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corrente contínua Ano XXXI - Nº 225 - Março/Abril - 2009

A REVISTA DA ELETRONORTE

Reservatórios hidrelétricos: fontes de gases ou sumidouros de carbono? Eletronorte


sumário

RESPONSABILIDADE SOCIAL Em Tucuruí, cooperativas geram renda e esperança Página 3

ENERGIA ATIVA Planejamento estratégico: guia para o futuro Página 17

GERAÇÃO Inventários e viabilidades: uma questão de princípios Página 8

CIRCUITO INTERNO Selo Pró-Equidade: a marca que pode mudar a história Página 21

TRANSMISSÃO Repasse de ativos de baixa tensão às distribuidoras contribui para o resultado financeiro da Eletronorte Página 26

MEIO AMBIENTE Ensaios para a sustentabilidade Página 32

CORREIO CONTÍNUO Página 45

FOTOLEGENDA Página 47

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SCN - Quadra 06 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2 CEP: 70.716-901 Asa Norte - Brasília - DF. Fones: (61) 3429 6146/ 6164 e-mail: imprensa@eletronorte.gov.br site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

AMAZÔNIA E NÓS “Quem foi ao Pará parou, tomou açaí ficou” Página 39

Diretoria Executiva: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa – Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação Empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - Equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298-RS) - Assessorias de comunicação das unidades regionais - Fotografia: Alexandre Mourão - Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de comunicação das unidades regionais - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Foto da capa: Rony Ramos - Arte da contracapa: Sandro Santana - Tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral.


Érica Neiva Um dia de cada vez. Ninguém nasce sabendo. A vida é um imenso laboratório aonde alguns fatores como o tempo e as experiências nos conduzem ao amadurecimento. A busca pelo aprendizado pode ser um processo planejado ou chegar de maneira inesperada, mas nem por isso menos construtiva. Maria do Socorro Oliveira (foto à direita), moradora de Itupiranga, no Estado do Pará, é uma dessas mulheres para quem o trabalho no cooperativismo trouxe mudanças significativas. Filha de expropriados das terras onde se formou o lago da Usina Hidrelétrica Tucuruí, Maria do Socorro desconhecia o conceito de cooperativa quando, em 2006, foi convidada a ser vicepresidente de uma. Em 21 de janeiro de 2008, no entanto, um incidente com o presidente da cooperativa fez com que Socorro ocupasse o cargo. “Estou trabalhando seguindo o projeto que foi aprovado. A Eletronorte deu explicações, tivemos reuniões, treinamentos e palestras sobre cooperativismo. Sem isso jamais teria conseguido, pois não sabia mesmo”, afirma. A Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Itupiranga é constituída

por 290 famílias. O projeto principal é a criação de peixes em tanques escavados, para o qual está sendo construída uma pequena barragem, seguida da escavação de 40 tanques com extensão de 15m x 45m, totalizando 2,7 hectares de viveiros, destinados à criação de pirapitinga. A Cooperativa decidiu pela diversificação do projeto em subprojetos - horta comunitária, produção de mudas, criação de aves e fruticultura. Para agregar valor à produção, comprou-se uma despolpadeira para processar diversos tipos de frutas e uma ensacadeira com dosador para que as polpas sigam direta-

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Em Tucuruí, cooperativas geram renda e esperança

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Cooperativismo: decisões, projetos e renda divididos

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mente para os estabelecimentos comerciais. A Cooperativa conta com sede própria, móveis, equipamentos e um terreno de 11 alqueires. Os investimentos chegam a R$ 1,2 milhão. Para o cooperado José Oliveira de Sousa (ao lado), 72 anos, a vida em Itupiranga apresenta sinais de melhora. “Está melhor do que antes, mas precisamos ter paciência. A vida mudou, há recursos, a produção está sendo vendida. Temos de tudo – polpa de murici, cupuaçu, cajá, acerola. Plantamos hortas, mandioca, abacaxi, maracujá, milho, feijão, arroz, macaxeira. Daqui a poucos dias já teremos frango e milho”, destaca.

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Proset – o município de Itupiranga (PA) está entre os sete onde foram criadas cooperativas - Tucuruí, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Breu Branco e Goianésia -, fruto do Programa Social para os Expropriados de Tucuruí – Proset. O Programa, criado e financiado pela Eletronorte, é formado por cerca de 600 famílias atingidas pelo enchimento do reservatório, no início da década de 1980. É destinado a criar mecanismos de organização, dinâmica e coletividade da produção dos expropriados e seus beneficiados, com o objetivo de emancipá-los por meio de projetos para a geração de emprego e renda. “A ideia do sistema de cooperativas existiu desde o início. Separamos as famílias por grupo e fizemos um diagnóstico considerando renda, grau de escolaridade, recebimento de bene-

fícios e também as preferências de trabalho. Esse estudo ajudou na criação dos projetos que deram origem às cooperativas”, relembra o coordenador do Proset em Tucuruí, Francisco de Assis Barros (abaixo). Assis esclarece que as pessoas residentes nas áreas impactadas foram remanejadas e indenizadas pela Eletronorte na época da construção da Usina. “Elas acreditaram, porém, que a maneira adotada pela Empresa não havia sido adequada e reivindicaram novas compensações financeiras pelas desapropriações. Houve uma série de negociações até que ficou acordado, em setembro de 2004, o pagamento de mais R$ 7 mil por cada processo. Como não havia natureza indenizatória, uma vez que todos os processos estavam prescritos pelo decurso do prazo, nasceu como resultado das negociações, em 2005, o Proset”, explica.


Plantar, criar e colher - Falar da terra para Júlio Oliveira (abaixo) é como falar da vida, do nascimento, da sobrevivência. Filho de expropriado, seus 40 anos de idade representam o tempo de luta e labuta com a plantação, cria-

ção de animais, enfim, com a vida no campo. Pai de três filhas, trabalha há seis meses na Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Jacundá em atividades como montagem de estufa, plantação, colheita e serviços de limpeza. Com planos de continuar na Cooperativa, Júlio descreve um pouco do seu dia-a-dia. “Desde que nasci, trabalho com roça. Comecei na terra do meu pai. Acompanho a Cooperativa desde o início. No começo foi difícil,

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Passaram a fazer parte do Programa apenas aqueles indenizados anteriormente e que estivessem morando no entorno do lago. Assim, foram reduzidos de 5,7 mil para exatos 3.015. O repasse dos recursos foi dividido em duas partes. Primeiro, foi pago o valor de manutenção temporária, R$ 200,00 mensais durante 20 meses, para treinar os expropriados em cooperativismo. Num segundo momento foram repassados R$ 3 mil para a implementação dos projetos em que cada família iria trabalhar, originando as cooperativas. “A Eletronorte já repassou duas parcelas referentes a esta segunda etapa. Estamos aguardando a prestação de contas para darmos início ao pagamento da terceira parcela. Foram repassados também R$ 100 mil a cada uma das seis cooperativas para a aquisição de uma sede com toda infraestrutura necessária, pagamento de impostos e tarifas, e contratação de empregados no primeiro ano de funcionamento”, esclarece o analista ambiental, José Luis da Silva Pereira (acima, à direita).

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mas de três meses para cá melhorou 100%. Temos plantação de mandioca, maracujá e milho; finalizamos a colheita de melancia, e agora estamos fazendo tanques para criação de peixes. Também estamos preparando estufas para plantação de hortaliças – couve, alface, cebolinha, coentro e rúcula. Plantar, criar e colher é motivo de orgulho. Acredito que a Cooperativa vai mudar muita coisa. Precisamos acreditar na força que temos e continuar”, reflete. Com uma propriedade de aproximadamente 52 alqueires e 418 famílias associadas, a Cooperativa de Jacundá tem como carro-chefe o plantio de mandioca. A colheita, realizada em abril, foi de 4.250 toneladas em 2009, um rendimento de R$ 700 mil reais. Existem 1,2 mil pés de maracujás produzindo e fornecendo aos supermercados mais de três toneladas por semana. A primeira safra de melancia produziu 27 toneladas. Há também plantio de abacaxi, mudas de mamão, limão, coco da praia e cerca de 40 mil pés de açaí que ajudarão na formação de reserva legal. Como estrutura, a Cooperativa conta com uma sede própria, máquinas, trator, implementos, duas casas e galpão para ferramentas. Já foi investido R$ 1,7 milhão. Para o presidente da Cooperativa, José Martins Silva Filho (acima), a entidade é uma espécie de novo horizonte que começa a ser visto pelos seus associados. “No início, 90% dos cooperados eram contrários ao projeto. Hoje a mentalidade está começando a mudar. Estamos trabalhando para que esse grupo de pessoas tenha uma renda continuada. Agora eles têm uma Cooperativa, são micro-

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empresários. A Eletronorte não está apenas fazendo um pagamento indenizatório, mas também um projeto social. Eles possuem uma cidadania a partir do que a Empresa proporcionou”, afirma. Filha de expropriados e secretária do Conselho Administrativo da Cooperativa de Jacundá, Maria Deuzanilia Pinto (abaixo) reafirma o compromisso dos associados: “Antes, muitos não acreditavam no projeto. Hoje você faz uma reunião e comparece mais da metade. Estão vendo que existe produção. Houve dificuldades para montar. Depois de montado é trabalhar e trabalhar para produzir. Tudo depende do trabalho. A tendência agora é só crescer. É um futuro que vemos para os nossos filhos”, destaca. Economia solidária – O papel da Eletronorte sempre foi mais que gerar e transmitir energia elétrica. O meio ambiente, a tecnologia e a responsabilidade social são pilares presentes em sua atuação na Região Norte. Para o diretor de Planejamento e Engenharia da Empresa, Adhemar Palocci, o Proset é uma referência no trato das questões sociais. “Estamos muito otimistas em relação ao resultado do Programa. Incentivamos a criação das cooperativas para que elas assumam o seu próprio desenvolvimento. Vamos continuar apoiando, mas agora numa perspectiva de quebrar a dependência da Eletronorte. A Empresa sempre teve uma preocupação social com o resgate da cidadania. Esse trabalho que fazemos, além de contribuir na mitigação de problemas socioambientais, insere-se na perspectiva da responsabilidade social”, analisa. O Proset passa por uma nova fase no sentido de iniciar a agregação de conceitos como economia solidária, mercado justo e produção orgânica. A expectativa é de que seja assinado, ainda no primeiro semestre de 2009, um acordo de três anos entre o governo brasilei-


Diversificação e alternativas para os associados

ro, por intermédio da Eletronorte, e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, que possui experiência com questões socioambientais de impactados por usinas hidrelétricas, a exemplo do trabalho realizado em Itaparica, entre Pernambuco e Bahia, no Rio São Francisco. O IICA vai acompanhar a implantação dos projetos das cooperativas, oferecendo suporte técnico por meio da alocação de profissionais, como agrônomos, zootecnistas, veterinários e engenheiros florestais. O Instituto também vai oferecer suporte legal e administrativo na gestão das cooperativas.

É a Cooperativa mais numerosa, com 759 famílias associadas; e com mais recursos, cerca de R$ 3 milhões. Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Breu Branco e Goianésia – Dedica-se à produção de horta comunitária e grãos - milho, feijão e mandioca. Constituída por 335 famílias, a Cooperativa dispõe de sede própria, um terreno de 42 alqueires, trator e caminhão. No local está sendo construída uma pequena barragem, onde serão instaladas rodas d’água para irrigação de toda a propriedade. Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Nova Ipixuna - Decidiu pela compra e instalação de uma usina de beneficiamento de arroz para atender a pequenos produtores da região. Com 22 famílias cooperadas, a associação conta com sede própria. Para o presidente da Cooperativa, João de Souza Pereira, “apenas a comercialização não iria sustentar nosso projeto por muito tempo. O beneficiamento de arroz e a melhoria da nossa produção é que farão com que nossa cooperativa cresça e que nosso produto apareça no mercado”, destaca. O Proset caminha a passos largos no intuito de fortalecer as cooperativas, possibilitando autonomia financeira, técnica e administrativa. Para Francisco de Assis, o seu sonho de vida e projeto profissional é ver o Proset concluído. “Acredito que minha última atividade na Eletronorte é o Proset, pois já devia estar aposentado. Peço a Deus que possa concluílo. Sem dúvida, o Programa será um modelo não apenas para futuros empreendimentos do Sistema Eletrobrás, mas para todos aqueles que desejam saber como se conduz de forma satisfatória e produtiva um projeto social” finaliza.

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Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Tucuruí – Focada na criação de peixes em tanques-rede, possui um parque aquícola na região do Caraipé, no lago da Hidrelétrica Tucuruí. Dos 200 tanques lançados, 115 já estão povoados. Na Semana Santa foi comercializada a primeira produção de cerca de nove mil toneladas de peixes. Com 519 famílias associadas, a cooperativa possui um pequeno barco, uma caminhonete e sede própria. Para o presidente, Euclides Ferreira, “é necessário que os filiados à Cooperativa participem e acompanhem melhor o trabalho. Afinal, é com o envolvimento de todos que o projeto encontrará força para continuar a crescer”. Cooperativa Agroindustrial dos Expropriados de Novo Repartimento – Atua como agente facilitador na comercialização de gado e cacau, eliminando a ação do atravessador e propiciando um incremento de renda às famílias. Estão sendo plantados mandioca, milho, açaí e hortas comunitárias. Fazem parte do patrimônio da Cooperativa uma sede, um caminhão, trator e implementos.

