corrente contínua Ano XXXII - Nº 229- Novembro/Dezembro -2009
A REVISTA DA ELETRONORTE
Castanheira:
Brasil não aproveita adequadamente uma de suas maiores riquezas florestais
Eletronorte
MEIO AMBIENTE
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RESPONSABILIDADE SOCIAL Eletronorte e Breu Branco: 18 anos juntas na energia, na educação, na saúde e na história
Castanheira, fundamental para a manutenção da biodiversidade Página 34
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TECNOLOGIA II Seci: gerações se unem na inovação
AMAZÔNIA E NÓS Bravo povo acriano Página 50
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A segurança da infraestrutura e do conhecimento César Fechine
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TRANSMISSÃO Viagem para o sistema de transmissão do Madeira Novidades nos cabos condutores de aluminio de grande bitola
GERAÇÃO
sumário
GERAÇÃO A segurança da infraestrutura e do conhecimento
CORRENTE ALTERNADA XX SNPTEE reúne a inteligência do Setor Elétrico brasileiro
Nos últimos anos, os serviços de inteligência dos maiores países do mundo têm sido orientados a desenvolverem planos de proteção aos serviços de infraestrutura crítica, bem como ao conhecimento sensível, que pode ser definido como ‘informação estratégica’. “O que nos torna diferenciados e competitivos é o que devemos proteger, além das nossas instalações. Toda a informação que obtivemos com trabalho e inteligência, que tivemos que dominar no tempo, despender custos, capacidades, esforço, isso tem valor. Nós estamos falando disso, de valor, da informação como elemento competitivo”, afirma Mário Dias Miranda (foto acima), coordenador de Relações Institucionais da Eletronorte.
Todo plano de segurança institucional deve começar pela proteção da infraestrutura crítica - instalações, serviços, bens e sistemas -, que, se forem interrompidos ou destruídos, provocam sério impacto social, econômico, político ou à segurança do Estado e da sociedade. “A Eletronorte criou o Comitê de Monitoramento de Informações Institucionais visando à implantação de um gabinete de crise para, em situações excepcionais, assessorar a Diretoria na tomada de decisões frente a qualquer adversidade que possa atingir as nossas instalações”, explica Miranda. Mas, antes que surja a necessidade de instalação desse gabinete, a Eletronorte trabalha na análise e no planejamento de informações para antecipar e evitar possíveis crises. Para isso, foi firmado um acordo de cooperação técnica com a Agência Brasileira de Inteligência – Abin, que prevê a execução de uma série de ações para proteger as instalações e os conhecimentos sensíveis, manuseados ou mantidos
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CORREIO CONTÍNUO Página 58
FOTOLEGENDA
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SCN - Quadra 06 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2 CEP: 70.716-901 Asa Norte - Brasília - DF. Fones: (61) 3429 6146/ 6164 e-mail: imprensa@eletronorte.gov.br site: www.eletronorte.gov.br
Prêmios 1998/2001/2003
Diretoria Executiva: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação Empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - Equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298- RS) - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Estagiárias: Camila Marques e Márcia Alvarenga - Fotografia: Alexandre Mourão - Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Revisão: Cleide Passos - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Arte da contracapa: Alexandre Velloso - Impressão: Brasília Artes Gráficas - Tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral
Tucuruí sofreu invasão em maio de 2007
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Tucuruí - A Eletronorte é o primeiro órgão da administração indireta a firmar um acordo com
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Exemplo de conceito de proteção em profundidade
a Abin visando à implantação de um sistema de planejamento de informações para proteger tanto a parte de infraestrutura física quanto de conhecimento sensível, por meio do Programa Nacional de Proteção ao Conhecimento – PNPC. Pelo acordo, a Empresa recebe informações da Agência de como proteger as suas instalações, fornecendo, em contrapartida, dados sobre o funcionamento do sistema elétrico e suas peculiaridades. Para divulgar as ações de proteção ao conhecimento sensível, um treinamento foi realizado recentemente com os empregados da Eletronorte, com o objetivo de evitar ameaças e perdas das informações estratégicas. “A Eletronorte possui conhecimentos extremamente importantes não apenas para a Empresa, mas também para o Brasil, e é função da Abin apoiar esse arcabouço gerador de potencial competitivo e relevante para a defesa dos interesses nacionais”, declara José Renato de Oliveira (foto à esquerda), oficial de Inteligência da Abin. A parceria com a Agência começou pela Usina Hidrelétrica Tucuruí, devido à sua importância não apenas para o sistema elétrico, mas também por ser a responsável principal pela receita
Sala de operação de Tucuruí: mais segurança e dificuldade de acesso
da Eletronorte. Está sendo feita a avaliação da segurança física da Usina, ou seja, a capacidade de adequação frente a ameaças e riscos. Mas como a instituição deve se proteger? São consideradas como possíveis ameaças externas pelo serviço de contrainteligência os grupos terroristas, organizações criminosas, grupos de protesto, outras corporações ou de inteligência adversa. Já as ameaças internas podem ser funcionários insatisfeitos, grupos antagônicos, por interesses ou ideologia, ou que envolvam questões financeiras. E como proteger? Dificultando o acesso nãoautorizado, físico e lógico, e melhorando a capacidade de percepção de ameaças por meio da análise do perímetro. Os objetivos do trabalho de análise de riscos são fornecer uma base para a tomada de decisão e planejamento, identificar ameaças e possibilitar a gestão pró-ativa e eficiente na alocação e uso de recursos. “Esse trabalho compreende três aspectos principais, começando pela proteção física da Usina, considerando-se o perímetro e a proteção em profundidade. O segundo é a gestão de pessoas, que envolve a seleção dos recursos humanos, comportamento e ética. E o terceiro é a proteção dos sistemas eletrônicos e de automação”, explica Állison Raposo, coor-
denador-geral de Proteção ao Conhecimento Sensível da Abin. A preocupação com a proteção dos serviços essenciais envolve também o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República -GSI. A infraestrutura crítica do País foi dividida em oito grandes grupos: segurança pública, energia, finanças, transportes, água, saúde, telecomunicações e alimentos. “No caso da tecnologia da informação, a integridade dos dados e a proteção dos ativos são prioridade. Em automação, a segurança da planta é o mais importante”, informa Állison. Os pontos críticos estão sendo mapeados para a elaboração dos planos de segurança. A metodologia utilizada compreende o estabelecimento do contexto, a caracterização da fonte de ameaça, a avaliação dos sistemas de proteção, estimativa da efetividade e do impacto, e determinação do risco. “Vamos sugerir melhorias do sistema de proteção para cada vulnerabilidade identificada. A tendência para todo o Setor Elétrico é criar um plano para acionamento automático em caso de crise”, acrescenta Állison (foto acima).
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na instituição. A Abin possui a competência legal de planejar e executar a proteção do conhecimento que, por sua importância estratégica para o Estado e para a sociedade, necessitam de medidas especiais de salvaguarda. Proteger as suas instalações é um dever da Eletronorte. Como concessionária do serviço público de geração e transmissão de energia elétrica, a Empresa é responsável, contratualmente, pelas instalações que opera e por assegurar a produção de energia com qualidade, continuidade e segurança. “Esses são elementos intrínsecos do contrato de concessão. Se algum intruso invadir as instalações e paralisar a produção de energia nós vamos responder e seremos penalizados. Se um terceiro invadir as instalações, sofrer um acidente ou levar um choque, nós podemos ser responsabilizados civilmente perante a Justiça e pagar indenização”, acrescenta Miranda.
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“Por uma cultura de segurança”
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Matriz detalhada - A avaliação da segurança orgânica de Tucuruí envolve todos os aspectos relativos ao acesso de visitantes e à tramitação de informações digital e documental. O engenheiro de planejamento, Orlando Correa, trabalha no projeto que está sendo desenvolvido com a Abin e detém uma série de treinamentos na área de inteligência e especialização em planejamento estratégico e segurança. Ele explica que os especialistas da Agência já fizeram três viagens a Tucuruí e participaram de várias reuniões com os técnicos da Empresa. A Eletronorte e a Abin estão construindo uma matriz detalhada com o objetivo de listar as possíveis situações de risco e de ameaça à Empresa. “Nos Estados Unidos, esse trabalho
rada, em 1978, a primeira versão do Plano de Emergência Externo. Desde então, o plano sofreu diversas alterações de formatação e responsabilidades pela sua execução, sendo que, em 1994, sob a coordenação da Secretaria de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e já intitulado Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro. Esse plano passou a considerar, de forma plena, a atuação de órgãos sediados efetivamente na região de Angra dos Reis, principalmente a Defesa Civil do município. Nele constam ações específicas a serem implementadas nas Zonas de Planejamento de Emergência, que são áreas vizinhas, delimitadas por círculos, com raios, respectivamente, de três, cinco, dez e 15 quilômetros, centrados no Edifício do Reator de Angra 1. As ações envolvem, também, a participação das seguintes organizações: Exército, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência - Abin, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Defesa Civil de Angra dos Reis, Defesa Civil de Paraty, empresa de eletricidade e empresa de transporte urbano da região, além de outras secretarias estaduais e municipais. Visando manter o plano sempre em condições de acionamento, são realizados, anualmente, nos anos pares os exercícios de emergência parcial, quando são testadas a eficácia da cadeia de comunicações e a eficiência da ativação dos centros de emergência. E nos anos ímpares é feito pela CIA, que cuida da parte de inteligência, e pelo FBI, na contrainteligência. Nós vamos terminar até o final de 2009 o relatório contendo a matriz da análise de riscos e ameaças às quais a Eletronorte está exposta”, afirma Orlando Correa (abaixo). São questões, por exemplo, como o controle nas barreiras para acesso à Usina. Na guarita de Tucuruí ficam seguranças da Eletronorte e da construtora contratada. “Como se dá a decisão para entrar na Usina? Até que ponto existe uma pro-
os exercícios de emergência geral, quando são colocadas em prática e testadas todas as ações revistas no plano, inclusive a capacidade de mobilização de meios em pessoal e material; a disseminação de informações ao público e à imprensa; a ativação de alguns abrigos e até mesmo a evacuação de voluntários residentes nas proximidades, embora, na realidade, a possibilidade de a população ter que ser removida seja uma hipótese remota. E a proteção do conhecimento sensível garante a integridade da Empresa. “Este aspecto do conhecimento enteção para possíveis situações de emergência? O único sinalizador para a pessoa entrar é um emblema no pára-brisa do carro. Nós listamos esses aspectos para ver até que ponto isso pode provocar uma vulnerabilidade”, detalha Correa. Outros pontos relativos aos recursos humanos são os cuidados com a contratação de pessoal para trabalhar na segurança da Usina, como acontece o treinamento e o acompanhamento desses profissionais. Quanto ao perímetro, são analisadas formas de dificultar a ameaça de chegar ao alvo, no caso a Usina, e o grau de dificuldade de acesso, com a colocação de proteção e obstáculos. A dificuldade deve ser crescente à medida que se aproxima do controle operacional da Hidre-
volve a segurança da informação e do direito autoral, numa perspectiva do desenvolvimento de novas tecnologias e que é uma segurança estratégica”, afirma José Manuel. Para o superintendente, trata-se, enfim de empreender uma cultura de segurança. “Hoje, a nossa prioridade é estabelecer uma cultura de segurança. A segurança do trabalho e industrial, da informação e do meio ambiente, a proteção radiológica, todas precisam estar integradas. É preciso proteger o homem que está trabalhando, o que está do lado de fora da usina, além do meio ambiente.” létrica. A avaliação dessas questões conta também com a participação do Exército Brasileiro, por meio do Esquadrão de Cavalaria Mecanizada de Tucuruí. Amazônia - A experiência do acordo entre Eletronorte, Abin e GSI é considerada um marco por unir órgãos de inteligência e uma empresa energética. “Não existe no mundo uma experiência em nível de profundidade tão grande quanto esta, que envolve segurança e conhecimento sensível, e que deverá servir de referência no futuro”, opina Orlando Correa. E o trabalho está apenas começando. O próximo passo é fazer a análise das condições de segurança das linhas de transmissão que
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O fator segurança é prioridade quando se trata de usina nuclear. No Brasil, as usinas nucleares de Angra 1 e 2 (foto na página ao lado) geram dois mil MW e trabalham com o urânio238, que possui capacidade térmica muito grande. Uma única pastilha de urânio, por exemplo, gera mais calor do que o equivalente a um vagão de trem de carvão. A geração de energia nuclear começa com a fissão dos átomos de urânio dentro do núcleo do reator. Essa fissão gera calor e aquece a água do sistema primário. No gerador de vapor, essa água aquece a água do sistema secundário, transformando-a em vapor. Após movimentar a turbina, o vapor passa pelo condensador, onde é resfriado pela água do mar (sistema terciário) e reinicia o processo retornando ao gerador de vapor. O gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina produz a eletricidade que abastece a rede de energia elétrica. Um dos principais critérios no aspecto de segurança dos projetos nucleares é a defesa em profundidade. “Nós temos diversas proteções físicas, que são concêntricas em relação ao reator. Os envoltórios de contenção das usinas são prédios cilíndricos compostos por uma estrutura de aço revestida por um prédio de concreto armado, com 60 cm de espessura”, explica José Manuel Diaz Francisco (foto à direita), superintendente de Comunicação e Segurança da Eletronuclear. As usinas também possuem sistemas de segurança redundantes, independentes e fisicamente separados, em condições de prevenir acidentes e, também, de resfriar o núcleo do reator e os geradores de vapor em situações normais ou de emergência. Além disso, há a proteção não-física, que é a qualificação do pessoal. Para operar os reatores nucleares é exigido um treinamento que pode chegar a sete anos, culminando com o licenciamento pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. O Plano de Emergência de Angra prevê a evacuação da população em caso de acidentes graves. Para atender aos requisitos de licenciamento da Usina Nuclear Angra 1, foi elabo-
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Em um ambiente de intensa competitividade em escala mundial, a sobrevivência das próprias empresas está cada vez mais associada à gestão e à proteção do conhecimento. Principalmente quando se trata da Amazônia, onde estão os grandes potenciais hidrelétricos, recorda Mário Miranda. “O nosso conhecimento de Amazônia, os levantamentos, os registros e os dados cultivados em 36 anos têm um valor imensurável. Isto é informação estratégica.”
Bruna Maria Netto Breu Branco, município brasileiro do Estado do Pará, localizado a cerca de 350 km de Belém, conta com uma população de 47.069 habitantes e em nada lembra aquela Vila de Breu Branco de anos atrás. No início dos anos 1970 a população não passava de 200 pessoas. Em 1983, a cidade começou a transformar-se, culminando no ano de 1991, na sua municipalização. A emancipação do lugar, antes ligado ao município de Tucuruí, surgiu justamente em consequência da Usina Hidrelétrica Tucuruí e da formação do seu lago, cuja construção resultou no reassentamento da população local para uma nova vila, com água, saneamento básico e energia de qualidade. Com ajuda da Eletronorte, Breu Branco, que em 2009 completa 18 anos, ga-
Qualidade de vida em Breu Branco é referência
nha não apenas a maioridade, mas também demonstra a força de um povo que soube crescer e se manter a partir de uma grande oportunidade. A história da parceria da Eletronorte com Breu Branco começou bem antes de sua municipalização, com a região ganhando novos ares já em 1983. Naquela época, os estudos mostraram que a área que deveria ser inundada para a construção do lago de Tucuruí atingiria uma vila, a de Breu Branco, localizada à margem esquerda do Rio Tocantins, a 43 km de Tucuruí. Seu nome está vinculado à grande quantidade de árvores da espécie denominada breu branco. É macia, de odor agradável e fresco, e produz uma resina utilizada na fabricação do breu. Breu é um betume artificial obtido a partir de secreções resinosas de várias plantas, especialmente das coníferas, utilizado
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RESPONSABILIDADE SOCIAL corrente contínua
As atuais barreiras de acesso à visita podem ser pontos vulneráveis
partem de Tucuruí. Posteriormente, será feito o levantamento das condições de segurança do Sistema Norte-Nordeste, responsável pelo intercâmbio de energia com os sistemas Sul e Sudeste, bem como de todas as instalações da Eletronorte no Pará, Maranhão, Tocantins e, em seguida, nos outros estados. “Hoje, preocupa-nos muito, por exemplo, o fato de a linha de transmissão caminhar em paralelo com a ferrovia da Vale, no Maranhão, que tem sido alvo de manifestações de etnias indígenas”, lembra Mário Miranda. “Nós pretendemos levar esse trabalho também para Itaipu, Paulo Afonso, Ilha Solteira e para todos os grandes sistemas de transmissão”, completa Állison.
Eletronorte e Breu Branco: 18 anos juntas na energia, na educação, na saúde e na história
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pelos calafates para dar acabamento e cobrir as costuras do tabuado do navio No assentamento, aproximadamente 127 pessoas viviam da caça, pesca, do cultivo da castanha-do-pará, extração de madeira e de lavoura. Com a construção da Estrada de Ferro Tocantins, houve um deslocamento da população para as proximidades da ferrovia, objetivando a melhoria de condições de transportes de pessoas e de carga. Um desses moradores é a agricultora Maria Madalena Basílio (ao lado).
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A cidade nasce...
to médico também. Veio gente de Castanhal, Maranhão, Bahia, de todos os locais. Quando chegavam a Breu Velho gostavam muito de lá e não queriam voltar para suas terras. Nós vivemos uma vida maravilhosa por lá”. Apesar da vida pacata, a Vila de Breu Velho não oferecia condições de higiene e de infraestrutura aos moradores. A educação funcionava precariamente, com apenas duas salas de aula, uma mantida pela Estrada de Ferro Tocantins - em construção na época - e outra pela Igreja Católica, onde se estudava até a 2ª série do ensino fundamental. A Secretaria de Saúde fornecia os medicamentos necessários ao atendimento da saúde da população, realizado em um pequeno posto por uma auxiliar de enfermagem, também remunerada pela Estada de Ferro Tocantins. O fornecimento de água era extremamente precário (foto à esquerda), forçando os moradores a se abastecerem nos igarapés. A energia era fornecida via motor e distribuída apenas das 19h às 22h. O lazer, limitado à praia local, ao futebol no campinho de chão batido e às igrejas. Dona Madalena é testemunha: “Nossa casa era sem cobertinha, de tabuinha. A gente tinha energia elétrica somente até as 22h, trazida pelo motor. Buscávamos água na cabeça, lá do igarapé, mas vivíamos muito unidos. Éramos um povo muito unido”.
