“Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas” Escola do Meio Ambiente Botucatu/SP 2011
Escola do Meio Ambiente Paz e Bem!
A Escola do Meio Ambiente (EMA) pertencente à Secretaria Municipal de Educação de Botucatu, SP localiza-se numa área de aproximadamente 12 hectares. Contempla remanescentes de cerrado, floresta estacional semidecidual, mata paludosa, floresta implantada de eucalipto, nascentes e a represa do ribeirão Lavapés, curso d’água que atravessa o referido município. A EMA possui treze caminhos ecopedagógicos distribuídos em suas áreas de vegetação, adaptados para cada faixa etária atendida. Esses caminhos são guiados por monitores ambientais concursados. A metodologia utilizada é a da sensibilização, dentro da pedagogia do cuidado, buscando assim, o processo de transformação da postura das pessoas frente à natureza. O principal parceiro da Escola do Meio Ambiente é a Unimed – Botucatu. Em 2010, os referidos caminhos foram percorridos por aproximadamente 15.000 alunos da rede de ensino de Botucatu. A Escola do Meio Ambiente recebeu, também em 2010, a certificação do Programa de Escolas Associadas à UNESCO. Eliana Gabriel
Irmãos Villas Bôas e a política indigenista brasileira Não faz muito tempo, embora pareça tanto, que o governo brasileiro decidiu tomar medidas concretas para a ocupação do Brasil central e outras regiões meridionais de seu território. Era o ano de 1943 e nasceu daí o projeto que passou à história nacional com o nome de “A Marcha para o oeste expedição Roncador-Xingú”. Alistados, e é esse exatamente o nome, como componentes do trabalho mais pesado, os três jovens botucatuenses, Leonardo, Orlando e Cláudio Villas Bôas, construíram uma notável história de vida, pautada pelo contato fraterno com as tribos indígenas brasileiras. As forças do universo poderiam ter apontado para outro caminho. Por exemplo: no momento mesmo em que não foram aceitos na expedição, quando do recrutamento realizado em São Paulo, onde se recrutava para o comando e atribuições intermediárias, os três poderiam ter desistido do sonho que haviam construído e que os havia levado a sair de sua terra natal, Botucatu. E, poderiam ter cruzado a vida seguindo outros caminhos. Mas não foi assim: transferiramse para o segundo posto de recrutamento, onde os mateiros e guias seriam incorporados, na esperança de serem contratados. Então, declarando-se aptos ao trabalho duro e às jornadas longas, foram incorporados. Intrépidos como fora necessário ser aos membros das expedições de Rondon, vivazes como seria de se esperar de todos os destinados ao comando e inteligentes para aproveitarem as oportunidades surgidas, passaram rapidamente às responsabilidades superiores na expedição.
Sorte dos povos indígenas. Sorte do nosso país. Ao assumirem o comando dos movimentos de aproximação com as tribos arredias que encontravam, procuraram tornar o contato com a civilização branca que avançava rumo ao oeste brasileiro, o mais afável possível. Respeitaram e fizeram respeitar os usos e costumes de cada etnia. Saltaram por cima das diferenças entre elas e a cada uma fizeram moldar o desempenho das várias ações da expedição que passaram a comandar. Carimbaram com seu jeito de caboclo do sertão paulista o modo brasileiro de fazer o contato com as etnias brasílicas: sem destruí-las, sem ofendê-las no que tinham de mais sagrado, sem descaracterizá-las no que tinham de essencial, a sua cultura. Voltados ao leste, e retornando por várias ocasiões em outras missões, alternaram sua vida entre os corredores do governo e os postos de proteção aos parques nacionais, que ajudaram a fundar e administrar. Passaram-se as décadas e passaram-se os governos. Entretanto, os irmãos Villas Bôas ali continuaram, atravessando sua existência, dedicados aos povos indígenas, não mais e apenas, como simples representantes de uma expedição destinada à aproximação com aqueles povos. Transformados por aquela experiência e convencidos de que haviam desenvolvido muito além da simples aproximação afável e do preparo para a marcha para o oeste, tornaram-se profundos conhecedores do precioso manancial cultural que os povos indígenas traziam, acumulados através dos milênios, em todos os campos, mas particularmente no conhecimento das florestas e do seu potencial. Transformaram-se na fonte onde iam beber os grandes antropólogos e sociólogos brasileiros ou estrangeiros, quando se tratava de buscar conhecimentos sobre a cultura, a arte, a engenhosidade e o conhecimento de cada grupo ou sub-grupo da grande nação brasílica nativa. Convencidos de que a preservação cultural dependia daqueles conceitos de respeito e preservação construídos ao longo de sua existência e contato com as tribos, tornaram-se os sertanistas mais influentes e que mais contribuíram para cunhar a política indigenista do Estado brasileiro ao longo dos últimos 60 anos, constituída da defesa incondicional da identidade cultural de cada povo, do respeito pela perenização de seus usos e costumes e pela conservação integral de seu território. Por essa razão é que a cidade de Botucatu se sente orgulhosa por aqueles três meninos que deixaram sua Serra para entrar para a história do Brasil, como heróis preservacionistas e, hoje, reverencia sua memória denominando de Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas, a floresta do entorno da Escola do Meio Ambiente. João Carlos Figueiroa Historiador
Prefeitura Municipal de Botucatu Praça Professor Pedro Torres, 100, Centro CEP: 18.600-900 Fone/fax: (14) 3811-1414 www.botucatu.sp.gov.br
Realização:
Escola do Meio Ambiente Estrada José Ítalo Bacchi, S/N, Jd Aeroporto CEP: 18.600-900 Fone/fax: (14) 3813-9251 www.botucatu.sp.gov.br/ema emabotucatu@yahoo.com.br
Coordenação: Profª Drª Eliana Maria Nicolini Gabriel - Diretora da Escola do Meio Ambiente Texto: João Carlos Figueiroa - Historiador e Secretário Municipal de Descentralização e Participação Comunitária Ilustrações em Aquarela: Sibele Gimenez Martins - Bióloga e ilustradora da Escola do Meio Ambiente