REAPROPRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO EM JOINVILLE restauro e requalificação da cidadela cultural antarctica e parque das águas elisa fuck Centro Universitário Católica de Santa Catarina Trabalho de Conclusão de Curso Arquitetura e Urbanismo Orientadora Laura Bahia 2016
SUMÁRIO contexto histórico introdução 1 problematização 2 justificativa
2.1 análise das relações entre programa, sítio e tecido urbano de suporte
3 objetivos geral específico
4 metodologia
definição dos níveis de desenvolvimento pretendidos diagnóstico, proposta de intervenção e anteprojeto delimitação da área de intervenção
5 fundamentação teórica 6 referencial técnico e conceitual 6.1 cervejaria bohemia 6.2 sesc pompeia 6.3 oxford street 6.4 parque lage 6.5 parque madureira 6.6 pavilhão e mirante
7 levantamento da área de intervenção
7.1 potenciais, dinâmicas de transformação e relações funcionais 7.2 características especiais do entorno e vegetações existentes 7.3 contexto social
7.4 morfologia urbana e características especiais das edificações 7.5 uso do solo, atividades existentes, demandas e tendências 7.6 sistema de circulação 7.7 microclima e insolação
8 condicionantes legais 81 legislação municipal 8.2 níveis de preservação 8.3 dados técnicos
9 definições gerais do projeto 9.1 agentes de intervenção 9.2 perfil dos usuários 9.3 fluxos e acessos
02 04 05 05
06 06 06 06 07 07 07 07 08 09 09 10 12 13 14 15 16 16 16 17 18 18 19 20 21 21 21 21 21 21 21 21
10 definições gerais de desenho urbano 10.1 diretrizes da proposta de intervenção 10.2 rota cicloturística 10.3 sinalização urbana 10.4 estratégias de circulação e acesso
11 definição do programa
11.1 descrição das atividades 11.2 organograma e fluxograma geral 11.3 organograma e fluxograma específicos 11.4 programa de necessidades
12 implantação
12.1 setorização atual 12.2 setorização prevista 12.3 acessos e fluxos 12.4 justificativas
13 estado de conservação
13.1 telhado 13.2 esquadrias 13.3 danos internos 13.4 danos externos 13.5 resoluções técnicas 13.6 parque das águas 13.7 avaliação quantitativa e qualitativa
14 partido arquitetônico 14.1 conceito 14.2 escolha dos materiais 13.3 justificativa dos anexos
referências anexo 01 - planta baixa parque das águas anexo 02 - planta primeiro pavimento cidadela antarctica anexo 03 - planta segundo pavimento cidadela antarctica apêndice 01 - questionário apêndice 02 - mapeamento de danos
22 22 22 23 23 24 24 25 26 28 32 32 32 32 33 34 34 34 35 35 36 36 37 38 39 39 39 40
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Fonte: AHJ
CONTEXTO HISTÓRICO Fonte: AHJ
Houve uma mudança na produção das cervejas, passando do processo de baixa fermentação para a alta. Isso acarretou em problemas financeiros, o que levou a cervejaria a transformar-se em Cervejaria Catharinense. Tornou-se a maior do estado, contando com 80 funcionários e passando a produzir diversos tipos de cerveja. O sucesso e a demanda crescente fizeram com que a fábrica tivesse de ser ampliada.
Fonte: AHJ
Fundação da Colônia Dona Francisca (Joinville)
O sobrinho do casal, Seybouth (provável nome segundo a imprensa da época) fica encarregado de cuidar da cervejaria, com as cervejas produzidas sob o nome de ‘Alfred Tiede & Cia.’
1851
rua xv de novemb
ro
1925
1915 instalações existentes proposta de ampliação
1920
1889 1904 O imigrante suíço Alfred Tiede se estabelece como mestre cervejeiro na cidade e funda a Cervejaria Tiede em seu terreno, na antiga Mittelweg.
Alfred vem a falecer, devido a um câncer, e sua esposa, Lilly Brand, assume os negócios da família. Os rótulos da cerveja passam a indicar o nome ‘Va. de A. Tiede’ (Viúva de Alfred Tiede)
Novos sócios surgiram e, com isso, a cervejaria passou a produzir cervejas sob o nome de ‘Seybouth, Tiede & Cia.’ Fonte: AHJ
Mapa da Colônia Dona Francisca com o lote de Alfred Tiede em destaque
Fonte: AHJ
Fonte: AHJ
Fonte: AHJ
Fonte: AHJ
Fonte: AHJ
Fonte: AHJ
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rua xv de novemb
ro
Mais ampliações e transformações na fábrica foram realizadas com o crescimento da produção das cervejas.
1942
Fonte: AHJ
1948
Fonte: AHJ
A cervejaria Catharinense foi incorporada ao Grupo Antarctica, com sede em São Paulo. Devido às dívidas acumuladas, é declarado o fim da produção de cervejas e o patrimônio é passado para a Indústria de Bebidas Antarctica Polar.
1998 instalações existentes proposta de ampliação
rua xv de novembro
instalações existentes proposta de ampliação
Fonte: Arndt, 2014
1973 Deixando de ser filial, a cervejaria passou a fazer parte da Cia. Sulina de Bebidas Antarctica, com sede em Joinville e unidades vinculadas em Porto Alegre, Curitiba, Ponta Grossa e Caxias do Sul também faziam parte do grupo. Aos poucos a cervejaria foi expandindo, algumas máquinas foram substituídas e o conjunto foi ampliado.
2001 A Prefeitura Municipal de Joinville comprou o terreno com interesse de transformar a antiga fábrica em um espaço cultural na cidade.
cervejaria parque das águas
Fonte: Hoffman, 2013
rua xv de novembro
Parte do lote é desmembrado para a criação de um parque capaz de valorizar as fontes de água naturais da região. Essas fontes eram parte do sucesso das cervejas, visto que eram utilizadas na produção das mesmas. O Parque das Águas atualmente faz parte do Programa Linha Verde.
2012
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INTRODUÇÃO
Na atualidade, as antigas áreas urbanas industriais desativadas ou subutilizadas vêm adquirindo significativa representatividade no cenário político de desenvolvimento da cidades. Sua localização, geralmente privilegiada e com grande extensão de área, e seu grande potencial econômico e fundiário para o desenvolvimento de projetos urbanos, vem despertando a atenção de diversos setores que buscam a valorização destes terrenos (RUFINONI, 2013). A partir dessas acepções, destaca-se o conjunto arquitetônico que compõe a Cidadela Cultural Antarctica em Joinville. O edifício abrigou uma das primeiras cervejarias do município, levando-o a adquirir importância histórica de grande valor memorial para a cidade. Em 2001, o imóvel foi comprado pelo poder público e um plano diretor foi desenvolvido para a ocupação do terreno. Um dos projetos para complexo incluiu a liberação de uma parte do lote para criação do Parque das Águas. Atualmente há uma preocupante inobservância municipal em relação à Cidadela Cultural, visto que os planos desenvolvidos para o local estão em desacordo com a ocupação existente. Além disso, a manutenção do patrimônio e do parque sofrem com a omissão do poder público. Em função disso, verifica-se a necessidade de reapropriação destes espaços urbanos negligenciados. A Cidadela Cultural Antarctica e o Parque das Águas representam locais ociosos e subutilizados na cidade, possuindo grande notabilidade em relação à paisagem urbana e configurando negativamente a individualidade da região na qual estão inseridos. Desse modo, é evidente a necessidade de uma proposta de restauro que assegure a efetiva preservação dos ambientes, atribuindo-se novos usos em conformidade com sua proposta cultural, requalificando, assim, o entorno e relações estabelecidas dentro do cenário urbano.
localização BRASIL área urbana
SANTA CATARINA
JOINVILLE
Mapa com localização da área de intervenção
PARQUE DAS ÁGUAS CIDADELA CULTURAL ANTARCTICA
Fonte: Simgeo, adaptado pela autora, 2016
bairro américa
ÁREA URBANA
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1 problematização
2 justificativa
O prognóstico atual da Cidadela Cultural é preocupante, dado que o complexo encontra-se em situação de subutilização, falta de manutenção e abandono em algumas das edificações (figura 01). Apesar dos esforços iniciais e ações tomadas pela prefeitura municipal, a estrutura oferecida continua sendo a de uma fábrica desativada há anos com problemas graves em sua estrutura, demonstrando o descaso com o conjunto e com a segurança de seus usuários. Além disso, verifica-se que a presente condição constatada no Parque das Águas é de igual preocupação, uma vez que a vandalização crescente dos equipamentos aceleraram a deterioração do parque (figura 02), contribuindo para o desuso do local. Ademais, a desconexão entre o Parque das Águas e a Cidadela Antarctica impede a possibilidade de uso integrado das áreas, influenciando diretamente na configuração da paisagem urbana e “personalidade” da região na qual estão inseridos. Em decorrência dos fatos mencionados, percebe-se nitidamente a desconsideração do poder público em relação aos dois espaços e a negligência em sua manutenção. Em meio a este cenário, questiona-se: É possível modificar a dinâmica urbana em virtude do restauro da Cidadela, adequando-se uma proposta de novos usos condizentes com a realidade e requalificação dos ambientes existentes com a integração ao Parque das Águas?
A história da Cidadela Antarctica tem suas origens na fundação da cidade de Joinville. Durante anos, o conjunto arquitetônico situado na rua XV de Novembro funcionou como uma cervejaria (figura 03), passando a ser considerada a maior de Santa Catarina e dominando o mercado em seu auge da produção. Em 1998, a empresa declarou o fim de sua produção. Em vista de seu grande papel na consolidação econômica de Joinville, a antiga cervejaria foi comprada pela Prefeitura Municipal no ano de 2001, comprovando o interesse do poder público em realizar atividades para fins culturais no local. Em 2010, foi declarado o tombamento da Cidadela Cultural Antarctica como patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico, conforme o Decreto no17.016, de 01 de setembro de 2010, ressaltando sua significação cultural na memória da cidade. O Parque das Águas, por sua vez, surgiu a partir da liberação de 118m² do terreno da Cidadela, após sua aquisição pela prefeitura. O espaço foi disponibilizado para a criação de um parque das águas capaz de constituir, segundo Groth (2004), “uma atração paisagística incluída no projeto de urbanização de toda a área”. O plano para o Parque das Águas foi concebido e executado, mas o local enfrenta problemas em relação à sua manutenção e, com isso, sua crescente degradação. No caso da Cidadela Antarctica, um projeto de ocupação e plano diretor foram desenvolvidos, prevendo a revitalização de algumas áreas com usos definidos para alguns pavilhões. No entanto, tais projetos nunca foram efetivados. Atualmente há alguns órgãos públicos e associações de artistas instalados nos galpões da Cidadela, muitos dos quais se encontram em situação precária. Além disso, alguns vestígios da antiga cervejaria são constatados, uma vez que os maquinários e instalações desta época permaneceram preservados no local. Em contraponto a este cenário estabelecido no complexo, vale ressaltar o surgimento de grupos compostos pela comunidade artística que buscam alterar a situação do complexo, reivindicando o cumprimento do Plano Municipal Cultural, previsto na Lei Municipal no7258. Durante o “Ocupa Cidadela”¹, há a apropriação temporária da Cidadela, através de apresentações e diversas exposições dos artistas locais, conforme figura 04 (HERBST, 2014).
Figura coberturaAntárctica de um dosnagalpões Antárctica Figura 01 03 -- Desabamento Vista aérea dada Cervejaria décadada deCidadela 70
A possível retomada de antigas funções, como a produção de bebidas na antiga fábrica, apresenta-se como potencialidades locais a serem consideradas. Neves (2013, p.2) reforça a importância dos centros culturais na modificação da identidade do ambiente no qual estão inseridos, definindo-os como: [...] instituições criadas com o objetivo de se produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, obtendo o status de local privilegiado para práticas informacionais que dão subsídios às ações culturais. São espaços para se fazer cultura viva, por meio de obra de arte, com informação, em um processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico. [...] Existe a precisão de assegurar a relação entre centro de cultura e a realidade local, [...] deve-se, portanto, obter vínculos com a comunidade e os acontecimentos locais.
Assim, entende-se que a proposta de restauro e requalificação da Cidadela Cultural Antarctica e Parque das Águas promove a reapropriação artística e integração dos espaços com a criação do centro cultural. Isto pois a diversidade de usos mediante a criação de espaços alternativos, gastronômicos e integrados ao desenho urbano, modifica a vivência no local e intensificar a sociabilização dos usuários. O desenvolvimento de projetos em antigas áreas industriais que buscam estimular a produção cultural e convivência das pessoas podem ser ilustrados segundo exemplos em nível nacional e internacional. A região de Emscher Park, na Alemanha, representa um projeto de requalificação urbana desenvolvido a partir do restauro do sítio industrial local e parque urbano. Por sua vez, o Projeto Urbano Ostiense - Marconi, em Roma, busca a requalificação de uma grande área, contando com o restauro de patrimônios importantes, como o Matadouro Testaccio, considerado um dos símbolos do bairro no qual está inserido, abrigando, hoje, uma faculdade de arquitetura, escola de música, feiras, livraria, restaurante e lojas. Em nível nacional, o SESC Pompeia, em São Paulo, é um grande exemplo de projeto de rapropriação de área industrial, tornando-se um espaço de lazer e cultura. O estudo de projetos correlatos se torna essencial para a criação de um programa eficiente e capaz de atender as demandas da população a partir das análises dos projetos existentes. Sendo assim, foram considerados casos que apresentem as mesmas características principais encontradas na proposta para a Cidadela Antarctica e o Parque das Águas.
