REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

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UNI VERSI DADE FEDERAL DE UBERLÂNDI A FACULDADE DE ARQUI TETURA E URBANI SMO ELAI NE SARAI VA CALDERARI

REVITALIZAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para obtenção do título de arquiteta urbanista. Orientadora: Profª. Ms. Maria de Lourdes Pereira Fonseca.

UBERLÂNDIA


2006

“As cidades falam, dizem-nos onde estamos e como podemos ir de um lugar para outro. Algumas falam com fluência, outras confundem. A facilidade ou a dificuldade de compreendê-las depende muito mais de suas formas, de possuírem configurações únicas, capazes de cunhar sua identidade”. (KOHLSDORF, 1996)


AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe, pelo exemplo de ser humano: única, singular e insubstituível na minha vida, pela sua luta e perseverança em me proporcionar a conclusão dessa faculdade, pelo apoio e incentivo, pela forca e dedicação, enfim por ser aquela pessoa que haja o que houver, custe o que custar, estará sempre ao meu lado, acreditando e incentivando os meus projetos tanto profissional como pessoal. Por ela, tenho um respeito e uma eterna gratidão; Agradeço a toda minha família: pai, irmãos, cunhadas, sobrinhas, avós, tio, tias, primos, primas pelo incentivo e apoio; Agradeço meus mentores espirituais, sempre presente em minha vida, através de minha crença; Agradeço a todos os meus amigos; - Fora da arquitetura: Aqueles que conquistei em Uberlândia, principalmente as meninas da Republica, que souberam entender as minhas horas de “stress”, a bagunça dos materiais de maquetes, o incentivo na horas dificieis e que se tornaram uma extensão da minha família; e os que permanecem em Ribeirão Preto, amigos de longas datas, pelo apoio e estimulo, que souberam entender e compreender minha falta em alguns momentos; Em especial ao amigo Geraldo pela ajuda, apoio e incentivo em todas as horas que precisei; - Dentro da arquitetura: Aqueles que me ajudaram, em especial: o Julio César, a Leonor e a Vanessa, que foram meus grandes companheiros, tanto nas horas de lazer, como nos diversas dias e noites de trabalho. -Agradeço ao Anderson, que entrou recentemente em minha vida, mas que ocupou um espaço enorme nela, sempre me apoiando e incentivando; Agradeço a todos os professores e funcionários do curso de Arquitetura e Urbanismo, que proporcionaram o meu crescimento e desenvolvimento profissional. Em especial a duas professoras e também amigas que conquistei e que me conquistaram: Giovanna e Maria de Lourdes, que despertaram o urbanismo em minha vida, seja nas aulas teóricas ou nos inúmeros projetos de extensão, que participamos juntas. A todos os profissionais de Ribeirão Preto, que me ajudaram na coleta de dados e levantamento da área, em especial a Tânia do Arquivo Publico e o pessoal da Secretaria de Gestão Ambiental e de Planejamento Urbano. E novamente a minha orientadora Maria de Lourdes, mas agora com um parágrafo só para ela, que ficou ao final porque tenho muito que agradecer. Agradeço pela colaboração e incentivo durante esse trabalho, pela compreensão durante sua estruturação, pela dedicação em buscar informações e principalmente pelos empréstimos dos seus queridos livros espanhóis, pelas cobranças e criticas que ajudaram no meu crescimento profissional, pelo tempo tomado corrigindo os meus textos e tantos outros que agora me faltam palavras. Por tudo isso, só tenho o meu agradecimento e reconhecimento. E agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram durante essa fase, mas que pela correria não tenha sido citado, Mas nunca esquecidos.

INDICE


CAPITULO 1: O PROJETO URBANO NAS ÁREAS CENTRAIS 1.1 – A EVOLUÇÃO URBANA DAS ÁREAS CENTRAIS URBANAS 1.1.1-

FORMAÇÃO

DAS

ÁREAS

CENTRAIS

URBANAS

........................................................................................01 1.1.2

–PROCESSO

DE

DETERIORIZAÇÃO

E

DESCENTRALIZAÇÂO

......................................................................04 1.1.3- INTERVENÇÕES URBANAS: CONCEITUAÇÕES 1.1.3.1–

EMBELEZAMENTO

URBANO.........................................................................................07 1.1.3.2–

RENOVAÇÃO

URBANA...............................................................................................12 1.1.3.3–

REVITALIZAÇÃO URBANA....... ..................... ..................... ..................... ..................... ...16

1.2 - O PROJETO URBANO 1.2.1 – DEFINIÇÕES..........................................................................................................................................19 1.2.2 – PARÂMETROS 1.2.2.1 – TEMPO.......................................................................................................................21 1.2.2.2 – AGENTES....................................................................................................................22 1.2.2.3

NORMATIVAS..............................................................................................................23 1.2.2.4 – DESENHO...................................................................................................................23

1.3- ESTUDOS DE CASOS 1.3.1

BARCELONA

ESPANHA........................................................................................................................25 1.3.2

BILBAO

ZORROZAURE

ESPANHA........................................................................................................43 1.3.3

SANTO

ANDRÉ

BRASIL....................................................................................................53

SÃO

PAULO


1.3.4

RECIFE-OLINDA

–-

PERNAMBUCO

BRASIL............................................................................................64 1.3.4 – RESULTADOS..........................................................................................................................................64

CAPITULO 2: A FORMAÇÂO DA CIDADE ENTRE RIOS: RIBEIRÃO PRETO 2.1

-

LOCALIZAÇÃO

E

ACESSOS...........................................................................................................72 2.2 – HISTÓRICO DA CIDADE: FOCO: ÁREA CENTRAL 2.2.1

O

PROCESSO

DE

ORIGEM.....................................................................................................................77 2.2.2-

O

PROCESSO

DE

CRESCIMENTO

URBANO...............................................................................................80 2.2.3

O

PROCESSO

DE

EXPANSÃO

URBANA

E

SETORIZAÇÃO..........................................................................90

2.3 –ÁREA EM ESTUDO 2.3.1

CARACTERIZACAO

DO

ESPAÇO...........................................................................................................93 2.3.2 – PROJETOS EXISTENTES 2.3.2.1

PLANO

DIRETOR

DE

1945...........................................................................................97 2.3.2.2

PROJETO

VALE

DOS

RIOS............................................................................................99 2.3.2.3

PLANO

DE

DESENVOLVIMENTO.................................................................................102 2.3.2.4

PROJETO

DE

MACRODRENAGEM.............................................................................104

CAPITULO 3: ANALISE E DIRETRIZES DA ÁREA EM ESTUDO 3.1 – FUNCIONAIS 3.2.1 – OPERATIVA..........................................................................................................................................107 3.2.2 – RELACIONAL.......................................................................................................................................123

3.2 – TOPOCEPTIVOS 3.2.1– PERCEPÇÃO........................................................................................................................................126


3.2.2

IMAGEM

MENTAL.................................................................................................................................132

3.3

BIOCLIMÁTICOS..................................................................................................................................137 3.3.1-

CONFORTO

HIGROTÉRMICO................................................................................................................142 3.3.2

CONFORTO

QUALIDADE

DO

AR..........................................................................................................147 3.3.3.

CONFORTO

LUMINOSO......................................................................................................................149 3.3.4

-

CONFORTO

ACÚSTICO........................................................................................................................152

CAPITULO 4: PROPOSTAS DE PROJETO 4.1

ZONA

DE

INTERVENÇÃO

INDIRETA..............................................................................................156 4.2

ZONA

DE

INTERVENÇÃO

DIRETA.................................................................................................160

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................17 6


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INTRODUÇÃO O centro urbano na história pode ser caracterizado como uma referência máxima aos moradores, aos visitantes e aos estrangeiros, dando um caráter a cidade e à qualificando espacialmente; pode ser um nó, como um ponto de condensação ou convergência de relações diversas e conectadas entre si, ou com outros espaços; pode ser uma novidade, pois representa o antigo e ao mesmo tempo a imagem do novo, da novidade urbana, com as substituição das centralidades, onde cada novo centro significa uma idéia inovadora, ou um progresso; pode ser a representação do patrimônio histórico, sendo o lugar da apreciação da história, da memória e da identidade da cidade; pode ser o local do espaço público, pois possui o papel de reunir e criar a possibilidade do encontro entre as pessoas e pode ser o espaço de cultural e lazer,já que normalmente é um lugar de concentração de museus, teatros, bibliotecas e casas de espetáculos, ocupando edifícios antigos, facilitado pela acessibilidade que o local oferece para toda a cidade. O que é um centro? O centro é por definição aquilo que esta no meio. É neste meio geográfico da cidade que se agrupam antigamente as atividades que precisavam de maior acessibilidade. Com o aprofundamento da divisão de trabalho, o número de atividades que precisam dessa maior acessibilidade, aumentou, o que

acarretou

ao

mesmo

tempo

o

adensamento

e

a

multifuncionalidade dos centros. (...) Com isso, foram atraídas as novas infra-estruturas de transporte realimentando o adensamento e a centralização.(Ascher,2001).

Nota-se que a área central durante seu processo de formação adquiriu uma importância significativa na estruturação da cidade, mas que em um determinado momento, perdeu o seu interesse, com a transferência de suas atividades e o abandono da população para novos espaços atrativos, equipados e estruturados. Sendo assim, esse trabalho surge de uma tentativa em elaborar um projeto de requalificação urbana, através do estudo de uma área central da cidade de Ribeirão Preto/SP, sendo essa o trecho completo da avenida Jerônimo Gonçalves e uma parte da avenida Caramuru.

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O objetivo desse projeto é romper esse processo de decadência da área central, considerando como estratégia, o pensamento de Solá-Morales (2001) do qual determina que as experiências mais eficazes na reestruturação desses centros urbanos, é a atuação de projetos de fora para dentro, ou seja, no rompimento dos limites do centro em suas bordas, seja os limites claramente visíveis, ou entrelaçados com o entorno por meio da reordenação dessa área, através da requalificação espacial da morfologia urbana, da reciclagem dos equipamentos existentes e da reurbanização do espaço, na tentativa de criar incentivos e atrativos para a volta da população a este local. Para isso o trabalho foi reestruturado em duas etapas: -Fundamentação teórica: estudo da origem e da formação dessas áreas centrais na história urbana, assim como seus processos de decadência e descentralização; a conceituação do projeto urbano, com seus processos de origem e as suas definições e parâmetros e os estudos de casos, que exemplificam como esses projetos urbanos estão atuando nas cidades contêmporâneas. -Análise da área: estudo da história da formação da área central de Ribeirão Preto, como os processos de crescimento e expansão da cidade, visando contextualizar e estabelecer o significado desta área dentro da cidade; a caracterização desses espaços e as análises urbanas: funcional, topoceptiva e bioclimática, que funcionam como parâmetros para a elaboração de um diagnostico. O estudo da fundamentação teórica promove a estruturação dos desafios e das estratégias a serem adotadas e a análise da área resulta em diretrizes e programas associados aos parâmetros do projeto urbano. Ambas estabelecem a base para a elaboração das propostas de intervenção. As propostas elaboradas serão materializadas em um desenho urbano para área em questão, sendo que, o objetivo é estabelecer uma relação teórica e prática, em busca da adaptação do projeto a situação atual , na idéia de uma requalificação urbana eficiente e viável.

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CAPITULO 1: O PROJETO URBANO NAS ÁREAS CENTRAIS 1.1 – A EVOLUÇÃO URBANA DAS ÁREAS CENTRAIS URBANAS 1.1.1- FORMAÇÃO DAS ÁREAS CENTRAIS URBANAS A cidade, desde suas origens, está ligada à formação de uma estrutura interna equipada para armazenar e transmitir os bens da civilização em uma área limitada e condensada. A cidade surge como um meio de expressão em termos concretos do poder sagrado e secular, ampliando as dimensões materiais e simbólicas existentes. Desta forma, permitiu-se não somente a ampliação do intercurso social e as trocas materiais, como também a constituição de um lugar de qualidades sagradas, um cosmos que reproduz o próprio céu na terra, visto que, para o homem antigo, a cidade era criada pro meios da inspiração divina. Essa manifestação sagrada da cidade surge da necessidade do homem antigo em fundar ontologicamente o mundo [...] Sua fundação decorre da escolha do espaço sagrado, o qual possui um valor existencial para o homem religioso, porque nada pode começar nada pode se fazer, sem orientação previa, e toda orientação implica a aquisição de um ponto fixo, o Centro. (Eliade, 1992)

A fundação da cidade, antiga implica, então, na fixação de um ponto fixo a partir do qual se desenvolve e estende-se na direção dos quatro pontos cardeais. Este ponto, revestido de um grande simbolismo é o lugar mais próximo do Céu porque permite uma comunicação do sagrado com a cidade. Em todas as épocas, até a cidade industrial, este ponto caracteriza-se como núcleo central ou área central, sendo este o local mais privilegiado da cidade. Historicamente, esta área foi ocupada por símbolos de exaltação a Deus, do Estado e da classe dominante, estando, portanto associada à organização da sociedade, em seus aspectos essenciais: a vida econômica (os mercados, 3


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comércios, trocas), a vida política (palácios, grandes praças), a vida religiosa (templos) e a defesa do território. (Villaça, 2003). Com o desenvolvimento da cidade, a área central passa a aglomerar as instituições fundamentais na organização da sociedade, não só devido a sua importância simbólica, mas também material, porque se constituem no ponto do espaço que permite otimizar os tempos gastos nos deslocamentos sistemáticos1 dos membros dessa sociedade, necessários para a realização das tarefas essenciais da vida em comum. Pode-se considerar, portanto, a área central ou o centro da cidade, o local que desempenha um papel ao mesmo tempo integrador e simbólico. Nessa área as atividades urbanas estão concentradas, coordenadas e direcionadas, tornandose o ponto principal de referência da cidade. A cidade capitalista, segundo Villaça (2003), será a única cujo centro não exaltará nem Deus e nem o Estado, mas este seguira abrigando funções essenciais da vida cotidiana. Essa situação decorre da difusão e do domínio da propriedade privada

da

terra

urbana

e

do

mercado

imobiliário,

que

subjugou

a

monumentalidade e a simbologia encontrada nas cidades anteriores à capitalista. No entanto, a cidade capitalista, marcada por um fluxo intenso de capitais, mercadorias, pessoas e idéias, continuou privilegiando a existência de um ponto estratégico, associado à acessibilidade, mobilidade e intercâmbio de produtos. O mesmo autor afirma que “dominar o centro e o acesso a ele representa não só uma vantagem material concreta, mas também o domínio de toda uma simbologia”. Os centros urbanos são, portanto, pontos altamente estratégicos para o exercício da dominação, pois, dominar o centro representa um importante elemento de disputa ideológica, o domínio da lógica do mercado e de obtenção de lucro. Em resumo tudo o que a cidade capitalista busca para se concretizar. Para entender o significado e a importância dessa dominação Castells (2000), descreve a relação que a centralidade adquiriu nos setores das sociedades neste período. Segundo o autor, em relação ao nível econômico, o centro não define a estrutura urbana, mas há influência, podendo ser tomada como um 1 Para Villaça (2003), o deslocamento sistemático surge à medida que o povoado se constitui em uma sociedade organizada, ou seja, seus membros são interdependentes e isso requer uma organização social, com o intercâmbio de produtos, entre locais que minimizassem o desperdício de tempo e de energia humana.

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indicador de fronteiras já que é nessa área que se situam as pessoas e as instituições altamente especializadas, que exercem um papel de direção e de coordenação sobre as atividades de mercado do conjunto da região metropolitana. Portanto, “o centro se configura como intermediário entre os processos de produção e consumo”. Em nível político-institucional, o autor afirma que a centralidade política define-se, sobretudo pelo “estabelecimento das formas urbanas, cuja lógica é servir de canais para os processos internos ao aparelho institucional: eles constituem os nos correspondentes à estrutura institucional do espaço”. Entretanto essa centralidade ostenta ainda mais “os pontos fortes do aparelho do Estado: o aparelho repressivo (rede de comissariados), o aparelho ideológico (rede de estabelecimentos escolares, implantação as casas dos estudantes), o aparelho econômico (distribuição ecológica das percepções, etc), entres outros”. O autor ainda considera a dominação em nível ideológico, já que a cidade é “uma estrutura simbólica, um conjunto de signos, que permite a passagem entre a sociedade e espaço, que estabelece uma relação entre natureza e cultura”, e, portanto, a organização do espaço deve marcar ritmos e as atividades, a fim de permitir a identificação entre si e com referência a seus quadros de vida, quer dizer, a comunicação não de funções, mas de representações. E ainda existe a dominação em nível social, do qual o centro torna-se um “espaço provido de uma virtude quase mágica de inovação social, de produção de novos tipos de relação, em nome da simples interação e densidade entre os indivíduos e os grupos heterogêneos”. Assim, o centro se afasta da visão de espaço de liberdade, para se ampliar ao conjunto das situações, articulando-se entre a estrutura urbana e relações sociais. Com a consolidação do centro como instrumento de poder, a cidade capitalista passa a usufruir as possibilidades que essa área representa como também modificá-lo de acordo com seus interesses, sendo as mudanças mais nitidamente percebidas, nas estruturas físicas, já que o centro passa a monumentais

produzidos

não se caracterizar mais por edifícios pelo

Estado,

nem

por

grandes

perspectivas, mas por um sistema viário uniforme (perde-se o caráter simbólico-monumental para adquirir uma função utilitária de servir o 5


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trafego) e o intenso uso do solo por parte de atividades privadas: o comércio varejista e os serviços. Os parques e as praças perdem o caráter estético-simbolico, tornando-se meramente funcionais para lazer e recreação da população. (VILLAÇA, 2003).

1.1.2 - O PROCESSO DE DETERIORIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÂO O advento da Revolução Industrial permitiu o crescimento e a expansão não só do centro, mas de toda a cidade, incentivados pela especulação imobiliária2 e pelos meios de transporte em massa, que permitiram o deslocamento de trabalhadores para os subúrbios, nas cidades européias do inicio do século. (Sennett, 1997). O aumento da mobilidade da classe dominante, permitida pelo uso do automóvel3 a partir dos anos 30, nas cidades americanas e no pós-guerra nas européias, foi um segundo passo decisivo para a expansão da cidade e o destino das áreas centrais. Singer (1978) descreve que o crescimento urbano e o aumento da população que demanda de um número maior de serviços e comércio implicam naturalmente em uma reestruturação do uso das áreas já ocupadas. No entanto, o processo de expansão do centro não acontece apenas pela agregação de novas áreas, pois a organização espacial das atividades de produção e circulação segue sua própria lógica, a qual implica na aglomeração das atividades para um melhor aproveitamento, seja pela complementaridade entre elas, ou para oferecer aos clientes opções de escolha. Esta expansão do centro atinge os bairros residenciais de maior renda que o circundam, determinando mudanças de uso e estimulando o deslocamento de seus moradores para áreas residenciais “exclusivas”, providencialmente criadas pelos promotores imobiliários. O anel residencial que circundava o centro principal 2

A especulação imobiliária é uma das características do capitalismo, devido ao seu dinamismo destruidor. Seus interesses encontravam nas áreas livres para a expansão de seus métodos, em busca da transação do lucro. Nas cidades americanas e posteriormente no Brasil, foram adotadas duas alternativas: a fuga para os subúrbios (livres de restrições municipais) ou a demolição e substituição das velhas estruturas centrais existentes, ocupando-as com uma densidade muito maior do que aquela para o qual tinham sido projetadas. MUNFORD (1998). 3 O transporte de massa, inicialmente realizado pelos trens, modifica-se completamente com o surgimento do automóvel. Esse transporte facilitou o deslocamento não apenas das pessoas, mas também o transporte de bens e serviços. JACKSON, J.B apud RYBCZYNSKI (1996) comenta que o automóvel, principalmente o de uso comercial – o caminhão, a caminhonete, o furgão, o mini-furgão e o jipe – trouxeram uma nova ordem de espaço físico, já que esses veículos têm (e distribuem) não só uma nova forma de encarar o trabalho mas novos usos do tempo e do espaço, novas formas de fazer contatos de uma forma direta com os consumidores e os fornecedores e novas técnicas de resolver problemas. RYBCZYNSKI (1996) conclui que a “mobilidade pessoal alterava não só onde as pessoas trabalhavam, mas também como trabalhavam”. 6


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se desvaloriza e passam a ser ocupado por serviços inferiores, caracterizados por uso misto, edificações decadentes, instabilidade e mudança geral, além de ampla variedade de tipos e níveis de funções. Segundo o autor, essas edificações abandonadas são ocupadas por esses serviços inferiores – bares populares, casas de prostituição, pensões de baixa categoria, entre outros - e pelas classes sociais baixas. Isso se deve ao desinteresse do mercado imobiliário em promover um reaproveitamento das edificações existentes, já que esta área não possui mais vantagens locacionais de um distrito central de negócios e nem as condições prontamente adaptáveis a um padrão amplamente desejável a vida residencial. Decorre também do fato de que as classes sociais mais privilegiadas sejam por novas alternativas ou pela comodidade, preferem formar comunidades que se segregam no espaço e a ocupar novas áreas. Nas grandes cidades e metrópoles, as antigas mansões transformam-se em cortiços, com a subdivisão de seus espaços em númerosos cubículos e passa a reforçar, juntamente com a presença dos serviços inferiores, o processo de obsolescência da região central. O envolvimento do centro principal por uma área em decomposição social cria condições para que a especulação imobiliária ofereça aos serviços centrais da cidade novas áreas de expansão, sendo formados novos focos de valorização do espaço urbano, normalmente localizados próximos aos bairros residenciais das elites. Villaça (1998) defende a idéia de que o processo de “decadência” dos centros urbanos tem como causa, e não como conseqüência, o abandono destas áreas como locais de residência, trabalho e consumo da classe dominante e grande parte da classe média, devido ao um interesse por outras áreas da cidade e a facilidade da mobilidade territorial proporcionada pelo automóvel. Segundo o autor, deve-se destacar, que, desde o inicio, o centro principal das cidades brasileiras se divide em duas partes bem caracterizadas, porém contíguas: “uma atendendo a freguesia de alta renda e voltada para seus bairros residenciais, e a outra voltada para o atendimento das camadas populares e localizadas no extremo oposto, nas áreas abandonadas pela primeira”. E em um determinado momento, ocorre a ruptura entre essas duas partes contíguas. O comércio e os serviços orientados pelas camadas populares ocupam totalmente o 7


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centro antigo, agora abandonado pela elite. Em contrapartida a elite cresce em áreas distantes e promove o surgimento de um novo centro para si, denominado de novo centro, do qual começa a se diluir e apresentar enormes dimensões. Esses novos centros tornam-se uma área com o “melhor comércio, os melhores serviços, o conforto, o dinheiro que gera investimentos e empregos” (Toledo apud Attux, 2001), proporcionando uma melhor acessibilidade à população das classes altas.

Essa situação agrava-se com a implantação dos “shoppings

centers”, aonde trabalho e lazer, compras e diversão e serviços para a comunidade, se unem em um único espaço. Estes empreendimentos são localizados em áreas que garantem o fácil acesso, através de vias rápidas de transito e de amplos estacionamentos oferecidos aos seus usuários. Villaça (1998) ainda destaca que o surpreendente é que esse processo é normalmente seguido pelo deslocamento das sedes dos aparelhos de Estado na mesma direção, comportando-se exatamente como as atividades econômicas, localizando-se de acordo com a lógica do mercado. Os novos centros são agora os novos espaços públicos da classe dominante, oferecendo como atrativo a garantia de respeito e a liberdade individual. E com esse processo da consolidação de novas centralidades, nota-se nas cidades brasileiras, que os centros tradicionais tendem a tornarem-se áreas deterioradas, sendo sua principal função “atender as camadas populares, abrigando atividades e serviços de menor rentabilidade, informais, e, por muitas vezes ilegais práticadas por usuários e moradores com menor ou quase nenhum poder aquisitivo”. (Vargas e Castilho, 2006; Villaça, 2003). Vale a pena destacar que esse processo de abandono dos centros pelas elites, é um fenômeno típico de paises em desenvolvimento, como o Brasil. Nas cidades americanas e européias, se observa também um processo de decadência das áreas centrais, com um esvaziamento em função do processo de suburbanização, agravado pelas grandes intervenções urbanísticas nos EUA e pela destruição ocasionada durante a guerra na Europa, deteriorando ainda mais esses espaços urbanos. Em decorrências das diversas mudanças no planejamento, nas políticas urbanas e nos interesses do capital imobiliário, os centros tradicionais foram perdendo sua característica de centralidade para outras áreas. No entanto, nota8


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se o interesse e a volta da população para as áreas centrais durante as intervenções de renovação urbana, durante o processo de “gentrification”4.

1.1.3- INTERVENÇÕES URBANAS As intervenções urbanas podem ser definidas como um conjunto de programas e projetos públicos ou iniciativas privadas que incidem sobre os tecidos urbanizados dos aglomerados antigos ou recentes, com a finalidade de reestruturar ou revitalizar atividades e redes de serviços, recuperar ou reabilitar a arquitetura (edificações e espaços públicos), e reapropriar socialmente e culturalmente grupos sociais que habitam ou trabalham em tais estruturas, relações de propriedade e troca, atuações no âmbito da segurança social, educação, tempos livres, entre outros. (PORTAS, 1986). Segundo Simões Jr. apud Attux (2001), os processos de intervenção em centros urbanos, historicamente podem ser divididos em três períodos: - EMBELEZAMENTO URBANO – Realizadas durante o século XIX e inicio do século XX. - RENOVAÇÃO URBANA – Ocorridas nas décadas de 1950 e 1960. - REVITALIZAÇÃO URBANA - Ocorrida a partir do inicio da década de 1970. No Brasil, esse período, segundo Vargas e Castilho (2006) pode ser separado entre PRESERVAÇÃO URBANA, ocorrido durante as décadas de 1970 e 1980 e a REIVENÇÃO URBANA, iniciada por volta de 1990, até os dias atuais.

1.1.3.1– EMBELEZAMENTO URBANO Os planos de melhoramentos e embelezamentos são herdeiros da forma urbana monumental que exaltava a burguesia e que destruiu a forma urbana medieval (e colonial, no caso do Brasil). Nesse momento o centro é o alvo principal das ações, sendo o lugar mais importante, já que é onde a elite reside e trabalha, e, portanto sua imagem a própria síntese da cidade, ou seja, seu cartão-postal. Seu conceito estava baseado na implantação de um novo padrão de estética urbana, onde a beleza e os melhoramentos técnicos em infra-estrutura representavam não só a ascensão da burguesia no espaço urbano, mas também o

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O termo será explicado no item sobre Renovação Urbana. 9


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impacto segregador na instauração da modernidade, afirmando os valores e a soberania dessa nova classe social perante toda a população. (SIMÕES JR, 1994). São exemplos dessa época os projetos das cidades de Versalhes, de Washington, de Paris e do Rio de Janeiro.A intervenção realizada em Paris, sob o comando do barão Eugène Haussmann, a pedido de Napoleão III, foi o primeiro projeto de adaptação urbana desde período. Haussmann se autodefinia, sugestivamente, como “artista demolidor”: suas reformas profundas e terrivelmente traumatizantes para os parisienses modificaram por completo a fisionomia da capital. O projeto de Haussmann compreendeu em uma ”relação oriunda do próprio sistema econômico-produtivo e a organização físico-espacial” (MEYER, 2001), através de aberturas de grandes e largas artérias, que “rasgaram” a cidade do centro à periferia, com desapropriações e demolições que cederam lugares aos “boulevares” nas avenidas e nas ruas largas e, aos parques urbanos, sobrepondo-se ao tecido existente. Foram criados novos serviços primários: o aqueduto, o esgoto, a instalação da iluminação a gás, a rede de transportes públicos com o ônibus puxados a cavalo; novos serviços secundários: as escolas, os hospitais, os colégios, os quartéis e a uma nova estrutura administrativa: o cinturão alfandegário do séc. XVIII é abolido, e uma série de comunas periféricas anexadas a Comuna de Paris, através da divisão em 20 distritos, parcialmente autônomos.

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FIGURA 1 – CIDADE DE PARIS – ANTERIOR AOS TRABALHOS DE HAUSSMANN 1853. FIGURA 2 - PLANO DE PARIS - EM DETAQUE AS INTERVENÇÕES DE HAUSSMANN. FONTE: BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo, Editora Perspectiva, 1997.

O projeto provocou a expulsão dos mais pobres, com as demolições realizadas nos bairros centrais, a população desfavorecida teve que se mudar e concentrou-se em volta da capital, na periferia próxima, formando uma espécie de anel do outro lado das fortificações de Paris, onde a vida era mais econômica, pois inúmeros produtos eram ali isentos de impostos (a chamada “cintura vermelha”, periferia operária). Em 1860, Haussmann reformula sua proposta e decide anexar toda essa periferia, estendendo a barragem de impostos mais adiante, expulsando pela segunda vez a população desfavorecida que ali viera se refugiar. O objetivo de Haussmann foi enobrecer o novo ambiente urbano com os instrumentos urbanísticos tradicionais: a busca da regularidade, a escolha de um edifício monumental antigo ou moderno como referência de cada nova rua, a obrigação de manter uniforme a arquitetura das fachadas nas praças e nas ruas mais importantes.

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FIGURA 3 – PARIS -CHAMPS ELYSÉES 1889. FONTE: BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo, Editora Perspectiva, 1997.

FIGURA 4 - CHAMPS ELYSÉES COM O PLANO DE HAUSSMANN – FOTO RECENTE. FONTE: OLANDA, Frederico. Brasília – A Trajetória Perversa ou como danificar qualidades e amplificar problemas. Palestra UFU, 2004.

A influência do plano Haussmann atinge um caráter universal e se traduz em reformas realizadas não só em diversas cidades da França como em Roma, Viena, Madri, Barcelona, Cidade do México, Chicago, Nova Delhi e outras. Assim, o modelo de civilização industrial e urbana implantado nas potências capitalistas européias tornou-se o objetivo a ser alcançado pelas novas elites intelectuais e políticas de todos os lugares, inclusive das brasileiras. Essa vontade se concretizou no Brasil no século XIX, realizada pelo governo federal e pelas mãos do Prefeito Pereira Passos (1902-1906) na cidade do Rio de Janeiro, e representou do ponto de vista de seus dirigentes, a oportunidade de colocar

o

país

em

compasso

com

as

transformações

tecnológicas

e

organizacionais que vinham ocorrendo nos principais centros da Europa. O objetivo do plano proposto, em 1903, por Pereira Passos, denominado de “Embelezamento e Saneamento da Cidade”, era de “dar maior fluidez ao trafego 12


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nas ruas da cidade substituindo as vielas por ruas arborizadas, promover melhores condições estéticas e higiênicas para as construções urbanas, sanear, embelezar” (Guaranys; Souza, s/d), através da abertura de grandes eixos de circulação visando à ligação entre o setor central e o setor portuário. O sistema viário implantado foi o radiocêntrico e a abertura das avenidas foi o principal instrumento do plano. A Zona portuária foi ampliada, “rasgaram-se” avenidas como a Rodrigues Alves, a Avenida Central (atual Rio Branco) e a BeiraMar, praças antigas foram reformadas e novas áreas foram criadas. Os monumentos arquitetônicos edificados nesses espaços identificam a força da intervenção do poder público: com a construção do Teatro Nacional, a Biblioteca Nacional e os novos prédios da Avenida Central, entre outros. Com a implantação dos traçados acadêmicos, das amplas avenidas, dos edifícios governamentais ecléticos, a capital assumiu, assim, a importância e a monumentalidade de acordo com a escala continental e do desejo da elite dominante do Brasil.

FIGURA 5 - ÁREAS DO PLANO DE INTERVENÇÃO DE PEREIRA PASSOS.

FONTE:GUARANYS, Marcos Benevides; SOUZA, Vicente Custodio Moreira. Preservação do patrimônio arquitetônico da cidade do Rio de Janeiro relacionada à qualidade de vida e a organização do espaço urbano, s/d.

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1.1.3.2– RENOVAÇÃO URBANA A renovação urbana (“urban renewal”) surge em 1929 nos EUA, relacionada a uma política de substituição de habitações precárias existentes nas cidades norte-americanas. Mas foi com o fim da Segunda Guerra que se tornou corrente face à necessidade de reconstruir as cidades européias destruídas pelo conflito e responder ao déficit habitacional acumulado ao longo das décadas anteriores. (Compans, s/d) Em 1951 foi realizado o CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) que introduzido o tema intitulado O Coração da Cidade, o qual sistematizou um conjunto de diretrizes para a afirmação dos centros urbanos em conformidade com os postulados fundadores do Movimento Moderno, sintetizados na Carta de Atenas. O movimento modernista propunha o redesenho da cidade que a um só tempo servisse à sua humanização e à sua densificação, por meio da previsão de espaços verdes e de áreas destinadas ao lazer e ao convívio social, da verticalização dos edifícios, do ordenamento do uso do solo e da circulação viária segundo os critérios de funcionalidade e eficiência. (Compans, s/d). No entanto, o que realmente se concretizou nas cidades americanas foi inicialmente a instalação caótica de muitos cartazes publicitários e que ao longo dos tempos evoluiu para intervenções mais bem organizadas e financiadas. Estas intervenções podem ser agrupadas em quatro áreas principais: •

Criação de espaços de uso exclusivo de pedestres nas principais ruas comerciais;

Reconversão de edifícios históricos em lojas de especialidades, restaurantes e locais de lazer;

Construção de centros comerciais nas áreas centrais das cidades;

Construção de empreendimentos de usos mistos que vão desde hotéis e palácios de congressos até terminais de transportes.

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FIGURA 6 - CENTRO CIVICO EM NOVA YORK - LINCOLN CENTER FONTE: http://www.newyorkmetro.com/images/travel/01/10/lincoln_center_400.jpg - SEM AUTOR

Além destas quatro tipologias principais há, ainda, um conjunto de meios mais ecléticos que não se enquadram bem nestas tipologias. Entre estes encontramos como intervenções nos centros históricos: o programa da Rua Central (”The Main Street Program”), a construção de passagens aéreas ou subterrâneas unindo vários edifícios comerciais, a gestão comercial centralizada (com ou sem o aparecimento das Áreas de Desenvolvimento Econômico – BIDs), e a transformação do centro da cidade num centro corporativo tendo por base a componente de escritórios e serviços. (Balsas, 2000).

FIGURA 7 - PLANO DE RENOVAÇÃO URBANA DE BOSTON – MASSACHUSETTS – 1961. FONTE: http://www.pcfandp.com/a/p/6102/2.html - SEM AUTOR.

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FIGURA 8 - IMAGENS ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO DE RENOVAÇÃO URBANA BOSTON – MASSACHUSETTS – 1961. FONTE: http://www.pcfandp.com/a/p/6102/2.html - SEM AUTOR

Ainda nos anos 60, alguns autores observaram novas transformações que vinham ocorrendo nos centros das grandes cidades norte-americanas e em algumas metrópoles européias. Os centros históricos começavam a serem lentamente reocupados por alguns setores mais abastados das classes médias. Eles retornavam ao centro em busca das vantagens advindas da proximidade oferecida pelos centros. Moradia, trabalho, lazer e consumo estavam disponíveis nos quarteirões vizinhos para aqueles que se dispusesse a morar no centro da cidade. Associava-se a isso o valor que se começava a agregar aos imóveis mais antigos, muitos deles considerados de interesse para preservação histórica. O retorno desses “pioneiros urbanos se dava concomitantemente à chegada de novos usos que agregavam ainda mais “valores culturais” às áreas centrais” (SMITH apud RUBINO, 2004). Galerias de arte, ateliês de artistas novos ou em ascensão, restaurantes e cafés refinados iam surgindo, formando seu público e reafirmando a conquista do território central.

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FIGURA 9 - CHARGE HUMORÍSTICA SOBRE O PROCESSO GENTRIFICAÇÃO DA RENOVAÇÃO URBANA. FONTE: http://web.rollins.edu/~jchambliss/class5.html - SEM AUTOR.

Em 1964, esse processo recebeu o nome de “gentrification”, dado pela socióloga Ruth Glass em sua obra “Introduction to London: aspects of change” (COMPANS, s/d). Em seguida, o termo foi utilizado na descrição de diversos processos semelhantes de requalificação dos centros históricos das grandes cidades. Para Smith apud Rubino (2004), o processo inicialmente tinha algo de espontâneo, mas foi conduzido pelo mercado imobiliário, pois o autor salienta que a renovação só foi possível, não porque se tratava da volta das pessoas ao centro, e sim, do capital. Pode-se concluir que as intervenções realizadas nesse período estiveram mais condicionadas as demolições de áreas consideráveis do tecido urbano e a reconstruções, e, portanto recebeu, de alguns estudiosos, a definição de “bulldozer days”, que significa um arrasamento de quarteirões, recebendo inúmeras criticas. Uma das maiores crítica contra esse modelo urbanístico, foi feita por Jane Jacobs em seu livro “The Death and Life of Great American Cities”, que argumentou essencialmente em defesa do ambiente das ruas ricamente conectadas e continuamente acessíveis, com mistura de funções e altas densidades de uso. Estes ambientes eram contrapostos aos centros culturais e cívicos subutilizados e aos subúrbios monótonos e sem vida; eles também eram vistos como solução em relação aos projetos de melhoria habitacional. O ano de 1974 marca o fim do movimento de renovação urbana e do urbanismo modernista, cuja critica aos seus postulados inicia nos anos 60, e se 17


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intensifica, sob a argumentação de que sua aplicação é responsável pela construção de paisagens urbanas monótonas e estritamente funcionais. Suas caixas de concreto destituídas de ornamentos, a separação funcional e a social estiveram sempre presente nas propostas de cidade, e levou à expulsão de segmentos populares e minorias étnicas das áreas centrais e sua apropriação por grupos de maior

poder

aquisitivo,

incorporadores

imobiliários,

bancos

e

empresas

transnacionais.

