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Não Há Outro Deus Como Este

O sonho do rei babilônico Nabucodonosor sobre uma grande estátua representando os impérios que dominariam esse mundo aumentou sobremaneira o orgulho do monarca, especialmente porque a Babilônia fora representada pela cabeça de ouro.

A exaltação do rei chegou a tal ponto que ele mandou construir uma estátua, igual a que havia visto no sonho, só que feita inteira de ouro, querendo demonstrar assim, que o seu reino jamais deixaria de existir. Foi ainda mais além: convocou todos os líderes do império para a consagração daquela imagem, exigindo em seguida que todos os que estavam presentes ali se prostrassem e adorassem a imagem.

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Essa história está relatada no capítulo três de Daniel. Ali encontramos o relato de que ―todos os povos‖ presentes naquela cerimônia ―se prostraram e adoraram a imagem de ouro‖ (v. 7), com exceção dos três amigos de Daniel – Sadraque, Mesaque e Abede-Nego – os quais foram chamados imediatamente à presença do rei por sua insubordinação.

―É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?‖ (verso 14), perguntou o monarca, o qual sem vacilar foi logo decretando: ―Agora, pois, estai dispostos e... prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?‖ (v. 15).

Digno de elogio é a resposta daqueles três hebreus: ―Ó Nabucodonosor, quanto a isso não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste‖ (Dn 3:16-18).

―Então, Nabucodonosor se encheu de fúria‖ e ―ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava. Ordenou aos homens mais poderosos do seu exército que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha de fogo ardente‖ (v. 19 e 20). As ordens foram prontamente cumpridas pelos oficiais, e então, dois fatos ocorreram em seguida:

1-

―As chamas do fogo mataram os homens que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego‖ (v. 23).

2―O rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa... e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e, o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses‖ (v. 24 e 25).

Depois que os três hebreus saíram da fornalha, vários líderes e conselheiros do rei ―viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram nem o cheiro de fogo passara sobre eles‖ (v.27).

Aquele rei pagão não se conteve diante de tal milagre e disse: ―Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus. Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa livrar como este‖ (v. 28 e 29).

Paralelo entre Daniel 3 e a crise final

1) Ao construir aquela imagem de ouro, Nabucodonosor estabeleceu a união entre a política e a religião. A política foi representada pelo metal escolhido, o ouro (símbolo da Babilônia). A religião pagã estava representada nas medidas da estátua – 60 côvados de altura e 6 côvados de largura. ―Os números seis, sessenta, seiscentos e seus múltiplos eram preeminentes na antiga Babilônia... Sessenta era o número usado como símbolo do supremo deus no panteon... Seis era o número mais baixo usado para um deus, enquanto que seiscentos compreendia a totalidade dos deuses ou espíritos do mundo inferior e superior, o Igigi e o Anuaki. O número seis e seus múltiplos tornaram-se por causa disto preeminentes na ciência e na astrologia babilônica e dali se transportaram até os nossos dias. Desta maneira havia sessenta segundos em um minuto e sessenta minutos em uma hora, com doze horas no dia e doze meses no ano. O círculo da terra e do sol foi dividido em trezentos e sessenta graus‖. 10 Da mesma forma, o Apocalipse revela que ocorrerá uma união entre política e religião nos eventos finais do mundo: ―E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta. A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome‖ (Ap. 13:15-17).

2) Aqueles três hebreus que se recusaram adorar a imagem de ouro receberam a pena de morte e foram lançados na fornalha de fogo. Assim também, nos eventos finais, aqueles que não adorarem a imagem da besta (união político-religiosa que estabelecerá o Decreto Dominical) serão presos e muitos condenados à morte (Ap. 14:15). A questão da fornalha de fogo tem um paralelo especial nos eventos finais: ―No dia da Sua vinda, a última grande trombeta é ouvida, e há um terrível estremecimento da Terra e do Céu. A Terra inteira, das mais elevadas montanhas às

10 Edwin R. Thiele, Apocalipse – Esboço de Estudos, p.149.

mais profundas minas, ouvirá. Tudo será atravessado pelo fogo... Todos os justos são poupados das chamas. Podem caminhar através do fogo, como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caminharam no meio da fornalha sete vezes mais aquecida do que era normalmente‖ .

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3) A resposta daqueles três jovens ao monarca pagão, e o que aconteceu em seguida dentro da fornalha revelam o segredo para aqueles que desejam alcançar a vitória na crise final: eles conheciam intimamente o Deus que serviam! ―Se o nosso Deus... quer livrar-nos, ele nos livrará‖ (Onipotente – Ele pode tudo). ―Se não... [mesmo assim] não serviremos a teus deuses‖ (Onisciente – Ele sabe o que é melhor para cada um). ―Eu, porém, vejo quatro homens soltos... e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses‖ (Onipresente – Ele está em todos os lugares mesmo nos momentos de crise).

Finalmente, naquele grande dia da Volta de Cristo muitos poderão dizer como fez Nabucodonosor: ―Não há outro Deus que possa livrar como esse!‖ (Dn 3:29).

11 EGW, Olhando para o Alto, p. 255 (Meditações Matinais, 1983).

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