¹ Denominação utilizada para as manifestações artísticas dos grupos. Figura 03: Imagem aérea das instalações da cervejaria durante a década de 70
Figura 04 - Manifestação artística ‘Cidadela em Pauta’
Fonte: Arndt, Schwarz, 2008 2014 Figura 02 - Situação atual do espelho d’água no Parque das Águas
Fonte: Farias, 2016
Fonte: Arndt, 2014
Fonte: Primeira Pauta, 2014
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No período de colonização, a ligação entre a região portuária e a área rural era realizada através do “Mittelweg” (Caminho do Meio), caracterizando, assim, um dos eixos de crescimento e ordenamento territorial de Joinville. Atualmente, o Caminho do Meio é conhecido por XV de Novembro, que corresponde a um dos principais acessos da cidade e também da área de intervenção. Ao longo da via, foram surgindo estabelecimentos comerciais e de serviços, principalmente na área central da cidade, configurando a grande oferta de equipamentos urbanos que podem ser encontrados atualmente no centro. A proximidade da área de estudo com o tecido urbano já consolidado está relacionada com a ocupação inicial do território. As áreas industriais eram localizadas na região periférica da cidade, enquanto a maior parte das residências e comércio estava no centro. Com o crescimento populacional e desenvolvimento urbano, estas áreas industriais passaram a ser incorporadas à região central, refletindo-se então na estrutura de serviços e facilidade de acesso da área de intervenção. No entanto, a Cidadela Antarctica e o Parque das Águas estão inseridos em um bairro de forte caráter residencial, potencializando a importância que o projeto representa nesta configuração espacial. Visto que o complexo arquitetônico encontra-se em um crescente estado de degradação e subutilização, verificou-se a necessidade de readequação e de requalificação de sua ocupação e utilização dos espaços disponíveis. Apesar do alto índice populacional que classifica Joinville como a maior cidade do estado, apresentam-se poucos espaços de divulgação e ambientes de produção artística e cultural na cidade, restringidos, em sua maioria, à Casa da Cultura e Estação da Memória, como está destacado no quadro 01. A carência destes espaços públicos justifica o uso estabelecido para a Cidadela Antarctica e Parque das Águas. Além disso, a revalorização da história da edificação com o retorno da produção de cervejas artesanais, aliado à demais usos, garante a diversidade capaz de estimular o interesse da população no projeto. Deste modo, a proposta de requalificação da Cidadela Cultural Antárctica e Parque das Águas atende parte da demanda em relação a locais públicos de caráter cultural, educacional e de lazer. A localização privilegiada da área de intervenção com oferta de equipamentos urbanos e a presença do Museu de Arte de Joinville nas proximidades, intensifica a potencialidade que o local representa em relação ao programa proposto. Quadro 01 - Museus, espaços de memória e Unidades de Ensino e Artes em Joinville
Museus e espaços de memória em Joinville
Unidades de Ensino e Artes
Museu “Casa Fritz Alt”
Casa da Cultura Fausto Rocha Júnior
Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville
Escola de Artes Fritz Alt
Museu de Arte de Joinville (MAJ)
Escola de Música Villa-Lobos
Museu Nacional de Imigração e Colonização
Escola Municipal de Ballet
Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke
Galeria Municipal de Arte Victor Krusacew
Casa da Memória e Cemitério do Imigrante
Mercado Público Municipal “Germano Kurt Freissler”
Estação da Memória
Escola de Teatro Bolshoi no Brasil
Arquivo Histórico de Joinville
Instituto Joinville Jazz
Museu Nacional do Bombeiro
Cidadela Cultural
Museu do Ferro de Passar Museu da Bicicleta de Joinville Museu de Fundição Tupy Fonte: Joinville Cidade em Dados, 2014.
3 objetivos
Restaurar e requalificar o Complexo Cultural Antárctica e Parque das Águas de modo a contribuir para a reestruturação da paisagem urbana, apropriação dos bens culturais e acesso à arte.
Contribuir para a formação de agentes culturais através do projeto arquitetônico para a Cidadela Cultural Antarctica, incentivando, assim, o pensamento crítico e reflexivo de seus usuários.
Difundir as criações artísticas e estimular a presença de arte e cultura em sua plenitude, promovendo uma readaptação no cenário urbano existente mediante a integração da Cidadela e Parque das Águas.
Garantir a preservação do patrimônio industrial, a fim de resguardar sua significação cultural e evidenciar sua importância no ambiente urbano, seguindo as recomendações previstas nas cartas patrimoniais e teorias de restauro.
Promover a preservação ambiental e valorização dos recursos naturais existentes comprometidos através da proposta de requalificação do Parque das Águas.
Proporcionar o retorno da produção de cervejas artesanais a partir do restauro dos galpões nos quais se encontram as antigas instalações e maquinários, a fim de fornecer diversidade de usos e espaços gastronômicos no complexo arquitetônico.
específicos geral
2.1 análise das relações entre programa, sítio e tecido urbano de suporte
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4 metodologia
delimitação da área de intervenção
definição dos níveis de desenvolvimento pretendidos O presente trabalho conta com todos os elementos necessários para a plena compreensão do projeto desenvolvido nos níveis arquitetônico, paisagístico e urbanístico. Serão utilizados desenhos, imagens, maquetes e demais elementos gráficos em escala compatível para o entendimento da proposta. Os seguintes itens foram ser empregados para apresentação do projeto: explicação teórica escrita e análises gráficas; diagrama de usos e fluxos; planta de situação e localização, demonstrando a inserção no contexto urbano; planta baixa dos pavimentos, implantação e cobertura; cortes e elevações; detalhes construtivos; croquis, perspectivas e maquete física. Para isso, a metodologia aplicada nos levantamentos e estudos aprofundados foi dividido em três etapas: diagnóstico, proposta de intervenção e anteprojeto.
A escolha da área de intervenção apoiou-se na localização privilegiada do Parque das Águas e Cidadela Cultural Antarctica, situados na área central de Joinville. Sendo assim, possuem grande representatividade no entorno, visto que configuram o cenário urbano no qual estão inseridos a partir da utilização dos espaços por seus usuários. A proximidade com o Museu de Arte de Joinville (MAJ) estabelece o cárater cultural existente na região, evidenciado através dos eventos artísticos recorrentes em sua extensão, atraindo a população e moradores locais. Além do caráter regional, a escala de influência do projeto atende uma grande extensão de área dentro do contexto urbano, visto que apresenta forte caráter modificador da paisagem. Desse modo, tem-se uma grande oferta de serviços e comércio próximos, e predominância do uso residencial em seu entorno. Sendo assim, entende-se a necessidade de levar em consideração as diversas condicionantes na região e possíveis consequências, em vista da proposta de intervenção para os espaços. Na escala urbana, a área de influência do projeto (figura 05) compreende as principais vias da cidade, consideradas elementos estruturadores do ordenamento territorial e circulação viária. Sendo assim, a área limita-se pelas ruas Marquês de Olinda, Timbó, Av. Hermann August Lepper, Ministro Calógeras e Visconde de Taunay. Dentro dessa região tem-se os equipamentos urbanos de suporte, representando potenciais locais de integração ao projeto de intervenção, podendo-se citar o Centreventos Cau Hansen, Museu Nacional de Imigração, Museu de Arte de Joinville, Mercado Público e a Casa da Cultura nas imediações.
diagnóstico
Figura 05 - Mapa da área de influência e área de intervenção em destaque
Consiste no levantamento de dados, análises e demais investigações que auxiliem na evolução e fundamentação do projeto, sendo composto por: Ÿ
Ÿ
Ÿ Ÿ
avenina hermann august lepper.
Ÿ
Pesquisa bibliográfica: para isto foram consultados livros referentes ao restauro de patrimônio histórico, industrial e urbano; política de patrimônio; urbanismo e paisagem urbana; cartas nacionais do IPHAN para orientações de restauro; paisagismo; espaços culturais e demais livros e artigos que irão auxiliar o embasamento da proposta. Pesquisa histórica e documental: foi fundamentada na consulta e coleta de documentação e dados nas seguintes instituições: - Arquivo Histórico de Joinville- obtenção de dados referentes à história da Cidadela e informações a respeito da manutenção de suas instalações. - Fundação Cultural de Joinville- obtenção de dados referentes aos projetos arquitetônicos e planos desenvolvidos para a Cidadela e o parecer a respeito do seu tombamento, incluindo relatórios, leis e níveis de preservação. - Águas de Joinville- obtenção de informações acerca do histórico do Parque das Águas. - Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (IPPUJ)- obtenção de dados referentes aos projetos urbanos desenvolvidos para o Parque das Águas. Pesquisa quantitativa e qualitativa: resumiu-se na realização de pesquisas nas áreas de intervenção a fim de classificar os danos identificados no patrimônio, análises qualitativas dos equipamentos e fichamento dos resultados obtidos nos questionários e consultas públicas disponíveis on-line. Pesquisa de campo: fundamentou-se em visita aos locais de estudo com registros fotográficos dos ambientes internos e externos da antiga fábrica, de modo a auxiliar na elaboração do diagnóstico de patologias e estado de conservação do patrimônio. Pesquisa normativa: consistiu no levantamento da legislação vigente aplicável para a área, entorno e níveis de tombamento estabelecidos para o complexo arquitetônico, incluindo-se o estudo aprofundado das cartas patrimoniais e normas de restauro.
centreventos cau hansen
rua timbó
casa da cultura
museu de arte museu da imigração mercado público
projeto de intervenção anteprojeto Compreende o desenvolvimento da solução projetual a partir de estudos preliminares. Estes foram baseados em e studo s de caso, p e squisas e anál ise s desenvolvidas acerca da temática, zoneamentos, levantamento do programa de necessidades, estudos do entorno, volumetria e funcionalidade. Os instrumentos e investigações subsidiaram a execução e lançamento do partido geral.
Mostra a proposta final do projeto, elaborado a partir da definição das soluções formais e funcionais para os problemas e questões levantadas e apresentadas nas etapas anteriores. As intervenções sugeridas foram apontadas através de esquemas gráficos e textuais; inserindo-se aqui imagens, desenhos, esquemas, textos explicativos, bem como através de plantas técnicas, cortes, elevações e demais fontes que auxiliem a compreensão do trabalho; demonstrando as resoluções adotadas. Os detalhamentos foram apresentados com clareza, de modo a assegurar o entendimento do projeto.
rua ministro calógeras
Fonte: Simgeo adaptado pela autora, 2016
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5 fundamentação teórica Com o passar dos séculos, o entendimento a respeito da restauração dos patrimônios sofreu diversas alterações devido a variedade de estudos, publicações, discussões e normas estabelecidas que buscavam sua conceituação e fundamentação. A definição de Kühl (2013, p.13) para a restauração estabelece que hoje ela é entendida como “ato crítico que respeita as obras, transformadas ao longo do tempo, em seus aspectos materiais, documentais, memoriais e simbólicos, e não mais se volta à busca de um hipotético estado original”. Um projeto de requalificação do patrimônio industrial traz duas questões de natureza e escala diferentes, de acordo com Choay (2006), tendo-se a adaptabilidade dos edifícios isolados às normas de utilização e possibilidade de múltiplos usos em contrapartida ao valor afetivo na memória da sociedade. Aponta-se também outra peculiaridade, registrada por Rufinoni (2013, p.193), ao afirmar que “o fato de geralmente ocuparem grandes parcelas de terreno urbano é um dos principais entraves para a sua efetiva preservação”. Por outro lado, os patrimônios industriais configuram um cenário favorável a novos empreendimentos e possíveis projetos urbanos, despertando o interesse do mercado imobiliário privado e também do poder público. Frente a isso, entende-se que a dimensão urbana associada ao patrimônio requer estudos aprofundados e cuidadosos que deverão subsidiar as propostas de intervenção na área, a partir dos levantamentos a respeito da complexa trama de elementos e condições dos sítios industriais (RUFINONI, 2013). Na leitura de Kühl (2008, p. 32) , tem-se “uma análise fundamentada dos princípios teóricos da restauração, entendida como ato de cultura, e à sua aplicação para o patrimônio industrial”. O estudo de sua obra vem ao encontro das afirmações supracitadas, enfatizandose a necessidade de tomar um conjunto de medidas visando o tratamento e preservação de tais conjuntos arquitetônicos, sendo embasadas nos pressupostos das teorias de restauro e cartas patrimoniais. Tomando como válidas tais declarações, buscou-se orientação nos artigos da Carta de Burra (ICOMOS, 1980), que definem e estabelecem normativas para a conservação, preservação, restauração, reconstrução e procedimentos dos monumentos e sítios tombados. Ademais, vale considerar as recomendações, observações e regulamentações contidas na Carta de Veneza (ICOMOS, 1964, p.2), atentando-se especialmente ao seguinte artigo referente à conservação dos monumentos históricos: 5º - a conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil na sociedade; tal destinação é portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar à disposição ou a decoração dos edifícios. [...]
Nesse sentido, ressaltam-se os princípios e objetivos da Carta de Washington (ICOMOS, 1987, p.2), que buscam estabelecer valores a serem preservados nos monumentos históricos em razão da importância atribuída à imagem e caráter histórico destes edifícios. Deve-se atentar especialmente “a forma urbana definida pela malha fundiária e pela rede viária” e “as relações entre edifícios, espaços verdes e espaços livres” previstos na Carta. A partir dessa reflexão, é interessante reiterar a importância das relações estabelecidas entre o sítio industrial patrimonial e seu contexto urbano. Jacobs (2011, p.216) afirma que “as cidades precisam de mesclas de prédios antigos para cultivar misturas de diversidade principal”. Além disso, a autora teoriza a respeito dos bairros, salientando que esses apresentam um misto de usos e atividades que transmitem uma visível “independência” na cidade, mas sem deixar de ser considerada parte integrante da mesma. A participação popular no bairro pode trazer bons benefícios, que irão refletir na própria imagem da cidade. Ainda, de acordo com os propósitos desse trabalho, ressalta-se a importância da proposta de usos estabelecidos. Jacobs (2011, p.177) também afirma, que qualquer uso principal, quando isolado, é capaz de gerar diversidade urbana, mas de forma ineficiente. Por sua vez, “quando um uso principal é efetivamente associado a outro, que traga pessoas para as ruas em horários diferentes, aí o resultado pode ser economicamente estimulante” capaz de se tornar um ambiente abundante e diversificado. A partir dessas observações, pode-se dizer que a proposta de uso para o patrimônio industrial é compatível com tais avaliações. A requalificação dos espaços e sua apropriação cultural deverão respeitar as teorias do restauro e a proposta inserida no conceito de centro cultural. Coelho (2004, p. 89) define-os como “geralmente locais pluriculturais, dedicados a todos os tipos de arte e atividades culturais, e com programação intensa e continuada, comportando a apresentação de artistas locais mas também de outros [...]”. Essa ideia possibilita refletir a respeito do conceito de lazer e suas questões sociais e antropológicas. Coelho (2004, p. 228) define-o como não sendo marcado por um tipo definido de atividade, “pode abranger práticas culturais ou de relacionamento social, comportar atividades esportivas ou trabalho manual” e também pode ser entendido como conduta ativa ou passiva, passível de culto ao corpo e espírito. Segundo Neves (2013, p.5, grifo nosso): Os centros devem realizar ações que integrem três campos comuns ao trabalho cultural: a criação, visando à estimulação, a produção de bens culturais, por meio de oficinas, cursos e laboratórios, a formação artística e a educação estética; a circulação de bens culturais, pois assim evita-se que os eventos transformem a casa de cultura em espaço de puro lazer, atuando na formação do público; e a preservação do campo do trabalho cultural, resguardando o bem cultural e a manutenção da memória daquela coletividade. Esses campos apresentados (criação, circulação e preservação), juntamente com os verbos (informar, discutir e criar) mencionados, auxiliam a compreender a finalidade e funcionamento de um centro cultural.