1.1.3.3– REVITALIZAÇÃO URBANA Com a crítica ao modernismo racionalista e a resistência contra a expulsão da classe baixa, conseqüência da execução de projetos de renovação urbana, surge um novo movimento intelectual denominado por alguns autores de “contextualismo”, ou como denomina Vargas e Castilho (2006) de Preservação Urbana. Esse movimento visava à valorização do tecido histórico e a “reconquista social da cidade”. Seu enfoque estava na reabilitação do centro histórico a partir de sua destinação a novos usos e possibilidades produtivas, na reconversão dos edifícios antigos e na manutenção dos antigos moradores. Entretanto, o esforço progressista de “salvação da cidade” e da vida pública perdida foi pouco a pouco se transformando no seu contrário. O erro dos “contextualistas”, segundo alguns críticos, foi de acreditar que tudo é passível de associação simbólica e que todas as referências a práticas e a tradições locais devem ser preservadas. Segundo Arantes (1998) as valorizações da cultura e das identidades locais deram lugar a uma ideologia da diversidade na qual conflitos são escamoteados por uma espécie de estetização do heterogêneo, revelando-se uma maneira de administrar contradições, manter o “status quo” e esconder a miséria. O centro “requalificado” torna-se inviável para seus antigos moradores devido à valorização imobiliária, convertendo-se em mero cenário, em formas e símbolos vazios diante da impossibilidade de ressuscitar a vida urbana que lhe dava sentido. Durante esse período, a autora denominou de dinâmica de reivenção urbana, que é simultamente uma conseqüência e um elemento chave na formação da nova economia global. As mudanças possuem suas origens na crise do fordismo e nos processos de reestruturação e globalização que transformaram o desenvolvimento urbano no final do século XX. Essas mudanças são resultados 18


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estruturais e institucionais que operaram em escalas espaciais diversas através de interações mutuas. A erosão da base fiscal dos Estados Nacionais, que resultou da combinação da estagnação econômica, da internacionalização crescente da produção e da extensão da cobertura dos benefícios assistenciais (necessária para conter os movimentos políticos e as ondas de greves), levaram os governos dos países centrais a se engajar num processo de reestruturação pragmática, caracterizado pela contenção de gastos públicos, que atingiu diretamente o financiamento de programas de renovação urbana. No intuito de atrair investidores, os governos locais norte-americanos ampliaram os incentivos fiscais ao setor imobiliário, ofereceram contrapartidas em terrenos, infra-estruturas e regras mais flexíveis para viabilizar empreendimentos e se lançaram na formação de “parcerias” com empresas privadas para a promoção de projetos de renovação urbana. A forma privilegiada de “parceria público-privado” neste período foi a de agências de desenvolvimento. Elas obtinham financiamentos mediante contrato, escolhiam terrenos apropriados aos novos empreendimentos, definiam programas financeiros, obras de infra-estrutura e vantagens a serem acordadas com os investidores, além de negociar contrapartidas, como a melhoria dos transportes públicos, a manutenção do nível de emprego, a formação profissional dos trabalhadores ou ações concernentes à preservação do meio ambiente. Portanto, neste momento, em vez de buscar ordenar o crescimento urbano, interessava agora circunscrever projetos a áreas específicas, como as áreas centrais ou as antigas zonas industriais e portuárias, nas quais se pudesse garantir uma rentabilidade atraente ao investimento privado. A subordinação à lógica do lucro privado resultou na crescente seletividade e na fragmentação espacial da intervenção pública na cidade, levando ao abandono gradativo do planejamento normativo, com planos diretores e leis de zoneamento, e à sua substituição por acordos oportunistas negociados com investidores “projeto a projeto”.

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FIGURA 10 - DOCKLANDS – INGLATERRA – 1970. FONTE: http://www.olhares.com/docklands/foto51807.html – SEM AUTOR.

As

administrações

municipais

foram

levadas

a

adotar

estratégias

competitivas para atrair empresas, turistas e investidores, na expectativa de uma “salvadora” inserção nos fluxos econômicos globais. Nesse momento surge a expressão e modelo da “city marketing”, ou seja, a promoção da cidade mediante a construção e a divulgação de uma imagem “de marca”, positiva e sólida, capaz de facilitar a venda de seus “produtos”, sejam mercadorias, recursos humanos ou serviços, sua crescente incorporação à política urbana. Autores como Borja e Forn (1996) descrevem que “vender a cidade converteu-se em uma das funções básicas dos governos locais e em um dos principais campos de negociação público-privado”, a “espetacularização” da vida urbana não só deve ser perseguida por intermédio da arquitetura e dos monumentos culturais e simbólicos, como no passado, mas também mediante a oferta de infra-estrutura de qualidade em termos de acessibilidade, segurança e de serviços turísticos (centros de convenções, hotéis, restaurantes, equipamentos de lazer etc.), além da realização de eventos culturais e esportivos, da reabilitação de bairros históricos e do “design” urbano, que agora substitue o planejamento.

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FIGURA 11 - PORTO MADERO - BUENOS AIRES – 2005 RECUPERAÇÃO DA ORLA FLUVIAL PARA O USO PÚBLICO DE CONVIVIO, DE ENCONTROS E DE CONSUMO. FONTE: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq054/arq054_03.asp - AUTOR Estudio Alberto Varas.

1.2 - O PROJETO URBANO 1.2.1 – DEFINIÇÕES O conceito de projeto urbano surge como um conjunto arquitetônicourbanístico, de dimensão limitada e realizada dentro de um prazo relativamente curto, com o objetivo estratégico de revitalização de áreas centrais, como também de grandes áreas urbanas degradadas e inutilizadas, como as áreas portuárias e industriais. Essa nova forma de intervenção na cidade insere-se como uma expressão crítica e de substituição às formas de planejamento (planos) que marcaram um período de crescimento iniciado nos anos 60 do século XX, e que se caracterizaram pelo esquematismo, fragmentação e pela justaposição de lógicas setoriais. (Roncayolo, 2002). O projeto urbano encontrou seu fundamento teórico no conceito de "cidade-colagem" de Colin Rowe (1975), que emprega a técnica de colagem como uma estratégia que permite tratar as utopias urbanas como uma imagem em fragmentos e não in toto, enfatizando a morfologia dos edifícios para alcançar coerência espacial. A viabilização do projeto urbano ocorreu em Nova Iorque após a aprovação da lei de parceria público-privada, no final dos anos 70, com a criação do “Battery Park City Authority”, a entidade que incorporou e gerenciou a reabilitação da área oeste ao sul da ilha de Manhattan, à beira do Rio Hudson, onde antigamente localizavam-se inúmeros piers. (Rowe; Koetter, 2006).

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A implantação desses projetos urbanos, intensificando-se, na década de 1980, em países como França, Alémanha, Espanha e EUA, sendo decorrente de três questões principais. Em primeiro lugar, da demanda do capital privado, favorecido pela liberalização econômica e pela expansão do capital financeiro, o qual redirecionou o foco de atuação para o consumo da imagem das cidades, ao invés dos investimentos nas grandes obras de infra-estrutura, conforme havia ocorrido em fases anteriores do desenvolvimento capitalista. Em segundo lugar, da adesão do poder público municipal ao "planejamento estratégico urbano", o qual, segundo discurso dominante, tratava-se da única forma possível de atuação, face às mudanças políticas e econômicas na cidade contêmporânea. Em terceiro lugar, da completa adesão de arquitetos, os quais, após anos de planejamento burocrático e da monotonia funcional do modernismo, foram completamente "seduzidos" por esses investimentos privados. (Lobo, 2006). Para Tsiomis (1996), a reflexão sobre o projeto urbano se colocaria entre a definição de uma nova estratégia para a reconquista da cidade e um "novo" projeto de embelezamento, ou seja, entre questões metodológicas e questões teóricas. Para o autor, o projeto urbano é contextualizado e portanto, não utiliza modelos formais, e demanda da participação dos atores dentro de uma atmosfera de confrontação, negociação e parceria. Sendo assim, o projeto urbano é tanto um urbanismo de correção como de gênese do novo, ou seja, “ele é articulador entre o antigo e o novo, entre o social e o espacial, como também um urbanismo de articulação dos agentes econômicos e financeiros, um urbanismo de coordenação das ações públicas e privadas". A concepção do projeto urbano para Portas (1996), surge como uma nova alternativa ao se apresentar conjuntamente com a noção de estratégia urbana que é "a escolha do modo de conseguir chegar aos fins, num ambiente de incerteza – que existe não só sobre os fins, mas também sobre os meios, isto é, os recursos potenciais e mobilizáveis". Esta característica atribuída ao projeto urbano implica que ele tenha alguns elementos do plano, na medida em que, sendo projeto, também terá que assumir incertezas que subsistirão para além da sua projeção inicial, já que não estará de todo definido e que deverá articular mecanismos que possam absorver a definição de projetos futuros.

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Portanto, os projetos urbanos podem ser definidos por uma revalorização de um determinado espaço, através da redefinição do seu desenho urbano, com normativas flexíveis, levando em consideração tanto seu contexto de atuação como os atores e os agentes envolvidos e que, devido a sua complexidade, se estrutura como uma ação no tempo.

1.2.2 – PARÂMETROS 1.2.2.1 – TEMPO A introdução da questão do tempo na concepção e na gestão das cidades parece favorecer a compreensão dos processos envolvidos no desenvolvimento do projeto urbano. O projeto urbano é uma atividade que deve ser construída com o tempo: o tempo da montagem, da colagem, da edificação, da gestão, da substituição, e assim por diante. O domínio ou a perícia em manejar estes tempos possui, por sua vez, atores diversos, lógicas profissionais às vezes semelhantes e economias de escala muitas vezes contraditórias. E, embora não se pretenda colocar estas lógicas nas mãos de um único ator, reconhece-se que a coordenação de algumas delas é que podem permitir melhoras nos resultados. Para Roncayolo (2002) as relações entre as formas sociais e as formas urbanas se modificam no tempo, já que o trabalho de concepção em suas diferentes manifestações revela a complexidade das relações que o urbanista deve dar conta no momento de concepção de um projeto. Desta maneira, deve-se considerar a concepção espacial também como um processo social que engloba uma série de indivíduos e grupos. Assim, também, a concepção deve ser entendida como uma etapa entre uma série de processos, sejam eles relativos à evolução dos usos ou das práticas sociais. O autor ainda indica a qualidade de multi-temporalidades urbanas que o projeto urbano agrupa. A utilização deste conceito em relação ao projeto urbano consiste, no fato de que qualquer ação sobre os espaços urbanos se efetua através de negociações, cujas condições só podem ser apreendidas através da noção de tempo. Mas vai além, ao destacar que estes tempos não são os mesmos, primeiro porque eles se sucedem e, sobretudo, porque as ações e os objetos a que eles se referênciam obedecem a temporalidades diferentes. Estes descompassos, ou intervalos temporais, por sua vez, também tocam as estruturas materiais da cidade,

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cujo ritmo de vida é também variável e que resultam de uma série de circunstâncias dificilmente identificáveis. Por fim, o autor refere-se à noção de trajetória, ou seja, da evolução não sincrônica do projeto urbano. O problema reside na relação entre as diferentes maneiras de conceber o tempo: tempo dos criadores, o das projeções, das ciências sociais e, sobretudo o tempo dos ajustes entre as formas e a sociedade, cujos cruzamentos escapam ao nosso determinismo e à nossa previsibilidade. Isto é, esta conjugação impõe uma concepção de tempo que não é para ser entendida como oposição entre passado e futuro, presente e futuro.

1.2.2.2 – AGENTES Segundo Fontes (2004) se considerarmos o projeto urbano como um jogo de carta, poderemos definir as táticas como às estratégias, a mesa como à cidade, as cartas aos elementos manipulados, como os espaços públicos e privados, e os jogadores

aos

agentes

do

desenvolvimento

urbano

(governo,

empresas,

população). Os agentes do desenvolvimento urbano envolvem o pensamento e a ação, representados pelos arquitetos, urbanistas e demais profissionais envolvidos na concepção das idéias, assim como os responsáveis pela sua implementação, como o governo e as empresas privadas. Portanto, a requalificação dos espaços centrais, ou o reforço das centralidades, dentro de uma lógica de projetos urbanos, além da articulação projetos/políticas, conforme já mencionado, são alcançados através do uso de recursos públicos e privados simultaneamente. A nova modalidade de intervenção pressupõe que público e privado são complementares e edificados ao mesmo tempo supondo uma sinergia entre ambos, onde ocorre uma mútua valorização.

1.2.2.3 – NORMATIVAS A determinação de regras baseadas nas particularidades locais, ao invés de parâmetros rígidos, permite o gerenciamento negocial. Portas (1996) defende a inclusão da negociação e da adaptabilidade como processos integrantes do planejamento. Dessa forma, através da articulação desses processos, o projeto urbano pode concretizar-se de fato, principalmente em um contexto complexo,

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como um vazio urbano em uma área central que sofre com uma legislação desfavorável. O projeto urbano é que deve ser o responsável pela fixação das regras mínimas que ligam a construção ao espaço público, ou seja, deve definir os domínios público-privado, como alinhamentos e gabaritos. A legislação restritiva deve ser aplicada somente em locais estratégicos, e não desrespeitando-se as particularidades e avaliando-se cada lugar, caso a caso. Assim, as regras arquitetônicas aplicadas aos edifícios vão estar diretamente ligadas aos espaços públicos que junto com eles compõem a cidade.

1.2.2.4 - DESENHO O projeto urbano tem como característica fundamental voltar-se para as intervenções físicas na cidade. O termo desenho urbano apareceu inicialmente em 1950 e estabeleceu-se como conceito onde a qualidade de vida nos espaços públicos é prioridade, tanto como elemento físico quanto sócio-cultural, responsável pela produção de lugares que possibilitem as pessoas aproveitá-los e usá-los em sua máxima capacidade. (Izaga,2006). No desenho urbano, o "urbano" é um termo que possui um amplo significado, onde se inclui não somente as cidades, mas as vilas, bairros e distritos, enquanto "desenho", ao invés de ser uma mera interpretação estética, é muito mais a efetiva solução e/ou o processo de produção e organização dos espaços. Assim, o desenho urbano contêmporâneo é, ao mesmo tempo, preocupado com o desenho dos espaços como uma entidade estética e também como cenário de comportamentos e atividades. Ele é focado na diversidade de atividades que ajudarão a criar espaços urbanos concretos e, em particular, como essa estrutura física suportará as funções e atividades que lá existirão. Esse conceito traz junto à noção de desenho urbano como desenho e gestão do espaço público.

1.3- ESTUDOS DE CASOS Os estudos de casos foram selecionados de acordo com o seu significado no contexto urbano. Serão analisados quatro projetos, sendo dois internacionais (Barcelona e Bilbao) e dois nacionais (Santo André e Recife-Olinda).

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Os internacionais pretendem evidenciar como a questão urbana vem sido elaborada em países desenvolvidos5, sendo que, serão observadas as suas teorias e as implantações das suas propostas. No caso, o chamado “Modelo Barcelona” é o grande exemplo de intervenção urbana em grande escala, e suas experiências são uma referência em boa parte do mundo. Bilbao também passou por uma intervenção significativa, no entanto neste momento o intuito desse trabalho é introduzir o projeto urbano, ou seja, a intervenção estrategicamente pontual. Os casos nacionais foram introduzidos como uma maneira de demonstrar como esses princípios de projeto urbano que, inicialmente, foram inseridos em contextos americanos e europeus, foram absorvidos e executados no Brasil. Vale destacar a contêmporaneidade de todos os projetos escolhidos, já que a idéia deste trabalho é aproximar-se ao máximo de uma proposta autêntica e viável. Para a análise foram determinadas seis categorias de estudo: - Características da área: inserção da história política, econômica, social e o contexto urbano, planos anteriores e o sitio urbano. - Estratégias de implantação: demonstração do cenário urbano do projeto, viabilização desenvolvimento e a aplicação. - Variações de usos: tipos de usos e atividades propostas e sua forma principal e complementar. - Espaços Públicos: configuração espacial e uso dos domínios públicos - Sistema de fluxos: sistematização dos viários e de pedestres. - Estrutura Interna: principais projetos implantados que assumiram caráter de marcos visuais e pontos focais.

1.3.1 – BARCELONA – ESPANHA CARACTERÍSTICAS DA ÁREA A transformação pela qual passou Barcelona, de uma cidade de importância regional, cuja economia era baseada na indústria, para uma 5 A importância de analisar os projetos urbanos elaborados nos paises desenvolvidos, diferentemente dos subdesenvolvidos, é que a maioria destes projetos consegue obter um resultado mais eficaz e próximo ao que foram propostos, devido suas experiências urbanísticas teóricas e práticas, a mão de obra altamente especializada, o uso de técnicas e de materiais de alta tecnologia, e a presença de recursos financeiros.

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“metápolis” 6 efervescente com um enorme poder de atração, não foi casual, mas fruto das políticas públicas e culturais adotadas nos últimos 25 anos. O chamado “Modelo Barcelona” é considerado um marco nas transformações urbanas do século XX e uma referência em boa parte do mundo ocidental, notadamente na América Latina. A cidade de Barcelona, desde suas origens foi se desenvolvendo segundo as necessidades impostas pelas transformações sociais, políticas e econômicas de seus habitantes. O processo de urbanização surge mais claramente durante os séculos XIV e XV, com um parcelamento dividido em dois grupos: grandes parcelas feudais agrícolas ou urbanas e pequenas parcelas eminentemente agrícolas. Essas subdivisões em parcelas e a concentração de residências caracterizavam as ruas em meros espaços residuais, sem uma lógica, apenas acompanhando a geografia existente ou a limitação e divisão de propriedades. Em meados do século XIX, Barcelona encontrava-se ainda cercada pelas muralhas, com altos índices de adensamento e de congestionamento, sendo que tal situação impedia sua expansão e integração aos municípios vizinhos. Após a derrubada das muralhas, surge uma nova situação urbanística e a constatação é destacada com a carência de um plano para expansão da cidade. Nesse contexto surgem duas correntes dispostas a solucionar essa situação: uma expansão

representava

por

um

crescimento

orgânico

da

cidade

velha,

apresentada pelo arquiteto Rovira i Trias; e a de um crescimento homogêneo, igualitário e contextualista, apresentada pelo engenheiro Cerdá. Em 1860, foi à proposta de Cerda7 aprovada pelo governo, visando uma expansão no sentido mar-montanha, cuja finalidade era a integração entre antigas vilas de origem rural à zona urbana.

O termo Metápolis é um novo conceito para a metrópole digital que emerge “por entre a metrópolis da era industrial. “A cidade é agora um lugar de lugares, onde diversos modelos coexistem, cada um com as suas qualidades intrínsecas que os diferenciam dos restantes”. (Metapolis Dictionary of Advanced Architecture: City, Technology and Society in the Information Age. Actar, setembro/2003). 7 Os elementos marcantes desse plano foram às ruas e os quarteirões, onde a primeira desempenhava a função de movimento e a segunda a de descanso. Para isso, o sistema viário recebeu um traçado racionalista, constituído de uma malha ortogonal sobre uma superfície de 3 a 7 quilômetros, que circundava a cidade antiga e, segundo Lampugnani “com uma orientação através de idéias higienistas, com a bissetriz entre meridianos e paralelos terrestres”. Já os quarteirões eram compostos em um formato quadricular, do qual as construções deveriam situarse em torno de um centro livre, com a finalidade de proporcionar as moradias um espaço coletivo, além de insolação, ventilação e iluminação. 6

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FIGURA 12- PLANO DE CERDÁ 1858. FONTE: http://es.wikipedia.org/wiki/Distrito_del_Ensanche - SEM AUTOR.

A discussão sobre a temática urbana utilizada por Cerdá movimentou a vida cultural da Catalunha8 nas décadas de 20, 30 e 50 com o surgimento de um movimento de arquitetos racionalistas denominado de “Grupo de Arquitectos y Técnicos Españoles para el Progeso de la Arquitectura Contêmporánea”. Em 1930, Le Corbusier, que então representava a vanguarda com sua teoria da cidade funcional, recebeu patrocínio do Governo da Catalunha para realizar um plano para Barcelona, conhecido como “Plan Macia”, não aplicado devido a Guerra Civil Espanhola e a ditadura do general Franco. (Sanchez, 2003). Em 1953, a atualização do plano de Cerdá tornou-se essencial, para isso foi elaborado o denominado Plano Comarcal, sendo seu principal objetivo a identificação, delimitação e classificação do espaço urbano, do uso do solo, e das tipologias arquitetônicas. O Plano Comarcal propiciou uma reserva de amplas áreas para infra-estrutura, equipamentos e áreas verdes. No final dos anos 70, ocorreu a instauração de uma nova ordem institucional na Espanha após a queda do regime franquista, determinando uma maior autonomia política e econômica às cidades espanholas através de novas competências em matéria urbanística e uma ampliação na sua participação no gasto público total. Foram três fatos importantes caracterizaram a fase de transição (1976-1979): a chegada da democracia e dos novos valores para os representantes das municipalidades com a entrada da Espanha na Comunidade Européia, o Barcelona é a capital da Catalunha, uma região cuja sociedade esta em permanente luta de auto-afirmação dentro da Espanha. Essa característica que deve ser levada em conta no entendimento da gênese das políticas atuais do governo municipal para o reposicionamento da cidade dentro da rede urbana da Comunidade Européia e como referência internacional.

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crescimento econômico e o fim da crise industrial, e a irrupção de novas tecnologias e a rápida tradução em novas atividades produtivas. Os novos valores urbanos da democracia reavaliaram a realidade de muitas das municipalidades e iniciam a consolidação de realidades urbanas já concebidas em cidades compactas, integradas e com uma identidade cívica renovada. Durante o período de transição política, também ocorreu um fortalecimento da cidadania e dos movimentos sociais urbanos, sobretudo uma efetiva participação pública da sociedade civil nas propostas relativas às políticas urbanas. Destacando-se a atuação da “Federación de Asociaciones de Vecinos de Barcelona (FAVB)”, traduzida como Associações de Vizinhos, que além de buscar melhores condições de vida, fazia parte de um movimento de resistência, em um processo paralelo ao movimento dos trabalhadores nas fábricas e ao movimento intelectual da universidade. Poucos dias antes das eleições municipais, a FAVB elaborou e apresentou publicamente um relatório descrevendo os principais problemas da cidade e as reivindicações dos movimentos de bairro, dentre elas a priorização nas áreas de educação, saúde publica, transporte coletivo, política referente ao patrimônio municipal do solo, habitação, urbanização ao entorno dos conjuntos habitacionais, áreas verdes e lazer. (Sanchez, 2003). Em 1976 foi aprovado o Plano Geral Metropolitano (PGM), cujo conteúdo estava articulado em torno de dois elementos fundamentais: os usos do solo e o traçado viário. Tratava-se de um plano de ordenamento de atividades e usos na cidade de Barcelona, o qual determinava também suas áreas de expansão, não tratando com o mesmo empenho todo o território metropolitano. Nota-se o começo de uma estratégia territorial de transformação do espaço urbano da cidade - pólo em espaço de gestão e consumo, promovendo a produção industrial em outras áreas da região metropolitana, entretanto em um primeiro momento, trata-se de um “urbanismo defensivo”, que buscava basicamente resgatar a normalidade administrativa e a ética na gestão. Em 1979 foi eleito o primeiro governo municipal democrático, em um contexto de forte retração econômica que afetava principalmente os setores têxteis e de serviços juntamente com um alto índice de desempregos. Com a falta de recursos para investimentos em grandes equipamentos e infra-estruturas, o inicio deste governo foi marcado pela motivação do Plano Geral Metropolitano, centrado na contenção dos processos especulativos e de gestão publica dos 29


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vazios urbanos, objetivando a implantação de equipamentos sociais e espaços públicos, visando um equilíbrio entre a área central e a periferia. (Sanchez, 2003). No final dos anos 80, a equipe de direção da área de Urbanismo, coordenada pelo arquiteto Oriol Bohigas, juntamente com vários jovens profissionais formados durante os anos críticos de transição e também o grupo de trabalho do Laboratório de Urbanismo da Escola de Arquitetura dirigido por Manuel Sola Morales iniciaram a formulação de uma política urbana baseada em uma análise projetiva do território, complementando as análises gerais do PGM com planos especiais de reforma interior (PERI).O PERI possuía como principal fundamentação a idéia de reconstrução do existente e suas propostas atendiam especificamente cada bairro, nesta etapa a FABV teve um papel efetivo no seu desenvolvimento e elaboração. Suas reivindicações foram votadas em assembléias e pelas próprias associações sob orientação técnica de profissionais e, garantiram que os investimentos

em

infra-estrutura

fossem

também

investimentos

socialmente

redistributivos, em termos de equalização das condições de vida urbana nos espaços da cidade. (Bohigas, s/d). Em 1986, foi criado o programa “Áreas de Nueva Centralidad (ANC)” com o objetivo de promover a renovação urbana de dez diferentes regiões da cidade, tendo como antecedente o estudo para a definição de “áreas olímpicas”, quando da proposição da candidatura aos Jogos Olímpicos, em 1983. Este programa se inscrevia na dupla estratégia de modernização e internacionalização da economia local – que almejava fazer de Barcelona a capital do noroeste do Mediterrâneo – e de aproveitar a realização das Olimpíadas de 1992 para pôr em marcha um processo de reestruturação urbana global. A filosofia da ação da municipalidade fundava-se na premissa de seu papel como indutor das atuações privadas, cabendo a ela a escolha prévia das “oportunidades”, a elaboração do plano e o aporte inicial de recursos, de modo a “impulsionar” os investimentos privados subseqüentes. A implementação deste programa obedeceu a um cronograma agrupandoos em três fases distintas, dos seguintes projetos:: 1º) “Calle Tarragona”; 2º) Diagonal – “Sarrià”; 3º) “Puerto Urbano”; 4º) Carlos I – Av. Icaria (“Villa Olympica”);5º) “Nova Plaza Cerda”; 6º) “Vall d’Hebron”; 7º) “Plaza de las Gloria”s; 8º) “Renfe-Meridiana”; 9º) Diagonal – “Prim”; 10º) “Sant Andreu– La Sagrera”.Os cinco primeiros projetos deveriam ter sido concluídos até 1992 (entre eles a “Villa Olympica”), outros três até 30


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

meados da década e os dois restantes até o ano 2008. O questionamento que se fazia no começo dos anos 90 era quanto à manutenção do interesse privado em participar do programa e quanto à sua viabilidade posteriormente à realização dos Jogos Olímpicos, já que até 1991 apenas um terço dos apartamentos da vila olímpica haviam sido comercializados. (Grau, 2004). A elaboração do “Plan Estratégic Economic i Social de Barcelona (PEESB)”, entre 1988 e 1990, foi o elemento central da construção de um consenso em torno das ações que pudessem assegurar a transformação econômica e urbana coerente como desejo de internacionalização da cidade, também motivado pela necessidade de ampliar a base social do governo, como forma de evitar as derrotas eleitorais do Partido Socialista, que já vinham ocorrendo em outras partes da Espanha. No ano de 1996, pela primeira vez Barcelona recebeu mais turistas em busca de suas atrações do que homens de negócios. Houve um grande aumento no setor de serviços e indústrias se deslocam para o interior ou simplesmente fecham suas portas. O slogan adotado – Barcelona, a cidade do conhecimento – procura expressar os pontos principais da nova estratégia, no qual a cultura é vista como geradora de riqueza, fator de coesão social e elemento de promoção internacional. Este novo plano foi implementado a partir de 1999 com o nome de plano estratégico para a Sociedade da Informação o qual preconizou a patrimonialização da cidade e a incorporação das manifestações culturais à nova era digital. As atividades culturais procuraram ser auto-sustentáveis e vistas como atração turística para a cidade. Um papel relevante neste processo foi ocupado pelo Instituto de Cultura de Barcelona (ICB) que passa a gerenciar e divulgar de forma centralizada os eventos de iniciativa pública e privada.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO As propostas contidas no PGM (1976) priorizam a implantação de equipamentos e áreas verde e a ordenação do sistema viário, com otimização de todos os tipos de fluxos, principalmente ao fluxo de passagem, bem como a eliminação do trânsito ineficiente dentro dos bairros. A população de Barcelona apoiou o PGM através da associação de vizinhos, cientes da degradação física da cidade e da urgência das medidas que deveriam ser tomadas para a sua recuperação. 31


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Duas propostas quanto à metodologia a ser utilizada nas intervenções urbanísticas foram apresentadas pela equipe da diretoria do PGM. 1 – Baseada no “estructural plans” ingleses, que repensa a metrópole a partir de seus elementos articuladores – vias, equipamentos, etc., deixando o restante para desenvolvimento posterior. 2 – Mais abrangente, pela qual o Plano controlaria tudo, desde auto-pistas até as tipologias de edifícios. O resultado foi um plano mesclado, com diversas propostas, métodos e idéias, e a nível geral, foi uma proposta viária herdada da rede arterial elaborada pelos tecnocratas do Ministério de Obras Públicas, um esquemas de auto-pistas urbanas como reserva maximalista de solo para grandes obras como modelo organizativo da trama urbana: umas tiras de reservas para zonas verdes e equipamentos aproveitando as últimas oportunidades que restavam no interior da cidade; e uma divisão de zonas do tecido urbano que queria recuperar

as

lógicas

anteriores

à

especulação,

aos

tipos

arquitetônicos originais e ajustar mecanismos de transformação de cada elemento em relação à arquitetura de cada tecido. (Piê,1997).

A década de 1980 foi marcada pela política urbana de Barcelona com um programa urbanístico simples e de fácil execução. Zapatel (1998) distingue dois momentos no processo de transformação urbana em Barcelona.O primeiro (1980/1987) foi marcado pelas intervenções feitas mediantes projetos pontuais e mediadas que visavam atender problemas prioritários, básicos, a curto prazo e com recursos públicos, melhorando as condições de habitabilidade, principalmente nos bairros novos, tais como o transporte público, a coleta de lixo, a criação de áreas verdes e equipamentos comunitários e intervenções de maior escala, por meio dos PERI. A segunda etapa foi marcada pelo advento dos jogos olímpicos, períodos compreendidos entre 1986 e 1992, Nesse momento foram realizadas intervenções de maior envergadura, envolvendo estratégias de reestruturação urbana em nível metropolitano, tais como a organização do sistema viário e a criação de áreas de centralidade, visando o equilíbrio e novas relações entre partes urbanas.

32


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A transformação do espaço da cidade sob o impulso das obras olímpicas mostra esse período como altamente rentável e representativo das estratégias do estado e dos agentes hegemônicos para superação da baixa rentabilidade da organização espacial anterior. Nesse momento iniciou-se uma política para atrair capital público e privado para a construção das obras. As propostas resultantes do processo de negociação entre os grupos considerados os mais representativos da cidade, que compunham o Comitê Executivo9 , os representantes de 193 instituições, que formavam o Conselho Geral, e os 520 diretores de empresas privadas, públicas de instituições diversas, que constituíam as Comissões Técnicas, foram agrupadas em 6 grandes linhas estratégicas, com o objetivo maior de “consolidar Barcelona como metrópole empreendedora européia, com uma forte incidência na região em que está situada, com qualidade de vida moderna, socialmente equilibrada e fortemente arraigada na cultura mediterrânea”. (Foxà,1993).

FIGURA 13 – IMAGEM ILUSTRADA DOS PRINCIPAIS BAIRROS E PONTOS TURISTICOS DE BARCELONA. FONTE: http://rentals-barcelona.com/phplinks/index.php - SEM AUTOR.

VARIAÇÕES DOS USOS Os PERI (Plano Setoriais de Reforma Interior) englobam a reabilitação de distritos ou setores urbanos, tendo como principal objetivo, a reestruturação da

“Ayuntamiento de Barcelona; Câmara de Comércio e Industria; Foment del Treball; Comissions Obreres; Unión General de Treballadors; Universidad de Barcelona; Círculo de Economia; Puerto Autonomo; Feira de Barcelona e Consorcio de la Zona Franca”.

9

33


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forma física. Suas intervenções podem ser classificadas de acordo com o grau de complexidade em três diferentes escalas: - Projetos de reabilitação urbana de espaços degradados, que contêmplaram operações de restaurações e recuperação da morfologia urbana, bem como a racionalização das áreas destinadas a circulação e estacionamento. - Projetos de qualificação urbana, executados na região periférica, que envolveram adequações das edificações para novos usos e criação de espaços públicos. - Projetos estruturadores, que contêmplaram o uso de pequenos espaços públicos, por meio de sua qualidade, quantidade e localização estratégica. No primeiro período de intervenções, denominadas de pontuais, foram programadas modificações de acordo com as necessidades locais de cada área, denominadas de “acupunturas urbanas”

10,

constituindo-se em usos específicos

como praças, parques e escolas, espalhados em toda a malha urbana e implantados nos vazios urbanos de alta densidade demográfica. As edificações deterioradas que foram construídas sem os devidos afastamentos, provocando grande adensamento nos bairros, foram demolidas e construídos novos edifícios e espaços públicos, acarretando na formação de uma nova centralidade na cidade antiga e na valorização do centro histórico. Na parte interna dos quarteirões de Cerdá, idealizadas como núcleos centrais, durante os anos, foram construídas varias edificações descaracterizando a idéia original. Para esse caso, os PERI previam a demolição gradativa dessas edificações, e segundo Zapatel (1998), a legislação aprovada previa a liberação dessas áreas para ajardinamentos somente quando da substituição ou de reformas nos edifícios existentes, resgatando o que era previsto no Plano de Cerdá com a criação de espaços públicos e áreas de permeabilidade nesses quarteirões. Nos bairros tradicionais, a intenção dos planos setoriais centrou-se na redução da densidade construída e na definição de projetos de intervenção com forte qualidade urbana, já que cada bairro possuía uma conformação especifica de tipologia de residências, distribuição e uso de comércio e equipamentos. Um exemplo é a modificação das vias com a manutenção da hierarquia nos valores de uso comercial e de serviços, sendo às vezes, oportuno a redução do trafego e 10

Expressão usada por Solá-Morales (2001). 34


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travessias para um caráter local, como por exemplo, as vias de “Gracia”, “Sarria”, “Sant Andreu”, “la Rambla del Poblenou”, “la Rambla del Carmel” . Em outras áreas ocorreram transformações urbanísticas no melhoramento da infra-estrutura, como o caso das substituições das antigas fábricas e espaços em desusos para novos espaços de atratividade e interesse locais e a valorização em espaços centrais para a circulação de pedestres. Como exemplo os parques da fábrica em “Sant Andreu”, “Paperera” em “Poble Nou”, “Vapor Vell” em “Sants” e FECSA em “Poble Séc”. Para os bairros novos, constituídos dos chamados “Polígonos” (Conjuntos habitacionais) e de “áreas de urbanização marginal”, consolidados durante as décadas de 60 e 70, foi prevista a integração dessas áreas marginalizadas com a malha urbana existente através de conexões viárias. Nesses bairros, os espaços públicos tanto como a arquitetura que os cercam nunca possuíram um caráter urbano e, portanto era necessário reordenar e urbanizar esses espaços com critérios de centralidade, conferindo-lhes os valores significativos da coletividade, aqueles valores existentes na cidade histórica, conferindo-lhes uma qualidade urbana. No segundo momento, a partir de 1986, a idéia de estruturação urbana partiu de um sistema policêntrico, que aumentasse o equilíbrio e a homogeneidade do território. A inovação do programa ANC (“Áreas de Nueva Centralidad”) consistiu no pressuposto da combinação de usos múltiplos e no engajamento do setor privado na gestão e na execução dos projetos. A prefeitura de Barcelona identificou grandes espaços existentes entre um distrito e outro, denominado de espaços residuais, devido à falta de infra-estrutura e a indefinição desses espaços, e propôs intervenções que iam desde a reestruturação do sistema viário, acessibilidade ao transporte público e o redescobrimento da fachada marítima – incluindo a reutilização das praias, separadas da cidade havia decênios por instalações industriais e portuárias – até a construção de edifícios de escritórios e de apartamentos, criação de parques e de áreas verdes, conectando-os aos espaços qualificados e aos sistemas de informação e comunicação. Dentre essas operações urbanas podemos destacar:

35


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- “Praça de les Glories Catalanes”: Nesse projeto foi implantado um novo pólo de centralidade e o local caracterizou-se como setor terciário e de Equipamentos, tais como o Teatro Nacional de Catalunha, o auditório de Barcelona, o Arquivo Municipal, a Estação Central de Ônibus e um Quartel da Guarda - Urbana. - Setores Olímpicos: Esses setores foram planejados para recebera edificações para a realização de eventos esportivos, cada qual com sua especificidade, e dentre eles, destaca-se a Vila Olímpica, complexo que previa o crescimento dos bairros em direção a orla marítima. - Reestruturação da Orla Marítima: Esse projeto surgiu de uma necessidade de ordenação da orla e a definição de uma fachada marítima para a cidade. Para isso foi aplicada à construção de um novo setor habitacional na Vila Olímpica, sendo que o quarteirão continuou com o espaço central, seguindo uma releitura ao Plano de Cerda, destinado ao uso comum, porem agregando outros tipos de atividades como o comércio estacionamento para veículos. - Infra-Estrutura Urbana: Toda a infra-estrutura urbana de Barcelona passou por transformações e ampliações, em que foram beneficiados os sistemas viários, ferroviário, drenagem e a evacuação de águas residuais, por meio de planos específicos. ESPAÇOS PÚBLICOS Os planos e projetos propostos para os espaços públicos na cidade de Barcelona foram capazes de proporcionar uma fundamentação convincente à sociedade e, suas idéias se materializaram no slogan de Requalificação Urbana baseada na valorização da cidade através de uma transformação e atualização de si mesma. Segundo Solá - Morales (2001) a experiência do uso público em Barcelona,

“foi orientada para aproveitar esses espaços e criar uma imagem nova da cidade, um estilo e uma lógica diferente, e isto se conseguiu com notável sucesso -nem tanto pelo acerto dos desenhos, mas porque a impressão em ver mudar a paisagem urbana a partir de seus vazios, em contraposição ao quieto e pesado

corpo

edificado,

36

era

uma

experiência

nova

e


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

rejuvenescedora para qualquer um. Na cidade, alguns não quiseram reconhecê-los; de fora, todos admiravam”.

