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Agradecimentos

Agradecimentos

II na Trilha da Cooperação da Escola do Meio Ambiente, Botucatu/SP: Ponte para Reflexões das Vivências na Natureza para Adolescentes

Eduardo Marcolino

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Resumo

O presente estudo tem como base a análise de três vivências realizadas na Trilha da Cooperação, alocada na área da Escola do Meio Ambiente (EMA), Botucatu/SP. A referida trilha foi realizada com alunos dos 8ºs anos das escolas de Ensino Fundamental II do município de Botucatu - SP. No final da vivência, os alunos foram motivados a escrever em um pequeno papel uma palavra que retratasse os aspectos por eles absorvidos. Os registros foram triados pelos monitores e estagiários da EMA. É relevante salientar que o propósito do presente estudo foi averiguar se as vivências realizadas, durante a Trilha da Cooperação, sensibilizaram os estudantes. Ao final das análises, concluiu-se que os adolescentes, ao participarem ativamente das atividades da Trilha da Cooperação, tornaram-se protagonistas do trabalho de Educação Ambiental, desenvolvido pela Escola do Meio Ambiente, fator relevante na metodololgia da sensibilização.

Abstract

The current study is based on the analysis of three experiences realized on the Cooperation Trail, located in the Escola do Meio Ambiente (EMA), Botucatu / SP. This trail was applied with students of the 8th year of elementary schools in the Botucatu city - SP. At the end of the experience, the students were motivated to write on a small paper a word that portrayed the aspects absorbed by them. Records were selected by EMA monitors and interns. It is relevant to note that the purpose of the present study was to ascertain whether the experiences carried out during the Cooperation Trail made students aware. At the end of the analysis, it was concluded that the adolescents, when actively participating in the activities of the Cooperation Trail, became protagonists in the work of Environmental Education, developed by the Escola do Meio Ambiente, a relevant factor in the awareness process.

Introdução

A Escola do Meio Ambiente (EMA), localizada no município de Botucatu, SP, possui grande privilégio ambiental, pois se situa em uma região de encontro de Floresta Estacional Semidecidual, uma porção de Cerrado e também uma área de Floresta Paludosa (in: Trilha da biodiversidade: Mosaicos com diferentes ecossistemas, 2009). À vista disso, a escola passou a ser um núcleo de referência ambiental (Decreto Nº 7.662 02/07/2008), onde os alunos do ensino municipal de Botucatu e região têm aulas de campo com atividades ecológicas voltadas para a educação ambiental, conduzidas por monitores ambientais ou por estagiários da graduação, dos cursos de Ciências Biológicas e/ou Pedagogia. Tendo como fundamento a importância de ouvir os alunos, não só para avaliação dos mesmos, mas também para análise da conduta do educador, através da percepção dos educandos (MORALES, 2006), após o desenvolvimento das vivências realizadas na Escola do Meio Ambiente, o presente estudo realizou o diagnóstico dos registros feitos pelos estudantes que percorreram a Trilha da Cooperação, interpretando os dados por eles produzidos. Entendemos que a inserção dos alunos em meio à floresta estimula a compreensão das questões ambientais (TAMAIO, 2002), visto que a relação professor-alunoconhecimento sofre influências do espaço-tempo onde ocorre o processo de aprendizagem (GAULKE, 2013). Destarte, o objetivo principal dessa trilha foi apresentar a cooperação como forma de superar obstáculos entre os seres humanos e também como ferramenta de educação ambiental. A vivência foi desenvolvida, no primeiro semestre do ano letivo de 2019, com alunos dos 8ºs anos do Ensino Fundamental II, das escolas municipais de Botucatu.

No início da trilha, era proposta, aos alunos, a reflexão sobre o significado e, ao longo do percurso de aproximadamente 300m, os discentes passavam por várias vivências, das quais destacamos três, relacionadas com a abordagem do presente estudo. A primeira delas, inspirada na dinâmica “Anjo da Guarda’’, consistia na caminhada em duplas, em meio à trilha, localizada na floresta, de forma que, enquanto um aluno cobria os olhos com uma venda, o outro o conduzia. Na metade do percurso, os papéis eram invertidos para que ambos tivessem a possibilidade de ter a mesma experiência. Posteriormente, o monitor explicava a importância da cooperação para o momento vivenciado. O segundo desses momentos, chamado ‘’Retalhos da Existência’’, consistia na escolha de um dos retalhos, disposto em um varal de barbante preso entre dois troncos de árvores, presentes no decorrer do percurso pela floresta. Nesse caso, a escolha da cor e/ ou estampa do retalho deveria estar relacionada ao sentimento que o aluno trazia consigo no momento, podendo compartilhá-lo ao grupo caso sentisse à vontade para fazê-lo. Dessa forma, em meio apenas aos sons da natureza, os estudantes tinham a liberdade de se expressar oralmente de forma espontânea ou permanecer em silêncio. Essa vivência foi muito relevante para o entendimento de que os conflitos dos adolescentes são muito semelhantes em histórias de vidas diferentes. Em seguida a essa pausa para a expressão oral, todos eram convidados a colocar seu pano/retalho em uma lona branca estendida no chão e, baseando-se na observação do conjunto de retalhos estendidos, o monitor fomentava uma reflexão mostrando que a fragilidade é comum aos indivíduos, priorizando a importância de se reconhecer humano e, consequentemente, parte da natureza. O terceiro momento foi o da contação da história: A árvore generosa (SILVERTEIN, 1964), cujo foco principal era a relação entre o homem e a natureza. Ao final dessa, o condutor da trilha promovia a “costura” das vivências acima citadas com a importância da cooperação entre a humanidade e a natureza e entre os próprios seres humanos para garantir a sobrevivência, não apenas da nossa espécie, mas de todos os seres vivos. Uma vez realizada a explicação acima, os monitores pediam para que os discentes registrassem, em um pequeno papel, algo a respeito da trilha.

