Expedições: Área de Cerrado da Escola do Meio Ambiente e seu Entorno

Page 1

Expedições: Área de Cerrado da Escola do Meio Ambiente e seu entorno 1ª edição

“Em que afundamos num cerrado [...] E as árvores iam se abaixando, menorzinhas, arregaçavam saia no chão [...]

De longe vez, capins mortos e uns tufos de seca planta feito cabeleira sem cabeça.

Guimarães Rosa

Botucatu/SP 2013


O Núcleo de Desenvolvimento Humano auxilia a Diretoria Executiva no planejamento e execução das atividades educativas da Unimed. Seu foco é organizar e monitorar as ações de integração entre a Unimed de Botucatu e seus vários públicos: colaboradores, cooperados, prestadores de serviço, clientes e comunidade em geral. Em Botucatu as primeiras atividades do Núcleo de Desenvolvimento Humano voltam-se para a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável e por isso foi desenvolvida a parceria com a Escola do Meio Ambiente – EMA - da Secretaria Municipal de Educação. A Unimed de Botucatu já é certificada com o Selo de Responsabilidade Social desenvolvido pelo Sistema Unimed e também apoia a Fundação Abrinq. Além disso possui 5 programas sociais de grande alcance local, desenvolvidos pela AMUB – Associação da Mulher Unimed de Botucatu. São eles: SOMMAR para o público interno da cooperativa; INTER@ÇÃO, para inclusão digital; VIDA ILUMINADA para deficientes visuais; AMMA, para coleta de leite materno e ACREDITAR, apoio a projetos comunitários desenvolvidos para integração social através do esporte ou da cultura. A AMUB ainda realiza várias ações para atender as necessidades da sociedade botucatuense. No âmbito do Meio Ambiente busca a experiência da EMA para implementar ações que farão a diferença na qualidade de vida de toda a comunidade. Afinal, Saúde e Qualidade de Vida são valores cultivados pela Unimed de Botucatu. 2


Caminhar, observar, fotografar: uma proposta para a Educação Ambiental Paz e Bem!

Chamado injustamente de mato, este é o Cerrado, vegetação associada ao centro-oeste brasileiro, mas que atravessa o território paulista, estando em Botucatu fragmentado em pequenas manchas. Esta publicação ilustra um passeio fotográfico das paisagens e da observação de algumas espécies de plantas típicas dos fragmentos do cerrado de Botucatu encontrados na área da Escola do Meio Ambiente (EMA) e no seu entorno. “Guerreira”, pilosa, retorcida, grossa e espinhenta: são algumas características da flora do cerrado para se defender dos predadores, do fogo e enfrentar a perda de água em terrenos de difícil sobrevivência, peculiaridades que também atraíram nossos olhares de biólogas forasteiras! As caminhadas foram realizadas por mim e pela Sibele, nos períodos da manhã e da tarde, entre os meses de agosto a outubro de 2013. Nossa intenção com este trabalho foi apenas motivar o uso dessa ferramenta nas vivências ambientais, por isso as fotos aqui publicadas mostram olhares buscadores de VIDA! Em meio ao prazer de caminhar pela área da escola, a dádiva da contemplação! E contemplação envolve treino, pois o olhar não é passivo, mas sim uma atividade intensa que nos permite vasculhar o que está a nossa volta, selecionar pontos de interesse, perceber alguns elementos e desconsiderar outros. Costumo brincar, aqui, na EMA, com uma frase dada em entrevista ao programa Roda Viva, pelo renomado fotógrafo Sebastião Salgado: “Fotografar o ambiente é como andar de bicicleta, se parar de pedalar cai”. Por isso, eu e a Sibele, vamos continuar “pedalando” em outras expedições, aqui, pela área da Escola do Meio Ambiente e também pelos remanescentes de vegetação encontrados no seu entorno. Até nosso próximo encontro! Abraço Fraterno Eliana Gabriel Diretora da Escola do Meio Ambiente 3


O Cerrado de Botucatu por José Luís Chiaradia Gabriel A vegetação do cerrado ocorre sobre solo predominantemente arenoso, portanto com baixa capacidade de retenção de água. O teor de matéria orgânica é, normalmente baixo, ficando entre 3 e 5%. Como o clima é sazonal, com um longo período de seca, a decomposição do húmus é lenta. Quanto às suas características químicas, eles são bastante ácidos, com pH que pode variar de menos de 4 a pouco mais de 5. Esta forte acidez é devida em boa parte aos altos níveis de alumínio, o que os torna aluminotóxicos para a maioria das plantas agrícolas. Níveis elevados de íons Fe (Ferro) e de Mn (Manganês) também contribuem para a sua toxidez. Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.Por todas essas razões o Cerrado abre a série de publicações da EMA intitulada Expedições.