Podemos classificá-los em varias escalas e intensidades de intervenção: - Parques Urbanos: Foram projetados em vazios urbanos imersos no tecido urbano, com uma dimensão entre seis e dez hectares, do qual deveriam atender as necessidades especificas de cada área e entorno a serem implantados. * Ocupação de áreas industriais e de serviços em desuso e/ou obsoletos. São exemplos: “El Escorxador” (Antigo Matadouro), “La Espana”, “El Clot”, “Pegaso” e RENFE-Meridiana, entre outros. * Ocupação de áreas não propensas a este tipo de uso, muito das vezes altamente contaminadas, cujo objetivo principal era a sua reabilitação em curto prazo, através de novos equipamentos de lazer e recreação.

FIGURA 14 - PRAÇA DA ESPANHA. FONTE: http://biztravels.net/biztravels/pix/pix.php?p=420&l=230 – SEM AUTOR.

- Praças e Jardins: Foram operações de pequenas intervenções, totalmente integradas nos diferentes tecidos urbanos residenciais da cidade, sendo que em poucos anos, mais de 100 praças foram construídas. Denominadas de intervenções estruturadoras, não por sua escala, mas por sua intensidade e profusão, sua finalidade era criar novos espaços públicos, complementados com equipamentos e infra-estrutura. Suas funções eram variadas, sendo que a maioria dos projetos procurou resgatar valores simbólicos, incorporando elementos especiais como as esculturas, outros buscaram superar condições de um contexto desfavorável a sua implantação, principalmente nas áreas residenciais periféricas construídas durante 37


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o “boom” do movimento especulativo dos anos 60. São exemplos: a Praça Soller, a Robacols e outras. Algumas praças funcionaram como verdadeiros parques públicos como a Praça de “Salvador Allente”, a Baixa de “Sant Peri”, a “Sant Augustí Vell” e a “la Mercê”. Outras adotaram um sistema aberto articulado (Praça de “Gracia”, “Via Pentagonal de Sant Andreu” e algumas praças da Cidade Velha), através da reabilitação integral de pequenas praças juntamente com o desenvolvimento suburbano do local, com a instalação de equipamentos e serviços – mercados, igrejas, estacionamentos – que funcionavam como um subcentro cívico. - Jardins Equipados: Subtipo do item anterior e incluía uma serie de áreas privadas que passaram a ser utilizadas como espaços públicos na cidade. As edificações existentes foram convertidas para uso do equipamento coletivo, sendo os exemplos desse tipo: Can Altamira, Vila Sicília, Torre Groga, La Tamarita, entre outros.

FIGURA 15 E 16 – JARDINS CAN ALTAMIRA E LA TAMARITA. FONTE: http://www.epdlp.com/fotos/bcn0584.jpg - SEM AUTOR.

- Parques de grande escala: Correspondem aquelas atuações de maiores proporções no esquema global de áreas verdes de Barcelona. Deve-se destacar que a construção desses grandes parques em um curto período de tempo apenas foi possível graças ao programa olímpico de 1992. São eles: a Frente Marítima, com sua transformação em um grande parque linear com praças de acesso público; o “Montjuic”, que se abre para o delta do Rio “Llobregat”, onde foram instalados equipamentos esportivos olímpicos; o “Valle de Hebrón”, situado na zona norte da cidade, em área residencial, com equipamentos para uso dos setores mais denso e o parque da Diagonal, que completa a grande área esportiva da cidade. SISTEMAS DE FLUXOS 38


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A estrutura de fluxos de Barcelona se forma a partir das seguintes hipóteses: 1-

Caráter diferencial das diversas áreas constituídas a partir de uma rede viária

específica, buscando um esquema geral de conexão entre zonas. 2-

A articulação viária se reproduz a partir de 4 níveis:

a)

Rede principal e rede primária: são compostas pelos antigos cinturões de

ronda que atuam como grandes rondas distribuidoras conectadas à rede secundária, favorecendo uma conexão entre as áreas centrais e os bairros. Seu desenho apresenta um traçado fragmentado que tem como objetivo distribuir o tráfego, formando nos nas zonas de forte configuração urbana. b)

Rede secundária: apresenta grandes canais e bulevares cujo objetivo

fundamental é aumentar o valor das vias locais. É um importante elemento para o transporte público e para atividades terciárias e publicitárias (“banners” e “outdoors”), comportando espaços equipados com passeios e atividades próprias. c)

Rede interna: referente às ruas que complementam o tecido urbano dos

bairros, correspondem às vias de nível local e características variáveis de acordo com a sua localização. d)

Passagem

de

pedestres:

refere-se

a

elementos

interiores

de

áreas

consolidadas os quais dão prioridade ao uso dos pedestres, diversificando atividades nas diferentes zonas tradicionais da cidade.

39


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 17 - PRINCIPAIS VIAS AMARELO: REDE PRINCIPAL (OS CINTURÕES), VERMELHO: DIAGONAL, ROSA: MERIDIANAL, AZUL: “GRAN VIA” FONTE : ORGANIZADO PELO AUTORA.

Segundo Sanches (2003), na década de 1970, a construção de um eixo viário, o Segundo Cinturão teve suas obras paralisadas devido a grandes pressões e conquistas políticas de um conjunto de associações de vizinhos que se sentiram prejudicados com a obra. Desde essa época, as auto-pistas, ou vias de trânsito rápido se tornaram impopulares por causa de seus impactos, fragmentação do tecido urbano dos bairros, expropriações e reassentamentos, assim como o favorecimento do transporte privado ao público. Na década de 80, grandes operações urbanas se iniciaram com a seleção da capital Catalunha para sediar os jogos olímpicos de 1992, principalmente as obras viárias, como os “cinturones de ronda”, que se caracterizavam por serem projetados para tráfego rápido a fim de

aumentar a mobilidade e conexões

urbano-metropolitanas. Em 1987 o Segundo Cinturão teve suas obras retomadas. Com a identificação e desenvolvimento de novas centralidades, a infraestrutura viária e o transporte público foram alvo de intervenções a fim de favorecer a acessibilidade a esses locais, conectando-os aos espaços urbanos qualificados e aos sistemas de informação, combinados a atividades terciárias, escritórios e espaços livres. Dentre os principais fluxos destacam-se:

40


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

1-

“Praças de Lês Glories Catalanes”: é um espaço residual, sendo ponto de

confluência de três importantes vias: Meridiana, Diagonal e “Gran Via”. Foi projetado com a construção de um anel elíptico em dois níveis, conectando as avenidas Meridiana e “Gran Via” com a trama local, dando continuidade à Avenida Diagonal em direção à orla marítima. 2-

Setores Olímpicos: Os setores olímpicos são constituídos do Anel Olímpico,

Diagonal, “Vale d’Hebron” e Vila Olímpica, e distam 4 km um do outro. 3-

Fachada Marítma ou” Moll de la Fusta”: inicia-se no “Moll de la Fusta”,

continua pelo bairro “Barceloneta” e é alargada pelo trajeto práticamente virgem pelo o conjunto de praias do “Poble Nou”. ESTRUTURA INTERNA O plano apontava para dois grandes eixos de atuação: um maior incentivo ao setor de serviços e o estímulo ao turismo. Para isso a cidade ‘precisava’ ter novos equipamentos culturais modernos e atrativos que se apresentassem como marcos visuais e pontos focais. As principais intervenções no espaço urbano que tiveram esse objetivo foram: A Vila Olímpica, “Moll de la Fusta” (remodelação da área portuária), a Ilha Diagonal e as requalificações dos bairros “Gracia”, “Eixample” e Cidade Velha.

A Vila Olímpica e a “Moll de la Fusta”

FIGURA 18 E 19 – VISTA ÁEREA E IMAGEM DA VILA OLÍMPICA.

FONTE: http:// earth.google.com/ - IMAGEM SATELITE e http://www.donquijote.org – SEM AUTOR.

Embora integrasse o programa “Áreas de Nueva Centralidad”, o projeto da Vila Olímpica fazia parte de uma grande operação integrada de iniciativa municipal conhecida como “Remodelación del Frente Marítimo del Poble Nou (Moll 41


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de la Fusta)” de Barcelona. A região de “Poble Nou” – que fora durante o século XIX uma das principais zonas de implantação da primeira industrialização catalã – encontrava-se práticamente abandonada. As fábricas, armazéns e linhas férreas separavam a cidade do mar. A conversão de parte desta zona em vila olímpica envolveu grandes dificuldades de natureza técnica, gerencial e financeira. A aquisição dos terrenos, nos anos de 1986 e 1987, significou uma gigantesca operação de compra ou expropriação de 304 unidades imobiliárias. Até mesmo as obras de demolição, iniciadas em 1987, e a remoção do entulho necessitaram ser planejadas, uma vez que resultaram em 1 milhão de m³ de material a ser transportado. As obras de urbanização,começaram em 1988, concomitantemente à construção das edificações. O projeto previa a implantação de dois parques (um deles junto à praia), a construção de 2 mil unidades residenciais (destinadas ao alojamento dos atletas durante a realização dos Jogos Olímpicos, sendo depois comercializadas para particulares), oito edifícios de escritórios, um hotel, um centro de convenções e um centro comercial e de negócios. Para sua execução foi estabelecida uma relação contratual entre um conglomerado de organismos públicos11, uma companhia de seguro e uma cadeia de hotéis norte-americana. Uma das principais tarefas da nova empresa consistia em coordenar a multiplicidade de atores envolvidos na operação. Além de organismos públicos de diversas esferas governamentais responsáveis pelas grandes infra-estruturas (porto, ferrovias, rodovias, saneamento, comunicações etc.) e pela elaboração, análise e licenciamento dos planos de urbanização e dos projetos de construção, a construção das edificações mobilizou 26 equipes de arquitetura e 11 promotores que executavam, simultaneamente, as obras de 70 prédios com mais de 600 modelos de residência diferentes. Depois da realização dos Jogos Olímpicos, a sociedade pública procedeu à cessão de ativos ao “Ayuntamiento” de Barcelona, cabendo a este a manutenção dos

espaços

públicos.

As

sociedades

privadas

ou

mistas

assumiram

a

comercialização restante e a manutenção dos espaços privados que se constituíram em condomínios.

A “Villa Olympica S.A”, composta pelo “Ayuntamiento de Barcelona” (Prefeitura de Barcelona), a RENFE (Estatal responsável pelas ferrovias espanholas), o Ministério de Obras Públicas e Urbanas, o Ministério de Transportes e Comunicações, a “Generalitat de Catalunya” (Governo Estadual) e a “Corporación” Metropolitana de Barcelona.

11

42


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Já a remodelação da frente marítima proporcionou uma mudança radical na paisagem urbana. A aparição de quatro novas praias e de 50 ha de áreas verdes, além da construção de um parque esportivo à beira-mar e de uma marina para 750 embarcações ampliaram as opções de lazer e, inegavelmente, a atratividade turística de Barcelona, traduzindo-se em aumento da atividade econômica e de arrecadação tributária.

FIGURA 20 - REMODELAÇÃO DA FRENTE MARÍTIMA DE MOLL DE LA. FONTE http://www.planetware.com/i/photo/moll-de-la-fusta-barcelona-ebl16.jpg - SEM AUTOR.

1.3.2 – BILBAO – ZORROZAURE - ESPANHA CARACTERÍSTICAS DA ÁREA Bilbao possui uma população de 368.000 habitantes, é uma das cidades mais importantes do Norte da Espanha, pertencente à região autônoma denominada País Basco,e a capital da Comunidade Autônoma de Euskadi, na província de Biskaia. O projeto de recuperação e revitalização da metrópole de Bilbao é um extenso programa de gestão urbana que tem atuado desde 1992 sobre áreas tradicionais da cidade, e ainda está em andamento, com resultados positivos desde sua implantação. Mais do que a simples revitalização do espaço físico da cidade, o Plano Geral de Ordenação Urbana tem como principal meta recuperar a cidade de sua crise estrutural ocorrida durante a década de 1970, devido ao fato de seu modelo industrial ter sido ultrapassado com a evolução tecnológica. Dois objetivos principais foram formulados: a revitalização física e sócio-econômica de toda a área do baixo Rio Nervión, rio que corta a cidade, desembocando no Oceano Atlântico. Dentro do campo do urbanismo, dois princípios norteiam o 43


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desenvolvimento do projeto: a acessibilidade exterior e mobilidade interna da metrópole, e a requalificação do meio ambiente e urbano, criando uma imagem contêmporânea e atrativa para a cidade. Em 1987, o “Ayuntamiento de Bilbao” (Prefeitura de Bilbao) desenvolveu o primeiro Plano Geral de Ordenação Urbana, em que já se assinalava o potencial de desenvolvimento

de

áreas

históricas

degradadas

na

metrópole,

como

Abandoibarra e Ametzola. A partir de então, se iniciou a formação de uma sociedade sem fins lucrativos e independente de investimentos públicos, a chamada Bilbao Ría 2000, através da colaboração entre várias instâncias da administração pública e empresas privadas. As intervenções iniciaram-se em 1988 e permanecem em andamento até o presente ano. Antes da intervenção, as áreas, que outrora apresentaram importância econômica para a população citadina, concentrando atividades industriais e de armazenagem, portuária e de comércio atacadista, se encontravam degradadas. As antigas linhas de ferro e os galpões de armazenagem constituíam barreiras físicas que impediam o acesso a áreas importantes da região metropolitana e atravancavam a vida social e econômica de bairros tradicionais. O objetivo geral do projeto é recuperar tais áreas (que podem ser municípios da metrópole), promovendo como conseqüência o desenvolvimento equilibrado da cidade e a melhoria da coesão urbana. Para isto foram elaborados vários projetos com objetivos específicos, sendo os principais: a transformação da área de Abandoibarra em um centro ativo; a valorização de Ametzola, de caráter residencial; a melhoria da infra-estrutura de transporte em toda a área interferida, facilitando o acesso a ela; a recuperação de Barakaldo, área anteriormente ocupada por indústria siderúrgica; a recuperação e reintegração de Bilbao Vieja, o bairro mais tradicional de Bilbao e a criação de uma nova identidade para Zorrozaure. Para a concretização destes projetos, vultosos investimentos foram disponibilizados por empresas acionistas e pela União Européia, sem que a população fosse onerada com o processo – o lucro obtido com a valorização das áreas foi revertido para a intervenção de outras. Sendo assim, foram instituídos vários concursos e contratados arquitetos, artistas plásticos e outros profissionais da região e do mundo. Neste trabalho será analisada a área de Zorrozaure, uma importante 44


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

península que, após a abertura do canal de Deusto, tornara-se um bairro-ilha de Bilbao, sendo esta área unida a três importantes trechos de desenvolvimento urbano na cidade: San Ignácio, Deusto e Olabeaga. Os desafios e as oportunidades para o desenvolvimento do plano piloto de Zorrozaure abrangem a melhoria na infra-estrutura e a construção de espaços abertos e de lazer, entre outros. Para tentar solucionar essas questões, foi encomendado um projeto ao escritório da arquiteta Zaha Hadid, hoje indicada como uma referência em projetos urbanos contêmporâneos para revitalização de uma área de 800.000 metros quadrados.

FIGURA 21 – IMAGEM ATUAL DE ZORROZAURE, NO SENTIDO NORTE-SUL. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO Como Zorrozaurre está localizado em um ponto estratégico, era muito importante que a área se comunicasse com as demais regiões em seu entorno e 45


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

não se comportasse mais como uma barreira. Afinal, apesar de o limite ser bem marcado pela água, essa área deveria possuir o papel de união entre as partes da cidade de Bilbao. Segundo a arquiteta Zaha Hadid, o projeto partiu de cinco posições de planejamento: 1 - continuidade da audácia com a qual Bilbao mudou a direção do Rio Nervión, tanto como um meio organizador da cidade como um marco visual de vitalidade; 2 - ocupação do rio com uma área de intensa ocupação, sinalização e transição, trabalhando a magia do rio para definir compromissos importantes através de linhas de visão, padrões de separação e conexões; 3 revitalizar as áreas ocupadas por antigas indústrias de modo que elas se integrem ao todo, formando um novo modo de organização urbana; 4 – comportamento efetivo em relação ao restante da cidade e direcionamento de investimentos para a melhoria do transporte e intensificação do alto poder hidrológico do lugar; 5 – manutenção da tradição da cidade de Bilbao de ser uma “Walking City”, ou seja, um lugar onde as pessoas se locomovem a pé. Se Zorrozaure se apresenta como uma chave para desenvolvimento regional e local, sua desconexão atual aumenta o grau de desafio. Para isso, foram trabalhadas diversas soluções de transporte, e junto com várias possíveis densidades e tipos de desenvolvimento. Entretanto, se é o rio Nervión que atualmente isola o local, também é a água que dá a este local seu caráter futuro e identidade. O plano piloto desse local requeriu a integração íntima de conciliação entre arquitetura e planejamento estratégico. A inovação no desenho urbano ofereceu a melhor resposta possível a desafios desta magnitude, e para isto foi preciso definir o caráter e uma identidade para Zorrozaure, através da geração de um planejamento sustentável e a criação de parcerias público - privado, como também com a própria população, para a obtenção do sucesso em longo prazo, através da definição de uma Estratégia Urbana para essa área. O projeto pretende promover uma rede de nova-economia, encorajando o desenvolvimento econômico através das conexões entre morar e trabalhar para complementar o padrão residencial e tipologias de escritórios.

46


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 22 – MAPA DO ENTORNO DE ZORROZAURE. FONTE: PLANO BILBAO RIA 2000, DISPONIVEL EM http://www.bilbaoria2000.org/ria2000/index.htm E ORGANIZADA PELA AUTORA. INFORMAÇÕES DA FIGURA 23 ELEMENTOS PREENCHIDOS COR ROXO

LINHAS

ESPECIFICAÇÃO ÁREA DE INTERVENÇÃO

COR VERMELHO C/ AMARELO NO

CENTRO HISTORICO DE BILBAO E VERDE

LOCALIZAÇÃO DO MUSEU GUGGENHEIM

MEIO

ESPECIFICAÇÃO AUTOPISTAS

VERMELHO

VIAS PRINCIPAIS

LARANJA

VIAS COLETORAS

AMARELO

VIAS LOCAIS

ROSA TRACEJADO

VIAS A IMPLANTAR

VARIAÇÃOS DE USOS O projeto combina o uso residencial e dos setores terciários nas áreas desocupadas e inutilizadas. Serão construídas 5.300 vagas para essas atividades e 10 e/ou 12 pontes e passarelas conectando a futura ilha de Zorrozaure ao resto da cidade de Bilbao. Também será construído um pavilhão de basquetebol, um porto poliesportivo, um aquário, um hotel, novos canais de transito, novas linhas de transporte, uma "cidade da moda", entre outros. O projeto consiste em 3 distritos: - Distrito Sul: Torres para uso residencial e/ou escritórios. Esta área encontra-se próxima aos bairros de Ensanche (centro de Bilbao) e Abandoibarra e possuem uma ocupação extremamente densa.

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FIGURA 23 - PLANTA DO SETOR SUL. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

FIGURAS 24 e 25– SIMULAÇÃO COM MAQUETE ELETRÔNICA E CORTE ESQUEMÁTICO. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

- Distrito Central: É a área histórica da “ilha”, onde fica localizada a maioria dos edifícios com interesse histórico e de preservação. Nas áreas desocupadas serão instalados área de lazer e recreação, como também a “cidade da moda”, o parque linear, um porto poliesportivo e um estádio de basquetebol.

FIGURA 26 – PLANTA DISTRITO CENTRAL –AMARELO: AS EDIFICAÇÕES COM INTERESSE HISTÓRICO, LARANJA: CIDADE DA MODA, VERDE: PARQUE LINEAR, ROSA: POLIESPORTIVO. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

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FIGURAS 27 e 28 - SIMULAÇÃO COM MAQUETE ELETRONICA E EIXOS DOS FLUXOS DE LIGAÇÃO COM O ENTORNO. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

- Distrito Norte: Essa área será práticamente residencial e na ponte norte estará situado um aquário.

FIGURA 29- CORTE ESQUEMÁTICO DO DISTRITO NORTE. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

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FIGURA 30 – SIMULAÇÃO EM MAQUETE ELETRONICA DO DISTRITO NORTE. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

ESPAÇOS PÚBLICOS No total dos 800.000 metros quadrados de intervenções, serão dedicados 541.000 para residências, 124.000 para serviços e 32.000 para o comércio. Os equipamentos públicos ocuparão uma área de 57.000 metros quadrados, sendo 24.000 dedicados ao setor privado. A arquiteta Zaha Hadid mostrou que não contêmplou nenhum padrão prévio para seu design, apesar de que em muitos países de Europa as áreas de porto possuem leituras semelhantes.

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FIGURA 31 – ESPAÇOS PÚBLICOS– VERDE: PARQUE LINEAR E ÁREAS VERDES, AMARELO: CIRCULAÇÃO, AZUL: MARINA E PORTO POLIESPORTIVO, LARANJA: SISTEMA VIÁRIO INTERNO. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

SISTEMA DE FLUXOS O projeto propõe uma reformulação nos fluxos da área, através de um novo desenho para a malha urbana, com conexões internas entre os edifícios no nível térreo ou em passarelas e pontes/passarelas em conexões externas com as áreas em seu entorno. As passarelas encontram-se distribuídas pela ilha. As conexões são realizadas em diversos níveis, e em alguns casos, chegam a avançar sob a água, em conexões internas ou transpõem para outras regiões.

FIGURA 32 - CONEXÕES INTERNAS ENTRE AS EDIFICAÇÕES NO DISTRITO CENTRAL. 51


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

FIGURA 33 – PASSARELA DE LIGAÇÃO ENTRE OS PARQUES NO DISTRITO CENTRAL. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

As pontes encontram-se no Distrito Norte. Seu desenho arrojado e monumental define o local, tornando-se marcos visuais na paisagem, sendo o principal objetivo a criação de uma identidade ao local.

FIGURA 34 – EM DESTAQUE A CIRCULAÇÃO MARGEANDO O RIO E AO FUNDO AS PONTES DE LIGAÇÃO NO DISTRITO NORTE. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

ESTRUTURA INTERNA A estrutura interna foi proposta com a preocupação em elaborar edifícios de grande porte, com formas que promovessem um ambiente para o uso de novas tecnologias. Para isso foi projetado pela arquiteta Zaha Hadid um aquário, um hotel e os equipamentos nos espaços públicos como: o parque linear, estádio de basquetebol e p porto poli esportivo.

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FIGURAS 35 e 36 – ÁQUARIO NO DISTRITO NORTE E HOTEL NO DISTRITO SUL. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

FIGURAS 37 e 38 – ESTÁDIO DE BASQUETEBOL E O PARQUE LINEAR NO DISTRITO CENTRAL. FONTE: http://skyscrapercity.com/showthread.php?t=147523 – SEM AUTOR.

1.3.3 – SANTO ANDRÉ – SÃO PAULO - BRASIL CARACTERÍSTICAS DA ÁREA O município de Santo André localiza-se na região metropolitana da cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo – Brasil. Hoje possui indicadores econômicos e de qualidade de vida (PIB per capita de US$ 9,8 mil e Índice de Desenvolvimento Humano/IDH de 0,8739) que permitem classificá-la entre as melhores cidades da região. Deve-se considerar ainda que o município possui sérias restrições à expansão urbana, já que mais da metade de sua área total (61%) pertence à Macrozona de Proteção Ambiental, na qual inclui-se a "Área de Proteção aos Mananciais", regulamentada por legislação estadual, onde está localizado o Reservatório Billings.

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FIGURA 39 – LOCALIZAÇÃO DO ABC PAULISTA NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo_secao.asp?opr=226 – SEM AUTOR.

Historicamente, as décadas de 40 e 50 marcaram um forte crescimento populacional da cidade de São Paulo e a expansão da mancha urbana de forma conurbada, unindo os municípios no seu entorno. Essa configuração metropolitana deu-se principalmente por algumas características, dentre as quais a formação do novo parque industrial na Região do Grande ABC12, do qual o município de Santo André faz parte, no eixo do rio Tamanduatehy, hoje ladeado pela Avenida do Estado.

FIGURA 40 - LOCALIZAÇÃO DO EIXO TAMANDUATEHY NA CIDADE DE SANTO ANDRÉ, NA REGIÃO DO ABC PAULISTA, NO ESTADO DE SÃO PAULO E NO BRASIL. FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo_secao.asp?opr=226 – SEM AUTOR.

O entorno do rio Tamanduatehy é conhecido como Eixo Tamanduatehy e tem uma ocupação industrial, que corresponde a uma segunda fase da industrialização em São Paulo (aprox. década de 30 a 60). Corresponde a um novo território industrial, que se aproveitou da relação privilegiada com o Porto de Santos e acessos ferroviários (Ferrovia Santos-Jundiaí) e rodoviários (Rodovia Anchieta e Imigrantes), da proximidade da Represa Billings, fonte de água e energia, e

O ABC é conhecido pela área que envolve os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. A importância do ABC não surgiu na década de 50, pois suas potencialidades já haviam atraído a atividade industrial desde os anos 20. Entretanto a década de 50 é importante pois privilegia o território do ABC para a instalação do novo parque industrial brasileiro.. A implantação da indústria automobilística acontece com a instalação da primeira montadora na região, em 1946, a General Motors do Brasil, que em 1956 ganha uma escala produtiva extraordinária. Alguns dados sobre o ABC: em 1954 a produção correspondia a 11,4% do total do Estado; de 1938 a 1950 o crescimento no número de fábricas foi 232% (de 178 para 413 unidades); o crescimento no número de operários correspondeu a 283% (de 1.773 para 49.160 operários). Análises específicas do período evidenciam que houve uma efetiva estabilidade política e um substancial desenvolvimento econômico, objetivos contidos no Plano de Metas de 1956 do então Presidente Juscelino Kubitchek. 12

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principalmente, da contigüidade com o município de São Paulo, mais importante mercado consumidor. No entanto, esse período de crescimento industrial e econômico alterou-se substancialmente nas décadas de 80 e 90, quando ocorreu um processo de reestruturação industrial com a migração de grandes empresas para municípios que ofereciam impostos mais baixos ou muitas vezes até doavam o terreno. Essa migração ocorreu também em função das dificuldades e deseconomias internas à Região Metropolitana, como por exemplo, o trânsito intenso gerando viagens demoradas, a má condição das estradas e dificuldade de fluxo, além do número considerável de roubo de cargas. Concomitantemente, alterava-se o número de empregados do setor secundário (industrial), que se modernizava e implantava novos processos produtivos e novas tecnologias.

FIGURA 41 - IMAGEM ATUAL DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO EIXO TAMANDUATEHY. FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo_secao.asp?opr=226 – SEM AUTOR.

Essa alteração econômica promoveu o esvaziamento de uso de grandes áreas industriais bem estruturadas e centrais para a metrópole, em especial o Eixo Tamanduatehy, e uma série de tentativas apontando principalmente à transição econômica do setor secundário (indústrias) para o setor terciário (comércio e serviços), visando renovar a dinâmica econômica, mas também a garantia de permanência das indústrias que já estavam estabelecidas na região e dos empregos gerados por elas. Em 1998, o governo municipal do PT (Partido dos Trabalhadores) em Santo André, promoveu uma mudança de rumo nas diretrizes do Partido, já que até então (desde as eleições municipais de 1989), as políticas públicas empreendidas pelos governos municipais do PT estiveram voltadas para a "inversão de prioridades", ou 55


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seja, intervenções em áreas de baixa renda, particularmente com investimentos em infra-estrutura social, compreendendo educação, saúde e saneamento básico. Com uma queda considerável na arrecadação municipal e o aumento do desemprego, o Partido do PT nesse momento, passa também a privilegiar ações de revitalização e estética urbana, a partir do binômio novas centralidades/grandes projetos urbanos, na tentativa de promover um dinamismo econômico no município. Nesse contexto, a despeito das políticas públicas de inclusão social, também implementadas na gestão 1997-2000, teve-se o lançamento do projeto "Eixo Tamanduatehy", de caráter nitidamente empresarial, revelando a opção política o governo local de Santo André pelo "planejamento estratégico urbano", voltado prioritariamente para o atendimento das demandas de mercado. A viabilização do projeto irá se sustentar, até 2020, prazo preestabelecido para

conclusão

do

mesmo,

na

participação

efetiva

de

segmentos:governo local, comunidade, instituições e iniciativa privada.

FIGURA 42 – ETAPAS DO PROJETO EIXO TAMANDUATEHY. FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo_secao.asp?opr=226 – SEM AUTOR.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÂO 56

todos

os


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O "Eixo Tamanduatehy" é um projeto de "requalificação urbana", ou seja, investimento implementado pelo poder público, em parceria com o setor privado, sobre área urbanisticamente consolidada, considerada ociosa e estratégica do ponto

de

vista

da

competitividade

da

cidade.

Esta

área,

de

uso

predominantemente industrial (conforme lei de uso e ocupação do solo de 1976), é conformada por grandes glebas vazias e/ou desocupadas, em processo de redimensionamento das atividades existentes, bem como de alteração de uso. A concepção urbanística deste projeto está baseada na existência de um eixo linear, com área de 12,8 km2 e 10,5 km de extensão, conformado pelo rio Tamanduateí (que atravessa o ABC e deságua no rio Tietê) e pelo sistema de transporte, composto pela antiga ferrovia Santos-Jundiaí e pela avenida dos Estados. Tem-se, dessa forma, a utilização do conceito clássico de "eixo urbano", entendido como modo principal de organização do crescimento da cidade, geralmente representado por uma grande avenida, servindo para desencadear processos de transformação interna. O projeto buscava viabilizar o processo de democratização e socialização, tendo adotado como conceito-chave o "urbanismo includente e participativo", o qual teve como objetivo a "captação pública das mais-valias imobiliárias e fundiárias para promoção da requalificação urbana da área com ações integradas de participação popular, desenvolvimento econômico e inclusão social" (Disponivel em: http://www.santoandre.sp.gov.br). A concepção do projeto foi resultado da associação entre as propostas, sendo que essas propostas não foram projetos e sim apresentação de cenários urbanos possíveis para a área, elaborados por quatro equipes transnacionais, coordenadas pelos urbanistas Cândido Malta (Brasil), Christian Portzamparc (França), Eduardo Leira (Portugal), Juan Busquets (Espanha) e as contribuições dadas pelos técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Santo André, pelos representantes da comunidade local, pelos empreendedores regionais e pelos demais órgãos de representação dos vários segmentos da sociedade. As principais idéias defendidas pelos urbanistas foram bastante variadas, mas continham pontos comuns, tais como a preocupação com a acessibilidade e parcelamento do solo, além do desejo de fazer da área de estudo um marco da cidade. São elas:

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- Cândido Malta: criação de eixos de acessibilidade, com especial atenção e potencialização da ferrovia; criação de grandes estações intermodais; construção de vias elevadas e edifícios-ponte multifuncionais sobre a ferrovia e o rio Tamanduateí; implantação de equipamentos de destaque, tais como mega-torres, centro de eventos metropolitanos e praias artificiais; elaboração de novo arranjo fundiário, desconsiderando os lotes existentes. - Eduardo Leira: elaboração de um projeto motor, um empreendimento de porte metropolitano que induzisse o desenvolvimento local, gerando uma nova centralidade para o Grande ABC (Santo André, São Bernardo, São Caetano). Considerava também a acessibilidade em escala macro, através da diagonal ABC, da ferrovia e do anel viário. Quanto á questão fundiária, propunha a sua alteração através da urbanização consorciada.

FIGURAS 44 E 45 – PROPOSTAS DE CÂNDIDO MALTA (ESQUERDA) E DE EDUARDO LEIRA (DIREITA). FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=5590.

- Juan Busquets: urbanização consorciada e implantação de quadras de uso misto, ortogonais e intercaladas com áreas verdes. A interligação entre as diferentes formas de ocupação do solo, com eixos de continuidade e a configuração da Avenida dos Estados como Parque Linear. - Christian Portzamparc: uso da quadra aberta; a base fundiária coletiva; incentivos aos pequenos empreendedores; a urbanização consorciada; a valorização da tipologia local com reparcelamento do solo e a participação do poder público na implantação de equipamentos públicos diversos e abundantes.

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FIGURAS 46 E 47 – PROPOSTAS DE JUAN BUSQUETS (ESQUERDA) E CHRISTIAN PORTZAMPARC (DIREITA). FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=5590.

Tais propostas estavam vinculadas à tentativa de cumprimento do objetivo maior estabelecido para o Projeto do Eixo Tamanduatehy, definido como o incentivo à identificação de valores materiais (propriedade e renda) e simbólicos (gestão democrática e participativa) no ambiente em que se vive, de modo que seja garantida a sustentabilidade social, econômica e ambiental e conseqüente melhoria da qualidade de vida para as atuais e futuras gerações. Para os criadores do projeto, é de fundamental importância que todos os cidadãos exerça o seu direito irrestrito à cidade. VARIAÇÃO DE USOS O Projeto Eixo Tamanduatehy propôs conciliar, no mesmo território, a presença

conjunta

de

comércio,

serviços,

habitação

e

indústria;

de

empreendimentos grandes, médios e pequenos, dos diversos níveis de renda, com inclusão social bem como integrar os referênciais novos: nova rodoviária de Santo André e Nova Praça Santa Terezinha e os tradicionais: Moinho São Jorge, praça News Sellers, Diário do Grande ABC e 18 do Forte, tendo o espaço público de qualidade como elemento articulador. O objetivo do projeto foi viabilizar investimentos, principalmente ao longo da Avenida Industrial e da Avenida dos Estados, ou seja, em áreas já "atraentes" para o mercado

imobiliário,

tendo

como

resultado

a

implantação

de

mega-

empreendimentos comerciais (shopping, hotéis, hipermercados, universidade privada), através, principalmente da flexibilização de índices urbanísticos, da doação/permuta de terrenos públicos (associado à isenção de IPTU) e de contrapartidas viárias. 59


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Para isso, foram propostas a criação de um contexto favorável à atividade econômica e à qualidade de vida, com (a) adequada infra-estrutura de comunicações, energia elétrica, coleta e destinação de resíduos e drenagem, bem como de áreas verdes e corpos d' água despoluídos; (b) a inclusão social através da convivência territorial dos diversos níveis de renda, recuperação das áreas favelizadas e um banco de terras para habitação de interesse social e (c) a potencialização de investimentos públicos dos diversos níveis de governo, integrando as respectivas políticas setoriais, assim como os investimentos privados, estes por meio de parcerias que produzam um ambiente urbano qualificador tanto para a área como para os empreendimentos. ESPAÇOS PÚBLICOS Quanto à produção do "novo" espaço público no Eixo Tamanduatehy esta foi condicionada por duas questões políticas principais: a valorização do "paisagismo" e a opção pela diretriz urbanística de implantação do "espaço privado de uso público". Quanto à primeira questão, tem-se que a partir da gestão 1997/2000, o "paisagismo" passou a ser utilizado amplamente como elemento de identificação e de produção de uma linguagem visual de "cidade agradável", baseada na concepção do embelezamento urbano e da produção de um belo cenário. Buscava-se, dessa forma, diferenciar Santo André das demais cidades da região do ABC, de situação urbana precária e desqualificada, desvinculando-a da imagem de "cidade industrial", decorrente do auge do período fordista. A segunda questão está diretamente relacionada com a tendência contêmporânea

da

parceria

entre

público

e

privado,

decorrente

das

transformações políticas e econômicas sob o predomínio do neoliberalismo. O setor privado, através de uma postura pragmática e conceitual, vem se apropriando do discurso relativo à retomada do espaço público, traduzindo-o, principalmente no "espaço privado de uso público", através do tratamento das áreas abertas de entorno ou externas aos empreendimentos. Obtém-se, desse modo, um melhor tratamento estético-formal destes espaços que passam a funcionar, sob a ótica do lucro e da rentabilidade econômica, como um atrativo potencial nas estratégias de venda. No caso dessa operação urbana, esta tendência foi reforçada pelo próprio poder público, ao delegar ao setor privado a implantação destes espaços, mediante a negociação de benefícios e contrapartidas.

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A ambiência estaria sendo promovida através de mosaicos verdes: constituição progressiva de massas e contínuos lineares verdes, a valorização da água como elemento constituinte da paisagem, o controle visual da paisagem: incentivo a formas organizadas de comunicação visual e sistemas de mobiliário urbano e o Monitoramento da qualidade ambiental.

