Caminhos da Escola do Meio Ambiente no Ensino Fundamental I
Botucatu/SP 2015
Concurso de fotografias em comemoração aos 10 anos da escola.
“Minha paixão” Edilene Lucia Bortolozzo Vieira - Monitora Ambiental da EMA
“Como um lugar tão belo pode se tornar ainda mais belo a cada dia!” Fernanda Campagner - Monitora Ambiental da EMA 2
Sobre a Escola do Meio Ambiente (EMA)
A Escola do Meio Ambiente localiza-se no município de Botucatu/SP e está sedimentada em três pilares principais: Trilhas temáticas interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas. Contempla em sua área um mosaico de ecossistemas: Floresta Estacional Semidecidual, Mata Paludosa, Cerrado e Floresta Implantada de Eucalipto, abrigando também as nascentes e a represa abastecida pelo Ribeirão Lavapés, curso de água que atravessa a zona urbana de Botucatu. Recebe, anualmente, cerca de 15.000 alunos da rede de ensino do município em suas diferentes trilhas e vivências socioambientais. A metodologia praticada na EMA foi desenvolvida a partir de sua própria realidade, tendo como inspiração a simplicidade da natureza, a qual se encontra dissolvida nos pilares da escola. Baseada no método peripatético (ensinar caminhando), a referida metodologia busca estabelecer, através de singelas vivências, um vínculo amoroso entre os visitantes e a Escola do Meio Ambiente. Deve ser lembrado que ninguém será capaz de amar o que não conhece e ninguém será capaz de preservar uma natureza com a qual não convive. Assim, na EMA, tudo é preparado com muito carinho e responsabilidade para que esse vínculo possa ser estabelecido e, desta forma, todos que pela Escola do Meio Ambiente passarem compreendam o valor de se educar para a vida, pela paz e pela solidariedade planetária. Afinal, o objetivo principal do método empregado pela Escola do Meio Ambiente é o de mostrar, há 10 anos ,que: infinito é o valor da VIDA! 3
About the School of the Environment
The School of the Environment – located in Botucatu/SP, Brazil, where it is known by its Portuguese acronym EMA – is founded upon three main pillars: thematic interpretive trails, socioenvironmental experiences and scientific research. Contemplate in your area a mosaic of ecosystems: Semidecidual Seasonal Forest, Swamp Forest, Savannah and Eucalyptus Forest Implantations, also sheltering the springs and the dam supplied by the Ribeirão Lavapés, a watercourse that crosses the urban area of Botucatu. The EMA hosts, annually, approximately 15.000 students from local (elementary and secondary) public schools on its different trails and socioenvironmental experiences. The methodology practiced at the EMA was developed from their own reality, taking as inspiration the simplicity of nature, which permeates the pillars of the school. Based on the peripatetic method (teaching while walking), the methodology seeks to establish, through uncomplicated experiences, a loving bond between visitors and the School of the Environment. It must be remembered that one cannot love what is unknown to him or her, nor preserve a slice of nature with which that person does not live. Thus, at the EMA, everything is prepared with great care and responsibility so that this bond can be established and, in this way, that all who experience the School of the Environment can come to understand the value of educating for life, for peace and for global solidarity. After all, for ten years the main objective of the method employed by the School of the Environment has been to show the infiniteness of the value of LIFE! 4
Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas
“Nós trouxemos a notícia de que eles (os índios) constituem uma sociedade tranquila, alegre. Ali, ninguém manda em ninguém. O velho é dono da história; o índio, dono da aldeia e a criança, dona do mundo” (Orlando Villas Bôas)
Formada pelo remanescente de Floresta Estacional Semidecidual de cerca de 8 hectares encontrado na Escola do Meio Ambiente, a “Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas” recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº 5.287, de 6 de setembro de 2011. A nomeação foi uma iniciativa da EMA em prol ao Ano Internacional das Florestas e uma homenagem aos Irmãos Leonardo, Orlando e Cláudio Villas Bôas, jovens que viveram em Botucatu, indigenístas e preservacionistas, que deixaram sua terra para entrar na história, desbravando o Brasil central através da “Expedição Roncador-Xingú” em 1943. (João Carlos Figueiroa - Historiador)
Bosque Frei Afonso Lorenzon
“Só a Deus toda honra e toda glória agora e para sempre. Amém!” (Frei Afonso)
O Oratório dedicado a São Francisco de Assis, presente na entrada da Escola do Meio Ambiente, foi bento pelo Frei Afonso Lorenzon, que já no primeiro contato com a área da referida escola mostrou um carinho especial pelo lugar. Sendo São Francisco o protetor da natureza, a Escola do Meio Ambiente, com o apoio da Câmara Municipal, nomeou oficialmente pela Lei nº 4.432 de 27 de novembro de 2012, o Bosque Educativo elaborado com o patrocínio da Unimed, Sabesp e Duratex, com o nome de Frei Afonso, um frade tão querido em Botucatu.
Represa Prof. Jorge Jim
“Na universidade, dar aula foi sempre a minha prioridade” (Prof. Jorge Jim)
Abastecida com as águas do Ribeirão Lavapés, a Represa Prof. Jorge Jim recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº5. 356, de 17 de abril de 2012. O Prof. Jorge Jim foi docente do Departamento de Zoologia da Unesp/Botucatu. Pesquisou os anfíbios anuros nos remanescentes de matas e entorno da região de Botucatu. Foi coordenador e incentivador das pesquisas de fauna na área da Escola do Meio Ambiente, trabalhando principalmente com anfíbios. Orientou estagiários de graduação e pós-graduação em pesquisas na área da referida escola. Sempre acreditou ser a Escola do Meio Ambiente a grande responsável pela preservação das nascentes e da represa do Ribeirão Lavapés, bem como dos remanescentes de floresta e cerrado encontrados nesta área. (José Luis Chiaradia Gabriel - Coordenador das pesquisas de flora na área da Escola do Meio Ambiente)
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Índice Caminhos da EMA no Ensino Fundamental I .................................... 07 EMEF “Américo Virgínio dos Santos” ................................................ 08 Monitora ambiental Maria Júlia Santa Rosa EMEF “Angelino de Oliveira” ............................................................ 12 Monitora ambiental Fernanda Campagner EMEF “Antenor Serra” ........................................................................ 16 Monitor ambiental Rafael Grassi do Nascimento EMEF “Dr. Cardoso de Almeida” ....................................................... 20 Monitora ambiental Fernanda Bertozzo EMEF “Elda Moscogliato” .................................................................. 24 Monitora ambiental Nádia Alves de Macedo EMEF “Francisco Guedelha” .............................................................. 28 Monitora ambiental Thaís Janaína Castagnaro EMEF “João Maria de Araújo Jr” ....................................................... 32 Monitor ambiental Paulo Alvarenga Sardenberg EMEF “Prof.ª Leonor Bicudo Vizenzzotto” ......................................... 36 Monitor ambiental Sílvio Henrique de Mattos EMEF “Prof. Martinho Nogueira” ....................................................... 40 Monitora ambiental Viviane Lara Biazon EMEF “Prof.ª Nair Amaral” ................................................................ 44 Monitora ambiental Edilene Lucia Bortolozzo Vieira EMEF “Rafael de Moura Campos” ..................................................... 48 Monitora ambiental Bárbara de Mendonça Heiras EMEFEI “Luiz Carlos Aranha Pacheco” .............................................. 52 Monitora ambiental Talita Rodrigues Rassini
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Caminhos da Escola do Meio Ambiente no Ensino Fundamental I Mesmo inserida nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), a Educação Ambiental ainda gera inúmeros questionamentos entre estudiosos e professores de como lidar com a teoria e a prática dos temas a ela relacionados. Os PCN’s orientam e afirmam ser a interdisciplinariedade a melhor maneira de trabalhá-las nas escolas, especialmente na forma de vivências. De acordo com SATO (2002), há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora da sala de aula, produção de materiais locais ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Trabalhar a educação ambiental é um grande desafio para qualquer escola, daí a importância de os monitores ambientais implantarem nas escolas vivências que as tornem espaços de ações sustentáveis. Para realização do presente projeto foram escolhidas 12 escolas da rede municipal de ensino de Botucatu, SP. Essas escolas selecionaram os anos escolares para receberem as vivências ligadas à temática: terra, água, ar e fogo. As vivências foram preparadas e aplicadas pelos monitores ambientais da Escola do Meio Ambiente (Secretaria Municipal de Educação), às terças, quartas e quintas-feiras, em cada uma das doze escolas municipais . Nesta edição publicou-se a temática trabalhada no primeiro bimestre do ano letivo de 2015. Os trabalhos apresentados aparecem em ordem alfabética do nome oficial de cada escola participante. Caminhos da EMA no Ensino Fundamental I é uma proposta inédita de a Escola do Meio Ambiente realizar vivências de educação ambiental na rede de ensino de Botucatu. Paz e Bem! Abraço fraterno, Eliana Gabriel Diretora da Escola do Meio Ambiente Referências: SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2002.