...a cidade cresce
Assim como dona Madalena, muitos vieram a Breu Branco por conta da implantação dos grandes projetos federais na Amazônia no século XX, a exemplo da Estrada de Ferro Tocantins, da Rodovia Transamazônica e, posteriormente, pela construção da Usina Hidrelétrica Tucuruí. O gaúcho Valdemar Dagnoluzzo (abaixo) também foi para Breu Branco, mas com outra função: técnico em edificações, coordenou a construção das obras para a realocação dos breuenses: “A vila de Breu Branco, conhecida como Breu Velho, era uma passagem para quem vinha do Sul, sendo a única via de acesso existente para a Transamazônica no sentido Tucuruí. Eram 75 km de estrada de terra, e essa vila ficava no meio do caminho. Era uma localidade muito antiga, quase uma estação ferroviária da Estrada de Ferro Tocantins. Nos anos 70, depois da abertura da Transamazônica, é que houve essa ligação da estrada que passava dentro da vila”. Como gerente de uma empresa contratada pela Eletronorte para construção de canteiros e vilas, frutos
da implantação da obra de Tucuruí, Valdemar percorreu todas as localidades relacionadas ao empreendimento. Foi então que passou a atuar na Eletronorte, estando ainda hoje na área de obras. Quem relembra a situação daquela época é Humberto Gama (à direita), gerente de Obras de Geração da Eletronorte, à época engenheiro residente de Tucuruí, que tinha entre outros encargos o de refazer as cidades que seriam inundadas. “Breu Branco era um amontoado de casas, Não chegava a ser um município, mas dava suporte à estrada de ferro antiga. Mas, como seria inundada, houve a decisão de realocar os moradores da vila, e por decisão da própria população do Breu foi escolhido o local onde montamos a nova cidade. E foi, em minha opinião, um lugar muito bem escolhido”. Breu Novo - A partir da intervenção das equipes da Eletronorte, o Breu Velho passou a ser chamado de Breu Novo, e a nova vila trouxe benefícios a cerca de 250 pessoas, incluindo dona Madalena e sua família. “Nós fizemos a mudança num caminhão, e nele
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Breu Velho - Dona Madalena tem “26 anos de Breu”, como ela mesma diz. “Trouxe um filho com nove meses para cá, e ele já tem 26 anos”, completa. A agricultora, depois de casada, se mudou para o ‘Breu Velho’, como a Vila era conhecida,: “Nasci no município de Mocajuba, mas fui criada em um lugar chamado Remansão, à beira do Rio do Tocantins, que passa por debaixo do Jatobal (pequena cidade a 83 km de Tucuruí)”. De acordo com Madalena, “nos demos muito bem com o povo que já estava lá. Passamos muitos anos vivendo naquela comunidade, da caça e do plantio na roça. O peixe que comíamos no almoço era pescado pouco antes da nossa refeição, e tínhamos nossos plantios no fundo dos quintais, que eram bem grandes. Vivemos lá por volta de dez anos”. Madalena descreve o lugar com a precisão de quem conhece Breu Velho como se vivesse no local ainda hoje: “Lá onde morávamos havia apenas a rua principal, com um campo de futebol no meio da rua. A igreja de São Sebastião ficava ao lado do campo; o colégio se chamava Gonçalo Oliveira, e tinha um pequeno pos-
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Com o Pirtuc, novas obras vão surgindo, como o ginásio esportivo
vinham de quatro a cinco famílias juntas. A mudança foi boa, não tenho nada a reclamar. Até hoje, todos aqueles que se mudaram estão em Breu Novo”. Valdemar conta que a transferência do Breu Velho para o que hoje é conhecido como Breu Novo foi rápida. “Numa primeira fase a Eletronorte indenizou as famílias e,
em seguida, realocou aqueles que quiseram ficar. Foi um processo rápido, com duração de menos de um ano, iniciado em 1983. Em fins de 1984 as comportas foram fechadas e o lago encheu. Foi um pouco complicado, porque o pessoal realocado teve reações diferentes, pois tinham um meio de vida numa vila pequena, em que todos se conheciam e de onde tiravam seu sustento, e quando chegaram numa cidade planejada ficaram ressabiados”. Um terreno de 660 mil m² foi preparado e limpo para o Breu Novo. A obra custou, na época, algo em torno de US$ 8 milhões. Segundo Humberto Gama, “a obra demorou cerca de um ano e meio, desde preparar a terra até pintar a última casa, pois tínhamos um prazo para realocar a população e formar o lago. Trabalhávamos 12 horas por dia”. A construção da vila pela Eletronorte fez com que cada morador previamente cadastrado ganhasse uma casa própria, escriturada, com
água encanada e energia elétrica 24 horas por dia. Ela era composta por três quartos, sala, cozinha e banheiro, além de toda a infraestrutura urbanística. “Nós fizemos a coisa arrumadinha, mas com um “projeto de engenheiro”, composto por quadras quadradas e retangulares, sem a mão do artista do arquiteto”, afirma Humberto. Valdemar enumera o que foi realizado: “Foi construída toda a infraestrutura inicial que, na realidade, não existia em Breu Velho, por se tratar de uma pequena vila no interior da Amazônia sem qualquer base ou apoio. O que havia na verdade eram pequenos barracos construídos em madeira, pau-a-pique e barro. A Eletronorte construiu as casas e também os prédios públicos do município, como igrejas, postos de saúde, escolas, rodoviária, delegacia e o sistema de água e esgotos”. Humberto destaca que as obras de esgoto na região renderam inclusive uma matéria para a Rede Globo. “Uma vez um repórter foi fazer uma matéria com o visível intuito de falar
mal das obras. Eu o levei e falei ‘vem ver o que estamos fazendo aqui’. Quando viu a escola e as demais construções em fase avançada, o que mais lhe chamou atenção foi um buraco no meio da rua. Ao perguntar o que era, expliquei que tratava-se do esgoto, e, quando contei que anteriormente na cidade não havia esgoto tratado, ele levou um susto”.
Ruas asfaltadas até nos bairros mais distantes
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As obras realizadas em Breu Branco e nas demais localidades vizinhas à Usina Hidrelétrica Tucuruí são, desde 2002, também assistidas pelo Plano de Inserção Regional da Usina Hidrelétrica Tucuruí – Pirtuc. Desde então, foram realizadas diversas obras, incluindo a construção de escolas, delegacias, posto de saúde, quadra de esportes, urbanização de áreas e asfaltamento de estradas. O gerente da Divisão de Meio Ambiente da Gerência de Obras de Tucuruí, que coordena o Pirtuc em Breu Branco, Crisogno Frazão (foto), conta nesta entrevista as atividades relacionadas ao convênio.
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Quando surgiu o projeto em Breu Branco? Apesar de a Eletronorte ser parceira do município de Breu Branco bem antes de 1991, data de sua emancipação, em 2002 a parceria foi ampliada, com o Pirtuc. O Plano foi iniciado em Breu Branco por meio de convênios, com ações voltadas a diversas áreas, especialmente, as de saúde, educação, esporte e lazer, infraestrutura e saneamento básico.
É importante registrar que a Empresa iniciou em 2000 as ações socioambientais compensatórias no município, com a implantação do Programa de Apoio aos Municípios do Entorno do Reservatório da Usina Hidrelétrica Tucuruí, criado para atender às questões sociais emergentes. Quais foram as motivações que fizeram a Eletronorte investir em Breu Branco? As principais foram a visão da Empresa de que teria que enfrentar os problemas sociais do município, a ausência do Estado e o compromisso com a compensação socioambiental. Quais são as principais atividades e construções realizadas pela Eletronorte por meio do Pirtuc? Considero a construção de escolas; de postos de saúde; de prédios públicos; de áreas de lazer; implantação de microssistemas de abastecimento de água; melhoria do sistema de tratamento de esgoto; urbanização da orla; recuperação de estradas vicinais e de vias públicas urbanas; apoio à atenção básica à saúde; e a implantação do Programa de Educação em Saúde e Apoio à Vigilância Epidemiológica, executado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica - Nuve. Quantas pessoas já foram beneficiadas pelo Pirtuc em Breu Branco? Entendo que fazer referência a pessoas beneficiadas com as ações do Pirtuc seria reduzir a magnitude e amplitude desse plano, reconhecido como referência na região
Opções de lazer e esporte
Nova delegacia de polícia
pelas ações que realiza, onde parte delas se restringe a alguns segmentos da sociedade, mas a maioria é direcionada à sociedade em geral. Assim, diante da importância que representa para o conjunto da sociedade e de sua inestimável contribuição para o processo de desenvolvimento sustentável da região, posso afirmar que o Pirtuc, ao longo desses anos, vem beneficiando toda a população do município de Breu Branco, atualmente estimada em 47 mil pessoas. Quais os principais impactos do Pirtuc na população de Breu Branco? Destaco a elevação da oferta de vagas escolares nas modalidades de ensino infantil, fundamental e médio; ampliação do número de atendimentos na área da saúde; melhoria do escoamento da produção agrícola; da estrutura física
de prestação de serviços públicos; da saúde e das atividades de esporte, lazer e cultura da população. Qual é o seu sentimento, como ambientalista e empregado da Eletronorte, em ajudar toda uma população? Inicialmente gostaria de registrar que eu e minha equipe sentimo-nos honrados e gratificados pela responsabilidade de tocar o Pirtuc em Breu Branco e nos outros municípios do entorno de Tucuruí. Sendo natural da região e conhecedor da carência e das necessidades do povo paraense, sobretudo dos municípios dessa área de influência, igualmente me sinto feliz em poder contribuir para o resgate da dignidade da população, trabalhando da melhor forma possível, tendo sempre em vista que ela constitui nossa clientela principal, com direito aos serviços públicos necessários ao bem-estar e à elevação da qualidade de vida.
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Pirtuc inaugura um novo tempo
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A maioridade também atinge os breuenses
Dona Madalena se recorda do ganho da qualidade de vida em consequência da casa nova, onde criou cinco dos seus nove filhos: “Eu gostei muito do Breu Novo, é como se o tivesse fundado, e onde ficarei até o resto da vida. Cheguei aqui e me deram uma casa com três quartos, onde criei meus filhos. Ainda hoje duas filhas moram comigo; outra mora em
Palmas e os outros dois moram em Jacundá. A saúde aqui é um pouco atrasada, pois há apenas um hospital, mas é difícil em qualquer lugar. A cidade está bem maior, na época da criação havia apenas 300 famílias. Agora temos água tratada e luz elétrica”. Valdemar se lembra da dificuldade de alguns moradores na adaptação às novas casas providas de certas comodidades: “No início o pessoal ficou até desorientado, porque eles moravam naquelas casinhas sem infraestrutura. As instalações sanitárias, por exemplo, eram feitas de fossa no padrão da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e, ao receberem uma casinha toda diferente, com sistema de água e de esgoto, o pessoal ficou até sem saber como usar tudo aquilo. Parece mentira, mas os moradores ficaram um pouco perdidos ao chegar aos novos lares. Ruas largas e sistema de água e de esgoto acabaram criando impacto”. ‘Projeto Arara’ - A construção das casas deu-se de forma padronizada e os lotes foram sorteados entre os antigos moradores de Breu
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Sistemas de água e esgoto vem melhorando ao longo dos anos
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Velho. No entanto, em uma das escolhas houve disputa: a da casa com a cor mais bonita. Pintadas com cores que remetem à riqueza da fauna amazonense, as novas habitações em nada lembram aquelas construídas nos reassentamentos de programas habitacionais. Humberto explica: “O que se imaginava era que todas as casas seriam de cor branca, seguindo o padrão das casas populares da época. Porém, não se tratava de casas populares e sim de moradores reassentados. Na fase de acabamento das casas, o empreiteiro me procurou e fez uma proposta: ‘Eu tenho tintas novas, excedentes de outras obras, se puder usar essas tintas de cores variadas, cobro a metade do serviço de pintura’. Daí eu topei e, para não ficar um negócio muito padronizado, determinei o seguinte: ‘Você pinta uma casa de uma cor com as portas e janelas de outra, e a casa seguinte com as cores invertidas’. Eu digo que ficou exótico, mas ficou muito bonito também. Meus colegas brincam dizendo que eu fiz o ‘projeto arara’, por conta das cores da tinta. Mas na hora da escolha das casas as mais procuradas foram as de cores mais exóticas”.
vida melhor, com mais oportunidades de emprego. A presença de parentes na região incentivou a vinda para a cidade que surgia e onde Lucileno continua ainda hoje trabalhando no Programa Nacional de Inclusão de Jovens – o Projovem. “Aqui faço todo tipo de artesanato com a minha turma. Em épocas de festas como, no mês do Natal, fazemos árvores, guirlandas e muitos enfeites natalinos com material reciclado. Além disso, participo das oficinas de dança, faço aula de hip hop e gosto de dançar”. Lucileno observa as mudanças em Breu Branco, mas percebe que o município pode melhorar ainda mais para a nova geração como a dele: “Eu acho que a cidade melhorou bastante, pois está com a infraestrutura bem melhor. Gosto do campo de futebol, jogo bola quase toda semana. Uma coisa que não está muito legal é que os jovens daqui não praticam esporte por falta de incentivo. Aqui também não tem uma faculdade, há pouco emprego. Precisamos de mais oportunidades para os jovens”.
Maioridade – Após a criação da nova vila, a comunidade breuense, com base no artigo 83 da Constituição do Estado do Pará, de 5 de outubro de 1989, organizou-se em comissão e planejou a caminhada rumo à emancipação da Vila de Breu Branco para Município de Breu Branco. Em 1989, reuniu-se no centro comunitário da igreja a Comissão de Emancipação de Breu Branco. O plebiscito ocorreu no dia 28 de abril de 1991. Na ocasião, aproximadamente 90% dos eleitores que compareceram às urnas votaram sim à emancipação, quando a Vila de Breu Branco foi elevada à categoria de município pela Lei estadual nº 5.703, de 13 de dezembro de 1991. “Por vezes há dificuldades, porque o custo com manutenção das escolas e postos de saúde, por exemplo, é alto”, ressalta Valdemar. “Hoje é uma cidade muito bonita, com todas as ruas asfaltadas, saneamento, escolas, igrejas e esses prédios públicos que acredito, com raras exceções, foram quase em sua totalidade construídos por meio dos convênios com a Eletronorte. A cidade já cresceu muito. Viajo ainda hoje pelo interior, nos municípios a jusante, e a diferença de
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Troca de cores no lugar do branco: “projeto arara”
Alguns dos jovens breuenses nasceram na época da municipalização da Vila de Breu Branco, em 1991. Eles são a nova geração que hoje comemora a maioridade juntamente com o município onde cresceram e viram evoluir. Um desses jovens é Lucileno Costa (foto), conhecido como ‘Barqueiro’, que aos 18 anos tem sonhos como qualquer rapaz de sua idade para melhorar de vida. Lucileno conheceu a Usina Hidrelétrica Tucuruí apenas uma vez, em um passeio da escola. Mas é consciente de que do campinho onde joga futebol, até as ruas asfaltadas, tudo tem a interferência da Eletronorte. O apelido de ‘Barqueiro’ dado a Lucileno não veio sem uma explicação. Morador da região amazônica, a vida de Lucileno, assim como de seus conterrâneos, é intimamente relacionada com as águas do Norte, que à época lhe serviu de maternidade. “A gente sempre morou perto da água, no lago da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Quando minha mãe começou a sentir as dores do parto, ela foi levada ao hospital de barco, mas eu nasci antes de chegar lá. Ela conta que foi muito rápido, não deu tempo (entre risos). Hoje me chamam de Barqueiro só porque nasci no barco”. A mãe de Lucileno veio do Estado de Goiás, enquanto seu pai saiu de Tucuruí procurando em Breu Branco uma
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poder aquisitivo e da estrutura das cidades, em relação ao Breu, é quase de terceiro para Primeiro Mundo”. Com a ajuda dos royalties gerados pela Usina Hidrelétrica Tucuruí – apenas em 2009 foram R$ 4,3 milhões -, Breu Branco conta com boa saúde financeira. Além disso, a Eletronorte, com projetos como o Plano de Inserção Regional da Usina Hidrelétrica Tucuruí – Pirtuc (ver box), continua levando mais benefícios à população breuense. A Empresa tem prestado relevante serviço não apenas
na construção de prédios públicos, mas também na capacitação de professores, doação de equipamentos, profissionalização de jovens, apoio a eventos de cunho cultural, de lazer e educativo. De acordo com a Prefeitura Municipal de Breu Branco, a Eletronorte está construindo um novo tempo, criando para o cidadão condições necessárias ao pleno exercício do seu potencial produtivo, permitindo que ele possa dar, com o seu trabalho, a melhor contribuição ao desenvolvimento econômico e social do município e do Pará.
Fala Valdemar: “Me sinto muito gratificado por esses 25 anos de trabalho, fazendo obras voltadas para a população carente. Vejo o trabalho feito ali refletido no cotidiano das pessoas. Ele não é passageiro, ficará ali permanentemente. Vejo boas escolas, as crianças saudáveis brincando e estudando, o que me faz feliz em saber que há um pedacinho nosso lá dentro”. Fala Humberto: “Enfrentamos dificuldades. Com pouca energia e sem televisão, pegávamos os videotapes que vinham de
Belém e tínhamos de ver tudo repetido. Era um tal de ver o Incrível Hulk tantas vezes que a imagem ficava cor-de-rosa! Chegamos a ter 31 mil empregados nas obras de Tucuruí. Do engenheiro ao médico, passando pelo peão, levávamos tudo. Apesar disso, foi uma experiência ótima. Até hoje me emociono ao relembrar que participei daquilo tudo desde o começo. Eu sou um grãozinho de areia que ficou plantado ali e, somando os outros grãozinhos, fez-se todo aquele colosso”.
