados expressivos durante seu biênio de Comando nas Feiras Globais do Conhecimento da DEPA e nas Olimpíadas Estaduais e Nacionais, merecendo destaque: 1º lugar no IDEB de 2019, o 1º lugar no III Desafio Global do Conhecimento, 4º lugar geral na competição de robótica e 2° lugar na competição de “QUIZ” no IV Desafio Global do Conhecimento. Durante seu comando, gerenciou o projeto de transferência do Estágio de Instrução e Adaptação para Capelães Militares (EIA/CM) da AMAN para a EsFCEx, em 2018, e a sua transformação em Curso de Formação de Capelães Militares; gerenciou o projeto de transferência do Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior (CGAEM) da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) para a EsFCEx, bem como atualizou os planos de disciplina do Curso de Formação de Oficiais. Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino responsável pela formação e pelo aperfeiçoamento dos Oficiais do Quadro Complementar, bem como pela formação dos alunos do CMS, para a sociedade brasileira, e em especial para a sociedade baiana, assim se pronunciou: As sociedades baiana e brasileira crescem e se desenvolvem, tanto interna como externamente, ao abrigar um EE com duas Escolas de renome.
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O CMS valoriza o ensino e os valores, moldando intelectual e fisicamente os jovens alunos, colocando na sociedade pessoas com excelente cultura e em condições de dar exemplos e cobrar patriotismo, civismo, espírito de corpo e camaradagem, dentre outros, em qualquer profissão escolhida e/ou pronto para continuar na carreira militar nas Forças Armadas e Auxiliares. A EsFCEx transforma o cidadão com curso superior em um militar para exercer funções administrativas correlatas; aperfeiçoa esses militares no posto de Capitão; e ainda ministra o CGAEM que qualifica Maj e TC para funções de relevância na Instituição. Tudo isso eleva o ensino e a carreira militar, transformando Salvador em celeiro de aprendizagem, fomentando ainda mais a busca por conhecimentos. O trinômio Escola-Aluno-Família norteou meu comando e continuo acreditando que, com o esforço da Escola, com a dedicação integral do Aluno e com o apoio e incentivo da Família, forma-se uma coesão muito forte que desenvolve o Estabelecimento de Ensino, facilita a aprendizagem do aluno e aproxima a família da Escola. Agradeço a família EsFCEx/CMS pela ajuda durante meu comando e continuem unidos para o crescimento deste Estabelecimento de Ensino e progresso de nosso Brasil.
CORONEL DE ENGENHARIA CARLOS HASSLER 1º DEZ 15 – 08 FEV 18 *16-04-1966, EM CURITIBA, PR. TURMA DE FORMAÇÃO: 1987.
Principais cursos militares realizados: curso de Defesa Química, Biológica e Nuclear; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); Mestrado em Aplicações Militares (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); Mestrado em Ciências Militares (ECEME); e Doutorado em Ciências Militares (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da AMAN; Missão de Paz – Angola; Instrutor da ECEME; Comandante do 1º Batalhão Ferroviário; Chefe do Centro de Operações de Engenharia e Chefe do Estado-Maior do 2º Grupamento de Engenharia; Chefe do Estado-Maior da 5ª Região Militar; e Adido na República da África do Sul. Na área Administrativa e Patrimonial, realizou várias obras de melhorias na infraestrutura, como: a implantação de rede Wi-Fi na Escola, a modernização de inúmeras dependências do CM e o início do projeto de climatização das salas de aula. Concluiu as obras do novo prédio destinado à Divisão de Ensino do CMS e de outras repartições, como o Edifício Fraga Lima.
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Durante seu comando, gerenciou o planejamento e a preparação para o início do CGAEM na Escola. Na área do ensino, destacou-se por implementar o Atendimento Educacional Especializado, dentro do Projeto de Implantação da Educação Inclusiva no SMCB. Buscou resgatar o viés “educação com valores”, considerando que o sucesso no cognitivo vem a reboque. Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino responsável pela formação e pelo aperfeiçoamento dos Oficiais do Quadro Complementar e Capelães Militares, bem como pela formação dos alunos do CMS, pela preparação de Oficiais Superiores para as funções de chefia e assessoramento de EM e, também, de Ordenador de Despesas, assim se pronunciou: A importância da EsFCEx é dar uma “oportunidade” de apresentar um novo ponto de vista quanto à visão profissional e à visão de Brasil a um público cujas convicções social-político-ideológicas já estão construídas. Apesar do viés totalmente técnico da formação, o contato com os valores da caserna e com os militares da Escola, instrutores ou não, em um sistema de convívio intenso, permite aos alunos (público de alto quociente intelectual) “experimentarem” uma forma nova, para a grande maioria, de enxergarem a profissão e o país. O tempo do Curso, embora curto, é suficiente para dar aos alunos a opção pela adoção ou não dos valores e ideais do Exército Brasileiro, fator essencial para o futuro desempenho destes profissionais no seio da Força, em benefício do conjunto da sociedade brasileira. A importância do CMS, impactante na sociedade baiana, mas não restrita a ela dada a permeabilidade nacional e internacional dos destinos de seus ex-alunos, se expressa nos atributos e qualidades neles desenvolvidos durante o período escolar, que os acompanham pela vida, após sua formatura do ensino médio. A educação integral desenvolvida no CMS permite à comunidade absorver anualmente cidadãos preparados e críticos. Disciplina, força de vontade, dedicação, autocontrole, espírito crítico, independência de pensamentos e respeito são valores que servem como facilitadores do sucesso pessoal e profissional não apenas de seus detentores, mas, colimados com os mesmos valores de outros, passam a ter um potencial transformador na construção e evolução da sociedade como um todo. “Querida família EsFCEx/CMS, à qual tenho a honra de pertencer – formulo a frase no presente, pois meu coração sempre sentirá que faz parte integrante deste universo de mentes e corações que sonham juntos a construção de novas vidas, sejam elas infanto-juvenis ou jovens-adultas. A canção do 6º Batalhão de Engenharia de Construção traz em sua letra a seguinte frase: “...convencidos de que estamos lutando a mais bela batalha do mundo...”; já que, para um engenheiro, a integração que permite o desenvolvimento humano é a mais nobre missão.
Creio que todos os educadores (professores/instrutores, quadros dos Corpos de Alunos, servidores da área operacional e administrativa, familiares) têm o mesmo sentimento, de estarem “lutando a mais bela batalha do mundo”, pois a integração propiciada pelo conhecimento é essencial ao desenvolvimento humano. O que engenheiros e educadores devem ter em mente é que tanto o desenvolvimento material quanto o intelectual podem conduzir ao caos e à desgraça, se a sua implementação não estiver alicerçada em sólidos valores. Meu pedido, então, aos que hoje estão na linha de frente do ensino, na “Mais Bela Batalha do Mundo”, é de que sempre cumpram com o compromisso de nossa EsFCEx/CMS: “Educação Alicerçada em Valores”. Deus os abençoe! Pátria! Brasil!
CORONEL DE CAVALARIA MARCOS SOUTO DE LIMA 07 FEV 14 – 1º DEZ 15 *25-02-1965, EM CABO FRIO, RJ. TURMA DE FORMAÇÃO: 1986.