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“Escolas Municipais: Espaços de ações sustentáveis”
Monitora ambiental Maria Júlia Santa Rosa EMEF “Américo Virgínio dos Santos” Nosso planeta está em constantes mudanças, se transformando muito através de uma diversidade de vidas que estão interligadas. Entretanto essas mudanças vêm ocorrendo muito mais rapidamente, principalmente pela intensa ação do homem que interfere na natureza. Com a ampla distribuição humana pelo globo terrestre e hábitos ruins, grandes pressões nos ecossistemas estão sendo geradas, levando à poluição, contaminação e esgotamento dos recursos naturais bem com a perda da biodiversidade global. Educação e ambiente, são dois assuntos de enorme relevância no mundo contemporâneo e que, junto com a ciência, compõem uma tríade formada pelas mais importantes atividades portadoras do futuro (Fonseca, 2002). Tendo em vista esta problemática, a educação ambiental, vem para reforçar ações sustentáveis não somente na escola, mas também na comunidade em que estas crianças estão inseridas, e de uma maneira que os alunos possam desenvolver um senso crítico sobre o assunto. Assim o presente trabalho teve como objetivo trabalhar ações sustentáveis na rede municipal de ensino botucatuense, com crianças cursando o Ensino Fundamental I. Ele foi desenvolvido na escola Américo Virgínio dos Santos, uma escola compartilhada no município de Botucatu (sendo de manhã estadual e a tarde municipal), com os alunos dos seguintes anos: 1°, 2° e 4°. O projeto teve como duração oito meses e foi dividido por bimestre. Cada bimestre teve um tema relacionado aos elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) que, segundo Brasil (2012), devem ser os conteúdos para as escolas sustentáveis. Todos os assuntos visaram enfatizar a importâncias dos elementos na natureza, em nossas vidas, no dia a dia, permitindo assim que o próprio aluno tomasse suas conclusões sobre as atitudes humanas perante 8
ao planeta. Para que os alunos desenvolvessem um senso crítico sobre os assuntos abordados, outras dinâmicas foram desenvolvidas, além de aulas usando os recursos multimídia. No primeiro momento do projeto trabalhou-se o elemento terra. Neste tema, foi proposto a construção de um habitat na escola, permitindo assim que as crianças transformassem um espaço sem vida em um lugar de aprendizado e contato com a natureza. Foram feitos alguns canteiros, plantio em pets, plantio de hortaliças, flores, ervas aromáticas e produção de composto orgânico.
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A produção de composto orgânico permitiu que o lixo orgânico produzido na escola fosse reaproveitado, produzindo um adubo de boa qualidade, o qual pode ser utilizado nas próprias plantações da escola. Durante as atividades desenvolvidas na construção deste habitat, houve ainda uma roda de conversas com as crianças sobre a produção de alimentos, alimentação saudável, alimentos orgânicos e transgênicos para que todos se conscientizassem. Segundo Legan, 2012 as habilidades que as crianças aprendem em sala de aula e ao ar livre ajudam muito na construção da autoestima. Outra oficina oferecida, foi a de aquarela biológica, onde os alunos aprenderam que existem diferentes cores de terra, e com isso prepararam uma tinta que foi utilizada nas pinturas de tecido e papel. Antes de iniciar a atividade, foi contada uma história sobre a origem deste elemento. Depois, uma breve conversa demonstrou como o elemento terra está presente na vida das crianças e as maneiras que podemos utilizá-la.
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Outra atividade realizada com os alunos do 1° e 2° ano, foi uma dinâmica onde as crianças, em círculo, se transformaram em semente e ao longo da dinâmica iam crescendo e se transformando em árvores com ajuda dos elementos da natureza. Essa atividade permitiu, de uma maneira lúdica, que as crianças entendessem o desenvolvimento das plantas e sua interação com os elementos da natureza. Para enfatizar as maneiras de como os seres humanos contaminam esse elemento, foi proposto uma aula na sala multimídia, onde através de vídeos, houve a exposição de diversas formas de contaminação da terra como erosão, desmatamento etc. Para finalizar, em todo termino de ciclo, utilizamos um jogo educativo de tabuleiro, com perguntas e respostas, retomando todos os assuntos abordados de uma maneira bem lúdica. Como resultado do projeto, percebeu-se uma diferença nas atitudes das crianças perante os problemas ambientais existentes, mudando alguns valores educacionais, aumentando a consciência para as transformações do homem no ambiente tanto local (escola, casa e cidade) como as ocorridas globalmente. Referências BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Vamos cuidar do Brasil com escolas sustentáveis: educando-nos para pensar e agir em tempos de mudanças socioambientais globais. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Ministério do Meio Ambiente; elaboração de texto: Tereza Moreira. - Brasília: A Secretaria, 2012. GUARIM, Vera Lucia Monteiro dos Santos. Barranco alto: uma experiência em Educação Ambiental. Prefacio do Prof. Dr. Ozorio José de Meneses Fonseca. Editora Edufmt, Cuiabá, 2002. LEGAN, Lucia. A escola sustentável: eco-alfabetizando pelo ambiente. 2 ed. atualizada e revisada.-São Paulo: Imprenso FICIAL do Estado de São Paulo, Pirenópolis,GO: Ecocentro IPEC,2007.184p.:il.
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“O tatu e o lixo na escola” Monitora ambiental Fernanda Campagner EMEF “Angelino de Oliveira” O meu amigo Tatu-Galinha é um bicho muito esperto e curioso que vive na floresta. Ele gosta de morar lá, mas sempre arranja um jeitinho de ir para a cidade, isso porque gosta muito de brincar com as crianças. Pois é, há muito tempo atrás, mais ou menos semana passada, ele conheceu as crianças dos primeiros e segundos anos do Ensino Fundamental I da escola Angelino de Oliveira. E sabem o que ele descobriu? Que apesar de as crianças gostarem muito da natureza, dos rios, florestas, bichos e pedras, eles não percebiam que estavam ajudando a poluir o meio ambiente, jogando muitas embalagens de doces e salgados, além de muitos outros tipos de lixo. Mas não foi só isso que o Tatuzinho percebeu não, ele notou que as crianças também desperdiçavam muitos materiais escolares sem perceber. Foi quando conheceu uma pessoa muito especial, que se tornou sua nova amiga. Seu nome era Bugiganga. Ela era uma pessoa que gostava demais de comprar muitas coisas sabe.... usava tudo de uma só vez: vários relógios que funcionavam ou não, óculos de sol para dias de sol, nublados e para dias de chuva, além de celulares, muitos celulares. Tudo junto e ao mesmo tempo. Com isso produzia muito lixo por conta de todas as embalagens desses produtos. Não percebia que quanto mais comprava, mais lixo era produzido e isso prejudicava cada vez mais o meio ambiente. As crianças logo perceberam que precisavam ajudar essa pessoa a entender que com a natureza não se brinca não, viu... Com a ajuda desse ser especial e diferente, eles aprenderam 12
que desperdício e lixo não combinam com meio ambiente saudável. No final, a Bugiganga entendeu que não é preciso ter tantas coisas para se viver bem e decidiu mudar de atitude: decidiu que não iria mais comprar tantos produtos e nem iria jogar seu lixo em qualquer lugar da cidade, muito menos na floresta. Mas também pediu para que as crianças colaborassem com a limpeza da escola e pediu para que não comprassem mais tantas coisas e para que diminuíssem o desperdício de materiais em casa e na escola. As crianças toparam o desafio e começaram a trabalhar. Criaram uma patrulha para cuidar da escola. Primeiro mantendo a sala de aula limpa, depois cuidando do pátio e pedindo a colaboração dos colegas das outras turmas. Ah, o Tatu-Galinha colaborou também. Se divertiu tanto com as crianças... com sua energia, disposição e carinho. Não foi uma tarefa fácil e o Tatu vai precisar insistir ainda mais nisso, para ajudar as crianças a depositar o lixo no lugar certo. E assim, eles continuaram suas aventuras ouvindo histórias, pintando aquarelas com terra e aprendendo com música,
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muita música! Através das histórias, as crianças entenderam que o lixo pode dificultar a sobrevivência da vida no planeta. Com a pintura aprenderam que não é preciso comprar tintas para se fazer uma aquarela ou para desenhar... um pouco de terra de diferentes cores, água e um pouco de cola são suficientes para se fazer tinta em casa. As músicas os levaram a refletir sobre a relação de vida entre os animais, o meio ambiente e a atitude consciente de não poluir a natureza e nem a
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cidade. Inclusive se alguém estiver perto das janelas das salas da escola em um dia comum, poderá ouvir a canção: “Cavo, cavo, cavo lá no fundo... de vez em quando até encontro água... da nasceeeente tchiiiii “. E assim, o Tatu seguirá com suas aventuras, mas agora ajudando as crianças a cuidar da água do planeta.