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No dia 12 de dezembro de 2009, os presidentes da Eletrobrás, José Antonio Muniz, e da Eletronorte, Jorge Nassar Palmeira; e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci, receberam homenagem da Prefeitura do Município de Breu Branco, que comemorou 18 anos de sua criação. Em cerimônia ao ar livre, os diretores receberam a chave da cidade e a honraria de Cidadão de Breu Branco. A comemoração também serviu de palco para a assinatura de convênios entre os municípios que formam o Consórcio dos Municípios Paraenses Alagados pelo Rio Tocantins – Compart, e a Eletronorte. A Eletronorte, por meio do Plano de Inserção Regional da Usina Hidrelétrica Tucuruí – Pirtuc, assinou oito convênios com as prefeituras, com vistas ao incremento da infraestrutura regional, totalizando cerca de R$ 23,5 milhões de investimentos. Entre eles, a construção do complexo administrativo e do terminal rodoviário de Breu Branco, somando R$ 5,5 milhões. Em Goianésia serão construídos o ginásio poliesportivo e a rodoviária, com R$ 8,3 milhões. Já no município de Jacundá serão construídos o terminal rodoviário e a pavimentação asfáltica, ao custo de R$ 9,0 milhões. Em Nova Ipixuna a Eletronorte participará da pavimentação das vias urbanas e da coleta de lixo, investindo R$ 629 mil. Participaram do evento os prefeitos de Breu Branco, Goianésia do Pará, Tucuruí, Jacundá, Nova Ipixuna, Itupiranga e Baião. Estiveram presentes também os deputados estaduais Parsifal Pontes (PMDB - PA) e Deley Santos (PV-PA), além do secretário de Estado de Transporte, Valdir Ganzer. Egon Kolling, prefeito de Breu Branco, salientou a importância da parceria entre prefeituras, sociedade civil organizada, estado e a Eletronorte na viabilização do desenvolvimento dos municípios da região do lago de Tucuruí: “Sabemos o quanto precisamos da Eletronorte e da Eletrobrás, mas, mais do que isso, tenho que dizer o quanto somos gratos pelos investimentos que se somam para o crescimento dessa região”.
Adhemar Palocci
Investimentos – José Antonio Muniz Lopes lembrou que há nove anos luta para garantir investimentos para os municípios da região, principalmente para Tucuruí e Breu Branco, maiores detentores do empreendimento da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Ele afirmou que a Eletronorte tem uma dívida histórica com o povo dos sete municípios da região e que tem procurado ajudar a todos de maneira igualitária. Muniz Lopes disse ainda que a Eletrobrás, por intermédio da Eletronorte, tem firmado parcerias importantes para garantir o desenvolvimento, gerando inclusão social e renda para a população. “Esses convênios são importantes, pois garantem o pão das crianças de Breu Branco e dos outros municípios da região da barragem. Esse é o nosso compromisso”, frisou o presidente da Eletrobrás. Adhemar Palocci foi agraciado com o título de Cidadão Breuense. Segundo ele, “a Eletronorte tem se esforçado para que os investimentos sejam aplicados no desenvolvimento socioeconômico da região. Sabemos
que ainda falta muito, mas estamos no caminho certo para consolidar o crescimento sustentável no entorno do lago de Tucuruí ”. Representando o diretor-presidente da Eletronorte, o gerente da Regional de Produção de Tucuruí, Antonio Augusto Bechara Pardauil, ressalta que “a Eletronorte tem considerado as características, demandas e potenciais de cada município, e os investimentos realizados ao longo dos anos têm ajudado na construção de um cenário promissor, baseado na participação social, na integração das ações públicas e na promoção de atividades sustentáveis”.
População satisfeita com as benfeitorias
José Antonio Muniz Lopes
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Eletronorte assina convênios que somam R$ 23,5 milhões
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Uma das definições para a palavra ‘viagem’ no dicionário é: ato de transportar-se de um ponto ao outro distante. É o que vai ocorrer com os 6.300 MW das duas linhas do Complexo do Madeira ao percorrerem 2.375 km, de Porto Velho (RO) até Araraquara (SP), no maior sistema de transmissão do mundo. A Eletronorte, como líder do Consórcio Integra-
ção Norte Brasil, está interessada em obter novos conhecimentos para atender à grandiosidade do empreendimento. Para construir a linha dessa grande viagem de energia, a Empresa também viajou. O gerente Marcos César de Araújo e o engenheiro Ricardo Vasconcelos, da Gerência de Projeto e Linhas de Transmissão da Eletronorte, foram para Oakland (EUA)
para visita uma técnica à empresa Pacific, Gas and Electric (PG&E), no mês de novembro de 2009. Na PG&E os engenheiros adquiriram conhecimentos e informações sobre a experiência com a implantação de linhas de transmissão com cabos condutores de alumínio de grande bitola e níveis de tracionamento mecânico diferenciado. O interesse pelo assunto parte das especificidades do projeto e do conhecimento, quase que pioneiro da PG&E, com esse tipo de cabo. A principal novidade é que a transmissão será em corrente contínua, com cabos feitos somente com fios de alumínio, que terão secção transversal grande e serão esticados com alto nível de carga. “Em Itaipu já é utilizada a tecnologia de corrente contínua, mas a que será usada no sistema do Madeira possui características diferentes. A principal delas é o cabo condu-
tor utilizado. Em Itaipu, e em todo o mundo, o cabo mais comumente usado é o de alumínio com alma de aço (fio de aço no centro, que agrega mais resistência ao cabo). No sistema de transmissão do Madeira será utilizado um cabo todo composto de fios de alumínio, sem a alma de aço. O alumínio é um material de alta condutividade, ou seja, é ótimo para a transmissão de energia, mas ele não tem tanta resistência mecânica como um cabo com alma de aço”, explica Marcos César. Foi para superar obstáculos, como a menor resistência mecânica desse cabo, que a empresa norte-americana foi procurada. “A PG&E é uma das poucas no mundo que tem experiência com esse tipo de cabo. Além disso, a experiência é longa: são mais de 40 anos”, acrescenta Marcos sobre a credibilidade das informações obtidas.
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TRANSMISSÃO corrente contínua
Viagem para o sistema de transmissão do Madeira Novidades nos cabos condutores de alumínio de grande bitola
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Novidades - As inovações nesse empreendimento são necessárias devido ao fato de as linhas de transmissão precisarem atravessar obstáculos de longas distâncias, transmitindo grande quantidade de energia com agilidade e segurança. Uma delas é o tamanho da bitola do cabo. Marcos César explica essa característica que determina a quantidade de energia que o cabo vai transmitir. “A bitola é uma característica do cabo, que numa unidade própria exprime a secção transversal dele. Logo, o cabo pode ser determinado pelo diâmetro, pela área ou pela bitola. O mais comum é cha-
mar o cabo pela bitola. O cabo que será usado no sistema do Madeira vai ter uma bitola de aproximadamente 2.300 MCM (Mil Circular Mil). Isso é quase o dobro da bitola usada no sistema de Itaipu”. O uso da corrente contínua para transmitir a energia também é algo novo. Essa tecnologia é apropriada para sistemas que não tenham necessidade de subestações e precisam atravessar longas distâncias. “O principal benefício do uso da corrente contínua frente à corrente alternada é a redução das perdas elétricas ao longo da linha”, afirma Marcos.
A novidade que está demandando mais investimento em pesquisa e inovação é o material do cabo condutor de energia e foi um dos fatores que motivaram a viagem até à PG&E. No Brasil o cabo feito de alumínio nunca foi usado para uma linha desse tamanho e exige a superação do conceito que determina a carga com a qual o cabo pode ser esticado sem romper. Constituem o sistema de transmissão do Madeira duas linhas de transmissão em corrente contínua, cada uma com capacidade de 1.300 MW: o bipolo 1 é composto pelas empresas Furnas, Chesf e Cetef, e o bipolo 2 é formado pela Eletronorte, Abengoa e Eletrosul. Para a viagem aos EUA foram representantes das empresas e da Marte Engenharia, responsável pelo projeto básico dos dois grupos. O estudo econômico feito pela Marte Engenharia mostrou que para o sistema em corrente contínua, e para percorrer uma grande distância, o cabo de fios de alumínio é uma opção mais econômica do que o cabo com alma de aço, por conduzir melhor a energia. Porém, o cabo de alumínio não é tão resistente quanto aquele com alma de aço. Por isso as vantagens do cabo de alumínio só podem ser aproveitadas se alguns conhecimentos forem superados.
A PG&E recebeu a comitiva brasileira (abaixo) para a troca de experiências
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EDS - Marcos César explica: “A nova metodologia para tracionamento de cabos evoluiu. Hoje está bem mais consolidada, e nos leva para o crescimento sobre um critério antigo, baseado em uma característica chamada EDS (Every Day Stress), que é a força média que o cabo fica diariamente esticado, ao longo de sua vida útil. No passado, só trabalhávamos
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Os testes nos cabos de alumínio estão sendo feitos nos laboratórios da UnB
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com EDS na ordem de 18%, ninguém ousava ir além desse limite porque quanto mais o cabo é esticado, mais problemas ele pode ter com a vibração provocada pelo vento, por exemplo. O cabo de alumínio, em relação ao cabo com a alma de aço quando esticado com o mesmo EDS produz uma maior flecha (curvatura que aproxima o cabo da terra). Dessa forma, para respeitar a distância de segurança do solo, as torres que sustentam o cabo de alumínio devem ser mais altas, o que aumenta o custo da obra. Por isso o cabo de alumínio só se torna
grande quantidade de energia produzida nas usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, o cabo será muito mais grosso que o usual, ou seja, o tamanho da bitola tornou-se uma novidade para os engenheiros. Como a fabricação do cabo é feita em lances durante a construção das linhas, existem duas opções para se fazer as emendas. Uma é a compressão, com um tubo metálico que une as pontas dos lances e é comprimido com uma espécie de prensa; e a outra com uma emenda pré-formada, na qual as pontas do cabo são passadas de forma helicoidal para unir uma parte à outra. “Eu considero fundamental esse item porque vai ditar o desenvolvimento da obra. Se tiver muito problema de emenda a obra vai
demorar mais para ser realizada. A informação que recebemos da PG&E é que eles usam a emenda à compressão, o que tem atendido ao sistema deles”, esclarece Ricardo. As duas possibilidades de emenda ainda estão sendo consideradas e ambas são desenvolvidas no Brasil. Ainda que os fabricantes dos dois tipos não tenham o produto pronto para um cabo com uma bitola deste tamanho, por ser uma novidade. De qualquer forma o relato da experiência da PG&E é útil, pois antecipa o que os engenheiros podem esperar com a utilização desse material. O engenheiro Marcos César relata sobre outras duas recomendações que a PG&E fez em relação à utilização da armadura de vergalhões
Equipe no campo confere a aplicabilidade de equipamentos como os isoladores poliméricos
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competitivo com o cabo com interior de aço quando pode ser mais esticado, para diminuir a flecha e reduzir a altura das torres. É nisso que estamos investindo agora, na evolução da metodologia do EDS”. Nessas condições, o cabo de alumínio é vantajoso e incentiva a pesquisa para que seja utilizado, pois economiza também em material, em comparação ao cabo com aço. O alumínio é melhor condutor de energia que o aço, por isso o cabo com alma de aço precisa compensar a parte ocupada pelo aço com mais fios de alumínio para conduzir a mesma quantidade de energia que o cabo só de alumínio. O cabo com alma de aço sempre terá um diâmetro maior que o de alumínio e será usado mais material. A viagem técnica para a PG&E ofereceu uma prévia de como será o trabalho com o cabo de alumínio. O engenheiro Ricardo Vasconcelos conta: “Eu acho que esses intercâmbios de informação são sempre bons, porque aprimoram o conhecimento e oferecem subsídio. Em relação ao tamanho da linha de transmissão do Madeira, é inexistente a utilização desse cabo e a PG&E conseguiu nos tranquilizar, por ter uma longa experiência. Uma das dúvidas que levamos foi a respeito do tipo de emenda que será utilizada e eles nos adiantaram como é a experiência deles”. A preocupação com o tipo de emenda surgiu devido ao fato de que para transportar a
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Marcos César e Ricardo Vasconcelos: toda inovação traz ganho para o futuro
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e o material dos isoladores. “No Brasil temos a prática de aplicar uma proteção em cima do cabo quando ele passa no grampo, chamada armadura de vergalhões. Na PG&E eles não utilizam essa proteção e nunca tiveram problemas. O mesmo foi confirmado quando consultamos os fabricantes nacionais, que recomendaram a aplicação do cabo sem essa armadura para não encarecer a obra. Outra questão é sobre uma tecnologia que tem sido proposta para nós, o uso de isolador polimérico (feito de borracha). Segundo a PG&E, esse tipo de isolador tem um histórico de falhas e já substituiu quase todos por outros de material diferente”. Além disso, Marcos César explica que a indústria nacional não vai ter prejuízos por falta de procura de seus produtos, pois grande parte dos materiais utilizados é fabricada no País. “Embora não utilizemos o cabo de alumínio em grande escala no Brasil, ele é usado em subestações e em linhas de menor capacidade de distribuição. Os fabricantes nacionais estão habilitados para produzir torres, isoladores e ferragens. Apenas nas subestações conversoras e nas inversoras alguns equipamentos serão importados, porque são tecnologias restritas a praticamente dois fabricantes no mundo”. Marcos César também acredita na prosperidade e nos bons resultados a prazo longo. “Toda inovação no conhecimento, nas nossas práticas de projeto e na implantação de linhas de transmissão sempre trazem ganho para o futuro. Nós temos ainda grandes sistemas a serem construídos no Brasil, um deles associado ao Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte, que pode cogitar usar linhas em corrente contínua. Logo, essa tecnologia que vamos aplicar no sistema do Madeira com certeza vai servir para empreendimentos futuros”. Colaborou Márcia Alvarenga
Da mesma forma que a PG&E fornece informações pertinentes ao comportamento do cabo e deu dicas para sua utilização, uma pesquisa da Universidade de Brasília - UnB contribui subsidiando o uso de percentuais maiores de EDS. Ou seja, tão importante como o conhecimento das características do cabo, é o desenvolvimento de pesquisas que superam as informações e os critérios existentes. O benefício é que o aprendizado vai servir tanto para um bom desempenho da linha do Rio Madeira, quanto para que a Eletronorte se engaje em novos empreendimentos. A Lei nº. 9.991, de 24 de julho de 2000, estabelece que as empresas do Setor Elétrico devem investir parte da receita operacional em pesquisa, desenvolvimento e em eficiência energética. Com base nessa regulamentação, e por meio de parceira, desde 2006, o Departamento de Engenharia Mecânica da UnB e a Eletronorte desenvolvem um projeto de pesquisa & desenvolvimento (P&D) que testa a fadiga de cabos condutores de energia em níveis de tensões elevados, ou seja, o EDS suportado pelo cabo. O projeto é intitulado Resistência Dinâmica e Avaliação da Utilização da Fórmula de Poffenberger-Swart para Sistemas Cabo/Grampo Operando com Altos Níveis de Tensão de Trabalho e é anterior aos estudos sobre o Madeira. “Quando esse projeto começou, nós vislumbrávamos que a Região Norte, pelo tamanho, iria exigir futuramente que as linhas de transmissão fossem esticadas com maior força para, como exemplo, atravessar rios largos por onde passam embarcações”, explica José Alexander Araújo, coordenador do laboratório do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB (foto acima). Sobre a relevância do projeto José Alexander acrescenta: “Um cálculo de empresas do Setor Elétrico mostra que para atravessar uma extensão de dois quilômetros de rio com a carga de EDS padrão é necessário ter torres com mais de 300 m de altura, para respeitar a altura mínima da passagem de embarcações. Isso tornariam mais difícil a manutenção e a logística de construção dessas torres. Por isso é importante a possibilidade de esticar com segurança o cabo com cargas elevadas”. José Alexander conta que, por tradição, os engenheiros no Brasil não ultrapassam a carga de 20% para esticar os cabos e no laboratório da UnB os ensaios são feitos com carga de até 30% para prosseguir com
a inovação do conhecimento sobre o EDS. Isso permite progressos na área, como ele explica: “Se conseguirmos montar metodologias e teorias que permitam calcular quanto tempo o cabo vai durar, conseguimos enviar equipes de manutenção aos locais mais críticos da linha com a antecedência devida para fazer uma manutenção preventiva. Ou seja, refinar o processo de manutenção e acompanhamento dessa linha ao longo dos anos”. Laboratório - O laboratório, formalmente chamado de Laboratório de Fadiga e Integridade Estrutural de Cabos Condutores de Energia, por suas inovações tecnológicas é destaque no hemisfério sul. Nele são realizados os testes do projeto da parceria entre a Eletronorte e UnB, que José Alexander considera proveitosa. “É uma troca de conhecimentos. A Eletronorte traz o investimento e o conhecimento técnico e a UnB tenta retornar esse conhecimento com mais profundidade para a Empresa”. Nesse laboratório são feitos ensaios acelerados nas condições pretendidas de desenvolvimento do sistema de transmissão do Madeira para promover o aprofundamento dos estudos e oferecer informações mais precisas, que podem permitir que a Eletronorte interfira na linha antes
que um dano mecânico aconteça. Ao entrar no laboratório, além dos dois longos cabos que vibram com ajuda de equipamento, o frio chama a atenção. A professora de engenharia mecânica Aida Fadel, que também participa do projeto, dá a explicação científica: “Nos testes, a temperatura e a frequência do movimento, que representa o balanço provocado pelo vento, são controladas com ajuda de equipamentos e do amortecedor. Em procedimentos científicos, quando existem três variáveis é preciso manter duas constantes para se descobrir a outra”. Segundo a professora Aida, o que iria demorar anos para ocorrer no campo, no laboratório é feito em ensaio acelerado. “Nós criamos uma forma de saber o que acontece dentro do cabo, uma alternativa mais barata que um aparelho de raio x. Sabemos que na estrutura do cabo os fios de alumínio são enrolados no formato helicoidal e as camadas seguintes são enroladas em sentido contrário e, assim como uma corda quando é cortada gira, o cabo também. Aproveitamos isso e fixamos uma estrutura parecida com uma régua ao cabo, de forma vertical, e paralelamente a essa estrutura estão fixados dois sensores com laser, cada um apontando para o centro do cruzamento de dois traços desenhados nas duas extremidades da régua. Isto indica a posição inicial do cabo. Logo, quando o laser deixa de apontar para o centro do desenho significa que alguns dos fios do cabo estão quebrados”. A dissertação de doutorado da professora Aida Fadel, resultado da parceria entre a UnB e Eletronorte, chama-se Análise da Resistência Dinâmica e Avaliação da Fórmula de Poffenberger-Swart para Sistemas Cabo-Grampo Operando com Elevados Níveis de Carga de Esticamento. Apesar do nome complicado o que o trabalho pretende é avaliar a influência da variação da carga na qual é esticado o cabo sobre sua vida útil, e as limitações das metodologias existentes para mensurar o efeito das vibrações em cabos condutores – entre elas a fórmula de poffenberger-swart. Nesse sentido os capítulos do trabalho detalham cada elemento que interfere no desempenho do cabo em campo e também realizam ensaios acelerados no laboratório da UnB. Aida (ao lado) considera que o crescimento do País está ligado à confiabilidade e melhoria dos processos do Setor Elétrico. Dessa forma, a professora acredita que essas pesquisas podem contribuir para o desenvolvimento nacional à medida que atendam novas demandas de instalações com torres mais distantes e cabos esticados com maior carga. A professora considera que é preciso dois cuidados básicos no Setor Elétrico: gerar mais energia e transmiti-la com segurança. “Para nós, quanto mais o cabo durar, melhor será, pois trata-se de um investimento enorme, que pesa no bolso do consumidor. O sucesso de uma pesquisa desse tipo tem grande impacto sobre o valor final da conta de luz e nos juros pagos aos bancos, pois com mais desenvolvimento o País passa a receber mais investimento. Até o preço do pãozinho que compramos pode ser alterado pelo fato de se ter mais segurança na energia fornecida”.