Principais cursos militares realizados: curso de Manutenção de Material Bélico; curso de Defesa Nacional (EDENA); curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da AMAN; Subcomandante do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado; Instrutor da ECEME; Adjunto da Seção de Ligação de Adidos – EME; Assessor de Cavalaria da Cooperação Militar Brasileira no Paraguai; Chefe da Seção de Estratégia e Administração da Escola de Comando e Estado-Maior; Comandante do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado; e Instrutor-Chefe do Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior. Durante seu comando, foi concluído o projeto de transferência da estrutura de apoio do CMS para o novo prédio com a destinação dos espaços do Pavilhão Dois de Julho para atividades pedagógicas. Ainda na área do CMS, merece destaque a organização e a condução, em 2015, da XXV Reunião do Conselho de Ensino da DEPA (CEDEPA). Dentre as suas ações na área de Educação da EsFCEx, vale lembrar da realização de três projetos específicos para o Curso de Formação de Oficiais: modernização das instalações, construção do estúdio de Comunicação Social e do laboratório de Defesa Cibernética.
CORONEL DE ARTILHARIA CARLOS ALBERTO MANSUR 09 FEV 12 – 07 FEV 14 *18-08-1962, EM PARANAGUÁ, PR. TURMA DE FORMAÇÃO: 1983.
Principais cursos militares realizados: curso de Manutenção de Material Bélico; curso Básico de Montanha; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Operações na Selva; curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da AMAN; Observador Militar das Nações Unidas na Guatemala (MINUGUA); Chefe do Estado-Maior da 1ª Brigada de Infantaria de Selva; Adido Adjunto de Defesa, Naval, do Exército e da Aeronáutica na China, Coreia e Vietnã; Adjunto da 3ª Seção do Comando Militar do Sudeste; Chefe da Seção de Medalhística da Secretaria-Geral do Exército; Comandante do 10º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva; Subchefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia; Comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva; Comandante da 5ª Região Militar; Comandante da 12ª Região Militar; Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército; Vice-Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Durante seu comando, buscou estabelecer um harmonioso, seguro e salutar clima organizacional, dando especial atenção às necessidades referentes às instalações, das quais se destacam: o início da construção do Pavilhão II do Colégio Militar de Salvador; a construção do prédio administrativo da Seção de Educação Física; e a ampliação da Academia de Musculação. Na área do ensino e da administração, criou um projeto de capacitação interna de militares do corpo permanente; criou uma Seção de Apoio para Assuntos Jurídicos, buscando dar mais celeridade aos processos judiciais; deu início ao projeto da “Escola em Tempo Integral” com o 6° ano e, no ano seguinte, com os 7° e 8° anos, contribuindo com o aumento na qualidade do ensino. Na vertente de Comunicação Social, buscou constantemente o aumento da interatividade com os públicos interno e externo. Merecem destaque durante seu biênio de comando: a EsFCEx contou pela primeira vez, em seu corpo discente, com alunos do Serviço de Saúde (dentistas e farmacêuticos); a Escola prestou apoio à 6ª RM nas atividades de segurança na execução da Copa das Confederações FIFA; a participação no grupo de trabalho para estudar o ingresso do segmento feminino na linha de Ensino Militar Bélico na AMAN; e a participação de
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um aluno do Colégio Militar na fase final do quadro Soletrando, realizado no programa “Caldeirão do Huck”, da Rede Globo de Televisão, obtendo o segundo lugar. Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino para a sociedade brasileira, assim se pronunciou: A Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador (EsFCEx/CMS) é um estabelecimento “sui generis”, sem semelhança com nenhuma outra escola do Sistema de Educação e Cultura do Exército. Atende o ensino básico do fundamental II ao médio por meio do Colégio Militar, abrangendo um universo na faixa etária de 10 a 17 anos e cuja missão é: ministrar a educação básica de qualidade, nos níveis fundamental (6º ao 9º ano) e médio (1º ao 3º ano), em consonância com a legislação federal da educação nacional, obedecendo às leis e aos regulamentos em vigor, segundo valores, costumes e tradições do Exército Brasileiro, visando a assegurar a formação do cidadão e despertando vocações para a carreira militar. Também atende o ensino militar, por meio da EsFCEx, abrangendo um universo na faixa etária de 21 a 32 anos, com a missão de formar, especializar e aperfeiçoar os Oficiais do Quadro Complementar e do Serviço de Assistência Religiosa, bem como preparar com excelência os Assessores de Gestão de Estado-Maior do Exército Brasileiro.
CORONEL DE INFANTARIA HEITOR BEZERRA LEITE 09 FEV 10 – 09 FEV 12 *1º-10-1958, EM RECIFE, PE. TURMA DE FORMAÇÃO: 1981.
Principais cursos militares realizados: curso Básico Paraquedista; curso de Motociclista Militar; curso de Combatente de Montanha; curso de Combatente de Caatinga; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante do 72° Batalhão de Infantaria Motorizado; Instrutor da EsPCEx; Instrutor da AMAN; Instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME); Missão de Paz das Nações Unidas no Timor-Leste; Chefe do Estado-Maior da 7ª Região Militar. Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino que forma cidadãos para a sociedade brasileira, e em especial para a baiana, assim se pronunciou: Ao tempo em que proporcionam à sociedade baiana ter em seu território dois estabelecimentos de ensino de excelência, despertando nos jovens (CMS) e adultos (EsFCEx) a vocação para a carreira das armas, contribuem sobremaneira
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para uma educação de qualidade da sociedade brasileira, recebendo alunos de todos os rincões de nossa Pátria. O Colégio Militar de Salvador, além de sua missão assistencial aos filhos de militares, é responsável pela elevação dos índices da educação básica, alcançando os melhores resultados do Ideb, na Bahia e no Brasil, e aprovando expressivo número de alunos para as faculdades brasileiras e para as escolas de formação de oficiais das Forças Armadas. Durante o meu comando, um aspecto a ser destacado, na área de ensino do CMS, foi a implantação, após minucioso planejamento realizado por membros do qualificado corpo docente, do ensino em tempo integral, de forma pioneira no Sistema Colégio Militar do Brasil. Tal modalidade acrescentou, ao ensino de qualidade já existente, várias outras atividades culturais, físicas e de reforço do próprio programa educacional, resultando numa formação ainda melhor. O intercâmbio de língua inglesa, com a viagem de alunos aos EUA, e o Festival da Canção também são aspectos a destacar na complementação da formação dos nossos alunos. Outro aspecto a destacar, na área de ensino, foi a transformação da então EsAEx (Escola de Administração do Exército) em EsFCEx (Escola de Formação Complementar do Exército), quando recebeu em Salvador alunos da Escola de Saúde do Exército, uniformizando e aperfeiçoando a formação de oficiais, a partir da otimização dos recursos humanos e materiais, numa escola mais bem estruturada. Já na área administrativa, um aspecto a destacar no CMS, foi o projeto arquitetônico do segundo pavilhão, previsto desde o reinício das atividades do Colégio, após um período sem funcionar. Anos se passaram e essa importante obra não era realizada, quando, numa ação junto ao MEC, conseguimos os recursos para a construção. Destaque-se que todos os projetos de engenharia foram ofertados gratuitamente pelo escritório de um ex-aluno. Outros aspectos que gostaria de destacar foram a instalação da Sede da Associação de Pais e Mestres, tão importante na formação dos nossos alunos, a organização do Pátio dos Patronos, com nomes e bustos dos vultos ligados à nossa história Militar, e a volta do uso das barretinas no uniforme de gala. Vivi intensa e integralmente os gratificantes momentos durante o meu comando e, como memórias mais marcantes, cito a recepção matinal diária aos alunos, no portão do colégio, para o início das atividades; as belíssimas formaturas matinais, quando todos davam provas de disciplina e civismo; a visita diária às salas de aula do CMS e de instrução da EsFCEx, bem como à sala dos professores; a parada de 7 de Setembro e o aniversário da EsFCEx/ CMS, quando os alunos sempre compareciam como prova de seu amor pelo colégio e pelos companheiros. Gostaria de destacar a extraordinária participação dos professores civis, oficiais, subtenentes e sargentos, cabos e soldados, bem como dos funcionários e dos pais ou responsáveis pelos alunos, na condução de todas as atividades, pelo que serei sempre muito grato. Aos amigos civis e militares da Guarnição de Salvador, somente boas lembranças. À minha esposa e filhos, gratidão pelo apoio irrestrito.