Nesse sentido, faz-se apropriada a observação de Coelho (2004, p. 90, grifo do autor) ao sustentar que os centros culturais “distinguem-se por um forte estímulo à socialidade e ao espírito comunitário [...]”. Isso significa supor sua caracterização como espaço público, qualificando-se a rua, praça e parque dentro desse entendimento. A propósito disso, Lamas (2011, p.102) caracteriza a rua como “lugar de circulação” e a praça como “lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações da vida urbana e comunitária [...] e, consequentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas”. Em relação aos parques, Lamas (2011, p.194) os categoriza como “espaços verdes” e “elementos de composição da cidade”. Estendendo o conceito, Jacobs (2011, p.97) assume que os parques “podem constituir elementos maravilhosos dos bairros e também um trunfo econômico para a vizinhança, mas infelizmente poucos são assim”. Trazendo a discussão para o contexto do projeto, vale dizer que tal afirmação se constata no Parque das Águas. Os estudos levantados por Jacobs (2011) afirmam que possuir uma variedade de usos nos edifícios próximos a um parque alimentam uma variedade de usuários nele. Isto porque as pessoas passam a utilizá-lo em horários diferentes devido aos seus compromissos diferentes, criando, assim, uma sucessão complexa de usos e usuários. Para Jacobs (2011, p.103), “os parques impopulares preocupam não só pelo desperdício e pelas oportunidades perdidas que implicam, mas também pelos efeitos negativos constantes [...] e seus riscos espalham-se pela vizinhança”. Sua observação se vale do fato de que os parques de pouco uso, assim como seus equipamentos, passam a ser alvo de vandalismo devido ao desuso. Vale ressaltar que Jacobs (2011, p. 108) assegura que “um parque de bairro genérico, que esteja preso a qualquer tipo de inércia funcional de seu entorno, fica inexoravelmente vazio por boa parte do dia. e aí se estabelece um círculo vicioso.” Dessa revisão teórica, conclui-se que propor e executar um projeto arquitetônico de restauração de um patrimônio industrial e parque anexo exige muito embasamento e pesquisa. A partir disso, entende-se a necessidade de respeito às normas de restauro, levantamento de dados quantitativos, realização de estudos aprofundados em relação aos impactos urbanos e modificações da paisagem. Somente desse modo será possível desenvolver um projeto condizente com a realidade no qual está inserido, contribuindo positivamente no crescimento da cidade e bem-estar de seus usuários.
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6 referencial técnico e conceitual HISTÓRICO Em 1853 foi fundada a primeira cervejaria do Brasil pelo colono alemão Henrique Kremer. O artesão comprou um galpão, em Petrópolis, e abriu sua própria cervejaria, muito apreciada pela família real na época. Muitos anos depois, a cervejaria foi comprada pela Companhia Antarctica Paulista em vista do sucesso de sua produção. Vale ressaltar aqui que essa corresponde à mesma companhia cuja Cervejaria Catharinense, em Joinville, foi integrada no ano de 1948. Sua reinauguração aconteceu em 2012 com o projeto do memorial da cerveja (figura 06), uma iniciativa da Ambev em parceria com o estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal de Petrópolis. A antiga cervejaria foi reformulada e hoje constitui um dos maiores e mais completos centros de experiência cervejeira no mundo.
Fonte: Leão, s/d Figura 07 - Cenário do espaço ‘Mestre Cervejeiro’
INSERÇÃO URBANA
A cidade de Petrópolis está intimamente ligada à história da família real brasileira, conservando muitas construções da época em que Dom Pedro II passava suas temporadas na região. Atualmente, os edifícios antigos construídos durante o Segundo Reinado podem ser encontrados no Centro Histórico da cidade. Os projetos de restauro desenvolvidos os transformaram em pontos turísticos e, com isso, polos atratores de turistas. A Cervejaria Bohemia possui uma localização privilegiada devido à proximidade com o Palácio de Cristal, Museu Casa de Santos Dumont e Museu Imperial, dentre outros. Isso demonstra a relevância que o edifício possui no contexto urbano, visto que sua requalificação implicou em um novo fluxo de turistas de grande relevância para a localidade. Ao se considerar o contexto urbano do projeto em Joinville, são perceptíveis as divergências em relação ao projeto da Bohemia no que diz respeito ao número de edificações históricas no entorno. Entretanto, ambos representam o valor que uma obra de restauro representa na mudança e configuração da paisagem na qual está inserida. A valorização da história do edifício se apresenta como elemento chave para incentivar novos usos e ocupações do público com o local.
Fonte: Leão, s/d Figura 08 - Equipamentos originais em cobre para fermentação da cerveja
SOLUÇÕES FORMAIS
O projeto compreende um trabalho de restauro nas instalações da antiga fábrica Bohemia, portanto, as soluções formais são mais restritas. O tratamento dado ao interior da cervejaria com a adaptação do programa aliado à tecnologia é uma solução inovadora para o projeto. Além disso, verifica-se que a contextualização histórica a partir da readequação dos ambientes de produção da cerveja e demais etapas da visitação, apresentam-se como potencialidades a serem consideradas no projeto de requalificação da Cidadela Antarctica. O restaurante, localizado na cobertura do edifício, corresponde à uma estrutura metálica com grandes fachadas de vidro, um espaço aberto reservado aos interessados em compartilhar momentos de descontração e degustação na antiga cervejaria. A solução arquitetônica desenvolvida não entra em conflito com a estética do prédio, pois os materiais das fachadas da fábrica e do restaurante se complementam. Ao se tratar disso na escala do projeto para a Cidadela Antarctica, foram considerados os níveis de tombamento estipulados para as edificações e as restrições na adaptabilidade das questões plásticas dos prédios.
Fonte: Leão, s/d
6.1 cervejaria bohemia CERVEJARIA BOHEMIA
Cervejaria Bohemia 2012 Ambev Petrópolis
ficha técnica
Figura 06 - Cervejaria Bohemia
PROGRAMA
O centro cervejeiro possui 7 mil metros quadrados e um programa contendo 20 ambientes que disponibilizam experiências diferenciadas e interativas para seus visitantes. O programa de usos é simplificado e conta com um restaurante, área de visitação, bar e museu, no entanto a experiência vivenciada pelo usuário ao longo do percurso possui uma relação funcional complexa e intimamente ligada à tecnologia, . O museu da cerveja apresenta a história da produção da bebida com auxílio do uso de painéis e alta tecnologia para estimular a interação e criar novas experiências de aprendizagem. Remontando cenários antigos como forma de contextualização histórica da experiência de produção de cervejas (figura 07), os ambiente disponibilizam momentos de lazer e descontração para os visitantes. A visitação do processo de fermentação se compõe por etapas demonstrativas do processo de produção da cerveja artesanal, a partir do auxílio da ciência tecnológica aplicada nos equipamentos originais utilizados no princípio da fábrica (figura 08), e termina com a prova final da Bohemia “direto da fonte”, ponto alto do percurso. Além disso, tem-se a opção de degustação dos demais tipos de cervejas fabricadas e venda de souvenirs no bar e loja da cervejaria. Outro diferencial do programa, além da interatividade na visita, é a nova utilização da cobertura como restaurante. Tendo-se em vista que o projeto de requalificação da Cidadela Antarctica buscou o retorno da produção das cervejas artesanais na antiga fábrica, é compreensível a importância que este correlato representa para a proposta. O sucesso do centro de experiência cervejeira da Bohemia está associado à qualidade do seu programa de usos, capaz de agradar a variedade de gostos e interesses de seu público-alvo. A valorização da história da cerveja produzida no local e a oportunidade de conhecer seu processo de fabricação são potencialidades que foram exploradas no projeto de readequação da Cidadela.
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6 referencial técnico e conceitual
SESC POMPEIA
ficha técnica
6.2 sesc pompeia Centro de Lazer SESC- Fábrica Pompeia Lina Bo Bardi 1986 São Paulo
1- Conjunto esportivo com piscinas, quadras e ginásio (5 pavimentos duplos) 2- Lanchonete, vestiários, salas de ginástica, luta e dança (11 pavimentos) 3- Torre da caixa d’água 4- Grande Deck / Solarium com espelho d’água e cachoeira 5- Almoxarifado e oficinas de manutenção 6- Ateliês de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria, gravura e tipografia 7- Laboratório fotográfico, estúdio musical, sala de danças e vestiário (3 pavimentos) 8- Teatro com 760 lugares 9- Vestíbulo coberto do teatro para espetáculos 10- Restaurante self-service para 2 mil pessoas e choperia à noite 11- Cozinha industrial 12- Vestiário e refeitório dos funcionários (2 pavimentos) 13- Grande espaço de estar, jogos e salão, espetáculos e mostras expositivas, com a grande lareira e o espelho d’água 14- Biblioteca de lazer, lajes abertas de leitura e videoteca 15- Galpão de exposições 16- Administração geral do centro (2 pavimentos)
HISTÓRICO
O projeto para o Centro de Lazer SESC Pompeia foi desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi durante a década de 70. A readequação dos galpões da antiga fábrica de tambores dos irmãos Mauser (figura 09) foi solicitada pelos diretores do SESC na época e concluída em 1986. Hoje em dia, o SESC Pompeia é considerado “um dos mais importantes equipamentos de São Paulo” e um grande clássico da arquitetura brasileira (FERRAZ, Marcelo; VAINER, André). Durante nove anos, Lina teve seu escritório instalado na própria obra, onde pôde desenvolver experimentações in loco, acompanhar os trabalhos e discutir ideias com os profissionais envolvidos neste projeto. Com isso, pôde formular e reformular o programa de ocupação do local e as soluções arquitetônicas empregadas para executá-lo.
PROGRAMA Ao constatar que o SESC já promovia atividades culturais e esportivas na antiga fábrica, a arquiteta captou a essência do projeto e buscou manter e amplificar o que havia encontrado ali. Desse modo, o novo centro deveria instigar a convivência entre as pessoas como modo de produção cultural, incentivar o esporte recreativo e buscar variedade de usos (FERRAZ, 2008). Nos projetos dos galpões e edificações industriais (figura 10), apresentam-se locais de refeição, práticas esportivas, áreas de descanso, leitura e demais ambientes. Já a coerência na disposição dos fluxos internos e ligações entre os blocos (figura 11), conferem ao conjunto o caráter de uma cidadela, devido aos acessos e circulações exclusivas dos pedestres. A partir de uma análise aprofundada da planta, observa-se que a setorização dos ambientes permite uma relação simbiótica e, ao mesmo tempo, colaborativa entre os usos estabelecidos. As relações de dependência interna nos setores, seja por meio das áreas de apoio e manutenção dos equipamentos ou demais serviços, não entram em conflito com as áreas comuns. Verifica-se um acesso principal exclusivo para os usuários e outros secundários independentes para os serviços gerais. O vasto programa de usos e a relevância social deste projeto, justifica a escolha do SESC Pompeia como referência de centro de lazer e cultura. Grande parte dos elementos foram aplicados no projeto de requalificação da Cidadela Antarctica, visto que as necessidades, público-alvo e inserção urbana são correlatas. A análise da setorização (figura 12) deste projeto auxiliou no embasamento e localização dos ambientes projetados, além disso os fluxos isolados e integrados inseridos no complexo fabril da Pompeia embasam possíveis relações de circulação na Cidadela.
LEGENDA: administrativo esportivo cultural serviços gastronômico
Figura 12 - Planta baixa do SESC Pompeia Fonte: Martins, Souza, adaptado pela autora; 2010 Figura 13 - Inserção urbana do SESC Pompeia
mercado área residencial SESC Pompeia
posto de gasolina
shopping center
prédios residenciais
prédios residenciais
Fonte: Google Maps adaptado pela autora, 2016
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6 referencial técnico e conceitual Figura 09 - Antiga fábrica de tambores
Figura 15 - Tapeçarias expostas na comedoria Figura 14 - Blocos esportivos e torre d’água representadas em croqui
Fonte: Schier, s/d Figura 10 - Galpão da antiga fábrica adaptado para espaços de descanso e leitura
Fonte: Bajzec, 2010
Figura 11 - Circulações internas representadas em croqui
Fonte: Ferraz, 2013
Fonte: Autora, 2016
INSERÇÃO URBANA SOLUÇÕES FORMAIS
Em toda sua trajetória profissional, a arquiteta procurou desenvolver e construir projetos que permitissem a integração entre os homens e a cidade em que vivem, criando espaços para o convívio social e cidadania. A reabilitação da antiga fábrica trouxe novas dinâmicas para a cidade, estimulando novos usos no local e transformação das relações humanas. O lote da Fábrica Pompeia ocupa quase a totalidade da quadra em que está inserido e seu entorno é demarcado por usos variados (figura 13), com edificações residenciais variando entre 2 e 18 pavimentos, shopping center, mercado, posto de gasolina e demais serviços e estabelecimentos comerciais. Em vista da forte consolidação do uso residencial na região, é verificável a importância que o projeto representa no entorno, tornando-se marco referencial para os moradores e também para a paisagem urbana. Em relação às vias, o SESC Pompeia está localizado em uma área com fluxos intensos, tendo proximidade com avenidas principais de São Paulo. A malha urbana apresenta diversidade de vias locais, facilitando o acesso ao terreno.
Levando em consideração que o projeto do SESC na Fábrica Pompeia é resultado de uma remodelação industrial, as soluções formais adotadas neste projeto foram avaliadas de acordo com a possibilidade de adaptação para o contexto da Cidadela Antarctica. Ao se considerar o espaço físico disponível na Cidadela, percebe-se que ele é mais restritivo em relação ao encontrado no SESC Pompeia, portanto, algumas instalações como o Bloco Esportivo, não poderiam ser aplicadas. A solução adotada para a chaminé da antiga fábrica da Pompeia (figura 14), transformando-a em uma torre de caixa d'água é uma excelente alternativa, no entanto, no caso da Cidadela não existe essa possibilidade pois a chaminé é uma edificação de preservação integral, ou seja, suas características devem ser mantidas. As técnicas utilizadas na restauração do SESC Pompeia, como o descascamento das paredes internas dos galpões, reutilização da água da chuva, libertação das paredes internas nos espaços comuns e aplicação do conceito de “espaço dentro de um espaço”, apresentaram-se como referências consideradas e aplicadas em alguns pontos do projeto do centro cultural. Outro aspecto a se considerar no projeto de Lina Bo Bardi é a valorização da cultura nacional nos ambientes. Aplicações de azulejos artesanais cariocas, tapeçarias feitas por tecedeiras do Triângulo Mineiro (figura 15) e mobiliários inspirados em brinquedos populares da Bahia, por exemplo, são elementos que assumem uma importância cultural significativa. Este reconhecimento dos artistas regionais é algo que foi contemplado no projeto, visto que é um importante incentivo à cultura e enaltece a produção artística brasileira. Fonte: Bajzec, 2010
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6 referencial técnico e conceitual 6.2 oxford street
ficha técnica
OXFORD CIRCUS
Oxford Circus 2009 Grupo Atkins Londres
HISTÓRICO
Hoje em dia considerada uma das ruas comerciais mais movimentadas da Europa, a Oxford Street tem sua história marcada pelas trocas de mercadorias, intensa circulação e acontecimentos importantes. Este ponto de referência na cidade teve sua primeira loja de departamento instalada em 1909 e possui diversos outros prédios históricos (figura 16). Com o intenso fluxo de pedestres e veículos, surgiram problemas em relação à segurança e circulação com os meios de transporte em seu cruzamento, conhecido como Oxford Circus. Portanto, um projeto de remodelação urbana foi desenvolvido pelo grupo Atkins em parceria com o governo britânico para tentar solucionar esse problema.
PROGRAMA Considerando-se que este é um projeto de desenho urbano, as propostas de usos e programas são poucas. A importância está na inserção do mesmo na cidade, e das mudanças de comportamento obtidas com este projeto.
Figura 16 - Loja John Lewis na Oxford Street, antes da Segunda Guerra Mundial, em 1885
SOLUÇÕES FORMAIS A criação das faixas delimitadas para os pedestres no mesmo nível da rua e retirada das barreiras físicas existentes anteriormente no cruzamento, são soluções simples que foram adotadas. No contexto de Joinville, pensar em uma proposta que não mude drasticamente o ambiente físico, como é o caso de Oxford Circus, foi o ideal para o espaço.