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Parceria com a UnB aprimora conhecimento sobre EDS
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Byron de Quevedo A capital do Maranhão, São Luís, recebeu a II Semana Eletronorte do Conhecimento e Inovação Tecnológica – Seci, evento integrador das práticas de gestão do conhecimento e de inovações tecnológicas, visando à produção e compartilhamento do conhecimento, que este ano congregou também o XIV Painel Integrado da Qualidade – PIQ, a IV Feira de Inovação Tecnológica, o I Seminário de Tecnologia da Informação e o IV Prêmio Muiraquitã de Inovação Tecnológica. “Existe uma barreira entre a ideia e a sua formatação para apresentação ao público. Precisamos vencer essa dificuldade. Os nossos inventores têm algo novo a apresentar, mas até chegarem a traduzir os dados técnicos numa realidade patenteável, há dificuldades. Foros como a Seci são importantes, pois é uma oportunidade para essas pessoas se apresentarem. Quando um inventor desiste de
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Da esquerda para a direita: Francisco, Adolfo, Omar, Benjamin, Mauro, Charone e Eder
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suas ideias renovadoras, a sociedade também perde”. Foi o que afirmou, oportunamente, o anfitrião do evento e gerente da Regional de Transmissão do Maranhão, Mauro Luiz Aquino dos Santos (foto abaixo, à esquerda). A II SECI trouxe à luz inovadores do corpo técnico da Empresa e suas inovações sobre melhoria de processos, criação de produtos, serviços, redução de custos, programas de proteção à propriedade intelectual, operações de sistemas elétricos, equipamentos e linhas de transmissão, preservação e mitigação de impactos socioambientais, entre outros. “Já o PIQ, evento que deu origem aos demais, é fruto de quase duas décadas de investimentos em conhecimento e inovações, deixando evidente que as diretorias passam, mas a perseverança dos empregados aos processos é que faz a diferença”, afirmou José Benjamim do Carmo, assistente da Presidência e representante do diretor-presidente da Eletronorte, Jorge Palmeira. O PIQ tem 245 trabalhos apresentados, 94 deles premiados nos últimos 13 anos. E a Empresa também vem acumulando prêmios e reconhecimento público. Este ano o público presente na Seci foi brindado com depoimentos que dão a exata dimensão do encontro entre almas criativas.
Como o de Dimitri Ramos (acima), premiado na modalidade Trabalho Consolidado, categoria Processo de Apoio, com o seu projeto ‘Reestruturação da rede de computadores da Eletronorte’, que reformulou a comunicação via rede na Sede, em Brasília. “Nosso trabalho é de equipe, mas ajudoume a clarear a mente e, assim, consegui vencer barreiras pessoais de relacionamento. Hoje estou aqui feliz e representando a minha área. O pessoal da Região Norte reconhece o valor da Eletronorte. Talvez pessoas de outras regiões não tenham a dimensão exata do que ela representa para o Norte e para o País. Nasci na região, conheço o sofrimento e a fibra do nosso povo, também merecedor de desenvolvimento e apoio. Minha admiração pela Empresa vem desde criança. Quando a conheci, fiquei fascinado e jurei que um dia ainda trabalharia nessa instituição grandiosa. E, graças a Deus, tive a oportunidade de fazer parte do seu quadro de empregados e, hoje, da sua história”. Blecaute sem pânico - No momento em que aconteceu o último grande blecaute no Brasil, o XIV PIQ, premiou na modalidade Trabalho Inédito, categoria Processo Finalístico, mais uma luz em matéria de segurança. Trata-se do projeto para facilitar a compreensão do Automatismo do Serviço Auxiliar nas Subestações, dos técnicos Jonir da Silva Costa, da Divisão de Transmissão do Tocan-
Unidade mais inovadora – o gerente da Regional de Planejamento e Engenharia do Maranhão e Tocantins, Omar Barroso Maia Junior (abaixo), fez a entrega do troféu de Unidade
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TECNOLOGIA
II Seci: gerações se unem na inovação
tins e Windsor Oliveira (abaixo, à esquerda), técnico de Segurança do Trabalho, também lotado na Regional de Transmissão do Tocantins. Eles aplicaram-se numa invenção preditiva. É apenas uma planilha, mas muito útil em ambientes automatizados. E para justificá-la Jonir constrói um pequeno caos imaginário: “As portas DJ1, DJ3, DJ5 funcionaram bem, porém DJ4 não fechou. Mas deveria estar fechada e por que não está? Localizem os desenhos. Mas são centenas de desenhos! Traga o específico, aquele que tem a porta DJ4”. Essa planilha, por meio de uma interface amigável e intuitiva, ajuda a eliminar perdas por erros operacionais. Ou seja, é possível compreender quais são as pré-condições necessárias num momento em que uma máquina apaga ou o automatismo falha. “Nesse caso passamos para o plano B, com ênfase no ser humano. A nossa pretensão é tornar compreensível a operação, num momento de emergência, mostrando quais são os procedimentos que o técnico deve tomar para fechar o equipamento ou mudá-lo de posição. E ao mesmo tempo, permitir a ele visualizar as chaves certas e saber qual o painel em que se encontra aquela chave. Fornecemos a localização do painel, o tipo de chave e o local onde ela está instalada. Vivemos 11 anos sem apagão. Isto nos deixou meio sossegados. Deveríamos recordar mais quais são as atitudes a tomar, quando houver disparo de equipamentos. Há treinamentos constantes, mas os procedimentos das rotinas pouco usadas acabam caindo no esquecimento. O operador também faz parte das ações do serviço auxiliar de restauração do sistema. Podemos também utilizar essa ferramenta para a função simuladora. O técnico pode simular, sem provocar efeitos reais nos equipamentos e no campo
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Feira de Inovação Tecnológica - A II Seci revelou-se integradora de gerações, uma vez
Jesse Lima de Assunção
Francisco Roberto França recebe prêmio de Unidade mais Inovadora
Custo evitado na montagem feita com técnicos da casa, aproveitando peças descartadas, mais o tempo de indisponibilidade do equipamento e compra de peças novas: R$ 630 mil, para recuperação de 108 acumuladores, agora já em uso. Custo de fabricação do kit: R$ 100,00.
Há ainda dois mil acumuladores a serem recuperados na Eletronorte. Custo evitado para o Sistema Eletrobrás: alguns milhões de reais. Custo evitado projetando-se a demanda reprimida mundial neste nicho de mercado: chame o matemático Oswald de Souza. Dispositivo hidráulico para desmontagem e montagem das caixas de molas dos disjuntores. A desmontagem era feita com tirantes, algo perigoso, pois as molas robustas ficam sob pressão. Eram necessárias três pessoas para a troca da peça, num trabalho difícil e sob risco de vida. O invento baixou o tempo de desmontagem e montagem da caixa de 30 minutos para três minutos, e com apenas uma pessoa trabalhando, em segurança. Cada disjuntor de 500 kV possui seis caixas de molas e um de 230 kV, três caixas. O custo evitado por caixa de mola: R$ 7,8 mil. Custo do equipamento de desmonte, usando material reciclado: R$ 480,00. Custo evitado com 56 caixas de molas: R$ 436 mil.
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Mais Inovadora da II Seci aos colaboradores do Centro de Tecnologia. Omar enfatizou que gerir o conhecimento é gestar uma grande empresa: “Somos a melhor do Setor Elétrico devido a essa preocupação com a aquisição do saber e com a melhora da gestão do conhecimento. Esse é o marco a ser atingido”. Para a superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, e Eficiência Energética, Neusa Maria Lobato (acima, premiando Enedilson Santos Reis), esse troféu significa o conjunto das demais pontuações. “Fico muito feliz pelo número de pesquisadores e inventores jovens presentes na II Seci. Todos aprendem a todo instante, só que os jovens não têm a percepção de filtrar. E muitas vezes, até por influência de amigos, se metem por caminhos que os levam a experiências danosas às suas vidas. Os mais idosos têm seus filtros e os jovens também deveriam tê-los. Vamos ajudá-los nessa missão de compreender melhor a vida, pois eles são nossas estrelas”. A psicopedagoga do Sebrae, Rosanira Leite Dias (ao lado), convidada para compor a Banca Examinadora, disse que foi uma grande experiência ver trabalhos inovadores com a participação de muitos jovens. “É importante a Empresa ouvir seus empregados, premiá-los e aproveitar as sua ideias, contribuindo para sua autoestima e suas valorização. É uma soma de experiências muito positivas. As empresas não devem trabalhar apenas os processos mecânicos, têm que valorizar também o lado biológico, as pessoas. Essas homenagens estimulam aqueles que criam algo, a criar mais”.
que a Eletronorte admitiu muitos jovens em recente concurso público, que foram vencedores em várias categorias nos diversos prêmios, em parceria com empregados antigos. Por sua vez a IV Feira de Inovação Tecnológica apresentou inovações geradoras do diferencial competitivo, que fazem a Eletronorte figurar entre as empresas mais inovadoras do País. A II Seci, e notadamente a IV Feira, tiveram uma característica especial: surgiram por lá inventos não para promover a grande revolução tecnológica do século XXI, mas criações específicas para o Setor Elétrico, baratas, funcionais e de aplicabilidade imediata pelos recursos que geram ou que evitam serem gastos. Esse é o caso das invenções da equipe composta pelo engenheiro mecânico Moisés Antônio Soares (abaixo) e pelos técnicos em eletromecânica, Jessé Lima de Assunção, Antônio Paulo Souza do Nascimento e Rui Braga, todos trabalhadores da Divisão de Engenharia e Qualidade da Regional de Transmissão do Maranhão. Veja algumas invenções dessa turma incrível: Kit de ferramentas para montagem e desmontagem dos anéis coletores e máquinas rotativas dos compensadores síncronos, que são os estabilizadores das variações na transmissão de energia, absorvendo as oscilações de tensões e garantindo a estabilidade do sistema. Os anéis coletores, dentro dos compensadores instalados nas subestações, são componentes rotativos que se desgastam com o tempo. Segundo Moisés, antes se contratava o fabricante dos disjuntores para fazer a troca dos anéis e a operação demorava até 12 horas. Hoje esse tempo caiu para duas horas e é feita por técnicos da Eletronorte. Custo do invento: R$ 1,5 mil. Custo evitado, por compensador síncrono retificado: R$ 428,5 mil. Tempo de duração do anel coletor retificado: 15 anos. Economia total gerada com todos os compensadores recuperados: R$ 2,5 milhões. Kit de ferramenta para desmontagem de acumuladores de disjuntores de 500 kV e 230 kV, que retifica esse complexo componente dos disjuntores, submetido a altas pressões. Antes, a desmontagem era feita pelo fabricante, em uma hora de serviço. O kit reduziu esse tempo para dois minutos.
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Banca examinadora
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Kit corretor para retirar o anel elástico de válvula de abertura e fechamento dos disjuntores de 500 kV e 230 kV e os cilindros de verdadeira imagem. Antes não se fazia manutenção nessas válvulas, importavam-se novas peças e as antigas eram descartadas. Custo de cada uma, mais o cilindro de verdadeira imagem: R$ 35 mil. Com esse kit o tempo de retirada da válvula caiu de 20 minutos para 20 segundos, evitando ainda longos processos de aquisição de peças. Custo do kit: R$ 100,00. Custo evitado: R$ 630 mil para a recuperação de 36 disjuntores. Bicicleta de quatro roldanas (abaixo). É uma invenção do especialista em manutenção elétrica, Ademir Ferreira da Silva, que trabalha com linha viva. Ele comenta que antes era usada uma bicicleta de duas roldanas, para se trabalhar com um cabo, o que dificultava o serviço de troca dos espaçadores e lâmpadas de balizadores (sinalização noturna). “A nossa bicicleta de quatro roldanas, uma gaiola de alumínio que entra na mesma tensão da linha para igualar o potencial, trabalha apoiada em dois cabos de 250 V. Antes era preciso desligar a energia e levavam-se de oito a 14 horas para trocar balizadores, luvas de reparos, esferas de sinalização diurna e espaçadores. Atualmente, trabalhando de forma bem mais confortável, gastamos de três a dez horas para trocar esses sobressalentes com a linha ligada, o que gerou uma economia de R$ 7,0 milhões. Custo da bicicleta: R$ 12 mil. A vantagem do nosso equipamento é que ele passa por cima dos espaçadores, antes era necessário tirá-los para a bicicleta chegar até à peça a ser trocada”. Segundo Moisés, hoje os empregados podem fazer a sua carreira profissional e, pa-
ralelamente, ter uma carreira como inventor, ainda mais interessante financeiramente e como realização pessoal. “Está aí a corrente contínua no sistema de transmissão do Madeira (ver matéria na página 18). É um novo mundo, desafiador e carente de soluções, uma tecnologia dominada por poucos. Já sabemos muito sobre a corrente alternada, mesmo assim há muitos desafios nela também, pois é uma tecnologia importada. Muitos fabricantes já inseriram nossas ideias nos seus equipamentos e depois vendem para a Eletronorte máquinas e equipamentos com as melhorias criadas por nós. Daí a importância das patentes, que rompe esse ciclo vicioso. Hoje, os nossos inventos estão sendo patenteados”, observou. Segurança - José Adolfo Ramos da Conceição, assistente do Diretor de Gestão Corporativa, em sua palestra sobre “Tecnologia da infor-
mação nas organizações: dilemas, paradoxos e desafios”, ressaltou a importância da segurança dos dados, muitas vezes negligenciada. Mencionou o fato de muitas pessoas deixarem as telas dos computadores abertas, com informações pessoais ou da própria instituição. “Para vários arquivos o computador pergunta se queremos gravar, e sem pensar teclamos ‘sim’, e as informações ficam arquivadas. A cada dia 35 mil tipos de novos vírus surgem na internet. Quem abre qualquer e-mail pode vir a ter, um dia, a sua conta no banco zerada. Há de se ter cuidado também com senhas óbvias. Nesses casos, o sistema da Eletronorte solicita a troca de senha. Estamos conectados com o mundo e isto nos dá acesso ao legal e ao ilegal a qualquer instante. Aí surgem as questões de ética quanto ao uso do que é pessoal ou do que é corporativo. Às vezes informações sigilosas vazam, pois inadvertidamente as deixamos disponíveis sem compreender a sua importância estratégica. Determinadas palavras acionam o sistema de segurança da Eletronorte e surge na tela a advertência de se ter infringido a IN-01. Há ainda pessoas que guardam tudo, o que exige uma caixa de email maior, como não dá, vai-se para a pasta particular e quando o HD fica cheio, cria-se uma pasta no servidor. Muitos arquivos, certamente, não deveriam estar a superlotar os sistemas da Empresa”. Adolfo Conceição também fez a entrega do certificado de primeiro lugar na modalidade Trabalhos Inéditos, na categoria Processo Finalístico, para o trabalho Monitoramento de Caixas Separadoras de Óleo na UHE Tucuruí, apresentado por Markle Fernandes Vieira (foto acima). Markle e sua equipe revelaram-se inventores promissores. O seu simples sensor pode
evitar catástrofes ecológicas, dando sinais de vazamentos de óleo para o meio ambiente. A invenção poderá ser usada em lixões, postos de gasolina, fábricas e usinas de tratamento de combustíveis. “O invento é para garantir a segurança do óleo contido nas caixas, nas subestações. Quando criamos esse sensor jamais imaginávamos que ele pudesse ser usado para tantas coisas, em tantos lugares”, declarou Markle. Colhendo os frutos - Segundo o coordenador da II Seci e gerente de Gestão de Conhecimento, Francisco Fernandes Neto (abaixo, ao centro, ladeado por Jessé e Gerivan) “foi bom verificar que neste evento já surgiram os trabalhos, inclusive premiados, da nova geração. Os veteranos continuam a fazer as coisas acontecerem, mas a nova geração já coloca vários incrementos, ao falar de suas realizações com empolgação e emoção. Ouvi-
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Inventores, a nova produção da Eletronorte
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mos histórias de jovens que um dia sonharam em trabalhar na Empresa e hoje já participam de um encontro como esse, evidenciando o reconhecimento daqueles que se esforçam e querem crescer”. O Prêmio Muiraquitã é outra ferramenta de gestão que reconhece a inventividade dos trabalhadores da Eletronorte. Entre 2006 e 2008 foram 60 inovações apresentadas, com 32 projetos premiados. O valor total da premiação foi R$ 409 mil. Com o resultado dessas inovações deixou-se de gastar R$ 48 milhões. Houve ainda o significativo aumento de registros da propriedade intelectual. “Está evidente a importância de se investir no conhecimento,
inovações e nos espíritos criativos dos colaboradores. Os prêmios não são o mais importante. O compartilhamento das ideias é o fator que permite às pessoas entenderem a dimensão do que elas representam no mundo. Em 2005, tínhamos um único pedido de patente fruto de inovação. Hoje temos 42, com ganhos enormes de tempo e dinheiro. De 2002 a 2009 concluímos 139 projetos de P&D. Estamos apresentando soluções patenteáveis, inclusive remunerando os inventores. Talvez até percamos alguns talentos para outras empresas que desejam tê-los, mas não se pode deixar de investir em P&D, por causa disto”, declarou o diretor de Produção e Comercialização,
Wady Charone Júnior (na foto à esquerda, em palestra). Francisco Neto enfatizou: “Vínhamos trabalhando com o PIQ, até 2006, com uma média de 30 a 40 trabalhos. O número de iniciativas, neste ano, foi de 123 trabalhos, chegando-se aos 32 finalistas. Para o Prêmio Muiraquitã foram apresentados 72 trabalhos na primeira fase, e 50, na final, totalizando 125 projetos, um número muito significativo. O Maranhão está de parabéns, por ter sido o anfitrião de um belo encontro, onde uma grande equipe teve que se envolver. Nossa missão foi cumprida”. Os trabalhos apresentados na II Seci estão disponíveis na intranet da Eletronorte.