SISTEMA DE FLUXOS A reurbanização da faixa do território do município, entre a Avenida dos Estados, a Ferrovia e Avenida Industrial, estaria sendo promovida pela reordenação dos fluxos, visando a policentralidade metropolitana, regional e municipal. Para isso, foi proposta a criação de um diferencial de acessibilidade, por meio da transformação do transporte ferroviário de passageiros em trem metropolitano moderno, integrado ao futuro ramal ABC do metrô, e da ligação da Avenida dos Estados ao Rodoanel, bem como pelo aperfeiçoamento da circulação relacionada à malha viária do município e da região. A integração dos territórios da cidade que hoje se encontram cortados pela estrada de ferro, por grandes terrenos e pelo Rio Tamanduateí, passaria por modificações por meio de transposições de vários tipos (viadutos, passarelas, túneis e áreas verdes em continuidade paisagística), produzindo assim continuidade e coesão urbana, inclusive com o reaproveitamento planejado das áreas antes vinculadas à Ferrovia. O sistema de fluxos foi direcionado para criação de eixos revitalizadores, que atuem como desencadeadores da transformação de toda a área abrangida pelo Projeto. São eles: a Ferrovia com a remodelação e criação de novas estações, eliminação das barreiras visuais e integração da Ferrovia com a cidade; a Avenida dos

Estados

com

a

recuperação,

redesenho

integrado

com

a

cidade,

transposições, drenagem e parque linear e o Rio Tamanduateí com sua despoluição, redesenho com características de rio urbano, nova configuração das margens, arborização e iluminação adequada.

ESTRUTURA INTERNA As operações urbanas e parcerias implantadas no perímetro do Eixo foram: Industrial I (shopping ABC Plaza), Industrial II (complexo hoteleiro Íbis/Mercure); Pirelli

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(centro empresarial Cidade Pirelli); Universidade UniABC; Pão de Açúcar e Carrefour (comércio varejista); Terminal Rodoviário de Santo André, e o Global Shopping. O projeto "Cidade Pirelli" trata da conversão de parte de área industrial para comercial, com a oferta de serviços e a implantação de edifícios empresariais, shopping centers, restaurantes e hotel. Com a institucionalização desta operação urbana, a empresa obteve a solução para um dos principais entraves à viabilização do projeto: a aprovação pela Câmara Municipal de mudança de zoneamento da área – de industrial para misto. Dessa forma, além dos usos previstos na Zona Industrial I, foram autorizados, mediante outorga onerosa, os usos residencial, comercial,

prestação

de

serviço

comercial,

institucional

ou

artesanal

e

estacionamento comercializado. A parceria com o grupo Pão de Açúcar resultou, para o empreendedor, na autorização para ampliação de suas instalações, localizada entre a linha férrea e a avenida

dos

Estados.

Como

contrapartida,

obteve-se

a

execução

da

reestruturação da praça pública "18 do Forte", com área de aproximadamente 15 mil m², próxima ao hipermercado. Já a parceria realizada com o hipermercado Carrefour resultou na autorização para construção em área anteriormente ocupada pelo ADC Rhodia (clube de funcionários da indústria química). Sob o aspecto da produção de espaço público tem-se a implantação de "parque" em área de 10.000 m2 (25% da área total do empreendimento), constando da execução de passeio público arborizado e equipamentos permanentes, como playground, bancos, mesas e pergolado. O novo Terminal Rodoviario de Santo André teve seu projeto premiado pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), implantado por meio de concessão para exploração dos serviços pela iniciativa privada.

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FIGURAS 48 E 49 – IMAGEM ATUAL DA REURBANIZAÇÃO DE PARTE DA AVENIDA DOS ESTADOS COM A IMPLANTAÇÃO DO HIPERMECADO CARREFOUR (ESQUERDA) E IMAGEM ATUAL TERMINAL RODOVIÁRIO DE SANTO ANDRÉ (DIREITA). FONTE: http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=5595 – SEM AUTOR.

1.3.4 - RECIFE-OLINDA – PERNAMBUCO - BRASIL CARACTERÍSTICAS DA ÁREA O projeto Recife-Olinda é um plano de desenvolvimento urbano de escala metropolitana que busca a reabilitação urbana e ambiental através da melhoria das infra-estruturas; da mobilidade, dos transportes e da rede de equipamentos coletivos e serviços à comunidade;

valorização

do

espaço

público;

valorização

paisagística; salvaguarda e proteção dos ecossistemas naturais e constituição da estrutura ecológica urbana (margens,

áreas

permeáveis e áreas plantadas); salvaguarda e proteção do patrimônio

cultural

(sítios,

edifícios,

ocorrências,

etnografia);

valorização das frentes de água consideradas "fundo de quintal"; ampliação da centralidade metropolitana, atração de novos residentes e fixação dos atuais, através da melhoria das condições de habitabilidade da população existente e criação de novos empregos. (Disponível em: http://www.cidades.br, visitado em agosto/2006).

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FIGURA 50 – SIMULAÇÃO EM MAQUETE ELETRÔNICA DO PROJETO RECIFE-OLINDA. FONTE: REVISTA AU- Arquitetura e Urbanismo, Projeto Urbano Recife-Olinda, Editora Pini, agosto de 2006.

As diretrizes urbanísticas e as estratégias de implementação foram definidas em conjunto pelos governos federal e estadual e pelas prefeituras de Recife e Olinda. O trabalho também contou com a participação e consultoria da Organização Social Núcleo de Gestão do Porto Digital e da empresa pública portuguesa Parque ExpoProjeto. Esta articulação se dá de forma pioneira, não só entre diferentes esferas da Federação, mas também, entre os setores envolvidos dentro de cada um deles – desenvolvimento urbano, turismo, cultura, desenvolvimento econômico, entre outros. Através do Convênio para implementação do plano do Complexo Turístico Cultural Recife-Olinda, foi constituído um Conselho Político (Núcleo Gestor). Esse projeto tem previsão de inicio em 2007 e deve ocorrer em um período de 15 a 20 anos, sendo sua execução realizada através de parcerias públicas e privada.

ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO O projeto prevê a requalificação de um trecho de 8 km que se estende da Colina Histórica de Olinda até o Parque da ex-Estação Rádio Pina, no Recife. E foi projetado sobre um território caracterizado pelas zonas de Intervenção, de Enquadramento e de Abrangência, segundo a participação de cada uma na operação urbana proposta: - ZONA DE INTERVENÇÃO (ZI): Áreas predominantemente ociosas ou com usos passíveis de desativação e ocupadas por assentamentos precários, distribuídas em

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setores, sendo que cada um possui um projeto especifico, com uma nova proposta urbanística (quando vazios) e/ou de urbanização e/ou de reabilitação urbana. - ZONA DE ENQUADRAMENTO (ZE): Áreas imediatamente contíguas às de Intervenção e ao longo da rodovia PE-15, com características morfológicas e tipológicas diversas, que poderão ser objeto de futuras operações urbanas ou que serão consideradas e/ou requalificadas na nova proposta urbanística. - ZONA DE ABRANGÊNCIA (ZA): Áreas do entorno das Zonas de Intervenção e de Enquadramento, que serão consideradas na análise e na articulação de investimentos e programas, inserindo e relacionando as Zonas de Intervenção em um contexto mais amplo. Coincide com o polígono do Complexo Turístico Cultural Recife-Olinda. VARIAÇÔES DE USOS A Zona de Intervenção foi dividida em 12 setores, com uma área total de 2.803.662 m². Os setores 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11 e 12 totalizam uma área de 2.003.134 m² (71,45%), e fazem parte do município de Recife e os setores 1, 5, 8 e 9 somam uma área de 800.528 m² (28,59%) e fazem parte do município de Olinda. Apesar de cada um ser objeto de projetos específicos, é possível classificar as intervenções em dois tipos: - Áreas de renovação urbana: Setores subutilizados e ociosos, desabitados ou sem população fixa, mas que possuem um grande potencial para a renovação urbana. Enquadram-se neste item a área portuária obsoleta (Porto do Recife) e antigas linhas férreas desativadas (Cais José Estelita e Santa Rita). A idéia gerar atratividade para novos residentes ou fixar os atuais e melhorar a acessibilidade dessas áreas com suas frentes de água. Setores 1, 2, 3, 4 e 8. - Áreas de requalificação urbana: Assentamentos informais, de baixa renda, que devem ser integrados a cidade (inclusão sócio-territorial), através da instalação de estruturas habitacionais, de equipamentos coletivos e de infra-estrutura. Outros objetivos são as melhorias da mobilidade, transporte público e geração de empregos. Setores: 1, 5, 6, 7, 9, 10, 11 e 12.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 51– PLANO DE INTERVENÇÃO DO PROJETO RECIFE-OLINDA. FONTE: REVISTA AU- Arquitetura e Urbanismo, Projeto Urbano Recife-Olinda, Editora Pini, agosto de 2006.

ESPAÇOS PÚBLICOS O projeto prevê uma área de 1,5 milhões de m² de áreas livres, sendo que em todos os setores foi destinada uma porção para a instalação de equipamentos turísticos e de lazer. Vale destacar, no setor 3, na Vila Naval a proposta de uma praça de água de Santo Amaro e de passeios públicos com a valorização do patrimônio histórico (Cemitério dos Ingleses, Igreja de Santo Amaro das Salinas e Hospital de Santo Amaro). No setor 5, Ilha de Maruim, a instalação de um píer de apoio aos pescadores, com a recuperação e a urbanização da orla e no setor 12, Brasília Teimosa, a reestruturação de uma antiga intervenção que substituiu as palafitas por uma via litorânea e que adicionou novas faixas de praias, potencializando essa área já consagrada com a instalação de mais equipamentos coletivos e de lazer. ESTRUTURA INTERNA Como já foi dito anteriormente, a intervenção urbana está dividida em 12 setores, sendo eles: 1 – Istmo e Coqueiral (renovação urbana) e Milagres (requalificação urbana); 2 – Vila Naval, 3 – Porto do Recife, 4 - Cais José Estelita e Cais de Santa Rita; 5 - Ilha do Maruim; 6 - Santo Amaro; 7 – Pilar; 8 – Salgadinho; 9 – 66


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Azeitona; 10 - Coque; 11- Coelhos e 12- Brasília Teimosa. Apenas o setor 1 será detalhado, devido a sua área de abrangência relacionar tanto intervenções de renovação urbana, quanto de requalificação urbana.

Neste

setor

a

área

de

renovação

urbana

deverá

abrigar

empreendimentos de porte metropolitano, com a criação de novos empregos favorecendo a inclusão social. O Istmo, uma área de preservação, terá uso apenas contêmplativo, sem áreas edificantes.Foi proposto uma abertura de acesso à frente de água e a recuperação da área estuarina do Rio Beberibe, para a urbanização da orla. Já a área de Milagres, o projeto propõe uma requalificação urbana, com a criação de passeios públicos, a articulação entre Recife e Olinda e a manutenção dos usos existentes. Também estão previstas a configuração da porta de acesso Norte a Olinda, a transferência de habitações degradadas e a valorização do patrimônio histórico urbano (Igreja e a Praça dos Milagres).

FIGURA 52 – PROJETO DERENOVAÇÃO URBANA - SETOR 1 – ISTMO. FONTE: REVISTA AU- Arquitetura e Urbanismo, Projeto Urbano Recife-Olinda, Editora Pini, agosto de 2006.

FIGURA 53 -PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO URBANA –SETOR 1 – MILAGRES.

FONTE: REVISTA AU- Arquitetura e Urbanismo, Projeto Urbano Recife-Olinda, Editora Pini, agosto de 2006.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

1.3.4 – ANÁLISE A análise desses estudos de casos levaram a separação deles em dois grupos: o primeiro é composto por Barcelona e Recife-Olinda, já que seus projetos visam à criação de uma atratividade turística, com a reformulação de suas fachadas marítimas, juntamente com a reestruturação de algumas áreas internas, cujo principal objetivo é proporcionar um sistema unitário na cidade. Já os casos de Santo André e Zorrozaure, demostraram que são projetos específicos em apenas uma determinada região desocupada e deteriorada dentro da cidade, que, no entanto possue um grande potencial econômico, e diferentemente que o grupo anterior, o principal objetivo é criar estratégias de atratividade para a instalação de grandes empreendimentos comerciais e de serviços. No primeiro grupo a questão da centralidade metropolitana se soma à tradicional, através da instalação de equipamentos no espaço urbano de múltiplas funções - transportes, serviços, residências, universidade, escritórios, infra-estruturas de lazer, comércio etc, que funcionam em um sistema de complementação com a área central. Seus projetos demonstram a preocupação de intervenções em áreas excluídas da cidade, com as inserções tanto físicas, econômicas e sociais dessas áreas, no todo da cidade. A intenção não é melhorar apenas um determinado local, e sim costurar aqueles espaços deficientes em algum quesito com os espaços já consolidados, na tentativa da concepção de uma cidade única, equilibrada e igualitária. Em Recife-Olinda, diferentemente de Barcelona que estruturou um plano para a cidade toda, foi estabelecida uma faixa de intervenção, divididos em núcleos de requalificação, mas que a intenção é integrar toda essa faixa, para posteriormente transforma-la em sistema singular, potencializando as duas cidades ao mesmo tempo.

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FIGURAS 54 E 55 – ESQUEMAS DE ORGANIZAÇÃO DOS PROJETOS DE RECIFE-OLINDA E BARCELONA FONTE: AUTORA.

No segundo grupo as atividades instaladas são mais especificas em determinado setor, não existe uma relação clara e estratégica desses espaços com o centro urbano tradicional. Suas funções são independentes das atividades que funcionam nos centros urbanos, formando núcleos isolados. Em Zorrozaure existiu a intenção de elaborar uma relação com as áreas do entorno, através da reprodução dos padrões de deslocamento entre uma área e outra. Para isso foi definido que cada área ao seu redor atua-se como campos magnéticos e as vias como linhas de conexão entre esses campos, que se sobrepõem e que, juntos, formam um todo que parece em constante movimento. A materialização dessa idéia proporcionou a elaboração do desenho urbana do projeto, criando trajetos relativos à transição entre as diversas áreas tanto internas como as externas. Mas, no entanto, toda essa concepção estruturase apenas no traçado urbano e nas formas das edificações. A própria configuração do local, como uma futura ilha, já demonstra que esse bairro será auto-suficiente. Outro fator é a multifuncionalidade das atividades propostas, formando o eixo de morar, trabalhar e lazer, em uma mesma área, demonstrando uma característica e uma identidade local e independente de outras áreas. Já em Santo André, a definição é clara em relação à falta de relação, como também a falta de intenção em estabelecer uma ligação com o centro tradicional. A instalação de mega-empreendimentos privados e a proposta da criação dos espaços públicos em virtude dos interesses deste setor, demonstram a fragilidade do projeto, em estabelecer uma relação com o centro, já que este não é o foco de interesse de setores privados. O projeto parece estar mais voltado para a reestruturação interna, do que estabelecer qualquer vinculo com entorno. 69


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURAS 56 E 57 – ESQUEMAS DE ORGANIZAÇÃO DOS PROJETOS DE ZORROZAURE E SANTO ANDRE FONTE: AUTORA

O fato é que, independente do projeto, a finalidade e a intenção de todos os casos analisados foi à criação de estratégias para a requalificação desses espaços decadentes, buscando reestruturá-los de uma maneira eficaz, do qual o objetivo é a inclusão desses espaços à cidade.

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CAPITULO 2: A FORMAÇÃO DA CIDADE ENTRE RIOS: RIBEIRÃO PRETO 2.1 – LOCALIZAÇÃO E ACESSOS O município de Ribeirão Preto situa-se a N-NE (norte-nordeste) do Estado de São Paulo, distante aproximadamente 313 km da capital, São Paulo, estando a sede situada ao redor das coordenadas geográficas 21º10’ 42” de Latitude S e 47º48’24” de Longitude W. Limita-se com os municípios de Brodowski, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Jardinópolis, Pradópolis, Serrana e Sertãozinho.

FIGURA 58 – LOCALIZAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO E LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO DENTRO DO ESTADO E SUA DISTANCIA DA CAPITAL. FONTE: http://neuron.ffclrp.usp.br/ribeirao_preto.htm - ORGANIZADA PELA AUTORA

FIGURA 59 – LOCALIZAÇÃO DE RIBEIRÃO PRETO E OS MUNICIPIOS NO ENTORNO. FONTE: http://www.igc.sp.gov.br/Imagens/mapRas/ra_ribeirao_med.gif - SEM AUTOR.

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A área total do município compreende 627 km², sendo a área do perímetro urbano de aproximadamente 140,3 Km², e a área de expansão urbana correspondente a 139,1 Km². O município é constituído pelo Distrito-Sede e o Distrito de Bonfim Paulista, com uma população de 542.912 habitantes, segundo dados do IBGE do ano de 2004. A cidade é a sede da sexta região administrativa e sede de região de governo do Estado, sendo composta de 23 municípios e 10 distritos, em uma área total de 9.357 Km2. Ribeirão Preto caracteriza-se hoje como um importante centro de múltiplos pólos que lhe confere significativa importância socioeconômica e cultural no cenário regional e nacional, se destaca pelo elevado grau de polarização que exerce sobre a maioria dos municípios. Localizada em um dos centros mais desenvolvidos do Brasil, constitui-se numa das âncoras da economia do Estado através de um PIB de US$ 22 bilhões de dólares, com uma das rendas per capita mais altas do país.

FIGURA 60 – IMAGEM AÉREA ATUAL DE RIBEIRÃO PRETO. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÁO PRETO – SEM AUTOR.

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FIGURA 61 - MANCHA URBANA ATUAL E VETORES DE CRESCIMENTO DO MUNICIPIO DE RIBEIRÂO PRETO. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

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FIGURA 62 – PRINCIPAIS ACESSOS DO MUNICIPIO DE RIBEIRÃO PRETO.

FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

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FIGURA 63 – ÁREAS VERDES E RIOS/CORRÉGOS DO MUNICIPIO DE RIBEIRÃO PRETO. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

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FIGURA 64 – PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS E ATIVIDADES DO MUNICIPIO DE RIBEIRÃO PRETO. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

2.2 – HISTÓRICO DA CIDADE 2.2.1 – O PROCESSO DE ORIGEM O antigo povoado de Ribeirão Bonito, em cujas terras se desenvolveram o atual município de Ribeirão Preto, foi ocupado em meados do século XIX por fazendas de criação de gado, pertencentes ao então distrito de São Simão. Essas terras pertenciam aos irmãos Reis, e estavam organizadas em cinco fazendas numa grande área denominada Fazenda Rio Pardo. 76


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 65 – LIMITES DAS FAZENDAS – DSITRITO DE SÃO SIMÃO. Fazenda Barra do Retiro (Atual região central e bairros como Higienópolis e Jardim Paulista); Fazenda Monte Alegre (Atual sede da USP: Universidade de São Paulo); Fazenda das Palmeiras (Atual Zona Leste); Fazenda Pontinha ou do Ribeirão Preto (Atual Zona Norte, Campos Elíseos e uma parte da Vila Tibério) e a Fazenda Retiro (Atual Zona Sul). FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. Folha Ribeirão. Ribeirão, 150 anos – Ribeirão nasce na Fazenda do Rio Pardo, São Paulo, 18 de junho de 2006.

O gradual crescimento da população levou à construção de uma capela na região, já que nesta época a fundação das cidades coloniais portuguesas confundia-se com a história da Igreja Católica, e normalmente com a construção de uma igreja como marco inicial, sendo este ato fruto de decisões estratégicas de ordem política ou iniciativa dos próprios moradores da região. (Faria,2001). Na região, coube ao fazendeiro José Mateus dos Reis as doações das primeiras terras para formação do patrimônio de São Sebastião de Ribeirão Preto, marco inicial da fundação da cidade de Ribeirão Preto. As terras doadas faziam parte da menor das fazendas, a fazenda Barra do Retiro, sendo 66 alqueires doados entre 1852 a 1853. Segundo Faria (2001) alguns históriadores da cidade apontam o fervor religioso dos fazendeiros como principal motivo que os levaria a doar terras para a construção da nova capela, e assim ajudar a população das imediações do desconforto que representavam o deslocamento até São Simão no cumprimento de seus deveres religiosos. Já outros históriadores apontam que com Lei de Terras de 1850, estabelecendo a compra como a única forma de aquisição de terras, veio a dificultar o acesso dos homens sem recursos à propriedade privada, mas abria um precedente às posses “mansas e pacíficas” que promovessem a produtividade da terra. Segundo um históriador da região, Lages apud Faria (2001), 77


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

“uma saída mais fácil para estes homens de posses sem títulos passava pela devoção de um “santo forte”. As doações de terra a Igreja

para

constituição

quase

sempre

de

um

patrimônio

eclesiástico que garantisse a construção e manutenção de uma capela eram registrados em livros paróquias, registros esses que passavam a ter valor legal como titulo de propriedade. Doando terras á Igreja, os posseiros asseguravam para si o direito de primeiros ocupantes do terreno. “Sacrossanta aliança entre o céu e o latifúndio”.

Desta forma, José Matheus dos Reis, com a suas doações de terras, estaria tentando legitimar a posse de parte da Fazenda das Palmeiras, que estava sendo disputada entre sua família e a família de Dias Campos, outro fazendeiro importante da região, desde 1834. Enfim, a capela ficaria pronta somente em 9 de janeiro de 1868, mas parece ter criado condições para o início do desenvolvimento administrativo de Ribeirão Preto. Em 2 de abril de 1870, foi, então, criada a freguesia de Ribeirão Preto em terras do município de São Simão. Apenas um ano mais tarde, em 12 de abril de 1871, tornou-se vila. A autonomia política e a existência de solos bastante férteis fizeram com que muitas famílias se deslocassem para a região, expandindo a agricultura e o comércio. Mas foi a partir de 1876, quando o Dr. Luís Pereira Barreto introduziu o café tipo “bourbon”, que a cidade experimentou um crescimento acelerado. Com a decadência da cultura cafeeira no Vale do Paraíba e demais áreas do estado de São Paulo, juntamente com a perfeita adaptação desse tipo de café àquelas terras levaram as lavouras a se transformarem, em curtíssimo tempo, em grandes cafezais. A cidade de Ribeirão Preto tornou-se, já no final do século XIX, o centro de convergência de fazendeiros, no desenvolvimento da lavoura do café, favorecida pela chamada Terra Roxa. Em 7 de abril de 1879, seu nome foi alterado para Entre Rios e, em 30 de junho de 1881, passou definitivamente para o nome atual. Dois anos depois, em 1883, chegaram os trilhos de Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, o que deu novo impulso a Ribeirão Preto, que recebeu foros de cidade em 1º de abril de 1889.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

O relato de Jardim apud Faria (2001), em relação a sua vinda a cidade, nos mostra na visão de um simples morador, a situação em que se encontrava Ribeirão Preto neste período: Em 1905 aportei em Ribeirão Preto, para morar ai. Estava este período de vida intensa. Lavoura, na sua maior pujança;comércio, movimento

e

prospero;

a

mecânicas

e

congêneres,

pequena por

igual.

industria, Tudo

com

fartura.

oficinas Dinheiro,

superabundante e de verdadeiro poder aquisitvo.Era assim a “Capital da Terra Roxa”.

Convertida em pólo econômico de atração e irradiação de atividades, possuía uma região de influência que abrangia boa parte do interior de São Paulo e parcelas de Minas Gerais e do Estado de Goiás.

2.2.2 - O PROCESSO DE CRESCIMENTO URBANO Com os limites das terras do patrimônio da cidade de Ribeirão Preto definidos, foi delimitada no ponto mais alto da gleba, uma área de 100mx400m para a construção da Igreja Matriz, localizada no centro do que se denominou de Largo da Matriz. Foi adotado o traçado regular de quadriculas e imposto a primeira ordenação urbanística para a ocupação do entorno, tanto dos arruamentos que começaram a se formar a partir do quadrilátero do Largo, quanto das edificações que surgiriam alinhadas ao mesmo.

FIGURAS 66 E 67 – DELIMITAÇÃO DO LARGO DA MATRIZ E A IGREJA AO CENTRO - SÉC. XIX. ESSA QUADRA SERÁ LOCAL DE ISNTALAÇÃO DOS EDIFICIOS DO QUARTEIRÃO PAULISTA

FONTE: CALIL, Ozório Jr. O centro de Ribeirão Preto: os processos de expansão e setorização. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)– Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003 ORGANIZADA PELA AUTORA

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Essa ordenação estabelecia algumas normas sobre os terrenos, dimensões e nomenclaturas de ruas, localização dos primeiros equipamentos, problemas de higiene, entre outras, que foram oficialmente elaboradas e aplicadas a partir da constituição da primeira Câmara Municipal, em 1874. Neste período, o crescimento urbano encontrava-se limitado ao entorno da Igreja Matriz, e contido entre os Córregos do Retiro e do Ribeirão Preto. Apenas a partir do ano de 1883, com a implantação da Linha Férrea da Companhia Mogiana, que foi instalada nas margens do Córrego do Ribeirão Preto, é que ocorre o rompimento dos limites naturais e a expansão em direção as terras até então ocupadas pelo café. Essa expansão é considerada a segunda orientação no crescimento urbano na cidade. A área de instalação da ferrovia era considerada como fundo, em relação a posição do edifício da Igreja Matriz, e neste momento sofre uma intensa transformação, no que se diz respeito ao uso do solo urbano, como também de todo o ambiente construído. A ferrovia colocou a cidade em contato direto com a rota do café em direção ao porto de Santos, integrando-se há uma rede de cidades em intenso processo de urbanização, e que significou, na época, o próprio progresso e símbolo da técnica moderna.

Tal acontecimento propiciou um aumento populacional,

através das primeiras correntes migratórias para a região, sendo que neste período a população do município que contava em 1886, com 10420 habitantes, passa para 59195 habitantes em 1900. (Faria, 2001).

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FIGURA 68 – VETORES DE CRESCIMENTO URBANO.

FONTE: SANCHES, Kátia. As leis urbanísticas da cidade de Ribeirão Preto entre 1874 a 1935. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano) Programa de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000.

ORGANIZADO PELA AUTORA

FIGURA 69 – IMAGEM DA RUA DA ESTAÇÃO ATÉ O CORREGO RIBEIRÃO PRETO, PROLONGAMENTO DA RUA GENERAL OSÓRIO. FONTE: CALIL, Ozório Jr. O centro de Ribeirão Preto: os processos de expansão e setorização. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e

Urbanismo)– Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003.

Optou-se, primeiramente, pela transformação da imagem da cidade, pela consolidação do ambiente urbano burguês europeizado, sendo a intenção do poder público em priorizar as questões de embelezamento, legitimada pelo moderno discurso da higiene, beleza e consciente ação disciplinar social. Assim, a cidade configura-se em duas áreas: a área central, protegida pelas águas do Retiro e do Ribeirão Preto, e outra periférica, além das margens opostas dos mesmos córregos, ocupada por bairros de trabalhadores. Os

melhoramentos

urbanos

foram

definidos

como

prioridade

pela

administração municipal, sendo estabelecido como primeira área merecedora das 81


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

maiores atenções, a região central, ou seja, o Largo da Matriz e arredores. A escolha dessa área evidencia tanto sua importância urbanística, organizadora e definidora do desenho da cidade, quanto como território de “sociabilidade” 13 para “toda”

14

a população urbana e rural. O Largo assume ao mesmo tempo, uma

função vinculada às atividades religiosas, como também de espaço mercantil, dedicados à devoção do consumo, ainda que na época fosse de subsistência, mas que em um determinado período é transformado em centro de consumo de produtos e mercadorias européias. Pode-se perceber, com a delimitação dessa área, uma primeira intenção em estabelecer algum tipo de zoneamento, no caso, uma zona comercial através das principais ruas da região central. Foi proposto a limpeza urbana das principais ruas comerciais do município e um conjunto de obrigações e deveres por parte dos habitantes, para a manutenção de um ambiente urbano salutar e propício à realização das atividades desenvolvidas naquelas ruas. Neste momento, o ordenamento urbano atinge também o interior dos lotes, estabelecendo limites e critérios tanto para as questões sanitárias quanto estéticas das construções, definindo-se como primeira legislação, mesmo que ainda não determinada enquanto código de posturas municipais. Na medida em que o processo de urbanização se intensificou em direção a consolidação da cidade modernizada, as atividades sociais, de lazer e comércio sofreram profundas modificações. “O lazer e a sociabilização que ocorriam nos pátios, terreiros e armazéns foram tomando lugar nas ruas, feiras, praças e jardins públicos. Cabe ressaltar que este processo de urbanização do lazer, mais do que uma migração, pode ser qualificada como uma diversificação das atividades de entretenimento, pois as tradicionais atividades rurais continuariam a ocorrer no campo, ao mesmo tempo em que passaram a dividir o espaço com festas urbanas na cidade.” (Silva, 2000).

No entanto, os processos de melhorias urbanas eram extremamente lentos e não acompanhavam os ritmos de crescimento populacional, de expansão da malha urbana e da economia cafeeira exportadora e, por isso, a vida nas O termo de sociabilidade é citado por Caldeira apud Faria (2001), para expressar que o espaço-praça (central), surgido inicialmente, de forma espontânea,, como uma extensão das edificações religiosas, obteve sua importância mais associada as atividades que iriam desenvolver nas edificações do seu entorno do que a noção de lugar-simbolo da cidade. 14 O termo TODA engloba a classe dominante (burguesa), já que nessa época era evidente a ocupação segmentada do espaço público, pois a área mais urbanizada, com as melhores condições de infra-estrutura, no caso a área central, não era um lugar para “pessoas de cor” (negros), provocando uma segregação social no espaço bem definida. 13

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fazendas, principalmente dos grandes coronéis, ainda era considerada mais atraente, pois simbolizava poder, riqueza e status. A consolidação da vida urbana ocorreu devido a dois fatores: a imigração e o trabalho assalariado, já que são esses dois processos que solidificam a economia capitalista da cidade, proporcionando o desenvolvimento de outras atividades, além da monocultura do café. À medida que a cidade vai se urbanizando, que novos serviços são abertos entre o eixo da Praça XV de Novembro15 e a Estação Mogiana, toda aquela área caracterizada nos primórdios da ocupação do Largo, por uso quase que estritamente religiosa, torna-se intensamente comercial, sobretudo no eixo da Rua General Osório. Em 1897, essa área consagra-se como o ambiente do mundo moderno, principalmente com a construção do Teatro Carlos Gomes. O Teatro simboliza a imposição ao ambiente urbano dos desejos da elite cafeeira dominante, assim como a representação, através de uma arquitetura monumental, da sua capacidade, de viabilização e, mais ainda, de legitimação do seu projeto de uma cidade moderna. Neste momento as elites procuram à cidade não apenas como um local de passagem para compra, mas também como cenários de lazer e habitação, sendo construídos os primeiros palacetes urbanos, pelos fazendeiros. Esse processo acelera a ruptura com a antiga condição rural que caracterizada toda aquela região, e tornasse necessário à reformulação das imposições de ordenamento, através da criação de códigos legislativos, leis urbanísticas e novos projetos de melhoramentos e embelezamentos. O primeiro desses grandes instrumentos seria o Código de Posturas da Câmara Municipal, em 1889. Este código evidenciava uma hierarquização das vias urbanas, dispondo larguras mínimas para as ruas e as avenidas, e reforçava o traçado ortogonal. O Artigo 1º do Código de Posturas da Câmara Municipal, de 1889, estipulava que “as praças e largos deverão ser sempre, que o terreno o permitir, quadrados, retângulos perfeitos, ou outras figuras regulares e simétricas”. O conteúdo do código também continha exigências em relação ao alinhamento dos edifícios, à regularização das fachadas e questões relativas à drenagem urbana, com a disposição adequada aos perfis das vias, e a execução

15

Antigo Larga da Matriz, agora denominada de Praça XV de Novembro. 83


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de guias, sarjetas, passeios, bem como edifícios particulares, que deveriam apresentar calhas e conduzir as águas pluviais até as sarjetas ou além das guias. Outra norma especifica e importante foi o destaque dado aos aspectos estéticos das fachadas, exigindo uma forma arquitetônica que fosse harmônica e satisfatória. Entretanto, o texto não deixa suficientemente claro como seria avaliada e quais os critérios para estabelecer essa “harmonia”. Paralelamente, começam a ocorrer com maior freqüência os processos de especulação imobiliária, provenientes da valorização da região central decorrente do surgimento de grandes construções, que representavam novas formas de investimentos para a renda gerada no auge do café. Os processos de melhoramentos e embelezamentos urbanos continuavam intensos até os anos 1920, por um caminho único: o desejo de modernização seja sanitária, “estética”

16

e material. Esse caminho é o exemplo que permanecia com

um discurso único, fechado em idéias da elite dominante e partilhado por todos, na busca pela construção da metrópole do interior capitalista, ou da Capital do Oeste como era denominada na época. Na mesma ordem das grandes obras que começaram a transformar o espaço visual da cidade, iniciadas pontualmente com a construção do Teatro Carlos Gomes, passando para o edifício da Sociedade Recreativa, estariam direcionadas as atenções da municipalidade e da sociedade para a construção do Quarteirão Paulista17, no inicio de 1930. (Calil, 2003). Esse importante empreendimento foi implementado com os recursos financeiros da iniciativa privada, no caso, não mais restritos ao capital agrário proveniente do café, mas também do capital urbano das atividades comerciais e fundamentalmente industriais, como a Companhia Antarctica e a Cervejaria Paulista inauguradas, em 1911 e 191418, juntamente com a construção do edifício Diederichsen19.(Calil, 2003).

É importante lembrar que neste período quando se fala estética, refere-se ao conjunto arquitetônico e quando se fala sobre embelezamento, incorporam-se as questões urbanísticas. 17 O Quarteirão Paulista é um complexo composto pelo Palace Hotel, Confeitaria Paulicéia Nova (Atual Choperia Pingüim) e o Teatro Dom Pedro II. As fachadas laterais encontram-se nas ruas Duque de Caxias e General Osório e fachada frontal voltada para a Praça XV de Novembro. 18 A Cervejaria Antarctica Paulista foi fundada por Adan D. Von Bulow e Antonio Zerrener em 1891, com sede na capital paulista. Em 1911, instala uma filial em Ribeirão Preto, sendo uma das primeiras grandes indústrias na cidade. (CALIL, 2003). Em 1914, é inaugurada a Companhia Cervejaria Paulista, construída as margens do Ribeirão Preto, próxima à estação da Cia Mogiana, na margem oposta da fábrica da Cia Antarctica Paulista, sua principal concorrente durante anos. 19 O edifício Diederichsen foi à primeira construção vertical da cidade, com 6 andares em 1930.(CALIL,2003). 16

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 70 – EDIFICIO DA CERVEJARIA PAULISTA. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTORICO DE RIBEIRÃO PRETO.

A

partir

dessa

época,

a

fisionomia

da

cidade

transforma-se

novamente, não só com as novas edificações que contrastavam, por suas dimensões e estilos arquitetônicos, com aqueles existentes até então, mas também como a diversificação das atividades centrais e o aumento tanto populacional quanto dos estabelecimentos comerciais e de serviços.

FIGURA 71 – AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES EM DIAS DE FESTA, AO FUNDO A ESTAÇÃO MOGIANA – 1940. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTORICO DE RIBEIRÃO PRETO.

Esse aumento de atividades foi fruto primeiramente da migração dos trabalhadores rurais para a cidade, que assumiam uma nova condição, a de operários, vendedores, ambulantes, trabalhadores braçais em geral; e de pessoas que se transferiam para a cidade, induzidas pelas oportunidades de trabalho que 85


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

surgiam provenientes das imagens divulgadas textualmente e iconograficamente, por meios da imprensa local20, mostrando o progresso da metrópole do interior. Para demonstrar o aumento das atividades e o aumento populacional, os dados do IBGE nos mostram que neste período a taxa de urbanização já era de 71,8%, chegando em 81.7% em 1950. Entre 1940-1950 a população cresceu 15.5% passando de 79.711 hab. para 92.160 hab, no final de 1950. (Calil, 2003). O crescimento da atividade comercial, a construção de novas edificações e o surgimento de novas atividades, resultou numa disputa de espaço do centro. Sendo que, é exatamente neste momento que as elites dominantes deslocarqm-se para área sul da cidade, com a criação do bairro Higienópolis (loteamento aprovado em 1923). Tal processo de deslocamento é considerado o terceiro movimento de expansão da cidade, sendo este uma conseqüência de um novo estilo de viver e morar que surgiu na época, influenciado pelo estilo europeu de Haussmann proposto na reestruturação de Paris, já mencionado no capitulo 1 desse trabalho. Esse novo loteamento foi implantado em um local próximo do centro, em uma área de chácaras arborizadas, localizadas em cotas mais altas, com subdivisões em lotes bem maiores, viabilizando a construção de grandes residências (suntuosos palacetes residenciais) com jardins nos recuos laterais e frontais, com o objetivo de proporcionar vistas bucólicas associadas à tranqüilidade e à melhoria na qualidade de vida de seus moradores. O bairro Higienópolis foi concebido com um traçado continuo das vias do centro, mantendo-se as mesmas dimensões das quadriculas, com a implantação de espaços verdes dispostos a garantir uma melhor circulação e ainda apresentou a implantação de uma serie de equipamentos coletivos, como hospitais, colégios, clubes, entre outros.