Figura 17 - Análise do antigo cruzamento
INSERÇÃO URBANA Inserido em uma confluência de quatro vias estruturadoras na cidade (Oxford Street, Regent Street, Bond Street e Portland Place), o cruzamento conhecido como Oxford Circus recebe um fluxo diário de 32 mil pessoas e 1.200 veículos a cada hora nos horários de pico, além de 200 milhões de visitantes por ano. Antes da mudança, havia muitos problemas relacionados à circulação e segurança dos pedestres, visto que não existiam espaços delimitados para as pessoas circularem, como pode ser observado na figura 17. Inspirado no modelo de cruzamento encontrado no distrito de Shibuya, em Tóquio, a adaptação deste modelo no cenário londrino (figura 18) concedeu 70% de mais liberdade às pessoas que circulam ali. O tempo gasto na tentativa de cruzar as ruas antes, foi reduzido drasticamente. Isto porque os semáforos das 4 vias param simultaneamente, permitindo a livre circulação dos pedestres e ciclistas. (WELCH, 2014) Além disso, a adaptação do cruzamento garantiu maior acesso aos meios de transporte coletivo, como as estações de metrô nas proximidades. Outro fator importante que foi considerado é o retorno financeiro obtido com o projeto. O Oxford Circus está localizada em uma região de forte relevância econômica para o país, visto que corresponde ao local com maior fluxo de caixa da cidade. Os 5 bilhões de euros investidos renderam um acréscimo de 7% no comércio da área, ou seja, o retorno financeiro desta obra exemplifica perfeitamente a importância que um desenho urbano acessível e adequado representa nas relações funcionais da cidade (WELCH, 2014). Ao analisar os veículos que passam pelas vias, percebe-se a presença de carros e ônibus de transporte coletivo, além de caminhões e também ciclistas. Trazendo a discussão para o cenário urbano do projeto de requalificação da Cidadela e Parque das Águas, verifica-se essa configuração de fluxo na rua XV de Novembro, no entanto, o sentido das vias e seu ponto de encontro é diferente. O que foi levado em conta é o fato de que a proposta para o Oxford Circus conseguiu valorizar o pedestre sem prejudicar o trânsito movimentado e intenso das ruas ou necessitar de reformas monumentais e complexas.
Figura 18 - Análise do novo cruzamento, em 2009
Fonte: Welch, adaptado pela autora; 2014 Fonte: Welch, adaptado pela autora; 2014
Fonte: John Lewis Partnership Archive Collection, s/d carro
pedestre
sem uso
edifícios
carro
pedestre
sem uso
edifícios
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6 referencial técnico e conceitual PROGRAMA
O antigo engenho remodelado no estilo eclético, abriga atualmente a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), um espaço de intensa produção cultural, indutor de discussões sociais e formador de agentes críticos e artísticos. O programa de usos do parque é bem abrangente, incluindo a possibilidade de passeios aproveitando o clima bucólico das áreas verdes através das trilhas urbanas, exploração de grutas, aquários, parque infantil, chafariz e grandes áreas de descanso. O grande diferencial do Parque, além da EAV, é a trilha de acesso ao Cristo Redentor (figura 20), atraindo diversos turistas para a localidade. A efervescência cultural da EAV acontece devido aos diversos cursos, palestras, seminários, exposições e demais complementações do ensino das artes que tornam a escola um dos espaços mais prestigiados no Rio de Janeiro. Ao analisar a planta do Parque (figura 21), é perceptível o papel de destaque que o edifício tombado possui no sítio, no entanto, a rede de trilhas que levam a lugares alternativos, como as grutas por exemplo, são propostas adequadas e bem-sucedidas de ocupação e exploração do potencial do entorno. Trazendo a discussão para o âmbito do projeto do Parque das Águas e a área de intervenção, foi possível aplicar os conceitos dessas trilhas nos morros existentes no terreno. As áreas verdes de preservação ambiental representam locais com possibilidades de educação ambiental e atividades físicas, ampliando as opções de lazer do projeto e na cidade. Figura 22 - Vista aérea do entorno
Figura 19 - Jardins do Parque Lage
PARQUE LAGE
Parque Lage 1920 Mario Vodrel Rio de Janeiro
ficha técnica
HISTÓRICO
A história do Parque Lage remonta à época do Brasil Colonial, quando ainda era um engenho de açúcar e suas terras, pertencentes ao governador do Rio de Janeiro no século XVI. Inicialmente o jardim foi projetado por um paisagista inglês, porém o arquiteto italiano Mario Vodrel foi contratado anos mais tarde pelo novo proprietário do terreno para a remodelação do mesmo. O estilo eclético do arquiteto agradou a esposa de Henrique Lage, que então solicitou um novo projeto para o local. Organizados de forma geométrica (figura 19), os jardins fazem parte do Parque Nacional da Tijuca, contemplando 52 hectares de floresta da Mata Atlântica nas encostas do Maciço do Corcovado e ao lado do Jardim Botânico. O valor arquitetônico agregado à propriedade, visto que ainda podem ser encontradas ruínas do antigo engenho, justificam seu tombamento pelo IPHAN em 1957, como patrimônio paisagístico, ambiental e cultural (MACEDO, SAKATA, 2010).
6.4 parque lage
Figura 21 - Planta baixa do Parque Lage
PARQUE LAGE
Fonte: Macedo, Sakata;2010 Fonte: E-trilhas, s/d Figura 20 - Vista da trilha do Morro do Corcovado
Fonte: Google Photo Sphere adaptado pela autora, 2014
INSERÇÃO URBANA
No que diz respeito ao contexto urbano, o Parque está inserido em uma extensa área verde, delimitada pelo Morro do Corcovado, como pode ser observado na figura 22, e pela Rua Jardim Botânico. Sua situação é muito similar à encontrada na Cidadela Antartica e Parque das Águas, considerando as dimensões de cada sítio e área de abrangência da topografia e vegetação. A maneira como os usos no patrimônio tombado e as opções de usos encontradas no terreno se comunicam, são coerentes e harmônicas, trazendo experiências positivas para os usuários.
SOLUÇÕES FORMAIS Fonte: E-trilhas, s/d
Visto que o Parque Lage é um patrimônio tombado, encontram-se restrições quanto às soluções arquitetônicas adotadas e modificações dos ambientes. Portanto, os recursos utilizados neste projeto foram aplicados somente no entorno.
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6 referencial técnico e conceitual
PARQUE MADUREIRA
ficha técnica
6.5 parque madureira Parque Madureira 2012 Ruy Rezende Arquitetos Rio de Janeiro
HISTÓRICO O projeto para o Parque Madureira teve seu primeiro trecho inaugurado em 2012, reunindo diversas opções de lazer, esporte e cultura para a comunidade. Atualmente, o parque representa um importante espaço, com inúmeras atrações e novas expansões a cada ano. Figura 23 - Planta do Parque Madureira e imagens dos espaços do parque
Fonte: Archdaily Brasil, 2016
PROGRAMA A elaboração do programa do parque foi baseada em um projeto de educação
INSERÇÃO URBANA Localizado na área mais urbanizada da cidade, com 97% de sua ocupação sendo constituída por
sócio-ambiental desenvolvido pela Prefeitura, com a participação fundamental da sociedade. Essa parceria resultou na criação de um equipamento público de requalificação da área urbana degradada através de sua recuperação ambiental e gestão de recursos. O programa de usos é muito vasto, contribuindo para a atratividade do parque e atraindo milhares de visitas, especialmente durante os finais de semana. Ao longo do percurso do Parque Madureira podem ser encontradas diversos pontos de entretenimento para a população, conforme figura 23. Destaca-se a presença das ciclovias e estações de aluguel de bicicletas; o Skate Park, considerado um dos mais completos da América Latina; as áreas para atividades esportivas com quadras poliesportivas, academia ao ar livre e academia da terceira idade; a Praça do Samba, um grande palco a céu aberto para apresentações das escolas de samba da comunidade; e o Centro de Educação Ambiental. Essa grande variedade de usos encontrada no parque, principalmente nas atividades relacionadas ao uso da água, como as fontes e espaços infantis interativos, tornam-se referências estratégicas para a aplicação de usos semelhantes no Parque das Águas.
indústrias, áreas residenciais, inúmeros serviços, comércios e avenidas, a Zona Norte do Rio de Janeiro atualmente abriga o terceiro maior parque da cidade. O Parque Madureira segue seu curso por mais de 6 bairros na região, assumindo um papel de importância significativa na vida dos habitantes. A relevância deste espaço dentro de seu contexto urbano se reflete na rapidez da apropriação do parque pela população, melhora na qualidade de vida e nas mudanças físicas obtidas com o projeto, como a diminuição da temperatura em até 5 graus Celsius na área de entorno. Apesar da grande diferença nas dimensões entre o Parque Madureira e o Parque das Águas, ambos representam o valor e influência que os projetos de requalificação dos espaços públicos possuem para os moradores locais e sua relação com a cidade.
SOLUÇÕES FORMAIS
Considerando-se a dimensão do Parque Madureira, entende-se que diversas soluções foram adotadas no projeto. A linguagem visual destes espaços possui unidade com relação ao uso dos materiais e linhas projetuais. No projeto para o Parque das Águas, houve uma atenção à essa harmonia, uma vez que se busca a integração do Parque com a Cidadela Antartica como forma de estímulo ao uso dos dois espaços.
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6 referencial técnico e conceitual
Fonte: Archdaily Brasil, 2014 Figura 26 - Vista lateral do pavilhão e mirante
Fonte: Archdaily Brasil, 2014 Figura 27 - Vista interna do pavilhão
HISTÓRICO O edifício permanente foi projetado como parte
PROGRAMA A valorização do entorno e a relação harmônica do homem com
integrante do Parque Memorial "The Garden of Destiny", na Letônia. Este lugar de memória está sendo construído como um presente ao país em comemoração ao seu primeiro centenário, em 2018. O projeto do pavilhão começou como um concurso de arquitetura, e, com a ajuda de doações, tornou-se o primeiro edifício do parque a ser concluído.
a natureza tornaram o edifício bastante compacto, como forma de se mesclar naturalmente na paisagem. Além disso, o edifício apresenta uma configuração que permite diversas possibilidades de usos, sempre em coerência com o ambiente no qual está inserido. Essa universalidade foi buscada no projeto do mirante da área de intervenção proposta, respeitando-se as normas de acessibilidade a fim de ampliar o acesso para a apreciação da paisagem local.
INSERÇÃO URBANA
SOLUÇÕES FORMAIS
A natureza foi uma prioridade neste projeto, uma vez que a relação da população do país com o ambiente natural é algo extremamente importante. Assim, sua implantação e volumetria foram se baseando na harmonia c o m o a m b i e nte ex te rn o , l eva n d o e m c o nt a a s particularidades do local onde foi instalado. Os principais fluxos das pessoas no local foram analisados de modo que o edifício não obstrua as vistas panorâmicas do rio. Além disso, houve a preocupação com a preservação das árvores do terreno, permanecendo, assim, a relação de respeito, como pode ser observado na figura 24. A exploração do ambiente natural para o desenvolvimento do projeto foi replicada no contexto das trilhas urbanas e mirante no terreno da Cidadela Antarctica e Parque das Águas. A minimização da intervenção humana na paisagem se torna elemento fundamental para sua integração ao ambiente.
O partido arquitetônico do projeto se dá pela ideia da construção de um volume surgido a partir do fluxo das pessoas no local, portanto, deveria seguir o movimento delas. A partir disso, desenvolveuse uma via principal com bancos que transformam-se gradualmente num edifício, acompanhando a margem do rio (figura 25). As diferenças de nível do terreno foram utilizadas no desenho do projeto a fim de diversificar seus níveis de abertura para a paisagem (figura 26). Esta solução permite a utilização do edifício em todos os tipos de condições climáticas, protegendo, assim, seus usuários. O pavilhão está semi enterrado de modo a não obstruir a vista de quem se aproxima do edifício na parte alta, criando um ambiente mais confortável de contemplação. Acima, apresenta-se o mirante, livre de quaisquer barreiras físicas para apreciação da paisagem. A utilização da madeira de ciprestres no edifício e os acabamentos em tábuas da mesma madeira, apresentam-se como materiais que se mesclam na paisagem, como pode ser observado na figura27.
Figura 24 - Desenvolvimento da implantação do projeto
Fonte: Archdaily Brasil, 2014
Fonte: Archdaily Brasil, 2014
6.6 pavilhão e mirante PAVILHÃO E MIRANTE
Terraço Mirante e Pavilhão 2013 Didzis Jaunzems + Laura Laudere + Jaunromans and Abele Letônia
ficha técnica
Figura 25 - Vista do acesso ao pavilhão e mirante
A simplicidade da forma aliada aos materiais naturais, criam uma identidade visual impactante para seus usuários, ao mesmo tempo que se mistura na paisagem. A preocupação com a não-interferência nas visuais e diferenciação dos trajetos, bem como a volumetria que surge a partir do desdobramento das condicionantes físicas do terreno, são entendidas como referenciais aplicáveis na realidade do projeto do mirante da área de intervenção.
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7 levantamento da área de intervenção 7.2 características especiais do entorno e vegetação existente
7.1 potenciais, dinâmicas de transformação e relações funcionais O contexto das relações estabelecidas no bairro e na cidade são fundamentais para o sucesso de qualquer projeto, portanto, analisá-las profundamente se torna necessário para propor boas soluções projetuais. O terreno estudado está localizado no limite do bairro América, caraterizado pela predominância do uso residencial em seu território e forte consolidação econômica, principalmente na região próxima ao Centro. Apresentando uma zona de uso urbano de média densidade, com um crescente número de lojas, estabelecimentos de saúde, equipamentos culturais e demais serviços, o caráter residencial do América lhe confere multiplicidade de frequentadores e movimento nas ruas. Como possui um grande número de residências antigas e crescimento limitado devido à topografia, a tendência é a estabilidade de expansão nestas áreas. A rua XV de Novembro se configura como grande catalisador de crescimento da região, apresentando-se como principal via de acesso à cidade e área de intervenção. É perceptível a influência direta que os bairros adjacentes representam sobre os usos estabelecidos e potencialidades da área de estudo. No entanto, a dinâmica de transformação do bairro está atrelada à oferta de equipamentos urbanos situados no centro de Joinville. Nesse sentido, verifica-se a presença de grandes sítios industriais nessa região, indicadores de áreas com grande potencial de requalificação. A mudança do Distrito Industrial de Joinville indica a possível desocupação destes locais dentro de um médio espaço de tempo, e, por consequência disso, sua subutilização e abandono (figura 28). Visto que há uma carência em relação aos espaços culturais na cidade, tais sítios compreendem áreas com vocação para se tornarem centros culturais, espaços de arte, museu e demais espaços públicos voltados à cultura e lazer. Trazendo essa discussão para o âmbito do projeto e seu entorno, observa-se que a inserção de um projeto de centro de convivência e produção cultural é indutor de uma nova dinâmica urbana. A requalificação da Cidadela Antarctica e Parque das Águas valorizou o entorno, estimulando novas relações do bairro com a cidade e de seus usuários com o entorno, modificando, assim, o perfil da região.