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“Estamos migrando da era industrial para a era do conhecimento, onde se destaca a sociedade em rede. Surge aí a cultura aberta, compartilhada, de reutilização, de combinação das culturas, nos possibilitando ferramentas possantes de compartilhamento. E para quem se sente desconfortável com a abundância de informação, vou dar uma má notícia: a coisa deverá aumentar absurdamente. E tudo isto e muito mais está na internet, gratuitamente”. A afirmação é do diretor do Polo SP da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento- SBGC, André Saito (foto à direita), que participou da II Seci. Entretanto, ao mesmo tempo em que o ser humano se depara com a vasta gama de informações, por outro lado estão os direitos dos inventores e geradores de cultura, nunca antes tão violados. Nesta entrevista o professor Saito nos ajuda a compreender esse momento em que a comunicação de massa toma nova direção.
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O compartilhamento nos levará ao despojamento total do saber individual em prol do conhecimento coletivo? Há um cenário de colaboração em rede, informação distribuída do conhecimento coletivo. O despojamento é importante porque parte da constatação de que há um conhecimento e nós precisamos sabê-lo para recombinar as coisas e ter as nossas próprias ideias. Por isto é que precisamos cedêlo. Agora, esse despojamento não é total, pois vivemos numa economia de mercado, onde ainda é importante a exploração econômica do capital intelectual. O segredo está no meio termo. Daí vem a importância da gestão do conhecimento organizacional. É a organização agindo de forma coletiva e em colaboração com os contribuintes do saber e clientes. Abrir mão desse saber, sim, mas até certo ponto. O mais valioso é o conhecimento tácito. É como usar as informações. A questão chave é como fazer a comunidade empresarial abrir mão
dos seus conhecimentos, discutir, comentar, colaborar de forma produtiva e dar os feedbacks. A propriedade intelectual implica direitos restritos. Qual a vantagem de se produzir conhecimento num cenário aberto? Antes só se tinha duas opções ao produzir propriedades intelectuais: ou se protegia ou tornava disponível, não havia o meio termo. A propriedade intelectual é protegida por até 50 anos. O que de certa forma impedia a inovação. O domínio público total também não é interessante, pois o invento é fruto de pesquisa, investimentos e os criadores precisam ganhar algo. Então surgiu a educação aberta, com a universidade viabilizando aulas pela internet, gratuitamente, muito bom para uma pós-graduação ou MBA. Há também iniciativas semelhantes na área de saúde, com grupos desenvolvendo registros médicos, buscando eficiência. A Eletronorte, é um bom exemplo na área de inovações tecnológicas, propiciando-as internamente, mas em parceria com universidades, fornecedores, clientes e entidades de pesquisas. Outro exemplo é o Google e indústrias parceiras, com o seu sistema operacional para celulares, no mesmo estilo do Linux. Há prêmios para pessoas físicas, desenvolvedores comuns, contribuindo para este sistema com suas visões. A Proctor & Gamble, está em colaboração com governos, fornecedores, institutos de pesquisa, onde todos podem propor inovações, inclusive usando patentes dela. A Dell tem um site para as inovações dos produtos. Ou seja, há todo um envolvimento da comunidade, fornecedores, público em geral no processo de inovação e há outros exemplos de colaboração em rede com a liberação distribuída. Isto também vem acontecendo em relação à comunicação? O processo de comunicação muda. Começamos com
o telefone, correios, telégrafos, carta. Aí veio o fax, agilizando a aprovação de documentos, contratos, comprovantes e propostas. Com o e-mail, messenger, chats, vieram outras mudanças. Antes tínhamos a comunicação de um para muitos: rádio, TV, jornais, revistas. Então surgem os multimídias, vídeos, blogs, redes sociais. Com essas novas ferramentas, os veículos e pessoas já conseguem interagir com seus públicos, com mensagem organizada em ordem cronológica, e com a possibilidade de se comentar os assuntos, por meio de ferramentas de comunicação distribuída, de forma assíncrona. Ou seja, sem depender de estarmos todos juntos, ao mesmo tempo. É
a comunicação de muitos para muitos. Há pouco tempo só se trabalhava juntos num só local. Agora temos ambientes de colaboração, com redes sociais, com vários textos, vários links. Todos a inserir as mudanças, com espaço de debates e troca de ideias. Conclusão: há uma plataforma onde todos podem colaborar, deixando as suas marcas. Ou seja, todos se tornam criativos ou exploradores de uma criatividade que estava latente. Sim. Estamos saindo de um mundo onde a tecnologia e a informação eram o principal, para outro onde o importante é a interação entre as pessoas. Devemos criar a cultura da inovação, aquela que é fruto do trabalho coletivo árduo de pesquisa do dia a dia. Ela vem em milhares de detalhes que vão se afunilando até gerar o novo, o diferente; o que já passou pela pesquisa, geração de ideias, seleção, validação, implementação e comercialização. É um processo que depende de tentativas e erros. Não é suficiente se fazer o melhor, tem que se fazer diferente. A criação do novo depende de mentes diversas, visões diferentes, pois os o talentos se somam. Na inovação há um processo político de negociação das mudanças. Nem sempre tudo é bom para todos. Uma ideia pode ser fantástica, mas para vingar ela tem que ser bem vendida e acordada entre as partes.
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A era do conhecimento
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MEIO AMBIENTE
Castanheira, fundamental para a manutenção da biodiversidade Brasil não aproveita bem essa riqueza e está atrás da Bolívia em produtividade
“Marabá, cidade do sudeste do Pará, já foi a maior produtora mundial de castanha-dopará. Passamos de maior produtor mundial entre as décadas de 1930 e 1970, à produção zero. Hoje encontramos poucas quantidades, apenas para consumo. Vi tudo isso acontecer com a maior tristeza, pois a castanheira é um árvore maravilhosa, de até 60 m de altura por quatro metros de diâmetro na base do tronco. É triste ver uma espécie que vive até 800 anos ter sido destruída”. O biólogo e presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Noé Von Atzingen, descreve o sentimento de quem acompanhou o auge e declínio da espécie em Marabá. Nóe nasceu em São Paulo e há 33 anos mora em Marabá. Para ele, a importância da castanheira na região foi além da questão
econômica, alcançando a cultura, a política e o povoamento. “O brasão de armas do município tem no seu centro uma castanheira. O projeto urbanístico foi inspirado na árvore, onde o centro da cidade é o tronco e os bairros as folhas. O ciclo da castanha atraiu enorme contingente, principalmente de nordestinos. Esses deslocamentos populacionais fomentaram a criação de cidades como Jacundá, Nova Ipixuna e São João do Araguaia. Por sua vez, as concessões dos castanhais eram feitas a grandes fazendeiros ligados à política local”, conta Noé. De acordo com os primeiros registros, a exploração da castanheira-do-pará, Bertholletia excelsa, na região de Marabá começou em 1913, período que coincide com o início da decadência do caucho - árvore que produz o lá-
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Érica Neiva
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tex usado para fabricação de borracha - devido à expansão dos seringais no sudeste asiático. Em 1923 se colhiam 62 mil hectolitros (medida que equivale a 100 litros) de castanhas. Em 1979, houve uma produção recorde, 300 mil hectolitros; em 1982, 200 mil; em 1983, 100 mil. A partir da década de 1990 é praticamente zero a coleta da castanha, hoje conhecida e comercializada no exterior como ‘castanha-do-brasil’ Milhares de castanheiras centenárias desapareceram nos últimos 30 anos no sudeste do Pará, região que abrange 38 municípios, sendo Marabá o mais importante em termos econômicos. Com cerca de 200 mil habitantes, hoje as principais atividades econômicas da cidade são a criação de gado e a siderurgia. Os diferentes ciclos econômicos que predominaram na cidade trouxeram pessoas de diferentes partes do Brasil. O biólogo Noé (foto acima) veio para ficar apenas um ano, mas decidiu permanecer. “A minha relação com Marabá é uma relação de amor. Vim para ficar um ano no campus da Universidade de São Paulo - USP que existia aqui, no entanto, nunca mais voltei. Marabá tem muitas coisas para serem resolvidas, mas é uma terra de oportunidades. Com boa vontade e inteligência os propósitos dão certo aqui”. Causas da decadência - O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-
Embrapa e doutor em economia rural, Alfredo Homma (foto abaixo), responsável por trabalhos sobre a Amazônia, economia de recursos naturais e extrativismo vegetal, relata que a extração da castanha-do-pará tornou-se a principal atividade econômica do sudeste do Pará durante 60 anos, sustentando milhares de extrativistas e uma oligarquia decorrente dessa riqueza. O sudeste paraense sofreu forte devastação com a abertura de rodovias e ferrovias na década de 1960, deslocamento de migrantes, obras de infraestrutura, criação de novos municípios, a expansão da pecuária e a extração madeireira. Segundo o pesquisador, “a abertura de estradas (foto abaixo) provocou a perda de controle no comércio de castanha, antes feita por via fluvial, e a destruição das castanheiras decorrente da expansão da fronteira agrícola
pla, pois talvez os produtos extrativistas nunca atinjam um valor que os torne economicamente atraentes. A importância do extrativismo, envolvendo certas circunstâncias, locais e produtos, está em ganhar tempo até que surjam alternativas econômicas”, frisa Alfredo. Importância ambiental - A castanheira tem a sua área de distribuição nas partes amazônicas do Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No Brasil destacam-se na extração da castanha os estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. Ela tem por habitat a mata virgem alta de terra firme, em agrupamentos mais ou menos extensos, tradicionalmente conhecidos como castanhais, sempre associados a outras espécies florestais de grande porte. É a árvore que se destaca das outras pela altura da copa, o que a faz ser chamada também de ‘rainha da floresta’. A castanheira é importante do ponto de vista ecológico, pois é fundamental para a
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No passado, embarque de castanhas no porto de Marabá
terminou enfraquecendo as famílias que controlavam as áreas de castanheiras e o seu comércio. A partir do final dos anos 60, porém, o governo começou a apoiar a agropecuária, por entender que renderia mais que a mata em pé. Com isso, posseiros, colonos e fazendeiros avançaram sobre a floresta, substituindo-a aos poucos por culturas anuais e pastos. A extração de madeira começou com o mogno e depois atingiu outras espécies, inclusive a castanheira. Em consequência, até 1997, cerca de 70% das áreas de castanhais já haviam sido desmatadas no sudeste paraense” destaca Homma. Alfredo Homma diz que as famílias não se sustentam somente com o extrativismo, o que leva à agricultura de subsistência, com risco para a sustentabilidade ecológica e econômica. Ele afirma que os assentamentos fundiários e as invasões de propriedades são outras causas da derrubada de castanheiras. “Nas frentes pioneiras, a agricultura familiar se instala acompanhando as estradas de extração de madeira, derrubando e queimando o que resta da floresta. Madeireiros e agricultores familiares são os principais atores nas frentes pioneiras da Amazônia. Os primeiros extraem de maneira predatória o maior número possível de árvores com madeiras de maior valor e, assim que elas se esgotam, avançam na fronteira, abrindo caminho para a instalação dos segundos. Reduzir a destruição da floresta, portanto, exige um esforço hercúleo: além de coibir a extração ilegal de madeira e controlar derrubadas e queimadas, será necessário conscientizar a população quanto a esse erro conceitual”. Outro problema apontado pelo pesquisador é que, na Amazônia, com o aumento populacional e a urbanização, os preços relativos das culturas anuais, em especial alimentos, subiram ao longo do tempo, e por isso muitos dos que viviam da coleta de produtos florestais mudaram para a agricultura. “A destruição das castanheiras, apesar da proteção legal e do mercado definido, decorre ainda da perda de competitividade da castanha-do-brasil. O açaizeiro, por exemplo, já é conservado pelos coletores em função da valorização dos frutos. No caso das castanheiras, porém, é mais lucrativo vender as árvores, fazer carvão, ou substituir a mata por culturas agrícolas ou pastos. O tamanho dos lotes não garante a sobrevivência apenas com a extração da castanha, feita apenas na época chuvosa. A preservação desses recursos deve ser feita com uma visão mais am-
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manutenção da biodiversidade. Suas flores, folhas e frutos são excelentes alimentos. O analista ambiental da Eletronorte, Rubens Ghilardi (acima), explica que os animais contribuem para a manutenção da castanheira. “Na época em que a castanheira está florindo os guaribas, espécie de macacos, ficam o dia inteiro comendo flores e folhas novas que são altamente nutritivas. Além do vento, as araras também derrubam o fruto que por ser muito duro é aberto por poucos animais, a exemplo da paca. Animais como a cutia, esquilo, antas e veados alimentam-se dos restos deixados pela paca. A cutia é uma excelente dispersora de sementes, pois come algumas castanhas e enterra o restante com o objetivo de reservar alimento. Muitas dessas sementes não são localizadas depois e acabam brotando”. Existem leis municipais e estaduais no Brasil que proíbem o corte das castanheiras, fundamentadas na Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 que instituiu o Código Florestal. No Estado do Pará existe a Lei nº 6.895, de 1º de agosto de 2006, que declara a preservação permanente, de interesse comum e imune ao corte da castanheira. De acordo com a lei, a supressão total ou parcial da castanheira só é admitida mediante prévia e expressa autorização do órgão ambiental competente e do proprietário ou possuidor do imóvel, quando necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública, de relevante interesse social, bem como em caso de iminente perigo público, ou outro motivo de interesse público. Mesmo com a proibição expressa do corte, o engenheiro florestal da Eletronorte, João Marcelo de Rezende (ao lado), explica que as castanheiras continuam morrendo devido às modificações causadas
A castanha-do-pará também foi um produto de destaque na economia de Tucuruí, cidade no sudeste do Pará. Prova disso foi a construção da Estrada de Ferro Tucuruí, em 1905, na margem esquerda do Rio Tocantins. Mas a estrada pouco contribuiu para o escoamento da castanha, devido à irregularidade da via férrea, dos descarrilamentos, da falta de força da locomotiva na subida, da dificuldade de transbordo e do armazenamento nos dois extremos da ferrovia, além de ataques de índios Assurini. Com a expansão da atividade agropecuária na região, o número de castanheiras hoje é pouco significativo. Boa parte das matrizes que restam dessas árvores foram preservadas devido às ações do Banco de Germoplasma, criado pela Eletronorte na década de 1980, com a formação do reservatório de Tucuruí, promovendo o reflorestamento e a conservação de material genético das espécies e contribuindo para a manutenção das reservas naturais. Diversas espécies de sementes e mudas foram resgatadas em vários pontos do antigo leito do Rio Tocantins e plantadas na Ilha de Germoplasma, que possui cerca de 54,36 hectares, onde existem 2.449 matrizes, das quais 56 são de castanheiras. Há também as áreas nativas com 1.896 matrizes, das quais 171 são castanheiras centenárias. A engenheira agrônoma da Eletronorte, Sandra Moreira do Nascimento (ao lado), explica: “A castanha-do-pará foi uma espécie resgatada como recurso genético da região e mantida na Ilha. Fazemos a manutenção das matrizes plantadas, dos acessos e a coleta. Temos a área de coleta de sementes onde as matrizes nativas são inventariadas, marcadas e identificadas. Parte das sementes e mudas coletadas de várias espécies, inclusive as castanheiras, são doadas para instituições de pesquisas, comunidade e campanhas de sensibilização ambiental, para incentivar a recomposição no ecossistema pelas queimadas e desmatamento para a instalação de atividades agropecuárias. “As pessoas continuam pegando glebas de terra, desmatando, fazendo queimadas e deixam apenas as castanheiras. Elas sozinhas não sobrevivem por diversos fatores: mudanças no microclima da floresta com variação da temperatura e umidade, com a devastação
da espécie. Considero muito importante o trabalho da Eletronorte, pois permite que o material genético coletado se multiplique na forma de sementes, mudas e doações para a sociedade. Qualquer trabalho que se faça para a manutenção das matrizes é importante”. Comunidade – Em 2009, a Eletronorte iniciou um trabalho em parceria com a Embrapa que visa a treinar as populações tradicionais, geralmente ribeirinhos, e aquelas em áreas rurais, para que conheçam suas reservas, façam pequenos inventários florestais e saibam a importância econômica de cada espécie. “A partir do momento em que o agricultor conhece o recurso dele, começa a valorizar melhor a sua matéria-prima, transformando-a numa renda a mais para sua família e não permitindo a entrada de madeireiros na sua área para cortar a madeira e levar a floresta fica exposta à insolação, aos ventos, o solo fica desprotegido, tornando-se suscetível à erosão e à perda de nutrientes. Além disso, a castanheira é uma planta alógama, ou seja, necessita de polinização cruzada para que ocorra a frutificação e a produção. Assim, os desmatamentos e as queimadas, ao destruir o habitat do agente polinizador (Hymenoptero do gênero
embora. Isso é uma forma de contribuirmos com a manutenção da espécie. Priorizamos as espécies ameaçadas com potencial de renda interessante, como andiroba e copaíba”, afirma a agrônoma Sandra. Em setembro de 2009 houve um treinamento com cerca de sessenta índios das aldeias Kateté e Djudjekô, da Terra Indígena dos Povos Xikrin, nos municípios de Ourilândia do Norte e Água Azul do Norte, com as instalação de bases para a produção das mudas e identificação de áreas rentáveis para coleta de sementes como forma de fomentar as iniciativas de recuperação de áreas alteradas na Amazônia contidas na política florestal do Pará. Durante o treinamento, trilhas com potenciais áreas de coletas de sementes foram identificadas e as árvores registradas e demarcadas como matrizes fornecedoras das sementes com maior qualidade. Dessa forma, os povos indígenas poderão utilizar as trilhas para a prática de coleta de sementes. “Estamos cada vez mais conscientes de que é um caminho interessante. Não que a doação de mudas não seja, mas o fato de capacitarmos as pessoas para que elas valorizem as reservas e não vendam suas riquezas por qualquer trocado. Sua matriz pode sair da sua reserva legal e ele pode perdê-la como fonte de renda permanente”, destaca Sandra. Bombus spp.), têm contribuído para a redução da produção. As leis não se mostram tão eficazes, pois apesar de poupada, a castanheira acaba ficando estéril e morrendo”. Luta - Durante seus diferentes ciclos econômicos a região amazônica recebeu brasileiros de todas as regiões, mas o maior número foi de
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Tucuruí já exportou castanha. Hoje produz mudas e matrizes
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migrantes nordestinos. Entre estes Luiz Targino de Oliveira (abaixo), que trabalhou no extrativismo da borracha e da castanha-do-pará: “Nasci em 3 de fevereiro de 1933. Vim do Ceará para o Acre, em 1953, na época com 19 anos. Primeiro cortei seringa na Bolívia por três anos, depois voltei para o Brasil, onde trabalhei 37 anos no seringal da Cachoeira, hoje chamado reserva Chico Mendes. Trabalhei 41 anos na castanha. Casei com 25 anos, tive nove filhos. Todos eles estudaram, quatro deles têm formatura e duas filhas trabalham no seringal”, descreve o extrativista. Targino hoje mora em Xapuri, próximo à Fundação Chico Mendes. Mas as coincidências com o seringalista Chico Mendes, assassinado em 1988, não ficam apenas na proximidade de suas residências, elas são mais profundas e envolvem uma vida de amizade e luta. “Acompanhei a luta do sindicato até assassinarem o Chico Mendes. Conheci o Chico quando ele tinha 13 anos, morando no seringal. Éramos amigos de jogar bola e baralho, andávamos em festas juntos. Todos gostavam dele. Era uma pessoa humilde, não tinha ambição de poder. Em 1977, fundamos o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri com outros companheiros seringueiros. Resolvemos entrar na luta para que a terra não fosse devastada, pois é dela que os pobres tiram o sustento dos seus filhos. Hoje tudo está dife-
rente, houve muito desmatamento, a luta foi ardente. O Chico perdeu a vida no seringal. A borracha não tem mais preço, é difícil retirála, pois o seringueiro não dispõe de transporte para pegá-la e gasta-se muito com frete”. Targino explica que nas áreas dos seringais havia castanhais que chegavam a render entre mil e três mil latas de castanha. A colheita é uma atividade sazonal, feita principalmente no período das chuvas quando caem os frutos das castanhas, chamados ouriços, entre os meses de dezembro e março. “Cada seringueiro quebra a sua castanha no mato, faz um paiol com palha e guarda a castanha para ser transportada. Na época da colheita, acordava às 3h da madrugada, fazia o café, comia uma farofa e esperava o dia amanhecer. Levava um pouco de comida para o mato. Começava a quebrar castanha 7h da manhã e só voltava no escuro, com o vagalume acendendo. A castanha só dá uma vez por ano, ao contrário da seringa que se pode cortar por dez anos sem parar. A única coisa que atrapalha são as chuvas. O seringueiro começa a quebrar em novembro e no final de fevereiro a colheita termina. A castanheira é muito alta, não tem como ninguém subir ou balançar. Ela cai pela própria natureza. A época de colheita é muito perigosa, vários seringueiros já morreram ou ficaram com deficiências físicas com a queda do ouriço, que pode pesar mais de dois quilos”. Beneficiamento – Informações especializadas indicam que um castanheiro treinado pode juntar, diariamente, de 700 a 800 ouri-
neira vibratória, na qual se procura separar o pó que acompanha os talos centrais do interior do ouriço (umbigo) e castanhas ocas, que representa aproximadamente 3% da massa inicial. Alfredo Homma esclarece que a escolha das castanhas adquiridas, a maneira como foi efetuado o armazenamento na floresta e nas comunidades, se as amêndoas foram lavadas, o grau de umidade, a contaminação com óleo diesel ou peixe salgado durante o transporte nas embarcações, precisam ser observados, pois refletem na qualidade do produto final. Outro problema é a exigência de capital de giro para adquirir a castanha, efetuar o armazenamento para conseguir um estoque que permita o funcionamento da fábrica por um período mais longo e a manutenção dos trabalhadores por mais tempo. “O fracasso das tentativas de beneficiamento de castanha nos estados do Acre e Amapá decorrem da complexidade da cadeia produtiva e de beneficiamento, composta e gerenciada por mão de obra sem a qualificação necessária para gestar uma empresa, além da falta de pessoal técnico especializado e com capacidade gerencial. Observa-se que a economia regional está incorrendo em grandes perdas, estimada em mais de US$ 14 milhões anuais, decorrente da exportação de castanha em casca. Em longo prazo, a sustentabilidade da indústria de beneficiamento depende da implantação de plantios racionais de castanheiras para garantir uma oferta confiável e da formação de estoques adequado em áreas mais próximas e acessíveis dos locais de beneficiamento, além do correto manejo pelas populações nativas, permitindo a regeneração da espécie e a manutenção da fauna dependentes dos frutos da castanheira” analisa o pesquisador.