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GERAÇÃO

Inventários e viabilidades: uma questão de princípios

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Byron de Quevedo

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Diz o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis: “Chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom”. Mais adiante, Ele mesmo, após criar o mundo, precisou repor energias: “E viu Ele que o descanso era bom...”. A mesma preocupação teve o homem, que, às voltas com a geração de eletricidade, criou o inventário dos rios e viu que era bom, principalmente para extrair da natureza seu potencial sem depredá-la. Hoje, estamos cercados de boas energias, que usamos tornando possível a vida. É consenso entre os técnicos do Setor Elétrico ser aquela advinda das hidrelétricas “uma providência divina”: renovável, limpa e provedora de reservas

aquíferas para milhares de espécimes. Em outros tempos, construídos simplesmente por entendê-los imprescindíveis, os projetos hidrelétricos percorrem hoje rosários de obrigatoriedades extraoficiais e legais que até Deus duvida. Há realizações, mas nem sempre na rapidez que a sociedade exige. No momento, a Aneel conduz 105 inventários com potencial de até 14 mil megawatts, um acervo energético fundamental. O Brasil foi abençoado com um potencial hidráulico de 260 mil megawatts reunidos em nove bacias, um verdadeiro milagre. Porém, destes, 73,3 mil megawatts ainda precisam ser inventariados. E por que os projetos são lentos? Bem, ouçamos as vozes dos homens de boa vontade.


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divisoras das bacias. O chamado Parque das Águas Emendadas (DF), por exemplo, na Chapada dos Veadeiros, despeja suas águas nas bacias dos rios São Francisco, Tocantins e Paraná. Isto acontece porque na região central do País está o ponto de maior altitude, onde brotam esses mananciais. Para se conhecer o potencial hidráulico das bacias devem-se estudar os possíveis aproveitamentos hidrelétricos desde a nascente e os afluentes até a foz no oceano, quando for o caso”, explica Rufato.

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Inventaram o inventário - A história da hidroeletricidade inicia-se com o inventário dos rios. O Superintendente de Expansão da Geração da Eletronorte, Luiz Fernando Rufato, (acima, à esquerda ao lado de Arnaldo Ferreira), relata que o Brasil desconhece o seu real potencial energético e consequentemente não sabe qual a sua capacidade de geração. Daí a necessidade de se inventariar bacias e rios. Por exemplo, a Bacia do Tapajós são todos os rios que correm para o seu leito principal. “Há elevações geográficas

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Aproveitamento ótimo – Antigamente, o Manual de Inventário Brasileiro dava maior importância à potencialidade energética dos rios. Hoje, o ‘aproveitamento ótimo’ leva em consideração outros fatores. “Por exemplo, no estudo do Aproveitamento Hidrelétrico São Luiz do Tapajós, no Rio Tapajós, próximo a Itaituba, no Pará, a opção para obter a maior quantidade de energia seria fazer o empreendimento com um barramento alto, com 80 metros de queda, podendo gerar até 11 mil MW, mas isto provocaria inundação de parte do Parque Na-


Pequenos e médios aproveitamentos - Pequenas centrais hidrelétricas - PCHs, são alternativas para resolver problemas de microrregiões. Cada situação geográfica representa arranjos específicos. Não há como aplicar um projeto em outro lugar, mas é possível usar as boas soluções em projetos diferentes. Técnicos do setor apontam como alternativa à construção de grandes barragens, por exemplo, a reunião de pequenos e médios aproveitamentos, o que evitaria maiores impactos ambientais. Mas cada caso é um caso. Rufato explica que em relação a Belo Monte, com seus 11.233 mil MW de potência instalada, não se poderia trocála por 100 pequenas e médias hidrelétricas, pois o volume total de todos os reservatórios seria maior do que o do lago previsto, de apenas 516 km². “Não é sempre indicado fragmentar grandes aproveitamentos, pois a geografia e a geologia das regiões normalmente não permitem. A fragmentação também dificulta a logística e a alocação de mão-de-obra”, comenta.

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cional da Amazônia. Optou-se então por fazer a divisão dessa usina em dois aproveitamentos, reduzindo significativamente a área alagada. Perdemos capacidade energética, mas ganhamos um aproveitamento econômico e ambientalmente viável”, detalha Rufato. Segundo ele, outro benefício de usinas hidrelétricas com reservatório, em vez daquelas a fio d’água, é tornar os rios navegáveis por sistemas de eclusas, como em Tucuruí. Em outros empreendimentos são buscadas soluções tecnológicas inovadoras, como em Belo Monte, no Rio Xingu, onde a água necessária para a geração será desviada por dois canais até a casa de força, preservando a chamada Volta Grande do Xingu. No inventário do Rio Tapajós foram estudadas 13 alternativas. A propósito, os critérios do Manual de Inventário do Setor Elétrico, versão 2006/2007, vêm sendo modernizados. No levantamento aéreo, por exemplo, tudo deve ser demarcado em escalas mínimas de 1/5000 ou 1/10.000, realçando as curvas de níveis e com a representação gráfica do empreendimento.

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Vertedouros – Outra questão importante levantada por Rufato são os custos dos vertedouros. Por exemplo, pode-se fazer uma usina de 1.200 MW no Rio Araguaia, ou cinco usinas de 240 MW. “Se adotássemos esta opção teríamos que construir cinco vertedouros com igual capacidade, pois o rio passará por todos com o mesmo volume de água. O critério de se fazer um vertedouro advêm da análise do rio, acometido, hipoteticamente, por uma cheia decamilenar (ocorrente a cada dez mil anos), verificando sua capacidade de vazão e o comportamento do vertedouro numa cheia extraordinária, com a casa de

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força fechada. A Usina Hidrelétrica Tucuruí, por exemplo, suporta 110 mil metros cúbicos de água por segundo. A maior cheia até hoje, após 25 anos de operação, foi de 62 mil m³/s. Se fizéssemos essa usina mais abaixo, só com três mil MW instalados, e outra barragem acima, teríamos de construir outro vertedouro com igual capacidade, e aí se perderia energia e encareceria a edificação”. Reservatórios - Os técnicos do Setor Elétrico chamados barrageiros amam belos lagos. Já os colegas dos órgãos ambientais não são tão românticos assim, gostam de cascatas.


servatórios representam ‘energia líquida guardada’. “Se alguns ambientalistas optam por usinas a fio d’água, ou seja, sem reservatórios, abrem mão de uma reserva estratégica de água e de energia. Por exemplo, Belo Monte tem uma queda de 90 metros e um pequeno reservatório. É diferente de Tucuruí, que ganhou um lago como caixa d’água. Por isto o nível das águas pode baixar até 20 metros, que a Usina continua gerando, mesmo na estiagem”. Regime hidrológico – De acordo com Arnaldo, um estudo sério de inventário considera uma gama de estudos que vão da socioeconomia e topografia ao meio ambiente e geologia. “A princípio, o inventário tem características regionais, mas na fase dos estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental do empreendimento, os dados recolhidos na primeira etapa são aprimorados. Na fase de viabilidade acontecem as audiências públicas, quando os estudos são discutidos com as comunidade e entidades envolvidas, e por isto devem ter excelente qualidade”, explica. Os estudos de inventário e viabilidade sempre levam em consideração os regimes hidrológicos diferenciados existentes no Brasil. Num período do ano, os reservatórios do Norte e Nordeste do País estão cheios, e noutro, vazios; enquanto os do Sul e Sudeste estão vazios e vice-versa. Não é possível deslocar os reservatórios, mas a energia pode ser transportada por meio do Sistema Interligado Nacional – SIN. Para os rios amazônicos, de grandes volumes d’água, os aproveitamentos estudados são acima de 100 MW, nas bacias do Araguaia, Tocantins, Xingu, Tapajós, Madeira e seus afluentes principais. No caso do rio Jamanxim, um afluente do Tapajós, por exemplo, podem-se ter aproveitamentos ótimos com um reservatório de apenas 74 km², para uma potência de até 880 MW. EIA/Rima - A Eletronorte estuda 13 situações em diferentes rios onde há potencial para se instalar vários aproveitamentos. O inventário do Rio Tapajós, concluído em 2008, já foi entregue à Aneel. Em paralelo com o estudo de viabilidade deverão ser feitos o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, e o Relatório de Impacto de Meio Ambiente - Rima. O primeiro é mais compacto e o segundo mais detalhado. Ambos são obrigatórios e devidamente encaminhados aos órgãos ambientais para a obtenção do licenciamento da obra, a Licença Prévia. (continua na página 16)

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Barrageiros admiram as usinas com reservatórios, não os gigantescos, mas os razoáveis, porque, explicam, só se gera energia se houver demanda. Tudo acontece e é possível a partir da identificação pelos estudos de inventário de uma situação onde se confrontam vazões e quedas que permitam armazenar água e fazê-la cair de certa altura para acionar as pás das turbinas, as máquinas geradoras de eletricidade. Arnaldo Ferreira da Costa, engenheiro civil da Gerência de Estudos e Projeto Civil de Obras de Geração da Eletronorte, diz que não há como se armazenar eletricidade, mas os re-

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“Deve-se achar o melhor para sociedade” A Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, tem tido um papel fundamental na execução do atual modelo do Setor Elétrico brasileiro, agindo no sentido tanto de aprovar os estudos de inventário e viabilidades de obras de geração e transmissão, quanto promovendo os leilões para a construção e operação desses empreendimentos. Conversamos com o superintendente de Gestão e Estudos Hidroenergéticos da Aneel, Jamil Abid. Confira. Como a Aneel atua em relação aos projetos prioritários do PAC? A Aneel é uma agência reguladora vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada a ele. O PAC é um programa de governo como são também o Proinfa e o Luz Para Todos, por exemplo. Nós atuamos na regulação do Setor Elétrico e, portanto, não temos distinção entre projetos. Há situações em que, em função do avanços dos estudos, priorizamos, como o inventário do Rio Tapajós. Dada a sua potencialidade e importância para o País passamos a avaliálo. Nossa carteira tem três critérios de prioridade: estudos de inventário com potência até 50 MW, que contempla a maioria dos inventários; aqueles com potências acima de 50 MW; e nestes, os estratégicos. Por exemplo, o estudo do Tapajós passou à frente dos demais já contemplados porque foi considerado relevante e estratégico pelo que ele acrescentará ao Brasil. É evidente que pelo fato do projeto estar no PAC já demonstra ser estratégico.

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A Aneel tem estrutura para dar fluxo à aprovação dos estudos de inventários? Este é o nosso maior problema. Temos apenas 17 especialistas para analisar estudos, sejam de inventários, viabilidade e projetos básicos, de pequenos, médios e grandes empreendimentos. É uma equipe pequena para dar fluxo a toda essa demanda. E temos três técnicos responsáveis pelos estudos das grandes obras do PAC. Precisamos de mais especialistas, sem dúvida.

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Qual o potencial brasileiro em hidreletricidade? Hoje estamos com 27% da matriz energética de fonte hidráulica explorada. Temos 72% para explorarmos, mas alguns rios não terão projetos hidrelétricos. O projeto Canambra, nas décadas de 60 e 70, mapeou o potencial hidráulico do País, estimado então em 260 mil megawatts. Porém, a possibilidade de viabilizar esse volume deve ser mais bem avaliada. Nesse contexto, há os remanescentes: o que foi estimado; aqueles que precisam ser inventariados; o que já foi inventariado e agora está em fase de estudos de viabilidade; o que está em projeto básico; em construção e até aqueles em operação.


Há sobreposição de papeis entre os agentes do setor? A princípio não. A atribuição legal da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, por exemplo, é preparar e verificar os estudos de viabilidade, se estão em condições de serem licitados. Os agentes públicos como a EPE, Eletronorte, Furnas e outros, se quiserem desenvolver estudos de inventário ou de viabilidades, devem seguir a mesma regra dos agentes privados. Estamos ajustando os campos ideais de atuação para não haver confronto. Quem estabelece os prazos para a realização dos inventários são os agentes, mediante solicitação de registro na Aneel. Só estabelecemos os prazos para as PCHs. Hoje, pela Resolução 343, o agente tem um prazo de no máximo 14 meses para apresentar um projeto básico. Dependendo da complexidade, uma obra pode durar até três anos ou mais. Porque os projetos hidrelétricos emperram? Não emperram simplesmente. Às vezes pode ser uma questão de estratégia. Tivemos no final da década de 1990 um cenário onde o mercado buscava alternativas para desenvolver a matriz energética, o que causou retração no desenvolvimento desses estudos. Os agentes privados tinham horizontes no curto prazo. Após a criação da EPE, se retomou o planejamento em curto, médio e longo prazos. Creio que o pior já passou. A aprovação de estudos acabou ficando comprometida por quase uma década e isto repercutiu nos quatros anos recentes. Não tínhamos estudos aprovados em condições de serem licitados. E os poucos que havia passaram pela questão ambiental. Agora procuramos trabalhar antecipadamente e juntos, tanto na gestão dos recursos hídricos, quanto no licenciamento ambiental.

As concessões das grandes hidrelétricas estão vencendo. Como se pensa em enfrentar a questão? Provavelmente, teremos novas licitações para os interessados que farão uso desses bens públicos já amortizados, e que com o fim da concessão se revertem para a União. É necessário definir como ficará a operação, a manutenção e o custo de todo esse acervo. Não é matéria fácil, prova disto é que o Ministério de Minas e Energia tem um grupo específico estudando o assunto. Os nossos grandes empreendimentos são da década de 60 a 80 e tem longevidade, e isto terá desdobramentos. Seja qual for a solução, ela deverá colaborar para a modicidade tarifária, beneficiando o consumidor final. Modicidade tarifária não significa necessariamente abaixar ou reduzir as tarifa: é a melhor tarifa para usufruir de um serviço público. Deve-se achar o melhor para sociedade como um todo, consumidores e investidores.

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Existe interação entre a Aneel e os órgãos ambientais? Uma de nossas prerrogativas legais é fazer essa articulação tanto com os órgãos ambientais, quanto com os órgãos de recursos hídricos e outros integrantes do processo. Os órgãos ambientais reclamam de tomarem conhecimento dos estudos depois de aprovados, e isto tem certa razão de ser, por não estarmos atuando com a articulação que se faz necessária. Interagimos com a Agência Nacional de Águas – ANA, Ibama e órgãos estaduais, para os estudos avançarem em paralelo. A Aneel tem as suas competências e limitações. Não podemos entrar na esfera ambiental, mas podemos contribuir para que os processos avancem tecnicamente sendo avaliados ambientalmente também. As nossas aprovações, por exemplo, dos estudos de viabilidade, só são efetivadas em um despacho formal, indo posteriormente a leilão, com a obtenção da Licença Prévia do órgão ambiental, e da Licença de Reserva de Disponibilidade Hídrica, emitida pelo gestor de recursos hídricos. É necessária a conjugação de esforços.

