Nº A CULTURA E O ILUMINISMO EM PORTUGAL FACE À EUROPA (pág. 128 a 144)
INOVAÇÕES CIENTÍFICA E TÉCNICAS NA EUROPA (séc. XVII-XVIII) 1
TÉCNICA (instrumentos de observação científica e aplicações da ciência)
CIÊNCIA
Astronomia Biologia
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Observações astronómicas (Galileu): crateras da Lua, manchas solares, fases de Vénus, 4 satélites de Júpiter Classificação das plantas e dos animais (Lineu) Leis do movimento e demonstração da teoria heliocêntrica de Copérnico (Galileu) Teoria da gravitação universal dos corpos (Newton) – todos os corpos se atraem na razão direta das suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que os separa Leis da pressão atmosférica (Pascal e Torricelli) Lei de Boyle-Mariotte (1676) – a pressão de uma dada massa de gás é inversamente proporcional ao seu volume, caso a temperatura se mantenha constante
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Relógio de pêndulo (Huyghens, 1656)
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Termómetro (Galileu, 1592) – mede a temperatura Barómetro (Torricelli, 1644) – mede a pressão atmosférica Marmita de Papin (Denis Papin, 1679) – demonstra a força do vapor de água Bomba a vapor (Newcomen, 1705) eleva o minério e bombeia água das minas Balões (Montgolfier) Máquina a vapor (James Watt, 1769) - fonte de energia mecânica na indústria têxtil (fiação e tecelagem) e metalúrgica (martelo-pilão), nos séc. XVIII-XIX e nos transportes no séc. XIX (locomotiva e barco a vapor) Transmissão da eletricidade por fio isolado Pilha eléctrica (Volta, 1800) Pára-raios (Franklin)
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Microscópio (Jansen, 1590)
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Física
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Química Geografia, botânica, cartografia
Matemática
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Eletricidade atmosférica (Franklin) eletricidade animal (Galvani) – certos tecidos dos animais são capazes de produzir eletricidade
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Análise do ar e da água (Lavoisier) Exploração dos oceanos Pacífico e Ártico (doc.3 pág. 135) Álgebra e geometria analítica (Descartes) Descoberta da grande circulação do sangue e dos vasos capilares (Harvey) Vacinação contra a varíola (Jenner, 1796)
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Medicina •
Luneta astronómica (Galileu, 1608) Telescópio refletor (Newton, 1668)
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A Revolução científica interessava apenas a uma pequena minoria de europeus. Tratava-se, portanto, de uma cultura de elites, que coexistia com formas diversas de cultura popular (conjunto de práticas e conhecimentos relativos à agricultura, à arquitectura, às festas, às danças, à música, às tradições, à gastronomia e ao vestuário)
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O MÉTODO CIENTÍFICO
• Dúvida metódica - duvidar de tudo quanto não fosse absolutamente racional (Descartes) • Método experimental: observação, hipótese, experiência2 e lei científica3 (Galileu e Bacon) • Método matemático – as leis científicas são enunciadas através de expressões matemáticas algébricas (ex.: Lei de Boyle-Mariotte (1676) – a pressão de uma dada massa de gás é inversamente proporcional ao seu volume, caso a temperatura se mantenha constante, P x V = k, em que P = pressão, V = volume, k = constante)
OS VALORES DO ILUMINISMO
(movimento cultural europeu do séc. XVIII - Século das Luzes) •
progresso científico, técnico, artístico e social4, apoiado na razão5
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Instrução pública
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liberdade6 e igualdade jurídicas7
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tolerância religiosa ou filosófica (crítica às perseguições religiosas)8
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Liberalismo político - separação dos poderes (limitando o poder do rei e substituindo as monarquias absolutas por monarquias parlamentares9): o poder legislativo (elaborar e aprovar leis) - assembleia (ou Parlamento) de deputados eleitos pela população (soberania popular10) o poder executivo (aplicação das leis ou governo) - rei e seus ministros o poder judicial (de julgar quem não cumprisse as leis) - juízes independentes dos outros poderes MEIOS DE DIFUSÃO DAS NOVAS IDEIAS ILUMINISTAS