Figura 28 - Mapa de áreas industriais na região central de Joinville
Fonte: Simgeo adaptado pela autora, 2016
Fonte: Autora, 2016 250m 100m
500m
Figura 30 - Mapa topográfico com área de intervenção em destaque
Como citado anteriormente, há uma grande disponibilidade de equipamentos urbanos no centro de Joinville, porém, em relação aos espaços de atribuição artística e cultural, observa-se uma distribuição mais restrita. Isso porque a cidade oferece poucos locais com essa qualificação. Em meio a este cenário, deve-se destacar o Museu de Arte de Joinville (MAJ), localizado na rua Jaraguá, uma das vias de acesso à área de intervenção. Compreendido como agente modelador da esfera urbana em que está inserido, o MAJ se apresenta como local de exposição de arte, eventos culturais a partir de projetos como o “Música Arte Joinville - MAJ Sounds”² (figura 29) e áreas de lazer, configurando o entorno e frequentadores locais em vista de sua utilização. A partir disso, entende-se que o museu se mostra como uma potencialidade particular do entorno do projeto em questão, com possibilidades de integração à Cidadela Antarctica. Ademais, antentou-se à topografia e vegetação da região como características especiais (figura 30), uma vez que são elementos delimitadores do projeto e crescimento do bairro, além de despontarem como potencialidades exclusivas consideradas no projeto. A presença de áreas acidentadas acima da cota 40, que tem sua preservação ambiental assegurada por lei desde 1973, e Áreas Urbanas de Proteção Ambiental (AUPA), protegidas pela Lei Complementar 261, de 28 de fevereiro de 2008, são grandes condicionantes locais. Essas regiões apresentam grandes restrições de ocupação em vista dessa proteção e recuperação das áreas verdes, limitando a apropriação do terreno. Portanto, a proposta de usos para a Cidadela Antarctica contém alternativas que respeitem essas limitações. Apesar do grande número de áreas verdes em Joinville, principalmente na região do projeto, há uma deficiência de propostas de usos coerentes com a preservação ambiental necessária nestas áreas. Diante desse cenário, validou-se a importância que um projeto capaz de integrar o ambiente natural e o espaço arquitetônico representa para o interesse público. A proposta de uma trilha urbana atende tais requisitos, ao mesmo tempo que surge como alternativa de recreação e lazer para a população e possíveis turistas. As visuais que se apresentam no entorno são pontos que foram valorizados no projeto, pois se configuram como características especiais da região. Os usos instalados nesta área, como a Guarda Municipal e o reservatório de água municipal, incentivam a utilização do espaço e garantem segurança a seus usuários. Além disso, considerou-se o acesso à área de intervenção, e seu trajeto, como potencialidades que foram exploradas. Seguindo os princípios de visão serial abordados por Cullen (2013), revelam-se ao longo do percurso da rua XV de Novembro, uma sucessão de pequenos contrastes súbitos com as mudanças de escala devido à paisagem (figuras 31 e 32). Os pequenos desvios de alinhamento causam certa expectativa e grande impacto visual por conta disso, como pode ser observado nas curvas que antecedem a vista do Parque das Águas e Cidadela Antarctica (figura 33 e 34).
Fonte: Autora, 2016 250m 100m
500m
² Projeto sem fins lucrativos surgido com a proposta de suprir a necessidade de realização de eventos multiculturais na cidade utilizando se dos espaços públicos de forma gratuita e reunindo várias pessoas a cada edição (Notícias de Joinville, 2016).
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7 levantamento da área de intervenção 7.3 contexto social Figura 29 - Edição especial performance “ESTEREÓPTICO” do projeto MAJ Sounds, no Museu de Arte de Joinville
O bairro no qual está inserida a área de intervenção se caracteriza por uma população com alto poder aquisitivo, apresentando uma renda média de 5,74 s.m./mês, de acordo com dados disponíveis no Joinville Bairro a Bairro (2015). Comparando-se com os bairros das proximidades e beneficiados com o projeto, revela-se um nível de médio padrão em relação à renda. Atualmente, o público que utiliza a Cidadela Antarctica e Parque das Águas é composto em sua maioria por jovens (figura 35), assim como a população que compõe os bairros favorecidos. Parte desse público busca os espaços devido às programações diferenciadas, eventos artísticos e culturais oferecidos pelas associações instaladas na Cidadela Antarctica, como Ajote (Associação Joinvillense de Teatro) e AAPLAJ (Associação dos Artistas Plásticos de Joinville), bem como para outros fins, como pode ser observado na figura 36.
No entanto, o Parque das Águas enfrenta um desuso preocupante, visto que muitas pessoas assumem não visitar o local e as que o utilizam, raramente o fazem, conforme observado nas figuras 37 e 38. Em relação à Cidadela, o número de pessoas que utilizam o espaço para questões relacionadas ao Departamento de Trânsito, ou desconhecem o local, demonstra a necessidade de readequação do espaço para que se torne mais atrativo e ponto de referência na cidade. É de significativa importância atentar-se à diversidade de frequentadores dos espaços e ao caráter populacional do entorno a fim de evitar a elitização do projeto. Ao analisar o perfil dos usuários, verifica-se que a proposta de um centro cultural está em acordo com a demanda e o interesse atual dos mesmos. A variedade de usos no local foi projetada a fim de manter este perfil de usuários e estimular a sociabilização e integração com os demais moradores da cidade.
Figura 35 - Faixa etária dos usuários do Parque das Águas e Cidadela Antarctica
Figura 37 - Motivo de interesse nos usuários que frequentam o Parque das Águas
11%
Fonte: MAJ Sounds, 2015
1%
11%
11%
6% Figura 31
Figura 32
0 - 18 anos
Fonte: Autora, 2016 Figura 33
01
02
03
04
40%
Sim, para lazer e descontração
19 - 30 anos
Não, mas tenho interesse
31 - 49 anos
Não tenho interesse
50 anos ou mais
Não conheço o lugar
Fonte: Autora, 2016 Figura 34
43% 77% Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Figura 36 - Frequência de usos e motivo de interesse dos usuários da Cidadela Antarctica
Figura 38 - Frequência de uso dos usuários do Parque das Águas
8%
13%
4%
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Autora, 2016
5%
6% Sim, para questões relacionadas ao Departamento de Trânsito Sim, para fins artísticos
Mapa com esquema sequencial das figuras
31% Aos finais de semana 1 a 2 vezes por mês
45% 03
01
04
37%
Não, mas gostaria de poder conhecer e utilizá-lo Não tenho interesse
Raramente Nunca
02
51% Fonte: Google Maps adaptado pela autora, 2016
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
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7 levantamento da área de intervenção 7.4 morfologia urbana e características especiais das edificações
7.5 uso do solo, atividades existentes, demandas e tendências
A urbanização do bairro América tem suas origens na época de colonização de Joinville. Devido à sua ocupação antiga, possui uma infraestrutura já consolidada e forte atividade econômica. No entanto, o crescimento da cidade resultou em uma demanda por novos lotes, portanto, as áreas industriais localizadas na região periférica foram incorporadas ao novo centro urbano. Essa nova ocupação gerou um parcelamento do solo em dimensões variadas de acordo com as características locais. A região central do município apresenta lotes com grande profundidade em contraponto à testada estreita. Por sua vez, encontra-se, na área próxima ao projeto, um parcelamento irregular devido à topografia acidentada da região. Observando-se a figura 39 é possível notar o alto adensamento no centro e uma ocupação dispersa no entorno da área de estudo. O entorno da Cidadela apresenta um grande número de lotes desocupados, que por estarem localizados nos morros e encostas íngremes, tem sua ocupação restrita pela preservação ambiental dos mesmos. A presença da rua XV de Novembro como elemento modificador da paisagem e eixo estruturador do tecido urbano, torna-se determinante na consolidação das relações funcionais da área. Considerando-se que o bairro apresenta uma predominância de uso residencial e topografia acidentada, as características morfológicas encontram-se condicionadas ao crescimento exponencial desse uso, delimitadas pela declividade. Quanto à tipologia e volumetria das edificações, verifica-se a presença de residências com até 2 pavimentos no entorno, como pode ser observado na figura 40, e pequenos comércios locais. A proximidade com o centro confere outra tipologia à paisagem, tendo-se edifícios com maior número de pavimentos em razão do alto adensamento e especulação imobiliária, além da diversidade de comércio e serviços. A malha urbana intensifica-se, os espaços públicos vão se perdendo ao mesmo passo que são verificados grandes terrenos subutilizados ou em desuso. A variedade do uso do solo, equilíbrio entre os espaços abertos e formas construídas, áreas públicas e volumetria das edificações do entorno, são fatores que criam diferentes experiências e relações entre o bairro e a proposta de projeto. Um projeto catalisador de encontros, como o centro cultural, tornase um elemento modificador do espaço capaz de estimular novas tipologias no seu entorno. Em vista da malha urbana fragmentada nas proximidades, a área de intervenção se apresenta como um grande destaque nesse contexto.
A Cidadela Antarctica e Parque das Águas estão inseridos em uma área de caráter fortemente residencial com pequenos comércios e estabelecimentos de serviços, como indicado na figura 41. No entanto, a centralidade do terreno no contexto municipal indica uma predominância do setor econômico e institucional nas proximidades. Ao se avaliar em uma escala de maior abrangência, nota-se a presença de diversos patrimônios tombados sem uso com potencial para locais de uso de interesse público e cultural. Dentro do cenário estabelecido no bairro América, configura-se como tendência de crescimento a rua XV de Novembro e demais vias de circulação importantes no bairro, como a Otto Boehm, Aquidaban e Blumenau. A ocupação prevista para elas estabelece Zonas de Corredor Diversificado (ZCD4 e ZCD5) que estimulam o caráter econômico das edificações ao longo destas vias e estabelecem alterações nos gabaritos, permitindo prédios de até 6 e 4 pavimentos, respectivamente. Verifica-se que o entorno apresenta grandes áreas com zoneamento ZR1, ou seja, permanece o caráter residencial com edificações de até dois pavimentos com comércio e serviços de âmbito geral. Analisando a mudança entre o perfil atual de via e o proposto (figuras 42 e 43), tem-se uma mudança considerável de tipologias e possíveis relações entre os pedestres e as edificações. Deste modo, foram consideradas as possíveis mudanças de adensamento e ocupação do entorno, entendendo-se que a requalificação da Cidadela Antarctica e Parque das Águas estimularia o comércio local, trazendo novas demandas de serviços e dinâmicas para a região.
Figura 39 - Mapa de cheios e vazios com área de intervenção em destaque
Figura 40- Mapa de predominância de alturas
Figura 41 - Mapa de uso do solo
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Autora, 2016 250m 100m
500m
LEGENDA: até 2 pavimentos 3 a 7 pavimentos acima de 8 pavimentos
Fonte: Autora, 2016
250m 100m
500m
250m
LEGENDA:
comercial/serviços patrimônio sem uso
institucional residencial
industrial
100m
500m
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7 levantamento da área de intervenção 7.6 sistema de circulação
Figura 42 - Desenho esquemático perfil da via atual
Figura 46 - Mapa de intensidade de fluxos da área de intervenção e meios de locomoção
O acesso à área de projeto se dá pela rua XV de Novembro e rua Jaraguá, no entanto, outros eixos estruturadores configuram a malha viária do entorno. A proximidade com as vias de ligação norte/sul e leste/oeste da cidade (figura 44) garante a facilidade de acesso ao local por meio do suporte encontrado na infraestrutura da região. De acordo com a figura 45, verifica-se que os usuários da Cidadela Antárctica utilizam os mais variados meios de transporte para se locomoverem até o local. Sendo assim, a leitura urbana em relação à circulação atentou-se à esta variação, buscando-se atender todos os públicos e garantir a estrutura de suporte para estes meios. Em relação aos fluxos, diferentes intensidades de usos e circulações podem ser observadas (figura 46). Nas vias locais, percebe-se a predominância do carro, bem como nos eixos de acesso. A rua XV de Novembro apresenta fluxo de mercadorias, linha de ônibus e ciclofaixa, existente na rua Jaraguá também. Analisando o contexto geral, a variedade de usos indica uma área com movimento nas ruas que se alternam ao longo do dia.
Fonte: Autora, 2016
Figura 43 - Desenho esquemático perfil da via conforme previsto no zoneamento
rua criciúma rua lages rua lages
rua luiz brockmann
rua jaraguá
rua XV de novembro
rua conselheiro arp rua aquidaban
rua expedicionário holz rua alfredo dietrich
rua otto boehm rua campo alegre
Fonte: Autora, 2016
Figura 45 - Meios de locomoção dos usuários da Cidadela Cultural Antarctica 75m
Fonte: Simgeo adaptado pela autora, 2016
11%
Figura 44 - Mapa de estrutura viária
9%
04 01
03
02
2%
10
Fonte: Simgeo adaptado pela autora, 2016
LEGENDA:
20%
fluxo intenso fluxo moderado fluxo local
A pé Carro Bicicleta Transporte público Outros
Fonte: Autora, 2016
25m
transporte de carga circulação ciclovia intensa de pedestres
linha de ônibus
58%
11
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
08
12
05 13
07 06
09 14
Fonte: Autora, 2016
250m
LEGENDA:
100m
500m
01
Marquês de Olinda
05
Av. JK
09
Ministro Calógeras
13
Otto Boehm
02
Blumenau
06
Av. Procópio Gomes
10
Timbó
14
03
João Colin
07
Aubé
11
Max Colin
Visconde de Taunay
04
Av. Beira-Rio
08
XV de Novembro
12
Aquidaban
Considerando as ciclofaixas existentes na cidade, verifica-se a falta de integração entre elas. Mesmo com a proposta idealizada no Plano de Mobilidade de Joinville, a infraestrutura deste modal permanece precária. Portanto, foi considerada uma possível associação deste meio de transporte, aos trajetos pedonais e linhas de circulação de ônibus garante um projeto acessível e universal. Atualmente, existe um grave problema em relação ao ponto de encontro das principais vias de acesso à área de intervenção (ruas XV de Novembro e Jaraguá). As dificuldades de circulação e tráfego neste cruzamento causam insegurança aos pedestres e ciclistas, uma vez que ficam em segundo plano (figura 47), além de dificultar a integração entre a Cidadela Antarctica e o Museu de Arte. Portanto, buscou-se uma proposta de requalificação do cruzamento capaz de trazer novos usuários e instigar o interesse no projeto. Avaliando-se a malha viária de Joinville, foi considerada a possibilidade de integração do projeto com as demais áreas industriais desocupadas ou subutilizadas na região central, através de uma proposta de requalificação de vias pertencentes à rota de ligação. Foi considerada uma alternativa que estimule a interação social e o respeito entre o pedestre e os veículos, sem prejudicar o trânsito local, e capaz de produzir novas experiências positivas, trazendo, assim um novo foco para o projeto e qualidade para o entorno e a cidade.