CORONEL DE ENGENHARIA JÚLIO CESAR DE ARRUDA 15 FEV 08 – 09 FEV 10 *09-01-1959, EM CUIABÁ, MT. TURMA DE FORMAÇÃO: 1981.
Principais cursos militares realizados: curso Básico de Paraquedista; curso Mestre de Salto; curso Salto Livre Básico e Avançado; curso de Ações de Comandos; curso de Forças Especiais e Escalador Básico; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Subcomandante da Companhia de Forças Especiais do 1º Batalhão de Forças Especiais; Instrutor do Curso de Comandos e Forças Especiais; Comandante da Companhia de Engenharia do 9º Batalhão de Engenharia de Construção; Instrutor de Engenharia da EsAO; Observador Militar da UNAVEM II em Angola; Subcomandante do 1º Batalhão de Forças Especiais; Instrutor da ECEME; Assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Assessor da Missão de Cooperação Militar Brasileira no Paraguai; Comandante do 1º Batalhão de Forças Especiais; Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras; Comandante de Operações Especiais; Diretor de Educação Superior Militar; Subcomandante de Operações Terrestres; Vice-Chefe do Departamento de Engenharia e Construção; Comandante Militar do Leste; e Chefe do Departamento de Engenharia e Construção. Durante seu comando, merece destaque, no tocante à gestão do ensino, a modernização dos Laboratórios de Informática; a implantação do acesso à Rede Comunitária de Ensino e Pesquisa; a aquisição e a instalação de servidores mais modernos para a rede de informática; e a instalação de projetores de multimídia em diversas salas de aula. Na gestão administrativa, destacam-se as reformas dos refeitórios de alunos, de vestiários, banheiros, salas de professores e áreas de esportes.
A nossa Escola é uma instituição ímpar e pioneira e, na verdade, ainda bastante jovem, se compararmos com a trajetória de outras escolas do Exército. Não seria exagero afirmar, no entanto, que a EsFCEx já é responsável por um importante legado na formação de recursos humanos para o Exército e para a sociedade. Afinal, são 33 anos de dedicação à educação, capacitando homens e mulheres ao exercício de suas funções e contribuindo para o aumento da operacionalidade da Força Terrestre. A EsFCEx demonstrou, ao longo desses anos, uma impressionante flexibilidade e capacidade de adaptação, adequando-se a novas conjunturas e demandas da Força. Prova disso é que, em tempos recentes, além da formação dos oficiais do QCO, recebeu o encargo de selecionar e formar oficiais do Quadro de Capelães Militares, bem como de especializar oficiais superiores no curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior, missões complexas e desafiadoras, que foram enfrentadas com entusiasmo, serenidade e competência. Já o nosso querido Colégio Militar de Salvador, o Nobre Cadinho, dispensa maiores apresentações. É uma instituição tradicional, exemplar, com 64 anos de existência, perfeitamente integrada à sociedade soteropolitana e dedicada integralmente à missão de promover uma educação de excelência, desenvolvendo valores e atitudes e preparando jovens alunos para o exercício da cidadania, quaisquer que sejam suas opções profissionais. O comando da EsFCEx/CMS foi uma missão nobre, vibrante, desafiadora e instigante. Busquei, em todas as oportunidades, desenvolver um ambiente acolhedor e elevar o espírito de corpo entre seus integrantes. A nossa principal motivação sempre foi a crença na educação como ferramenta fundamental para a construção de um País melhor. Vislumbrando hoje o caminho trilhado pela Escola e, especialmente, comprovando a sua notória contribuição para o nosso Exército, é com orgulho e saudade que relembramos, eu e minha família, o feliz período em Salvador. Transmito aos integrantes da EsFCEx/CMS, de ontem, de hoje e de sempre, as minhas felicitações pela excelência do trabalho desenvolvido e faço votos de que sigamos no cumprimento dessa importante missão, em prol do Exército e do Brasil.
CORONEL DE CAVALARIA JOAREZ ALVES PEREIRA JÚNIOR
Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino, deixou o seguinte registro:
06 FEV 06 – 15 FEV 08 *12-02-1961, EM BRAGANÇA PAULISTA, SP. TURMA DE FORMAÇÃO: 1982.
Tive o privilégio de comandar a EsFCEx/CMS, à época EsAEx/CMS, nos anos de 2008 e 2009, ocasião em que pude participar, à frente de uma abnegada equipe de oficiais, praças, professores e servidores civis, da formação de duas turmas do Quadro Complementar de Oficiais (QCO), além de contribuir com a oferta de educação integral e de elevada qualidade para jovens brasileiros, integrantes do Sistema Colégio Militar do Brasil.
Principais cursos militares realizados: curso Básico de Paraquedista; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Inteligência Internacional – EUA; curso da Escola de Guerra do Exército dos EUA; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
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Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: integrante da XXV Viagem de Instrução do Navio-Escola Custódio de Melo; Instrutor da AMAN e da ECEME; Observador militar das Nações Unidas na ex-Iugoslávia; Ajudante de Ordens do Gabinete do Comandante do Exército; Oficial do Gabinete de Segurança Institucional; Comandante da 6ª Região Militar; e Vice-Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Durante seu comando, foram criadas e reformadas diferentes instalações e espaços das Escolas: salas de aula e áreas de convivência; áreas destinadas à educação ambiental, à prática de dança, ao aprendizado e aprimoramento no jogo de xadrez; auditórios; laboratórios; espaços desportivos; refeitórios; e a inauguração do espaço cultural, “mini museu”. Sobre a importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino responsável pela formação e pelo aperfeiçoamento dos Oficiais do Quadro Complementar e Capelães Militares, bem como pela formação dos alunos do CMS e pela preparação de Oficiais Superiores para as funções de chefia e assessoramento de Estado-Maior e, também, de Ordenador de Despesas, assim se pronunciou: Primeiramente, é preciso destacar que a Escola de Formação Complementar do Exército – EsFCEx (no meu tempo era Escola de Administração do Exército – EsAEx) e o Colégio Militar de Salvador, embora se tratem de uma única Organização Militar, com um único Comandante, na verdade são dois Estabelecimentos de Ensino com perfis bastante diferentes. A EsFCEx é a única escola de formação dos oficiais de carreira da chamada linha complementar e tem o compromisso de trabalhar naquilo que é o valor principal de qualquer organização: a qualidade do seu pessoal. Nesse sentido, colabora e é base fundamental da formação de parcela importante do quadro de profissionais da força de trabalho do Exército Brasileiro, ou seja, parte daqueles que irão conduzir os desígnios da Instituição. Já o Colégio Militar trabalha com nossos jovens nos ensinos fundamental e médio, filhos ou não de militares. Ao desenvolver os princípios da Educação Militar, oferece não somente ensino de qualidade, mas trabalha aspectos relevantes da construção de valores e de atitudes comportamentais positivas. E talvez esteja nesse segundo aspecto o grande diferencial e o grande valor da educação oferecida no Colégio, que contribuirá para a formação de jovens com qualificação técnica elevada e dotados de valores pessoais relevantes. Dessa forma, eles irão contribuir para a sociedade baiana e brasileira, na medida em que os jovens de hoje irão compor a nossa liderança do amanhã, nos mais diferentes campos de atuação. A mensagem que deixo para a querida família da EsFCEx/CMS é a de otimismo para com o futuro do Exército da nossa Nação. Nossas escolas e os familiares dos nossos alunos trabalham com o que há de mais precioso para o Exército Brasileiro e para a nossa sociedade: as pessoas. Alicerçados nas pilastras que sustentam a Educação Militar, ensino, pesquisa e desenvolvimento de valores, as Escolas investem na formação de excelentes profissionais e cidadãos. São os homens que constroem a história e a EsFCEx/CMS procura, naquilo que lhe cabe, formar nossos líderes do amanhã, que irão contribuir para o engrandecimento da Instituição Militar e da sociedade brasileira.