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“A terra da Terra” Monitor ambiental Rafael Grassi do Nascimento EMEF “Antenor Serra” O presente projeto foi desenvolvido junto aos segundos, terceiros e quartos anos da EMEF Antenor Serra, localizada na zona sul da cidade de Botucatu, e constituiu-se por quatro eixos centrais, representados pelos quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo, divididos durante os quatro bimestres do ano letivo. Para dar início ao projeto, foi apresentada uma breve história que trata dos elementos naturais, mostrando-os como condição essencial à vida em nosso planeta. Foi relatada também a relação que a humanidade manteve e mantém ao longo de sua existência com os mesmos, às vezes de forma harmônica, em outros períodos de maneira predatória. Ao final, com base na história e em suas vivências, as crianças concluíram que são necessárias ações sustentáveis na interação homem x natureza, para que todas as espécies, inclusive a nossa, possam usufruir do que o planeta proporciona de uma forma que não comprometa sua renovação. No primeiro momento do projeto, o elemento escolhido para ser trabalhado foi a terra. Logo, um questionamento foi levantado: de onde veio a terra que conhecemos, que usamos em nossas plantações, nossos jardins e vasos, em nossas brincadeiras... Enfim, toda a terra que existe na Terra? A resposta dada foi: das rochas! E conversamos sobre a decomposição das rochas pelas intempéries e pelos seres vivos, que junto com a matéria orgânica constituem o solo, tão importante para todos nós. Mas fomos além: e as rochas que se 16
desmancharam para formar a terra, de onde vieram? Assim, voltamos ao tempo dos dinossauros, quando boa parte do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai era coberta pelas areias do chamado deserto Botucatu que se compactou formando um tipo de rocha denominada de arenito.
Depois, houve uma época de grande atividade vulcânica, que espalhou quantidades enormes de lava pela crosta terrestre. Esta, ao solidificarse, deu origem ao basalto, que cobriu os arenitos e misturou-se a eles. Portanto, aprendemos que a terra de Botucatu veio da erosão sofrida pelas pedras formadas a partir das areias de um antigo deserto, habitado por dinossauros e outras criaturas jurássicas, e da lava arrefecida de poderosos vulcões. Os alunos puderam então tocar fragmentos de arenito e basalto, observando as particularidades de cada rocha e sabendo que tinham em mãos milhões de anos. Com o pedaço de arenito ainda foi possível entender o funcionamento de um dos maiores reservatórios subterrâneos de água: o Aquífero Guarani, uma vez que o mesmo é formado por este tipo de rocha. Visualizamos como a água é rapidamente absorvida pela pedra porosa, dando ideia do que ocorre com a água da chuva quando entra em contato com as formações areníticas existentes nas camadas abaixo da superfície. Em outro dia, conversamos sobre os diversos tipos de solos, e o que os tornam diferentes: composição, tamanho dos grãos, relação com a água e etc. Dois exemplos de solos, arenoso e argiloso, foram apresentados 17
às crianças. Alguns animais de hábitos essencialmente terrestres também foram tema de nossa conversa, entre eles o tatu-galinha, cujo casco passou de mão em mão pela sala de aula, depois cada aluno recebeu um pouco de argila utilizando-a para moldar uma miniatura da carapaça do tatu.
Posteriormente, como exemplo de prática sustentável relacionada ao elemento terra, fizemos um mini minhocário a partir de potes de sorvete, um pouco de terra, algumas minhocas e resíduos orgânicos, que servem de alimento para as minhocas, as quais, por sua vez transformam aquilo que seria descartado no lixo em adubo natural. Outras atitudes simples que ajudam a preservar o solo também foram tema de nossa conversa, tais como, plantar árvores para evitar as erosões, deixar espaços em nossos quintais e calçadas que não sejam impermeabilizados para que parte da água da chuva possa ser absorvida, não enterrar nenhuma forma de lixo inorgânico, entre outras. Conclusão Com estas atividades pretendeu-se demonstrar a importância e a dimensão histórica das coisas e da relação homem x natureza. Mesmo aquilo que aparenta ser simples e imutável, como por exemplo, uma rocha ou um punhado de terra, na verdade remonta a milhões de anos da história do planeta e ainda está em constante transformação. Assim também é nossa relação com a natureza, apesar de o mundo aparentar estar “pronto e acabado”, essa ideia nada mais é do que uma ilusão, pois 18
tudo está em permanente processo de mudança, ou seja, nossa interação com a sociedade e com o meio natural está por se fazer. Com base neste pensamento, podemos construir tais relações da maneira mais harmônica possível, garantindo que a vida continue a desenvolver-se em sua plenitude. Finalmente, gostaria de agradecer aos alunos, funcionários, direção, coordenação e professoras pela cooperação. Referências FREITAS, M. J. C. C. Botucatu às margens do Tietê: cultura e sustentabilidade. Instituto Brasil Com. São Paulo, SP, 2008. MANCINI, S.G. et al. Educação ambiental na Escola. Ed. Ver Ampl. São João del Rei, MG: UFSJ, 2011.
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“O elemento terra como instrumento de educação ambiental ” Monitora ambiental Fernanda Bertozzo EMEF “Dr. Cardoso de Almeida” O projeto teve como objetivo geral o desenvolvimento de atividades de educação ambiental destinadas aos alunos do Ensino Fundamental I da EMEF Dr. Cardoso de Almeida. A escola está localizada na região central da cidade de Botucatu, SP e atende alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) nos períodos matutino e vespertino. Com base na constatação de que uma das maneiras de se promover a sustentabilidade no ambiente escolar é por meio da sensibilização dos alunos, foram propostas atividades lúdicas e educativas com temas relacionados aos quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo. O objetivo principal do tema escolhido para o 1º bimestre de 2015 foi oferecer atividades voltadas para o conhecimento da relevância e utilidade do elemento terra. As atividades foram desenvolvidas com os 209 alunos do período matutino, de terças à quintas-feiras das 10:45h às 11:30h. Foram dois encontros em cada turma totalizando 90 minutos de atividades. O primeiro encontro foi iniciado com contação de história, sendo apresentada: “Os Segredos da Natureza” Figura 1. Contação de história aos alunos dos 2os anos e 20
“O Lavrador que Virou Pedra” aos alunos dos 3ºs, 4ºs e 5ºs anos. Ambas as histórias têm em seu contexto o elemento terra de modo que foi possível fazer a conexão com o tema proposto. Após a contação, foi abordada a importância desse elemento destacando-se as diferentes formas de vida que podem ser encontradas. Também foi abordada a possibilidade de ser empregada em atividades artísticas como pinturas em papel, tecidos e colagens. Após a explicação foram apresentados aos alunos diferentes tipos de solos recolhidos na Escola do Meio Ambiente, sendo coletados de ambientes de: cerrado, Floresta Estacional Semidecidual, horta (terra misturada com composto orgânico) e floresta paludosa (de brejo). Os solos desses ambientes apresentaram, respectivamente, as seguintes colorações: bege claro, marrom claro, marrom médio e marrom escuro. Figura 2. Tipos de solo utilizados para preparação das tintas
No segundo encontro foi trabalhada a pintura com os diferentes tipos de solos apresentados no primeiro encontro como forma de valorizar o recurso oferecendo uma alternativa às tintas comerciais, tendo em vista que sua fabricação consome recursos naturais e é passível de provocar impactos ambientais. As tintas de terra foram preparadas previamente tendo em vista o curto período de tempo dispensado à atividade; foram utilizados água, terra e cola na proporção de 2:2:1. Em sala de aula, os alunos foram separados em grupos de quatro integrantes e a cada grupo foi entregue um kit contendo quatro pincéis, quatro tipos de tinta de terra e uma cartolina na qual os alunos puderam pintar de acordo com a criatividade, sendo o desenho livre. O único detalhe é que teriam que dividir o espaço da cartolina com os colegas. 21
Figura 3. Explicação da atividade de pintura com terra
Figura 4. Atividade de pintura com terra, em grupo.
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Figura 5. Alunos executando a atividade proposta.