Figura 47 - Análise gráfica do ponto de encontro da Rua XV de Novembro e Rua Jaraguá
Fonte: Google Street View, adaptado pela autora; 2016.
carro
pedestre
ciclofaixa
sem uso
150m
fluxo de automóveis
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7 levantamento da área de intervenção 7.7 microclima e insolação Figura 48 - Cobertura tipo Shed nos galpões da AAPLAJ
O terreno escolhido se encontra em uma área com intensa presença de vegetação e topografia acidentada (figura 48). As edificações do entorno são mais baixas no oeste, no entanto se tem edifícios altos ao leste, produzindo sombra pela manhã. Apesar disso, tem-se uma boa ventilação, já que a cidade possui ventos oriundos da direção nordeste, predominantemente. Visto que a face norte do terreno apresenta alta insolação, foram tomadas medidas para controle térmico e sombreamento da edificação, uma vez que o edifício apresenta restrições quanto à modificação de suas fachadas e estrutura. Ademais, soluções para a questão da grande umidade e perda de massa térmica nos galpões ao sul foram adotadas de modo a amenizar tais condicionantes. As soluções arquitetônicas utilizadas no complexo que compõe a Cidadela Antarctica sofreram algumas alterações ao longo dos anos. Antigamente, os galpões de produção de cerveja possuíam lanternim, aberturas dispostas na cobertura das edificações que propiciam ventilação e iluminação natural nos ambientes. Hoje em dia, essa solução arquitetônica foi modificada e os galpões possuem telhado simples. Observa-se também a existência de blocos com telhado em shed (figura 49), muito utilizado em fábricas, favorecendo a iluminação natural vinda do sul, visto que não é possível obter luz lateral naqueles blocos. Em relação à hidrografia do local, tem-se conhecimento da existência de cursos d’água que atualmente representam um grande risco à manutenção de alguns prédios da Cidadela Antárctica. Portanto, propostas para a reutilização dessas fontes foram desenvolvidas como forma de solucionar este problema, além do manejo das circulações de ar para evitar a umidade.
Figura 48 - Representação gráfica das condicionantes físicas da área de intervenção
Fonte: Autora, 2016
Figura 50 - Zoneamento da área de intervenção
Figura 51 - Níveis de tombamento da Cidadela Cultural Antarctica
Fonte: IPPUJ, 2015
Fonte: Coordenação de Patrimônio Cultural de Joinville Fonte: Autora, 2016
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8 condicionantes legais
9 definições gerais do projeto
8.1 legislação municipal
9.1 agentes de intervenção Figura 52 - Mapa de áreas com risco de deslizamento
Atualmente, a Lei nº 1.773/80 regulamenta a política de patrimônio cultural em Joinville, buscando preservar os bens materiais e imateriais e garantir a herança cultural da cidade. Em relação ao zoneamento previsto na Lei Complementar nº 312, de 19 de fevereiro de 2010 (figura 50), a área de estudo está localizada na Zona Residencial 1 (ZR1). No entanto, a via de acesso ao complexo está consolidada como Zona de Corredor Diversificado (ZCD5), com índices urbanísticos voltados para o adensamento médio, permitindo gabarito máximo de 4 pavimentos. No entanto, foi considerado que a Cidadela Cultural Antarctica corresponde a um bem tombado, portanto, suas características arquitetônicas, incluindo-se aqui a altura de seus blocos, devem permanecer preservados. Por sua vez, o Parque das Águas configura um espaço público de descanso e lazer, portanto, houve o mínimo de intervenções arquitetônicas no local. Nesse sentido, foram reconsideradas as diretrizes para dimensionamento das vagas de estacionamentos previstas na Lei nº 312/10. De acordo com o uso cultural proposto para o espaço, deveriam ser disponibilizadas 423 vagas para atender o número exigido, no entanto, a área necessária para cobrir essa quantidade não é viável. Além disso, tendo-se em vista que o edifício é considerado patrimônio e o projeto objetiva sua requalificação, o número de vagas foi reduzido. Ademais, grande parte do terreno de intervenção está sob proteção ambiental, prevista na Lei Complementar nº 261/08. A Área Urbana de Proteção Ambiental dispõe de rigorosas restrições de uso, uma vez que foi criada como meio de preservação das áreas verdes da cidade.
8.2 níveis de preservação
Atualmente, a Cidadela Antarctica e o Parque das Águas pertencem à Prefeitura Municipal de Joinville, portanto, a manutenção dos mesmos encontra-se sob sua responsabilidade, bem como a implantação e continuidade do projeto, que deverão ser incumbidas a este órgão. A aquisição do terreno da antiga cervejaria demonstra o interesse que o poder público tem por este espaço, portanto, buscar apoio neste órgão é justificável e necessário. Além disso, a Fundação Cultural de Joinville apresenta-se como intermediador das divulgações dos eventos culturais de interesse público, uma vez que compete à este órgão o incentivo e promoção das atividades culturais e artísticas na cidade, além da administração do patrimônio cultural. Ademais, o Plano Diretor de Joinville garante o incentivo aos programas culturais, educacionais e a criação de espaços de lazer, subsidiando, assim, a possível manutenção das instalações da Cidadela Antarctica e Parque das Águas pelo poder público. Vale-se destacar também que a efetivação da Lei Rouanet, que visa estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural com a dedução de impostos devido ao investimento nos projetos culturais, incentiva o estabelecimento de acordos com patrocinadores e parcerias público-privadas. A possibilidade de haver cursos, espaços gastronômicos e eventos, também é entendida como grande atrativo para possíveis patrocinadores, mantendo o interesse e uso no local. Figura 47 - Simgeo, adaptado pela autora; 2016
150m 75m
LEGENDA:
9.2 perfil dos usuários
lotes da Prefeitura Municipal lote da Companhia Águas de Joinville risco de deslizamento:
O processo de tombamento da Cidadela Antarctica é regulamentado segundo o Decreto Municipal nº 17.016/10, onde foram estimados os níveis de tombamento (figura 51) de acordo com a relevância histórica das edificações. A hierarquia deste tombamento está relacionada à história da antiga fábrica de cerveja. Nas primeiras edificações, verifica-se a preservação integral (cor vermelha), e os respectivos blocos e galpões advindos das ampliações da fábrica apresentam preservação das características arquitetônicas, artísticas e decorativas internas e externas dos imóveis em questão (cor azul). As edificações destinadas à proteção e integração do entorno (cor amarela), são compostas por três modelos: reconstituição (recuperação das características arquitetônicas na época), adequação (conservação das fachadas e cobertura mantendo a harmonia volumétrica) e renovação (construção ou substituição). Percebe-se que há edificações liberadas para possível demolição em vista da ausência de valor cultural para o conjunto.
25m
baixo alto
Figura 53 - Mapa de acessos e fluxos
8.3 dados técnicos O terreno da área de intervenção é composto por 5 lotes que pertencem à Prefeitura de Joinville. Em relação às áreas de inundação, o terreno se encontra em uma área segura, uma vez que este problema está mais restringido ao Centro, tendo as ruas Aquidaban e Otto Boehm, próximas ao lote, apresentamndo-se como rotas de fuga em caso de inundação na cidade. Devido à topografia acidentada na área, percebe-se a presença de alguns pontos com área de deslizamento de alto risco, como pode ser observado na figura 52. Portanto, foram propostas soluções estruturais e arquitetônicas que trazem segurança aos usuários.
9.3 fluxos e acessos
Fonte: Simgeo adaptado pela autora, 2016 LEGENDA: sentido das vias de acesso fluxos internos Cidadela Antarctica fluxos internos Parque das Águas
25m
150m 75m
acessos da área de intervenção (pedonal e veicular)
Apesar da ocupação indevida na Cidadela Antarctica e da manutenção precária d o Pa rq u e d a s Á g u a s , h á u m n ú m e ro considerável de usuários e pessoas interessadas em utilizar os espaços. Portanto, o projeto buscou ampliar o potencial de catalisador de encontros e permitir maior sociabilização entre seus usuários. Como foi analisado anteriormente, grande parte do público é composto por pessoas até 50 anos, sem distinção de classes de acordo com o poder aquisitivo. Procurando atender a comunidade em geral, foram propostas atividades para todos os públicos, considerando as diferentes faixas etárias e restrições físicas. Portanto, é um projeto acessível e universal, capaz de fomentar a produção cultural, garantir ambientes de lazer para a população e trazer alternativas de usos no local.
Como pode ser observado no mapa (figura 53) a área de intervenção é limitada pelas suas vias de acesso, além da topografia do entorno. Atualmente, não há integração entre os dois espaços, apesar de que a configuração de fluxos internos dos mesmos é indicador dessa possibilidade. Além disso, observa-se que a Cidadela Antarctica apresenta um único acesso, deslocado de seu contexto e restringido pela guarita no local. Visto que o objetivo do projeto de re q u a l i fi c a ç ã o d e ste s e s pa ç o s e ra a configuração de um espaço amplo capaz de estimular o interesse público na região, tornouse necessária uma mudança neste cenário. Os fluxos internos consolidados se integram, bem como seus ambientes, funções e usos, garantindo a acessibilidade do projeto e interatividade com a paisagem.
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10 definições gerais de desenho urbano 10.1 diretrizes da proposta de intervenção O crescimento constante e as transformações decorrentes dessas mudanças na cidade, quando não planejadas, representam um risco à preservação do patrimônio e conexão da malha viária. Observa-se atualmente em Joinville a desvalorização do Centro e deficiência de equipamentos públicos e, a partir disso, verifica-se a necessidade de formulação de planos de macro intervenções no desenho urbano a fim de reestruturar estas áreas na cidade e estimular seu uso pela população. As propostas para estes espaços consideraram a diversidade do tecido urbano, portanto, são recomendadas camadas de intervenção. A partir disso, foram levantadas diretrizes a serem consideradas no desenvolvimento das propostas:
Transformação das áreas industriais subutilizadas ou desocupadas em espaços culturais e equipamentos públicos.
10.2 rota cicloturística O principal foco da proposta é reaver a relação das antigas áreas industriais com a cidade a partir de uma rota cicloturística entre elas (figura 54). Estas áreas possuem um grande potencial para se tornarem equipamentos públicos e espaços culturais, portanto a ligação viária entre elas torna-se elemento fundamental para sua integração. As propostas de intervenção incluem percursos peatonais e circulação de bicicletas, integração dos modais em pontos específicos através de conexões na malha viária, criação de equipamentos culturais e espaços públicos como praças e parques ao longo da rota a fim de preservar a área verde da cidade, e sinalização adequada ao longo do eixo. Ao se estabelecer um tratamento adequado das vias e reformulação dos espaços públicos, estimula-se a permanência e circulação de pessoas nas áreas industriais. Atualmente, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Joinville (PlanMOB) prevê diversas vias cicláveis na cidade com pontos de coleta e entrega do sistema de compartilhamento de bicicleta. Partindo do pressuposto de aplicação do planejamento previso, estabeleceu-se a rota cicloturística como elemento principal e integrador na área central. Ao longo do percurso foram distribuídos mobiliários urbanos adequados, arborização das vias e iluminação pública, incentivando-se, assim, a permanência dos usuários nos espaços. Além disso, propõe-se a instalação de pontos de aluguel de bicicletas e oficina de manutenção ("bike-points"), a fim de estimular o uso deste modal na cidade. A sinalização gráfica ao longo do percurso visa assegurar a universalidade da informação, criando uma identidade visual que servirá como protótipo para futuras intervenções na cidade. A apropriação do espaço e requalificação do ambiente urbano busca a valorização do entorno e dos potenciais encontrados na cidade, induzindo uma maior permeabilidade na malha viária e configurando uma nova dinâmica na relação dos usuários com a cidade.
área de intervenção equipamento público proposta de rota cicloturística Figura 54 - Mapa de rota cicloturística
"bike-point"t» hotel
praças terminal urbano
museus espaço cultural
parque
Desenvolver uma proposta de rota cicloturística no trajeto de ligação das áreas industriais.
Criação de parques, praças e demais equipamentos públicos ao longo da rota cicloturística.
Promover a sinalização adequada na rota a fim de assegurar o acesso aos equipamentos públicos. vias ciclísticas previstas no PlanMOB áreas industriais de interesse Garantir o acesso à área de intervenção a partir de soluções de conexão intermodal no cruzamento das vias de acesso.
lotes desocupados e áreas verdes de interesse 100m
Fonte: Autora, 2016
50m
200m
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10 definições gerais de desenho urbano 10.3 sinalização urbana
10.4 estratégias de circulação e acesso
A sinalização urbana é um elemento fundamental de comunicação e interação entre os usuários e os espaços. O sistema de sinalização deve assegurar uma experiência agradável ao usuário, permitindo a realização dos percursos com segurança, conforto e a garantia de orientação espacial, auxiliando sua circulação no espaço público. A idealização de um ambiente acessível sugere a necessidade de uma proposta adequada de sinalização urbana. A partir disso, tem-se como referência projetual a proposta desenvolvida pelos acadêmicos do Curso de Design, da Universidade da Região de Joinville (Univille), que compreende a sinalização básica de equipamentos públicos com lixeiras, estacionamentos e bicicletários; bem como incentivando a integração e circulação dos espaços culturais próximos, através dos painéis expositivos com a programação e mapeamento dos mesmos, conforme figuras 55 a 57. Figura 55- Proposta completa para sinalização dos espaços culturais e equipamentos públicos
Partindo da necessidade de remodelação das relações intermodais no local, propõe-se a elevação da via (figura 58) a fim de modificar as interconexões entre pedestres, ciclistas e demais veículos que ali trafegam, trazendo, assim, segurança aos seus usuários. Aliado a isso, a proposta de integração da Cidadela, Parque das Águas e seu entorno amplifica e potencializa essa nova configuração do espaço. A reformulação das vias se relaciona com as diretrizes de mobilidade e acesso público dos espaços, uma vez que o tratamento da rua como elemento estruturador da cidade e modificador das relações urbanas possibilita novas interações entre o espaço privado e público. Em relação ao cruzamento, verifica-se que uma simples proposta de semáforos distintos para os pedestres e veículos foi capaz de resolver o problema relacionado aos fluxos neste ponto (figura 59). A proposta de requalificação do cruzamento e mudança nos fluxos valoriza o entorno e potencializa o acesso ao local, visto que a integração da malha urbana permite a apropriação dos espaços almejada no projeto. Além disso, é capaz de alterar a dinâmica urbana que, aliada à reformulação dos espaços públicos, traz uma nova característica para a cidade. Figura 58 - Nova proposta de perfil de via para a rua XV de Novembro
Fonte: Lamin, 2015 Figura 56 - Simulação da sinalização aplicada no espaço
Figura 57 - Proposta de placa com localização e painel com programações
Fonte: Autora, 2016 Figura 59 - Desenho em perspectiva da proposta de cruzamento com o novo perfil de via aplicado
Fonte: Autora, 2016 Fonte: Lamin, 2015
Fonte: Lamin, 2015
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11 definições do programa 11.1 descrição das atividades Considerando-se os usos existentes na Cidadela Antarctica e Parque das Águas e sua coerência com a proposta, foram realizadas avaliações e levantamentos das atividades a serem implementadas. Atualmente, encontram-se instalados no complexo arquitetônico associações artísticas, como AAPLAJ e Ajote, parte do acervo do Museu de Arte de Joinville, o Departamento de Trânsito (CONURB) e a Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública. Avaliando-se o interesse público e a conformidade com a proposta de centro cultural, verifica-se a necessidade de retirada da SEPROT, CONURB e readequação dos espaços para as instituições artísticas do local. Também foram ponderados os usos anteriores que se perderam ao longo dos anos, como a Escola de Panificação Suíça e o cinema público, e, seguindo os mesmos preceitos de escolha, percebe-se a adequação do cinema em relação ao tema. O interesse em modificar a ocupação destes espaços não é recente. O desejo da população em tornar a Cidadela um espaço cultural está presente há anos. Em 2014, a Fundação Cultural de Joinville publicou os resultados da consulta pública realizada online, com a participação de 284 pessoas, em setembro do mesmo ano, com o objetivo de registrar as reivindicações desses usuários para o local. Grande parte dos consultados se consideravam agentes culturais e pessoas ligados às artes, música, fotografia, teatro e apreciadores que fazem parte do grande público do local. Nesta consulta, foram levantadas questões importantes relacionadas à percepção dos usuários em relação às carências identificadas por eles na Cidadela Antarctica, bem como as alterações necessárias para que o espaço se torne útil novamente. As alternativas de ocupação levantadas na consulta embasaram as propostas do projeto e formulação do questionário. A partir das análises de correlatos e levantamentos do contexto urbano e social, afirmou-se a importância de um centro cultural na cidade. Levando em consideração a abrangência desse tema, foram levantadas atividades básicas necessárias no local, capazes de oferecer lazer e estímulo à sociedade, produção artística e valorização da cultura local e regional. Em pesquisa realizada através de questionário, foram dispostas algumas opções de atividades e o interesse dos usuários nessas atividades (figura 60), incluindo a reativação da produção de cervejas artesanais na Cidadela, como ocorria originalmente nas dependências do complexo arquitetônico (figura 61).