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CORONEL DE CAVALARIA LOURIVAL CARVALHO SILVA 06 FEV 04 – 06 FEV 06 *10-12-1958, EM PARAGUAÇU PAULISTA, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1981.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais na Marinha; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Piloto de Combate no Centro de Instrução de Aviação do Exército; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor do Centro de Instrução de Aviação do Exército; Instrutor da ECEME; Oficial de ligação da ECEME na Escola de Guerra Naval; Oficial do Gabinete do Comandante do Exército; Adido do Exército Brasileiro na França/Bélgica; Diretor de Serviço Militar; Comandante da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; Diretor de Educação Técnica Militar; Diretor de Avaliação e Promoções; Comandante da 5ª Divisão de Exército; Comandante Militar do Oeste; e Secretário de Economia e Finanças. Seu comando foi marcado por um período de intensa atividade nas áreas administrativa, patrimonial e de ensino com a construção, o melhoramento e a instalação na infraestrutura de ambos os Estabelecimentos de Ensino. No CMS, merecem destaque: reativação do Laboratório de Informática e da sala de estar para os professores; construção de um Monumento à FEB; ativação de uma enfermaria no pavilhão de aulas; eliminação das inundações no 1º piso; mudança de local das refeições dos alunos; reforma dos vestiário e banheiros dos alunos; recuperação dos para-raios existentes no telhado do pavilhão de aulas; instalação de sistema de som em todos os pisos do pavilhão de aulas; reativação do Museu; reativação do Livro de Honra; ativação do Diploma de assiduidade; colocação de Quadro de Honra e sua ativação; confecção de Antologia Escolar; implementação da Feira Cultural; realização de Simpósio Interdisciplinar; implementação de Formatura Mensal com o Coronel-Aluno presidindo; reativação do Manual do Aluno; e reativação do informativo “O Berimbau”. Na EsAEx, foram inúmeras as suas realizações, como: construção de um Monumento ao QCO, no antigo Pátio Maria Quitéria; reforma da fachada da EsAEx voltada para a Avenida Paulo VI; confecção de malotes padronizados para o transporte de provas do concurso da EsAEx; colocação de um Quadro em homenagem a Maria Quitéria no Salão de Honra; revitalização do auditório da EsAEx; reforma do corpo da guarda da EsAEx; reforma da Divisão de Concursos; revisão da iluminação do antigo Pátio Maria Quitéria; pintura e recuperação dos mastros para as bandeiras dos Estados no Pátio Maria Quitéria; recuperação do teto do palanque do Pátio Maria Quitéria; instalação de forro em todas as antessalas dos apartamentos do Alojamento do CFO; reforma das janelas da EsAEx; reforma do mastro
principal do Pátio Maria Quitéria; colocação de dois portões de alumínio no portão principal da EsAEx; ativação da Seção de PNR; reativação da enfermaria de ST/Sgt e reforma da sala de curativos na Seção de Saúde; reforma das Capelas Católica, Evangélica e do Núcleo de Militares Espíritas; reforma do interior do rancho (cozinha, depósitos e cassinos) e da sua fachada; instalação do sistema de ronda eletrônica em toda a Escola e do Circuito Fechado de TV. Acerca da relevância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino, deixou esse importante registro: A EsFCEx/CMS é um Estabelecimento de Ensino que apresenta público-alvo bastante abrangente e amplo espectro multidisciplinar. Possui no corpo permanente segmentos bastante heterogêneos, destacando militares de diversas armas, quadros e serviços e professores qualificados nas mais diversas áreas do conhecimento para cumprir a missão destinada à Escola. A EsFCEx/CMS possui importância inconteste para o Exército. Como Colégio Militar, não tem somente a missão de ministrar a educação básica, nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e no ensino médio, mas também de preparar o jovem cidadão brasileiro, enriquecendo-o nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora. Como responsável pela formação de oficiais do Quadro Complementar e Capelães Militares, este Estabelecimento de Ensino promove o ajustamento do oficial-aluno às rotinas do Exército, adequando os conhecimentos acadêmicos às peculiaridades organizacionais da Força. Cabe destacar que os oficiais egressos da EsFCEx iniciam sua trajetória como competentes assessores, podendo prosseguir na carreira até o posto de coronel. A Escola, como responsável pelo Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior, possui enorme capilaridade para disseminar os conhecimentos por todo o Exército. Prepara oficiais selecionados para desempenharem diversas funções, inclusive a de Ordenador de Despesas, apresentando, assim, grande relevância para o Sistema de Economia e Finanças e para o Exército. Somente neste pequeno resumo das atribuições deste Estabelecimento de Ensino, pode-se verificar sua importância para os mais diversos Sistemas do Exército, caracterizando-se por ser uma Organização Militar de grande magnitude e que contribui para a constante melhoria do Exército como um todo.
de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da AMAN e da EsAO; Observador Militar da ONU – El Salvador; Adido de Defesa, Naval e do Exército Brasileiro no Suriname; Oficial do Gabinete do Comandante do Exército no Centro de Inteligência; Comandante da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras; Chefe do Centro de Inteligência do Exército; Comandante das Forças Militares Internacionais da MINUSTAH; Secretário-Executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Secretário de Economia e Finanças do Exército; Comandante Militar do Sul; Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia; e Comandante do Exército. No que diz respeito à importância da EsFCEx/CMS como Estabelecimento de Ensino responsável pela formação e pelo aperfeiçoamento dos Oficiais do Quadro Complementar e Capelães Militares, pela formação dos alunos do CMS e pela preparação de Oficiais Superiores para as funções de chefia e assessoramento de EM e, também, de Ordenador de Despesas, assim se pronunciou: Não é segredo que o exercício do comando representa o ápice da carreira militar. Desde o momento em que ingressamos nas escolas de formação, esse objetivo está ali, aguardando o preparo, o autoaperfeiçoamento e o acúmulo de experiências, até que estejamos aptos a exercê-lo em sua plenitude. Tive o privilégio de encontrar esse momento no Pátio Maria Quitéria, da então Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador, em 4 de fevereiro de 2002, quando essa Organização Militar contava ainda com pouco mais de treze anos de existência. Ao receber o comando do Coronel Roberto Fantoni Saurin, percebi os desafios que teria pela frente. Chefiar e dirigir dois Estabelecimentos de Ensino terminaria por revelar-se tarefa complexa, mas também recompensadora. Acompanhar e contribuir com a educação de crianças e adolescentes, no ensino preparatório e assistencial, foi de fato, um privilégio. Assistir essa fase de crescimento pessoal e escolar, pelas salas do Nobre Cadinho, dava a mim a certeza de que todos estavam iniciando um trajeto de sucesso pessoal e profissional, quer no meio militar, quer no meio civil.