20 Essa intenção de propagar uma imagem da cidade, através de uma simbologia, no caso, a da modernização, representada através de um discurso de higiene, beleza e disciplina, é a intenção que, na prática atual do Planejamento Estratégico Urbano, definiu-se como “marketing urbano”. Esse termo foi conceituado e analisado nos estudos de caso do capitulo 1 desse trabalho.

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FIGURA 72 – PROCESSOS DE CRESCIMENTO URBANO 1º ÁREA EM VERMELHO, 2º ÁREA EM AMARELO E 3º ÁREA EM AZUL DESTAQUE EM CINZA PARA A ÁREA DE ESTUDO DO TRABALHO. FONTE: FOTO ÁEREA ATUAL – SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADO PELA AUTORA.

Desta em época em diante, surgiram outros inúmeros bairros ao redor da área central, que deram continuidade a malha viária do centro. Nesses novos bairros, os processos de parcelamento do solo aconteciam isoladamente, em áreas muitas vezes equivalentes às das chácaras, que devido á crise do café, iam sendo subdivididas, como fonte adicional de renda, e também para o assentamento urbano da própria família, que crescia com o casamento dos filhos. A zona sul, surgida a partir da implantação do bairro Higienópolis, expandiuse com grandes loteamentos destinados às classes altas. E as zonas norte e oeste, com a consolidação de típicos bairros de classe média e baixa. A zona leste do município permaneceu até meados da década de 90, apresentando baixos índices de urbanização. Entretanto, devido ao relevo plano e ao baixo preço de mercado do solo pouco produtivo da região, este se tornou o principal vetor de crescimento

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

para localização de empreendimentos habitacionais destinados à classe médiabaixa, tanto de iniciativa governamental (COHAB21) como particular.

FIGURA 73 – FORMAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO - MANCHAS URBANAS. FONTE: SECRETARIA DO PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

2.2.3 – O PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA E SETORIZAÇÃO As mudanças que ocorreram na área central, a partir de 1940, foram marcadas pelos processos de expansão e setorização. Na décadas de 40, a setorização foi caracterizada pelos tipos de atividades, com o setor da Praça XV de Novembro, com os comércios e serviços diversificados, as atividades de lazer e 21 A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo é um dos principais instrumentos de execução da política de habitação do Estado de São Paulo. A missão da COHAB é garantir acesso à moradia para a população de menor renda, desenvolvendo programas habitacionais e promovendo a construção de novas unidades com recursos provenientes do Fundo Municipal de Habitação e de convênios com agentes financeiros, como a Caixa Econômica Federal, outras entidades governamentais e iniciativa privada. Tem também como uma de suas atribuições a aquisição e comercialização de terrenos e glebas com a finalidade de provisão habitacional. (Disponível em http://www2.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/cohab, visitado em agosto/2006).

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

cultura, os órgãos públicos, as agencias bancarias, entre outros; e o setor da estação Mogiana que abrigava o comércio atacadista, indústrias e atividades correlatas à ferrovia. Nos anos de 1940-1970, ocorreu um grande crescimento e desenvolvimento econômico,

ancorado

na

agroindústria

e

na

indústria

metal-mecânica,

transformando novamente a fisionomia da cidade, mas agora além de mudanças nas estruturas físicas, ocorreram mudanças sociais. As mudanças nas estruturas físicas decorreram do processo de verticalização no centro, voltadas principalmente, para o comércio no período de 1950-1954 e depois para a habitação, no inicio dos anos 1960. E as mudanças sociais ocorreram na

setorização

de

atividades

marcada

também

pela

diferenciação

do

atendimento às diversas classes sociais, ou seja, setores de comércio e serviços voltados para atender às camadas de menor renda e outros setores que atenderam às camadas de alta renda. O próprio crescimento urbano já espelhava a segregação social, ao dividir a cidade nos vetores Sul e Sudeste, abrigando os bairros das camadas de alta renda, e no quadrante Norte e Oeste, as camadas de media e baixa renda, expressado no centro com a separação do comércio de luxo e popular. Essa situação agrava-se com a transferência da estação Mogiana para a periferia da cidade, no vetor Nordeste, e o deslocamento das atividades relacionadas ao transporte ferroviário, como hotéis, pensões, restaurantes, bares, entre outros, sobrando apenas o comércio e serviços populares no antigo setor da estação, que aos poucos foram sendo transferidos, ou entraram em decadência ou foram simplesmente eliminadas pela falta de consumidores. Neste momento, com a falta de atratividade na área, os proprietários das edificaçães deixaram de investir na manutenção das antigas construções, alegando o baixo rendimento com os alugueis. Por outro lado, os novos inquilinos, sem recursos para investir em melhorias, acabaram depreciando ainda mais as edificações, e somado ao preconceito social em relação ao surgimento de casas de prostituição nesta área, ocorreu uma grande desvalorização geral no setor.

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Esses fatores proporcionaram ao setor imobiliário a criação de centros secundários nos bairros, com atrativos que pudessem atender o comércio e serviços de luxo, bem como as atividades de lazer e entretenimento, sendo essas áreas denominadas de “novos centros”. Outro fator responsável por essa dispersão comercial foi à implantação das avenidas expressas do Plano de Vias de 196022, que se constituíram em eixos viários estruturadores do espaço urbano, direcionando a um atendimento em todas as regiões da cidade, facilitando o acesso-bairro e a comunicação entre os bairros e, conseqüentemente, a acessibilidade facilitada a esses novos centros, consagrando essas áreas. O centro, agora denominado de centro antigo ou centro histórico para diferenciação dos novos centros, passa a abrigar a camada de baixa renda, que a escolhe como residência devido à proximidade com o emprego, diminuindo o gasto com transporte do trecho residência-trabalho, a proximidade com equipamentos de saúde, escola, comércio, serviços, lazer, rodoviária e os baixos preços dos alugueis.

FIGURA 74 - PLANO DE VIAS DE 1960

22 Esse plano foi elaborado pelo Departamento de Obras da Prefeitura, baseado no Plano de Prestes Maia. O plano consistia em duas vias perimetrais e oito radiais, sendo que a primeira via perimetral tangenciava o centro na Avenida Francisco Junqueira, contornando os setores centro e centro-sul; e a segunda perimetral é o próprio Anel Viário. Este delimitava a área urbana, excluindo os corredores onde foram implantadas as vias expressas. Já o conjunto de radiais convergia para o centro, reafirmando a importância do setor e garantindo a acessibilidade centro-periferia. Este plano estabeleceu um sistema hierarquizado de vias e ampliação da área urbana, através de uma estrutura viária cujo objetivo principal foi o direcionamento do crescimento urbano.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP EM AMARELO A 1ºPERIMETRAL, EM VERMELHO A 2º PERIMIETRAL (ANEL VIÁRIO), EM AZUL ÁREA DE ESTUDO DESTE TRABALHO. FONTE: CALIL, Ozório Jr. O centro de Ribeirão Preto: os processos de expansão e setorização. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)– Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003 ORGANIZADA PELA AUTORA

Os comerciantes impressionados com as mudanças que ele vinha sofrendo e, conseqüentemente, a perda de seu prestigio, desenvolveram gestões junto ao governo municipal para que se desenvolvesse alguma ação na tentativa de reverter esse processo. Assim, em 1990, foi implantado o “calçadão”, que compreendeu o fechamento de 8 quarteirões, visando apenas a criação de um espaço de circulação de pedestres, comportando-se como um projeto pontual de intervenção urbana. Entretanto, esse projeto agravou os problemas de circulação de veículos no centro, e por outro lado, não conseguiu reverter o processo de popularização do mesmo.

FIGURA 75 – “CALÇADÃO” DA RUA GENERAL ÓSORIO EM AMARELO QUARTEIRÃO PAULISTA EM LARANJA PRAÇA XV DE NOVEMBRO EM VERDE ÁREA EM ESTUDO EM VERMELHO

FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

2.3 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO O limite urbanizado da cidade encontrava-se definido entre a cidade “intrarios” e a cidade “além-rios”, 23 sendo o limite da natureza (barreira geográfica) feita pelo córrego Ribeirão Preto e o limite da técnica (barreira física) determinado pela estrada de ferro. Esses limites definiam uma incompatibilidade física e social, entre a cidade moderna, higiênica e embelezada, área de moradia da elite dominante e 23

Termos utilizados por FARIA (2003). 91


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da cidade pobre, feia e suja, moradia de grande parte da massa de trabalhadores. A área de estudo situa-se na faixa de transição entre as duas “cidades” distintas, e compreende o trecho completo da Avenida Jerônimo Gonçalves, e uma parte da Avenida Caramuru, ate sua intersecção com a Rua Primo Tronco, abrangendo seu entorno imediato nas margens do Córrego Ribeirão. A área possui aproximadamente uma área de 1.060.793,16 m², em um perímetro de 5.512,30 m², e é hoje é denominada de a “Baixada” pelos moradores da cidade.

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FIGURA 77 – DELIMITAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO (HACHURADA EM AZUL) E OS LOTEAMENTOS DA ÁREA (LIMITES EM VERMELHO). FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO - PMRP - ORGANIZADA PELA AUTORA.

OBS: O MAPA DE LOTEAMENTO DO MUNICIPIO NÃO DELIMITA OS BAIRROS COMO TAMBEM OS NOMES DAS ÁREAS DE FORMAÇÃO DA CIDADE COMO PODE SER OBSERVAOD ACIMA, E, PORTANTO SERÁ UTILIZADO O MAPA DE SETORES DO IBGE (ANÁLISE FUNCIONAL) PARA FACILITAR A IDENTIFICAÇÃO DESSES DENTRO DO TRABALHO.

A Avenida Jerônimo Gonçalves inicia-se na confluência da Avenida Fábio Barreto com a Avenida Dr. Francisco Junqueira e segue na direção sudeste, 93


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paralela às ruas José Bonifácio e Augusto Severo, margeando o centro da cidade. Foi denominada através da Lei n. 32 de 29 de junho de 1897, retificada através do Ato n. 75, de 05 de setembro de 1939. A avenida possui uma largura de aproximadamente 22 metros, sendo construídas nas margens do córrego Ribeirão Preto, os “paredões” de pedras devido a sua canalização, as muretas com balaústres e plantadas duas fileiras de palmeiras imperiais. As palmeiras foram plantadas por Max Bartsch, então funcionário contratado pela Prefeitura Municipal, na função de jardineiro e por Cassiano Esteves, funcionário da Prefeitura entre os anos de 1913 e 1916. Ambos foram responsáveis também pela remodelação dos jardins da cidade nas praças: Carlos Gomes, Praça XV de Novembro, Schmidt e das Bandeiras.

FIGURA 78 – VISTA DA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES E DA PRAÇCA DA ESTAÇÃO. FONTE: CALIL, Ozório Jr. O centro de Ribeirão Preto: os processos de expansão e setorização. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)– Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003

As primeiras palmeiras plantadas nos arredores da Avenida Jerônimo Gonçalves datam de 1903 e localizavam-se próximo ao Mercado Municipal (primeiro mercado inaugurado em 1900 e destruído por um incêndio em 1942). As palmeiras da avenida propriamente dita, foram plantadas entre os anos de 1912 e 1927. A referida avenida foi um dos primeiros referênciais viários da cidade, e no seu entorno foram instalados, ao longo do tempo, inúmeros edifícios, equipamentos e complexos comerciais, industriais e de transporte, como por exemplo a estação Ribeirão Preto da Cia. Mogiana e seus armazéns, rotunda, etc. ; fábricas de cerveja (Antarctica e Paulista), Mercado Público Municipal, o primeiro hotel da cidade 94


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(Hotel Brasil), entre outros.

FIGURA 79 – VISTA AÉREA DO COMPLEXO MOGIANA – DESTACADOS A ESTAÇÃO MOGIANA AS MARGENS DA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES E A ROTUNDA DO TREM – 1980. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTORICO DE RIBEIRÃO PRETO

As obras de intervenções urbanas realizadas na avenida e em seu entorno, datam da década de 1880, segundo os documentos oficiais da Intendência e Prefeitura Municipal, e responderam a princípio à necessidade de saneamento dos córregos da cidade, em função da epidemia de febre amarela e, posteriormente, aos postulados de "limpeza e embelezamento" empreendidos durante as décadas de 1910 e 1920. Essas obras incluem a canalização e retificações dos Córregos Ribeirão Preto e Retiro Saudoso, instalação da luz elétrica, implantação da rede de esgoto e pavimentações, transformando este local de poeira e lama, em um local aos moldes dos princípios do plano de melhoramento e embelezamento. A partir da década de 1930, após a decadência da economia cafeeira e o declínio do transporte ferroviário, foram instalados novos equipamentos na avenida como exemplo, o Pronto Socorro Municipal e o Terminal Rodoviário, e ao mesmo tempo, foram mantidas algumas casas comerciais e o mercado público. Apesar do intenso processo de transformação ocorrido a partir da década de 1960, principalmente com a demolição do complexo ferroviário, a avenida 95


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Jerônimo Gonçalves e as suas palmeiras mantêm-se como importante elemento de representação cultural da cidade de Ribeirão Preto, sendo sua paisagem apresentada, ainda nos dias de hoje, como o principal "cartão postal" da cidade.

FIGURA 80 – IMAGEM DO INICIO DA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES, 2006. FONTE: AUTORA.

Já a Avenida Caramuru, foi construída nas décadas de 1980, com a finalidade da implantação das vias expressas Norte e Sul, contidas no Plano de Vias dos anos 60. Essa via também foi implantada, margeando o Córrego Ribeirão Preto. No entanto, preservando uma faixa de área verde, no entorno imediato do córrego, sendo composta de quatro pistas, duas em cada sentido com um canteiro central verde.

FIGURA 81 – IMAGEM DA AVENIDA CARAMURU,2006 FONTE: AUTORA.

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2.3.2 - PROJETOS EXISTENTES 2.3.2.1 -PLANO DIRETOR DE 1945 Com o crescimento populacional que ocorreu nos anos de 1940 em 34,86%, totalizando uma população de 46.946 habitantes de acordo com censo demográfico, e, conseqüentemente a demanda pelos serviços urbanos, habitação e infra-estrutura, o prefeito da época, Alcides de Araújo Sampaio, convidou o engenheiro urbanista José de Oliveira Reis para elaborar o primeiro plano diretor de Ribeirão Preto. Esse plano, não chegou a ser implementado, mas deixou registrado o diagnostico do quadro urbano, além de propostas urbanísticas inovadoras para a cidade. Práticamente todas as propostas apresentadas estavam direcionadas aos espaços não urbanizados e as áreas de expansão, não modificando locais já consolidados, com exceção da transferência da Estação da Mogiana, localizada no centro da cidade, para o limite entre os bairros Vila Tibério e Barracão, e foi projetado para abrigar uma população de 400 mil habitantes. Esse plano propôs a necessidade da consolidação de uma cidade compacta, evitando-se a formação de vazios urbanos com a aprovação de loteamentos dispersos pela cidade. Foram utilizados como modelo os princípios adotados por Agache, na cidade do Rio de Janeiro, e, portanto, na formação de quadras fechadas, onde uma rua contorna o bairro e o centro da quadra é liberado para área de convivência, mantendo sua interioridade e identidade. Segundo Calil (2003), a cidade foi divida em oito zonas, respeitando os processos em curso: ao sul e sudeste, zona residencial 1, destinada as camadas de maior renda; a nordeste, zona residencial 2, destinada as camadas de media renda; e a oeste, zona residencial 3, destinada junto aos operários junto aos operários da zona industrial. A zona comercial foi dividida em duas categorias: zona comercial 1, que compreendia o centro e a área de expansão do centro em direção a Estação 97


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Mogiana; e a zona comercial 2, que abrangia os limites da zona anterior e as quadras ao longo das ruas radiais e transversais, criando eixos comerciais para atendimento aos bairros. Foi proposta uma hierarquização do sistema viário, visando disciplinar o trânsito no interior da malha urbana, e a implantação de vias radiais, perimetrais e locais, respeitando o traçado das vias já executadas. E a implantação de parques em áreas de fundo de vale, delimitada pelas “parkways”, já que neste período os loteamentos existentes ocupavam as cotas mais altas da cidade, e os vales ainda não se encontravam ocupados. Tal proposta visava amenizar a temperatura e baratear a infra-estrutura necessária às áreas alagadiças, preocupando-se com aspectos referentes à funcionalidade, a estética e o saneamento da cidade. O plano diretor de Oliveira Reis, ainda que não tenha sido aprovado, iria influenciar nas propostas elaboradas nas décadas seguintes.

FIGURA 82 – PLANO DIRETOR DE 1945 ZONA COMERCIAL 1: VERMELHO ; ZONA COMERCIAL 2:LARANJA E ZONA RESIDENCIAL 3: AZUL

FONTE: CALIL, Ozório Jr. O centro de Ribeirão Preto: os processos de expansão e setorização. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)- Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003

2.3.2.2 - PROJETO VALE DOS RIOS

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O programa de Revitalização e Reurbanização da área Central da Cidade de Ribeirão Preto é composto por duas etapas: intervenções nas praças 15 de Novembro e Carlos Gomes e suas proximidades, e intervenções na Avenida Jerônimo Gonçalves no entorno da atual Rodoviária. Em abril de 1991, foi divulgado o resultado de um concurso para a primeira intervenção, promovido pela prefeitura local, junto com a Coordenadoria de Planejamento, Associação Comercial e Industrial e Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (CODERP). Os arquitetos Antônio Stefani, Carlos Stechhahn, Constantino Sarantópoulos, Fátima Regina de Souza, Maria Lúcia Soubihe e Sérgio Coelho tiveram seu trabalho escolhido. O grupo vencedor apresentou seu trabalho, do ponto de vista conceitual, como uma proposta de “agenciar espaços viários em espaços de apropriação coletiva multifuncional, através da criação de calçadões, comércio 24 horas e a reforma das praças 15 de Novembro e Carlos Gomes, com destino para novas atividades, a fim de garantir o uso constante de seus espaços nos diversos horários”. A segunda parte do programa foi elaborada pelo reconhecido arquiteto João da Gama Filgueiras Lima (Lelé) e o antropólogo Roberto Pinho, e abrange o trecho da Avenida Jerônimo Gonçalves, a Rua Guatapará e Avenida Francisco Junqueira, denominando-o de Vale dos Rios. Esse projeto foi elaborado para contrariar a crença de que os centros urbanos das médias e grandes cidades são locais decadentes e desvalorizados, portanto, este conjunto de obras funcionaria como um vetor de novos negócios e serviços na zona central da cidade, capaz de reativar não apenas o comércio já existente como de fazer florescer uma gama de novos empreendimentos, transformando-o em novo pólo de negócios e lazer da cidade. O projeto ainda contaria com a implantação em vários bairros da cidade Bases de Apoio Comunitário, que contribuiriam para a descentralização de serviços prestados à comunidade facilitando o acesso a população. No programa, foi assinado um protocolo de trabalho com três faculdades de arquitetura da cidade e a Associação de Engenharia e Arquitetura de Ribeirão Preto. O protocolo estabelece a participação destas entidades no projeto da Fábrica de Equipamentos Sociais, que funcionará como um centro tecnológico 99


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para permitir o aperfeiçoamento dos profissionais de Ribeirão Preto, sendo assim que uma parte do material utilizado no empreendimento será produzido na própria Fábrica de Equipamentos Socais, com a geração de 60 empregos diretos e com a formação de mão-de-obra especializada para estudantes e técnicos. O projeto prevê a desapropriação de uma área de 779 mil metros quadrados na região da baixada que seria utilizada no projeto da estação central e na complementação do sistema viário. A área está localizada no quadrilátero formado pelas ruas Saldanha Marinho, José Bonifácio, Lafaiete e Prudente de Moraes. O projeto completo possui uma área de aproximadamente 300.000,00 m², sendo que 230.592,00 m² são áreas construídas.

Vila Tibério Rodoviária

Av. Jerônimo Gonçalves

Parque Maurílio Biagi

Córrego Ribeirão

Câmara Municipal

Rua Guatapará

Centro

Vila Virginia

FIGURA 83 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PROJETO VALE DOS RIOS FONTE: ORGANIZAÇÃO DA AUTORA

O projeto encontra-se estruturado nas seguintes etapas: Implantação de um viaduto, interligando o sistema viário do Bairro Vila Tibério com a área central, através respectivamente, das ruas Augusto Severo, Lafaiete e Florêncio de Abreu; Implantação de uma estação de transbordo para ônibus urbanos, com plataformas dotadas de abrigos contínuos protegendo os pedestres no desembarque; Conjunto de escadas rolantes e elevadores para portadores de deficiência física, interligando a via de pedestres no nível da plataforma do Viaduto com a Estação de Transbordo; Implantação de duas passarelas interligando a faixa de pedestres do 100


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Viaduto, respectivamente com o Parque Maurílio Biagi e o Edifício da atual Estação Rodoviária; Reformulação do Parque Maurílio Biagi, com a construção de um lago artificial e criação de um grande centro de cultura e lazer, a ser implantado no prédio da atual Rodoviária, através de profundas reformas e adaptações, no qual a nova Rodoviária será construída em outra área não definida no projeto, mas nas imediações do quadrilátero central.

FIGURA 84 - PLANTA DE INTERVENÇÃO COM OS EQUIPAMENTOS PROPOSTOS FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO – PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

Segundo o arquiteto Lelé, “o projeto Vale dos Rios tem como objetivo fundamental criar um espaço vital para a convivência espontânea de todas as camadas da população de Ribeirão Preto. Para isto, foi determinante oferecer as melhores condições possíveis de acesso e circulação, interna e externa, para pedestres e veículos, dotando o espaço em uso de total fluência”

FIGURA 85 – IMAGEM DA MAQUETE DO PROJETO VALE DOS RIOS FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO – PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

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2.3.2.3 - PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO O plano de desenvolvimento da cidade de Ribeirão Preto foi elaborado em 2001, com a finalidade de estabelecer um planejamento estratégico para o crescimento da cidade. O principal objetivo foi de compatibilizar em uma visão global os problemas encontrados até então, com ações localizadas no intuito de restabelecer um equilíbrio entre o atendimento as necessidades básicas, os problemas imediatos e o estabelecimento de bases que permitissem á médio e longo prazo o desenvolvimento pleno do potencial do município. Na área em estudo foram elaboradas as seguintes propostas: - Avenida Jerônimo Gonçalves: Transferência da rodoviária para a área do Educandário próximo ao parque permanente de exposições da cidade; abertura da Avenida Rodrigues Alves, levando o trafego da Avenida Francisco Junqueira e Via norte direto à Avenida de Contorno do Parque Maurílio Biagi; Complementação do sistema da Avenida de contorno do Parque Maurílio Biagi; Inversão da mão de direção da Rua Castro Alves;Retirada dos veículos pesados de carga, obrigando-os a estacionar nas proximidades; Implantação de preferêncial da Rua Jose Bonifácio como opção de trafego paralelo à Avenida; recuperação do paralelepípedo conforme realizado na Avenida Nove de Julho; Implantação de ciclovias no passeio central retirando-as do leito carroçável, desde o Parque Maurílio Biagi até a Rotatória Amim Calil; valorização do pedestre, com a transformação da Avenida nos finais de semana em área de lazer e Revitalização completa da “Baixada” e do Mercadão.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP FIGURA 85 - ILUSTRAÇÃO DA AVENIDA. JERÔNIMO GONÇALVES NOS FINAIS DE SEMANA. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

- Parque Maurílio Biagi: Criação de um Centro Cultural com Museu de Artes e Pavilhão de Exposições com Usos Múltiplos, incorporando os espaço de exposições, os espaços de uso comum da Câmara Municipal, bem como outros espaços livres do Parque, através de parceiras publicas - privadas;

FIGURA 86 - ILUSTRAÇÃO COM A LOCALIZAÇÃO DO PARQUE MAURILIO BIAGI, AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES, AVENIDA FRANCISCO JUNQUEIRA E AVENIDA NOVE DE JULHO. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

- Avenida Caramuru: Ligação da Caramuru com a Avenida Nove de julho ascendente pela Avenida Santa Luzia e ligação descendente sobre o reservatório do DAERP (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) da Rua Amador Bueno ligando ao final da Rua Saldanha Marinho.

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FIGURA 87 - ILUSTRAÇÃO COM A LOCALIZAÇÃO DAS LIGAÇÕES ASCENDENTE E DESCENDENTE NA AVENIDA CARAMURU. FONTE: ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO

2.3.2.4 - PROJETO DE MACRODRENAGEM URBANA O projeto de Macrodrenagem Urbana foi anunciado no ano de 2004 como uma medida emergencial para conter as ocorrências constantes de enchentes na região da “Baixada” de Ribeirão Preto, provocando enormes prejuízos à população local, assim como para os comerciantes, gerando um grande contingente de desabrigados e deteriorização da área. A idéia do projeto existe a mais de 20 anos, mas nenhuma administração anterior a de 2004, quis colocá-lo em prática. Ele passou por uma readaptação, elaborada em conjunto pelos técnicos do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) e das secretarias de Infra-estrutura e Planejamento e Gestão Ambiental. Este projeto foi encaminhado ao Ministério Público para a avaliação e discussão sobre os impactos ambientais conseqüentes das obras anti-enchentes, e devido a essa situação as informações exatas sobre o projeto não puderam ser concedidas. As informações obtidas na Secretaria de Infra-Estrutura Urbana de Ribeirão Preto, através do secretário Nilson Baroni, foram que, o projeto prevê a construção de mais três barragens, sendo elas: no bairro “Royal Park”, no córrego Ribeirão; no bairro Monte Alegre, no córrego Monte Alegre e na Serraria, no córrego com 104


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mesmo nome, além das seis já existentes, sendo três delas no córrego Ribeirão Preto: em Bonfim Paulista, no bairro Santa Tereza e no bairro Delboux; uma no córrego Retiro Saudoso na Avenida Maurílio Biagi, próximo a Faculdade COC e mais duas no córrego Vista Alegre. A barragem de contenção no Royal Park devera conter 3,1 milhões de metros cúbicos de água; a no córrego Monte Alegre, 1,6 milhão de metros cúbicos e no córrego Serraria, perto da Mata Santa Tereza, com capacidade para 1,10 milhão de metros cúbicos. O projeto ainda prevê um “piscinão” para armazenar 200 mil metros cúbicos no córrego Laureano; um aumento da capacidade de contenção das barragens da USP e do córrego Monte Alegre para armazenarem 200 mil metros cúbicos de água e uma lagoa no Retiro Saudoso, com capacidade para 125 mil metros cúbicos. Está previsto também o alargamento do canal e do leito dos córregos Ribeirão Preto e Retiro Saudoso, sendo que no primeiro ocorreria um aumento de oito para quatorze metros, o que aumentaria a vazão de 75 m³ para 150 m³, já o alargamento do Córrego Retiro Saudoso não foi informado. Outra obra importante deste projeto é a construção de uma “curva”, no deságüe do Córrego Ribeirão Preto no Córrego Retiro Saudoso, que amenizaria o impacto perpendicular de encontro entre as águas deste córregos, provocando um aumento na vazão. Essas obras funcionariam como formas de se evitar que as águas das chuvas cheguem ao centro da cidade, no entanto a grande polêmica é a necessidade da retirada das Palmeiras Imperiais (tombadas temporariamente pelo CONPACC) do local para a concretização deste projeto, além da falta de verba para a finalização de todas as obras previstas que gira em torno de 80 milhões de reais. Enquanto é aguardado o parecer com um relatório sobre o projeto, o município realiza obras pontuais e prioritárias. Segundo o promotor Marcelo Pedrodo Goulart, o programa deveria conter um estudo global, já que o risco da execução desse projeto em etapas é descobrir no futuro que o local ideal para a implantação de uma barragem ou piscinão não ser ocupado porque pode estar com alguma obra particular ou publica, já que um primeiro relatório técnico elaborado pela promotoria já aponta três áreas importantes para a implantação de barragens ameaçadas ou comprometidas. 105


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Um desses locais é um terreno na zona oeste, onde o DAERP (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) construiu um emissário de captação de esgoto. Outro ponto esta na zona sul, no final da Avenida Independência, do qual o local já é ocupado por uma escola particular, construída em uma área de preservação, no entanto com autorização da prefeitura para funcionar no espaço. A terceira área localiza-se entre as zonas sul e leste, na continuação da Avenida Maurílio Biagi após o cruzamento com a Rodovia Anhanguera, do qual é uma área em expansão imobiliária e liberada para construções. Esses exemplos demonstram que a demora na aprovação deste projeto, proporciona a ocupação das áreas propostas para outros fins.

FIGURAS 88 E 89– ENCHENTES EM 1927 – A PRIMEIRA NA RUA GENERAL OSÓRIO (NA ESQUINA O HOTEL BRASIL) E A SEGUNDA NA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES (AO FUNDO ANTIGA MERCADO MUNICIPAL) FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO – PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

FIGURAS 90 E 91 – ENCHENTES RECENTES- NAS MARGENS DO CORREGO RIBEIRÃO PRETO – A PRIMEIRA AO REDOR DO CORREGO NÃO CANALIZADO E A SEGUNDA NO CANAL DA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES. FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, RIBEIRÃO FOLHA, 26 DE MAIO DE 2005 E 5 DE JANEIRO DE 2005.

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CAPITULO 3: ANÁLISE DA ÁREA EM ESTUDO 3.1 – FUNCIONAIS As categorias desse nível de análise foram sistematizadas por Holanda e G. Kohlsdorf, descrito em Vieira (2002). Analisa o uso do solo da área escolhida, através do estudo de sua estrutura funcional, tanto do solo privativo quanto do solo público, e investiga a expectativa relacionada à adequação e a eficiência desses espaços para as necessidades da população local. O desempenho das atividades é classificado em duas categorias de análise: operativa e relacional. A análise operativa busca determinar a finalidade para o qual o espaço foi criado, em termos qualitativos e quantitativos, sendo que o primeiro analisa a quantidade de espaços para o desempenho das diversas funções e o segundo, a qualidade dos espaços destinados à atividade em si, referente a adequabilidade da atividade na fração urbana, levando em conta a estrutura funcional não só da área analisada, mas de todo o espaço. 107


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Já a análise relacional ou locacional pretende relacionar as diferentes operações e/ou atividades que ocorrem na área de estudo, a partir de sua localização, analisando relações como: proximidade, distância, compatibilidade, complementaridade e diferenças.

3.1.1 – ANÁLISE OPERATIVA A área em estudo, segundo a Lei de Parcelamento do Solo24, encontra-se na área de ZUP- Zona de Urbanização Preferêncial, composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfologicas propicias para a urbanização, onde são permitidas densidades demográficas medias e altas. E esta dividida entre:

- ZUM I destina-se sem prejuízo da instalação de estabelecimentos de menor potencial poluidor, a localização daqueles cujos resíduos sólidos. líquidos e gasosos, ruídos, vibrações e radiações possam causar perigo a saúde, bem estar e segurança da população, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de efluentes.

- ZUM II a localização de estabelecimentos cujos processos produtivos sejam complementares as atividades do meio urbano em que se situem, e com elas se compatibilizem, independente de métodos especiais de controle de poluição, não causando inconvenientes a saúde, ao bem estar e segurança das populações vizinhas.

Essa região também esta inclusa nas áreas especiais do ACQ - Área especial do Quadrilátero Central, que abrange as áreas situadas entre as avenidas Nove de Julho, Independência, Francisco Junqueira e Jerônimo Gonçalves, que será objeto de um programa de reestruturação e renovação urbana, segundo o Plano Diretor, e a ABV – Área especial do Boulevard, composta pela área contida no polígono compreendida entre a Avenida Nove de Julho, Avenida Antônio Diederchsen, Avenida Presidente Vargas, Rua José Leal, Avenida Vereador Manir Calil, Rua Moreira de Oliveira, Avenida Caramuru, Rua Conde Afonso Celso e Avenida Santa Luzia até o ponto inicial.

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Lei Complementar ao Plano Diretor nº 501/1996, de 20 de agosto de 2006. 108


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Em relação às restrições urbanísticas, o código de obras do município determina que a taxa máxima de ocupação para edificações residenciais é de 75% e para não-residenciais é de 80%.O coeficiente de aproveitamento é de cinco vezes a área do terreno, com exceção da área especial do quadrilátero (ACQ) que é de três vezes a área do terreno.

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FIGURA 92 – MAPA DE USO E OCUPAÇÃO SO SOLO FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

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FIGURA 93 – LOCALIZAÇÃO DO QUADRILATERO CENTRAL – CALÇADÃO – QUARTEIRÃO PAULISTA FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO

Devido à extensa dimensão da área e o alto número de nomes de ruas, avenidas, bairros, setores, entre outros; essa área foi fragmentada em 4 setores, com a intenção de melhorar a compreensão do leitor durante a descrição das análises.

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FIGURA 93 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO FRAGAMENTADA FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO

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- SÓCIO- ECONÔMICO E SOCIAL Segundo os dados do IBGE, é observado que as Avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru atuam também como elemento de separação entre classes sociais. A área de estudo localiza-se no centro das intersecções dos quatro setores, como pode ser observado na figura abaixo. A população total nesses setores, segundo o IBGE, somam 64.676 habitantes, sendo que,: 27.03% encontram–se no setor Central, 32,15% no setor Sudoeste, 30,41% no setor Noroeste e 10,33% no setor Sul.

FIGURA 94 – ÁREA DE ABRANGÊNCIA DOS SETORES DO IBGE FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO

Nos setores, Central e Sul, os índices de renda chegam respectivamente a 30,40% e 41,85% de sua população com rendimentos superiores a 20 salários mínimos. Enquanto os setores Noroeste e Sudoeste, apresentam 27,20% e 23,60% com rendimentos entre 5 a 10 salários mínimos, e 22,08% e 21,65% de 3 a 5 salários mínimos. Esses índices são claramente notados na estrutura física desses setores, quando analisamos a tipologia das edificações, os materiais de revestimento, entre outros.

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Em relação aos anos de estudo, o setor, Central e Sul apresentam respectivamente, 45,08% e 54,92% com sua população de ensino superior e/ou pósgraduação, enquanto nos setores Noroeste e Sudoeste, 33,27% e 34,23% de seus moradores possuem apenas de 4 a 7 anos de estudo, que significai apenas a conclusão do ensino fundamental.

- USO E OCUPAÇÃO DO SOLO No setor central, são encontradas significativas edificações históricas da cidade, como a fábrica da Antarctica e Companhia Paulista, o Hotel Brasil (primeiro hotel da cidade) e o Mercado Municipal. E atividades essenciais tanto para a cidade, como para os moradores da região, como o Terminal Rodoviário Manoel Ache, a Unidade Básica de Saúde Central e o Centro Popular de Compras.

FIGURA 95 E 96 – IMAGEM DAfábrica DA ANTARTICA E DA COMPANHIA PAULISTA,2006. FONTE: AUTORA

FIGURA 97 E 98 – IMAGEM DO HOTEL BRASIL E DO MERCADO MUNICIPAL,2006. FONTE: AUTORA

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FIGURA 99 E 100 – IMAGEM DO TERMINAL RODOVIÁRIO E DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE,2006. FONTE: AUTORA

FIGURA 101 – IMAGEM DO CENTRO POPULAR DE COMPRAS, 2006. FONTE: AUTORA

Na avenida Jerônimo Gonçalves, o processo descrito referente ao seu crescimento e estruturação é observado até os dias atuais, com a identificação de duas partes distintas: uma, do lado central (Setor Central) e outra, no lado referente à Vila Tibério (Setor Noroeste). No setor central prevalecem as atividades de comércios e serviços inferiores, como: bares populares, pensões, hotéis de baixa categoria, venda e manutenção de motos e bicicletas. Nesta região encontram-se também os prédios do Hotel Brasil, hoje desocupado e em processo de deteriorização; o anexo da Cervejaria Antarctica, com suas chaminés, onde em uma parte do complexo funciona o Núcleo de Cinema da cidade e o restante encontra-se completamente desativado; o Mercado Municipal, inaugurado em 1958, abriga inúmeras atividades comerciais ligadas à gastronomia popular, especiarias, produtos típicos, entre outros; e o Centro Popular de compra, construído em 1994, numa tentativa de diminuir o comércio ambulante da região. Vale destacar que nesse setor prolifera a prática da prostituição, observa-se a presença de pequenos estabelecimentos, principalmente na Rua Jose Bonifácio, a primeira paralela à Avenida Jerônimo Gonçalves em direção ao centro. 115


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No setor Noroeste, predomina a área residencial, com pequenos comércios e serviços para atendimento dos próprios moradores, como exemplo: armazéns, salões de beleza, pequenos consultórios médicos e odontológicos, varejões, farmácias, entre outros. Nesta área também estão localizados o Terminal Rodoviário (15.000 m2), fundada em 1975, para os ônibus urbanos coletivos, os intermunicipais e interestaduais; a Unidade Básica de Saúde atende pacientes não só da cidade, mas de toda a região; e a Cervejaria Antarctica, que se encontra parcialmente desativada apenas com alguns equipamentos e o setor administrativo em funcionamento.

FIGURA 102 E 103 – IMAGEM DAS TIIPOLOGIAS DE EDIFICAÇÕES DO SETOR NOROESTE,2006. FONTE: AUTORA

O Setor Sudoeste é caracterizado por pequenas habitações na área oeste ao córrego Ribeirão Preto, sendo que algumas se encontram em situação precária. Foi encontrada uma pequena quantidade de comércios e serviços, que se restringem a bares e salões de beleza, atendendo apenas a população local. Notase também ferros-velhos e galpões de armazenagem dos “catadores” de lixo, que utilizam até “contaneirs” para este fim.