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O beneficiamento é uma das etapas que precisam ser aprimoradas pelo Brasil
ços, produzindo dois hectolitros. Os ouriços são transportados nas costas, em jamaxins (cestos adaptados para transporte). O castanheiro apanha os ouriços do chão com uma vara de três pontas ou com a ponta do terçado. Os frutos são amontoados em determinado ponto estratégico da floresta, onde é efetuado o corte para a retirada das amêndoas e o seu transporte. Um ouriço pode pesar de 0,5 kg a 2,50 kg, com diâmetro de 8 cm a 15 cm, contendo de 12 a 25 castanhas. De acordo com o local, o número de castanheiras varia de 33 a 107 unidades em 50 hectares, apresentando grande variação, pois nem todas produzem no mesmo ano. O armazenamento e o transporte das castanhas podem prejudicar o produto e aumentar o risco de contaminação. Assim, ao chegar à usina de beneficiamento, elas são submetidas ao processo de limpeza, passando por uma pe-
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se iguale a ela. É um produto que não plantamos, recebemos da natureza. É fundamental mantermos a tradição da colheita, o beneficiamento e a venda do produto”. Bolívia x Brasil - A extração de castanha no Brasil vem declinando a partir da década de 1990, passando à Bolívia a posição de maior produtor mundial. De acordo com o economista Salo Vinocur Coslovsky, hoje 58% do valor da produção mundial vêm da Bolívia e apenas 32% do Brasil. “Ao contrário do que alguns poderiam imaginar, a Bolívia domina o mercado da castanha não só em quantidade exportada, mas também em tecnologia, níveis sanitários e, principalmente, valor agregado. A Bolívia controla 71% do mercado de castanha processada, enquanto o Brasil é responsável por apenas 18% desse nicho. Entre as principais razões, destaca-se a desarticulação do setor industrial da castanha no Estado do Pará, enquanto os bolivianos de Riberalta e Cobija procuraram formar um cluster com financiamento europeu, mão de obra barata sem direitos trabalhistas, administração profissional das 30 indústrias localizadas e troca de experiências. A presença de modernas indústrias de beneficiamento em Riberalta e Cobija fizeram com que 56,41% da castanha com casca brasileira fosse drenada para a Bolívia, grande parte sem controle fiscal, atravessando a fronteira seca entre os dois países” Alfredo Homma explica que as dificuldades do processo de beneficiamento, a falta de capacidade administrativa de dirigentes egressos de movimentos sindicais, disputas de lideranças e falta de conhecimento técnico, levaram muitas dessas iniciativas ao fracasso. “Outro problema foi causado pela destruição das castanheiras e a pressão excessiva na exploração da castanha, causando a redução da oferta da amêndoa para alimentar a fauna e a própria regeneração da espécie. Cenários que indicam um problema de sustentabilidade ambiental em longo prazo dessa espécie vegetal. A predominância de uma forma de mercado com poucos compradores a qual os extratores são submetidos e o oligopólio na venda do produto beneficiado, no qual muitas vezes estão conectados, tem dominado o mercado desse produto na Amazônia, por várias décadas. A capilaridade e a infraestrutura necessária para coletar e concentrar a produção, além da complexidade da indústria de beneficiamento e de comercialização sempre dificultarem a entrada de novos concorrentes nesse mercado”.
Bolo de castanha-do-pará A castanha-do-pará é uma fonte rica de selênio, mineral necessário para a produção de serotonina, hormônio que promove bem-estar. O selênio também é um excelente antioxidante, impedindo a degeneração celular, pois envolve a membrana da célula e protege o sistema imunológico. A castanha é muito utilizada na indústria de cosméticos, o seu ouriço é matéria-prima do artesanato, mas é no preparo de carnes, biscoitos, cremes, sorvetes e bolos que ela conquista o paladar dos brasileiros. Como nesta receita do bolo de castanha-do-pará: Ingredientes: Massa: 1 xícara (200 g) de manteiga 1 xícara de açúcar 3 ovos 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo peneirada 1 colher (chá) de baunilha 1 colher (chá) de fermento em pó 1 xícara de castanhas-do-pará moídas 1 xícara de leite licor de sua preferência (facultativo) Recheio: 1 lata de leite condensado 1 xícara de castanhas-do-pará moídas 1 colher (sopa) de manteiga Pré-aqueça o forno médio (180°). Unte uma forma redonda de aro removível com manteiga e polvilhe com farinha de trigo. Na batedeira, bata a manteiga e o açúcar. Depois vá acrescentando um ovo de cada vez, batendo a cada adição, até obter um creme claro. Junte a farinha, a baunilha e o fermento. Misture as castanhas e o leite. Espalhe a massa na forma e asse por 40 minutos. Deixe esfriar. Desenforme e corte o bolo em duas ou três camadas Umedeça-as com licor e reserve. Para o recheio, misture o leite condensado, as castanhas e a manteiga em uma panela e leve ao fogo médio, mexendo até que o creme se desprenda do fundo. Recheie as camadas do bolo, colocando uma sobre a outra. Decore o bolo com castanhas moídas ou em lâminas. Fonte: O Grande Livro de Receitas de Claudia (2006), p. 215.
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Pecuária e agricultura passaram a ser inimigas naturais da castanheira
Cooperativa - No Brasil, de acordo com dados do IBGE, em 2008, foram produzidas 30.815 toneladas de castanha. Desse total, cerca de 98% foram extraídas na Região Norte, onde o Acre é o maior produtor, com 11.521 toneladas. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, em 2008 a exportação de castanhas representou um saldo de US$ 4,08 milhões para o País, que exporta principalmente para os Estados Unidos, Austrália, Holanda, Itália, Hong Kong, Bolívia e China. A região do Acre que mais produz castanha é Xapuri. Com 16 mil habitantes, o extrativismo da castanha é o carro-chefe da cidade durante
os quatro meses de produção. Na época da colheita, cerca de 70% das pessoas da zona rural estão envolvidas na atividade A extração da seringa e as fábricas de beneficiamento de castanhas, preservativos e piso também empregam muitas pessoas. O período de 2006 a 2009 foi o que mais se produziu castanhas, cerca de dois milhões de quilos. A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri tem sido uma alternativa importante para garantir o preço do produto e maior lucro para os castanheiros, conforme explica o seu presidente, Luiz Iris de Carvalho, que atua na cooperativa há 20 anos. “Começamos com a comercialização das castanhas, em 1989. Na época tínhamos 50 associados. Hoje são mais de 260. A nossa fábrica foi a primeira a exportar para os Estados Unidos, em 1992. Em 2000, o governo fez uma fábrica em Xapuri e outra em Brasiléia com beneficiamento de 200 mil latas por ano. Os nossos associados produzem anualmente mais de 100 mil latas, das quais cerca de 60 mil são comercializadas pela cooperativa. Recebemos a produção e fazemos o processo de beneficiamento tipo exportação”. As caixas com 20 kg de castanhas custam em média R$ 250,00. Ao ser beneficiada, cerca de dez quilos caem para três. O produto é levado para a cooperativa que realiza a pesagem e o beneficiamento – secagem, descascamento, embalagem a vácuo e a classificação. A castanha empacotada a vácuo dura dois anos e a in natura em média seis meses. Para Luiz Iris a cooperativa melhorou a vida de seus associados. “Hoje estamos resgatando o papel da cooperativa e do associado com as duas fábricas. O melhor preço é pago pela cooperativa. Costumamos dizer que a castanha é ouro branco em Xapuri. Não há outro produto que
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Com a participação recorde de mais de 2.200 profissionais e a apresentação de 480 informes técnicos em 15 grupos de trabalho, o XX Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica – SNPTEE, foi realizado entre os dias 22 e 25 de novembro de 2009, em Recife (PE), patrocinado pelo Cigré-Brasil e coordenado pela Chesf. Segundo o coordenador da Comissão Técnica, Antonio Simões Pires (à ditreita), “os trabalhos apresentados pelos técnicos do Setor Elétrico brasileiro foram de altíssima qualidade, superando as expectativas. Os debates foram de elevado nível técnico, contribuindo para elevar ainda mais a imagem dos profissionais do setor”. O SNPTEE é o maior evento do Setor Elétrico e reúne a inteligência maior que o Brasil possui nessa área. Abordando temas que vão dos estudos de geração hidráulica e térmica; de fontes não convencionais; de sistemas de transmissão; controle e automação; comercialização e regula-
ção; até impactos ambientais e eficiência energética e pesquisa e desenvolvimento, o SNPTEE reúne e compartilha informações de excelência. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, não teve como fugir de um tema de interesse de todos, o apagão do dia 10 de novembro de 2009, que desligou boa parte do sistema elétrico brasileiro. Assim, como outros dirigentes presentes à mesa de abertura do evento, Chipp destacou a importância de valorizar os técnicos do setor elétrico que reúne o melhor da engenhaira nacional: “Ao vivenciarmos o novo modelo do Setor Elétrico, temos nos dedicado a segmentos importantes, como a comercialização, a participação nos leilões, a expansão da geração e da transmissão, mas temos nos esquecido de
teia do conhecimento adquirido pela humanidade. Devemos pensar que, certamente, os nossos problemas não são únicos e temos que levar sempre em consideração a experiência dos outros, para não só evitarmos repetir erros, como adotarmos as melhores práticas e soluções para cada caso e assim gerarmos economia para nossas empresas e nossos países. Da mesma forma, devemos pensar que nossas experiências poderão ser úteis a outros e que divulgá-las e compartilhá-las sempre serão atividades gratificantes, que nos engrandecerão espiritualmente e profissionalmente, e nos completarão como seres humanos”. A Eletronorte se fez presente ao evento com a participação de 35 artigos, 34 autores, quatro relatores e o coordenadorgeral. A Empresa teve dois trabalhos premiados (ver boxes), sendo um no Grupo de Geração Hidráulica e outro no Grupo de Estudo de Eficiência Energética e Gestão da Tecnologia, da Inovação e da Educação. O XXI SNPTEE será coordenado pela Eletrosul e realizado em 2011 na cidade de Florianópolis (SC).
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XX SNPTEE reúne a inteligência do Setor Elétrico brasileiro
dedicarmos parte do nosso tempo à valorização efetiva da parte técnica, que está sendo relativizada por nós, dirigentes. Está na hora, e o XX SNPTEE é uma boa oportunidade, de revisitarmos a valorização técnica dos nossos especialistas, em todos os sentidos”. Hermes Chipp disse que um grupo de 70 técnicos especialistas estava trabalhando nas causas do apagão, mas sinalizou um dos trabalhos apresentados como uma explicação para as possíveis causas do desligamento (ver box), relacionado a defeitos em isoladores provocados por chuvas intensas. O coordenador do Cigré-Brasil e do Comitê de Gestão Administrativa do SNPTEE, José Henrique Machado Fernandes (à direita), disse que “o Seminário proporcionou um ambiente propício ao debate e ao contato com o que há de mais moderno na indústria de energia elétrica, não só por meio das apresentações dos artigos técnicos, como também pela exposição bastante diversificada, composta por estandes de empresas que atuam no Setor Elétrico”. Acompanhando o pensamento do DiretorGeral do ONS, José Henrique deixou um recado aos técnicos mais jovens: “O nosso ramo de atuação nos oferece uma janela aberta para o mundo e nos conecta à grande
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Os técnicos Rogério Magalhães de Azevedo (foto), Francisco M. S. Carvalho e Orsino Oliveira Filho, do Cepel, e Waldenir A. S. Cruz e Sylvia G. Carvalho, de Furnas, fizeram a apresentação mais concorrida do XX SNPTEE, uma vez que os estudos apresentados podem se relacionar com as possíveis causas do apagão do dia 10 de novembro de 2009. Denominado Estudo de Coordenação do Isolamento baseado em Sobretensões Provocadas por Aplicação e Eliminação de Defeitos, e sua Relação com Chuvas Intensas, o trabalho analisou distúrbios que ocorreram na Subestação Itaberá (SP), que opera na tensão 765 kV. Por meio de simulações, investigaram o desempenho dos para-raios e concluíram que os curtos-circuitos ocorreram por uma relação entre a intensidade da chuva e a redução da suportabilidade dielétrica dos isoladores. Essa relação foi comprovada em ensaios de tensão alternada sob chuva, realizados nos laboratórios do Cepel em isoladores retirados da subestação. Tudo começou em fevereiro de 2007, quando a Subestação Itaberá, integrante do sistema de transmissão em 765 kV de Furnas, foi atingida por um forte temporal com incidência de muita chuva e descargas atmosféricas, provocando curtoscircuitos e, consequentemente, o desligamento de linhas de transmissão e de um dos barramentos de 765 kV da subestação. Outras ocorrências com as mesmas características aconteceram no mesmo local em 2003 e 1989. As simulações mostraram que os curtos-circuitos ocorreram para valores relativamente baixos de sobretensões, indicando que, ou as sobretensões não atingiram o nível de proteção dos para-raios, ou eles atuaram devidamente. Além disso, como parte da investigação de possíveis causas para os defeitos, alguns para-raios foram ensaiados nos laboratórios do Cepel. Uma possível relação entre a intensidade da chuva e a redução da suportabilidade dielétrica dos isoladores da subestação é apresentada, baseada em dados históricos de precipitação pluviométrica na região de Itaberá e em trabalhos publicados na literatura. Posteriormente, essa relação foi comprovada em ensaios de tensão alternada sob chuva, realizados nos isoladores de pedestal retirados da subestação.