04 FEV 02 – 06 FEV 04 *02-01-1955, EM DOM PEDRITO, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1977.
Não era diferente com os oficiais-alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar. Acompanhei duas Turmas, cada qual com mais de uma centena de homens e mulheres que engrandeceriam o nome do Exército e ajudariam a construir um País melhor. O brado orgulhoso, a Canção entoada a cada formatura, a marcha vibrante pelo pátio da Escola, tudo isso me trazia a certeza de que o Exército ganhava muito com a chegada de novos Oficiais e com a consolidação do QCO.
Principais cursos militares realizados: curso Básico Paraquedista; curso de Operações de Informações (Escola Nacional de Informações); curso Avançado de Blindados – Fort Knox, EUA; curso de Aperfeiçoamento
Pude constatar como alunos do CMS e da EsAEx compreendiam desde o início o sentido do dever militar, da hierarquia e da disciplina, alicerces de uma Instituição de Estado perene, permanente e regular. Como entendiam que esses princípios personificavam as qualidades de nosso maior Patrono, o Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias e, paralelamente, as da heroína de nossa Independência, Maria Quitéria de Jesus.
CORONEL DE CAVALARIA EDSON LEAL PUJOL
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Ao passar o Comando ao Tenente-Coronel Lourival Carvalho Silva, em 6 de fevereiro de 2004, estava convicto de que todos aqueles alunos, forjados neste templo de saber e tradição, levariam consigo o entusiasmo característico do bom militar, do cidadão que respeita os valores éticos e morais, as tradições do nosso Exército e de nossa Pátria e valoriza a nossa soberania. Esses dois anos na EsAEx/CMS foram fundamentais em minha caminhada, já como Oficial-General, ao ser designado para comandar a Academia Militar das Agulhas Negras e mesmo mais tarde, já como Comandante do Exército. Impossível dissociar essas experiências, ainda que distintas em suas responsabilidades e encargos, uma vez que todas se complementam. Aos militares, servidores civis, professores e alunos da antiga Escola de Administração do Exército e do Colégio Militar de Salvador, de ontem, de hoje e de sempre, deixo aqui meus agradecimentos pelo período que aí passei. Lembranças que ainda hoje trazem saudades e boas recordações. A todos, minha melhor continência.
CORONEL DE CAVALARIA ROBERTO FANTONI SAURIN 29 JAN 99 – 04 FEV 02 *02-08-1953, EM SANTIAGO, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1976.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da AMAN e da ECEME; Membro do Estado-Maior da 6ª Região Militar; Membro do Ministério da Defesa; Comandante da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; 2º Subchefe do EME; 1º Subchefe do Comando de Operações Terrestres; Comandante da 3ª Região Militar e Vice-Chefe do Departamento de Engenharia e Construção.
dos seus Quadros, a missão foi muito bem compreendida e assimilada, fato este comprovado pelos ótimos resultados obtidos pelas duas Escolas em todas as áreas de atividade. No setor Administrativo e Patrimonial, além de compatibilizar constantemente os espaços que se modificavam a cada etapa da construção do novo Pavilhão do Colégio Militar de Salvador, foram realizadas uma série de atividades, dentre as quais merecem destaque: a reestruturação e remodelação das salas de aula do CFO; a recuperação do Pavilhão de Comando; a reforma nas instalações do Serviço de Aprovisionamento; a construção de uma cobertura de múltiplo uso para as atividades físicas, a construção de um pavilhão para a banda de música dos alunos do CMS e a reestruturação da Biblioteca. Foram anos de muito trabalho e criação de sólidos laços de amizades e camaradagem, entre os militares da ativa e da reserva e com autoridades civis da bela e acolhedora cidade de Salvador e do valoroso estado da Bahia. O período deste comando foi intenso e marcante no meu amadurecimento profissional. Eu e minha família fomos felizes na Terra de Todos os Santos. Sucesso na Missão!
CORONEL DE ARTILHARIA LUIZ SÉRGIO MELUCCI SALGUEIRO 14 FEV 97 – 29 JAN 99 *24-09-1950, EM RIO DE JANEIRO, RJ. TURMA DE FORMAÇÃO: 1973.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
Em seu depoimento sobre a Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador, declarou o seguinte:
Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante de Linha de Fogo no 1º e 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado; Comandante de Subunidade e Oficial de Operações no 31º Grupo de Artilharia de Campanha; Instrutor da Escola de Instrução Especializada; E2 da 7ª Região Militar; Chefe da Divisão de Pesquisa do Centro de Estudos de Pessoal; e Membro do Estado-Maior do DepartamentoGeral do Pessoal.
O Comando do Exército, quando da nomeação dos novos comandantes, resolveu unificar os comandos do Colégio Militar de Salvador (CMS) e Escola de Administração do Exército (EsAEx).
Entre 14 FEV 97 e 29 JAN 99, houve uma separação temporária dos comandos das Escolas (CMS e EsAEx), até então exercidos cumulativamente, e o Cel Salgueiro assumiu o Comando da EsAEx.
Comandar as duas Escolas, por um período de três anos, e contribuir com a formação dos jovens alunos do CMS e dos Oficiais do Quadro Complementar constitui-se em desafio complexo e instigante.
Em seu depoimento sobre a Escola de Administração do Exército, declarou o seguinte:
A reunificação trouxe consigo a necessidade de gerenciar e harmonizar as diferenças existentes entre as duas organizações militares em suas distintas missões, bem como trabalhar, desenvolver e consolidar o espírito de corpo da nova unidade, em que pese a sua heterogeneidade. Graças à excelente qualidade
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Falar da EsAEx, particularmente dos anos em que fui o seu comandante, é antes de tudo um imenso prazer, pois ela foi a minha primeira e principal opção para comandar. Como também sou bacharel em Administração e muito empolgado com resultados da “gestão” em qualquer organização, optei pela escolha da EsAEx.