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O despotismo esclarecido – alguns reis (ex.: D. José em Portugal, Frederico II da Prússia) exerceram o seu poder absoluto “esclarecido” pela razão para o bem do povo (“Tudo para o povo, mas sem o povo”) • O marquês de Pombal (1º ministro do rei D. José) submeteu a alta nobreza acusada de envolvimento num atentado contra o rei D.José (condenando-a à prisão ou à morte) e reforçou o aparelho de Estado, criando o Erário Régio (dirigia as finanças públicas), a
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A experiência é medida rigorosamente com instrumentos próprios: termómetro, barómetro (pressão atmosférica), relógio de pêndulo, balança, etc. 3 “As descobertas científicas só devem ser aceites se forem relatadas por escrito (...)” (Bacon, Novum Organum (1620); 4 Esboço de um quadro histórico dos progressos do espírito humano, Condorcet; A Enciclopédia, Diderot e D´Alembert 5 Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo" (Kant) 6 No aspeto económico a liberdade pressupunha a propriedade privada e a livre iniciativa (crítica ao intervencionismo do Estado próprio do mercantilismo) 7 A ideia da igualdade de direitos esteve na base da extinção da sociedade estratificada do Antigo Regime e dos privilégios do clero e da nobreza 8 Voltaire 9 O espírito das leis, Montesquieu. A burguesia dispunha de riqueza e cultura mas não de poder político 10 [...] Na sociedade, a minoria deve submeter-se à vontade da maioria [...] é do número total de votos que resultará a vontade geral [...] (Rousseau, O contrato social, 1762)
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Junta de Comércio (orientava as atividades económicas), a Real Mesa Censória (vigiava as publicações) e o Colégio dos Nobres (para a formação dos nobres que iriam servir o Estado) • Por iniciativa do marquês de Pombal o Estado português, influenciado pelas ideias iluministas de valorização da instrução, assumiu as despesas do ensino (laicização do ensino) acabando com o monopólio de algumas ordens religiosas. Neste sentido, o Marquês de Pombal fundou escolas e reformou a Universidade de Coimbra, valorizando a observação e a experiência, na Medicina, na Física, na Química, nas Ciências da Natureza, etc. • O marquês de Pombal dirigiu a reconstrução das cidades destruídas pelo terramoto de 1755; no caso de Lisboa o novo conjunto urbanístico foi ordenado de forma racional e geométrica: ruas paralelas e perpendiculares facilitando as comunicações e a orientação e prédios semelhantes com construção anti-sísmica11 • A acção cultural de D. Maria I – esta rainha fundou a Academia das Ciências e a Biblioteca Nacional Academias – sociedades de cientistas, escritores e artistas apoiadas pelos reis que promoviam investigações científicas Enciclopédia – obra de divulgação cultural que expandiu o Iluminismo e os novos conhecimentos científicos e técnicos (Diderot e D´Alembert) Maçonaria – sociedade secreta de propaganda e defesa das ideias iluministas Livros e jornais (incluindo os especializados) Clubes, cafés e salões, lugares de convívio das elites intelectuais Troca de correspondência Os Estrangeirados - intelectuais portugueses que tinham vivido no estrangeiro ou tinham viajado demoradamente pela Europa e pretendiam aplicar em Portugal as ideias iluministas e os novos conhecimentos científicos e técnicos (ex.: Ribeiro Sanches e Luís António Verney12)
RESISTÊNCIAS ÀS INOVAÇÕES CIENTÍFICAS E TÉCNICAS E AO ILUMINISMO • a Inquisição (tribunal da Igreja Católica) reprimia as novas ideias, científicas e iluministas, pela censura que exercia (o Índex era uma lista de livros proibidos)13 • o ensino tradicional (dominado pelos Jesuítas), baseado nos mestres da Antiguidade e avesso às ciências experimentais e ao espírito crítico, raramente aceitava as novas ideias
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A gaiola pombalina é um sistema de construção anti-sísmica utilizado na Baixa Pombalina de Lisboa após o terramoto de 1755. A gaiola pombalina é uma estrutura de madeira (deformável) embebida nas paredes de alvenaria (pedras ligadas por argamassa). 12 “Os filósofos antigos não tinham telescópios nem microscópios[...] existem causas naturais para aquilo a que antes se atribuíam causas ocultas” (Luís António Verney, Verdadeiro Método de Estudar”) 13 “Lamentam os sábios [...] que as luzes da ciência [...] sejam desconhecidas em Portugal, devido à dificuldade com que entram os livros estrangeiros, a facilidade com que se condena e proíbe a leitura [...] e a triste ignorância em que se acham os Portugueses” (Cavaleiro de Oliveira, Reflexões, 1765)
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