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FIGURA 104,105,106 E 107– IMAGEM DAS TIIPOLOGIAS DE EDIFICAÇÕES DO SETOR SUDOESTE NAS MARGESN DO CORREGO RIBEIRÃO RPETO,2006. FONTE: AUTORA

Ainda neste setor, do lado leste, margeando a Avenida Caramuru, foram observados comércios e serviços diversificados, desde pequenos estabelecimentos como também de grande porte, como uma unidade de uma rede de supermercados da região. E nas margens do Córrego Ribeirão, foram encontrados pequenas edificações residenciais, como também pequenos comércios e serviços. O setor sul é predominante residencial, com edificações de alto padrão.

FIGURA 108 E 109 – IMAGEM DAS TIIPOLOGIAS DE EDIFICAÇÕES DO SETOR SUDOESTE NA AVENIDA CARAMURU,2006. FONTE: AUTORA

- EDIFICAÇÕES No setor central, devido ao processo de formação da cidade, prevalece à presença de diversas edificações de interesse cultural, que eram antigas grandes lojas ou como mansões da elite cafeeira, e que hoje se encontram utilizadas por 117


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serviços impróprios e/ou inadequados à edificação, ou desocupadas e em processo de deterioração. Suas fachadas estão praticamente ocupadas por “banners” de propagandas, provocando uma sensação de desconforto visual para os visitantes da área, além de danificar ainda mais os edifícios. Enfim, tal situação é decorrente do fato de que a cidade não possui uma política de preservação do patrimônio cultural, e não existe um inventário destes imóveis. No entanto, com muito esforço da equipe do CONPPAC – Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural do Município, os edifícios da Rua Caramuru nº.250, localizado no setor sudoeste; do Hotel Brasil e do Mercado Municipal, localizados no setor central, foram tombados respectivamente em 1986, 1991, 1993. E encontra-se em processo de tombamento a Avenida Jerônimo Gonçalves com suas palmeiras imperiais, e todo o quadrilátero central. O Edifício da Rua Caramuru nº250, construído em 1850, de propriedade do Sr. Waldemar Leão da Costa, já falecido, e hoje herdado pela família. Segundo Cláudio Henrique Bauso, presidente da CONPAAC, tudo indica que esse edifício foi sede de uma fazenda, construída para auxiliar no escoamento da colheita de café em frente aos trilhos da Mogiana. Dentro da casa, existem afrescos pintados por um artista italiano de nome Gregório.

FIGURA 110 – IMAGEM DO CASARÃO Nº 250, 2006. FONTE: AUTORA

O edifício do Mercado Municipal foi construído depois do incêndio que destruiu o antigo mercado, e que provocou a mudança dos comerciantes para barracas provisórias e apertadas na Avenida Francisco Junqueira. Devido à proximidade do Córrego Ribeirão, que nesta época possuía um aspecto desagradável, mau cheiro e poluição, os comerciantes como também a população exigiram um novo mercado. Inaugurado em 1958, o projeto de autoria do engenheiro Jaime Zeiger, que propôs uma arquitetura modernista e estruturado 118


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em seis entradas com um grande vão que permitiu a distribuição dos boxes internos de forma independente, com uma alameda central, que divide o edifício. Nos demais setores percebem-se uma área de edificações de baixa renda, principalmente ao redor do Córrego Ribeirão, na parte não canalizada (Setor Sudoeste), e outra na Avenida Caramuru no lado referente ao Bairro Higienópolis (Setor Sul), com construções de alto nível pertencentes a classe alta, que fazem fundo à avenida com uma sucessão de altos muros no percurso.

FIGURA 111 E 112 – IMAGEM DAS TIIPOLOGIAS DE EDIFICAÇÕES DO SETOR SUL.2006. FONTE: AUTORA

119


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FIGURA 113 - ATIVIDADES PREDOMIINANTES FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

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FIGURA 114 – LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

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- GABARITO Nos setores central e noroeste prevalecem às edificações de apenas um pavimento, as demais são de até três pavimentos, sendo que o térreo é utilizado para o uso comercial/serviços e os pavimentos superiores para residencial, ou alugado como quartos de pensão. A exceção dos hotéis que possuem em torno de 10 pavimentos. No setor sudoeste nota-se a presença de alguns edifícios residenciais verticais de grande porte. E o setor sul é predominante verticalizado, com mansões de ate quatro pavimentos e grandes edifícios residenciais.

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FIGURA 115– MAPA DO GABARITO URBANO. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

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- ESPAÇOS PÚBLICOS Os espaços públicos são constituídos por avenidas, ruas, passeios e áreas verdes. Na área de estudo, as avenidas principais são a Jerônimo Gonçalves e a Caramuru, objeto de estudo desse trabalho, sendo que a primeira recebe fluxos de trafego das avenidas Francisco Junqueira (acessos aos setores norte e sul), do Café (acesso a Universidade de São Paulo-USP) e dos Bandeirantes (acesso ao setor nordeste e a rodovia em sentido a cidade de Sertãozinho); e a segunda da própria Avenida Jerônimo Gonçalves e da Avenida João Fiusa (acesso ao RibeirãoShopping). As ruas possuem um traçado ortogonal nos setores central e nororeste, e um traçado orgânico nas demais áreas. As principais vias que fazem ligação centro/bairro(Vila Tibério) são respectivamente: Duque de Caxias – Luiz da Cunha, General Osório - Martinico Prado, São Sebastião – Santos Dumont. Já entre os setores sudoeste e sul, não existente transposição. Esta ligação foi prevista no Plano de Vias de 1960, com a conexão Avenida Nove de Julho com a Avenida Caramuru (1º perimetral), mas, que devido ao declive do local, tornou-se inviável. No entanto, esse tema foi retomado no Plano de Desenvolvimento de 2001, com as rampas ascendentes e descendentes, mas também não foi desenvolvido devido à falta de recursos financeiros. Vale destacar que o fluxo de trafego de veículos é bastante intenso principalmente na Avenida Jerônimo Gonçalves, pois a mesma exerce o papel de ligação entre os vários setores da cidade, como também á presença de ônibus urbanos e rodoviários devido ao Terminal Rodoviário. Segundo o DST - Departamento de Serviços de Trânsito, nos dias úteis, durante o horário comercial, as velocidades médias é de 18 a 25 K m/h nas avenidas, e entre 7 e 12 km/h nas ruas internas. A contagem de veículos apontou um movimento de 1.800 a 3.000 veículos por hora nas vias principais, de 500 a 2.000 veículos por hora nas vias secundárias e de 450 a 600 veículos por hora nas demais vias. Esse intenso fluxo causa graves problemas na fluidez do trafego, provocando a lentidão do transito e/ou o congestionamentos nas avenidas e em determinados cruzamentos nos horários de pico. (Na avenida Jerônimo Gonçalves com a avenida Francisco Junqueira; nas transposições ente a centro e Vila Tibério: Rua Duque de Caxias, Rua General Osório,Rua São Sebastião, Rua Florêncio de Abreu; na 124


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passagem entre a Avenida Jerônimo Gonçalves e a Avenida Caramuru e na transposição entre a Avenida do Café e Rua Lafaiete, entre outros com menores intensidades). A intensidade de fluxo de veículos pesados: ônibus e caminhões, também provocam segundo o ecólogo Perci Guzzo, da Secretaria de Gestão Ambiental, o “stress” das palmeiras imperiais da Avenida Jerônimo Gonçalves. Esse diagnostico é realizado a cada dois anos, sendo o ultimo feito neste ano. Os resultados demonstram a instabilidade dessa vegetação, que devido ao tremor constante e a poluição de monóxido de carbono, diminuem o efeito de troca de nutrientes entre as raízes e o solo, deixando-as muito fracas e desprotegidas. A maioria das vias apresenta uma largura em média de sete metros de largura e estão posicionadas em um único sentido. As avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru possuem sentido duplo, com duas pistas em cada sentido, apenas a Caramuru possui uma área de estacionamento na lateral nas vias. Os passeios possuem pavimentações diversas e são em média de 2.5 metros, com exceção dos passeios nas margens do córrego Ribeirão e nas quadras da Cervejaria Antarctica, na Avenida Jerônimo Gonçalves, que possuem em media de 4 metros. A maioria dos passeios não apresentam arborização, como também a inexistência de pavimentações e sinalizações adequadas a acessibilidade de portadores de deficiência física.

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FIGURA 116 – MAPA DO SISTEMA VIÁRIO. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

As áreas verdes podem ser divididas nos canteiros que acompanham o sistema viário e as áreas de lazer e recreação como: o Parque Ecológico Maurílio Biagi, o Parque Francisco Prestes e a Praça Schmidt. 126


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O Parque Ecológico Maurílio Biagi, foi construído nos anos 80, com a “finalidade de preservar os valores ecológicos, culturais, históricos e urbanísticos da comunidade, além de se definir prioritariamente, como área verde e de lazer”25. O projeto desse parque, construído pela prefeitura, propunha uma composição harmônica da paisagem urbana com a preservação de espécies nativas da região; o plantio de árvores frutíferas para a constituição de um “habitat” natural para os pássaros; a construção de uma concha acústica e um parque de esculturas; locais de passeios, lazer e práticas esportivas; e uma área destinada ao Centro Administrativo (Câmara Municipal, Fórum e Prefeitura Municipal) da cidade. Do projeto, foram executados apenas os passeios e pistas para caminhada e corrida, uma pista de “skate”, o parque das esculturas e o edifício da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, que são muito pouco utilizados, devido a falta de manutenção do local,

como

também

a

falta

de

atratividade

que

esses

proporcionaram ao parque.

PARQUE MAURLIO BIAGI FIGURA 117 – EQUIPAMENTOS PARA ALONGAMENTO 118- PISTA DE SKATE 119 E 120 - PARQUE DAS ESCULURAS,2006. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

25

Lei nº 4.233/82, de 25 de novembro de 1982, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. 127

equipamentos


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FIGURA 121 E 122 – CORREGO LAUREANO E CÂMARA MUNICIPAL NO PARQUE MAURLIO BIAGI.,2006. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

O Parque Francisco Prestes está localizado ao redor da Unidade Básica de Saúde, e foi chamado erroneamente de parque, já que devido suas dimensões e equipamentos deve ser considerado uma praça. Sua área total é de 12.485,25 m2.

FIGURA 123 E 124 – PARQUE FRANCISCO PRESTES,, 2006. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

A Praça Schmidt, foi construída em 1902, com a transformação do local em “um soberbo gramado e esplêndidos passeios de mosaicos de cor, instalações artísticas balustradas de cimento e esbeltos suportes de ferro que sustentam belos globos de luz elétrica”. (CALIL, 2001). Em 1925 foi construída uma pequena edificação com instalações sanitárias e uma bomba para irrigação, e em 1927 foi inaugurada o busto de Francisco Schmidt. A praça sofreu uma grande reforma em 1929, com a instalação de novos canteiros, bancos e um chafariz de água potável.

128


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP FIGURA 125 E 126 – PRAÇA SCHMIDT,2006. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

Nos espaços públicos, ainda, é importante salientar a precariedade do mobiliário urbano existente como: bancos, lixeiras, cabines telefônicas, ponto de ônibus, placas de sinalizações, entre outros.

129


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FIGURA 127 – MAPA DAS ÁREAS VERDES – CORREGOS - TOPOGRAFIA..

FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA.

- INFRA-ESTUTURA

130


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Em relação à infra-estrutura urbana, segundo a DAERP (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) e os dados do IBGE, a região é dotada de uma rede de distribuição de água completa, estando em estado regular, já que a maioria é de ferro fundido. Entretanto, há ainda, uma pequena parte da rede em ferro galvanizado, a mais antiga, cujas condições são inadequadas. A rede de esgoto também é completa na região e foi executada em cimento. Esse material sofre a ação dos gases produzidos, e, portanto necessita de uma manutenção, assim, como o aumento da rede, que esta em vias de saturação. Os interceptores de esgoto localizam-se ao longo das avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru e alguns deles apresentam problemas que culminam com o lançamento de esgoto direto nos córregos. Essa situação foi amenizada com a construção de uma estação, mas não foi suficiente. Portanto, está sendo estudada a substituição de todos os tecidos problemáticos e a ampliação da rede, além da construção de mais uma estação. Segundo a DAERP, tanto a rede de esgoto como a rede de água não possuem previsão de substituição devido à falta de recursos financeiros e de outras prioridades emergenciais na cidade. A rede de micro-drenagem na região é composta por galerias convencionais e “tubogs”. Os “tubogs” possuem grande capacidade de absorção bem mais eficiente que as bocas de lobo comuns. No entanto, este equipamento apresenta alguns problemas em relação à dimensão da grelha de escoamento, que possuem o tamanho exato de latinhas de refrigerante e cerveja, causando sucessivos entupimentos. Outro fator que prejudica o uso desse equipamento é a falta de informação da população em relação ao seu funcionamento, pois é bastante comum observar moradores fechando as aberturas do equipamento em frente suas casas, por pensar que são falhas no asfalto. A área possui também uma rede completa de distribuição de energia, e é composta

por

um

sistema

radial

que

permite

a

interligação

de

varias

subestações.Uma dessas subestações encontra-se localizada na avenida Jerônimo Gonçalves, opera em condições normais em níveis adequados de abastecimento. Quanto a coleta de lixo, segundo o IBGE, são realizados diariamente direto nas edificações, com um pequeno número coletados em caçambas. A região também possui um sistema de telefonia, cabeamento de Internet e TV a cabo, segundo a empresa responsável, a Telefônica. 131


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3.2.2 - RELACIONAL A área de estudo não possui uma relação entre seus espaços funcionais. Apesar de apresentar diversas atividades, elas atuam isoladamente, chegando a prejudicar o desempenho delas próprias. Essa situação pode ser observada na presença do parque, que não apresenta nenhuma continuidade e relação com o entorno; o Mercado Municipal e o Centro Popular de Compras, que atuam como concorrentes, devido as atividades de alimentação de ambas; o Terminal Rodoviário, que é uma fonte de ruídos, ao lado de uma Unidade de Saúde, entre outros. A relação de complementaridade entre atividades existe somente em dois casos: entre os hotéis/pensões e o Terminal Rodoviário, já que o número de atividades hoteleiras é bastante elevado na região, devido à demanda de usuários que é proporcionado pela proximidade do Terminal. Nota-se também a precariedade das instalações dos hotéis na aenida Jerônimo Gonçalves, com infraestrutura inadequada e instalada em antigos casarões caracterizados como de categorias inferiores, no entanto, os hotéis localizados no bairro setor Noroeste pertencem a uma categoria melhor, de três a cinco estrelas, por serem construções mais recentes. E a relação entre a rua José Bonifácio, onde prevalece a venda de motos e bicicletas e a avenida Jerônimo Gonçalves,

voltada para oficinas de

manutenção de motos e bicicletas e venda de acessórios. O maior período de movimento de circulação de trânsito e de pessoas, ocorre somente no horário comercial (8:00 hs as 18:00 hs), devido a existência do “calçadão”, no centro da cidade, juntamente com a localização do Mercadão e do Centro Popular de Compras. Essa situação modifica-se aos sábados, com o aumento de fluxos durante toda a manhã, e aos domingo e feriados, essa área fica praticamente abandonada, com um movimento extremamente baixo. Com exceção do Terminal Rodoviário, a Unidade Básica de Saúde e das casas de prostituição.

-DIRETRIZES DA ANÁLISE FUNCIONAL A área analisada comporta-se como vários micro-universo, segregando os espaços e deixando distinta a falta de relação entre as atividades instaladas, além do comportamento de uma barreira tanto sociais, como econômicas, que as avenidas assumiram durante os anos de formação do local. 132


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Foi observada a necessidade de um remanejamento das atividades existentes, uma reformulação na malha de tráfego e um acompanhamento do desenvolvimento habitacional da área, além de uma requalificação e melhora ambiental do espaço que margeia o córrego Ribeirão Preto, assim como todas as edificações que participam de alguma forma desta estrutura reestruturadas a fim de atender a uma postura de desenvolvimento urbano e de apoio à população residente nas proximidades. O remanejamento das atividades deve-se a falta de atratividade nesse local e, portanto é sugerida a instalação de centros culturais, centros comunitários, áreas de lazer e recreação adequados e empreendimento maiores, tanto com a construção

de

novas

edificações, como

o

reaproveitamento

através

da

restauração dos edifícios históricos. Essas medidas possuem o objetivo de provocar a variabilidade no local e a necessidade de permanência nessa área. Quanto a malha urbana, nota-se a necessidade de uma reordenação tanto de tecido como dos fluxos, com a criação de uma identidade local e a eliminação de áreas em desuso. Nota-se a necessidade de uma reestruturação nos cruzamentos existentes e a inserção de novas transposições entre os setores, na tentativa de criar um acesso mais rápido e facilitado entre elas, assim como a descentralização do fluxo de veículos. Outra medida importante seria a mudança de rota para os veículos pesados e ônibus urbanos, principalmente na avenida Jerônimo Gonçalves, para amenizar o impacto desses automóveis nas edificações, nas palmeiras imperiais e no canal do córrego. Outra medida importante, é a remodelação do mobiliário urbano, com a substituição por modelos em formas leves e transferíveis, como uma maneira de complementar o conjunto das vias para comodidade e conforto da população. Tais como: elementos de informação, caixas postais, suportes de bicicleta, abrigos em paradas de ônibus, brinquedos de parque infantis, bancos de praça, postes de iluminação pública. Outra preocupação seria adequar e criar o acesso facilitado nesses equipamentos para os deficientes físicos. Em relação a requalificação ambiental, tanto o parque como as praças devem ser reestruturados com o uso adequado, a construção de novos equipamentos, assim como a introdução de um paisagismo mais atrativo e denso, tanto nessas áreas como nas avenidas, formando um gradiente verde de

133


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vegetação, e eliminando o isolamento e desconectividade desses espaços com o entorno. É importante também criar uma conscientização na população local sobre a importância da recuperação de áreas de fundo de vale, como também sobre o patrimônio histórico. Tal movimento pode ser introduzido através de oficinas, palestras, programas educacionais, esportivos e artísticos, que integrem a população num conceito de preservação ambiental e qualidade de vida, que inclui maior solidariedade entre os membros da comunidade. A idéia é criar uma grande campanha de divulgação das implicações econômicas e sociais dos diferentes projetos possíveis de serem implantados nesta área, com o objetivo de despertar o interesse dos habitantes, além de ajudar a fortalecer os laços sociais e comunitários em relação aos moradores, com a tentativa de amenização da segregação entre classes sociais.

3.2 - TOPOCEPTIVOS Esta análise identifica a capacidade de apreensão do espaço urbano, pelo usuário, ou seja, as condições para informar as pessoas onde elas estão, e como podem deslocar-se de um lugar para outro, sem auxílio de outros elementos, como placas de sinalização ou leitura de mapas. Segundo o proposto por Kohlsdorf (1996), a observação dos efeitos topoceptivos deve ser considerada em três níveis: percepção, formação da imagem mental e representação geométrica secundária, e para que a orientação dos indivíduos se processe com facilidade, o nível de informação oferecido pela forma dos lugares não deve ser excessivo e nem escasso. As duas primeiras são informações obtidas sensorialmente e a ultima através de informações pertencentes a códigos fechados e restritos a grupos de especialistas (arquitetos e urbanistas). Neste trabalho serão realizados apenas os dois primeiros níveis: percepção e imagem mental.

3.2.1- PERCEPÇÃO Nesse nível, as informações serão captadas pelo movimento em um percurso e registradas sequencialmente. Serão destacadas apenas as cenas quando possuem um nível de estimulo e informações suficientes para serem registradas. Nos 134


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

locais onde há registro perceptivo incidentes nas estações das mesmas e percebem-se os campos visuais percebidos (lateral esquerdo – frontal ou central – lateral direito). Nos campos visuais, são registrados os efeitos visuais existentes, que podem ser topológicos (captados pelo corpo) ou perspectivos (captados pela visão), como também a intensidade com que contribuem para a caracterização dos lugares como espaços percebidos. Segundo Kohlsdorf, os principais efeitos topológicos são: alargamento e estreitamento, envolvimento e amplidão, alargamento lateral e estreitamento lateral,

preparação

para

alargamento,

preparação

para

estreitamento,

preparação para envolvimento, preparação para amplidão, preparação para alargamento

lateral

e

preparação

para

estreitamento

lateral.

Os

efeitos

perspectivos mais relevantes são: direcionamento, visual fechada, impedimento, emolduramento, mirante, conexão, realce e efeito em Y. As informações são registradas em uma pauta, denominada pauta seqüencial. A pauta seqüencial é a representação gráfica do espaço percebido em movimento, que sintetiza os eventos gerais, campos visuais e efeitos visuais. Dessa maneira, pode-se perceber por meio das incidências das estações, intervalos, campos visuais, efeitos topológicos e perspectivos, em certa pauta, o ritmo de informação visual gerado pela configuração de determinado espaço durante o deslocamento nele. (Kohlsorf, 1996).

O percurso utilizado para esta análise teve seu trajeto definido por meio da seleção dos principais locais de concentração e/ou escassez de movimentos tanto de pessoas como de veículos. O trajeto foi percorrido a pé, totalizando uma hora e quarenta minutos de percurso foram registrados os eventos gerais (as estações), os campos visuais e os efeitos visuais captados, registrados através de uma câmara fotográfica, que compõem a pauta seqüencial. (EM ANEXO).

135


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

136


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

FIGURA 128 – MAPA COM A LOCAÇÃO DAS ESTAÇÕES. FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA

137


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Os resultados obtidos foram sintetizados nas tabelas a seguir:

TOTAL DE EFEITOS VISUAIS NAS ESTAÇÕES

TOTAL DE ESTAÇÕES 65

1 EFEITO

2 EFEITOS

3 EFEITOS

4 EFEITOS

5 EFEITOS

VISUAL

VISUAIS

VISUAIS

VISUAIS

VISUAIS

33

19

09

03

01

TOTAL DE CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

38

44

34

RESULTADOS DOS EFEITOS VISUAIS

EFEITOS PERSPECTIVOS

EFEITOS TOPOLOGICOS

TIPOS

EFEITOS

MUITO

TOTAL

FORTE

FORTE

MÉDIO

FRACO

ALARGAMENTO

18

-

12

05

01

ESTREITAMENTO

09

02

02

04

-

ENVOLVIMENTO

-

-

-

-

-

AMPLIDÃO

07

04

02

-

01

03

-

-

01

02

07

-

03

03

01

SUBTOTAL

44

06

19

13

05

DIRECIONAMENTO

12

04

06

02

-

VISUAL FECHADA

4

01

02

-

01

IMPEDIMENTO

4

01

02

01

-

EMOLDURAMENTO

2

01

-

-

01

MIRANTE

1

-

-

-

01

CONEXÃO

32

01

02

26

03

REALCE

10

06

04

-

-

EFEITO EM Y

9

01

05

01

02

SUBTOTAL

74

15

21

30

8

118

21

40

43

13

ALARGAMENTO LATERAL ESTREITAMENTO LATERAL

TOTAL

138


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- EVENTOS GERAIS Foram demarcadas 65 estações. A estação com maior efeito visual foi a número 9, final da avenida Jerônimo Gonçalves no sentido norte-sul, no crruzamento com a Rua Florência de Abreu, com 5 efeitos. Em seguida, as estações 36 e 37, com 4 efeitos visuais, localizados na transposição entre a avenida Caramuru e o bairro Vila Guanabara (Setor Sudoeste), no cruzamento da Rua Primo Tronco com o córrego Ribeirão Preto. No, entanto, predomina a incidência de 1 efeito visual por estação. As estações na avenida Jerônimo Gonçalves encontram uniformemente distribuídas, destacando-se o efeito de realce, com intensidade forte. No restante do percurso essa configuração modifica-se, as estações encontram dispersas, com distâncias e intensidades variadas. Apenas na avenida Caramuru, elas voltam a ganhar um ritmo aparentemente uniforme, mas seus efeitos são de médio á fracos, não passando de uma sucessão de alargamentos, estreitamentos e conexões, com exceção do direcionamento que é forte e significativo no local. A uniformidade volta aparecer na Rua Augusto Severo, atrás do Terminal Rodoviário e no final dela, próximo afábrica da Antarctica, mas com a mesma sucessão de efeitos da Avenida Caramuru.

- CAMPOS VISUAIS Nas estações predominou o campo visual frontal. O lateral esquerdo e o lateral direito praticamente entraram em equilíbrio, apresentando uma pequena diferença entre eles. Foram registradas 7 estações com efeitos visuais nos três campos, 15 com efeitos apenas no campo visual frontal, 14 apenas na lateral esquerdo e 11 apenas na lateral direito. O trecho de maior incidência de efeitos no campo lateral esquerdo, localiza-se no inicio da avenida Caramuru e na via que margeia o córrego Ribeirão Preto, no setor Sudoeste, no bairro Vila Guanabara. Já no lateral esquerdo, predominou o trecho na metade do percurso da Avenida Caramuru, mas com efeitos visuais fracos, uma sucessão de alargamentos e estreitamentos laterais.

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No campo visual frontal, o predomínio de efeitos, ocorreu no trecho de ligação entre a avenida do Café e a avenida Jerônimo Gonçalves, na Rua Augusto Severo, com efeitos de estreitamentos e direcionamentos que conduziram à parte posterior do Terminal Rodoviário.

- EFEITOS VISUAIS Foram registrados um total de 118 efeitos, predominando os efeitos do tipo perspectivo, com 62,17% dos efeitos. Nesses as conexões obtiveram o maior percentual, seguido pelo direcionamento. Isso revela as características de formação regular do tecido urbano, já que os efeitos de conexões estão associadas muitas vezes aos cruzamentos entre vias, quando ocorre a descontinuidade das paredes laterais; e orgânico, pois o direcionamento é definido pela continuidade longitudional do espaço por sua estrutura alongada. Isso é comprovado quando verificamos a localização desses efeitos no mapa urbano. Também foi analisada a intensidade com que os efeitos apareceram e, neste caso, eles ficaram entre os níveis fortes e médios. Destaque-se o efeito de realce, devido ao grande número de edificações de caráter histórico, que se destaca devido a dimensão e diferenciação estética deste em relação aos demais edifícios da área; e a presença de usos e atividades especificas para a cidade, com edificações que realçam tanto pela dimensão, como pelo movimento gerado. São os casos do Terminal Rodoviário, o Mercado Municipal, Hotel Brasil, entre outros. Já nos efeitos topológicos, os efeitos de alargamento e estreitamento foram os mais significativos, demonstrando um alto índice de saliências horizontais na massa edificada. Vale destacar a presença de um número relativamente alto em amplidões na área de transição entre a Avenida Jerônimo Gonçalves e a Avenida Caramuru. Nessa estruturação predominou a intensidade forte, já que os limites laterais deslocam-se de maneira intensa.

DIRETRIZES DA PERCEPÇÃO A pauta seqüencial necessita ser equilibrada, já que foi observado um número elevado de estações na Avenida Jerônimo Gonçalves, com intensidades fortes e ritmadas, enquanto na Avenida Caramuru, apesar do número elevado de 140


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estações, os efeitos restringem-se a médios e fracos, predominando os efeitos topológicos, significando a falta de atratividade nesse local, pois não são encontrados efeitos que despertassem a atenção tanto dos moradores, como os visitantes. Nota-se a ausência do efeito de envolvimento, como também a de mirante com intensidade mais significativa. É indicada também a criação de elementos que controlem as amplidões, para que não proporcionem a sensação de abandono na área. O resultado da análise, é que o percurso realizado demonstra um mistura de efeitos topológicos e perspectivos negativos, já que não apresentam uma hierarquia, com efeitos visuais e intensidades bem definidas, contribuindo para uma monotonia urbana e descaracterização do espaço, com exceção do trecho da Avenida Jerônimo Gonçalves. O ideal seria a criação de novos elementos anexados aqueles que já estruturam a forma urbana do local, e conseqüente fortalecimento do toda a área perante a cidade.

3.2.2 - IMAGEM MENTAL Esse nível de análise é baseado no mapa mental de Lynch (1970), cujos cinco elementos são, por hipótese, constantes em todo e qualquer espaço urbano existente e, portanto, pontos de estruturação da imagem de qualquer lugar. Os elementos de análise propostos são: caminhos, bairros, limites, pontos focais e marcos visuais. A análise da imagem mental é a evocação do espaço percebido, quando o individuo não está mais em sua presença, ou seja, a imagem do lugar que fica registrada na sua mente. Essa técnica, proposta por Lynch (2000), organiza os lugares mentalmente representados por intermédio de cinco elementos que, por hipótese, são constantes em todo e qualquer espaço urbano existente. Esses elementos são: os caminhos são os vários trajetos experimentados ou potenciais, que o observador registra na imagem da área em estudo; os bairros são as porções da área de diversas dimensões, concebidas como zonas temáticas na estrutura da imagem; os limites são os próprios limites da área ou as bordas, e se caracteriza como elemento linear, constituindo-se em rupturas entre duas partes (bairros) do espaço urbano, ou realizam as fronteiras deste último com o entorno; os pontos focais são focos ou nos, determinados como pontos estratégicos da área, e 141


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constituem-se em focos intensivos de movimento e concentração (pontos de encontro) de pessoas; e a os marcos visuais, que são pontos de referência na área de estudo.

ANÁLISE NA ÁREA DE ESTUDO

FIGURA 129 – MAPA DA ANÁLISE DA IMAGEM MENTAL. FONTE: AUTORA.

- CAMINHOS – A análise confirma o caráter das vias Jerônimo Gonçalves e Avenida Caramuru como caminhos de forte intensidade. Essas vias exercem um papel de elementos estruturadores na malha viária apresentado-se também como 142


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integradoras ao restante da cidade. São importantes ainda as ruas Duque de Caxias, General Osório e São Sebastião que fazem a transposição entre o Centro e a Vila Tibério; a Rua Augusto Severo e a Alameda Botafogo que fazem a ligação do setor oeste a Avenida Jerônimo Gonçalves; as ruas Guatapará e Lafaiete que realizam em conjunto a transposição entre o centro e o setor oeste e a Rua Primo Tronco, que liga a Avenida Caramuru ao Bairro Vila Guanabara. - BAIRROS - As porções apontadas apresentam-se com forte intensidade, em conjuntos morfológicos com suficiente clareza e coerência, de modo à distinguirem-se umas das outras. Foram encontradas nove porções de diversas dimensões e formas, determinados em função da heterogeneidade de seus usos, tipologias e aspectos sociais e concebidas como zonas temáticas na estrutura da paisagem urbana da área em estudo. Os bairros 1 e 2 possuem características muito semelhantes em relação ao uso, entretanto distinguem-se pela tipologia de suas edificações e classes sociais, já que o primeiro pertence a uma classe baixa, com edificações precárias, enquanto o bairro 2 pertence a uma classe media-media e media-baixa e suas edificações se diferenciam da anterior pela dimensão (maiores) e pela qualidade dos materiais utilizados. O bairro 3 é composto pelo Parque Maurílio Biagi e a Câmara Municipal, e representa uma "ilha" isolada no meio do tecido urbano, sem qualquer continuidade com seu entorno, e o bairro 4 uma pequena "ilha" mais isolada do a anterior, já que nota-se com clareza a desconectividade deste espaços com as demais áreas da região. O bairro 5 apresenta uma composição de marcos visuais e pontos focais, que apesar de não interagirem entre si, com espaços bem contrastantes, provocam uma sensação de continuidade entre eles. O bairro 6 é composto pelas fábricas da Cervejaria Antártica, devido as suas grandes dimensões, com suas atividades voltadas para dentro e os grandes "paredões" de divisa com a Avenida Jerônimo Gonçalves, dão a percepção que são uma cidade dentro de outra, formando seu próprio mundos, isolada do restante da área. Os bairros 7, 8 e 9 possuem características diferenciadas seja pelo uso, atividade e camadas sociais, entretanto não possuem um limite bem definido, apenas com costuras bem suavizadas, chegando a justaposição entre eles. -- LIMITES – Observou-se que diversos caminhos da localidade apresentaram 143


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também importantes elementos de ruptura entre as partes do espaço, contribuindo para a definição dos limites. As barreiras possuem uma clara demarcação no desenho urbano seja pelo aspecto geográfico ou pelo físico, são elas as avenidas Jerônimo Gonçalves e a Caramuru. As costuras encontram-se na parte oeste da área de estudo, que apesar de ter características físicas semelhantes, se diferenciam pelo uso e atividades que predominam, além de serem segregadas por classes sociais distintas. Em relação à clareza das articulações, as barreiras são realçadas, enquanto as costuras

são

suavizadas,

no entanto esse

último fato não

interfere

no

reconhecimento dos mesmos. Nota-se que limites considerados internos na área em estudo possuem uma maior hierarquia em relação aos externos. - PONTOS FOCAIS - Como pontos focais, destacam-se: a Rodoviária, por gerar a concentração de pessoas e atrair a passagem das mesmas; as Praças e os Parques, como pontos de encontro e passagem; e o Mercado Municipal, o Centro Popular de Compras e a Câmara Municipal, como espaços de movimentação e geração de presença. Todos os pontos focais mencionados acima possuem uma forte intensidade, com um caráter global, já que reúnem pessoas de diversas regiões e representam pontos estratégicos para toda a cidade. Existem também uma passarela e uma alameda em frente à Rodoviária, que funcionam como ligação entre o Terminal e o Centro da cidade, no entanto possuem uma intensidade fraca, já que são utilizadas apenas para a passagem de pessoas. - MARCOS VISUAIS - Constatou-se que os marcos são de forte intensidade e estão relacionados a características funcionais, destacando-se na paisagem urbana. Possuem elementos que predominam por suas características individuais e contrastantes. A Avenida Jerônimo Gonçalves é destaque como o mais forte marco referencial da área, devido sua configuração espacial, juntamente com o desenho das palmeiras imperiais. Ainda destacam-se: as fábricas da Cervejaria Antarctica e o Hotel Brasil pelo caráter histórico; a Unidade Básica de Saúde, o Terminal Rodoviário, o Centro Popular de Compras e o Mercado Municipal, pelo uso e 144


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atividade oferecidos. Já na Avenida Caramuru destaca-se o Casarão n° 250 pelo caráter histórico e o supermercado Gimenes pela atividade.

DIRETRIZES DA IMAGEM MENTAL -

Transformação das avenidas em um bairro, com fortalecimento dos pontos focais já existentes e a criação de alguns marcos visuais na avenida Caramuru, para que a mesma não sirva apenas de costura entre os bairros. Estabelecer a potencialização da identidade e hierarquia da Avenida Jerônimo Gonçalves, estabelecendo uma continuidade entre a mesma e a Avenida Caramuru, com a substituição da barreira entre elas, por um tecido que proporcione uma unidade morfológica; - Criação de caminhos, principalmente transversais, para que o acesso entre as avenidas e os bairros opostos se torne fácil e cotidiano; - Fortalecimento dos pontos focais (praças, parque, Mercado Municipal, Centro Popular de Compras, Terminal Rodoviário, posto de saúde...), através de uma reestruturação , buscando melhorias e adequação ao local. Como também a criação de mais pontos focais, com a reutilização de edifícios e abandonados, como o do Hotel Brasil e a fábrica da Antarctica.

-

Remodelação nas margens do córrego Ribeirão Preto, no setor Sudoeste, proporcionando a esse espaço uma identidade e qualidade de espaço, com a criação de ponto focais e marcos visuais - Reformular a divisão entre os bairros e reforçar suas características, para que haja identidade e reconhecimento, através da costura entre eles.

145


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FIGURA 130– PROPOSTA DE IMAGEM MENTAL. FONTE: AUTORA.

3.3 - ANÁLISE BIOCLIMÁTICA Esse nível de análise, busca correlacionar as expectativas de conforto físico às características climáticas do meio em que se encontram os indivíduos. A configuração dos lugares pode acentuar, potencializar, consolidar, amainar ou minorar sensações de conforto, tanto fisiológico quanto mental. Aborda as características da forma urbana condicionante do clima urbano, resultantes da relação estabelecidas entre a morfologia da massa edificada e a morfologia dos espaços exteriores de permanência e circulação e entre os elementos morfológicos da forma urbana e a atmosfera urbana. Parte-se do princípio que a forma urbana pode atuar, fraca ou intensamente, na configuração do clima urbano através de maior ou menor influência no desempenho de um ou mais elementos climáticos.

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Segundo Oliveira (1985), essa dimensão deve ser analisada pelas seguintes categorias: conformação espacial (características do relevo e da massa edificada); rugosidade (saliências e reentrâncias da forma urbana); porosidade (maior ou menor permeabilidade às manifestações que ocorrem na atmosfera: ventos e ruídos); densidade da construção (relação entre a massa edificada e a área total considerada); tamanho (dimensões horizontais e verticais da forma urbana); usos e ocupação do solo (concentração/dispersão, centralização/descentralização de atividades); orientação (posição da malha em relação ao sol, às correntes de ar, os elementos naturais ou artificiais, às fontes poluidoras e aos ruídos); permeabilidade do solo (infiltração das águas pluviais); propriedades físicas dos materiais constituintes (sua relação com a transmissão de calor ou de poluentes); vegetação (disposição, porte, tipo, porosidade/fechamento e plasticidade/flexibilidade). Os atributos da forma urbana são analisados em relação às expectativas de conforto térmico, acústico, luminoso e qualidade do ar para o tipo de clima da área em estudo.