Uma escola recém-criada, ligada ao meio acadêmico, lidando com universitários e voltada para uma área, também, de meu interesse. O EME, em sábias reflexões, constatou que o Exército estava precisando liberar seus oficiais de carreira, engajados em diversas funções de apoio, para deixá-los estritamente voltados para as atividades operacionais. Por que não aproveitar os especialistas, homens e mulheres, já formados? Trazê-los para reforçar a nossa Instituição. Ideia genial, coroada de pleno êxito, que vem sendo utilizada até hoje. Ao longo desses últimos anos, foram tantos os trabalhos, as contribuições de oficiais do QCO formados em Salvador, ratificando a acertada criação desse novo Quadro e mostrando a importância da Escola para a Força Terrestre. Ao tratar dos desafios enfrentados naqueles dois anos de comando, cabe registrar em primeira mão que os resultados alcançados em 1997/98 se deveram a um maravilhoso trabalho de equipe. Sem os meus oficiais, sargentos, professores, nada seria possível. Instrutores e monitores, pelo exemplo e pela dedicação, internalizaram a nobre missão de transformar universitários já formados em oficiais do Exército Brasileiro. Ao tentar organizar as ações e definir prioridades, minha primeira preocupação foi a de buscar uma comunhão de esforços para que todos estivessem alinhados com os diversos objetivos a alcançar. Aproveitando os esforços na modernização do ensino, empreendidos pelo então Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) e a necessidade cada vez maior de especialistas, solicitamos e recebemos verbas para atualizar e reformular currículos, melhorar as instalações e a infraestrutura da escola, das salas de aula, dos apartamentos, dos laboratórios até as instalações desportivas, do auditório ao ginásio, a fim de formar os oficiais do QCO da melhor forma possível. Na ocasião, conseguimos dar um verdadeiro salto de qualidade, informatizando a escola, e montando um novo “site”, utilizando um domínio próprio, uma “internet” e a “intranet” mais ajustadas às nossas necessidades. “O Berimbau”, um informativo mensal, difundia nossos feitos e novidades. Graças a Deus as ligações com as autoridades em Salvador sempre foram as melhores possíveis e resultaram em apoio incondicional à escola e ao CMS. Relembrando, vemos que tudo teve o seu tempo certo. O governo estadual e o prefeito sempre presentes, o efetivo intercâmbio com a UFBA, a aproximação com a arquidiocese primaz do Brasil, o apoio da comunidade em diferentes situações, o som da Timbalada e a alegre presença de seus integrantes nas festividades escolares, a Academia Baiana de Letras, na figura da Profª Consuelo Pondé, nos ajudando a divulgar a figura de Maria Quitéria, a Patrono do QCO, orientando-nos sobre a confecção dos quadros do salão de honra, até o apoio de empresas do polo petroquímico de Camaçari, por ocasião da montagem da corrida Duque de Caxias, a maior corrida de rua do estado, quando levamos para a Pituba o querido “João do pulo”, em 1997, e o famoso atleta olímpico Robson Caetano, no ano seguinte. A EsAEx representou muito, muito mesmo, em minha vida profissional; sintetizando foram muitas batalhas de uma “Guerra ganha!”
CORONEL DE INFANTARIA JOSUÉ RAMIRES SALDANHA FILHO 14 FEV 97 – 29 JAN 99 *04-04-1935, EM QUEBRANGULO, AL. TURMA DE FORMAÇÃO: 1957.
Principais cursos militares realizados: curso de Psicotécnica Militar e curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). Entre 14 FEV 97 e 29 JAN 99, houve uma separação temporária dos comandos das Escolas (CMS e EsAEx), até então exercidos cumulativamente, e o Cel Saldanha assumiu o Comando do CMS.
CORONEL DE ENGENHARIA REYNALDO CAYRES MINARDI 08 OUT 94 – 14 FEV 97 *10-09-1945, EM GARÇA, SP. TURMA DE FORMAÇÃO: 1970.
Principais cursos militares realizados: curso de Equipamento Pesado – Escola de Instrução Especializada; curso de Operações de Informações; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Entrevista e Interrogatório – Escola Nacional de Informações; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor-Chefe do Curso de Engenharia da Escola de Sargentos das Armas; Instrutor-Chefe do Curso de Engenharia da AMAN; Subcomandante do Corpo de Cadetes da AMAN; e Subcomandante da EsAEx/CMS. Os quase três anos de seu comando foram marcados por muitas atividades nas áreas de ensino, patrimonial e administrativa, além de construções e adequações das instalações. Algumas merecem destaque,como: construção de uma biblioteca informatizada; criação de um laboratório de informática; criação de uma sala para aula de inglês; criação de uma sala para aula de vídeo; construção de áreas para esporte; reformas no rancho, na garagem e na seção de saúde. Segundo Comandante do reativado Colégio Militar de Salvador, soube conduzir com sucesso a difícil e complexa missão de comandar duas Escolas simultaneamente, a EsAEx e o CMS, conciliando objetivos diferentes e grupos heterogêneos, de origem e formações distintas. Palavras dos alunos ao Cel Cayres.
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[...] Nós, alunos da 8ª série do CMS, podemos afirmar que fomos privilegiados com a sua convivência, durante a passagem pelo comando dessa escola. A presença é temporária, mas o trabalho e os exemplos são marcantes, eternos e inesquecíveis. Sua passagem deixou marcas positivas nas nossas vidas. Tenha certeza de que somos felizes por termos cultivado sua amizade e que esta permanecerá viva, independente da distância e do tempo. “Amigo é coisa pra se guardar” Trecho da carta assinada pelos alunos da 8ª série do Colégio Militar de Salvador – Turma 801.
CORONEL DE CAVALARIA ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA FREITAS 05 FEV 93 – 08 OUT 94 *03-10-1946, EM PORTO ALEGRE, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1969.
Principais cursos militares realizados: curso de Operações na Selva; curso de Operações de Inteligência – Escola Nacional de Informações; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando e Estado-Maior (ECEME); e curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (ESG). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor do curso de Guerra na Selva; Instrutor e Comandante de Esquadrão de Cadetes no Curso de Cavalaria na AMAN; Ajudante de Ordens do Subdiretor do Serviço Militar do Exército; Analista de Inteligência na Agência Central do Serviço Nacional de Informações; Adjunto do Departamento de Programas Especiais da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Adido das Forças Armadas junto à Embaixada Brasileira na Federação da Rússia; Assistente da 1ª Subchefia do EME; Comandante da 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; e Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste.
subordinados e instrutores ao setor administrativo e deslocando oficiais que ocupavam cargos administrativos para as funções de comando e de instrução. Foi realizada profunda e ampla reforma da cozinha e do refeitório, pelos motivos óbvios, e, muito especialmente, por lá funcionar, naquela época, além do Curso de Formação de Oficiais do QCO, o Curso de Formação de Sargentos de Intendência do Exército e o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos de Intendência (CAS). Ao assumir o Comando da Escola, no início de 1993, recebi, do mesmo supracitado Ministro, a missão de reabrir o Colégio Militar de Salvador (CMS), subordinado à Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial (DEPA), e de iniciar as atividades deste a partir do início do ano seguinte. Foi nomeado Subdiretor de Ensino, para o novo CMS, um Coronel Professor, meu colega de Turma da AMAN, ex-Aluno do antigo CMS e ex-integrante do quadro docente daquele Colégio. O trabalho desse oficial foi fundamental para a reabertura exitosa do Colégio. É de ressaltar o total e valiosíssimo apoio prestado pelo Exmo Sr Governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (o conhecido ACM), e de sua Casa Militar, que facilitava sobremaneira nossas ligações. Absolutamente sensível à importância da reabertura do CM para a sociedade soteropolitana e baiana, onde grandes personalidades eram ex-Alunos, o Governador ACM ofereceu-se a construir as completas instalações, que fossem solicitadas para o novo Colégio. Elaborou-se projeto completo, e o Governo do Estado construiu, no prazo previsto, exatamente, a pequena parcela do projeto, que a 6ª RM, órgão responsável pela disponibilização das instalações, houve por bem solicitar. Assim, em 1994, reiniciou com as duas primeiras séries o funcionamento desse importante Estabelecimento de Ensino, na Capital baiana, utilizando parte das suas antigas instalações, então ocupadas pela EsAEx, e a metade, solicitada e construída, do prédio principal das novas instalações projetadas para o Colégio.