As atividades pareceram agradar aos alunos de todos os anos trabalhados que executaram o que foi proposto com bastante interesse. Na maioria dos grupos foi observada sintonia entre os integrantes, sendo a pintura executada em conjunto com os alunos auxiliando uns aos outros. No entanto, houve grupos onde notou-se discordância devido a alguns integrantes não respeitarem o espaço destinado à pintura do colega o que causou discussões. Nesse caso foi necessária intervenção. Com base nos resultados observados pode-se concluir que atividades práticas e em grupo são uma forma de aprendizagem onde os alunos assimilam novos conteúdos de maneira bastante divertida. Notou-se também a dificuldade de alguns alunos em trabalhar em grupo, em dividir espaço e colaborar com o próximo. O trabalho em grupo é uma maneira de ensinar o aluno a viver em sociedade, a respeitar o espaço do próximo, um dos maiores problemas enfrentados pelas pessoas no momento em que vivemos. Alguns alunos vieram pedir maiores orientações posteriormente para poderem preparar a tinta de terra em casa e muito testaram e aprovaram. Esse é um indício de que a atividade de fato provocou o interesse dos alunos a ponto de quererem repetir a experiência em casa. Após executar as atividades em todas as salas, foi feita uma exposição dos trabalhos utilizando painéis que ficaram expostos no pátio da escola. O objetivo da exposição foi valorizar o trabalho dos alunos. 23
“Descobrindo o nosso tesouro: A Água” Monitora ambiental Nádia Alves de Macedo EMEF “Elda Moscogliato” O projeto foi realizado na Escola Municipal Elda Moscogliato. Inaugurada no ano de 2008, foi criada para atender a demanda das crianças da região da Rodovia Gastão Dal Farra. Ocupa um espaço grande e apresenta ampla área verde. Além disso, sua área é atravessada por um pequeno curso de água. Ela atende alunos do Ensino Fundamental I e II, em ambos os períodos. O trabalho realizado na escola teve inicio no mês de março e se estendeu até o final de abril de 2015, das 12h30min às 13h30min. As atividades foram desenvolvidas com cinco salas de 1° a 4° ano, sendo dois primeiros anos, do período da tarde. Com os primeiros e com o segundo ano, foi realizado um rodízio durante as quintas-feiras, totalizando três encontros no bimestre, em cada sala. Já com os alunos do 3º e do 4º ano, foram realizadas atividades em um dia na semana para cada sala, totalizando, aproximadamente nove encontros no bimestre, para cada uma. Em todas as turmas o assunto escolhido a ser trabalhado foi a água, porém com abordagens e metodologias diferentes. Para os primeiros e o segundo ano, foi realizado um trabalho mais lúdico. Durante a visita, uma história era contada, nas quais, algumas vezes, com a utilização de material de apoio, como por exemplo, um violão. Depois da contação, os pequenos eram convidados a participar de um momento artístico, onde desenhavam algo sobre a história que ouviram.
Desenho de dois alunos do 1º ano sobre uma das histórias contadas.
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Já para os alunos do 3º e 4º ano, foram elaboradas atividades especificas, porém, de uma maneira simples, tendo como intuito mostrar para os alunos o quanto esse recurso é importante não só para os humanos, mas para todos os seres vivos. Nascentes, poluição, vida existente e dependente da água, foram alguns assuntos trabalhados. Na maioria das vivências, foram realizadas atividades práticas, para que as crianças tivessem contato com materiais que muitas vezes não conheciam. As atividades ocorreram dentro e fora da sala de aula. Quando em sala, os alunos foram distribuídos de maneira diferente. Assim que entravam, as crianças arrumavam tudo para que as vivências fossem realizadas em roda, onde todos se sentavam ao chão. Como forma de avaliação, foram elaboradas atividades como textos coletivos, elaboração de poema, conversas e um jogo que finalizou o último dia de encontro. Nele, constavam perguntas sobre todas as aulas. Pude perceber que algumas atividades foram bem marcantes e muito bem aproveitadas. A seguir exemplificarei algumas: Tema da aula: Vida microscópica existente na água. Foi coletada a água da represa do Ribeirão Lavapés e levada para as crianças. No mesmo dia levei o microscópio, expliquei como funcionava, e contei sobre as formas de vida que iríamos conseguir ver com ele. Uma breve explicação sobre zooplâncton e fitoplâncton foi dada. As crianças observavam ao microscópio e em seguida indicavam em um banner o tipo de ser vivo que viam. Reação dos alunos: ao verem o aparelho, eles ficaram empolgados e souberam se comportar. Em ambos os anos poucos alunos não acertaram os tipos de seres vivos que eles haviam visto ao microscópio. Avaliação da aula: uma atividade foi dada para as crianças conforme elas viam o microscópio, pois foi uma forma de avaliar o que até então havíamos trabalhado nas aulas, e também foi uma forma de segurar a atenção deles dentro da sala, enquanto esperavam os outros alunos. A atividade foi a elaboração de um poema coletivo. No final, ele foi lido, passado para um cartaz e colocado na sala.
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Tema da aula: Vida macroscópica existente na água. Nesse dia, levei aos alunos algumas lupas, uma quantidade de água e matéria (vegetação) encontrada na beira da Represa Jorge Jim (Ribeirão Lavapés). Com a ajuda das lupas procuraram a vida existente ali naquela amostra. Em seguida foram colocadas todas em um pote e foi explicado cada ser vivo encontrado. Entre eles foram encontrados: barata d água, larva de libélula, girino de sapo e peixe. Reação dos alunos: eles ficaram eufóricos durante a aula e gostaram muito de conhecer os animais. Quanto à lupa, eles se mostraram muito curiosos. Avaliação de aula: Nesse dia a atividade durou a aula toda e a avaliação realizada foi através das observações. Tema da aula: Nascente. Esse tema foi abordado em ambas as séries, no terceiro dia de atividade. Na aula anterior, já havia introduzido o tema com uma história. Então, nesse dia levei para os alunos, um arenito Botucatu. Primeiramente levantei a discussão de como um rio nascia e retomei uma brincadeira que havia feito em uma aula, onde um grupo de alunos mencionou que tinha água embaixo da terra. Então introduzi o tema, mostrando o arenito e como ele absorve essa água. Depois de uma breve explicação e de todos terem manuseado a rocha, montei a experiência para que eles visualizassem o que eu havia dito. Em uma garrafa PET cortada coloquei algumas pedras representando o arenito, em seguida coloquei um pedaço de tecido para representar o limite entre solo e rocha e cobri tudo com serrapilheira. Logo após, joguei a água e eles foram observando a passagem dela até acumularem nas pedras e emergir na superfície. Reação dos alunos: o mais interessante observado na reação deles foram as expressões ao perceberem o que estava acontecendo, ficaram empolgados e mostraram o entendimento. Avaliação dos alunos: nesse dia, a minha avaliação foi observação. Porém, ao término da atividade, fiz um esquema na lousa de tudo que havia explicado e pedi para eles completarem os nomes onde as setas indicavam. Para a minha surpresa, até os alunos que apresentavam dificuldade de comportamento, souberam preencher. 26
Tema da aula: aplicação do jogo como conclusão das atividades. Essa foi a última aula dada sobre o tema água. Para ela foi elaborado um jogo de tabuleiro simples, onde as crianças deveriam jogar o dado, responder a uma pergunta e, se caso acertassem, caminhariam pelas casas. Todas as perguntas tinham relação com o tema abordado, e com os assuntos trabalhados em aula. Reação dos alunos: os mesmos demostraram interesse em brincar e se divertiram. Em alguns momentos tive que intervir, pois eles acabavam discutindo para saber quem mexeria nas pecinhas, ou jogaria o dado, pois dividi toda a sala em apenas 4 grupos. Avaliação: o jogo foi a própria avaliação, não dessa aula e sim de todas que foram dadas. Foi interessante, pois através dele percebi que os alunos realmente fixaram o tema, pois sabiam responder as perguntas. Comparando os dois anos, senti uma leve diferença, pois os do 4º ano foram mais precisos na resposta, acredito que pela maturidade deles ao assistirem a aula. Considerações Finais Acredito que o trabalho realizado na escola foi significativo para os alunos. Em cada aula dada, pude perceber a evolução dos pequenos, tanto em relação aos conhecimentos quanto ao tema proposto. Também foi notória a melhora de comportamento de muitos deles. Espero que, após o término dessa temática, eles reflitam sobre os problemas como poluição e desperdício e passem a enxergar o verdadeiro valor desse recurso, sabendo usá-lo e respeitá-lo.