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até o último trecho, com vistas a escolher um bom aproveitamento, com um potencial de 200 megawatts instalados”. Juruena, 46 MW, e Cachoeirão, com 72 MW, são aproveitamentos no Rio Juruena, em Mato Grosso, em fase de obtenção da Licença Prévia e serão construídos pela Eletronorte em parceria com o Grupo Maggi. “As obras estão inseridas no Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, do Governo Federal, e se conectarão ao sistema de transmissão matogrossense, já que o e Estado se tornou, nos últimos três anos, um exportador de energia, em virtude das novas linhas construídas e em construção”, comenta Wilson.

Medições de Segundo o coordenador de Viabilização de cotas são um dos estudos Negócios da Eletronorte, Wilson Fernandes de fundamentais Paula (abaixo, ao lado de Luiz Cláudio de Olido inventário veira, à direita), os fatores determinantes para

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se construir uma hidrelétrica são o custo, a capacidade instalada, a viabilidade e o meio ambiente. Soluções ambientais mal resolvidas geram dificuldades posteriores. “É por isto que estamos detalhando os estudos de viabilidade. Por exemplo, para Torixoréu, com 400 MW, situado no Rio Araguaia, na divisa dos estados de Mato Grosso e Goiás, que terá seus estudos concluídos em 2010. Estamos fazendo também o inventário do Rio Itacaiunas, um afluente do Tocantins, que deságua próximo a cidade de Marabá. Trabalhamos com a divisão da escada do rio desde a foz

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Reservas estratégicas – Por falar em novas linhas de transmissão, é interessante recordar, também ao abordar inventários de bacias hídricas, que apenas dois sistemas da Interligação Norte-Sul, que liga Tucuruí a Brasília, adicionaram o equivalente a uma nova usina de 3.200 MW. Segundo Luiz Cláudio de Oliveira Coutinho, gerente de viabilização de Negócios de Geração da Eletronorte, “toda usina construída com formação de lago aumenta esse reservatório geral equivalente. Curiosamente, estão sendo licenciadas termelétricas à base de óleo combustível e até nucleares, enquanto as licenças para hidrelétricas têm demorado sobremaneira. A França esgotou o seu potencial hidrelétrico, e agora esta usando a geração nuclear. A EUA, sem outras opções, estão instalando usinas nucleares. E nós só usamos 40% do nosso potencial hídrico. Se não vamos ter hidrelétricas teremos o quê? As eólicas, uma energia complementar, são apenas para regiões onde há ventos suficientes. Não conheço nenhum caso de hidrelétrica desativada. Muitas são recondicionadas e estão funcionando há mais de 120 anos, como a Usina do Grupo Rede, em Bragança, (SP). O apagão de 2001 era para ter acontecido cinco anos antes. Não ocorreu porque nossos reservatórios de água eram suficientes para cinco anos de geração. Ao optarmos por usinas a fio d’água, também estamos tomando uma direção perigosa. É incompreensível abrirmos mão dos grandes reservatórios no momento em que estamos prestes a uma crise mundial de suprimento de água e de energia”. Ele estará certo? Esperamos continuar citando o Gênesis, para que não possamos estar em breve citando o Apocalipse. Que Deus nos ilumine!


César Fechine Corria o ano de 1978, quando foram iniciadas as obras na Usina Hidrelétrica Tucuruí para a implantação do sistema de transmissão em 500 kV que interligaria os sistemas Norte e Nordeste. O engenheiro José Antônio Corrêa Coimbra, empregado de carreira da Eletronorte, atualmente exercendo a função de chefe de Gabinete do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, lembra que os paraenses enfrentavam problemas no abastecimento de energia naquela época. “Eu trabalhei na interligação. Quando Tucuruí estava em construção, Belém sofria com racionamento de energia e foi decidido pelo governo antecipar a interligação Norte/Nordeste no sentido inverso, trazendo energia para atender Belém. Só depois, com a entrada em operação de Tucuruí, é que o fluxo de energia foi invertido.” Foi quando surgiu o sistema de planejamento empresarial da Eletronorte, conforme relata Coimbra (abaixo), autor de dissertação de mestrado sobre o tema. “O primeiro sistema de planejamento empresarial foi definido em outubro de 1978, visando a estabelecer e documentar, através dos planos e programas, as políticas, diretrizes, objetivos e metas da Empresa.” No decorrer dos anos, a Eletronorte adotou diferentes metodologias, desde o planejamento de longo prazo, utilizado para definir a ex-

pansão dos sistemas elétricos, passando pelo planejamento econômico-financeiro, a partir de metas orçamentárias, redução de despesas, aumento de receitas e eficiência operacional; até a formulação do primeiro Plano Estratégico, em 1990. “Desde então, a Eletronorte faz o seu planejamento, montando mapas de indicadores que possam refletir o desempenho financeiro, e de geração e transmissão. Mas a Empresa nunca deixou de fazer os seus planos de expansão, econômicos e de operação e manutenção, sempre baseados em cenários, oportunidades e ameaças do ambiente”, afirma Coimbra. Transformação - Hoje, o foco maior da Diretoria da Eletronorte é estar alinhada com o Plano de Transformação do Sistema Eletrobrás. Esse processo originou a revisão do Plano Estratégico Ciclo 2009-2010, criando uma maior vinculação entre a visão de longo prazo e o alinhamento das pessoas no desenvolvimento das atividades do dia-a-dia, além de nortear as ações prioritárias da Empresa. “Nós nos dedicamos recentemente a fazer toda a revisão do Plano Estratégico vigente para adequá-lo ao modelo atual do Setor Elétrico e às estratégias traçadas pela Eletrobrás”, explica o diretor-presidente da Eletronorte, Jorge Palmeira (ao lado). Entre as principais orientações estratégicas da Diretoria estão expandir os negócios de geração e transmissão de energia com investimentos que garantam a Taxa Interna de Retorno – TIR, direcionados a novos empreendimentos e aos ativos próprios; alcançar o equilíbrio econômico-financeiro; acompanhar e influenciar a concepção do marco regulatório do sistema isolado, propondo soluções que promovam a redução de custos e a justa compensação dos encargos de geração e transmissão; e implementar processos de gestão das participações da Eletronorte em Sociedades de Propósitos Específicos – SPEs.

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ENERGIA ATIVA

Planejamento estratégico: guia para o futuro

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Não foram esquecidas a Governança Corporativa e a Gestão de Processos, com a intensificação das ações de melhorias, aumento da eficiência e aprimoramento das práticas de sustentabilidade empresarial, bem como a integração dos sistemas de informações corporativas. Outras orientações são a conscientização dos empregados quanto à necessidade de melhoria da qualidade e do aumento de produtividade nos processos empresariais, visando a alcançar os resultados frente ao modelo setorial e o fortalecimento da comunicação empresarial.

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Lucro - O Mapa Estratégico 2009/2011 da Eletronorte contempla as perspectivas de pessoas e aprendizado, processos internos, clientes e mercado, e financeiro, divididos em dez objetivos estratégicos. “O Mapa permite mostrar aos empregados o que nós temos que trabalhar para alcançar o resultado empresarial. Nesse horizonte, a Diretoria co-

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locou como meta maior a obtenção do lucro”, afirma Ângelo do Carmo, gerente da Assessoria de Planejamento Empresarial da Eletronorte (ao lado). A perspectiva de pessoas e aprendizado busca alinhar a força de trabalho à estratégia corporativa, garantir qualidade de vida a todos e dar sustentabilidade à organização na execução dos processos internos. Para melhorar a eficiência desses processos foi contratada a empresa especializada, Roland Berger. O trabalho envolve a análise de 28 macroprocessos, por meio de 13 equipes, com a participação de gerentes de várias áreas da Empresa e deverá ser aprovado e validado até junho de 2009, quando será iniciada a etapa de implementação do plano de ação para a otimização dos processos, o que pode levar de um a três anos. “Nas iniciativas do grupo de planejamento e controle veremos os indicadores empresariais e a gestão de custo, e montaremos novos indicadores para garantir o êxito do projeto”, afirma o consultor Francisco Aranda. Outra ação corporativa que vai ao encontro do Planejamento Estratégico é a apli-


cação dos procedimentos previstos na Lei Sarbanes-Oxley – SOX. Já a segunda perspectiva do Mapa Estratégico, a de clientes e mercado, tem o objetivo de aumentar a participação no negócio de energia elétrica e atender aos requisitos de sustentabilidade da Eletrobrás, que acaba de lançar o Programa de Ações Estratégicas – PAE 2009-2012 (ver boxes). “E temos a perspectiva financeira, com os objetivos estratégicos de aumentar o resultado empresarial e equacionar os problemas estruturais para que possamos atingir o objetivo maior que é a obtenção do lucro”, explica Ângelo. O desdobramento, a análise crítica dos objetivos estratégicos e o acompanhamento

das metas projetadas estão sendo feitos mês a mês pela Diretoria. “O nosso balanço de 2008 não foi muito bom, mas nós aproveitamos esse momento para limpar todos aqueles ativos que estavam com o valor contábil muito elevado, tanto de geração, quanto de transmissão, que produziam prejuízos econômicos”, acrescenta Jorge Palmeira. Problemas estruturais - Resolver os problemas estruturais é outro desafio da Eletronorte em busca do lucro. Desde a sua origem, a Empresa faz o atendimento aos sistemas isolados de energia em Manaus e nos estados do Amapá, Rondônia, Acre e Roraima, por meio, principalmente, da queima de óleo combustível

Transformar a Eletrobrás numa megaempresa brasileira que conquiste no mundo a mesma respeitabilidade da Petrobras. É com foco nessa orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que trabalha a Diretoria da Eletrobrás, conforme explicou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Astrogildo Quental (foto), em apresentação na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Distrito Federal – Apimec-DF, no dia 2 de abril de 2009. Tudo começa pelo Plano de Transformação do Sistema Eletrobrás, que introduz um ambiente de mudanças e envolve ações em todas as empresas do Sistema. “Esse Plano conta com a participação ativa dos empregados de vários segmentos para aprimorar a gestão das empresas controladas”, explica Astrogildo. Os investimentos em projetos de geração que vão agregar mais de sete mil MW ao Sistema Interligado Nacional - SIN e em 15 mil km de linhas de transmissão são as principais metas constantes do Programa de Ações Estratégicas – PAE 20092012, apresentado pelo Diretor. “Os investimentos constantes do Programa, com recursos públicos e em parceria com a iniciativa privada, para alcançar as metas de geração e de transmissão, somam R$ 30,2 bilhões”, informa Astrogildo.

Até o fim de 2009, o PAE aponta investimentos de R$ 8,7 bilhões, sendo R$ 4,5 bilhões destinados à geração, R$ 2,5 bilhão à transmissão, R$ 1 bilhão às empresas de distribuição das regiões Norte e Nordeste, e investimentos em reforços, ampliações de sistemas e outros equipamentos que somam R$ 592 milhões. O Programa, o primeiro com objetivos e investimentos integrados de todas as subsidiárias do Sistema Eletrobrás, prevê também, no seu projeto de internacionalização, a conclusão de estudos de projetos de geração de cerca de 18 mil MW e de 11 mil km de linhas de transmissão até 2012. Entre os projetos em estudo encontram-se seis usinas no Peru, que somam sete mil MW, Garabi, na Argentina, com potencial de 1,8 mil MW, além dos estudos de viabilidade do Aproveitamento Hidrelétrico Binacional de Baynes, na fronteira de Angola com a Namíbia, na África. Quental esclarece, entretanto, “que a realização desses projetos depende dos estudos de viabilidade financeira e ambiental e sempre prevalecendo os interesses e a soberania do Brasil”. Outras metas na área de gestão corporativa são listar a Eletrobrás no índice de sustentabilidade da Bolsa de Valores de Nova Iorque, ascender ao Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa e conquistar a certificação na Lei Sarbanes-Oxley. Todo esse conjunto de ações, e outros fatores como as medidas de saneamento das distribuidoras, já apresenta bons resultados. “O lucro do Sistema Eletrobrás alcançou R$ 6,1 bilhões em 2008. E vamos pagar R$ 1,7 bilhão de remuneração aos acionistas este ano”, informou Astrogildo, acrescentando aos economistas, estudantes e outros participantes da apresentação que a transparência é uma das marcas da Eletrobrás.

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PAE aponta investimentos de R$ 8,7 bilhões em 2009

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em usinas termelétricas. A situação agravouse a partir de 1993. “Com a mudança na Lei 8.631, esses sistemas não foram contemplados e não se criou uma legislação própria. Nas legislações subsequentes também não houve um tratamento específico para o Sistema Isolado, que tem custo de geração muito alto. E, atualmente, esse dispêndio leva a desequilíbrios estruturais muito grandes, que vêm sendo absorvidos pelo caixa da Eletronorte”, relata Coimbra. Para superar o problema, o Ministério de Minas e Energia estuda criar uma legislação setorial específica, por meio de Medida Provisória. A mudança na administração das distribuidoras estaduais, que foi centralizada na Eletrobrás, é outra medida adotada para reduzir custos e melhorar resultados (veja matéria na página 26). “Para esses problemas estruturais, o governo vai regulamentar os sistemas isolados.

Depois tem o equacionamento da dívida junto à Eletrobrás e a transferência de alguns ativos e contratos. Já transferimos, por exemplo, os contratos da Termonorte, em Rondônia, para a Ceron, o que vai fazer com que deixemos de ter um prejuízo na ordem de R$ 250 milhões por ano. E a Eletrobrás também contratou uma empresa para estudar como promover a capitalização para equacionar a dívida das empresas que compõem a holding”, informa Palmeira. Quando se fala em Planejamento Estratégico empresarial, muitas pessoas citam como referência a Petrobras, a maior empresa brasileira. “A Petrobras é considerada benchmarking nessa área. Não é à toa que é a maior empresa do Brasil. Mas o próprio processo de planejamento energético, retomado pelo Governo Federal, exige um processo de planejamento estratégico integrado, que será o guia para o futuro das empresas do setor”, conclui Coimbra.