CORONEL DE ARTILHARIA JEFERSON SOARES FARTES 1º FEV 91 – 05 FEV 93 *06-05-1944, EM BARRA DO PIRAÍ, RJ. TURMA DE FORMAÇÃO: 1967.
Em seu depoimento sobre a então Escola de Administração do Exército e o Colégio Militar de Salvador, declarou o seguinte:
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
Em 1993 e 1994, a EsAEx era uma Escola nova, e fui o seu terceiro Comandante. Nesses anos, se formaram a segunda e a terceira turmas mistas de oficiais QCO, integradas por homens e mulheres. Pela primeira vez, foram nomeadas instrutoras da Escola duas tenentes QCO, que haviam se formado na Turma de 1992. Elas foram de fundamental importância para a formação das novas turmas. De acordo com diretriz, recebida, pessoal e diretamente, do Ministro do Exército, Gen Ex Zenildo de Lucena, imprimiu-se maior ênfase nas atividades estritamente militares e na atitude marcial do Corpo de Alunos, em geral. Na mesma linha, procedeu-se à renovação dos quadros, passando comandantes
Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Membro do Estado-Maior da 6ª Região Militar; Membro da 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército; e Chefe da 19ª Circunscrição de Serviço Militar.
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Durante seu comando, em 1992, foi formada a 1ª Turma mista do Quadro Complementar de Oficiais, inserindo a participação da mulher no Exército Brasileiro.
CORONEL DE ARTILHARIA FRANCISCO RONALD S. NOGUEIRA 05 FEV 88 – 1º FEV91 *12-04-1940, EM FORTALEZA, CE. TURMA DE FORMAÇÃO: 1962.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Técnica de Ensino; curso de Operacionalização de Objetivos; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Fortaleza e Instrutor da EsAO. Durante seu comando, foi implantada a antiga Escola de Administração do Exército (EsAEx), no mesmo ano em que o Colégio Militar de Salvador (CMS) foi desativado. Como comandante, desenvolveu um intenso trabalho de planejamento e execução de atividades nas aéreas administrativa, operacional e de ensino, superando os óbices decorrentes da extinção do CMS e da implantação de um novo Estabelecimento de Ensino. Os três anos de seu comando foram marcados por muitas transformações, dentre as quais merecem destaque: a criação do museu do Colégio Militar de Salvador; a adequação e a modernização de inúmeras dependências; a ampliação do laboratório de informática; a elaboração de planos e currículos de vários cursos; a informatização das atividades de ensino; e a execução de diversos intercâmbios com entidades, instituições federais e estaduais. Além de responsável pelo gerenciamento e implantação da EsAEx, coube-lhe também a missão de consolidar a estrutura da nova Escola e formar a 1ª Turma do Quadro Complementar de Oficiais do Exército: “Pandiá Calógeras”.
CORONEL DE ARTILHARIA SYLVIO DE FIGUEIREDO JÚNIOR 31 JAN 86 – 05 FEV 88 *16-12-1935, EM RIO DE JANEIRO, DF. TURMA DE FORMAÇÃO: 1957.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comunicação Social do Centro de Estudo de Pessoal; curso de Comando e Estado-Maior das Forças Armadas; curso Superior de Guerra; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Ajudante de Ordem do Chefe do Departamento de Pessoal; Ajudante de Ordem do Comandante do 2º Grupamento de Engenharia; Membro do Estado-Maior do Grupamento de Fronteira; Membro do Estado-Maior da 1ª Brigada de Infantaria; Instrutor do Curso de Artilharia da EsAO; e Membro do Corpo Permanente da ESG.
CORONEL DE CAVALARIA FRANCISCO PEREIRA DE HOLLEBEN 09 MAR 84 – 31 JAN 86 *24-02-1933, EM PORTO ALEGRE, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1954.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Instrutor de Equitação; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Chefe da 2ª Seção da 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; Chefe da 3ª Seção da AMAN; Instrutor-Chefe do Curso de Cavalaria; Chefe da 1ª Seção da Diretoria de Assistência Social; e Comandante do 2º Regimento de Cavalaria Mecanizada.
CORONEL DE ARTILHARIA BENITO NINO BISIO 03 MAR 82 – 09 MAR 84 *22-12-1934, EM SANTANA DO LIVRAMENTO, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1956.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Artilharia Avançada – Fort Sill, EUA; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor do CPOR de Porto Alegre/RS; Instrutor da EsAO; Instrutor da ECEME; Chefe da Agência do Serviço Nacional de Informações em Salvador/BA; Chefe de Estado-Maior da AD/4 em Pouso Alegre, MG; Assistente do Chefe do Departamento-Geral de Serviços; Comandante da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada; Diretor de Auditoria; Comandante da 6ª Divisão de Exército; Subsecretário de Economia e Finanças; Secretário de Economia e Finanças; Comandante Militar do Sul; e Chefe do Departamento-Geral do Pessoal.
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Durante o período de seu comando, merecem destaque: a construção do Ginásio de Esportes, conforme atual modelo, a criação da Associação de Ex-alunos e as comemorações do aniversário de 25 anos da criação do Colégio. Sobre a importância do CMS como Estabelecimento de Ensino responsável pela formação dos jovens alunos no início da década de 80, assim se pronunciou: O CMS representava para oficiais e, particularmente, sargentos que pediam transferência para Salvador oportunidade de colocar seus filhos no Colégio Militar. A grande procura de alunos civis pelo Colégio permitia selecionar (em torno de 30% dos candidatos) alunos qualificados.
CORONEL DE ENGENHARIA JOÃO MAGALHÃES DE SOUZA 13 FEV 81 – 03MAR 82 *16-06-1929, EM FORTALEZA, CE. TURMA DE FORMAÇÃO: 1952.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Fortificação e Construção (IME); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante de Subunidade e Fiscal no 4º Batalhão de Engenharia de Construção; Comandante de Subunidade no 1º Batalhão de Engenharia de Combate; Chefe da Seção Técnica do 1º Grupamento de Engenharia; Chefe da Comissão Regional de Obras nº 7; Estagiário do Estado-Maior na 11ª Região Militar; Chefe da 3ª Seção da Diretoria de Obras e Construção; Comandante do 3º Batalhão de Construção; e Chefe de Assessoria e Coordenação do Departamento de Engenharia e Construção.
CORONEL DE INFANTARIA PAULO THEOTONIO FIRPO CRUZ 05 ABR 79 – 09 JAN 81 *25-01-1931, EM ARACAJU, SE. TURMA DE FORMAÇÃO: 1951.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso de Comando do Estado-Maior das Forças Armadas na República Federal da Alemanha; e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
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Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante de Pelotão no Regimento Sampaio e no Regimento Escola de Infantaria; Auxiliar de Instrutor na AMAN; Comandante de Subunidade no 28º e no 13° Batalhão de Caçadores (BC); Estagiário de Estado-Maior no Quartel-General da 10ª Região Militar; Comandante e Instrutor-Chefe do Curso de Infantaria da AMAN; Adjunto de Seção no EME; Comandante do 19º Batalhão de Caçadores (BC); e Chefe da 3ª Seção do Comando da 6ª Região Militar.