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“Semeando ações sustentáveis” Monitora ambiental Thaís Janaína Castagnaro EMEF “Francisco Guedelha” Com o objetivo de auxiliar as escolas da rede municipal de ensino de Botucatu, no desenvolvimento da educação ambiental, a Escola do Meio Ambiente realizou no ano de 2015 o projeto Escola Sustentável, onde os monitores ambientais trabalharam durante o ano letivo a importância de se preservar os recursos naturais, focalizando bimestralmente um dos quatro elementos (terra, água, ar e fogo). Na escola municipal Francisco Guedelha, localizada no bairro Marajoara, o tema escolhido para ser abordado com os alunos durante o 1º Bimestre foi o elemento terra. Todos os anos escolares (1º ao 5º) participaram das vivências realizadas durante o bimestre, totalizando 181 alunos. Foram 90 minutos de atividades divididos em dois dias. Dentro do tema Terra, no primeiro dia de vivência, abordamos a formação do solo por meio de uma roda de histórias que, além de ensinar de forma lúdica, é um recurso alternativo que leva o aluno a adquirir experiências positivas com a leitura. A história escolhida foi: “O lavrador que virou pedra”, fala sobre o intemperismo, a formação do solo e o desenvolvimento da vida a partir do solo. Após a contação os alunos analisaram com o auxílio de pás e lupas uma porção de terra, buscando observar sua cor, seus pequenos grãos, presença de folhas, frutos, 28
sementes, restos de animais. Neste momento, foi iniciada uma conversa sobre as diferentes formas de vida que podemos encontrar no solo. Falamos sobre a importância do processo de decomposição e para isso os alunos observaram o casco do tatu e do jabuti.
Em seguida, levantou-se a questão sobre a importância da terra no dia a dia. As respostas trouxeram à tona a importância da preservação desse recurso tão importante. Os alunos foram questionados sobre as atitudes individuais que fazemos e que poderiam prejudicar o solo, pensamos então em atitudes, hábitos que poderíamos mudar para colaborar com a proteção dos solos. A maioria das turmas concluiu que o grande problema por eles enfrentado é o lixo jogado em lugares errados, que polui o solo e os rios, deixando também o bairro onde moram com uma aparência desagradável. Iniciou-se uma conversa sobre a diferença existente entre os solos. A argila foi apresentada aos alunos que a modelaram livremente, finalizando assim o primeiro dia de vivência. 29
No segundo dia de vivência potes com diferentes tipos de terras foram apresentados aos alunos que puderam olhar, cheirar, sentir a textura levantando hipóteses sobre o local de onde teria vindo aquela terra, e assim descobriram a diversidade do solo, as diferenças e importância de cada tipo. Depois, realizou-se uma atividade de aquarela com terra (mistura de terra, água e cola) e cada turma produziu as suas pinturas. Tentou-se relacionar a atividade com as datas comemorativas e projetos do currículo, como, por exemplo, pinturas para o dia das mães e cartazes sobre a dengue.
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Essa etapa do projeto foi bem aceita pelos alunos de todas as faixas etárias, durante a realização das atividades os mesmos se mostraram sempre interessados e participativos. A educação ambiental se faz necessária para que os alunos repensem valores e visão sobre temáticas relevantes como o lixo, recursos hídricos, problemas sociais, podendo haver assim, a partir deles, uma mudança de atitude e o compromisso de assumir novos hábitos. Referências Bibliográficas BRASL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente, saúde. Secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. Lisboa, C.P. et al. Educação ambiental: da teoria a prática. Ed Mediação , 2012.
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“Água, elemento fundamental à Vida” Monitor ambiental Paulo Alvarenga Sardenberg EMEF “Dr João Maria de Araújo Jr” O projeto foi desenvolvido na EMEF “Dr João Maria de Araújo Jr”, instalada desde o ano de 1972 na Vila São Lúcio em Botucatu. Atualmente, atende alunos do Ensino Fundamental I e II. As atividades de Educação Ambiental (EA) do projeto tiveram como público alvo os educandos do 4º ano, divididos em duas salas e com encontros semanais de uma hora de duração. Os quatro elementos da natureza - Água, Ar, Fogo (Sol) e Terra, foram os temas do trabalho para o ano letivo de 2015, sendo a Água o tema escolhido para as atividades do primeiro bimestre, nos meses de março e abril. Despertar a importância sobre esse recurso para a manutenção de toda forma de vida na terra e a importância de se preservar (economizar) foram os objetivos desse trabalho. Atividades como: contação de história, experiências, apresentação de modelos e fotos, conversas e desenhos, foram utilizados para a realização do trabalho. Para a realização da primeira atividade, as crianças foram dispostas em círculo na sala de aula e em seguida contada uma história sobre os quatro elementos. Para que houvesse silêncio durante a contação, foi utilizada a “Pedra do Silêncio” onde todos deveriam “assoprar” a voz e suas vozes ficariam presas na pedra até que a história chegasse ao fim. Após a história, a música “Xote Molhado” foi tocada e todos, com as letras da música em mãos, cantaram diversas vezes como forma de introduzir o tema: Água. 32
Essa música, depois de ensaiada, foi apresentada posteriormente para todos os alunos da escola em celebração ao dia mundial da Água. Para o segundo encontro, realizou-se uma disputa entre meninos e meninas com a seguinte questão: Onde se pode encontrar água? Diversas respostas foram ditas pelas crianças, como: rio, cachoeiras, piscina, poça, ponte, cano, caixa da água, árvore e ser humano. Com as respostas iniciamos uma conversa sobre onde mais se pode encontrar água. Logo após, foi mostrado alguns animais que vivem na água ou passam parte de sua vida nela (peixes, rãs, pererecas, sapos e tartarugas). Em seguida, duas experiências foram realizadas para demonstrar a evaporação da água. Um terrário com algumas plantas suculentas, coberto com filme plástico foi montando e também foi amarrado um saquinho plástico em um galho de árvore com folhas. Os terceiros temas abordados nas vivências foram bacia hidrográfica e nascente. Para a realização da atividade, foi esquematizado um desenho de uma bacia hidrográfica e nascente. Foi mostrada uma rocha de Arenito Botucatu (armazenadora de água-Aquífero Guarani) e lentamente despejado gotas de água sobre a rocha para que todos pudessem ver a absorção ocorrendo através da rocha. Como complemento da atividade foi montado um modelo de nascente. Em uma garrafa PET cortada, foram adicionadas pedras de brita (representando o Arenito). Acima das britas foi colocado um pano tipo estopa (representando a transição rocha-solo) e serapilheira (representando o solo). Foi então derramado água no modelo e todos puderam ver a água ocupando os espaços livres entre a brita e transbordando posteriormente para o solo. Como maneira de fixar o aprendizado foi proposto um desenho com o tema nascente. 33
Com uma garrafa contendo água da represa Jorge Jim em mãos, surgiu a seguinte pergunta: vocês acreditam existir alguma forma de vida nessa água? Diante da questão, iniciou-se a quarta atividade. De acordo com as respostas das crianças, uma breve explicação sobre plâncton e de como funciona um microscópio, instrumento que foi utilizado para a visualização das vidas ali existentes, foi proferida.
Para a quinta atividade foi levada à escola uma bacia contendo água e alguns seres vivos que podem ser encontrados na represa Jorge Jim. Divididos em três grupos (libélula, girinos e alevinos) para facilitar a realização da atividade, os educandos foram convidados a explorar com lupas a água que estava na bacia. Assim puderam ver com detalhes os animais ali presentes. Os nomes dos grupos fizeram referência aos seres encontrados na bacia auxiliando o aprendizado. Poluição das águas foi o tema do sexto encontro. Com o intuito de sensibilizá-los sobre a importância de ser preservar a água de todo o planeta contou-se uma história e posteriormente realizou-se uma apresentação com fotos de águas poluídas, com lixo e a dependência do homem com a água. Finalizando a vivência foi confeccionado um filtro. 34
Uma garrafa PET foi cortada, descartando-se o fundo. Com a garrafa de cabeça para baixo foi então colocado um pedaço de algodão de forma a preencher todo o gargalo, logo acima, areia fina, areia grossa e pedras de brita. Em seguida foi derramado no filtro água com sedimentos de terra. Todos puderam ver com atenção a passagem da água pelo filtro e por fim a água saindo limpa do outro lado. O último encontro do tema “Água” foi marcado por um jogo. O jogo, criado na Escola do Meio Ambiente – EMA, com perguntas sobre os assuntos abordados no projeto foi utilizado como forma de relembrar o que foi visto durante o bimestre. Divididos em quatro grupos as crianças lançavam os dados e andavam o número de casas, referente à soma dos dados caso respondessem corretamente as perguntas. Ao longo das atividades foi possível ver o envolvimento, entusiasmo e respeito dos educandos. Foi possível notar o entendimento das crianças por meio de suas reações e das atividades de desenhos propostas. O contato com o microscópio, instrumento novo para eles, foi enriquecedor para o aprendizado, além da curiosidade despertada. Pode-se perceber isso por meio das reações positiva e sorrisos quando conseguiam ver o que estava sendo mostrado no aparelho. A atividade em que foram utilizadas as lupas também proporcionou aos estudantes muita diversão. Além de observarem os seres vivos da represa, puderam também brincar e explorar com as lupas outros objetos. Outros dois momentos que merecem destaque foram o filtro e a rocha. Todos ficaram surpresos ao notarem que a água saía limpa após a passagem pelo filtro. A absorção de água pela rocha deixou todos espantados. Por fim as atividades de EA sensibilizaram os educandos sobre a importância da água para a vida, sua conservação e preservação.