Figura 61 - Interesse dos usuários na reativação da produção de cervejas artesanais 70
Figura 64 - Sugestões para atrair mais pessoas ao Parque das Águas Estabelecimentos comerciais
60
7
60 50 40
38
36
32
50
Mais segurança e iluminação
25
30
Eventos culturais e atividades para a comunidade
25
Paisagismo com mais árvores e flores
20 10
Retornar o uso da água no parque
0
Tenho muito interesse
Indiferente
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Não me interesso
Novo mobiliário, aparelhos de ginástica, banheiros
40 9 11
Manutenção do parque e equipamentos
Nível de interesse
25 Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Observa-se, por meio dos resultados obtidos, que o projeto teria aprovação e despertaria interesse em grande parte das pessoas. Outras questões foram levantadas, relacionadas ao entendimento dos usuários a respeito do conceito de centro cultural, necessidade de um espaço como este em Joinville e possíveis atrativos para o Parque das Águas. Como pode ser observado nos figuras 62 a 64, a maior parte das pessoas entende que se trata de um espaço de produção e manifestações artísticas, permitindo a troca de conhecimentos, debates e momentos de lazer.
No que diz respeito ao Parque das Águas, soluções simples como manutenção e o retorno do uso da água no local foram apontadas pelos usuários. Para maior aproveitamento e utilização do local, foram consideradas alterações paisagísticas e integração com a Cidadela Antarctica, conforme observado no figura 65. A divisão física que ocorre entre os dois espaços, é elemento gerador de uma alta insegurança no Parque das Águas, evidenciado na figura 66, uma vez que subutilização da Cidadela extenua a utilização deste espaço. Em vista disso, soluções de ambientes que estimulem a permanência nos dois espaços foram propostas para revalorizar estes locais.
Figura 62 - Entendimento popular a respeito do conceito de Centro Cultural 19%
Lugar de criação de arte e cultura
21%
Figura 65 - Interesse na utilização dos espaços a partir de sua integração
2%
Espaço de ensino, com aulas de artes e oficinas
17%
14%
Local com exposição de arte e manifestações culturais
sim
Ambiente que permite troca de conhecimento, debates e o convívio social Espaço de lazer e descontração
Figura 60 - Interesse dos usuários pelas possíveis atividades a serem propostas para a Cidadela Antarctica
não
29%
Galerias de arte
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
149
Auditórios
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
98%
Figura 63 - Opinião das pessoas a respeito da necessidade de um espaço cultural na cidade
94
Figura 66 - Segurança dos usuários em utilizar o Parque das Águas
Espaços para produção cultural (salas de aula,…
162
Áreas de descanso e contemplação
158
Restaurante
sim
Necessário
116 22 64%
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
24%
21% Interessante
111
Biblioteca Pública Outros
15%
não
Ótima opção de lazer Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
76%
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
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11 definição do programa 11.2 organograma e fluxograma geral Dessas acepções, entende-se que a concepção de um espaço cultural leva em consideração a necessidade de espaços para acesso ao conhecimento, convivência, discussão e criação. Ambientes que incentivem a informação, como bibliotecas, cinemas e espaços de exposições, bem como ambientes quer permitam a troca de informações e debates, como salas de aula e espaços de convivência também mostram-se necessários. Um bom funcionamento de um centro cultural também depende de espaços de apoio, contendo dependências administrativas, depósitos, reservas técnicas, sanitários e demais áreas que sirvam de suporte. Acrescenta-se também a necessidade de espaços complementares que atendam a demanda relacionada aos interesses econômicos, como restaurantes, bares, cantinas, lojas, livrarias, etc. Tais espaços proporcionam a manutenção do local, além de garantir a diversidade do projeto através da extensão do programa. De modo geral, ”ao propor o programa de necessidades de um centro cultural, o profissional deverá ter consciência que enfrentará várias diversidades [...] decorrentes das necessidades culturais que são bastante variadas no contexto social” (NEVES, 2013, p. 6). Sendo assim, a partir das questões levantadas a respeito dos usos necessários em espaços culturais, as atividades propostas para o projeto podem ser classificadas nas seguintes categorias:
DESCANSO/LAZER
BIBLIOTECA PÚBLICA
ECOLOGIA PRODUÇÃO CULTURAL ACESSO PRINCIPAL
ADMINISTRATIVO
CERVEJARIA: esta experiência foi subdividida em setores de modo a agradar a diversidade de visitantes do local, portanto deverá abordar espaços interativos e de degustação, bem como a área de produção das cervejas artesanais;
ECOLOGIA: em vista do potencial do entorno foram estipuladas atividades ligadas à proteção ambiental e lazer externo como trilhas urbanas e mirante; ESPAÇO GASTRONÔMICO: como forma de estimular a permanência no centro cultural e atender aos diversos públicos e interesses econômicos, foram projetados espaços para abrigar um restaurante, cafeteria e bares;
COMERCIAL
CINEMA
ARTES VISUAIS
PRODUÇÃO CULTURAL: espaços destinados à criação, debates e expressão das diversas formas de arte e cultura da cidade, subdividido em setores que incluem: artes visuais, teatro, fotografia, cinema e área de exposições; DESCANSO E LAZER: a integração entre Parque das Águas e Cidadela oferece espaço físico para criação de ambientes que estimulem a interação social através de área de leitura com a biblioteca pública, espaço infantil e de eventos, assim como praças públicas;
CAFETERIA
SERVIÇOS
ÁREA DE EXPOSIÇÕES
FOTOGRAFIA
ESPAÇO GASTRONÔMICO
CERVEJARIA TEATRO
RESTAURANTE
BARES
DEGUSTAÇÃO
PRODUÇÃO
ESPAÇO INTERATIVO
COMERCIAL: a necessidade de manutenção do complexo, diversidade de usos e estímulo econômico no local se reflete na criação de espaços complementares, como loja e livraria; ADMINISTRATIVO: centro destinado ao controle das atividades administrativas dos espaços e associações artísticas; SERVIÇOS: relacionado à manutencão do complexo e demais dependências.
LEGENDA: circulação pública
acesso restrito
circulação restrita
acesso público
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11 definição do programa 11.3 organograma e fluxograma específicos CERVEJARIA produção
espaço interativo
área de visitação
ADMINISTRATIVO degustação
recepção
sanitários
fermentação/ produção
salas de oficinas
depósito de materiais
vestiários
depósito de limpeza
cozinha mirante
sanitários
área de exposição
trilhas urbanas bar
armazenamento
ECOLOGIA depósito
loja
área de convivência arquivamento
depósito de limpeza
sala de reuniões
depósito
diretoria
secretaria
sanitários
vestiários
DESCANSO/LAZER cozinha
bar área infantil e familiar
área de degustação
restaurante carga e descarga
área de descanso e contemplação
sanitários
sanitários recepção/ caixa
recebimento de mercadorias
guarda-volumes estacionamento recepção bicicletário
sanitários
despensa câmara fria
gás
cozinha
bilheteria
cafeteria
lavação
almoxarifado de limpeza
vestiários
vestiários
recepção despensa
sala dos funcionários
escritórios administrativos
bares
carga e descarga
depósito de lixo
copa
despensa
área de degustação
SERVIÇOS
recepção/ caixa
depósito de limpeza
self-service
recepção/ caixa
área de refeições
sanitários
vestiários
cozinha
ESPAÇO GASTRONÔMICO LEGENDA: circulação pública
acesso restrito
circulação restrita
acesso público
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11 definição do programa 11.3 organograma e fluxograma específicos COMERCIAL loja lavabo caixa
loja
depósito
biblioteca pública
sanitários caixa
loja lavabo
área de leitura praça do teatro
depósito
sanitários guarda-volumes
livraria
acervo
recepção
artes visuais área de exposições recepção ateliês de pintura
salas de aula e oficinas
sala de desenho
estúdios sanitários
câmara escura
oficina de cerâmica
depósito
sala de aula
foyer sanitários
auditório reversível
depósito
palco
camarim depósito
sanitários foyer
sala de apoio
DESCANSO/LAZER sala de apoio vestiários
cinema sala de projeção
área de leitura
fotografia
sanitários
ateliês de arte urbana
área de leitura
teatro
depósito sanitários exposição temporária 1 sala de manutenção
exposição do acervo permanente exposição temporária 2
reserva técnica
depósito
área de exposições
PRODUÇÃO CULTURAL
depósito
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11 definição do programa
29/40
11.4 programa de necessidades
2405
1305
35
30/40
11 definição do programa
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11.4 programa de necessidades
210
8722
Observação: Para a realização do programa foram analisados Trabalhos de Conclusão de Curso, bem como programas de centros de lazer, cinema, espaços culturais e os parâmetros de dimensionamento no Neufert (2013), a fim de organizar a estrutura funcional dos ambientes e estabelecer as áreas dos mesmos.
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12 implantação 12.1 setorização atual
12.2 setorização prevista A proposta de setorização do projeto foi desenvolvida a partir da análise das condicionantes físicas e legais presentes no terreno (quadro 2). Além disso, foram consideradas questões de conforto acústico e acessibilidade, bem como o dimensionamento das edificações existentes no lote. Desse modo, foi possível determinar a melhor setorização de acordo com a proposta de uso para o local. 7
1
Quadro 02 - Tabela de análise para setorização
6
2
4
5
8
9
3
biblioteca pública
10
11 12
13
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 liberado liberado liberado
Fonte: Autora, 2016
Obs.: os galpões e blocos analisados correspondem às edificações previstas no Decreto Municipal nº 17.016/10, correspondente aos níveis de tombamento da Cidadela Antarctica.
12.3 fluxos e acessos LEGENDA: área verde escala 1/2000
mata fechada espelho d’água edificação sem uso edificação demolida edificação interditada AAPLAJ acervo MAJ Ajote depósito de materiais CONURB e SEPROT área infantil estacionamento
acesso veículos acesso pedestre
O principal foco da proposta é alterar a permeabilidade da área de intervenção, permitindo, assim, maior acessibilidade ao projeto. Sendo assim, deu-se prioridade ao pedestre, que possui acesso pleno ao complexo e ao parque. Os acessos dos veículos e de carga e descarga ficam restringidos aos estacionamentos somente, mantendo-se assim o fluxo interno dos pedestres na Cidadela. Em relação às trilhas urbanas, o fluxo de veículos se mantém na via de acesso ao mirante, bem como o fluxo de pedestres, a fim de se garantir a acessibilidade no ponto de contemplação do entorno.
12.4 justificativa A proximidade com o Museu de Arte de Joinville (MAJ) configura um público-alvo com interesses voltados à cultura, lazer e arte. Pensando nessa pré-disposição dos usuários, optou-se pela organização dos setores culturais logo no acesso ao terreno. A biblioteca pública e espaços de arte que dispõem de oficinas e cursos de interesse público, bem como o teatro com auditório reversível, criam a ambientação de centro cultural almejada no projeto. A proposta de demolição do muro e implementação de uma área verde com mobiliário urbano concebe ao projeto a acessibilidade e valorização do pedestre necessários no local. Essa nova configuração de acesso aliada aos usos propostos, representam uma mudança na percepção do espaço. A Cidadela passa a ser compreendida como um equipamento público de relevância social e urbana, e não mais uma antiga fábrica localizada no centro da cidade.
biblioteca pública área de descanso e contemplação admnistrativo, serviços, loja, livraria e bicicletário cafeteria cinema, fotografia e área de exposições artes visuais e teatro cervejaria, restaurante e bares estacionamento praça do teatro estacionamento área familiar e infantil
trilhas urbanas
A centralidade do bloco administrativo e de serviços justifica sua implantação no terreno. A facilidade de acesso garante o controle necessário no complexo, trazendo maior segurança ao conjunto e influenciando diretamente o retorno financeiro dos espaços comerciais localizados neste ponto, tendo-se também o acesso centralizado das informações e equipamentos de serviços, como o bicicletário. Além disso, a disposição da cafeteria neste ponto central se torna um ponto de encontro no complexo, projetando a sociabilização buscada no projeto. A praça do teatro foi alocada próxima ao auditório reversível do teatro, permitindo a utilização deste espaço para eventos desse setor através do compartilhamento dos serviços de apoio entre ambos. Sua disposição está associada aos espaços gastronômicos, permitindo a integração entre os eventos que acontecem na praça e os usuários destes espaços. Desse modo, tem-se a concentração de todos os ambientes geradores de ruídos no complexo. Também nesta área se apresentam outros acessos possíveis às trilhas, ampliando as conexões entre o complexo e a área verde do entorno.
A necessidade de drenagem pluvial no complexo devido à alta umidade na área aliada ao reuso da água no Parque das Águas, sugere seu reaproveitamento em ambientes molhados no parque. Sendo assim, a área infantil e familiar fica restringida à este espaço, uma vez que o mesmo se encontra situado em um local afastado da via movimentada (XV de Novembro). A ampliação do lote para o parque está relacionada aos acessos às trilhas urbanas e mirante.
mirante
O mirante corresponde ao grande espaço de contemplação da área de entorno, um momento de apreciação da paisagem em meio à urbanização da cidade. Sendo assim, sua forma se relaciona à função primordial de visualização da área externa, portanto, distinguem-se dois níveis de observação independentes no espaço. 25m 5m
50m
acesso veículos acesso pedestre
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13 estado de conservação O descaso do poder público com relação à manutenção do patrimônio industrial da Cidadela Antarctica se reflete no estado de deterioração de seus galpões e blocos. A estrutura da antiga fábrica ainda se mantém em algumas edificações, no entanto, a grande umidade da região aliada aos deslizamentos na área (figura 67) alavancaram problemas maiores nos prédios, como o desmoronamento de coberturas e infiltração nas estruturas. Tais agravamentos levaram à interdição de dois blocos: a antiga cervejaria (figura 68) e Escola de Panificação Suíça. Os demais blocos e galpões ainda são utilizados, porém ainda apresentam pequenos problemas com insetos xilófagos, fissuras, apodrecimento de madeira, esquadrias danificadas, descolamento de reboco e pintura. A partir deste diagnóstico prévio, foram realizados levantamentos das patologias encontradas no complexo arquitetônico, possíveis causas e soluções para as mesmas, a fim de auxiliar no desenvolvimento de um plano de restauração e recuperação do patrimônio.