CARACTERISTICAS GERAIS DA CIDADE RIBEIRÃO PRETO A região de Ribeirão Preto caracteriza-se como clima tropical úmido, bem demarcado sazonalmente por uma estação de verão quente e chuvosa (temperatura superior a 23ºC e mais de 250 mm de chuva no mês mais quente) e uma estação inverna seca e amena (temperatura media nunca inferior a 18ºC e precipitação menor que 30 mm no mês mais seco). Sabe-se que Ribeirão Preto é uma das cidades mais quentes do estado de São Paulo, e, portanto no verão é muito constante a temperatura aproximar-se de 40ºC. O índice pluviométrico anual apresenta uma amplitude de 1100 a 1600 mm. A média da umidade relativa é de 76,4%. Segundo Guzzo (1999), a região norte do Estado de São Paulo é considerada de transição entre os domínios das massas de ar tropical, polar e equatorial. Essa situação decorre na ocorrência de um período seco definido, coincidente com o outono-inverno (abril-setembro) e um período chuvoso primavera-verão (outubro a março). A participação dominante nessa região é de massa tropical atlântica (normalmente superior a 50% em qualquer estação do ano), seguida da participação das massas polar atlântica, polar atlântica velha, tropical continental e equatorial. A maior parte das chuvas é atribuída à frente polar, que assume 147


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liderança em todas as estações do ano. De acordo com dados fornecidos pela Fazenda Experimental do Instituto Agronômico de Campinas, localizado na cidade de Ribeirão Preto, os ventos predominantes na cidade deslocam-se no sentido SENW, em intensidades que variam de 1,2m/s, observadas no mês de março e a 2,3 m/s no mês de setembro, resultando em uma media anual de 1,7 m/s26. Ainda segundo o autor, a área urbana situa-se numa depressão, uma espécie de “bacia”, com altitudes variando de 500 a 600 metros, apresentando pequenas ondulações naturais, e essa condição física proporciona a instalação de “ilhas de calor”, aumentando ainda mais a temperatura na área. A altitude máxima encontrada na área urbana é de 650 metros, localizada no Campus da Universidade de São Paulo, no setor oeste. Já a cota máxima do município é 805 metros, na divisa com o município de Cravinhos, próximo a Rodovia Anhanguera e a cota mínima de 490 metros, localizada na divisa do município de Sertãozinho, próximo ao Rio Pardo.

FIGURA 131 – PERFIL DA ILHA DE CALOR NAR ÁREAS CENTRAIS URBANAS FONTE: Coelba (2002)

FORMA URBANA DA ÁREA EM ESTUDO A conformação espacial da área em estudo é caracterizada por uma topografia em forma côncava, localizada em uma região determinada de fundo

26

Esses dados foram coletados entre anos os 1961 a 1990.

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de vale. Essa região sofreu uma forte degradação ambiental com o crescimento urbano acelerado e desordenado, desrespeitando o meio ambiente natural e devastando ao longo de seu trajeto. Esse processo de crescimento urbano provou uma alta de taxa de urbanização, com uma massa edificada muito densa, ocasionada devido a falta de restrições urbanísticas na sua época de formação, apresentando a maioria das edificações com pequenos ou nenhum espaçamento como: afastamentos mínimos laterais, frontais e no fundo, como também uma taxa máxima de ocupação do solo. Portanto, essa situação provocou uma menor porosidade entre as edificações às manifestações que ocorrem na atmosfera (ventos, ruídos), restringindo os canais de circulação as próprias ruas e avenidas. A rugosidade é apresentada com pequenas saliências e muito poucas reentrâncias, devido a proximidade das edificações e a homogeneização das alturas das edificações no entorno imediato das Avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru, já que maioria dos edifícios possui uma altura relativamente baixa (em torno de 1 a 3 pavimentos, com exceção de poucos edifícios). No entanto essa configuração modifica-se para grandes saliências e o aumento de reentrâncias na medida em que se transpõe na direção leste, já que essa região é ocupada por edifícios de grande porte devido ao processo, já citado neste trabalho, de verticalização sofrido pela cidade nas décadas de 60.

FIGURA 132 – IMAGEM DA VERTICALIZAÇÃO DO CENTRO – EM TRACEJADO A ÁREA DE ESTUDO.. FONTE: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br – ORGANIZADO PELA AUTORA

A homogeneização também caracteriza o tamanho da área de estudo em uma grande massa horizontal, e quando se aproxima na direção leste em uma grande massa vertical. A área em estudo localiza-se em uma zona de uso e o ocupação misto, sendo a região oeste desta área determinada como zona de uso misto, ZUM I e a 149


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região central, ZUM II, e a descrição destes já foi mencionado na análise funcional, sendo acrescentado a descrição dos graus de risco ambiental dessas zonas. A ZUM I possui grau 1,5 e a ZUM II, grau 1,00, e são classificadas como atividades de risco leve, com nocividade de grau baixo, em razão dos efluentes hídricos e atmosféricos, e incomodidade de grau médio, apresentando movimentação tolerável de pessoal e trafego, bem como níveis toleráveis de efluentes e/ou ruídos. A orientação malha urbana na região leste da área em estudo encontra-se na mesma direção do vento predominante NW-SE da cidade. Essa situação permite a penetração da ventilação em canais de circulação. O sol movimenta-se no sentido centro - Higienópolis para Vila Tibério- Vila Virginia, e, porisso as avenidas recebem a insolação critica do meio-dia. A permeabilidade do solo é critica na área de estudo. A região central, segundo Perci (1999) possui uma área de 2.118.568,96 m², sendo que desta área 7.51% pertencem às manchas de vegetação e 0.83% são de áreas não impermeabilizadas. Apenas nas áreas de várzea, a impermeabilização do solo chega a 16.000 m² na região central, já nas outras regiões não foram encontrados dados relativos a essa categoria de análise. Somente a presença do Parque Maurílio Biagi e das praças já citadas nesse trabalho amenizam o índice de impermeabilização do solo. Esses espaços são responsáveis também pela vegetação local, já que a arborização urbana é precária, assim como a encontrada dentro dos lotes, restringindo apenas a uma vegetação rasteira em alguns passeios e canteiros centrais e isoladas ou agrupadas que acompanham o sistema viário, como as árvores da espécie sibipirunas na Avenida Caramuru e as palmeiras imperiais na Avenida Jerônimo Gonçalves. Os materiais constituintes nesta área são de diversos tipos: a pavimentação de ruas e avenidas é de asfalto, na cor grafite; nos passeios, foi encontrado o uso de cimentados, pedras portuguesas, macaquinho, cerâmica, em diversas cores; as edificações são de alvenaria, blocos de concreto, pré-moldado, entre outros em diversas cores; nas coberturas, as telhas cerâmicas nas edificações antigas, fibrocimento em edificações mais simples e metálicas nas grandes edificações como galpões, supermercados, entre outros, nas cores cinza e terra.

3.3.1-CONFORTO HIGROTÉRMICO 150


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O conforto higrotérmico encontra-se associado às variações de temperatura no clima urbano devido à modificação substancial na paisagem natural, a grande concentração

de

áreas

construídas,

o

adensamento

populacional,

a

pavimentação asfáltica, entre outros. Na área de estudo, principalmente nas áreas de fundo de vale, a modificação da paisagem natural, através da devastação do meio ambiente, a impermeabilização do solo e a canalização/retificação dos córregos, provocaram inúmeras modificações no micro-clima urbano, assim como alterações no ciclo ecológico existente no local. Segundo Vital (2003), os cursos d’ água dessas regiões “abrangem um extenso e completo sistema de inter-relações com o meio em que se inserem”, já que funcionam como um dreno natural, pois uma parte da água das chuvas escoa imediatamente para essas regiões e por elas atinge os rios e posteriormente os mares e uma outra parte infiltra-se no solo e por percolação ou por drenagem, alcançam o mesmo destino. Além disso, as “matas galerias ao longo desses rios são extremamente importantes na manutenção da heterogeneidade espacial e no fluxo de matéria orgânica para estes sistemas”, pois possuem a função de evitar a contaminação do ecossistema aquático, manter a integridade das margens dos rios e contribuir para a manutenção da temperatura da água. (Tundisi, Tundisi, Rocha apud Vital,2003).

FIGURA 133 E 134 – IMAGEM DAS MARGENS DO CORREGO RIBEIRÃO PRETO (LOCAL SEM CANALIZAÇÃO). FONTE: AUTORA.

De acordo com o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, as matas ciliares na cidade de Ribeirão Preto têm apenas 3.89% da sua área coberta com remanescente de vegetação natural, sendo assim, 96.11% já foram desmatadas e são praticamente inexistentes na região central (área de estudo), nos córregos Ribeirão Preto e Retiro Saudoso. 151


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Nota-se também a ocupação desses vales por meio da invasão e da instalação de moradias precárias por excluídos sociais, que não possuem alternativas a não ser ocupar essas faixas de terras publicas urbanas, sujeitando-se a riscos precários de habitação, como acontece em algumas áreas do setor Sudoeste.

FIGURAS 135 E 136 – IMAGEM DAS MARGENS DO CORREGO RIBEIRÃO PRETO (LOCAL SEM CANALIZAÇÃO) – HABITAÇÕES CLANDESTINAS. FONTE: AUTORA.

A modificação desse complexo sistema através da impermeabilização do solo e a retirada da vegetação natural altera essas condições naturais de infiltração, ocasionando inundações, já que a diminuição do atrito da água com o solo provoca aumento de velocidade do escoamento, provocando picos de vazões e o surgimento de erosões devido ao impacto das precipitações em locais sem cobertura vegetal, ocasionando grandes prejuízos à população local e da nos estruturais à região. (Gonçalves, s/d). Toda essa situação agravou-se ainda mais com a canalização dos córregos e a utilização destes como coletores de esgotos a céu aberto, complementada pela construção das vias marginais em faixas que deveriam ser áreas de preservação ambiental.

FIGURA 137 E 138 – IMAGEM DAS MARGENS DO CORREGO RIBEIRÃO PRETO (COM CANALIZAÇÃO). FONTE: AUTORA.

152


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Outra modificação no meio urbano importante foi o aumento de temperatura devido à alta taxa de urbanização juntamente com a presença elevada de veículos particulares e coletivos, além da grande absorção e reflexão de calor ocasionada pelo concreto e o asfalto e cuja dispersão é dificultada pela poluição do ar, acarretando no aumento da pressão atmosférica e provocando grandes precipitações, as famosas “pancadas da água” e a redução da umidade relativa do ar.

FIGURA 139 – SITUAÇÃO ENCONTARDA NA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES. FONTE: AUTORA.

As altas taxas de urbanização, com massas edificadas muito densas e próximas entre si, provocam índices de rugosidade e de porosidade muito pequenos, transformando-se em verdadeiros obstáculos a penetração dos ventos, alterando seu movimento, prejudicando as trocas térmicas com o ambiente atmosférico, impedindo o resfriamento das estruturas e o aumentando a temperatura do ar.

FIGURA 140 – SITUAÇÃO ENCONTARDA NA AVENIDA CARAMURU. FONTE: AUTORA.

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FIGURA 141 – IMAGEM DO LOCAL AVENIDA CARAMURU,2006. FONTE: AUTORA.

DIRETRIZES DO CONFORTO HIGROTÉRMICO Segundo Vital (2003), as áreas consideradas devem ser preservadas, recuperadas e conservadas, já que apresentam a possibilidade de funcionar como interface entre meio biótico e físico, através da utilização desses espaços como laços ecológicos. De acordo com esse pensamento, propõe-se a elaboração de um projeto de recuperação dessas áreas de fundo de vales, com a despoluição de suas águas, a recuperação das áreas verdes em suas margens para evitar a erosão e a inserção, nas áreas ainda não urbanizadas, de uma faixa de 30 metros de preservação permanente. No entanto, para que não se transformem em grandes áreas verdes abandonadas no meio da cidade, indica-se a criação de espaços para uso público, com equipamentos de recreação e lazer, como parques ou jardins públicos. A despoluição das águas deve ser feitas com a instalação de um sistema coletor de esgotos sanitários adequado e tratamento ao longo de todo o percurso urbano do leito do curso d’ água, além de se retirar os detritos e resíduos sólidos. Também é indicado um programa educacional com os moradores dessa região para a importância e o significado dessa área, através de palestras e oficinas, trazendo assim a própria comunidade como aliadas e auxiliares na preservação e modificação deste espaço. A construção de equipamentos previstos para o parque ou jardim, não deverá descaracterizar a área verde como tal, isto é, não devem ser uma extensão da zona urbana, mas um ambiente alternativo e melhor, com equipamentos e mobiliários urbanos como bancos, brinquedos, lixeiras, etc. projetados de maneira eficaz para atender a população. 154


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Para amenização da temperatura e o aumento da umidade do ar, além do plantio de árvores e criação de grandes manchas verdes, são indicados a criação de áreas com a presença do elemento água, com a construção de lagos, espelhos d’ água e, principalmente, com a valorização do córrego existente em um canal aberto, além de ser uma alternativa no controle de inundações. Outra medida importante é o controle do uso do solo, para evitar o adensamento urbano e a criação de restrições que proíbam ampliações nas áreas mais problemáticas, provocando no futuro, o aumento de espaço entre as edificações. Como também restrições em relação à altura dos edifícios, para evitar que se formem barreiras em relação ao vento. As superfícies pavimentadas devem ser substituídas, sempre que possível, por superfícies permeáveis, como gramados ou, no mínimo, aquelas que garantam um espaço permanente da vegetação. Na pavimentação de ruas locais, onde o movimento de carros é menor, existem boas técnicas que permitem que uma quantidade maior de água possa infiltrar como: paralelepípedos, blocos de concreto, entre outros. Estas formas de calçamento têm a vantagem de não contribuir para um maior aquecimento do ambiente e também auxiliam eficazmente na drenagem e não aceleram o escoamento das águas pluviais, pela rugosidade que apresentam. Devera ser observado nos passeios o uso de uma faixa de gramado e nas áreas de estacionamento o uso de um piso permeável e a existência de uma faixa mínima pavimentada para a acessibilidade dos portadores de deficiência física.

3.3.2 - QUALIDADE DO AR A qualidade do ar na cidade de Ribeirão Preto é controlada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental-SP), com uma estação localizada no bairro Campos Elíseos próximo a área de estudo. Foi realizada uma visita à sede, mas o técnico não estava autorizado a repassar as informações coletadas, apenas as informações oferecidas no “site” da empresa. No “site” não foram encontrados muitos dados em relação à Ribeirão Preto, apenas um relatório relativo aos meses de janeiro a julho de 2006, informando a presença SO2 - Dióxido de enxofre no nível de 5 ppm e de MP10 - Partículas inaláveis. Segundo Teles Filho (2003), o SO2 é considerado de insalubridade máxima pelo 155


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quadro Nº 01 da Norma Regulamentadora Nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando atinge 4 ppm, expondo os trabalhadores dessa atividade à grave e iminente risco para sua integridade física, caso a concentração do gás atinja valor superior a 8 ppm (partes do gás por milhão de partes do ar contaminado). A quantidade de dióxido de enxofre gerada pelos sulfitos em dissolução, depende do PH e da temperatura. A maior fonte segundo o departamento de química da Universidade Federal da Paraná, de dióxido de enxofre é lançada na atmosfera na queima do petróleo, constituindo cerca de 95% dos compostos de enxofre resultantes da combustão do petróleo. No ambiente urbano a presença dos mesmos, pode levar a formação de chuvas acidas, causar corrosão aos materiais e danos a vegetação. Já o MP10 - Partículas inaláveis, são formadas em processos de combustão (industrias e veículos automotores) e aerosol secundário, e no meio ambiente podem

causar

danos

na

vegetação,

deteriorização

da

visibilidade

e

contaminação no solo. Segundo a Secretaria de Gestão Ambiental da Prefeitura Municipal, a área em estudo não apresenta grandes emissões de poluentes decorrentes de industriais, já que hoje na indústria da Antarctica apenas permanece em funcionamento o setor administrativo e a fábrica de Borracha localizada próxima a Avenida Caramuru, encontra-se monitorada de acordo com índices estabelecidos pela Cetesb. A grande fonte poluidora nesta área de estudo é o monóxido de carbono (CO) emitido pelos veículos: carros, caminhões e ônibus. O intenso fluxo de trânsito, juntamente com a presença de materiais que absorvem o calor, a topografia em forma de vale, a falta de vegetação e a massa edificada muito densa, dificultam a dispersão desses poluentes atmosféricos. Durante o dia, os edifícios funcionam como um labirinto de reflexão de calor nas camadas mais altas de ar aquecido e, à noite, a poluição do ar impede a dispersão de calor. Esses gases formam nuvens que permanecem perto da superfície, retendo parte da radiação infravermelha responsável pelo aumento da temperatura e formando "ilhas de calor", com variações térmicas que pode chegar até 7ºC entre determinadas áreas e que pode ter vários picos de temperaturas espalhados pela área. 156


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FIGURA 142 – INDICES DE ABSORÇÃO DOS MATERIAS FONTE: Coelba (2002)

DIRETRIZES DA QUALIDADE DO AR É indicada a retirada e/ou a dispersão da concentração de fluxos de veículos pesados nas avenidas, principalmente na Avenida Jerônimo Gonçalves, para isso poderiam ser criados fluxos alternativos pela cidade, e mudança das rotas dos ônibus urbanos. Indica-se a recuperação das áreas verdes do Parque e das Praças além de uma remodelação da arborização urbana e a criação de um grande parque ou jardim público as margens do córrego Ribeirão Preto. A idéia é formar um gradiente verde em toda a região, constituindo-se uma alternativa sustentável, pois reduziria os efeitos da radiação solar, oferecendo conforto térmico aos seus habitantes, além de reduzir a poluição do ar, diminuir drasticamente o desconforto das “ilhas de calor”, aumentando a capacidade de infiltração das águas pluviais.

3.3.3 - CONFORTO LUMINOSO O conforto luminoso é caracterizado através da conformação espacial dos espaços exteriores e sua relação com os espaços interiores. A luz natural ocorre a influencia no uso de cores e no efeito que elas produzem tais como o ritmo: com a repetição de elementos luminosos; e o contraste, por meio de diferenciação entre volumes e intensidade de iluminação. Na área em estudo, as grandes contigüidades das edificações provocam manchas de sombreamento em alguns períodos do dias nas vias publicas. Contudo no restante do período de iluminação natural, ocorre uma grande insolação principalmente ao meio-dia. Essa situação agrava-se com a falta de arborização

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urbana nos passeios, provocando intensa radiação e reflexão dos raios, ocasionando incômodo aos pedestres.

FIGURA 143 – REFLEXÃO DOS RAIOS SOLARES. FONTE: AUTORA.

Outro fator importante observado é que a baixa rugosidade e porosidade provoca uma falta de aproveitamento da luz natural disponível, já que a forma muito densa da massa edificada promove efeito de sombreamento nos espaços livres entre um edifício e outro como também obstruções nos próprios edifícios vizinhos, chegando a atingir níveis críticos. Migliorini (1997) realizou estudos na área central de Ribeirão Preto. O estudo da iluminação natural foi avaliado em dois períodos, às 10:00hs da manhã no solstício de inverno, para estabelecer-se o maior índice de insolação, e às 15:00hs no solstício de verão para verificar o maior nível de sombreamento. O resultado obtido permitiu-lhe concluir que os volumes edificados tem menos influência, com relação a insolação das áreas publicas, que a própria orientação do traçado das ruas. Nos solstícios de inverno, as vias que possuem

sentido sudeste-noroeste,

provocam um sombreamento praticamente total das áreas de uso público, reforçando o papel dos espaços livres para a melhoria do conforto térmico dessas áreas Já nas vias de sentido sudoeste-nordeste, as áreas livres permanecem inteiramente ensolaradas, independentemente do horário e da intensificação da verticalização ocorrida nessas áreas. E no solstício de verão o comportamento é praticamente o mesmo nas vias no sentido sudeste-noroeste, no entanto nas vias

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sentido sudoeste-nordeste, os edifícios chegaram a sombrear os espaços da via publica. Já a iluminação artificial possui a função primordial de tornar a cidade um ambiente confortável e esteticamente agradável, e constituem em dos vetores importantes para a segurança pública nos centros urbanos, no que se refere ao tráfego de veículos e de pedestres e à prevenção da criminalidade. Em relação à esse item, na área em estudo é, importante observar a modificação na Avenida Jerônimo Gonçalves. Nas margens do córrego, houve a substituição dos postes de concreto por replicas antigas e fiação subterrânea, e na margem oposta, a fiação continuou aérea e em postes de concreto. Os globos desses postes de modelos antigos induzem uma iluminação indireta no local, ao contrario dos outros. Na Avenida Caramuru a iluminação publica é precária, devido sua extensa dimensão e à presença de postes apenas em suas margens não são suficiente para iluminá-la adequadamente, deixando principalmente o canteiro central, com baixo nível de iluminamento. Outra informação importante é a falta de iluminação e/ou a inadequação desta nas praças da Avenida Jerônimo Gonçalves, e principalmente no Parque Maurílio Miagi. A falta de iluminação no parque é um dos responsáveis pelo grande índice de criminalidade no local, e conseqüentemente seu abandono por parte dos moradores, transformado em um verdadeiro “deserto” no período noturno. Nas demais áreas, a iluminação pública segundo dados da CPFL (Companhia de Força e Luz do Estado de São Paulo), respeita a intensidade de luz e o número de postes estabelecidos para a adequada iluminação das vias e avenidas.

DIRETRIZES DO CONFORTO LUMINOSO Para minimizar os efeitos da radiação solar direta no meio urbano seria conveniente o plantio árvores de meio e grande porte nas áreas livres e vias de pedestres, e segundo Coelba (2002) de maneira a garantir o sombreamento no período da tarde, e rede elétrica deveria ficar do lado oposto, com a possibilidade de plantio de árvores de pequeno porte abaixo dela.

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Sabe-se que a vegetação funciona como amortecedora do contraste entre a iluminação de espaços internos e externos, portanto é indicada a escolha de espécie especificas da vegetação para ajudar de forma significativa o controle térmico das edificações, já que assim é possível controlar a incidência de iluminação. Segundo o estudo realizado por Migliorini (1997), nos edifícios verticais da área central devido a grande temperatura encontrada na cidade nos meses de verão, deveria ser construída uma proteção ao sol durante o período da tarde para a constituição de um micro-clima agradável dentro desses ambientes. Também é indicada a reestruturação das fachadas ao longo da avenida, com o uso de cores neutras (nem muito claras e nem muito escuros) que diminuíssem a reflexibilidade dos raios solares e o uso de materiais que possuíssem um nível menor de absorção do calor. A iluminação no parque e nas praças deve ser reformulada com fiação elétrica aparente restrita aos passeios na margem do espaço.No interior dos mesmos

é aconselhável uma rede subterrânea, apenas com os postes de

iluminação e se possível com focos de luz no piso, evitando assim o vandalismo com a degradação desses equipamentos no local. Necessário também, a mudança da tipologia de iluminação nas vias públicas, já que hoje o mercado possui lâmpadas mais eficazes para esse uso, como as luminárias de alta eficiência que são direcionadas para a via, com vidros (refratores) planos, e não curvos que evitam a má distribuição da iluminação com a perda do fluxo luminoso.

3.3.4 - CONFORTO ACÚSTICO O conforto acústico está associado à fatores ambientais como: a umidade, o vento, a temperatura, a topografia e a vegetação. Na área em estudo, as grandes fontes de ruído são o fluxo intenso de veículos e a concentração de atividades e pessoas, em determinadas regiões (exemplos: ao longo das Avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru; nas praças; pista de skate no parque, entre outros) como também em determinados locais isolados como: Mercado Municipal, Centro Popular de Compras, Terminal Rodoviário, entre outros.

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A alta temperatura da região promove a redução da umidade relativa do ar, diminuindo a quantidade de vapor d’ água não condensado no ar. Esse fator provoca um ar seco e leve, diminuindo a velocidade de propagação, havendo maior possibilidade de eco e de reverberações, fatores que provocam desconforto acústico. O nível de ruído também é intensificado pela movimentação dos ventos, já que o sentido predominante desta região arrasta os ruídos gerados no centro da cidade (calçadão) em direção as avenidas.

FIGURA 144 – FONTES DE RUIDOS NA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES. FONTE: AUTORA.

A forma côncava do terreno tende a concentrar e intensificar o ruído gerado nas vias, como também as conduzidas pelo vento, vindas do centro da cidade. Outro fator que agrava essa situação é a proximidade das edificações e sua posição disposta em paralelo as avenidas, provocando a reflexão das ondas sonoras, dificultando a sua dispersão no meio.

FIGURA 145 – FONTES DE RUIDOS NA AVENIDA CARAMIURU. FONTE: AUTORA.

A falta de rugosidades e porosidades entre os edifícios transforma as edificações em uma grande massa horizontal, caracterizando-as como barreiras e

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formando uma caixa de ressonância, tendendo a acentuar o ruído entre elas. Além de criar, na parte posterior das mesmas uma zona silenciosa.

FIGURA 146 – FONTES DE RUIDOS NA AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES FONTE: AUTORA

Outra característica marcante é grande densidade de atividades de comércio e de serviços principalmente na área central, que provoca um maior nível de poluição acústica. Isso, associado à alta densidade, aumenta o nível de ruído desses espaços. Esse fator pode ser observado nos horários de pico, principalmente nos sábados e feriados, em que ocorre um aumento significativo de atividades e pessoas na área central. Toda essa situação agrava-se com a falta de vegetação, já que este elemento poderia contribuir para a diminuição da intensidade do som, absorvendo esses ruídos.

DIRETRIZES DO CONFORTO ACÚSTICO Segundo Homero (2002), a cidade é um complexo de formas urbanas de elementos estáticos e dinâmicos: edificações, pedestres, carros, motocicletas, aviões, helicópteros, entre outros. A tentativa de exclusão dos ruídos ocasionados por estes elementos é praticamente impossível. No entanto, é possível amenizá-los através da criação de uma paisagem sonora, com a formação de espaços informativos da proximidade do som. Esses espaços são formados pelo espaço longínquo, espaço próximo e espaço íntimo. Os espaços íntimos, dentro dos edifícios ou em pátios e/ou aberturas, devem ser mais calmos, através de áreas de amortecimento do som, seja com a vegetação, ou com a própria forma do edifício, que pode funcionar como uma 162


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barreira sonora. Em compensação os espaços públicos, serão destinados para os espaços próximos, mais vibrantes, com o controle de ruídos, e as áreas amplas para os espaços longínquo, com possibilidade de ruídos devido a facilidade de dispersão do mesmo. (No caso, o Parque e as praças, e o entorno do córrego ainda não canalizado) . A vegetação deve ser utilizada sempre que possível como área de absorção. Intercalando suas dimensões e densidades para a definição desses espaços informativos, ocorrendo o mesmo em relação à iluminação natural. Necessário também o cuidado com a desproteção das fachadas perpendiculares as vias, assim sempre que possível às paredes-cegas devem estar direcionadas para as vias mais poluídas acusticamente. No entanto, quando isso não ocorre, deve-se providenciar a instalação de vidros duplos, já que este material está associado às condições de climatização artificial interna. Outra medida importante é o controle do fluxo de tráfegos nas avenidas, seja pela criação de rotas alternativas, ou pelo controle da velocidade de transito, ou restrição de veículos pesados, numa tentativa de amenizar a zona de ruídos.

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CAPITULO 4: PROPOSTAS DE PROJETO A área de estudo foi analisada de acordo com a sua fragmentação em quatro setores: central, sul, sudoeste e noroeste. Cada setor foi diagnosticado através das analises funcionais, topoceptivas e bioclimáticas, resultando em diretrizes, que

juntamente com as premissas do projeto urbano, são o

embasamento teórico para a elaboração de um conjunto de propostas de intervenções no local. O objetivo principal na elaboração das propostas baseia-se na indicação de direções e caminhos para a requalificação do espaço, através da articulação entre as estratégias do projeto urbano juntamente com a fundamentação teórica analisada e as diretrizes indicadas neste trabalho. Segundo as teorias do projeto urbano, suas estratégias devem ser organizadas em matrizes urbanas complementares, que se sobrepõem e abrem à possibilidade de desenhos múltiplos dentro de suas várias combinações possíveis, por meio de uma nova dinâmica urbana, mais flexível às demandas e aos programas múltiplos a cidade contemporânea. (LEITE, s/d). Para esse estudo foram propostas 7 matrizes: contexto, funções urbanas, uso e ocupação, infra-estrutura, fluxos, eixo verde e estrutura interna. Sendo que cada item propõe um conjunto de propostas e/ou diretrizes para toda a área em estudo. Os resultados obtidos levaram a estruturação do projeto em uma zona de intervenção direta e uma zona de intervenção indireta. A zona de intervenção indireta possui um caráter único e global na área e as propostas foram elaboradas para o uso em toda área, incluindo a zona de intervenção direta. A zona de intervenção direta foi separada em vários núcleos reestruturadores com a finalidade de

elaborar propostas especificas para

cada núcleo,

aumentando a escala de interferência, na tentativa da aproximação ao máximo 164


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das necessidades de cada espaço e assim, proporcionando uma intervenção sólida e eficaz.

FIGURA 147– MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS ZONAS DE INTERVENÇÕES FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELA AUTORA

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4. 1 – ZONA DE INTERVENÇÃO INDIRETA 1. CONTEXTO Essa matriz possui a função de criar um diálogo critico com a cidade, na intenção de estabelecer as áreas com maiores potenciais, apontando em direção ao um caráter sistêmico, articulado a organização físico-espacial. (MEYER, 2001). O seu papel é elaborar um planejamento estratégico para a ordenação do território visando um crescimento equilibrado, através da dinamização dessas áreas decadentes, como um centro irradiador do desenvolvimento. A proposta neste item é inserir espaços que promovam a vida coletiva, resgatando a idéia de um lugar natural de manifestações, através de um projeto com clara legibilidade, tornando-se um espaço de referência e um espaço acessível a todos. (MEYER, 2001). De acordo com as diretrizes estruturadas nas análises, a área em estudo demonstra

a

desconectividade

entre

os

setores,

seja

pela

situação

socioeconômico, infra-estrutura, equipamentos urbanos, tipologias das edificações, entre outros. Sendo assim, torna-se necessário criar um e/ou vários elementos capazes de promover o encontro, a troca de informações, o conhecimento e o contato direto entre as pessoas, funcionando como integradores tanto para o lazer, como para os negócios. Segundo Solá-Morales (2001) e Ascher (2001), os espaços públicos são áreas capazes de

promover uma qualidade sensorial global, principalmente quando

ocorre a articulação entre espaço público e privado como um único espaço, na defesa do híbrido, do mesclado, do coletivo. Sendo assim, esses espaços torna-se a âncora desse projeto urbano, através da elaboração de um conjunto de intervenção pontuais, cujo intuito é de consolidar o existente, além de criação de novos espaços coletivos. A escolha desses espaços surge com o cruzamento entre as diretrizes de cada análise urbana realizada neste estudo, sendo que, foram priorizados os 166


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espaços capazes de se fortalecem em conjunto e em sinergia, como grandes áreas potenciais de desenvolvimento, no intuito de atender não somente a área de estudo, mas a cidade como um todo.

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FIGURA 148– ESPAÇOS PÚBLICOS DETERMINADOS PARA INTERNENÇÃO FONTE: AUTORA

2.FUNÇÕES URBANAS

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A reordenação das funções urbanas são estratégias para potencializar o uso dos espaços já implantado, no intuito de evitar a continua dispersão da população para periferias distantes devido ao processo de descentralização e deterioração, como também de identificar novas áreas capazes de promover a integração entre as atividades e sociabilização entre a população. Devido ao caráter histórico da área em estudo, as atividades propostas também pretendem estabelecer espaços capazes de fortalecer o papel de pólo cultural, lugar único da história, sem abrir mão de suas potencialidades enquanto espaço terciário, mas afastando a idéia de “museificação” nestes lugares. (MEYER, 2001). Sendo assim, os espaços foram qualificados em relação à dinâmica urbana que já exercem e fragmentados de acordo com a função que pretendem exercer dentro da área de estudo.

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FIGURA 150– FRAGMENTAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS FONTE: AUTORA

a) Áreas ocupadas consolidadas: caracterizam-se pela estabilidade da sua forma e tipologia urbanas, em termos de ocupação e utilização do solo, edificação e das suas funções.

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Essas áreas não sofrerão qualquer tipo de alteração ou intervenção relacionadas ao uso de atividades, sendo que, poderão modificações, estimuladas pela própria transformação da área após a finalização deste projeto. Sendo assim, neste item permanecem os usos já existentes, sejam eles: residenciais, comerciais, serviços, industriais, lazer e/ou entreterimento.

b) Áreas ocupadas a consolidar: caracterizam-se pela necessidade de intervenções urbanísticas para melhorar os espaços e equipamentos de utilização coletiva e o funcionamento da dinâmica urbana proposta. Nessa área as estruturas físicas serão consolidadas, sendo que as das edificações não serão modificadas, todavia seus usos

tipologias

serão redefinidos

e seus espaços poderão sofrer intervenções, ampliações, reformas e demolições. Os casos específicos são: - Unidade Básica de Saúde –UBS – A permanência desse equipamento é justificada pela necessidade de sua instalação no local, pois é o único equipamento relacionado ao setor da saúde na região central e atende não apenas a população local, mas de toda a região. Portanto é proposta a sua reforma e adequação a demanda existente, com possíveis ampliações verticais. - Terminal Rodoviário – O Terminal Rodoviário permanece no local, devido à demanda

de

ônibus

intermunicipais

serem

significativas

em

relação

aos

interestaduais, já que foi verificado que existente um número elevado de pessoas que residem em cidades vizinhas e trabalham na cidade de Ribeirão Preto. Sendo assim,

a

localização

central

do

Terminal,

torna-se

essencial

para

essa

população,facilitando o acesso a qualquer outro ponto da cidade. - Mercado Municipal- Esse edifício permanece com seu uso, mas sofrerá uma reforma e remodelação de seus boxes comerciais. - Espaço da cidadania; O espaço da cidadania é uma entidade não governamental que auxilia e ajuda jovens carentes. Os edifícios ocupados são históricos e portanto é proposto a restauração e adaptação para melhor atender essa atividade. - Avenida Jerônimo Gonçalves; Toda a extensão da avenida sofrerá uma requalificação urbanística, desde da remodelação de seus passeios por pisos de concreto

intertravado,

como

também

o

semipermeável, denominado de piso ecológico. 171

uso

de

uma

pavimentação


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

- Anexo Fábrica Antártica – Neste espaço já funciona o Núcleo de Cinema da cidade, administrado por uma entidade não governamental, a São Paulo Film Comission cuja matriz encontra-se na cidade de São Paulo, desde de setembro de 2004, em uma acordo estabelecido pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e a Antártica. As instalações estão precárias, sendo que, apenas uma pequena parte do complexo foi reformada para a instalação do setor administrativo do Núcleo. Portanto a idéia é restaurar os edifícios já existentes e adaptá-lo para a instalação de uma estrutura física adequada para a realização das oficinas, como também a criação de cenários para filmagens e aprendizado. Essas oficinas serão desde aulas de fotografia, como sonoplastia, áudio-visual, direção de filmes, roteirista, cenografia, arquitetura. Nos estúdios funcionaram gravações de curta-metragem, clips de musicas, programas de TV e radio, ensaios fotográficos, entre outros. Propõe-se também a parceria com escolas de ensino superior, sendo sugerido inicialmente o Instituto de Áudio Visual da ECA, da Universidade de São Paulo, para a reestruturação de alguns edifícios em salas de aulas para o ensino prático aos seus alunos, além de promover oficinas para a população, na intenção de promover a integração entre os usuários e profissionais. - Incentivo fiscal para a instalação de serviços como bares e restaurantes em prédios com caráter histórico, com a reutilização dessas estruturas urbanas, promovendo a reativação do patrimônio existente [edifícios históricos que permanecem como testemunhos da memória desse território), além de que, essas atividades proporcionam o acesso da população nessas edificações, ao contrario do que aconteceria caso tornam-se residências particulares. No entanto, as novas atividades não devem transfigurar as edificações, e devem manter as características originais da composição que essas estruturas promovem na paisagem urbana local, objetivando a preservação da identidade e memória da cidade. (SACARLATO, 1995)

c) Áreas ocupadas a reconverter: caracterizam-se pela sua elevada obsolência funcional, econômica ou estrutural, podendo por isso substituir o seu uso dominante por outro mais adequado à qualificação urbanística e ao dinamismo econômico da área; podendo-se chegar a demolição da edificação ou de parte dela. 172


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Nessa área as estruturas físicas serão reconvertidas, através de intervenções, ampliações, reformas e demolições, assim como modificação de usos e atividades existentes. Os casos específicos são: - Fabrica da Antarctica - Neste local é proposta a instalação de um anexo do complexo do SESC (Serviço Social do Comércio). “O SESC é uma instituição de caráter privado, no entanto sem fins lucrativos e de âmbito nacional. Criado pelo empresariado do comercio e serviços, que o mantem e administra, tem por finalidade a promoção do bem estar social, do desenvolvimento cultural e da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores desses setores, de suas famílias e comunidades em geral [...]. Sua missão permanente é de inserir e integras as pessoas e grupos de diferentes idades e estratos sociais ao universo cultural, entendido de forma ampla, isto é, relacionado as expressões de arte, expressão corporal e esportiva, turismo,

educação

ambiental,

entre

outros.”