Efeito da chuva - As condições para a disrupção (ruptura) nos isoladores submetidos a uma sobretensão temporária é dependente, entre outros fatores, da intensidade da chuva. A maior influência nesse sentido é o gotejamento ou o próprio escoamento da água entre as saias do isolador. Numa condição extrema, sob chuva intensa, pode-se formar até mesmo uma cascata, paralela ao comprimento da cadeia. A simulação mostra a curva do fator de correção da tensão crítica de frequência fundamental de uma cadeia de isoladores vertical em função da intensidade da chuva. Nessa curva, pode-se notar que uma chuva extremamente intensa pode causar uma redução da suportabilidade dielétrica da cadeia em cerca de 30% ou mais. Entretanto, deve-se ressaltar que os ensaios sob chuva para determinação das tensões críticas ou suportáveis, não podem ser repetidos de forma confiável. Outros fatores que também devem ser levados em conta nessa redução são a contaminação e o envelhecimento dos isoladores. Baseado nos resultados anteriores, o conhecimento do valor de intensidade da chuva (por exemplo, taxa de precipitação a cada cinco minutos) no momento dos defeitos na subestação, seria um dado importante para o esclarecimento das causas do distúrbio. Um exemplo de registro pluviométrico indica uma chuva com intensidade de 4,2 mm/m no posto de Itararé em 1981. Porém, esses registros pluviométricos foram coletados somente até 1999. A partir daí, somente estão disponíveis dados horários ou diários de precipitação. Conclusão - O trabalho apresentado, sobre coordenação do isolamento, baseado nas simulações de aplicação e eliminação de defeitos, permite que sejam feitos os seguintes comentários: - A comparação dos resultados das simulações com os oscilogramas obtidos mostrou que houve atuação dos para-raios, que limitaram as sobretensões na subestação em níveis compatíveis com seu nível de proteção sem, contudo, evitar os defeitos nos isoladores de pedestal; - A diminuição da suportabilidade dielétrica dos isoladores de pedestal pode estar associada à intensidade da chuva. Entretanto, não estão disponíveis dados meteorológicos para fundamentar uma análise conclusiva em relação a essa possibilidade; - Os operadores da subestação deram um importante relato de quanto intensa era a chuva no momento das ocorrências. Além disso, um estudo realizado pelo DAEE-SP e USP, em 1999, mostra a possibilidade de chuvas com intensidade acima de 3,0 mm/m para um período de retorno igual a dez anos.
Inovar ou perecer, um grande desafio para a sobrevivência das empresas Neusa Maria Lobato Rodrigues (foto), superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética da Eletronorte, apresentou um dos trabalhos premiados no XX SNPTEE. Segundo ela, “essa premiação é uma forma de reconhecimento pelo trabalho que vem sendo desenvolvido pela Eletronorte no que se refere à inovação. Apresentamos as sete regras que uma empresa deve seguir para inovar. Seguimos as regras, e o resultado não poderia deixar de ser o reconhecimento entre as quatro empresas mais inovadoras do Brasil. Questionamos sobre o desafio de inovar ou perecer? Inovamos e continuaremos a inovar para jamais perecer!” A Eletronorte, por meio do Prêmio Muiraquitã de Inovação Tecnológica, vem seguindo as sete regras de inovação propostas pelos professores de Wharton. O Prêmio foi criado para incentivar os empregados a desenvolverem novas tecnologias para a Empresa, contribuindo para melhoria de seus produtos e processos, alcançando uma dimensão econômica capaz de trazer algum retorno financeiro, e fortalecendo sua imagem perante o mercado como empresa inovadora (veja matéria na página 26). Inovação, desenvolvimento tecnológico, propriedade intelectual, patente, rede de inovação, todas são palavraschave em que muitas empresas acreditam, enquanto outras continuam achando que inovação é questão de sorte, ao mesmo tempo em que nem fazem idéia de como se implementa. Outras ainda buscam inovar de alguma maneira, mas se esquecem de quais são as regras que devem seguir. A pergunta é: existe regra para inovar? A resposta é: existe sim, e isso pode ser constatado com o trabalho que vem sendo desenvolvido na Eletronorte. Inovação é a capacidade que a organização tem de crescer, sobreviver e, até mesmo, influenciar nos rumos do setor a que pertence. É real e é possível ser inserida de forma sistemática, bastando seguir algumas regras como as propostas pelos professores de Wharton, no livro”Making Innovation Work: How to Manage It, Measure It, and Profit From It”. As regras são sete: liderança, cultura, alinhamento, balanceamento entre criatividade versus captação de valor, anticorpos organizacionais, rede de inovação e indicadores de desempenho. Tais regras podem e devem ser utilizadas para qualquer tipo de organização, mesmo uma unidade governamental. Hoje, uma empresa que não dá espaço para seus colaboradores melhorarem ou inovarem seus produtos ou processos está fadada ao fracasso. Aos poucos as empresas estão aprendendo a liberar seus colaboradores para que eles empreendam.
O empreendedorismo deve ser aplicado também em atividades internas e não apenas na criação de novos produtos. O reconhecimento de uma propriedade intelectual significa divisas para um país, já que todos os que se aproveitam de alguma forma da invenção são obrigados a pagar pelo uso da ideia. Além do crescimento das receitas geradas no exterior, mediante o pagamento dos royalties, a venda de produtos com alto valor agregado se faz relacionada com a propriedade intelectual. Setor Elétrico - O Setor Elétrico não tem a cultura da propriedade intelectual. O número de processos de patentes (pedido de depósito mais cartas de patentes vigentes) entre os períodos de 1999 a 2004 conforme fonte do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – Inpi são de 157, dos quais a Eletronorte possuía um único processo de pedido de patente. É importante ressaltar que esse número representa menos da metade do número de patentes da Usiminas, por exemplo. A falta de cultura de propriedade intelectual resulta na perda de ativos intangíveis e isso se deve em princípio, aos seguintes fatores: inexistência de cultura de proteção, de conhecimento do processo de patenteabilidade, de competitividade entre as empresas, de proteção para os resultados das pesquisas e de estímulo para pesquisas, bem como regras claras de inovação que as empresas devem seguir. Na Eletronorte, por meio de programas corporativos, o capital intelectual vem sendo trabalhado continuamente em vários ciclos, já apresentando resultados relevantes. Por exemplo, o Programa Eletronorte de Propriedade Intelectual, criado em 2004 com o objetivo de criar a cultura da propriedade intelectual. A cultura da propriedade intelectual traz benefícios como o direcionamento das pesquisas para um determinado problema técnico, identificando rotas tecnológicas e evitando duplicidade de esforços. Para exemplificar, o continente europeu desperdiça em média, por ano, 15 bilhões de euros em pesquisas já realizadas, e quase 30% da pesquisa européia é duplicada. Muiraquitã - Outro grande benefício é o aumento da receita com a comercialização da propriedade intelectual, cujo recurso
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Uma possível causa do apagão de novembro de 2009
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Conclusão - A análise dos resultados obtidos após implantação do Prêmio demonstrou que essa é uma das formas de incentivar os grandes inovadores a desenvolverem inovações e melhorias em seus produtos e processos. Percebe-se que atitudes de natureza inventiva entre as pessoas com essa característica não está relacionada a nenhuma pretensão de ganhos financeiros, pois o fazem por possuírem veia inventiva. Entretanto, é evidente a satisfação que demonstram por serem reconhecidos e, acima de tudo, por tornar público algo que foi fruto de um resultado que buscaram por assim acreditarem. Das 60 inovações premiadas apenas quatro foram desenvolvidas por colaboradores de nível superior ou mestrado. Os demais foram por pessoas que costumamos chamar de “chão de fábrica”, ou seja, os que trabalham diretamente com operação e manutenção. Hoje a Eletronorte possui 52 pedidos de patentes junto ao Inpi, um aumento de 5.200% em relação a 1999. Sem dúvida, programas que estimulam a criatividade de empregados são de extrema importância em uma empresa. Todos ganham: o empregado, por ver sua competência reconhecida e pelo retorno financeiro; a empresa, por meio do custo evitado resultante das inovações e melhorias nos seus produtos e processos, e ainda por motivar outros colaboradores a inovarem e desenvolverem suas atividades com maior comprometimento; e ganha o País e toda a sociedade brasileira.
Metodologias para a implantação de turbinas hidrocinéticas na Amazônia O gerente de Projetos Eletromecânicos de Hidrelétricas da Eletronorte, Carmo Gonçalves (foto), em conjunto com Antonio Brasil C. Pinho Junior, da Universidade de Brasília – UnB, apresentou outro trabalho premiado no XX SNPTEE, sobre a utilização das unidades hidrocinéticas, contendo os procedimentos básicos para facilitar a gestão e a implantação desse sistema de geração e transmissão de energia elétrica para comunidades isoladas ribeirinhas, principalmente na região amazônica. Segundo ele, “foi uma satisfação ter tido a oportunidade de participar do Seminário. Recebemos a premiação com muita alegria e como uma forma de consolidação externa dos trabalhos que estamos desenvolvendo na Eletronorte, principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento”. As crescentes exigências ambientais para a expansão do potencial hidroenergético brasileiro, os elevados índices de poluição ambiental e o alto custo da geração térmica a diesel, têm levado à busca de fontes alternativas, mesmo para pequenas comunidades isoladas. Dessas destacam-se as ribeirinhas da Amazônia, que normalmente têm como fonte de recursos a floresta e o rio, e vivem a contradição de um precário abastecimento de energia elétrica, ou às escuras, o que promove um estado degradante de pobreza e baixo desenvolvimento, contribuindo para a migração dos seus habitantes para as sedes dos municípios e capitais. O consumo de combustíveis fósseis, as dificuldades da manutenção dos motores de combustão interna e do transporte, o alto custo de painéis fotovoltaicos associado ao baixo fator de capacidade, as dificuldades do uso da biomassa, até situações como linhas de transmissão de alta tensão passando nas proximidades dos vilarejos sem poder atendê-los, são fatores que estão contribuindo para que a Eletronorte se interesse pelas turbinas hidrocinéticas, especialmente as que estão sendo desenvolvidas em parceria com o Departamento de Engenharia Mecânica da UnB . A turbina hidrocinética, que converte a energia cinética dos rios em hidroeletricidade, não requer a
construção de barragens, e tão pouco emite qualquer tipo de poluente. Entretanto, a sua implantação requer alguns requisitos básicos e avaliações preliminares, que são tratados nesse trabalho. A turbina - A região amazônica, grande extensão territorial com baixa densidade demográfica, é dotada de enorme potencial hidráulico a ser explorado para a geração de energia elétrica limpa. Ali, cerca de 300 mil famílias vivem em comunidades isoladas, sem acesso a energia elétrica até a chegada do programa Luz para Todos, do Governo Federal. O problema de abastecimento de energia elétrica também atinge as grandes e médias comunidades isoladas, aonde o custo de geração termelétrica a óleo diesel chega a atingir R$ 827,61/MWh gerado, o que torna essa geração totalmente inviável sem o subsídio do governo. Para as comunidades isoladas, principalmente as ribeirinhas, a turbina hidrocinética se destaca pelos seguintes motivos: tecnologia totalmente nacional, fácil fabricação, robustez e durabilidade, facilidades de manutenção, operação, transporte e instalação (permite instalação na margem do rio ou sobre um flutuador estaiado que admite variações de níveis de água sem danificar a turbina e sem a necessidade de obras civis ou desvio do rio, ou seja, sem impacto ambiental); além do custo competitivo quando comparado com alternativas de fontes de energia renováveis. Ressalta-se que as turbinas hidrocinéticas devem ser instaladas próximas aos centros de consumo e a profundidade do rio deve permitir a sua submersão total. A Eletronorte e a UnB desenvolveram o modelo e o protótipo
da turbina hidrocinética de geração III, com o propósito de ser mais compacta, mais leve, de fácil transporte, dotada de gerador elétrico submerso do tipo bulbo. Dentre os parâmetros e necessidades destinados à implantação das turbinas hidrocinéticas, destacam-se: avaliação das condições existentes na comunidade isolada, tais como posicionamento geográfico, recursos naturais, necessidade energética, nível de formação escolar dos seus habitantes, previsões de desenvolvimento e crescimento local; as principais características e o comportamento do rio, tais como variação de nível ao longo do ano, principais cheias históricas ocorridas, velocidade do fluxo de água, profundidades nos períodos seco e úmido, o potencial hidrocinético, as condições das suas margens e a distância do rio à comunidade isolada; definição dos critérios e técnicas de montagem, testes, manutenção e operação das unidades hidrocinéticas e do sistema de transmissão associado. O modelo de implantação de turbinas hidrocinéticas apresentado é dinâmico e recomenda-se a sua atualização, com as experiências advindas de projetos e instalações realizadas e poderá ser aplicado em outras regiões do Brasil e no exterior, inclusive com sistemas híbridos. Uma continuidade importante para esse trabalho é o levantamento das comunidades isoladas na Amazônia e em todo o Brasil, passíveis de utilização do sistema hidrocinético para geração de energia elétrica, e os locais potenciais para a implantação de fábricas desses equipamentos com os seus sistemas associados. Conclusão - A geração de energia elétrica por intermédio de sistemas hidrocinéticos mostrou-se competitiva quando comparada com outras fontes alternativas, tais como microcentrais a diesel, sistema solar, biomassa e sistema eólico; a avaliação econômica da hidrocinética com precisão é complexa, pois o levantamento dos custos para a sua implantação exige uma retroalimentação de informações precisas do local de instalação; as características e o comportamento do rio são fundamentais para o estabelecimento das definições e recomendações para a implantação da hidrocinética, pois baixas velocidades implicam em menor energia gerada, turbinas maiores e aumento dos custos envolvidos. A distância do rio à comunidade é importante, em virtude das perdas de transmissão. Grandes distâncias implicam na necessidade de se inserir transformadores elevadores e abaixadores de tensão no projeto, o que implica em custos adicionais de aquisição, montagem, manutenção e mais pontos de possíveis falhas no sistema. O modelo desenvolvido, um guia metodológico, tem o conteúdo e o propósito de preencher uma lacuna identificada nesse segmento e facilitar a gestão da implantação das turbinas hidrocinéticas, melhorar os custos envolvidos aproveitando ao máximo os recursos naturais das comunidades, e contribuir para difundir a cultura da turbina hidrocinética no Brasil.
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é revertido em novas pesquisas. Em 2005, a Eletronorte criou o Prêmio Muiraquitã de Inovação para incentivar os colaboradores para melhorias e inovações de seus produtos e processos, alcançando uma dimensão econômica capaz de trazer algum retorno financeiro para a Empresa. Os empregados que desenvolvem melhorias em processos e produtos são premiados de forma pecuniária não incorporável ao salário. É um valor correspondente a 20% das vantagens auferidas pela comercialização do produto pela Eletronorte, com a exploração da patente ou direito autoral científico durante a vigência do contrato. O Prêmio Muiraquitã é de grande importância para a Empresa em virtude dos seus impactos como qualidade do produto, redução de custos e ganhos de capacidade e flexibilidade operativa, bem como outros aspectos ligados à segurança, padronização e impacto ambiental. Hoje, a Eletronorte, por meio do Prêmio Muiraquitã, vem seguindo exatamente as sete regras propostas pelos professores de Wharton, da seguinte forma: (liderança), os lideres dos processos indicam os caminhos e decidem sobre o que precisa sobre a inovação; (cultura), integra a inovação à mentalidade do negócio; (alinhamento), a estratégia da inovação segue no mesmo compasso que a estratégia da Empresa; (balanceamento entre criatividade versus captação de valor), o gestor calibra as doses de criatividade e as doses de captação de valor; (anticorpos organizacionais), preparam as ações que surgem bloqueando os processos de inovação; (rede de inovação), criação de uma rede composta por um representante de cada unidade regional; (indicadores de desempenho), mede-se a inovação, pois só é possível gerenciar aquilo que é medido.
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6 de Agosto (Areal Souto) Onde é que este homem vai pelas margens distantes Do rio solitário... É o titã do nordeste Que vem oferecer os seus braços possantes Ao Acre verde e rico. Em vão contra ele investe Da natureza hostil a trágica revolta. E este homem não para! ... e este homem não volta! ... E vai subindo mais, e sobe... e sobe até... Onde ele já não sabe a terra de quem é. E correndo a rechã, amansando o cacique, Pondo a broca na mata e a seringueira em pique, Um dia descansou. Era a posse tranquila Da terra que vencera e devia possuí-la.
Galvez Rodrigues de Arias. Depois, no dia 6 de agosto, liderados pelo gaúcho Coronel Plácido de Castro, os heróis da revolução acriana brigaram bravamente para anexar o Acre ao Brasil, sendo resolvido o litígio diplomaticamente pelo Tratado de Petrópolis em novembro de 1903. Em 1962 o território do Acre foi elevado à categoria de estado após manifestações do Movimento dos Autonomistas. Exemplo de coragem seguido também pelo seringalista Chico Mendes. Conhecido mundialmente, esse líder seringueiro defendia a preservação da floresta para manter o modo de vida das comunidades tradicionais e o uso sustentável dos recursos naturais. Com uma área de 152.581,388 km², o Acre corresponde a 1,92% do território nacional. Tem uma população aproximada de 700 mil habitantes, distribuídos em 22 municípios. Está situado num planalto com altitude média de 200 m, localizado no sudoeste da Região Norte. Os limites são formados por fronteiras internacionais com Peru (O) e Bolívia (S) e por divisas estaduais com os estados do Amazonas (N) e Rondônia (L).
Fotos: Agência de Notícias do Acre e Sérgio vale
AMAZÔNIA E NÓS
Bravo povo acriano
Ao contrário dos adjetivos relacionados ao gênero acre nos dicionários, o Estado do Acre possui uma história saborosa para se contar, uma história contada em poesia, versos e melodias. O nome Acre é originado da palavra indígena ‘aquiri’, que significa ‘rio dos jacarés’ na língua nativa dos índios Apurinã, habitantes originais da região banhada pelo rio que empresta o nome ao estado. Os exploradores da região transcreveram o nome do dialeto indígena, dando origem ao nome Acre. Até 1877, os primeiros habitantes da região eram os índios, quando, então, os imigrantes nordestinos corajosamente arregimentados por seringalistas para trabalhar na extração do látex iniciaram a abertura de seringais para iniciar a atividade econômica que, na época, se mostrava extremamente lucrativa, pois a região era a única fornecedora da matéria-prima utilizada nos processo de industrialização no final do século XIX. A coragem desse povo vem de berço. Esse pedacinho do Brasil chegou a ser até uma nação conhecida como Estado Independente do Acre, tendo como presidente o espanhol Luiz
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Mas, quando de uma vez, um audaz invasor Quis lhe tomar o lar; quis arrancar-lhe o amor, Ele, o conquistador dos caboclos bravios, Ele, o dominador dos paludes doentios, Ele, o desbravador da terra abandonada, Põe balas no bornal, corta a volta da estrada, E tomando do rifle a mira contra o rosto Começou a lutar... e fez o 6 de agosto.