4


Fitofisionomia dosFragmentos de Cerrado

Vista geral do cerrado localizado entre a Escola do Meio Ambiente e o Cemitério Jardim.

Vista geral do cerrado localizado entre a Escola do Meio Ambiente e o CAIS Professor Cantídio de Moura Campos. Local onde se abrigam as nascentes do Ribeirão Lavapés.

5


Vista geral do cerrado localizado entre a Escola do Meio Ambiente, a Fundação CASA e a Embraer.

Vista geral do cerrado localizado entre o Espaço da Mata, a Instituição Toledo de Ensino (ITE) e a Rodovia Prof. João Hipólito Martins, SP 209 (Castelinho).

6


A força da vida no cerrado

Regeneração da vegetação do cerrado e floração após queimada.

Bem-me-quer (Aspilia foliacea), possui a florada estimulado pelo fogo. 7

A planta carnívora Drosera intermedia.


A influência da água no cerrado

Nascentes do Ribeirão Lavapés em meio ao cerrado.

O botão-do-banhado (Eriocaulon ligulatum) com suas folhas lisas. 8


A inflorescência cilíndrica da taboa (Typha dominguensis).

A gabiroba (Campomanesia pubescens), em tupi-guarani, “fruto da casca amarga”.

Leiothrix flavescens - as charmosas flores da sempre viva do cerrado. 9


A beleza própria do cerrado

O fruto exótico do arapari (Zeyheria montana).

A quaresmeirinha-do-cerrado (Tibouchina stenocarpa) dando um toque de elegância ao seu recanto. 10


Frutos e flores do pau-santo (Kielmeyera coriacea), uma ĂĄrvore melĂ­fera.

11


Capim barba-de-bode (Aristida jubata), planta nativa característica dos campos paulistas segundo o botânico Alfred Usteri. Barbatimão (Stryphnodendrom adstringens) com suas delicadas flores densamente reunidas em espigas.

12


Paina-do-cerrado (Eriotheca gracilipes), fruto e árvore. Em breve os frutos se abrirão e as sementes serão levadas pelo vento para germinarem com as primeiras chuvas.

Laranjinha-do-cerrado (Styrax ferrugineus), com grandes estames amarelos produzindo muito pólem. 13


A beleza do pequizeiro (Caryocar brasiliense) florido atraindo seus visitantes.

O juĂĄ-bravo (Solanum aculeatissimum) e sua visĂ­vel defesa. 14


A mimosa rosa-do-campo (Lippia lupulina).

A beleza natural da Lippia salviaefolia.

A presença marcante da BromÊlia (Aechmea bromeliifolia). 15


Miconia fallax, rústica, suas folhas mostram as adaptações para a retenção de água.

Murici-do-campo florido (Byrsonima intermedia), arbusto típico do cerrado, de grande longevidade e produtor de frutos comestíveis. 16


O cipó-de-São-João (Pyrostegia venusta) colorindo a paisagem com suas flores tubulares em tom laranja.

As belas flores da Caroba-do-campo (Jacaranda caroba). 17


A imponência do Ipê-amarelo-do-cerrado (Handroanthus ochraceus) no início de sua floração.

Lobeira (Solanum lycocarpum), fruto e flor. Em breve o lobo-guará poderá degustar este belo fruto.

18


A exรณtica cabelo-de-negro (Erytroxylum suberosum).

19


Trazendo harmonia para a paisagem, o joĂŁo-bobo (Chresta sphaerocephala).

A sensitiva dormideira (Mimosa capillipes).

Atraindo olhares a candeia (Piptocarpha rotundifolia). 20


Encantos da natureza e refúgio de muitos animais silvestres

O sol no cerrado iluminando a espessa camada de súber (tecido formado por células mortas que envolve troncos e galhos no cerrado), característica interpretada como uma adaptação ao fogo.

O anu-preto (Crotophaga ani) pousado com frio após as primeiras chuvas da primavera. 21


O casal de siriemas (Cariama cristatta) deixando rastros pelo cerrado da Escola do Meio Ambiente.

Fragantes do pica-pau-do-campo (Colaptes campestris) e o cupinzeiro atraindo, na primavera, larvas de vagalumes. 22


A pose do carcará (Caracara plancus).

A meiguice do tico-tico (Zonotrichia capensis).

A “arte” de quem busca sementes, Nícolas e Rafael, e retira o lixo depositado no cerrado: uma escada deixada junto ao entulho de uma construção. 23



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.