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SOX: transparência na gestão

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As empresas do Sistema Eletrobrás estão fazendo a revisão e a documentação dos seus controles de processos, conforme os procedimentos estabelecidos na Lei Sarbanes-Oxley - SOX, visando à negociação das ações da holding no pregão da Bolsa de Valores de Nova York. A Lei Sarbanes-Oxley foi proposta em conseqüência de grandes escândalos financeiros coorporativos e promulgada pelo governo dos Estados Unidos da América em 2002. Os requisitos de SOX incluem regras para a criação de comitês e comissões encarregados de supervisionar as atividades e operações das empresas, de modo a mitigar os riscos aos negócios, evitar a ocorrência de fraudes e identificar quando elas ocorrem, garantindo, ainda, a transparência na gestão. A Eletrobrás está implementando em todas as suas subsidiárias o Projeto SOX 2008/2009, que trata da aderência à Lei, tendo em vista o recém-obtido registro de seus American Depositary Receipts – ADRs (certificados que representam as ações da companhia) Nível II na Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão que regula o mercado de capitais americano.

As empresas só têm a ganhar com a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis, que aumentam o nível de responsabilidade e comprometimento dos seus administradores, possibilitando a supervisão sobre as demonstrações financeiras e uma maior transparência e credibilidade das informações divulgadas ao mercado financeiro. “A Eletrobrás precisa participar de novos empreendimentos e, para captar recursos com custos mais baixos, a opção foi abrir o capital num nível de governança maior. Para manter os ADRs no Nível II, a Empresa precisa certificar os seus processos e controles. Estamos nos preparando para essa certificação”, explica Luís Cláudio Araujo de Almeida (foto), gerente da Controladoria Empresarial e de Participações Societárias e líder do Projeto SOX na Eletronorte. Os primeiros testes na Eletronorte serão feitos nos controles gerais da tecnologia da informação. Em dezembro, a PricewaterhouseCoopers fará os testes visando à certificação dos processos que garantam a fidedignidade das demonstrações financeiras. Com base em critérios estabelecidos pela Eletrobrás e pela Ernest&Young, a Eletronorte terá 30 processos certificados.


Eletronorte e outras nove empresas do Sistema Eletrobrás são reconhecidas “O Programa Pró-Equidade de Gênero trabalha com aquilo que é mais difícil de modificar: cultura. E hoje há uma cidadania capaz de mudar a nossa realidade e fazer transbordar a equidade das empresas para a sociedade”. As palavras da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - SPM, Nilcéa Freire, encheram de orgulho uma platéia ansiosa por ver o reconhecimento ao trabalho feito pelos comitês de gênero de 23 empresas e instituições que receberam o Selo Pró-Equidade de Gênero – 2009, uma iniciativa da SPM, com a parceria do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – Unifem, e da Organização Internacional do Trabalho - OIT. Numa cerimônia marcada pela euforia e determinação, o Centro de Convenções Brasil

21, em Brasília, recebeu cerca de 1.200 convidados na noite de 25 de março deste ano. No placo, uma mestre de cerimônias especial: a atriz e poeta Elisa Lucinda (abaixo). Começava a cerimônia quando ela fechou e ergueu as mãos para interpretar um de seus poemas e emocionar a todos: “Filho..., igualzinho à minha poesia você nunca foi meu órgão A arte é constante e me habita à hora que ela quer e à hora que eu deixo Mas não me existe combinada, não há contratos nem despejos você tem intimidade com meus interiores com meus departamentos Você é um argumento contra mim e a meu favor Me trai porque conhece meu avesso Me enobrece porque me tornou poderosa Capaz de prosseguir com essa invenção chamada humanidade Você é a barbaridade de ter feito a minha barriga crescer Meu corpo zunir, abrir, escancarar pra você sair de onde eu nunca pus sequer os pés, as mãos da casa em que vivo e habito sem nunca ter entrado porque moro fora de mim. (...) Espião de meus bastidores Olhou minhas entranhas enquanto virava ser humano quieto dentro de mim como as palavras antes de serem poesia Mas fui apenas uma pensão, uma besteira ou um hotel cinco estrelas ou um amniótico colchão. Hoje saído dessa embalagem, me olhas como miragem de parecer tão próprio, tão seu Me olhas como árvore ziguezagueia e olha para o que fui: passageira semente. (...) Está pronto e feito, como o meu melhor poema Nem branco nem preto. Nem real nem ilusão. Um grande amuleto da palavra são.

(Da série Consagração da Criatura. Poema completo em www.escolalucinda.com.br)

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CIRCUITO INTERNO

Selo Pró-Equidade: a marca que pode mudar a história

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da união homoafetiva, da ampliação da licença maternidade, da ampliação do PróEquidade, da Lei Maria da Penha, do pacto contra Violência. E há quem nos diga: mas só isso? E aí nós temos que responder: vai fazer tudo isso!”. Para a ministra, essas são as pequenas revoluções cotidianas que fazem a diferença.

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Depois de parabenizar os trabalhos dos comitês de gênero das premiadas, Nilcéa Freire deixou um recado para quem ainda considera pequenos os resultados atingidos até agora. “Falamos no reconhecimento

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Eletronorte no palco: ambiente favorável à equidade

Eletronorte - Ao conquistar o Selo pela segunda vez, a Eletronorte marcou presença. Com um número expressivo de colaboradores, subiu ao palco representada pelo diretor de Engenharia e Planejamento, Adhemar Palocci (ao lado, ao centro). Segundo ele, essa é mais uma demonstração do compromisso da Empresa com a questão. “Estamos num setor em que temos ambientes realmente masculinizados e a Eletronorte, como o Sistema Eletrobrás, vem assumindo uma postura capaz de gerar um ambiente favorável à promoção da equidade de gênero, assim como o fortalecimento das relações humanas”. Na Eletronorte, o Pró-Equidade começou em 2005. A Empresa foi uma das primei-


“Sem volta” - Numa noite de homenagens, não faltaram as certezas de que há muito trabalho pela frente. Para a vice-diretora do Unifem Brasil e Cone Sul, Junia Puglia, um dos aspectos mais significativos do Programa é que as empresas estão compreendendo a necessidade de empreender a equidade. “Eu gostaria de deixar um recado a cada uma dessas empresas: não

há retrocesso; não há volta atrás. Daqui, só para frente!”. A diretora da OIT Brasil, Laís Abramo, destacou que, nesta segunda edição, foi constatada a participação de instituições como a Prefeitura Municipal de Quixadá, no Ceará. “Isso confere um caráter de continuidade, e é fundamental para transformar os estereótipos. Nós fazemos um elogio às diferenças, mas também fazemos a luta intransigente contra a desigualdade, que ainda é tão real em nosso Brasil”. Em 2009 foram inscritas 50 organizações, entre empresas privadas e instituições públicas. Dessas, 36 apresentaram e acordaram o plano de ação a ser implementado no âmbito da organização candidata, mas somente 23 conseguiram chegar à etapa final, cumprindo, no mínimo, 70% das ações planejadas. A premiação das empresas conclui um processo que começa após a adesão voluntária. Segundo a Secretaria, o caráter voluntário evidencia uma sensibilização préexistente na direção do grupo ou instituição para a temática da equidade de gênero.

Sistema Eletrobrás: presença forte todos os anos

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ras a participar do programa e a criar o seu Comitê de Gênero. Nesses quatro anos a simples percepção da identificação visual na Empresa já faz a diferença. “Hoje nós estamos presentes nos eventos, nos treinamentos, na recepção de novos colaboradores e conquistamos o reconhecimento da questão da equidade como ferramenta importante no Planejamento Estratégico da Empresa. Vale ressaltar que o diretor-presidente da Empresa, Jorge Nassar Palmeira, já assinou a adesão da Eletronorte à terceira etapa do Programa”, afirma a coordenadora do Comitê de Gênero da Eletronorte, Gleide Brito.

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“Há um significativo diferencial das

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Nascida no Rio de Janeiro, em 1952, Nilcéa Freire é médica e professora universitária, graduada na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1978. Divorciada e mãe de dois filhos, Nilcéa ocupa, desde fevereiro de 2004, o cargo de ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - SPM. Cinco anos depois, comemora a criação do Ministério das Mulheres, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março deste ano. Ainda em 2004, organizou e coordenou, em conjunto com o Conselho Nacional de Direitos da Mulher, a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. Dessa Conferência resultaram as diretrizes para a elaboração do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), lançado em dezembro de 2004. Nesta entrevista à Corrente Contínua, a Ministra, com opiniões firmes e argumentos sólidos, questiona os rótulos que cercam a temática de gênero e faz um balanço desses cinco anos e dos desafios que vêm pela frente.

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Criticada logo no início do governo Lula, a criação da Secretaria foi palco de polêmicas – como a legalização do aborto, e conquistas - como a Lei Maria da Penha e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Agora, durante as comemorações da Semana da Mulher, o presidente Lula anunciou a transformação da Secretaria em Ministério. A que a senhora atribui uma decisão como essa? Não há dúvida de que a decisão do presidente Lula representa uma reiteração do compromisso de seu governo com a promoção da igualdade entre homens e mulheres no Brasil. Desde o início do primeiro mandato, o Presidente manifestou inequivocamente esse compromisso com a decisão de criar a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, vinculada à Presidência da República. É claro que há também um reconhecimento dos resultados obtidos pela SPM, e isso nos alegra e incentiva ainda mais a perseguir novos avanços e conquistas. Uma pesquisa Ibope revelou que 90% dos brasileiros elegeriam uma mulher para cargo público. Desse grupo, 74% votariam em uma mulher para prefeito, governador ou presidente. Como reconhecer que num país que elegeria mulheres como suas representantes, ainda exista preconceito? Essa pesquisa trouxe revelações extraordinárias. Foi reali-

zada por meio de convênio entre a SPM e o Instituto Patrícia Galvão, com parceria do Cultura Data, no âmbito do capítulo cinco do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, que trata da “ampliação da participação política das mulheres nos espaços de poder e decisão”. Dentre outras revelações, a pesquisa apurou que a grande maioria dos brasileiros (83%) acredita que a presença de mulheres no poder melhora a política nesses espaços. Para muitos (75%) só há democracia, de fato, se elas estiverem nos espaços de poder. E note bem: o apoio majoritário a uma maior participação das mulheres na política ocorre em todos os segmentos da amostra, tanto demográficos, como nas diferentes regiões do País. Mas para que muitas mulheres ingressem na política é preciso alterar o cenário de dificuldades que qualquer mulher tem de enfrentar para tornar-se candidata, por qualquer partido. É aí que os preconceitos estão fortemente instalados, no interior dos próprios partidos políticos e nas instâncias de poder dos parlamentos, de tal forma que tornam a política uma cena masculina. Por isso publicamos uma portaria ministerial que institui uma Comissão Tripartite para discutir, elaborar e encaminhar proposta de revisão da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições. A redução das desigualdades passa também pelo aumento da participação da mulher na política? A alternativa são as cotas? A mesma pesquisa Ibope revelou que nada menos do que 75% das brasileiras e brasileiros são favoráveis a cotas para mulheres na política. E mais: 86% apóiam a punição dos partidos políticos que não cumprem a atual legislação, que prevê 30% de candidaturas femininas. O problema está, dentre outros fatores, na inexistência de sanção para os partidos políticos que não cumprem a cota mínima. Na década de 90 as mulheres representavam 10,8% dos parlamentos na América Latina. Uma década depois, após a adoção de políticas de cotas em vários países, o índice saltou para 18,5%. Argentina e Costa Rica apresentaram os melhores resultados: passaram de 6% e 14% para 38,3% e 36,8% respectivamente. Dentre os países da América Latina que adotaram políticas de cotas para mulheres, o Brasil apresentou o pior resultado: 8,9%.


O que significou a Lei Maria da Penha na vida das mulheres brasileiras? A Lei Maria da Penha é sem dúvida um grande avanço e uma importantíssima conquista de toda a sociedade brasileira. Podemos dizer que a abordagem à violência contra as mulheres era uma antes, e é outra depois da lei. O texto tornou-se o novo regramento social no que se refere à violência de gênero. Segundo outra pesquisa realizada pelo Ibope/Instituto Patrícia Galvão, com o apoio da SPM, em 142 municípios brasileiros existe um alto grau de conhecimento (68%) da Lei Maria da Penha e um grande reconhecimento de sua importância (83%) para reduzir a violência contra as mulheres. Esse cenário nos permite afirmar que esta é uma lei que “pegou”. A sociedade brasileira está mais vigilante e menos tolerante aos casos de violência de gênero. Uma das conquistas recentes foi a licença maternidade de seis meses. As mulheres devem sofrer as consequências do preconceito no momento de procurar emprego? Que indicativos mostram que a licença de seis meses é realmente positiva para o País? Ao contrário dessa discussão de que a licença ampliada tira a mulher do mercado de trabalho, nós afirmamos que ela, enfim, começa a caminhar na direção da corresponsabilidade de Estado e sociedade naquilo que são as tarefas da reprodução do viver. Se nos primeiros seis meses a criança precisa da presença da mãe, não pode ser só ela a arcar com isso. As empresas vão se adaptar. Até porque as mulheres começam a demandar dos sindicatos que essa questão seja incluída como direito na pauta das negociações coletivas de trabalho. O governo fez o dever de casa, agora fica mais fácil cobrar. A Secretaria lançou o Observatório Brasil Igualdade de Gênero. Qual o objetivo? Como as pessoas podem participar ou acompanhar os trabalhos? O Observatório Brasil da Igualdade de Gênero é uma iniciativa da SPM, em parceria com organismos internacionais e organizações da sociedade civil. O objetivo é subsidiar o processo de formulação e implementação de políticas públicas com perspectiva de gênero, além da disseminação de informações acerca das desigualdades e dos direitos das mulheres. O conteúdo produzido pelo Observatório destina-se aos gestores públicos, representantes políticos, autoridades de partidos políticos, sindicatos, movimentos e organizações da sociedade civil, e em particular aos movimentos e às organizações feministas e de mulheres, assim como aos centros de produção de conhecimento e às universidades. Por meio do endereço