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“A água como elemento de sensibilização” Monitor ambiental Sílvio Henrique de Mattos EMEF “Prof.ª Leonor Bicudo Vizenzzotto” Tornar a escola um espaço sustentável necessita de processos educativos permanentes e continuados capazes de despertar, no indivíduo e na coletividade, a construção de conhecimentos, valores, habilidades e atitudes ambientalmente justas e sustentáveis (BRASIL, 2012). Inaugurada em 20 de Setembro de 2014 pela ação social 174, a escola EMEF “Prof.ª Leonor Bicudo Vizenzzotto” localiza-se na Rua Antônio Henrique Vocci, 1455 - Jardim Cambuí, Botucatu - São Paulo. Pioneira no município como escola em tempo integral atende crianças do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) das 8h às 17h. O objetivo do projeto foi sensibilizar os alunos da escola sobre as problemáticas ambientais relacionadas ao uso inconsciente dos recursos naturais e estimulá-los a criarem uma nova consciência ecológica através de atividades lúdicas e simples. Desenvolvimento O projeto teve início no mês de março de 2015 e se estendeu até o final do mês de abril. As atividades foram desenvolvidas de terça a quinta-feira das 12h às 13h30min com alunos do 2º, 3º, 4º e 5º anos e a temática escolhida foi água. No primeiro dia de atividades, os alunos sentaram-se em roda no chão da sala de aula. Com uma dinâmica divertida nos apresentamos e iniciamos uma conversa sobre como seria desenvolvido o projeto e seu objetivo. Em seguida, a contação da história “Os quatro elementos da natureza” ocorreu de forma lúdica e descontraída. Antes de iniciar a contação, foi colocada, no centro da roda, a “pedra do silêncio”, como uma brincadeira de faz de conta, as crianças sopram nela e suas vozes ficam guardadas ali até o final da história, quando são devolvidas. Finalizamos o primeiro encontro com uma caminhada por todo espaço físico da escola, investigamos os locais onde se gasta água e para completar fizemos um levantamento do número de vasos sanitários e 36
torneiras. Em nosso reencontro conversamos sobre o levantamento realizado e foi proposta uma discussão com a seguinte indagação “Qual o local de maior gasto de água em nossa escola?”. Todos participaram ativamente da discussão, porém, a observação feita por um aluno de 7 anos foi surpreendente. Segundo ele, na cozinha deveria ocorrer o maior gasto de água, tendo em vista que a escola é de tempo integral e, portanto, todos os alunos fazem ali quatro refeições diárias. Porém observou que os funcionários deixam a louça de molho, para ajudar a remover a sujeira, depois lavam tudo de forma consciente evitando o desperdício. Isso apenas reafirmou que os exemplos que damos são muito mais importantes do que aquilo que simplesmente falamos. Noutro encontro mais uma Figura 1história foi contada (“A mulher Alunos desenhando após a contação da história de neve”), esta nos fez refletir sobre a importância da preservação da água. Para encerrar, as crianças puderam expressar sua imaginação através de um desenho utilizando lápis de cor e papel. Assim, nossos encontros seguiam com muitas outras atividades. Em um deles, fizemos à demonstração da quantidade de água no planeta. Uma garrafa PET cheia de água representava toda a água existente. Para representar a água presente nas geleiras utilizamos um copo, em uma tampinha de garrafa foi colocada a quantidade equivalente à água doce, presente em rios e lagos, dessa retiramos a porção de água potável, que foi representada por uma única gota, o que despertou espanto e apreensão nos alunos. Sobre a água existente nos seres vivos, foram levadas algumas amostras de animais preservados em vidros contendo álcool. Animais esses que compõe o acervo da Escola do Meio Ambiente. 37
Após a visualização dos animais, foram levantadas as seguintes questões: E as plantas? Existe água dentro delas? Para responder a essas questões fizemos uma atividade prática. Colocamos um saquinho plástico transparente amarrado em um galho com folhas de uma árvore da escola, para que os alunos a observassem todos os dias e chegassem as suas próprias conclusões. Passados três dias, os alunos já puderam observar uma pequena quantidade de água no fundo do saquinho, decorrente da transpiração da planta, o que gerou grande admiração por parte deles. Figura 2No encontro seguinte, discutimos Saquinho no galho da árvore. sobre o ciclo da água em nosso planeta. Com a ajuda dos alunos, iniciamos a atividade desenhando o ciclo na lousa. Em seguida, foi proposta a confecção de um terrário, utilizando galão de água de 5 litros cortado ao meio, pedriscos no fundo, terra e mudas de plantas suculentas e sementes de feijão. Montado o terrário, uma das crianças regou e a abertura do galão foi fechada com filme plástico e barbante. No dia seguinte observaram as gotículas de água evaporada grudadas no filme plástico e algumas caindo de volta na terra, formando-se assim um ciclo da água, as crianças ficaram muito entusiasmadas com o resultado. Figura 3Outro assunto trabalhado foi a Terrário confeccionado pelos alunos. poluição das águas. Iniciamos as atividades assistindo a dois filmes sobre esse assunto. Também foi mostrada a foto do rio que passa pelo bairro onde a escola está construída, causando alvoroço nas crianças, pois muitos reconheceram o lugar, sendo que alguns até já haviam nadado naquele rio. Para exemplificar a dificuldade encontrada em estações de tratamento de água, construímos um filtro com garrafa PET. Inicialmente, a garrafa foi cortada ao meio, invertendo a parte de 38
cima e encaixando na parte de baixo. Depois, os alunos foram colocando os materiais necessários para a filtragem na parte invertida da garrafa como: algodão, areia fina, areia grossa, pedriscos e cascalhos. Logo após, uma água barrenta e escura foi jogada lentamente e, passados alguns segundos, escorreu pelo bico da garrafa com uma coloração mais clara, despertando sorrisos nas crianças. Todos puderam concluir que quanto mais poluirmos, mais difícil será a filtragem da água nas estações de tratamento. Considerações Finais No início do projeto, algumas dificuldades foram Figura 4- Filtro confeccionado pelos alunos encontradas: a falta de costume com a realização de atividades práticas e a disposição dos alunos em sala de aula. Porém, no decorrer do projeto, os alunos se acostumaram com a dinâmica das atividades. A avaliação dos resultados do projeto foi feita de maneira continuada, através de observações do comportamento e do envolvimento das crianças durante as atividades e pela análise de seus desenhos, textos e depoimentos. Através dessas observações, foi possível perceber o aumento do interesse e da sensibilidade dos alunos em relação ao cuidado com o ambiente escolar, doméstico e natural. Também houve o despertar da curiosidade e o interesse pelos resultados das atividades práticas como o terrário e o saquinho na árvore, por exemplo, que despertaram grande entusiasmo neles. Espera-se que essa sensibilidade seja traduzida em menor consumo de recursos naturais, maior respeito por todas as formas de vida e numa convivência harmônica e saudável entre todos. Referência Bibliográfica Brasil. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Vamos cuidar do Brasil com escolas sustentáveis: educando-nos para pensar e agir em tempos de mudanças socioambientais globais. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão e Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2012.