(http://www.sescsp.org.br- Acessado em novembro/2006).

Essa proposta foi estruturada devido a fatores como: a proximidade do local com a área em estudo, o vinculo da instituição com os setores estabelecidos na área (comércio), como também a necessidade e desejo dessa instituição em ampliar suas instalações na cidade. Hoje, a instituição encontra-se com suas instalações limitadas e saturadas, no conjunto construído na

Av. Francisco Junqueira,a cinco quadras da Avenida

Jerônimo Gonçalves. A idéia é promover um espaço que funcione como um anexo do complexo existente, mas que promova as atividades relacionadas ao setor cultural, oferecendo uma grade de eventos para as oficinas, exposições, apresentações teatrais, biblioteca, entre outros.

- Hotel Brasil; neste espaço é proposto à instalação do Museu de Imagem e Som de Ribeirão Preto, que funcionará como uma atividade complementar ao Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto, no sentido de expor os trabalhos iconográficos produzidos no espaço. O prédio devera atender a exposições e instalações, como também salas de aulas para a estruturação de oficinas a população sobre a valorização

do

patrimônio

cultural.

Também

deverá

ser

adequado

ao

funcionamento de serviços como cafeteria, livraria e/ou restaurante no piso

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

superior, sendo este escolhido de acordo com a procura de empresas privadas e através de incentivos fiscais.

- Centro Popular de Compras; Neste edifício é proposta a permanência do uso, sendo que, algumas alvenarias deveram ser demolidas e reestruturadas, com o objetivo de abrir o espaço interno para via de pedestres, transformando-se em uma galeria comercial aberta.

- Casarão nº250; O casarão será restaurado segundo as normas do IPHAN e adaptado para a instalação de um restaurante, também licitado por empresas privadas. Esse restaurante funcionará como um atrativo junto ao complexo de torres, que em conjunto serão parte do parque linear também proposto na área.

- Avenida Caramuru; Essa avenida sofrerá modificações com a sua transformação em uma via de sentido único (direção norte-sul). O canteiro central será retirado e substituído por 3 faixas de vias, sendo que, essa área verde será transferida junto ao passeio e ao calçadão proposto.

- Parque Maurílio Biagi; No parque é proposta a sua modificação tanto física como também dos seus equipamentos. O parque será voltado para atividades culturais, como shows, apresentações teatrais, danças, musicas, entre outros, através da construção de um teatro de arena, auditório, escola profissionalizante, tendas para shows e feiras itinerantes, no entanto preserva-se o edifício da Câmara Municipal, o Parque das Esculturas e redesenham-se as pistas de caminhada e ciclovias.

- Torres de Serviços, Comércio e Habitação; Essas torres são propostas no intuito de criar um novo pólo atrativo à área de estudo, além de relocar a população retirada das áreas desapropriadas. A área de sua implantação foi escolhida devido a sua localização entre duas áreas de espaços públicos, sendo assim, capaz de promover o espaço coletivo (público e privado), através da liberação do térreo como uma extensão do parque linear. As torres são propostas no sentido de promover atividades para diversas classes sociais, na intenção de criar a “cidade para todos”, sendo desenvolvido 174


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juntamente com as torres de serviços, lâminas habitacionais de densidade média e grande altura, através de volumes variados. d) Vazios urbanos programados: caracterizam-se pela criação de espaços considerados prioritários para a realização de obras de urbanização e edificação, tendo em conta as necessidades de espaço construído para a instalação das diversas funções urbanas. Os vazios urbanos programados devem receber atividades atrativas e - Entorno do Córrego Ribeirão Preto; A instalação do Parque Linear, cuja função é proporcionar um espaço de lazer esportivo para a população, com uma área de preservação em uma faixa de 30 metros nas margens do córrego, com o intuito da recuperação da mata ciliar, a despoluição do córrego e a conservação do ecossistema.

e) Vazios urbanos não-programados: constituem os lotes vagos da área em questão, para expansão urbana, só devendo ser urbanizados e edificados quando as necessidades habitacionais assim o exigirem. Essas áreas serão destinadas à habitação e ao comércio nos casos em que houver carência resultante da oferta insuficiente, ou inadequada, para satisfazer a procura existente ou prevista. Esses lotes vagos deverão ser cercados por grades ou alambrados (elementos vazados), capinados e limpos. Sendo de responsabilidade do proprietário o cumprimento desse item. 3. USO E OCUPAÇÃO Essa matriz estabelece a diversificação e diferenciação das atividades, com o uso da multifuncionalidade (negócios, comércio, habitação em diversas classes sociais e equipamentos de recreação e lazer), já que a homogeneidade produz espaços indistintos e pouco vitais. (ASCHER, 2001). O uso e ocupação do solo deverão ser estruturados em face da existência de uma forte concentração de um patrimônio histórico nesta área de estudo, e portanto é proposto e elaboração de um conjunto de normas urbanísticas para o controle do adensamento de edificações.

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4. INFRA-ESTRUTURAS A remodelação das infra-estruturas existentes, como rede de água e esgoto, energia elétrica, telefonia, coleta de lixo, entre outros, com o objetivo de atender de maneira mais eficaz a área em estudo. A utilização do projeto de Macrodrenagem, desenvolvido pela prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, com a construção das barragens de contenção, uma represa no Parque Urbano Maurílio Biagi, o alargamento do córrego no Ribeirão Preto, na área não canalizada e a construção de uma “curva” no deságüe do córrego Ribeirão Preto no Córrego Retiro Saudoso. Também é proposta a utilização de pisos semipermeáveis nas vias da Avenida Jerônimo Gonçalves como também nos quarteirões de entorno, na tentativa de amenizar o impacto causado pelas águas pluviais, causados pela impermeabilização do solo. 5. FLUXOS É proposta a reordenação dos fluxos, através da combinação dos projetos de sistema de transportes: viário, de pedestres e coletivos, que resultem na otimização do sistema, através da articulação entre os terminais, pontos e circulação existentes do transporte público, como um ponto estratégico, já que são “lugares comuns de referência, pela freqüência e volume do seu uso, ou pela variedade do seu publico e pelo peso psicológico que adquirem como significantes de vida.” (SOLÀ-MORALES, 2001). A organização e administração desses fluxos são meios de criar condições favoráveis para que a área central torne um espaço privilegiado para o usuário desse sistema e para o pedestre. Nesse sentido, propõe a adaptação da continuidade do tecido urbano, permitindo a existência de uma articulação urbana entre a rede de fluxos contínua do território (cidade) com suas bordas existentes e pré-configuradas. 6. PAISAGEM AMBIENTAL Surgimento do eixo verde, ao longo de todo o território, cuja imagem final constitua um gradiente verde que varie de densidade do corpo florestal central, para a sua diluição nos territórios urbanizados. Articulado ao parque linear, um 176


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conjunto de áreas em pontos que se apropriam dos vazios mais significativos e articula-se aos equipamentos já existentes na área. E a inserção do elemento da água, especialmente, como potente catalisador através do aproveitamento de suas conotações simbólicas e possibilidades lúdicas (LEITE, s/d). Uso de linhas, faixas e grandes espelhos d’água para a captação das águas pluviais, contenção do fluxo de águas fluviais e represas/lagos. 7. ESTRUTURA INTERNA A estrutura interna será realizada através da criação de percursos alternativos, promovendo a integração entre os espaços desconectados. A idéia é reutilizar os espaços existentes, com a criação de novos lugares de permanência, instigando a passagem do pedestre por eles, através de equipamentos,atividades e estruturas atrativas. Para isso foram elaborados quatro percursos: Circuito Cultural, Circuito de Lazer, Circuito de Compras e Circuito Gastronômico. Esses circuitos se sobrepõem uns aos outros, criando caminhos múltiplos entre esses espaços renovados, proporcionando ao pedestre inúmeras opções de passeio seja qual for seu objetivo na área. Os circuitos foram formados seguindo um modelo de teia urbana, no qual se estabelece diversos pontos de apoio, neste caso, os espaços públicos existentes, ligando-os em caminhos entre si. Esse modelo permite explorar a diversificação e gerar uma fluidez de percursos variados que promovam a ocupação e a circulação no espaço urbano, somando-se variadas atividades de forma ordenada, criando área de interesse e curiosidade aos moradores e visitantes locais, respeitando o caráter simbólico da área e o seu papel como elemento estruturador da área de estudo, valorizando as atividades comunitárias e a integração social.

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FIGURA 149 – ORGANOGRAMA DOS CIRCUITOS ALTERNATIVOS

FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELO AUTORA

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FIGURA 150– PERCUSOS DOS CIRCUITOS ALTERNATIVOS FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELO AUTORA

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4.2 – ZONA DE INTERVENÇÂO DIRETA

FIGURA 151– MAPA DA LOCALIZAÇÃO DOS NÚCLEOS REESTRUTURADORES

FONTE: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO URBANO PMRP – ORGANIZADO PELO AUTORA

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NUCLEO 1 – REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA JERÕNIMO GONCALVES No núcleo 1 é proposto a requalfiicação urbana de toda a extensão da Avenida Jerônimo Gonçalves, através da implantação de um passeio e uma ciclovia, seguidas de faixas de áreas verdes e mobiliário urbano (bancos, postes, placas, entre outros) no canteiro central, às margens do Córrego Ribeirão Preto, que possibilitem ao pedestre o uso constante desse espaço, não só como passagem, mas também como lazer. Nos passeios paralelos são propostas a inserção do elemento verde, com a vegetação rasteira e arbustos de médio porte, no entanto de espécies que não interfira na paisagem visual proporcionada pela palmeiras imperiais. Nas edificações paralelas a avenida, é posposto a pintura, limpeza e retirada dos “banners” de “propaganda” das fachadas e criação de restrições com multas, caso o proprietário não realize ou desobedeça as normas O canal aberto do córrego Ribeirão Preto deverá ser recuperado, com a sua limpeza e despoluição. Outra medida importante na neste núcleo, é a elaboração de plano de controle da taxa de uso e ocupação do solo e criação de restrições que proíbam ampliações nas áreas mais problemáticas. Entre o complexo da Antártica e o seu anexo, é proposto à criação de um percurso alternativo, com a implantação de passarelas sobre o córrego que instigue a curiosidade do pedestre, direcionando os sentidos desses caminhos alternativos. Essas passarelas serão de vigas metálicas e o piso em uma grade quadriculada, assim como o guarda-corpo em vidro, que possibilitem a visão do córrego e que também não interfiram na área permeável do espaço. No complexo da Fabrica da Antártica é proposto um Centro Cultural, sob a supervisão do SESC, e nele funcionarão atividades ligadas a literatura, dança, teatro, escultura e artesanato, com a instalação de salas de aulas, como também de um espaço de produção para trabalhos práticos. Nesse espaço ainda é proposto a instalação de um restaurantes e lanchonetes, galerias comerciais e uma unidade da biblioteca.

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REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

No Centro Cultural, ainda é proposto um canal artificial em forma de Y, de acordo com o Projeto de Macrodrenagem da cidade, na tentativa de amenizar o impacto provocado pelo encontro em T dos córregos Ribeirão Preto e Retiro Saudoso. Nele será criado um pequeno reservatório, com a implantação de um deck margeando-o e criando passarelas de acesso sobre o canal. Vale destacar que todo o seu muro será retirado, abrindo totalmente esse espaço para a população, sendo fechados apenas as edificações, sendo alguns espaços reconectados à cidade, na forma de áreas verdes e praças. O anexo da Fabrica da Antártica, onde já funciona o Núcleo de Cinema, será

reestruturado,

a

fim

de

atender

com

condições

adequadas

essa

atividade.Nesse espaço é proposto a restauração da prédio e adaptação as instalações de estúdios, salas de aulas, oficinas, restaurante e/ou lanchonete, além de uma sala de cinema popular. O cinema popular deve ser uma parceria entre a organização nãogovernamental e a prefeitura municipal e deverá exibir filmes alternativos e produzidos no próprio local, sendo também utilizado na realização de festivais nacionais e internacionais que ocorrem na cidade. Foram criados 3 novos acessos, além dos 2 já existentes, que permaneceram abertos para a população. No pátio interno também é proposta a instalação de telões nas próprias paredes dos edifícios, para a exibição constante de filmes diversificados e uma praça interna seca, com pequenas aberturas no piso para o plantio de vegetações de pequeno a médio porte, além de bancos e mesas formando uma área de alimentação. No antigo Hotel Brasil, é proposto a permanência do Museu de Imagem e Som, que hoje se encontra sem um local definido e apropriado para suas instalações. Esse equipamento funcionará como apoio para a realização de exposições produzidas nesse setor na cidade, como também para as atividades realizadas tanto no Centro Cultural e no Núcleo de Cinema. Também é proposto a requalificação das praças com a intenção de reforçar esses pontos focais, transformando-as não só em locais de passagens, mais em áreas que promovam o encontro, principalmente com a remodelação do Mobiliário Urbano tanto nesses espaços como nas vias de circulação, com a 184


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criação de um “design” singular e adequado e que possa criar uma identidade ao local. NUCLEO 2 - REMODELAÇÃO DO TERMINAL RODOVIÁRIO E ENTORNO Neste núcleo é proposto a reeestruturação arquitetônica do edifício do Terminal Rodoviário. A idéia é transformar o térreo em uma área de passagem livre, ou seja, o permanece apenas os pilares, e assim, esse espaço tornam-se um prolongamento da Praça Schimidt e do Parque Maurílio Biagi, criando uma conexão entre esses equipamentos.Nesse espaço será criado uma praça coberta, que funcionará tanto como descanso, como para lazer. O edifício ainda recebe aberturas zenitais, para iluminação e ventilação de área verdes inseridas dentro da edificação. Também é criado um estacionamento publico e outro privado, o primeiro para atender a demanda de embarque e desembarque do Terminal Rodoviário, e o segundo para atender os equipamentos do entorno. O estacionamento privado é proposto em uma estrutura paralela a praça, sendo em sua maior parte coberto por uma armação metálica, esta que, no parte superior torna-se o acesso aos ônibus, e o embaruqe/desembarque de passageiros. Ocorre a transferência dos acessos aos automóveis, os veículos permanecem com o acesso pela Avenida, no entanto os ônibus,são modificados para a via paralela a Jerônimo Gonçalves, a rua XXXXXX, que possui acesso direto a Avenida do Café. Essa transferência deve-se ao fato diagnosticado nas análises, em relação ao “stress” e enfraquecimento das raízes, provocados nas palmeiras imperiais com a passagem constante desses veículos. Já os acessos aos veículos serão remodelados, no intuito de descongestionar a entrada atual do T. Rodoviário, que em finais de semana e horários de picos, transforma-se em um aglomerado de veículos e pessoas, dificultando o fluxo na Avenida, como também causando a irritação nos usuários. Vale a destacar a separação entre o acesso de veículos que iram apenas embarcar/desembarcar passageiros, daqueles que irão estacionar e permanecer no espaço. Esse novo acesso agora se torna exclusivo ao ônibus e provoca o alargamento da via em mais 3,50 metros e a criação de um passeio projetado sobre uma área verde proposta no piso do estacionamento privado. Neste local 185


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haverá a plantio de palmeiras que farão menção as palmeiras imperiais, sendo que essa proposta deve-se ao fato de não perder a visão do qual se tem na avenida Jerônimo Gonçalves, na entrada à cidade. O edifício do Terminal Rodoviário ainda recebe um mezanino, que se prolonga em direção parque. Essa estrutura será utilizada para a criação de uma área exclusiva de guichês na parte coberta do T. Rodoviário, além de dar o acesso através de uma rampa e de elevadores para deficientes físicos,

á área de

embarque/desembarque de passegeiros. Já na área projetada sobre o parque funcionará, no piso superior, um área de espera, como também o acesso ao pedestre na Avenida do Café, através de um conjunto de rampas. E no piso térreo, uma serie de lanchonetes que farão conjunto com outras localizados abaixo do Elevado proposto, transformando-se em uma área de alimentação tanto para o Terminal Rodoviário como também para o parque Maurílio Biagi. Essas lanchonetes possuem posição central nessa estrutura, sendo estruturas abertas, apenas com a presença de um balcão, já que a idéia é que elas funcionem 24 horas do dia, no intuito de promover a permanência de pessoas neste espaço. Essa estrutura do mezanino, propõe inserir ao local o efeito mirante e o efeito de envolvimento, além de promover o acesso direto entre no sentido leste/oeste, como também de integrar o parque Maurílio Biagi, o Terminal Rodoviário e o espaço da cidadania. Outro equipamento proposto é a construção de um auditório para XXX pessoas. Neste espaço além da área de palco e cadeiras, ainda possui uma área para apoio, como camarins, sanitários e depósitos. O auditório é um componente do conjunto de equipamentos culturais proposto na área de estudo, e funciona como complemento as atividades realizadas no Centro Cultural, no Parque Maurílio Biagi, no Núcleo de Cinema, entre outros. Aqui, vale destacar o elemento estrutural criado, que possibilita a passagem de pessoas em cima do auditório, transformando a cobertura em também um acesso direto a Avenida Jerônimo Gonçalves, dissolvendo a barreira provocada

186


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

pela topografia existente entre a parte elevada da área e a avenida Jerônimo Gonçalves. No Mercado Municipal é proposta a reforma e a redefinição dos boxes no sentido de promover no interior do edifício um acesso facilitado nos sentidos ortogonais (norte/sul e leste/oeste), já que esses sentidos promovem um circuito alternativo para a população. O Centro Popular de Comprar, sofrerá reformas e a demolição de algumas alvenarias, no intuito de transformá-la em uma galeria comercial aberta. Neste caso, cria-se uma relação direta entre vendedor e o comprador, além de melhorar o conforto ambiental (iluminação e ventilação), através dessas aberturas. Nos quarteirões a seguir forma-se um circuito através de um calçadão com áreas verdes e quiosques. Sendo esses, um caminho em direção a uma estrutura proposta para a realização de feiras itinerantes. Pretende-se que as edificações ao longo desse calçadão tenham os usos comerciais, especialmente de bares e restaurantes, potencializado garantindo e promovendo a utilização do espaço público no período diurno e noturno

NUCLEO 3 – REESTRUTURAÇÃO VIÁRIA Nesse núcleo ocorre a reestruturação do sistema viário, com a inserção de um elemento de transposição, através de um acesso rápido e facilitado, entre o setor oeste e o setor central, com a ligação da Avenida do Café e a Rua Lafaiete. A idéia é reformular o espaço, conectando esse equipamento ao seu entorno. Esse elemento de transposição será um elevado, do qual inicia-se no cruzamento com a avenida do café, ate a transposição do córrego Ribeirão Preto. As rampas de acesso pelo centro, estarão localizadas no quarteirão circundado pelas Ruas Lafaiete Prudente de Morais e Saldanha Marinho. O elevado será estruturado em cabos de aços e em quatro pilões de apoio. A escolha desse tipo de estrutura deve-se a dimensão dos vãos que ela oferece. A inexistência de inúmeros pilares de apoio, promovem a sensação de leveza na estrutura como também cria um acesso por meio do relevo, fazendo com o publico desfrute visualmente de todas as atividades desenvolvidas na área. Vele destacar que os dois pilões propostos na avenida Jerônimo Gonçalves, possuem a mesma

187


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

posição que as palmeiras imperiais, pois o intuito foi continuar com linearidade promovida pela visão que elas proporcionam. No nível do solo, a baixo do elevado é proposto uma área de circulação para

pedestres,

e

aproveita-se

a

estrutura

para

locar

equipamentos

complementares como sanitários e lanchonetes. Portanto,

todo o complexo implantando (marquise, elevado, rampas)

buscam nesse núcleo, a intenção de fundir o construído

e o natural numa

composição onde essa diferenciação perde a importância em favor de uma nova forma da paisagem integrada a arquitetura e ao meio urbano.

NUCLEO 4 – RENOVAÇÃO DO PARQUE MAURILIO BIAGI O parque Maurílio Biagi, deve passar por uma transformação tanto física como em suas atividades. Com a construção do Parque Linear , ao lado desse núcleo, o parque agora será dedicado a realização de eventos culturais, promovendo uma referencia e um caráter único para ele na cidade. A

idéia

foi

inserir

diversos

equipamentos

que

funcionassem

como

complementares as apresentações culturais desenvolvidas em toda cidade, mas principalmente as produzidas no Centro Cultural, Núcleo de Cinema, Hotel Brasil, entre outros. Essas atividades ligadas ao teatro, dança, escultura, artesanato, musica poderão ser apresentadas diariamente, através de um plano de atividades, que estabeleça, eventos como por exemplo: Domingo com musica no parque, festival de blues, quinta-feira de dança, além de ser um espaço para qualquer tipo de shows e apresentações. A idéia de implantação do programa seguiu o conceito de criar vários espaços de permanência em todo o parque, sendo que no centro deverá ser implantado o

equipamento mais representativo e em suas extremidades

equipamentos que promovam a circulação neles. Portanto, propõe-se uma estrutura composta por um palco e uma arquibancada, no centro do parque e ao lado de uma represa, para fortalecer esse espaço com um equipamento marcante. Nessa represa, ainda é proposto um deck sobre ela, como elemento de contemplação e descanso. 188


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Em uma extremidade é proposta uma área de descanso, onde é criado um canal artificial, que fortalece o elemento água na paisagem, criando uma espécie de lago artificial, do qual o usuário pode deitar-se e sentar-se envolta dele. Na outra extremidade deverá ser uma escola profissionalizante, que se adapta ao desnível do terreno, sendo que em sua cobertura é proposta uma faixa de rampa, que dá o acesso do parque a avenida do Café,e o restante receberá aberturas de iluminação e ventilação, além de seixos rolados para amenizar os raios solares na laje. A idéia dessa escola, é criar cursos ligada a inclusão digital para a população do entorno, cursos ligados a ecologia, para conscientização da população quanto a importância da preservação do meio ambiente, além de cursos ligados a hotelaria e serviços ligados a escritórios , a fim de produzir mão de obra para as torres propostas no núcleo 6. Outro equipamento importante, e que esta localizada as margens da Avenida Jerônimo Gonçalves são as tendas tensionadas, que poderão ou não permanecer montadas, para funcionarem como apoio a um evento de shows, podendo funcionar desde shows simultâneos aos que aconteceriam no palco principal, como a realização de feiras itinerantes, como também a realização oficinas, sendo que, elas também podem ser usadas por escolas da cidade, para eventos como gincanas, programas educacionais ambientais e urbanos. Ao lado dessas estruturas é proposto um deck de madeira e um canal artificial que recebe água do córrego Laureano, ambos, paralelos à avenida de Jerônimo Gonçalves, que funciona tanto como área de descanso e contemplativa, como uma mini-arquibancada para os eventos que acontecerem nas tendas. No outro lado, será implantado bicas d’ água, inserindo novamente o elemento água, agora de forma recreativa para o uso da população. O edifício da Câmara permanece em outra extremidade, sendo que seu estacionamento é redefinido e aumentando o número de vagas, devido a existente de um auditório no edifício. E será criado uma área de quiosques próximo a represa, que funcionará tanto como área de alimentação para os funcionários da Câmara, como para os usuários do parque. Na outra extremidade também será criado outro estacionamento para atender a demanda de usuários da escola profissionalizante. É proposta uma faixa de preservação de 30 metros da margem do córrego, no entanto diferentemente do que ocorrerá no Parque Linear, essa faixa permite a 189


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

implantação de equipamentos recreativos e de alimentação, no entanto nota-se a preocupação de que sejam equipamentos de pequenos porte, cuja a intenção é apenas revitalizar a área. Em todo o parque é proposta a recuperação da vegetação, como também do plantio de novas espécies. Um circuito de caminhadas e ciclovias, com pequenas ilhas com equipamentos para alongamentos e ginástica, e também uma passarela com mirante sobre a represa. Também é proposta a recuperação da iluminação, com a instalação de uma rede em suas margens, e internamente uma rede subterrânea, sendo que, nos equipamentos propostos, como o palco, a represa, os “deck”, as bicas d’água, as tendas tencionadas, a escola profissionalizante e outros, deverão receber uma iluminação estratégica para destacá-los no interior do parque. Além de a iluminação promover o controle do vandalismo, que juntamente com a construção de um mini-posto policial, dentro do Parque, com ronda 24 horas, deverão garantir a segurança de todos os usuários.

NUCLEO 5 – REESTRUTURAÇÃO VIÁRIA Nesse núcleo é criada uma conexão entre as Avenidas Jerônimo Gonçalves e Caramuru, rompendo a barreira física que as separa, proporcionando a ligação direta entre delas. Para isso, foi proposta a construção uma rotatória, que possibilidade a conexão entre elas, como também funciona como amenizadora de velocidade dos veículos, já que ela é a entrada da cidade no sentido sul-norte. No centro dessa rotatória é proposta a construção de um marco visual, que também promova a identificação imediata do local, através do nome da cidade e/ou avenida principal.

NUCLEO

6

RECUPERAÇÃO

DO

CORREGO

RIBEIRÃO

PRETO

E

IMPLANTAÇÃO DO PARQUE LINEAR. Nesse núcleo é proposta a implantação de um parque linear as margens do córrego Ribeirão Preto.Para isso, é proposta uma faixa de 30 metros de preservação, sendo essa área exclusiva para a elaboração de um programa de

190


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

recuperação da área de fundo de vale, através da despoluição das águas, controle de erosões e a recuperação da mata galeria. Essa faixa de preservação será subdividida em quatro faixas: núcleo, preservação, transição 1 e transição 2. O núcleo é uma faixa destinada à recuperação e preservação do meio ambiente; a de faixa de preservação permite a implantação de vias de acesso a pedestres, a de transição 1 é uma faixa destinada as áreas para equipamentos esportivos, recreativos, lazer, educação e apoio e a faixa de transição 2, será permitido áreas verdes e de lazer, com edificações O desenho urbano definido para o parque segue a lógica da criação de circuitos alternativos, dos quais foram estabelecidos pontos de apoio, que nesse caso, foram às esquinas dos quarteirões no entorno ao parque, devido ao seu significado de ponto de chegada dos pedestres, além de serem pontos de encontros, instigando a travessia pelo parque. Na faixa de núcleo, é proposto o plantio de vegetação que esteja adequada ao clima local, ser de espécie nativa da região, possuir porte adequado ao espaço disponível, ter desenvolvimento rápido, não apresentar princípios tóxicos acentuados com baixa toxidade, não apresentar principio alérgicos; o córrego deverá receber uma aumento de callha em toda sua extensão, além de alargamentos que funcionaram como uma sucessão de lagos que se abrem e se fecham, aumentando assim a capacidade de armazenamento na área, e também deverá receber um tratamento de despoluição com a limpeza de suas margens, como também a criação de oficinas para população de conscientização ambiental. Na faixa de preservação será inserida uma pista de caminhada e ciclovia, juntamente com pequenas ilhas com equipamentos de alongamentos e ginásticas e a inserção de áreas de descanso com bancos, bebedouros, pérgulas entre outros. Os espaços serão diferenciados através do desenho de piso, sendo sugerido o concreto intertravado com variações de cores. Esses equipamentos permitem promover a integração entre toda área de estudo através das margens do córrego Ribeirão Preto, desde do inicio da Jerônimo Gonçalves, passando pelo Parque Maurílio Biagi e por toda a extensão do Parque

191


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Linear, além de melhora a segurança no transito, de ser um meio de transporte não poluente e expandir os eixos de circulação entre as áreas vizinhas. Já na faixa de transição 1, foi proposta a definição de áreas precisas para as funções recreativas e esportivas, imaginando-as como seqüências desenhadas no chão, através de faixas ortogonais, marcadas pela diferenciação de pisos. Esses espaços foram implantados de acordo com o cruzamento entre os circuitos alternativos, sendo que essas áreas foram localizadas em virtude de estabelecer uma interação entre as duas margens do córrego, sendo essa interação promovidas pelo acesso através das passarelas-deck, além de determinação de usos

distintos

e

diferenciados

em

cada

área

de

implantação

desses

equipamentos.Esses equipamentos esportivos poderão ser quadras poliesportivas, quadras de petecas, pista de skate, parque infantil,

pista de patinação, entre

outros, além de centros de convivência, centros educacionais, entre outros. Foram propostas quatro passarelas-deck, que possuem uma dimensão suficiente para a permanência de usuários, com a implantação de bancos e mesas, para áreas de pesca alimentação, entre outros. A passarela será o elemento agregador não apenas do espaço de parque, mas de todo o conjunto construído.

De acordo com normas da Secretaria do Meio Ambiente, do qual exige vias de trânsito margeando o Parque Linear, foi indicada a implantação de uma via em sentido norte-sul, que fará margem ao Parque, juntamente com a avenida Caramuru,a gora transformada em uma via de sentido único. Essa proposta só foi possível com a reconversão da faixa de edificações existente entre o parque e a avenida Caramuru, em uma área de transição 2. Em toda a extensão dessas avenidas, como também na avenida Jerônimo Gonçalves é proposta a aplicação de técnicas de “Traffic Calming”. As medidas adotadas priorizam o conceito de acessibilidade universal assim como a segurança e o conforto dos pedestres em seus percursos e travessias, eliminando as barreiras arquitetônicas e ambientais, e favorecendo a integração social. Mesmo com os esforços em contrário a tendência é de intensificação do uso de veículos. Isso torna fundamental que os espaços urbanos sejam planejados de forma a amenizar seu impacto na qualidade de vida local.

192


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

Esses dispositivos combinados tornam as ruas mais seguras e calmas, seu uso é socializado entre os moradores e visitantes do local e evita-se o predomínio do fluxo de veículos e das correntes de tráfego. O veículo deixa de ter livre acesso e passa a ter seu acesso controlado e sua velocidade inibida por sinais, texturas e cores de piso, placas indicativas, ponto de ônibus, e balizadores de trafego. Assim, os pedestres são estimulados a circular e a sentir que o espaço passou a priorizar o pedestre, e não mais o veiculo. Também é proposta a elevação do nível das esquinas, nivelando calçadas e vias (traffic calm), pontuando e protegendo-as com balizadores de trafego, promovendo assim, uma maior integração entre os parques e o entorno, favorecendo a acessibilidade de pedestres em geral, sem, no entanto, prejudicar o entendimento da hierarquia das possibilidades de ocupação dos espaços coletivos. A faixa de transição 2, será reconvertida em torres de serviços e residências, sendo que, os edifícios encontram-se sobre pilotis, deixando o térreo com livre acesso, como se fosse uma extensão do parque linear, para a implantação de áreas verdes, praças, laminas d’água, áreas de alimentação e estacionamentos. Já as partes térreas edificadas, serão dedicadas, as entradas de cada edifício e pequenas áreas comerciais que funcionaram como atrativos para uso e geração de presença no espaço. Vale destacar que também é proposto subsolo de estacionamentos para atender tanto a área residencial, como a áreas de serviços e comerciais, sendo que poderão ser tanto públicos como privados. Nas torres de atividades ligadas a prestações de serviços possuem conexões aéreas entre elas, formando terraços e varandas, com a finalidade de criar mirantes, devido a visão proporcionada pela topografia para o parque linear, gerando uma circulação interna entre eles. Já as torres residenciais serão implantadas terraços e varandas individuais em cada apartamento e/ou coletivas em cada edifício. É importante ressaltar, que devido ao fato dessas torres encontram-se dentro de um parque linear, elas seguiram os princípios da arquitetura sustentável, com a inserção do elemento verde em toda a sua fachada, além do reaproveitamento de água e luz, uso de materiais ecologicamente viáveis, entre outros. 193


REQUALIFICAÇÃO URBANA EM RIBEIRÃO PRETO - SP

No parque também deverá ser implantados mini-postos policiais, localizados estrategicamente próximos às entradas, como também no interior do parque, e deverá possuir uma ronda 24 horas, para garantir a segurança e tranqüilidade dos seus usuários. A iluminação será destacada do entorno em sódio pela tonalidade branca em todo seu contorno, formando um contorno do parque e na circulação de pedestres que traçam retas marcadas por esta luz, sendo todas em postes de iluminação com fiação subterrânea. No interior do parque será utilizada uma iluminação mais intensa, com tons mais frios nas áreas dos equipamentos esportivos e recreativos. O local se transforma numa cena harmônica e hierárquica, onde existem espaços mais e menos luminosos, agregando e transmitindo segurança às pessoas. Esse complexo do parque linear, será transformado em grande espaço coletivo, que funcionará como referência para a cidade e será um lugar privilegiado para a pluralidade social. A área foi estruturada em eixos, circulações, usos e funções,,

através de uma parceria entre público e privado, do qual além de reurbaniza-la, possui o objetivo de criar um novo pólo de negócios para a região central da cidade, atraindo novas empresas, como também a volta da população ao centro.

194


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

01 DIRECIONAMENTO MUITO FORTE CONEXÃO MÉDIO

ESTREITAMENTO LATERAL FORTE

02 ESTREITAMENTO LATERAL FORTE REALCE FORTE

03 ALARGAMENTO MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO

04 CONEXÃO MÉDIO

ALARGAMENTO FORTE

05 REALCE MUITO FORTE

CONEXÃO MÉDIO

REALCE FORTE


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

REALCE MUITO FORTE

CONEXÃO MÉDIO

LATERAL DIREITO

06 PREPARAÇÃO ESTREITAMENTO MÉDIO

07 REALCE MUITO FORTE

REALCE MUITO FORTE ESTREITAMENTO LATERAL MÉDIO

08 PREPARAÇÃO ALARGAMENTO MÉDIO

ESTREITAMENTO MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO EFEITO EM Y FORTE

AMPLIDÃO MUITO FORTE EFEITO EM Y FORTE

09 ALARGAMENTO FORTE

10 AMPLIDÃO MUITO FORTE


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

ESTREITAMENTO MÉDIO EFEITO EM Y MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO

LATERAL DIREITO

11

12 REALCE MUITO FORTE

13 ESTREITAMENTO MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO

DIRECIONAMENTO FORTE

CONEXÃO MÉDIO IMPEDIMENTO FORTE

14

15 ESTREITAMENTO FORTE


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

ALARGAMENTO FORTE

EFEITO EM Y MUITO FORTE

16

17 ESTREITAMENTO MUITO FORTE

18 CONEXÃO MÉDIO

19 IMPEDIMENTO FORTE VISUAL FECHADA MUITO FORTE

20 EMOLDURAMENTO MUITO FORTE

DIRECIONAMENTO MÉDIO

LATERAL DIREITO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

21 REALCE MUITO FORTE

22 CONEXÃO MÉDIO

23 DIRECIONAMENTO MUITO FORTE

24 CONEXÃO FRACO

25 ALARGAMENTO LATERAL FRACO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

26 ESTREITAMENTO FRACO

27 CONEXÃO MÉDIO

28 CONEXÃO FRACO

29 ALARGAMENTO LATERAL FRACO

30 ESTREITAMENTO FRACO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

31 CONEXÃO MÉDIO

32 ALARGAMENTO FORTE

33 ESTREITAMENTO FORTE REALCE FORTE

34 VISUAL FECHADA FORTE

35 CONEXÃO MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL DIREITO

LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

AMPLIDÃO MUITO FORTE

DIRECIONAMENTO FORTE ALARGAMENTO FORTE

AMPLIDÃO MUITO FORTE

DIRECIONAMENTO MUITO FORTE

CONEXÃO MÉDIO EFEITO EM Y FRACO

DIRECIONAMENTO MUITO FORTE

36

37

38 ESTREITAMENTO LATERAL MÉDIO

39 ALARGAMENTO LATERAL MÉDIO

40 CONEXÃO FRACO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

41 ESTREITAMENTO FORTE

CONEXÃO MÉDIO

42 CONEXÃO MÉDIO

43 DIRECIONAMENTO FORTE

ALARGAMENTO FORTE

44 VISUAL FECHADA FORTE

ESTREITAMENTO FRACO

45 CONEXÃO FORTE

DIRECIONAMENTO MUITO FORTE


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

46 ESTREITAMENTO FORTE DIRECIONAMENTO FORTE

47 CONEXÃO MÉDIO IMPEDIMENTO MÉDIO

48 CONEXÃO MÉDIO ESTREITAMENTO LATERAL MÉDIO

49 ALARGAMENTO MÉDIO

50 EFEITO EM Y FORTE

CONEXÃO FORTE AMPLIDÃO FORTE

AMPLIDÃO FORTE


ESTAÇÃO

51

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

REALCE FORTE ESTREITA ENTO FORTE

REALCE FRACO

52 ALARGAMENTO FORTE

LATERAL DIREITO

EFEITO EM Y FORTE

53 EFEITO EM Y MÉDIO

54 ESTREITAMENTO FORTE

55 DIRECIONAMENTO MÉDIO


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

56 CONEXÃO MÉDIO

ALARGAMENTO MÉDIO

57 CONEXÃO MÉDIO

ESTREITAMENTO FORTE

58 ESTREITAMENTO LATERAL FORTE

IMPEDIMENTO FORTE

59 CONEXÃO MÉDIO

60 ALARGAMENTO MÉDIO

CONEXÃO MÉDIO

ALARGAMENTO FORTE


ESTAÇÃO

CAMPOS VISUAIS LATERAL ESQUERDO

FRONTAL

LATERAL DIREITO

61 CONEXÃO MÉDIO

62 MIRANTE FRACO

63 IMPEDIMENTO FORTE

64 REALCE FORTE

65

CONEXÃO MÉDIO DIRECIONAMENTO FORTE VISUAL FECHADA FRACO



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