13.1 telhado
13.2 esquadrias
A estrutura original do telhado, composta por telhas cerâmicas e madeira, encontra-se bastante deteriorada em várias edificações, principalmente na antiga cervejaria e Escola de Panificação Suíça (figuras 69 e 70), onde houve o arruinamento de parte da cobertura e dos rufos, deixando o edifício exposto às condições climáticas. Nos galpões abertos, podem ser observados pontos com telhas quebradas, além do apodrecimento do madeiramento devido à umidade e ação dos insetos xilófagos. Além dos problemas patológicos averiguados nas coberturas, verificou-se que ao longo dos anos, o telhado de um dos galpões sofreu alterações projetuais. O lanternim, característica estética original da cervejaria, foi substituído por um telhado simples de duas águas (imagem 71).
Podem ser encontrados dois tipos de esquadrias no complexo arquitetônico, de ferro e madeira. A oxidação visível nas esquadrias de ferro se dá pela umidade e ação de intempéries, visto que elas são utilizadas nas fachadas principais do complexo. Por sua vez, as esquadrias de madeira apresentam sinais de apodrecimento devido à ação dos insetos xilófagos e umidade no local. Apresentam, também, o descascamento da pintura devido à exposição prolongada ao sol (figura 72), e em alguns edifícios se tem a ausência de esquadrias, ou quebra dos vidros, sendo resultado da ação de vandalismo no local. -
Figura 67 - Vegetação invasiva na Escola de Panificação Suíça
Figura 69 - Desabamento na cobertura da Escola de Panificação Suíça
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Autora, 2016
Figura 68 - Desmoronamento no complexo
Figura 71 - Vista aérea dos galpões
Fonte: Haynosz, 2011
Fonte: Haynosz, 2011
Figura 70- Arruinamento no rufo
Figura 72 - Detalhe de esquadria de madeira do complexo
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Autora, 2016
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13 estado de conservação 13.3 danos internos
13.4 danos externos
A principal patologia averiguada em todo o complexo arquitetônico é a umidade. A infiltração nos ambientes internos é resultado do desabamento das coberturas (figura 73). O prédio da antiga cervejaria é o mais prejudicado (figura 74), visto que está localizado na centralidade do terreno e está próximo aos cursos de água utilizados na produção das cervejas antigamente. Verifica-se também neste edifício, a presença de vegetação na parte interna e externa, descolamento de revestimentos e degradação do maquinário original devido à falta de manutenção do complexo (figura 75). Em relação aos galpões frontais da Cidadela, onde estão localizados os serviços públicos, área de exposições e Ajote; tem-se sua descaracterização devido à essa nova ocupação, na qual foram utilizados novos materiais e revestimentos para adequação dos espaços. Os blocos ocupados pela AAPLAJ também apresentam graves problemas em relação à umidade, principalmente devido à falta de impermeabilização e ventilação nos ambientes. A estrutura de madeira no interior está comprometida e os revestimentos internos estão degradados. Figura 73 - Desabamento do telhado na parte interna da Cervejaria
Figura 75- Prédio da antiga cervejaria interditado
Em relação aos danos externos verificados na Cidadela, podem ser citados como principais agentes da deterioração do complexo a umidade, a vegetação invasiva e as intervenções artísticas e pichações nas fachadas, além da falta de manutenção. Assim a parte interna dos edifícios, a estrutura externa encontra-se danificada pela ação da umidade, causando fissuras, descolamento de reboco, descascamento de tinta e manchas de umidade. Por sua vez, a vegetação encontrada é proveniente dos desabamentos de cobertura decorrentes dos desabamentos no terreno, que trazem consigo a mata nativa (figura 76). As intervenções artísticas verificadas nas fachadas são uma forte característica da ocupação cultural do complexo (figura 77). Grande parte dos grafites desenvolvidos nos blocos são resultantes de manifestações artísticas e culturais realizadas na Cidadela. No entanto, as pichações são decorrentes dos atos de vandalismo no local, assim como ocorre no Parque das Águas. Para maior especificidade das patologias encontradas no complexo arquitetônico, foram realizados as fachadas externas foram diagnosticadas e posteriormente analisadas (ver apêndices), de modo a subsidiar a restauração das mesmas. Figura 76 - Intervenção artística na Cidadela
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Haynosz, 2011
Figura 77 - Vegetação invasiva decorrente dos desabamentos no complexo
Figura 74 - Antigo maquinário ainda existente na cervejaria Fonte: Haynosz, 2011
Fonte: Autora, 2016
Fonte: Autora, 2016
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13 estado de conservação 13.5 resoluções técnicas
13.6 parque das águas
No que se refere ao complexo arquitetônico da Cidadela Antarctica, foram diagnosticadas as principais patologias encontradas no local, determinando-se suas causas e possíveis soluções, conforme quadro 03. Este levantamento serviu como base para o desenvolvimento de resoluções estéticas no projeto de restauro do patrimônio. Quadro 03 - Tabela de patologias, causas e soluções
O desuso atual do Parque das Águas está atrelado a dois motivos: a sua falta de integração com a Cidadela Antarctica e a falta de manutenção dos seus equipamentos. A grande maioria dos usuários do Parque das Águas classificam a qualidade dos equipamentos públicos do local de forma negativa , como pode ser observado na figura 78. Durante os primeiros anos após sua inauguração, o parque foi bastante utilizado, mas com o passar dos anos deixou de ser atrativo para a população devido à vandalização (figura 79).
Figura 78 - Classificação para a manutenção dos equipamentos do Parque das Águas segundo os usuários.
71 55 37
11 4 péssimo
ruim
regular
bom
excelente
Fonte: Questionário aplicado pela autora, 2016
Figura 79- Desuso do Parque das Águas durante o dia
Fonte: Autora, 2016 Fonte: Autora, 2016
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13 estado de conservação 13.7 análise quantitativa e qualitativa
Quadro 04 - Tabela quantitativa e qualitativa do Parque das Águas
A fim de avaliar qualitativa e quantitativamente os elementos encontrados no parque foi realizado o diagnóstico do Parque das Águas, atentando-se a critérios como estado de conservação, quantidade e tipo de material, conforme quadro 04. Observa-se que a manutenção dos equipamentos está muito precária (figura 80), e a solução para este problema seria a aplicação do mesmo. As pichações e falta de água tornam o parque menos atrativo, bem como a disposição do layout e o próprio paisagismo, que desvalorizam o local (figura 81), tendo-se a maior utilização aos finais de semana na parte do gramado. Um dos parques infantis encontra-se bem deteriorado e o outro é recente (figura 82), no entanto, a localização desprivilegiada dos mesmos é o principal motivo de sua subutilização.
Figura 80 - Acesso ao Parque das Águas Fonte: Autora, 2014
Figura 81 - Caminho central do parque Fonte: Autora, 2016
Figura 82 - Novo parque infantil
Fonte: Autora, 2016 Fonte: Autora, 2016
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14 partido arquitetĂ´nico
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14 partido arquitetônico 14.2 escolha dos materiais
14.1 conceito es·pa·ço
pú·bli·co
adj. / s.m. 1. extensão tridimensional ilimitada ou infinitamente grande, que contém todos os seres e coisas e é campo de todos os eventos
adj. / s.m. 1. que serve para uso de todos
Os materiais que foram trabalhados na proposta de restauro da Cidadela Antarctica foram escolhidos respeitando-se as características estéticas, técnicas e funcionais originais do complexo. A integração da Cidadela e do Parque das Águas se relaciona na escolha dos materiais, portanto as escolhas para os dois espaços foram analisadas mais profundamente de acordo com o desenvolvimento do projeto. Em relação ao mirante, a escolha dos materiais está relacionada ao entorno no qual está inserido. A vegetação mais fechada, composta principalmente por pinus, sugere a aplicação de materiais em madeira como forma de mesclar o projeto na paisagem de forma passiva, sem deixar de ser um ponto focal.
A cidade, em constante mudança com seus espaços fragmentados e ruas para os carros e não para as pessoas, configura-se como um ambiente desestimulante e desordenado. Eis que desponta em meio a este caos urbano, um espaço que pode mudar essa relação: a Cidadela Antarctica e o Parque das Águas. Presentes desde os primeiros anos de fundação da cidade, hoje se encontram subutilizados e sem perspectiva de uma mudança nesse cenário. Sua requalificação é uma necessidade, assim como os espaços públicos são em Joinville. Mas, o que isso significa? Semanticamente, o espaço público pode ser entendido como um local que abriga todos os eventos, sendo útil a todas as pessoas que o utilizam. Um espaço PARA o público. Apropriar-se do espaço, torná-lo uma “segunda casa”, esta é a ideia para a requalificação da Cidadela e do Parque das Águas. Jovens, adultos, idosos, crianças, mulheres e homens; todos devem ter a possibilidade de se apropriar do ambiente! Um ponto de encontro para o happy hour da semana, um espaço para a família aos sábados e domingos, um ambiente de livre expressão e sem barreiras, onde todos possam circular livremente e apreciar a paisagem... Ah, a natureza ao redor, tão bela! O que seria de Joinville sem suas áreas verdes? Pausar o tempo para observar a vida, admirar a beleza da cidade, este lugar único. Encontrar paz e tranquilidade no mirante da Cidadela. Propor um espaço vivo no centro da cidade, um ambiente que permite a troca de conhecimentos e experiências, sem distinção entre público e privado; isso é essencial para criar cidades para as pessoas.
14.3 justificativa de anexos A área de intervenção corresponde a uma antiga instalação industrial, portanto, suas dimensões são suficientes para abrigar o programa de necessidades. No entanto, uma vez que a proposta de projeto vai além das edificações do espaço, abrangendo também sua área de entorno, mostra-se necessária a criação de um novo local: o mirante. Este anexo surge com a proposta de um espaço de contemplação, descanso e admiração da natureza. Portanto, seu partido arquitetônico parte da premissa de integração ao espaço externo e intervenção mínima na natureza.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Projetar um complexo arquitetônico com características fabris, como é o caso da Cidadela Antarctica, exige uma análise profunda acerca das problemáticas e potencialidades que podem ser encontradas nos espaços que compõem o conjunto. Isso se torna essencial para o desenvolvimento do projeto e direcionamento do mesmo em relação à linguagem visual e funcionalidade de suas edificações. Dentre os objetivos propostos para o projeto, destaca-se a busca pelo incentivo à arte e cultura na cidade, através da criação de espaços apropriados para sua produção e divulgação. Os galpões foram modificados de modo que consigam atender essa necessidade, bem como novos galpões foram acrescentados ao conjunto em vista dessa característica do projeto. O prédio da antiga cervejaria sofreu alterações internamente em busca da valorização da estrutura já existente, a retirada de forros e pisos para que o pé-direito fosse ampliado garante maior conforto e destaca o conjunto. Além disso, o projeto da conta com uma área de fabricação de cerveja, museu interativo e um boulevard na área externa. Tais espaços concluem os objetivos propostos em relação à valorização do patrimônio industrial ali existente, uma vez que o retorno de suas antigas funções cumpre tais metas. A interação com o espaço urbano se dá através do paisagismo e também com a modificação do terreno. A nova escadaria de acesso torna-se convidativa para os pedestres, ao mesmo tempo que as edificações se abrem para a rua, como acontece com a biblioteca pública e a cafeteria. Por sua vez, o Parque das Águas passou a ter novamente a água como elemento fundamental no espaço. O parque foi projetado de modo que se integrasse visualmente com a Cidadela, e também através de seus fluxos e usos. O espelho d’água se destaca, uma vez que representa a presença da água ao longo de todo o parque, de um modo interativo e diferenciado em diversos trechos. Além da integração com o parque, tem-se a integração com o terreno como um todo. As trilhas urbanas criadas permitem o acesso ao mirante, a nova edificação que se mescla em meio à paisagem, sem se perder em meio à mata. Portanto, é visível que o projeto consegue atingir os objetivos propostos. As análises desenvolvidas subsidiaram seu desenvolvimento, bem como o estudo aprofundado de referências e a vivência no complexo arquitetônico. Perceber a necessidade e anseios do público em relação à este espaço foi de vital importância para direcionar o projeto.
ANEXO 01 planta baixa parque das รกguas
Escala 1/500
Escala 1/500
ANEXO 02 planta primeiro pavimento cidadela antarctica
Escala 1/1000
ANEXO 03 PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO CIDADELA ANTARCTICA
Escala 1/1000
APร NDICE 01 questionรกrio
APĂ&#x160;NDICE 02 mapeamento de danos cidadela cultural antarctica
projeção do telhado +140.00
projeção do telhado
PALCO 48,41 m² cimentado liso
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000
projeção do telhado projeção do telhado
DEPÓSITO 32,19 m² cimentado liso
inclinação = 2%
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
GALPÃO ABERTO 988,53 m² cimentado liso
projeção do telhado
0.00
Nesta parte do complexo a estrutura se encontra bem deteriorada, comprometida pela ação de intempéries e insetos xilófagos, portanto se mostra necessária uma reconstrução do antigo galpão e reforço das tesouras.
ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
PLANTA BAIXA escala 1/100
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000
ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
PATOLOGIAS: perda de material descolamento de reboco descascamento de tinta rufo e calhas danificados mancha de ferrugem estrutura em madeira danificada
limo vegetação invasiva pichação intervenção artística fissura
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
Houve desabamento do telhado nesta área, necessitando, assim, de restauração da estrutura e tratamento da cobertura
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000
PATOLOGIAS: perda de material descolamento de reboco descascamento de tinta rufo e calhas danificados mancha de ferrugem estrutura em madeira danificada
limo vegetação invasiva pichação intervenção artística fissura ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
ELEVAÇÃO SUL escala 1/200
A parede dos fundos foi repintada, escondendo as patologias nesta fachada
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000
PATOLOGIAS: perda de material descolamento de reboco descascamento de tinta rufo e calhas danificados mancha de ferrugem estrutura em madeira danificada
limo vegetação invasiva pichação intervenção artística fissura
ELEVAÇÃO OESTE escala 1/200
ELEVAÇÃO SUL escala 1/200
Galpão com telhado original em lanternim substituído pelo telhado simples com duas águas
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
ELEVAÇÃO SUL escala 1/200
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000
PATOLOGIAS: perda de material descolamento de reboco descascamento de tinta rufo e calhas danificados mancha de ferrugem estrutura em madeira danificada
limo vegetação invasiva pichação intervenção artística fissura ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
A fachada foi repintada, escondendo parte das patologias no bloco
ELEVAÇÃO OESTE escala 1/200
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
edificações sem uso a serem demolidas edificações a serem mantidas parque das águas
ELEVAÇÃO SUL escala 1/200
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO escala 1/2000 ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
ELEVAÇÃO OESTE escala 1/200
PATOLOGIAS: perda de material descolamento de reboco descascamento de tinta rufo e calhas danificados mancha de ferrugem estrutura em madeira danificada
limo vegetação invasiva pichação intervenção artística fissura
ELEVAÇÃO NORTE escala 1/200
ELEVAÇÃO LESTE escala 1/200
ELEVAÇÃO SUL escala 1/200
ELEVAÇÃO OESTE escala 1/200