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“A Beleza da Terra na Educação Ambiental ” Monitora ambiental Viviane Lara Biazon EMEF “Prof. Martinho Nogueira” O objetivo deste projeto foi o desenvolvimento de atividades de educação ambiental para alunos participantes do projeto Mais Educação na EMEF Prof. Martinho Nogueira. A unidade escolar, que fica no bairro da Boa Vista, região Central, é uma das mais tradicionais de Botucatu, SP e atende alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) residentes nos bairros: Vila Mariana, Vila Maria, Boa Vista, Bairro Alto, uma parte do centro e sítios e chácaras das redondezas, nos períodos matutino e vespertino. Através de observações notou-se a necessidade de sensibilizar os alunos dentro do ambiente escolar com relação ao meio ambiente, propondo-se atividades educativas com temas relacionados aos quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo. No 1º bimestre de 2015, o elemento “Terra” foi estudado mostrando sua importância no planeta. Os alunos que participaram do projeto foram os mesmos durante todo o período, 15 a 20 alunos (turma A de 1º a 3º ano) e 15 a 20 alunos (turma B de 4º a 5º ano) totalizando de 30 a 40 alunos por semana. Devido a isso tiveram oportunidade de estar em contato com mais atividades relacionadas ao elemento Terra. As atividades foram desenvolvidas de terças a quintas-feiras sendo 90 minutos de atividades para a turma B e 45 minutos para turma A por semana. Assistiram a vídeos educativos sobre ecossistemas brasileiros diferentes, observando a relação da Figura 1. Vídeo e desenho na lousa. 40
vegetação e o solo. Os ecossistemas foram: Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado e Caatinga. Após os vídeos, desenharam na lousa ao que assistiram. Diferentes tipos de solos recolhidos na Escola do Meio Ambiente foram apresentados aos alunos do projeto, sendo coletados de ambientes de: cerrado, floresta estacional semidecidual, horta (terra misturada com composto orgânico) e floresta paludosa (de brejo). Os solos desses ambientes apresentaram, respectivamente, as seguintes colorações: bege claro, marrom claro, marrom médio e marrom escuro. Com esses solos coletados eles fizeram pinturas utilizando terra, cola e papel. O desenho foi feito com cola no papel e depois espalhada a terra sobre essa cola. As diferenças de cores de solos e os formatos finais dos desenhos após a secagem da cola encantaram as crianças.
Figura 2. Desenho com cola e terra.
Para entenderem melhor sobre a influência do solo no tipo de vegetação, eles realizaram desenhos de plantas provenientes de ecossistemas diversos. Essa atividade despertou a curiosidade dos alunos, levando-os a observarem melhor o ambiente em que vivem. 41
Figura 3. Desenho dos diferentes tipos de folhas.
Continuando a conscientização e sensibilização dos alunos, eles aprenderam a realizar plantios de mudas de flores. Essa atividade teve
Figura 4. Plantio de mudas de flores.
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como objetivo plantar uma semente de responsabilidade no coração dos alunos, para que cuidassem melhor não só das mudinhas que plantaram, como de todas as plantas da escola. Para finalizar as atividades com o elemento terra, todos os alunos receberam um recipiente transparente, onde colocaram em camadas os diferentes tipos de solos estudados durante o período. Esse mostruário de solos servirá como recordação visual de tudo que fizeram.
Figura 5. Montagem do mostruário de solos.
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“Re-descobrindo a terra como elemento fundamental à Vida” Monitora ambiental Edilene Lucia Bortolozzo Vieira EMEF “Prof.ª Nair Amaral” O projeto foi desenvolvido na EMEF Prof.ª Nair Amaral, escola de Ensino Fundamental I, localizada no Bairro 24 de Maio, na cidade de Botucatu, que recebeu esse nome para homenagear a professora Nair Antônio Amaral, que dedicou mais de 30 anos ao magistério com muito amor e determinação. Atualmente, atuam na direção Dilene Nobile e na coordenação Talita Padilha. Realizado 3 vezes por semana, ao longo do ano de 2015, o projeto teve como temas centrais os 4 elementos da natureza, que são fundamentais à vida, sendo eles: Água, Terra, Fogo e Ar, onde cada tema foi abordado em um diferente bimestre do ano letivo. O horário de desenvolvimento do projeto foi das 12h às 13h45min e teve como público alvo crianças dos 1ºs e 4ºs anos. O tema escolhido para a redação deste artigo foi o elemento terra. Para isso, durante o 2º bimestre, esse elemento foi explorado de diferentes maneiras, a ponto de despertar o interesse das crianças pelo tema e também a sensibilização para a importância do mesmo em nossas vidas e em nosso dia a dia. Para todas as turmas, o desenvolvimento do projeto deu-se de forma semelhante, com os mesmos temas, sendo apenas abordados de maneira diferente de acordo com as séries. Num primeiro momento, o elemento terra foi apresentado às crianças e demonstrada sua importância fundamental para a sobrevivência de todas as espécies, pois é através da terra, do plantio e do solo que nossa existência ainda é possível. Sem ela, nenhum alimento é produzido. Tudo que consumimos, por mais industrializado que seja, teve sua origem primária na terra. Através de vídeos de conscientização, as crianças puderam rever seus conceitos sobre o tema. Antes da realização do projeto, a terra era apenas algo onde se faziam brincadeiras de barro e se sujavam. Apesar de muitas crianças do projeto possuírem terra em seus quintais, poucas 44
delas entendiam seu verdadeiro valor e utilidade. Várias estratégias foram utilizadas para abordar o tema, entre elas a dinâmica da patrulha, onde percorremos o terreno da escola, verificando seu solo, sua área verde e a biodiversidade ao redor da escola. Verificamos que a escola apresenta uma grande área com terra, mas com pouca vegetação e baixa biodiversidade. Isso nos preocupou muito e em discussão com as crianças, chegamos à conclusão que precisaríamos realizar plantios e iniciar o reflorestamento da escola. Num segundo momento, observamos as consequências da terra seca, com erosões, sem nutrientes e o excesso de construções de concreto em locais que antigamente só se viam plantações. Observamos o que o desmatamento e as queimadas trazem de ruim ao solo e ao meio ambiente. Vimos que as mudanças climáticas estão ocorrendo, prejudicando os solos, a vida nas florestas e nas cidades. Isso tudo sensibilizou muito as crianças e estas foram despertadas para o início de uma mudança. Resolvemos então, tomar uma atitude, pois se cada um fizer a sua parte, as crianças, que serão os adultos de amanhã, terão uma qualidade de vida melhor e ajudarão a salvar o meio ambiente. Começamos a colocar as mãos na terra para o plantio de flores e folhagens. Em seguida, dando continuidade ao plantio, resolvemos criar hortas verticais móveis, feitas com cavaletes, ripas de madeiras e canos de PVC. Os canos foram cortados ao meio e furados na parte de baixo para o escoamento da água. Montadas, as hortas foram pintadas e estilizadas com temas da natureza. Nesses canos, foram adicionados terra com composto orgânico e em seguida, as crianças plantaram mudas de verduras e hortaliças. Lembrando que todas as crianças participaram do plantio, colocaram as mãozinhas na terra e até o presente momento se revezam para o cuidado das mesmas. 45
Continuando o plantio, que foi a atividade que as crianças mais gostaram de realizar, fizemos vasos com garrafas PET e também plantamos mudas de boldo e zebrinhas. Estes foram pendurados no corrimão da escada da escola. A mudança visual foi muito grande. Além de enfeitar, o verde das plantas deu vida e auxiliou muito no início do reflorestamento da escola, despertando o amor das crianças pelo plantio. Com a etapa dos plantios terminada, passamos a outros tipos de vivências também envolvendo a terra. Houve contação de histórias, leituras de livros, outros vídeos de conscientizações, desenhos sobre o tema e história coletiva, onde cada aluno era o autor de uma passagem da mesma, que contava a sua experiência com o elemento terra. A música “Terra Boa” (autor: Arnaldo Pereira), presente no CD “Escola do Meio Ambiente EnCantando”, foi ouvida para fortalecer o vínculo das crianças com a terra e com a natureza. Para finalizar o trabalho, levei para visualização das crianças terras com diferentes cores. Todos ficaram maravilhados com as cores apresentadas. Após a visualização das terras “in natura”, foi feito tinta com as mesmas, onde se acrescentou água e cola branca. Encerrando o bimestre, as crianças pintaram com essa tinta em folhas sulfite finalizando nossa proposta de conscientização da importância e utilidade da terra. 46
Considerações finais O projeto sobre os 4 elementos foi de grande importância para as crianças pois, através dele, tiveram experiências e vivências novas. Essa teia da vida, que interliga a água, terra, fogo e ar foi melhor compreendida pelos alunos, que passaram a ter mais respeito e carinho com o meio ambiente. Com esse projeto, as crianças tiveram a oportunidade de auxiliar e atuar em prol da natureza. Assim como compreenderam muito bem toda problemática envolvendo a falta d’água e conseguiram com muita facilidade entender a importância da terra para todos os seres vivos e a sua ligação com os outros 3 elementos. O projeto não beneficiou somente as crianças, pois todo esse aprendizado foi também transmitido aos seus familiares e amigos, conforme vários exemplos que tive com a narração das crianças. Não podemos nos esquecer: tudo o que é produzido e consumido, faz parte da natureza, assim como nós e os demais seres vivos. Portanto, temos o dever de cuidar e preservar, para que nosso amanhã seja melhor do que o hoje! Somos co-autores da nossa própria existência!