eletrônico www.observatoriodegenero.gov.br é possível a qualquer brasileiro ou brasileira acompanhar todo o desenvolvimento dos trabalhos desse importante projeto. O Comitê de Gênero do Ministério de Minas e Energia e Empresas Vinculadas completa cinco anos. A Eletrobrás e mais nove empresas do Sistema recebem o Selo Pró-Equidade de Gênero 2009. Quais são, em sua opinião, os diferenciais do Sistema Eletrobrás? Com toda a certeza, há um significativo diferencial das empresas do Sistema Eletrobrás. Antes mesmo da primeira edição do Selo Pró-Equidade de Gênero, o Comitê do MME já estava instalado. Todas as empresas do Sistema já integravam o Comitê, possibilitando a unificação de políticas, o compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de práticas voltadas para questões de gênero. A Eletronorte recebe o Selo pela segunda vez e já prepara a inscrição na terceira etapa. Como a senhora avalia o desempenho e o envolvimento da Empresa na questão da equidade? A avaliação que importa não é a da Ministra, mas a do Comitê Pró-Equidade de Gênero e do Comitê Ad hoc. Esses comitês assessoram a coordenação do Programa nas suas diversas etapas, inclusive a etapa de monitoramento e avaliação das organizações para a obtenção do Selo Pró-Equidade de Gênero. A Eletronorte está de parabéns, pois o seu desempenho foi realmente bem avaliado, por ambos os comitês, para que a Empresa se tornasse ganhadora do Selo Pró-Equidade de Gênero nas duas edições já realizadas. Numa análise geral, de que forma a Secretaria contribui para a vida das mulheres brasileiras? Foram muitas as contribuições. Entre elas, temos a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, que assegura a ampliação da rede de serviços de atendimento em situação de violência e a capacitação de profissionais dos serviços de saúde, casas-abrigo, centros de referência de atendimento, defensorias públicas, delegacias especializadas no atendimento à mulher, além dos profissionais da segurança pública. A aprovação da Lei Maria da Penha. O lançamento do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que conta com recursos da ordem de R$ 1 bilhão a serem executados até 2011 em todos os estados. Também é importante destacar outras ações, como o Programa Mulher e Ciência, um concurso de redações para estudantes do ensino médio e de artigos científicos para estudantes de graduação e graduados, que está em sua quarta edição; o incentivo à formalização do trabalho doméstico, por meio da Lei 11.324/06; a ampliação de crédito para trabalhadoras rurais; a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos, e o Plano de Ações Integradas para o Enfrentamento da Feminização da Aids.

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empresas do Sistema Eletrobrás”

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TRANSMISSÃO corrente contínua

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Repasse de ativos de baixa tensão às contribui para o resultado financeiro Bruna Maria Netto Entre as décadas de 1970 e 1980 do século passado, como é sabido, a Eletronorte chegava aos estados da região amazônica com a difícil missão de levar energia aos pontos mais isolados do País. O que poucos sabem é que, além da construção de grandes parques geradores, a Empresa também criou subestações e linhas de transmissão para suprir as necessidades da população, transmitindo e distribuindo eletricidade em potências entre 13,8 kV e 500 kV. Estava caracterizada a função de transmissora de energia da Empresa, mesmo que atuando também em níveis menores aos da Rede Básica – caracterizada por potências iguais ou maiores a 230 kV. Mário Dias Miranda (ao lado), coordenador de Relações Institucionais da Eletronorte, explica o motivo: “As subestações e as linhas de transmissão abaixo de 230 kV deveriam ser de responsabilidade das distribuidoras desde sempre, mas a Eletronorte teve de implantá-las devido às dificuldades de operação na região. A Empresa recebeu orientação do Governo Federal para implantar usinas hidrelétricas e assumir as termelétricas oriundas das distribuidoras estaduais. Como consequência desse ato, teve que implementar as linhas de transmissão associadas a essas usinas adquiridas. Dessa forma, construiu linhas em 230 kV, 138 kV, 69 kV e 34,5 kV, e nesse processo de universalização da energia na Amazônia, não foi remunerada adequadamente na sua tarifa”. A falta de remuneração apropriada contribuiu para saldos negativos no fluxo de caixa da Empresa que, atendendo a legislação vigente, agora faz a transferência

desses ativos a quem pertencem: às distribuidoras de energia. Jésus Alves da Costa (abaixo), superintendente de Contabilidade da Eletronorte, justifica a ação: “Como os ativos são típicos da atividade de distribuição de energia elétrica, não há o menor sentido, sob qualquer ângulo que se queira avaliar, continuar fazendo parte do imobilizado da Eletronorte, que tem como atividades principais a geração e a transmissão de energia elétrica. Aliás, essa transferência precisaria ser realizada de qualquer forma, por se tratar de uma exigência legal”.


distribuidoras da Eletronorte

DITs e Rede Básica - O que Jésus está falando é sobre a classificação homologada pela Resolução nº 067/04 da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel, que regula quais ativos são pertencentes às transmissoras e às distribuidoras: “De acordo com o modelo do Setor Elétrico brasileiro, a Eletronorte não pode ter compondo o seu ativo imobilizado instalações com tensão inferior a 230 kV”, alerta. As instalações de transmissão de tensões menores que 230 kV são denominadas Demais Instalações de Transmissão, ou DITs, enquanto as iguais ou maiores a esse valor fazem parte da Rede Básica. Na Eletronorte, os estudos para a transferência das DITs foram iniciados em 2007, tendo como intenção o repasse de subesta-

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ções nos estados do Amapá, Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso e Maranhão. O primeiro deles foi feito em abril de 2009, diminuindo a disfunção da Empresa e colaborando principalmente com sua saúde financeira: “O que motivou nossa Diretoria foi a questão dos resultados empresariais, pois esses ativos, justamente por não se encaixarem em nosso perfil de transmissão, têm um custo muito alto e não havia outra maneira senão fazer essas transferências, já que são de responsabilidade dos agentes distribuidores”, explica Sidney Custódio Santana Júnior (abaixo), superintendente de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão da Eletronorte. Jésus Alves complementa: “As DITs trazem efetivos prejuízos para a Eletronorte, que vem arcando com os gastos de manutenção, além

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As subestações compõem a maior parte dos ativos a serem transferidos...

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de os seus encargos de depreciação afetar negativamente o resultado da Empresa, sem que haja contrapartida de receita para cobrir tais ônus”. Miranda conclui: “Essas instalações são de uma época anterior, mas estão sendo revisitadas pela Empresa. Não estamos praticando o acomodamento, e sim avaliando o que é melhor para todos. A Eletronorte tem uma dívida grande. E o que podemos fazer para continuar a ser competitivos e amortizar essa dívida? A transferência das DITs se insere aí. O que se pretende com isso, além de seguir a legislação, é obter uma Eletronorte mais viva”. Negociações – Na Eletronorte foram formados dois grupos de trabalho para a implementação dos repasses. De acordo com Sidney, a discussão está no âmbito da Empresa com as respectivas distribuidoras, com a ciência e aprovação da Aneel. Isso ocorre porque, de acordo com Mário Miranda, “mesmo existindo uma legislação que define a Rede Básica e as DITs, a resolução da Aneel não tornou obrigatório um prazo para esse repasse, sendo feito por meio de ajuste negocial entre as empresas. O importante foi a criação da Rede Básica, onde a Eletronorte se insere”. O primeiro grupo está encarregado de avaliar os bens físicos e a administração dos contratos de transmissão, levantamento de contabilidade dos ativos e, de acordo com Miranda, “principalmente de negociar com a distribuidora o valor que a Aneel vai homologar. E nós queremos assegurar que a Eletronorte receba uma valoração justa por isso”. Todos os ativos que compõe as DITs são inventariados e, posteriormente, é feito um

levantamento contábil em cada subestação. Após a aprovação do relatório final pela Diretoria, o segundo grupo de trabalho discute a situação com a distribuidora e a Aneel. Sidney ressalta: o que será transferido é um termo aditivo do contrato de concessão que foi dado à Eletronorte, subtraindo os ativos sob esse processo – e documentado em conjunto com a Aneel – sendo aditados ao contrato da distribuidora, que os absorverão. “A área de distribuição é diferente da de transmissão, que trabalha por meio de concorrência em que se busca modicidade tarifária em leilão”. Com a transferência, também deverá ser feito um compartilhamento na subestação, quando será necessário o ajuste da operação em conjunto com as distribuidoras, já que as tensões são trabalhadas no mesmo ambiente físico. “Se compararmos com a aviação, caberá à Eletronorte a operação de grandes rotas nacionais e às distribuidoras a rota regional. Assim, o aeroporto seria como as subestações, onde se compartilharia as rotas nacionais e regionais”, esclarece Mário, observando ainda que, como as distribuidoras ainda não possuem experiência em trabalhar em alguns níveis de tensão, será firmado um contrato de prestação de serviços de operação e manutenção. “A Eletronorte irá repassar os equipamentos, mas vai continuar a prestar o serviço de manutenção e operação. Com isso, nossa mão-de-obra estará totalmente preservada”. O consumidor também não será afetado: “A sociedade de cada região não precisa se preocupar, porque há um agente regulador bem estruturado que não vai permitir grandes mudanças na tarifa. No contrato de concessão da


Prazos - A Eletronorte tem pressa, e os grupos estão com a agenda apertada, tendo de cumprir prazos estipulados tanto pela revisão quinqüenal das distribuidoras junto a Aneel, quanto da integração de linhas da Eletronorte ao Sistema Interligado Nacional - SIN. No Estado do Amapá - onde a Eletronorte irá transferir todas as instalações para a Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA, ficando apenas com a Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes – a concessionária estadual será a primeira a passar por revisão quinqüenal junto à Agência. “As distribuidoras têm de apresentar toda sua base de ativos para que a Aneel valorize adequadamente a tarifa. Para elas é fundamental que esse repasse seja feito o quanto antes, já que, se perdido, a revisão tarifária será feita apenas daqui a cinco anos, significando prejuízo - por estarem adquirindo ativos sem reavaliação da tarifa -, sendo essencial que esse processo ocorra em sincronia”, enfatiza Miranda. Cada distribuidora tem essa data prédeterminada, o que ajuda a nortear quais estados terão prioridade nas transferências: “Como há esse escalonamento de períodos, o que a Eletronorte está querendo é concluir o repasse antes do período da revisão tarifária de cada distribuidora. Caso contrário, perderíamos o momento oportuno”, avalia Sidney. Nos estados do Acre e Rondônia, por conta da integração ao SIN, a data-limite para o repasse de nove subestações é julho de 2009.

“Com o SIN, as DITs passariam a ser remuneradas, porém, para a Eletronorte é interessante fazer o repasse porque irá fazer o encontro de contas com a Eletrobrás. No caso do Acre e Rondônia o encargo é maior do que a remuneração vinda dessas instalações”, diz Miranda. Diante disso, serão repassadas integralmente à Companhia de Eletricidade do Acre – Eletroacre, as subestações Tangará, São Francisco, Sena Madureira e Epitaciolândia, com as suas respectivas linhas de transmissão. Além disto, serão transferidos os vãos de 69 kV, de 34,5 kV e alimentadores em 13,8 kV existentes na Subestação Rio Branco. Para as Centrais Elétricas de Rondônia – Ceron, serão transferidas integralmente as subestações Areal, Alfaville, Guajará, Rolim de Moura e Tiradentes, além de partes das subestações Abunã, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Ariquemes, Jaru, Vilhena, e Porto Velho. No Maranhão, os ativos da subestação São Luiz I é o processo mais adiantado, onde já houve reuniões com a Aneel e a Companhia Energética do Maranhão - Cemar. “São transições cercadas por confiabilidade, segurança e continuidade de operação de todos os lados, sempre sob fiscalização da Aneel”, garante Miranda. Competitividade, qualidade e lucro – Miranda explica que só com o repasse dos ativos às distribuidoras do Acre e Rondônia a Eletronorte irá receber por volta de R$ 300 milhões, mas que os ganhos serão bem maiores. “Com a Empresa trabalhando com a transmissão exclusiva da Rede Básica, irá se especializar e oferecer mais qualidade no atendimento, pois as regras de continuidade operacional

... mas a Eletronorte continuará a prestar os serviços de operação e manutenção

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Eletronorte com a distribuidora, dependendo de como se forme situações não aplicáveis ao Setor Elétrico, a Aneel pode multar e até julgar essas concessões”, esclarece Sidney.

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são muito inflexíveis quanto à penalização. No sistema Acre/Rondônia ficaremos com uma linha de transmissão de Vilhena até Rio Branco, com mais de mil quilômetros de extensão, além de sete subestações em 230 kV, consolidando a forte presença da Eletronorte na região”. Mário explica que a Empresa tem todas suas funções orquestradas: “Por um lado estamos conquistando, fazendo novos negócios baseados em rentabilidade assegurada, e por outro estamos revendo o que nós temos, e isso que é importante, porque não continuamos a ter só porque já está lá, e sim avaliarmos constantemente se realmente vale a pena continuar com ele, pois o enfoque sempre tem de ser no resultado para a instituição”. Miranda ainda lembra que os novos desafios já estão sendo enfrentados, e o repasse será benéfico também às distribuidoras: “Estamos recebendo uma nova tecnologia, que é a transmissão em corrente contínua, e com esses grandes desafios temos de olhar para frente. Do ponto de vista das distribuidoras, o que elas irão receber com esses ativos é tão importante que, embora inicialmente a Eletronorte dê toda a assistência operacional, futuramente elas estarão capacitadas a fazer novas subestações já por conta própria. Somente esses ativos que serão repassados para a Eletroacre, por exemplo, significa mais que duplicar o seu patrimônio atual, e isso será muito desafiante para eles. O grande impacto será para as distribuidoras, que agora passarão a gerir uma grande quantidade de valores”. Para o Sistema Eletrobrás o repasse é bom porque favorece o resultado global. De acordo com Jésus Alves, “existe efetiva vantagem econômico-financeira para o Sistema Eletrobrás, pois tais ativos, ao serem transferidos para as empresas de distribuição, irão compor a base tarifária destas, ou seja, passarão a gerar receita, o que não acontece atualmente”. Mário Miranda exemplifica o caso do Acre, onde os ativos serão transferidos para uma empresa que está sob a administração da Eletrobrás e, a rigor, estaria ainda sob o Sistema Eletrobrás. “Toda empresa que quer ser eterna tem de se modernizar diariamente. A empresa que quer viver de passado não sobrevive em nenhum mundo. Acabou a fase de a Eletronorte ser o suporte do governo na região, agora teremos de ser reconhecidos como uma Empresa competitiva em todo o Brasil”, conclui.