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O Acre é o destino certo para quem deseja conhecer a cultura, dizeres e saberes dos povos tradicionais da floresta amazônica, onde vivem de forma harmoniosa 14 etnias indígenas, seringueiros e extrativistas. Nessa multiplicidade sociocultural em convívio direto com o meio ambiente – o Acre possui 88% de sua floresta preservada – é possível apreciar o tempo em que o homem era despojado de suas vaidades, mas que ainda utiliza os rios como o seu principal meio de transporte e a floresta como a sua principal fonte de alimentação. Cachoeiras - Para quem realmente quer aventura na selva, que tal visitar o Parque Nacional Serra do Divisor? Desembarcando no aeroporto da cidade de Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do Estado do Acre, fundada por Gregório Thaumaturgo de Azevedo em 1904 e localizada no extremo oeste, segue-se até à cidade vizinha Mâncio Lima e de lá, por meio do Rio Moa, inicia-se a verdadeira odisseia da selva. É impossível não se surpreender com as paisagens deslumbrantes de uma Amazônia semidesconhecida, quase que intocada pelo ser humano, composta por montanhas, rios, florestas, fauna, ribeirinhos e tribos indígenas nas barrancas do rio. No Parque destacam-se
as cachoeiras Formosa, Pirapora, Pedernal e Ar Condicionado, e o mirante da Jaquirana. Uma visão desse ponto vale todo o esforço da aventura, mas o que vale a pena mesmo é ter o prazer de conhecer o homem da floresta em seu habitat, no seu casebre e ouvir suas histórias. No Acre também nasceu a doutrina conhecida internacionalmente como Santo Daime, que mistura valores espirituais das tradições indígena, negra e cristã, e faz uso de um chá sagrado que há milhares de anos diversos povos indígenas amazônicos utilizam, feito da mistura de um cipó (jagube) com as folhas de um arbusto (chacrona) da floresta. No Peru,a bebida é conhecida como ayahuasca, o ‘vinho das almas’, antes utilizada nos rituais pelos sacerdotes incas. Culinária - A capital Rio Branco, com belos parques urbanos, concentra quase a metade da população do Acre e é uma cidade tradicional e moderna, acolhedora, efervescente, iluminada, limpa, organizada e segura. Quem vai a Rio Branco consegue logo observar a característica principal dos acrianos, a hospitalidade. A capital emociona os visitantes pelo cuidado do povo com sua história, preservando as lutas e conquistas.
Arqueologia - Para quem gosta de pesquisar e apreciar a arqueologia, o Acre também é um bom destino. A 20 km de Rio Branco é possível avistar geoglifos (abaixo). São apro-
ximadamente 150 geoglifos catalogados. Geoglifos são estruturas fascinantes, construídas com a movimentação de terras em formato geométrico (quadrado, retângulo, círculo, hexágono e outros). Essas estruturas chegam a medir cerca de 500m de diâmetro, com valas de até quatro metros de profundidade por dez de largura. É um mistério a ser desvendado. Como foram construídos? Qual a finalidade? Foi construído antes ou depois da floresta? A que civilização pertenceu, aos incas, pré-incas ou extraterrestres? Até o momento ninguém chegou a uma resposta que fosse capaz de convencer a maioria, mas há quem diga que serviam de muralhas para proteção, outros dizem que eram locais para rituais. O certo é que essas formas são únicas no mundo e vistas de cima despertam curiosidades intrigantes. Atualmente, o Estado do Acre respira os ares da esperança do desenvolvimento e já se pode ver parte da realização desse sonho. Uma delas é a construção da rodovia no Peru que irá interligar a BR-364 ao Oceano Pacífico. Essa obra está programada para ser inaugurada em 2010. Com a conclusão da Transoceânica, como está sendo chamada, servirá como alternativa mais barata que o Canal do Panamá para o escoamento de produtos brasileiros aos mercados da Ásia e da costa oeste dos Estados Unidos, pois será facilitada pela proximidade com o porto de Ilo, no Peru. Pela Transoceânica já é possível percorrer o Peru. Quem vem ao Acre pode aproveitar a rodovia e conhecer a famosa cidade do império inca, Machupicchu.
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Rio Branco concentra metade da população do Acre
Rio Branco é a porta de entrada para as aventuras na floresta. A primeira forma de se ambientar é experimentar a culinária típica regional, com influências nordestina, indígena, boliviana, peruana e dos imigrantes sírios e libaneses. A comida típica utiliza o pato e o pirarucu, herdada dos índios; o bobó de camarão, vatapá e a carne de sol com macaxeira, trazidos do Nordeste; o charuto, prato da culinária libanesa, o tacacá de origem indígena e a salteña, salgado típico da Bolívia. Essas iguarias podem ser encontradas no Mercado Novo, no Mercado do Bosque, nos quiosques ao longo do Parque da Maternidade, nas lanchonetes e restaurantes. O artesanato acriano reflete a grande biodiversidade das florestas, manifestada na utilização de matéria-prima natural variada: sementes, fibras, raízes, cocos, madeiras, e cumpre ainda importante papel social junto a comunidades carentes. Desenvolve processos de manejo e beneficiamento dos recursos disponíveis, visando à sustentabilidade da floresta e das comunidades que vivem de seus recursos. É da floresta que vem o material para a produção do artesanato acriano, como cestas indígenas, colares de contas vermelhas, sementes de açaí e jarina, miniaturas de pássaros em látex natural e as distintas botas de borracha.
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Principais atrativos - Mercado Velho: O prédio de 1929 foi restaurado e abriga alguns dos mais antigos comerciantes da cidade. O espaço reúne lojas de souvenires, artesanato, ervas medicinais e artigos religiosos, além de lanchonetes que servem o típico café da manhã acriano: tapioca, mingaus, bolo de macaxeira e baixaria. Receita de baixaria: cuscuz com carne moída, ovo frito mexido e cheiro verde.
Segundo Distrito/Gameleira - Data de 1882, quando ainda arbusto, onde acampou o desbravador Neutel Maia, fundador do Seringal Empreza, origem de Rio Branco. A gameleira é uma frondosa árvore com mais de 2,5 m de diâmetro no tronco, mais de 20 m de altura e, com o sol a pique, sua sombra tem por volta de 30 m de diâmetro. Foi testemunha de duas batalhas da revolução acriana. Com a construção do novo calçadão e a reurbanização do sítio histórico do Segundo Distrito, a gameleira transformou-se em ponto de encontro, de entretenimento e de um bom papo.
Tentamen - A Sociedade Recreativa Tentamen foi criada em 11 de abril de 1924 por um grupo liderado pelo Dr. Mário de Oliveira, com o objetivo de proporcionar lazer aos donos de seringais, autoridades, funcionários públicos e comerciantes. Construído em madeira, em estilo próprio da época, representando um marco na vida cultural acreana.
Praça da Revolução Cel. Plácido de Castro - Até os anos 1920, essa praça não existia. O local era apenas uma área de mata do antigo campo do seringal Empreza. Em 1930 a área de floresta teve que dar lugar a uma área aberta que denominou-se Praça Rodrigues Alves. Em 1950 a Praça Rodrigues Alves foi verdadeiramente urbanizada, recebendo o seu traçado definitivo. Em 1964, com a reforma empreendida, a Praça Rodrigues Alves ganhou uma estátua do coronel gaúcho Plácido de Castro. Graças ao fato, o povo passou espontaneamente a chamá-la de Praça Plácido de Castro. Hoje, depois de uma existência de 80 anos, a velha praça, verdadeiro coração de Rio Branco, foi completamente reconstruída e modernizada, e construído um monumento de 12 m de altura em homenagem aos heróis anônimos da Revolução Acreana.
Memorial dos Autonomistas - O espaço cultural tem arquitetura moderna e foi erguido em homenagem aos heróis que lutaram pela autonomia política do Acre. No prédio funciona uma galeria de arte, o Theatro Hélio Melo e o Café do Theatro. Parque Chico Mendes - Uma casa de madeira localizada na entrada do parque expõe fotos e painéis com um resumo da vida do ambientalista Chico Mendes. Trilhas conduzem a um pequeno zoológico com espécies amazônicas, como a onça-pintada e a réplica de uma casa típica de seringueiro. Tem ciclovia e quiosques.
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Museu da Borracha - Reúne acervo com documentos históricos do Acre, fotografias e peças de arqueologia e paleontologia. Possui mostra permanente de objetos e utensílios de extração do látex.
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Memorial aos combates da Revolução Acreana - Mastro de 60 m de altura e a bandeira gigante do Acre, foram inaugurados em 2003, em homenagem ao centenário da Revolução Acreana, e pode ser avistado de vários pontos da cidade de Rio Branco. Duas vezes por ano há solenidade de troca da bandeira.
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Caminhos de Chico Mendes – Dois municípios próximos de Rio Branco, Senador Guiomard (24 km) e Capixaba (62 km), têm comunidades de seringueiros que mantêm seu modo de vida baseado no manejo sustentável dos recursos da floresta. A 188 km fica Xapuri, local onde nasceu Chico Mendes.
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Palácio Rio Branco - Construído em 1930 com projeto de Alberto O. Massler. Seu desenho arquitetônico foi inspirado na arquitetura grega seguindo o estilo grave e majestoso da ordem jônica, tendo sua fachada ornamentada por quatro imponentes colunas terminadas em capitéis de fino traçado. Foi recentemente revitalizado e parte do prédio ambientado com exposições que apresentam as fases históricas do povo acriano.
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Parque da Maternidade - O maior parque de Rio Branco tem infraestrutura de ciclovias, áreas verdes, anfiteatro, quadras de esportes, bares e restaurantes. Abriga a Casa dos Povos da Floresta, a Biblioteca da Floresta e a Casa do Artesão.
Caminhos da Revolução - Fundada por bolivianos no fim do Século XIX, Porto Acre é a mais importante cidade histórica do estado – foi cenário dos principais combates da revolução feita pelos seringueiros brasileiros para incorporar essas terras ao Brasil. O município de Plácido de Castro também integra os Caminhos da Revolução, com parque ecológico e pratos regionais. Caminhos do Pacífico - A divisa com a Bolívia fica a 200 km de Rio Branco, nos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia. Em Cobija, na província boliviana de Pando, há uma zona franca. Mais 110 km na rodovia BR-317 e chega-se a Assis Brasil, na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru. O Oceano Pacífico está a 1.900 km de distância de Rio Branco pela rota internacional Amazônia – Andes – Pacífico, ou Carretera Interoceânica como é conhecida no Peru. No meio do caminho, a 1.070 km, está a cidade de Cusco, que por sua vez fica a 80 km das místicas ruínas de Machupicchu. Caminho das Aldeias e da Biodiversidade - Segunda maior cidade do Acre, com 74 mil habitantes, Cruzeiro do Sul fica no Vale do Rio Juruá, que nasce no Peru, percorre os estados do Acre e do Amazonas e deságua no Solimões. Os principais atrativos da região são a biodiversidade – a maior do planeta, segundo pesquisas científicas – e a cultura indígena. Colaborou Leandro José Alves, da Regional de Produção do Acre
Pirarucu em pérolas de tucupi Este prato foi premiado em 1º lugar no concurso nacional Brasil Sabor 2009. O prato é feito do lombo de pirarucu recheado com jambu e camarões secos, guarnecidos com farinha de tapioca em tucupi. Ingredientes 2,5 kg de lombo de pirarucu fresco 10 g de sazon verde 1 limão 1 cebola ralada 3 xícaras de jambu cozido 250g de camarão tutoia limpo 250g de farinha de tapioca 2 litros de tucupi Modo de Preparo - Lavar a peça inteira do lombo de pirarucu em água corrente e suco de limão - Escorrer e secar com papel toalha - Colocar na geladeira por uma hora para ficar firme - Processar o camarão lavado e reservar - Cobrir a tábua com filme plástico e colocar o lombo - Fazer um corte no sentido do comprimento de 1,5 cm de profundidade - Abrir com cuidado para não furar, até formar uma manta - Temperar os dois lados com sazon - Espalhar a cebola ralada na parte de cima - Cobrir com as folhas de jambu cozido - Espalhar o camarão processado - Enrolar o peixe como rocambole apertando bem - Untar com azeite de oliva - Enrolar o peixe com o filme que está sobre a tábua, apertar bem - Enrolar novamente com outra folha de filme - Torcer bem as extremidades e prender - Colocar o rocambole numa assadeira com uma xícara de água - Assar em forno médio (180ºC) por 30 minutos - Retirar do forno e da assadeira, deixar esfriar - Fatiar o peixe em 10 porções iguais - Deixar de molho em um recipiente a farinha de tapioca em um litro de tucupi durante 12h - Coar a farinha de tapioca - Ferver um litro de tucupi até reduzir a aproximadamente à metade. - Em seguida acrescentar a farinha de tapioca coada e ferver até as bolinhas da farinha de tapioca adquirirem uma consistência macia. - Fazer um leito de pérolas de tucupi e colocar duas fatias de peixe - Decorar com folhas de jambu embebidas em tucupi e pimentas vermelhas Observações : A parte da emenda do peixe deve ficar para baixo na hora de assar e de servir. Não usar sal, pois tem no camarão. Rende dez porções. Receita cedida gentilmente pela chef Denise de Melo Silva Borges.
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Praça Povos da Floresta - Praça ornamentada por imponentes árvores, coretos adornados com paxiúba e cipó e grandes pórticos. Foi instituída para homenagear o líder seringueiro Chico Mendes, sendo representado por uma estátua do líder conduzindo uma criança, confeccionada em argila e bronze em tamanho natural. Nela, encontra-se, ainda, o Centro de Atendimento ao Turista instalado no antigo Bar Municipal, edificado em 1945.
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“Senhores e senhoras, parabenizamos a todos da equipe pelo excelente trabalho. As matérias estão de qualidade e bem diversificadas”. Ediresa Garcia Ferreira - Assessoria de Gestão da Qualidade- Brasília – DF
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“Senhor Presidente, tenho a honra de cumprimentá-lo e agradecer o envio da edição nº227, ano XXXII,do mês Julho/Agosto, da revista Corrente Contínua. Aproveitando o ensejo para elevarmos nossos protestos de alta estima e consideração” Leandro Domingos Teixeira Pinto - Presidente da Fecomércio-AC – Rio Branco - AC
“Prezado Alexandre, sabemos que é mais fácil recebermos críticas do que elogios pelos nossos trabalhos. Tenho recebido algumas observações sobre a Corrente Contínua, o que causa certo desconforto para o empregado que se vê na matéria com o nome ou foto trocados. Nessa última edição, 228, foram trocadas as fotos entre Jacqueline e Auriléia. Na edição 222, também trocaram o Martins pelo Hamilton”. Arthur Quirino da Silva Neto - Assessoria de Comunicação da Eletronorte no Maranhão – São Luís – MA N.R.: Aos leitores e colegas que tiveram o dissabor de verem suas fotos trocadas, nossas desculpas. Estamos alerta para não cometermos mais este tipo de falha.
“Trabalho na Cemig e sou engenheira eletricista, da área de pré-operação do sistema elétrico de distribuição e transmissão até a tensão de 138 kV. Gostaria de verificar a possibilidade de disponibilizarem a assinatura da revista Corrente Contínua para o nosso setor. Esta revista terá circulação para 58 pessoas, abrangendo também a área de coordenação de proteção. No aguardo de uma solução favorável desde já agradeço a atenção dispensada”. Vanessa Aparecida Dias Coelho – Cemig – Belo Horizonte – MG N.R.: a distribuição desta revista é gratuita, estando disponível também no site da Eletronorte (www.eletronorte.gov.br), em Imprensa. “Prezado Oscar, li sua matéria. Parabéns! Está linda! Sou apaixonada pela coluna Amazônia e Nós. Ela nos proporciona conhecer e prestigiar mais ainda as belezas, os povos, a natureza entre outras riquezas do Norte. Vou tentar fazer por aqui a receita que você sugeriu (Caldeirada da Amazônia). Fiquei com ‘água na boca’ só de ver a foto do prato na revista”. Terezinha Félix de Brito - Assessoria de Comunicação da Eletronorte em Rondônia – Porto Velho – RO
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“Querido Arthur, acabei de receber a revista Corrente Continua e sem dúvida, a matéria ficou ótima. Ainda não tive a oportunidade de agradecer pelo carinho que você sempre tem demonstrado, mas dessa vez não poderia deixar passar. Parabéns e obrigada”. Katiana Silva Santos – Divisão de Transmissão de Imperatriz - Imperatriz- MA
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“Parabéns ao poeta Alexandre Accioly e ao fotógrafo Rony Ramos pela Fotolegenda do bimestre Setembro/ Outubro, que me deixou extasiada. O texto é mais que um poema, porque emociona, toca na alma. Traduz ricos sentimentos de paz, solidariedade, fraternidade, solidão e beleza. Beleza típica dos povos da floresta. Gostei tanto que decorei a ‘poesia’”. Bárbara Santana Fernandes – Gerência de Promoção da Qualidade de Vida – Brasília - DF
Sou pequeno, mas sou um timoneiro sério Olho sempre à frente e dirijo meus pensamentos para além do rio Olho as pedras do caminho, me desvio das grandes, ignoro as pequenas Olho os galhos que seguem na água, se tem folhas, se tem frutos Mas os troncos podem nos afundar Rema forte, ordeno, rema junto, olha o banco de areia! Pego da corrente, agito no ar, bato no chão, chamo o vento! Veja a força dos meus braços, das minhas mãos que não tremem Sou assim, criado nas águas, cheirando brisa matutina Sou pequeno, mas sou sério Tenho certeza que vou chegar Porque sei aonde quero chegar Onde porei meus pés e deixarei a marca da minha passagem A minha marca, o meu sinal, a minha sina. Texto: Alexandre Accioly Foto: Rony Ramos
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“Caro César, muito obrigado pelo envio da revista Corrente Contínua. O secretário de Gestão, Marcelo Viana, solicitou que o link para a edição eletrônica fosse publicada no Portal do GesPública. Receba nosso abraço”. Cesar Pereira Viana - Gerente do Prêmio Nacional da Gestão Pública - Departamento de Programas de Gestão - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – Brasília - DF
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