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“Espaços de Ser e Aprender: Vivências socioambientais” Monitora ambiental Bárbara de Mendonça Heiras EMEF “Rafael de Moura Campos” Este artigo relata o desenvolvimento de atividades de educação ambiental denominadas vivências socioambientais que foram executadas dentro do projeto “Escolas Municipais – Espaços de Ações Sustentáveis”, desenvolvido pela Escola do Meio Ambiente em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação do município de Botucatu-SP. A unidade escolar escolhida para atuação foi a EMEF “Rafael de Moura Campos”, escola que fica situada na região central da cidade de Botucatu, próxima à rua Amando de Barros, conhecida pelo comércio abundante e próxima ao ribeirão Lavapés, um dos principais rios da cidade. O eixo temático do projeto “Escolas Municipais – Espaços de Ações Sustentáveis” são os quatro elementos da natureza: Terra, Água, Ar e Fogo. Para o primeiro bimestre de 2015 foi escolhido o elemento terra para realizar as atividades com os alunos. As vivências socioambientais foram realizadas, com aproximadamente 45 minutos de duração e em quatro salas de aula do ensino regular: dois 4ºs anos e dois 5ºs anos do período da manhã. Ao todo foram atingidos pelas atividades desenvolvidas cerca de 115 alunos. Cada turma participou de quatro vivências, pela idade dos alunos serem muito próximas e os anos serem os anos finais do Ensino Fundamental I, as vivências foram as mesmas para as quatro turmas, com alguma adequação de linguagem e conteúdo respeitando o próprio desenvolvimento cognitivo e pedagógico do aluno na sua escola. Para começar o projeto na escola a primeira vivência contou com a minha apresentação como monitora, expliquei aos alunos como o projeto seria desenvolvido ao longo dos bimestres, tirei as dúvidas e busquei conhecê-los um pouco melhor para direcionar de forma mais proveitosa às futuras atividades. Feito isso utilizei a contação de histórias para introduzir o elemento terra na vivência, salientando que seria o tema do nosso primeiro bimestre. 48
A escolhida foi “O Lavrador que virou pedra”, que narra a história de um homem muito duro e insensível perante a natureza que o cerca e que de certa forma é amaldiçoado por um pajé caso não reveja suas ações destrutivas. O pajé o transforma-o em pedra e ele passa a rever suas ações, e de pedra aos poucos ele vai se tornando solo. Dessa forma e com uso da pedra do silêncio e de instrumentos de sons, de pedras e de terras os alunos puderam perceber de maneira lúdica o tema proposto e depois realizar um desenho sobre a mensagem da história. No segundo encontro busquei retomá-la para explicar a formação do solo, desde a pedra que o lavrador havia se tornado até seu desgaste e sua transformação em solo. Também foram abordados os diversos tipos de solos da região de Botucatu, com exposição de amostras coletadas na Escola do Meio Ambiente, do leito do ribeirão Lavapés e do jardim. A terceira vivência com os alunos foi de análise de solos, buscando compreender a estrutura dos mesmos e sua relação com a agricultura, suas cores e seus componentes, a vida associada à terra (macro e micro) e as diferenças entre eles. Para isso foram recuperadas as amostras utilizadas anteriormente, sendo os alunos divididos em grupos. As amostras foram colocadas sobre papel disposto nas carteiras e analisadas com o auxílio de pás e lupas.
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Após a análise os alunos descreveram e compartilharam o que haviam visto e percebido de cada solo em uma roda de conversa, onde dúvidas foram sanadas e o conhecimento desenvolvido pelos alunos em sua experiência foi compartilhado. A quarta e última vivência dentro do tema terra explorou os diversos usos desse elemento, para a agricultura, para as cidades, para a fauna e flora e para a cultura e as artes. Para tanto foi desenvolvida uma atividade com aquarela de terra, os alunos aprenderam a fazer tinta com terras de diferentes tonalidades e a partir daí criar e soltar a imaginação em cartolinas.
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Ao final das atividades realizou-se uma pesquisa com os alunos sobre a satisfação dos mesmos em relação a tudo o que foi proposto, houve sugestões para os próximos módulos e os alunos se mostraram bastante envolvidos no projeto. Os questionamentos sobre o tema proposto, o gostar das vivências realizadas e as conversas demonstraram que os alunos puderam ampliar seus conhecimentos sobre o elemento terra e sua relação na vida cotidiana e na realidade socioambiental local. Foi muito proveitoso o desenvolvimento do trabalho e muito divertido, demonstrando que é possível realizar uma educação ambiental com construção de conhecimentos, arte e com muita alegria.
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“Brincando com a terra” Monitora ambiental Talita Rodrigues Rassini EMEFEI “Luiz Carlos Aranha Pacheco” Este artigo relata as atividades do primeiro módulo do projeto “Escolas Municipais – Espaços de Ações Sustentáveis”, desenvolvido pelos monitores ambientais da Escola Municipal do Meio Ambiente do município de Botucatu-SP. O projeto teve como eixo temático os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo, sendo cada um destes trabalhado ao longo de um bimestre do ano de 2015. No primeiro módulo escolhemos como tema o elemento terra para ser trabalhado na EMEFEI Professor Luiz Carlos Aranha Pacheco, com todos os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, sendo duas turmas do período da manhã e duas da tarde. As vivências foram realizadas com uma duração de aproximadamente trinta minutos por turma, sendo que cada uma participou de quatro atividades ao longo do bimestre. Ao todo cerca de 120 crianças foram contempladas com as atividades de educação ambiental. A Escola está localizada na região Norte da cidade e atende crianças do Ensino Infantil e Fundamental I. Foi municipalizada em 03 de janeiro de 2000, através do convênio “Programa de Ação e Parceria Educacional Estado – Município”. As atividades foram desenvolvidas buscando a sensibilização das crianças sobre a importância do elemento terra. Foram utilizadas atividades lúdicas para tal, por meio de contação de histórias, jogos, aquarela e experiências práticas em sala de aula. As atividades foram desenvolvidas de terça a quinta-feira das 11h00 às 11h30 com os alunos do período matutino e das 12h30 às 13h00 com os do período vespertino, totalizando 120 horas de atividades/turma. Na primeira atividade fez-se uma roda de conversa onde as crianças expuseram as ideias que tem do que é a terra, de como ela se compõe e sua importância no nosso dia a dia. Em seguida contei uma história à turma e pedi que fizessem um desenho sobre ela. 52
Figura 1: Desenho sobre a história: “Gengis Khan e seu Falcão”.
No segundo dia de vivência foram apresentados diferentes tipos de terra coletados na área da Escola do Meio Ambiente (EMA). Nesta atividade as crianças puderam perceber as diferenças de cor, consistência e umidade dos solos. Realizamos também a observação destes solos ao microscópio.
Figura 2: observação de terra no microscópio.
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Na sequência um vídeo sobre a formação dos solos foi apresentado. Após a observação da terra ao microscópio e o vídeo, os alunos descreveram e desenharam o que haviam visto e aprendido sobre o solo. No terceiro encontro desenvolvemos uma atividade de aquarela com terra, a partir dos diferentes solos da EMA apresentados na atividade anterior. Os alunos aprenderam como fazer a tinta e, divididos em grupos, desenvolveram a atividade sobre cartolinas. A ideia foi apresentar uma nova utilidade do elemento, sendo esta uma forma alternativa às tintas comerciais, tendo em vista que sua fabricação consome recursos naturais e é passível de provocar impactos ambientais. No quarto e último encontro com as turmas, fizemos uma conversa em roda e uma brincadeira chamada: O que é um Jardim? Nesta brincadeira conversamos tendo como perguntas norteadoras as seguintes: • O que é um Jardim? • Alguma planta é sua amiga? • Onde está o jardim mais próximo a você? • Para que cultivamos jardins? • O jardim é brincadeira na sua vida? Ao final da atividade pedi que desenhassem o que para eles seria um jardim especial.
Figura 3: Desenho de Jardim.
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As atividades foram bem aproveitadas pela maioria dos alunos. Todos demonstraram bastante interesse pelos temas apresentados, participaram tirando dúvidas e trazendo novidades às vivências. Em algumas das atividades propostas em grupo, as crianças demonstraram que sabiam trabalhar desta forma, o que fez com que o aprendizado se tornasse mais descontraído. Com a finalização das atividades do módulo “terra” as cartolinas pintadas com a aquarela de terra foram coladas nas paredes das salas de aula entre as turmas participantes, de forma que todos os alunos pudessem ver os trabalhos do projeto.
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