Centralização da gestão das A reestruturação na gestão das empresas distribuidoras de energia do Norte e Nordeste já rendeu bons resultados: foram elas os grandes destaques do balanço da Eletrobrás em 2008, divulgado pela holding no dia 27 de março de 2009. O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, mostrou-se satisfeito com o resultado das distribuidoras, que registraram lucro de R$ 53 milhões, contra um prejuízo de R$ 1,12 bilhão em 2007. “Nossa expectativa era de que somente em 2009 conseguiríamos reverter o prejuízo”, afirmou. Para Muniz, o bom desempenho das distribuidoras explica, em parte, o lucro de R$ 6,1 bilhões registrado pela Empresa em 2008. A administração unificada, somada à redução de custos operacionais e ao planejamento estratégico integrado - possibilitando ganhos de escala e otimização de esforços - foram alguns dos ingredientes da receita criada pela Eletrobrás para atingir o lucro já em 2008. Em dez anos, a Empresa investiu cerca de R$ 22,5 bilhões nas seis concessionárias, que apresentavam um histórico de prejuízos. Para reverter o quadro, desde maio de 2008, Cepisa, Ceal, Manaus Energia, Boa Vista Energia, Eletroacre e Ceron estão sob controle direto da holding, que criou uma nova diretoria para administrálas, sob o comando de Flávio Decat (foto), também presidente de todas as concessionárias. A unificação da gestão sob a supervisão da nova diretoria foi o primeiro passo, que Decat justifica de modo sintético. “A Eletrobrás precisava assumir a distribuição como seu negócio”. Confira a entrevista: Como veio a idéia de unificar as diretorias de distribuição? Diversas medidas haviam sido tomadas, visando à promoção da eficiência empresarial e ao ajuste da situação econômico-financeira dessas empresas, desde a sua federalização. Passados já alguns anos de controle federal, podia se dizer que as condições de atendimento às populações locais apresentaram melhora significativa. No entanto, não se conseguiu reverter o quadro financeiro negativo da maioria delas. Além disso, a falta de agilidade inerente às empresas estatais em função de suas


distribuidoras de energia dá lucro ao Sistema Eletrobrás Com uma diretoria única, garante-se uma regularidade na gestão, permitindo focar na melhoria dos principais problemas das empresas: a qualidade do produto, combate às perdas e inadimplência dos clientes, e adequação dos custos operacionais aos reconhecidos na tarifa. O que a sociedade e os usuários podem esperar dessa unificação? Os consumidores já puderam perceber, nesse curto período, a atuação dessas empresas na continuidade e qualidade da energia entregue. Por outro lado, é compromisso recuperar a condição econômico-financeira, gerando lucro, e de utilizar esses recursos para investir na própria região, revitalizando o comércio, a indústria e possibilitando a geração de mais empregos, enfim contribuindo para o crescimento socioambiental.

Quais os benefícios de ter essas diretorias unificadas? A principal missão é o saneamento financeiro e a melhoria da qualidade do atendimento das empresas.

É de interesse das distribuidoras esses ativos? Por quê? Sim, porque ao incluir esses ativos em sua base de remuneração, a distribuidora terá reconhecida na tarifa uma remuneração de capital e uma quota de reintegração (depreciação) relativa a esses ativos, aumentando sua receita. Isso deverá ocorrer por ocasião da próxima revisão tarifária da Ceron e Eletroacre, previstas para novembro de 2009. As distribuidoras farão investimentos com essas aquisições? Há o compromisso das distribuidoras assumirem a operação e manutenção desses ativos no menor período possível. Para isso, terá que haver treinamento, além da contratação de novos colaboradores. No entanto, inicialmente, a idéia é continuar com o pessoal da Eletronorte. Para isso, está sendo elaborado um termo de cooperação entre as distribuidoras e a Empresa. Colaborou a Assessoria de Comunicação da Eletrobrás

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limitações legais, assim como as fortes influências dos interesses locais sobre sua gestão, particularmente pressionados pelas enormes demandas sociais de regiões muito carentes, podem ser indicados como os principais fatores limitadores da ação gerencial nessa empresas. Para viabilizá-las empresarialmente seria necessário um “choque de gestão” capaz de enfrentar com sucesso esses e outros problemas. Com uma postura empresarial comprometida com o desempenho operacional e financeiro, acreditava-se ser possível obter resultados na redução das perdas e da inadimplência, assim como das despesas operacionais, particularmente nas com pessoal e serviços de terceiros. Essa oportunidade surgiu com a decisão do Governo Federal de promover o fortalecimento do Sistema Eletrobrás, que determinou em uma diretriz específica que a holding promovesse a “reorientação dos negócios de distribuição”. Criou-se uma Diretoria de Distribuição na Eletrobrás, cujo Diretor é o Diretor-Presidente de todas as distribuidoras, estruturou-se uma Diretoria comum a todas elas, composta por seis diretores e um Conselho de Administração também único, mantendo-se Conselhos Fiscais específicos para cada empresa.

Como surgiu a necessidade do repasse dos ativos menores de 230 kV às distribuidoras? A Eletronorte realizou no passado diversas obras de subtransmissão necessárias ao atendimento de energia elétrica nos estados do Acre e Rondônia. Como a Eletronorte é uma empresa geradora e transmissora, pela legislação atual, aqueles ativos não podem fazer parte da sua base de remuneração, de modo que os investimentos não têm sido remunerados. Passá-los para uma distribuidora é a forma de permitir essa remuneração, via tarifa.

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MEIO AMBIENTE corrente contínua

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Ensaios para a sustentabilidade Como a pesquisa e a tecnologia podem esclarecer as incertezas sobre a emissão de gases de efeito estufa em reservatórios


A linha editorial da Corrente Contínua procura seguir os preceitos do chamado Novo Jornalismo (New Journalism). Com expoentes como Gay Talese, Truman Capote ou Ernest Hemingway, o estilo reúne jornalismo e literatura e envolve o leitor com a história e seus personagens. Mas nem sempre essa história está completa. E é aí que o jornalismo e a literatura tendem a se

misturar ainda mais. As conclusões e expectativas de um final ficam ainda mais individuais. Foi o que aconteceu nesta reportagem, que pretende mostrar os caminhos que estão sendo desenhados na medição e análise de emissão de gases de efeito estufa em reservatórios de usinas hidrelétricas. Apesar das discussões acaloradas dos pesquisadores sobre diferentes métodos e resultados, essa história ainda está nos primeiros capítulos.

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Michele Silveira

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Desafio e determinação para monitorar reservatórios “Temos um grande desafio e uma rotina pesada durante as campanhas. São horas viajando de barco e, quando chega a noite, começa a rotina de ensaios físicos e químicos, além da preparação de amostra para análise no laboratório”, conta o coordenador do projeto de Monitoramento e Diagnóstico das Hidrelétricas da Amazônia, Augusto Saraiva, do Centro de Tecnologia da Eletronorte. O projeto conta com uma equipe multidisciplinar de 15 colaboradores, entre eles nove químicos, uma bióloga, três estatísticos e dois técnicos em química. O mo-

Hoje, o aquecimento global e a emissão de gases é pauta em qualquer jornal ou revista. Mas para quem pesquisa o tema é preciso mais. Uma solução ou o caminho para minimizar o problema está nos planos de quem viaja quilômetros pelas águas de reservatórios para fazer o trabalho de medição. Essa discussão não começou agora, mas o avanço do debate e da tecnologia permitiu que novos métodos fossem implementados.

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Muitos estudos e equipamentos ainda estão sendo desenvolvidos para avaliar as emissões

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nitoramento está sendo realizado nos reservatórios de Tucuruí, Balbina, Samuel, Coaracy Nunes e CuruáUna. São monitorados 115 parâmetros químicos, físicos e microbiológicos. As campanhas tiveram início em maio de 2008 e são realizadas trimestralmente. “A preparação para a campanha conta com uma logística complexa, onde nos deslocamos juntamente com um laboratório itinerante. A principal dificuldade é encontrada quando temos que embarcar esse material, visto que temos vários produtos químicos e reagentes para transportar, sem contar as horas de estrada e as chuvas”, explica Augusto. Em cada campanha, milhares de quilômetros quadrados de água são percorridos pela equipe, que conta com a ajuda de barqueiros experientes para não cor-

O gerente da Divisão de Meio Ambiente Natural de Furnas Centrais Elétricas, André Cimberlis (ver box), explica que, com a crescente demanda mundial de energia, a hidreletricidade se coloca como uma alternativa bastante atrativa de fonte renovável, especialmente nas regiões com alto potencial hídrico, como o Brasil e o Canadá. Segundo estimativas oficiais do setor de energia do governo dos Estados Unidos (apresentadas por meio do documento International Energy Outlook – IEO), em 2007, os países da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento - OECD consumiram em torno de 26% a mais da energia consumida pelos países em desenvolvimento (non-OECD). Entretanto, até 2030, as projeções indicam um crescimento três vezes maior na demanda energética nos países em desenvolvimento quando comparada com os países da OECD. O desafio, segundo ele, é que este crescimento seja acompanhado da descarbo-


rer riscos de acidentes e de perda de material. “Nas campanhas, coletamos amostra de água, solo, sedimento, material biológico e coleta de gases de efeito estufa. A medição dos gases é realizada por liberação difusiva, liberação ebulitiva e degasing”, explica. Desde o início do projeto já foram realizadas nove coletas: quatro em Tucuruí, cujo relatório está sendo elaborado; três em Balbina e duas em Coaracy Nunes. Dentro de dois meses estão previstas as etapas de coleta em Samuel e Curuá-Una. A primeira campanha em Tucuruí foi realizada entre 28 de maio e 7 de junho de 2008. A equipe foi treinada para a coleta de gases por difusão e por funis. A manobra foi realizada em 20 pontos - 13 à montante e sete à jusante da barragem.

emissões de gases de efeito estufa, identificar as rotas do ciclo de carbono e os fatores ambientais envolvidos nesse processo. Os primeiros resultados do projeto indicaram que os lagos de hidrelétricas jovens, com seis a dez anos de operação, pouco contribuem para o aumento do efeito estufa em comparação ao lançamento de uma usina termelétrica de igual potência – a emissão de carbono por MW gerado é cem vezes menor. As pesquisas indicaram ainda que os reservatórios mais antigos, com operação superior a 40 anos, apresentam uma taxa ainda menor de emissão de carbono que os mais jovens. O projeto Balanço de Carbono teve um orçamento superior a R$ 12 milhões e reuniu pesquisadores do Instituto de Pesquisas Espaciais - Inpe, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia - Coppe/UFRJ, do Instituto Internacional de Ecologia - IIEGA, da Universidade Federal de Juiz de Fora, além de especialistas estrangeiros.

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nização da matriz energética, uma vez que, atualmente, a base da produção de energia nesses países, especialmente energia elétrica, está calcada na utilização de carvão ou petróleo. A utilização de fontes mais limpas, como gás natural, esbarra em questões econômicas, sendo o carvão ainda a alternativa mais barata em diversas partes do globo. “Apesar da importância da geração hidrelétrica, existem instituições e também pesquisadores internacionais que, mesmo morando do Brasil, se dedicam a questionar se essa forma de energia é realmente limpa. Nesse contexto, é fundamental que pesquisemos as emissões de gases de efeito estufa em nossos reservatórios”, afirma. André é biólogo e coordenou o projeto Balanço de Carbono nos Reservatórios de Furnas, uma pesquisa pioneira no Brasil que começou em 2003. Durante cinco anos, os reservatórios de oito hidrelétricas da Empresa foram investigados com o objetivo de determinar as

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Fontes ou sumidouros de carbono - Alguns estudos realizados na última década indicaram que a cadeia alimentar de muitos ambientes aquáticos não é sustentada pelos organismos produtores (fitoplâncton), mas pelos organismos decompositores (bactérias) e pela entrada de matéria orgânica proveniente da bacia de drenagem (material alóctone). Se a produção primária, baseada na fotossíntese, é menor que a atividade respiratória das bactérias, então esses sistemas

não contribuem para a fixação do carbono atmosférico, mas sim, tornam-se fontes emissoras de gás carbônico. Essa abordagem do funcionamento dos sistemas aquáticos é relativamente nova e muitos estudos e equipamentos ainda estão sendo desenvolvidos para a avaliação das taxas de respiração bacteriana em comparação com a produção fotossintética. Apesar da constatação da emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE, a Comissão

Entrevista - André Cimberlis Gerente da Divisão de Meio Ambiente Natural de Furnas

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Quais os resultados do Balanço de Carbono nos Reservatórios até agora? O projeto Balanço de Carbono nos Reservatórios de Furnas, iniciado em 2003, foi desenvolvido ao longo de cinco anos, reunindo dados coletados nos reservatórios das usinas hidrelétricas de Serra da Mesa, Manso, Corumbá, Itumbiara, Furnas, Mascarenhas de Moraes, Luiz Carlos Barreto de Carvalho e Funil, nas estações seca e chuvosa, totalizando 27 campanhas. Os estudos relativos aos gases de efeito estufa em reservatórios de hidrelétricas até então realizados no Brasil e no exterior restringiam-se à medição das emissões da superfície da água para a atmosfera ou do fundo do reservatório para a coluna d’água. Este Projeto foi mais adiante, ao considerar a bacia de drenagem e as entradas e saídas do carbono nos reservatórios, sendo que cada instituição participante estudou um compartimento do sistema. Dos resultados alcançados até o momento, podemos destacar os seguintes aspectos: o balanço afluente e defluente de carbono orgânico total nos sistemas é geralmente próximo a zero; as emissões difusivas de CO2 no sedimento diminuem com a idade do reservatório; as emissões de metano por bolhas, na interface água-atmosfera, diminuem com a idade do reservatório; a variação espacial nos fluxos de GEE está associada não só a processos biológicos, mas também aos processos físicos relacionados à mistura de massas d’água; as taxas de emissões de GEE, na interface água-atmosfera nos reservatórios estudados, por geração de energia, são relativamente pequenas quando comparadas às termelétricas.