CORONEL DE ARTILHARIA SYLVIO ROBERTO R. DE MATTOS 29 DEZ 76 – 05 ABR 79 *05-03-1930, EM SALVADOR, BA. TURMA DE FORMAÇÃO: 1951.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
CORONEL DE ARTILHARIA ARMANDO JOSÉ SPEROTTO 06 NOV 74 – 20 DEZ 76 *04-05-1928, EM PORTO ALEGRE, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1948.
Principais cursos militares realizados: curso de Artilharia na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da EsAO; Adjunto da 3ª Seção do Estado-Maior do Exército (EME); Adjunto da Seção de Mobilização e Estatística do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA); Assessor do Gabinete do Ministro Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA); Representante do EME no exame do anteprojeto da Lei do Magistério do Exército; e Integrante do Grupo de Mapeamento de Fronteira.
CORONEL DE CAVALARIA LAURO PIE
CORONEL DE CAVALARIA GERALDO DA SILVA ROCHA
14 MAR 72 – 06 NOV 74 *28-05-1926, EM ITAPETININGA, SP. TURMA DE FORMAÇÃO: 1947.
10 SET 65 – 12 NOV 66. TURMA DE FORMAÇÃO: 1929.
Principais cursos militares realizados: curso de Comunicações; curso de Topografia; curso no Instituto Militar de Engenharia (IME); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Fundador e Diretor da Seção de Cartografia do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas; Chefe da 3ª Divisão de Levantamento; Adjunto do CET da 1ª Divisão de Levantamento; Chefe da 3ª Seção da 1ª Divisão de Levantamento; Comitê de mapas topográficos e aerofotogrametria do Instituto Pan-Americano de Geografia e História; e Adjunto de Gabinete no Departamento de Ensino e Pesquisa.
Principal curso militar realizado: curso de Comando e Estado-Maior (ECEME). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Instrutor da Escola Militar; Adido Militar, Naval e da Aeronáutica na França; Instrutor da ECEME; Comandante do 8º Regimento de Cavalaria; Comandante do Regimento de Cavalaria de Guardas – Dragões da Independência; e Chefe da 17ª Circunscrição de Recrutamento.
TENENTE-CORONEL DE ARTILHARIA JOSÉ M. BEZERRA CAVALCANTI 23 DEZ 59 – 10 SET 65 *30-11-1910. TURMA DE FORMAÇÃO: 1932.
TENENTE-CORONEL DE INFANTARIA FRANCISCO RODRIGUES DA SILVEIRA 07 MAR 70 – 14 MAR 72 *09-03-1925, EM SÃO JERÔNIMO, RS. TURMA DE FORMAÇÃO: 1946.
Principais cursos militares realizados: curso de Guerra Química (EsIE); curso de Manutenção Orgânica; curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
CORONEL DE ARTILHARIA FRANCISCO CABRAL DE ANDRADE 22 FEV 67 – 07 MAR 70 *18-09-1922. TURMA DE FORMAÇÃO: 1943.
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e curso de Comando e Estado-Maior (ECEME).
Principais cursos militares realizados: curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO); curso Básico de Material Bélico; e curso de Artilharia de Costa. Foi o militar que permaneceu no comando do CMS por mais tempo. Implementou a transferência do Colégio Militar para o Bairro da Pituba, inaugurando o prédio da nova sede em 2 de julho de 1961. No seu período de comando, foram inúmeras as ações nas áreas de ensino; administrativa; patrimonial; e construção, melhoramento e adequação das instalações. Merecem destaque as seguintes: a implantação do Serviço de Orientação Educacional; a criação do livro de Benemérito; a aprovação do Hino do CMS; o excelente desempenho nos jogos desportivos estudantis “Olimpíadas Regionais, Jogos da Primavera” e militares “Pentatlo Militar, Percurso de Patrulha”; atividades extraclasse, como a viagem à região de Canudos; e inauguração de dependências. Ainda durante seu comando, o Colégio foi agraciado com a Medalha Comemorativa da Marcha Bahia-Brasília, por ter tomado parte nas solenidades de inauguração da nova capital do Brasil, e também recebeu por doação um loteamento no bairro da Pituba com a finalidade de construir a casa do Comandante do Colégio Militar. Palavras do Comandante por ocasião da transferência de sede do CMS:
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Na data de hoje, 1º de agosto de 1961, tem início aqui em sua nova sede, no aprazível bairro de Pituba, Salvador-Bahia, a atividade escolar e administrativa deste Colégio, cujas dependências foram oficialmente inauguradas no dia 2 de julho findo. Exatamente em 2 de julho de 1957, inaugurou-se o CMS em sua sede inicial sita à rua Agripino Dórea nº 26-A, bairro de Brotas, Salvador-Bahia, em um próprio do Governo do Estado, precariamente adaptado às condições de vida de um Colégio Militar.
CORONEL PROFESSOR ALFREDO M. DE MENDONÇA UCHÔA 25 ABR 57 – 23 DEZ 59 * 21-04-1906, EM MACEIÓ, AL. TURMA DE FORMAÇÃO: 1930.
Principais cursos militares realizados: curso Anexo da Escola Militar de Realengo (1922); curso na Escola Militar Provisória do Rio de Janeiro (1930/1931); incluído no Quadro de Engenheiro Militar; e curso na Escola Superior de Guerra (ESG). Ao longo de sua carreira, exerceu as seguintes funções: Comandante da 6ª Companhia de Preparadores de Terreno da 7ª Região Militar - Recife – PE; Professor de Mecânica Racional e Cálculo Vetorial da Escola Militar de Realengo; Professor Catedrático de Mecânica Racional da AMAN; Chefe da Delegação de professores da AMAN em visita de estudos e análise do Sistema Educacional da Academia Militar de West Point; e Subdiretor de Ensino Fundamental da AMAN. Foi o 1º Comandante do Colégio Militar de Salvador, situado à época em Pitangueiras de Brotas, no Instituto de Preservação e Reforma. Em 2 de julho de 1957, foi inaugurado o Colégio Militar de Salvador. Durante o período de seu comando, foram muitas as realizações, como: o 1º Concurso de Admissão ao CMS; a criação da Sociedade Literária; a criação da Revista “A Aspiração”; a 1ª apresentação do CMS em público no desfile de 7 de setembro; a 1ª Incorporação de conscritos; e o lançamento, em 7 de março de 1958, da Pedra Fundamental da futura sede do Colégio Militar na Pituba. Nas áreas administrativa e patrimonial, foi um período de intensas atividades de construção e aprimoramento da infraestrutura de ambas as sedes, a primeira em Brotas e a atual na Pituba. Algumas ações e instalações merecem ser destacadas, como: garagem, quadra de esportes, refeitório de oficiais, rancho dos praças, sala de meios auxiliares, vestiário dos oficiais e praças, aviário, cantina, sala de estar, laboratório de ciências naturais, pavilhão 106 m², conclusão da estrada de acesso ao campo de futebol, gabinete odontológico, salas de aula e biblioteca.
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Palavras do Cel Uchoa por ocasião do Primeiro Aniversário do CMS em 1958: Caros alunos, sois vós os responsáveis pelo seu destino, pois jamais se ensinará, sem que haja quem aprenda; jamais de educará, sem que haja quem queira educar-se; jamais se conseguirá criar uma mística elevada, enobrecedora e rica de sãs consequências morais e espirituais neste educandário, se a vossa alma de jovem, se o vosso valor pleno de força, de promessas e esperanças não responder positivamente.
Revista do Colégio Militar de Salvador – Ano II, Novembro de 1959.