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Ao ratificar a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, o Brasil comprometeu-se a elaborar e atualizar inventários de suas fontes de emissão. De que forma os estudos promovidos pelo Sistema Eletrobrás contribuem para isso? O Subcomitê de Meio Ambiente do Sistema Eletrobrás, o qual atua como parte do Comitê de Operação, Planeja-

mento, Engenharia e Meio Ambiente - Copem, possui um grupo de trabalho sobre emissões de gases de feito estufa, que tem como uma de suas atribuições a elaboração e atualização de inventários de GEE, trabalho que se encontra em desenvolvimento. Como uma ação complementar, Furnas participa do GHG Protocolo Brasileiro, iniciativa do empresariado nacional com o mesmo objetivo de inventariar fontes e sumidouros de GEE.


Nos últimos anos a comunidade científica tem questionado se os reservatórios destinados à geração hidrelétrica contribuem substancialmente para o aumento do efeito estufa. O que há de concreto sobre isso até agora? Sabemos que logo após o enchimento dos reservatórios, com a inundação da biomassa vegetal, as emissões de GEE aumentam consideravelmente, fenômeno esse transitório. Em contrapartida, as taxas de sedimentação do carbono também aumentam, sendo que esse processo persiste ao longo da vida do reservatório. Destaca-se, inclusive, que parte do carbono é depositado permanentemente. Assim, ainda há uma controvérsia se os reservatórios são fontes de GEE ou sumidouros de carbono. De forma geral, essas pesquisas poderiam resultar numa espécie de ‘manual de boas práticas’ que levasse em consideração as observações para reduzir a emissão, como exemplo a altura da captação de água? De que forma esse estudos podem contribuir para a inserção no mercado de créditos de carbono? Sim. Além de considerar questões relacionadas ao uso e à ocupação da bacia de drenagem. Atualmente, reservatórios que possuam uma densidade de potência (W/m2) inferior a quatro não são elegíveis ao mecanismo do desenvolvimento limpo e, consequentemente, projetos com essa característica também não são viáveis para o mercado de créditos de carbono voluntário.

onde há perspectiva da construção de usinas hidrelétricas. Ainda hoje há muita discussão a respeito dos reservatórios serem fontes de gases de efeito estufa ou sumidouros de carbono. Também há pesquisas de biotecnologia que investigam a proporção de bactérias que contribuem para geração de gás metano e aquelas que consomem o gás. O fato é que há ainda muita discussão pela frente. Entre os pesquisadores, as discussões pautam a metodologia de coleta e os cálculos. Algumas pesquisas mais antigas trabalhavam apenas com a amostragem de um determinado reservatório e a extrapolação desses dados para outros de acordo com o tamanho do reservatório. Atualmente, os laboratórios e os métodos de captação contribuem para que novos estudos agreguem seus resultados ao debate. Na Eletronorte, dois projetos mapeiam os reservatórios de hidrelétricas na Amazônia. Ainda sem cálculos definidos, ambos simbolizam a preocupação do Setor Elétrico em discutir o tema com o embasamento técnico e a metodologia adequada. Desde 2007 a Empresa está investindo cerca de R$ 3,9 milhões nos projetos de Monitoramento e Diagnóstico das Hidrelétricas da Amazônia, executado pelo Centro de Tecnologia da Eletronorte; e de Medidas de Fluxos de Gases de Efeito Estufa nos Reservatórios Hidrelétricos da Amazônia: fase montante e fase jusante, executado pelo Coppe/UFRJ. Desde então estão sendo realizadas campanhas de medição nos reservatórios de Balbina, Tucuruí e Samuel. Também estão previstas coletas nos reservatórios de Coaracy Nunes e Curuá-Una. O Coppe também está fazendo medições nas regiões onde deverão ser construídas as hidrelétricas de Belo Monte e Marabá. O assessor da Gerência de Novos Negócios da Eletronorte, Osmar Vieira Filho (ao lado), explica que esses projetos têm, entre os objetivos, incentivar, de forma estruturada, o avanço da pesquisa e trabalho técnico na área de emissões e remoções de gases de efeito estufa em reservatórios. “A expectativa é aumentar o conhecimento dos processos envolvidos e padronizar métodos para a avaliação dos fluxos dos GEE. É preciso estabelecer diretrizes para o planejamento desses estudos, levando em conta os diferentes tipos, tamanho, idade e localização dos reservatórios”, explica.

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Mundial de Barragens tem ressaltado que é preciso considerar o modo com que o sistema anterior à construção da barragem se comportava em relação às trocas de gases com a atmosfera. Daí a importância do cálculo de um balanço de quanto o reservatório irá emitir no seu curso de vida, e quanto o sistema anterior emitiria naturalmente nesse mesmo período. Em áreas de floresta ou banhado, por exemplo, já é identificada a emissão de gases por meio de medições prévias feitas em locais

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Segundo Osmar, depois de consolidadas, as pesquisas devem resultar na elaboração de uma espécie de ‘manual de boas práticas’ que contribua para reduzir a emissão de GEE. Hoje se sabe, por exemplo, que se a tomada de água for muito baixa, a concentração de metano é maior. Portanto, no momento da construção, pode-se considerar essa informação. “O que precisamos é investir em pesquisa, utilizar metodologias adequadas e considerar as diferentes realidades para termos um quadro real sobre essa discussão”, afirma Osmar.

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Memória - Desde a década de 1990 especula-se se os reservatórios artificiais podem estar contribuindo para a intensificação do efeito estufa por meio da emissão de gases, como o dióxido de carbono (CO²) e o metano (CH4). Em 1992 a Eletrobrás, Coppe/UFRJ e USP/ São Carlos começaram a investigar o assunto e pretendiam estimar o fluxo de GEE nos reservatórios de Balbina, Tucuruí e Samuel. Nesses estudos, que tiveram caráter experimental e de desenvolvimento metodológico pioneiro, foram medidas as emissões provenientes dos sedimentos para a coluna da água e desta para a atmosfera. Cinco anos depois, Furnas fez um estudo em Serra da Mesa e, em 1998, o Itaipu Binacional quis determinar as emissões brutas do seu reservatório. Também em 1998, o Coppe iniciou outro estudo envolvendo diferentes reservatórios, entre eles o de Três Marias, Segredo, Xingó, Barra Bonita e Tucuruí.

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Esses estudos incorporaram os resultados anteriores e apresentaram conclusões importantes, entre as quais a grande variabilidade na intensidade das emissões comparando-se os diferentes reservatórios; a baixa correlação entre as emissões e a idade do reservatório; e a dificuldade de se distinguir entre emissões antrópicas decorrentes de alagamento produzido pelos reservatórios e as naturais préexistentes. A pesquisa fez parte dos relatórios de referência para o I Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa para a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Em razão das constatações dos pesquisadores, os resultados numéricos do estudo não foram contabilizados no inventário, indicando a necessidade de se intensificar as pesquisas. Durante as discussões, a constatação de que não existe ainda um consenso global em relação às metodologias de medição e à estimativa de emissões, acentuou-se a necessidade de aumentar o conhecimento sobre os processos de emissão, além de procedimentos práticos e metodológicos que resultassem em informações adequadas. Décadas depois dos primeiros estudos, o único consenso entre os pesquisadores é que essa história não termina aqui. E que é o resultado desse trabalho – e o produto desse resultado – que vai fazer a diferença num cenário de sustentabilidade. Ou seja, ainda vem por aí muito jornalismo e muita literatura.


“Belém, Belém acordou a feira Que é bem na beira do Guajará Belém, Belém, menina morena Vem ver-o-peso do meu cantar Belém, Belém és minha bandeira És a flor que cheira do Grão Pará” Nas palavras do compositor paraense Chico Sena podemos dar uma voltinha pelo portão de entrada da Amazônia, a capital do Estado do Pará, Belém, situada as margens da Baía do Guajará. Mas, quem é Belém, afinal? A Cidade das Mangueiras ou a Cidade Morena? O Mercado Ver-o-Peso, com seu “cheiro bom de peixada no ar” ou as belas

instalações da Estação das Docas? O carimbó ou as guitarradas? Uma cuia de tacacá em uma tarde quente ou uma tigela de açaí com tapioca no almoço? A cidade velha com seus prédios coloniais históricos ou os prédios modernos abrigados entre ruas congestionadas no centro da cidade? Belém é muito mais do que tudo isso. Uma cidade com tantos contrastes, tantas belezas, de impossível definição, e inigualável, seja em seus cheiros, sabores, danças, e povo. Mais do que explicada, Belém precisa ser sentida, pois é uma cidade sinestésica. É preciso viver a cidade no meio da floresta amazônica, para entendê-la. Para isso convidamos os leitores a dar uma voltinha por Belém e pelo Pará.

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AMAZÔNIA E NÓS

“Quem foi ao Pará parou, tomou açaí ficou”

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Passado e presente se misturam nas ruas da Cidade Morena

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História - A nossa história começa 393 anos atrás, quando Francisco Caldeira Castelo Branco, capitão-mor da Coroa Portuguesa, chegou ao local com o objetivo de proteger a foz do Rio Amazonas dos barcos inimigos. Na época, foi erguido o Forte do Presépio, que existe até hoje, mas agora não mais com o objetivo de assegurar o domínio da cidade, e sim como um museu com cerâmicas tapajônicas e marajoaras (artesanato típico da região). O Forte do Presépio fica localizado na Cidade Velha, o bairro coração da cidade, pois ali nasceu Belém, que à época era chamada Feliz Lusitânia. Lá podemos encontrar ainda hoje os antigos prédios com fachada colonial e azulejos portugueses; a igreja de Santo Alexandre, repleta de influências barrocas e neoclássicas; a Casa das Onze Janelas, construída no século XVIII. Belém é isso, a modernidade e a história, o rústico e o clássico vivendo lado a lado, às margens da Baía do Guajará. Pois, se sairmos do complexo Feliz Lusitânia podemos encontrar bem ao seu lado o Mercado do Ver-o-Peso, parada certa pra quem vem de fora e quer conhecer a variedade de peixes, ervas, frutas e grãos que só a Amazônia oferece. Você já ouviu falar em frutas como cupuaçu, muruci, bacuri, sapoti, uxi, açaí? (o último é provável que sim, mas o sabor é bem diferente do consumido no Pará, que é batido na hora,


“Quem foi ao Pará parou, tomou açaí ficou” – Esse ditado paraense explica bem o que se sente quando se visita o Estado do Pará, cheio de encantos, belezas e variedades. Somente na capital, são mais de 39 ilhas para se visitar, e, no interior, a Companhia Paraense de Turismo – Paratur preparou 11 rotas de viagem, que atendem aos mais diversos gostos e interesses, indo desde municípios onde é praticada a pesca esportiva, a localidades nas quais se pode “reviver” a história da Amazônia, através de seu belo acervo cultural, como em Santarém e Belterra.

Segundo a turismóloga Flávia Lima, que trabalha na Paratur, “o Pará possui muitas opções culturais. É um estado cercado por rios, com lugares agradáveis que atendem a vários gostos. Quem quer curtir algo tranquilo pode ir a Cotijuba pegar uma praia; quem quer algo mais agitado pode ir para Mosqueiro e curtir um rio com ondas. E quem não quiser nada disso pode ficar em Belém e almoçar um pato no tucupi”. Flávia recomenda ainda conhecer o maior arquipélago

Açaí no Ver-o-Peso e o borboletário do Mangal das Garças: belezas paraenses

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grosso, com uma boa farinha de tapioca ou mandioca para acompanhar). E o que falar dos peixes da região: tambaqui, tucunaré, mapará, tamuatá, xaréu, sarda, pirapema, pratiqueira, e por aí vai, com sabores tão diferentes quanto os nomes. Mas, para quem preferir encontrar os peixes já preparados, basta sair do Mercado do Ver-o Peso e virar à esquerda que vai dar de cara com a Estação das Docas. Complexo construído há sete anos, que possui diversos restaurantes, lojas, artesanato, música ao vivo, em um ambiente moderno e agradável. Para quem quer ter uma visão geral da cidade e conhecer um borboletário, vale a pena visitar o Mangal das Garças, inaugurado há cinco anos.

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um laço na altura da cintura. Começa uma variação de batuque, com direito a xeque-xeque, reco-reco, pandeiro e tambores. Assim se forma o carimbó (foto ao lado), dança e ritmo paraense, que é encontrado, principalmente, nos municípios de Curuçá, Marapanim, Maracanã e Belém. O nome original era “dança do curimbó”, que vem da língua indígena, e significa “pau que produz som”, já que no carimbó não entram instrumentos eletrônicos. O carimbó é tão importante que já deu origem a outros ritmos característicos da região, caso das guitarradas, uma mistura de guitarra elétrica com carimbó, cumbia e merengue, que tem feito sucesso em outras cidades do País e do mundo.

fluviomarinho do mundo, o de Marajó, que contempla mais de três mil ilhas, com destaque para a Ilha de Marajó e as cidades de Soure e Belterra, onde se pode ver o fenômeno da pororoca. Cultura - Uma dança de roda é formada. Os pares começam a se alinhar um a um. As mulheres com suas saias compridas balançando de um lado a outro. Os homens com blusas coloridas, abertas na frente e amarradas com

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Ervas, folhas e temperos: toque exótico no Ver-o-Peso

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Círio de Nazaré – O Círio de Nazaré é um capitulo da história paraense que merece ser contado separadamente, devido à importância cultural e religiosa que essa manifestação tem. Maior procissão católica do mundo, realizada na cidade de Belém, literalmente faz a cidade parar, já que há mais de 200 anos é responsável por atrair multidões, hoje até dois milhões de pessoas à capital no segundo domingo de outubro, quando é realizada a peregrinação de 4,5 km da Catedral até a Basílica-Santuário de Nazaré. A procissão de Nazaré é o feriado religioso mais importante do paraense, é o momento dos que já não moram na cidade voltarem e se reunirem com a família, além de


Gastronomia - Quando se fala em culinária, o Pará é referência de comida genuinamente brasileira, com grande influência indígena. O que dá um toque especial e exótico à comida paraense é a variedade de ervas, folhas, temperos e frutas que a região possui. É um privilégio desfrutar de comidas peculiares como a maniçoba, feita a partir da folha da maniva - folha extraída da mandioca – que deve ser cozida cerca de uma semana antes de ser consumida, para que o ácido cianídrico, que é venenoso, seja retirado da planta. Para Daniela Martins, responsável pelo restaurante de comidas típicas paraenses Lá em Casa, todas essas peculiaridades da região amazônica tornam o sabor da comida paraense inigualável: “O sabor

não há igual. É diferente de tudo o que se encontra no Brasil. Primeiro, não é em qualquer lugar que encontramos as ervas e temperos daqui; também não é de qualquer raiz de mandioca que se retira um bom tucupi, nem de qualquer folha de maniva que se pode fazer uma maniçoba”, ressalta Daniela, que comanda o único restaurante paraense que é parada obrigatória segundo o guia “1000 coisas que se deve fazer antes de morrer”. A casa conta com um cardápio típico, como a famosa maniçoba; o pato no tucupi (ver box) - diga-se de passagem, o tucupi é o queridinho do paraense, já que tudo se come com ele: peixes, camarão, língua..tudo! -, e para acompanhar, o inexplicável jambú, planta que tem propriedades anestésicas, e combina perfeitamente com o sabor adocicado do tucupi. Será que deu pra entender porque a comida paraense é tão diferente e a mais brasileira de todas? Daniela Martins, explica: “As nossas coisas não existem em lugar nenhum do mundo!”.

Seguindo Nossa Senhora de Nazaré, fiéis se juntam na corda

Colaborou Kennya Corrêa, da Regional de Transmissão do Pará

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participarem desse momento de fé que atrai para a cidade turistas de todo o Brasil. No Círio, os chamados “romeiros” acompanham, durante todo o percurso, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré na ‘berlinda’. Alguns estão ali pagando promessas, outros apenas para ver a Santa de perto, outros tantos curiosos para entender o que leva tantas pessoas a fazer todo o percurso de joelhos, ou segurando a corda que leva a ‘berlinda’ (considerada um elo entre os romeiros e a santa); o que exige muito esforço físico e persistência embaixo de sol quente. E a multidão segue embalada pelas músicas em homenagem à Padroeira, cada um de seu jeito, com seus motivos, mas todos juntos em um momento de união e fé como poucas vezes se pode ver na vida.

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Aprenda a preparar o saboroso pato no tucupi Ingredientes: (6 pessoas) - 2 patos médios - 6 litros de tucupi - 6 maços de jambú - 1 maço de alfavaca - 1 maço de chicória - 2 cabeças de alho - 20 unidades de pimentas de cheiro - sal a gosto Para o “vinha-d’alho”: - 5 unidades de limão - 3 cabeças de alho - Sal a gosto - ½ litro de vinho branco - 1 pimenta de cheiro

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Preparo: - Lavar os patos em água corrente. - Em um recipiente preparar o “vinha-d’alho” com o suco dos limões, três cabeças de alho socadas, o vinho branco, a pimenta de cheiro, sal e água a gosto. - Temperar os patos no “vinha d’-alho” e deixar descansar de um dia para o outro na geladeira. - Assar os patos em forno médio por aproximadamente 90 minutos. - Em uma panela colocar para ferver o tucupi com três pimentas de cheiro, duas cabeças de alho, alfavaca, chicória e sal a gosto. - Após os patos esfriarem, cortá-los em quatro pedaços cada. - Em uma panela colocar dois litros de tucupi já temperado e ferver os patos em pedaços até ficarem bem macios. - Desossar e tirar a pele dos patos já macios. - Preparar o jambú, catando e separando as folhas com os talos mais tenros e lavando em água corrente. - Em uma panela com água fervente e sal a gosto escaldar levemente o jambú. Escorrer e reservar. - Preparar o molho de pimenta de cheiro com o restante das pimentas amassadas com sal a gosto, um dente de alho socado, completando com um pouco de tucupi quente.

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Como servir: Em um prato de sopa colocar os pedaços de pato e cobri-los com o jambú, e o restante do tucupi que não foi usado para amaciar os patos. O pato no tucupi é servido com arroz branco, farinha d’água de mandioca e molho de pimenta. Receita do Chef Paulo Martins, do restaurante Lá em Casa


“Prezados, na edição da revista Corrente Contínua, Novembro/Dezembro de 2008, saiu uma matéria sobre nosso emprendimento (AHE Dardanelos), e nossos programas de educação básica ambiental. Tenho em minha posse aqui na empresa apenas um exemplar e gostaria de receber mais alguns”. Vinycius Kaizer Energética Águas da Pedra Cuiabá - MT “Senhores, peço-lhes um favor, caso possam nos atender: a revista Corrente Contínua, edição 223, de Novembro/Dezembro de 2008, na página 42, estampa uma foto de frutas, que não conhecemos. Caso os senhores puderem me enviar o nome dessa fruta, agradeço. Esta revista da Eletronorte é adorável! Parabéns”. Cláudio Santiago Maracás - BA “Na edição 224 da revista Corrente Contínua, reportagem afirma que a primeira hidrelétrica da Amazônia é Curuá-Una. Gostaria que esse título não nos fosse tirado. Nossa Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes foi inaugurada para fins comerciais em 13 de janeiro de 1976, enquanto que Curuá-Una foi em 19 de agosto de 1977. Segue minha insatisfação como usuário das informações divulgadas por nossa imprensa da Eletronorte”. José Maciel Reis Regional de Produção do Amapá Macapá- AP “Meus prezados, longe de mim ser bairrista, mas não poderia deixar de me manifestar a respeito da matéria do último número 224, da nossa excelente revista Corrente Contínua, página 40, sobre colocar Curuá-Una como a primeira hidrelétrica da Amazônia. Vamos fazer justiça. A primeira hidrelétrica da Amazônia é e sempre será Coaracy Nunes (antiga Paredão), no Amapá. A mesma foi colocada em operação comercial em 1976, história da qual faço parte, pois sou da primeira turma de operadores formada pela Eletronorte e nossa pri-

meira missão foi rodar a usina de Coaracy Nunes e energizar o sistema elétrico isolado do Amapá. Esperando a reparação, coloco-me a disposição para dirimir dúvidas”. Manuel Alves Regional de Produção do Amapá Macapá - AP “Prezado Alexandre, apesar de o título estar incorreto, a Usina Hidrelétrica Curuá-Una pode ser compreendida como a primeira usina da bacia amazônica”. Mário Dias Miranda Coordenação de Relações Institucionais Brasília – DF N.R.: Cometemos uma grave falha na última edição da revista Corrente Contínua, ao afirmar, na página 40, que a Usina Curuá-Una foi a primeira hidrelétrica da Amazônia, quando, na verdade, esse título cabe à Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes. Pedimos desculpas pelo erro histórico, principalmente aos colegas do Amapá. “Prezada equipe da Gerência de Imprensa, a cada exemplar da Corrente Contínua eu tenho mais orgulho dessa Empresa, de ver a sua riqueza e diversidade. Parabéns. Porém, a matéria sobre o Maranhão ficou com nota 9,9, pois não consegui ver o início do refrão da música Maranhão, meu Tesouro meu Torrão (Maranhão, meu tesouro, meu torrão/Fiz esta toada, pra ti Maranhão...). Complementando a música, aí sim, a matéria ganha nota dez”. Arthur Quirino da Silva Neto Regional de Transmissão do Maranhão São Luís – MA “Prezado Alexandre, parabéns pela revista e principalmente pelas matérias do Plano de Transformação do Sistema Eletrobrás, muito abrangente, e a outra sobre inovação. Parabenize o Enock Byron também por sua criatividade”. Luis Cláudio Silva Frade Departamento de Gestão Tecnológica da Eletrobrás Rio de Janeiro - RJ “Senhor Arthur Quirino, tive a oportunidade de ver a publicação da revista Corrente Contínua, onde foi publicado um resumo extraordinário sobre o Estado do Maranhão. Eu, como um autêntico ludovicense, também me chamo José Ribamar e, de certa forma, me senti homenageado, por dois motivos: primeiro você em sua matéria ajudou a elevar o nome dessa

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“Prezados senhores, recebemos e agradecemos o envio da revista Corrente Contínua. A mesma será de grande importância para o nosso acervo. Gostaríamos de continuar recebendo doações”. Mara Patrícia Divisão de Processamento Técnico - Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá Macapá- AP

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maravilhosa criação divina a qual os homens deram o nome de Maranhão, com todas essas peculiaridades. Segundo, citou em sua obra uma toada do nosso poeta maior, da nossa melhor manifestação cultural, que em poucos versos sintetiza o nosso estado. Tenho orgulho em dizer que sou maranhense e faço parte do bumba-boi de Maracanã. Fica aqui meu muito obrigado e parabéns!”. José Ribamar Sousa Martins Divisão de Transmissão de Presidente Dutra- Presidente Dutra MA “Prezada Isabel, escrevo para elogiar a espetacular cobertura que a revista Corrente Contínua deu ao Plano de Transformação do Sistema Eletrobrás. Vocês foram exemplares em tudo, desde a realização do evento até a revista. Fiquei emocionado e o presidente José Antonio mais ainda. Valeu mesmo!”. Luiz Augusto P. A. Figueira Coordenador-Geral da Presidência da Eletrobrás Rio de Janeiro - RJ “Prezados senhores, sou leitor há algum tempo da excelente publicação Corrente Contínua. Infelizmente, não recebi a edição 221. Peço, se possível, recebê-la. Segue meu endereço para postagem”. Caio Fernandes Lopes Itajubá - MG “Recebemos e agradecemos a revista Corrente Contínua: da Eletronorte, Vol. XXXI, Nº 222, de set./ out. de 2008”. Mara Regina Boaventura Gerência de Documentação e Programas Especiais da Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá - MT

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“Recebemos e agradecemos a doação da obra revista Corrente Contínua - Ano XXXI - nº 223. Temos certeza de que irá enriquecer sobremaneira, nosso acervo, por ser fonte de informações preciosas para os usuários desta Biblioteca”. Maria Hilda de Medeiros Gondim Diretora da Divisão de Desenvolvimento de Coleções da Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará Belém – PA

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“A Fotolegenda da edição de janeiro/fevereiro da Corrente Contínua ficou magnífica! A imagem, carregada de sutileza, demonstra a paradoxal junção da força e da delicadeza feminina. O ‘casamento’ do texto com a imagem com certeza conseguiu transmitir a

mensagem pretendida aos receptores. E ainda legitima o compromisso que a Empresa tem em disseminar a equidade no ambiente de trabalho. Parabéns pelo texto e pela imagem!”. Rose Dayanne Regional de Transmissão do Tocantins Palmas - TO “Queridos amigos, estou muito lisonjeada com o carinho de vocês, eu só tenho a agradecer. As matérias ficaram ótimas, e não poderia ser diferente: com a competência e amor ao que fazem o resultado só poderia ser esse mesmo. Amei a Fotolegenda, ficou muito fofo!”. Katiana Silva Santos Divisão de Transmissão de Imperatriz Imperatriz – MA “Prezado Accioly, parabéns pela edição da Corrente Contínua nº 224, especialmente a matéria do César Fechine, “Usina-plataforma, o novo conceito em hidrelétricas”. É um conceito muito importante para o Setor Elétrico.” Marcos Bezerra Gerência de Obras de Geração Brasília - DF “Como mulher, colaboradora da Empresa e leitora da revista Corrente Contínua, gostaria de elogiar a quarta capa da edição Ano XXXI – nº 224 – Janeiro/ Fevereiro – 2009. Inteligente, visualmente moderna e humana: a idéia foi dez!”. Fernanda Monteleone Barros Superintendência de Suprimento de Material e Serviços Brasília - DF “Agradeço bastante o envio da matéria feita pela Eletronorte e gostaria de receber exemplar da revista impressa. Nosso endereço segue abaixo”. Rafael Mileo Assessor de Comunicação da Cooperação Internacional do Governo do Pará Belém - PA “Recebemos a última edição da revista Corrente Contínua que, por sinal, está muito boa, principalmente, a matéria sobre a usina plataforma. Todos na redação da revista GTD gostaram muito. Parabéns!”. Anna Flávia Rochas Subeditora e repórter da revista GTD Energia Elétrica São Paulo - SP


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fotolegenda O que foi mãe? Mãe....Mamãeiê!!! Ô filho, o que foi? O que a senhora tava olhando? Não tava olhando. Tava ouvindo Ouvindo o quê? O rio. E rio fala mãe? Fala com os peixes? Fala de um jeito diferente filho. Com os peixes, as árvores, e até com a gente. Ele fala com a senhora mãe? E o que ele já disse? Me disse que adora quando a gente senta aqui na calçada de casa e fica olhando ele como a rua mais grandona de todas..... E o que mais mãe? Ele gosta que a gente tome banho aqui? Ah, claro que gosta. Ele adora abraçar. Abraça tudo. Gente, terra, bicho e mato. Mãe. Eu acho que eu ouvi. Ouviu o quê, menino? O rio mãe! É? E o que ele te disse? Disse pra eu ficar quietinho. Quietinho?!?! É. Pra ouvir uma história, mãe. E que história será essa filho? Sei não mãe. Acho que ele vai começar agora e terminar só quando eu crescer. Será que o rio vai ficar aí mãe? Texto: Michele Silveira Vai sim filho, vai sim....é só ficar de ouvido nele. Foto: Rony Ramos

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