Os relatos escritos pelos alunos, ao final dos três momentos descritos acima, motivaram a realização do presente estudo. Assim, essa pesquisa, que possui um caráter qualitativo nominal (VIEIRA, 2016) – uma vez que não se tem uma ‘’ordem’’ em qual ‘’resposta é melhor ou pior’’ – foi realizada com uma amostra composta por um total de oito turmas, 182 alunos das escolas municipais de Botucatu,SP: E.M.E.F Prof Elda Moscogliato e E.M.E.F João Maria de Araújo, sendo 4 salas de cada uma, no período de 16/04/2019 a 22/05/2019. Ao final desse período, utilizando essa amostra de alunos, os monitores e estagiários da Escola do Meio Ambiente se reuniram para separar, analisar e refletir a respeito das respostas dadas por eles a partir do enunciado: ‘’escreva algo a respeito da trilha’’, estando, nesse momento, como já relatado anteriormente, o aluno livre para registrar o que aprendeu, sentiu, presenciou; em outras palavras, o que foi vivenciado no percurso realizado, cuja duração é, em média, uma hora e trinta minutos.

As respostas foram separadas em quatro grupos com a finalidade de se obter uma melhor análise comparativa. É importante salientar que, no presente estudo, não existem respostas certas, erradas ou neutras; destarte, todos os registros assumiram um papel fundamental, auxiliando monitores e estagiários da Escola do Meio Ambiente a refletir sobre as vivências realizadas com adolescentes na Trilha da Cooperação.

As tabelas abaixo apresentam os quatro grupos elencados: Sentimentos, Preservação da natureza/elementos naturais, Valores e Outros, para a distribuição dos registros dos alunos participantes. A fim de que uma resposta fizesse parte do grupo ‘’Sentimentos’’, o registro deveria estar relacionado às sensações sentidas durante o percurso da trilha. Aquelas catalogadas em ‘’Preservação da natureza/ elementos naturais’’ são as que possuíram tanto caráter ambientalista, como, por exemplo, ‘’pessoas precisam cooperar com a natureza’’, quanto as que apenas citaram organismos presentes na floresta, como ‘’árvore’’ ou ‘’capivara’’. Já aqueles cuja análise foi nomeada como ‘’Valores’’ são os registros em que o aluno escreveu alguma virtude que poderia levar para a vida, como, por exemplo, ‘’amizade’’ e ‘’conhecimento’’, ou frases, como: ‘’que a gente deve ser compreensivo’’. E, por fim, o grupo ‘’Outros’’ apresenta os termos ou frases que não puderam ser classificados em nenhum dos outros três citados anteriormente, como uma aluna que escreveu: “Eu gosto de pamonha”, embora, tenha especificado que a vivência Retalhos da Existência a fez sentir confortável para se expressar no momento em que a atividade foi realizada na floresta.

A seguir, apresentam-se os quatro grupos com os registros dos alunos distribuídos em cada um deles conforme descrito acima, o número que aparece entre parênteses representa a quantidade de repetição da palavra.

Tabela 1 – Palavras coletadas após as atividades da trilha

Observam-se que, das185 respostas, 79 (42,70%) foram alocadas no grupo Sentimentos, 49 (26,49%) para Valores e 41 (22,16%) para Preservação da natureza/elementos naturais. Já o grupo em que ficaram as palavras que não se encaixaram nesses agrupamentos, apresentam 16 (8,65%) das assertivas.

Pode se dizer que os registros dos alunos dos 8ºs anos do Ensino Fundamental II das escolas municipais de Botucatu foram essenciais para aprimorar a prática das vivências com adolescentes na Trilha da Cooperação da Escola do Meio Ambiente no decorrer do ano letivo de 2019. Associados às atividades realizadas de mais relevância aos alunos, as averbações por eles escritas serviram como objeto de investigação e análise crítica sobre o próprio trabalho dos monitores e desenvolvimento dos monitores e estagiários que conduziram a referida trilha no período de realização desta pesquisa. Ademais interrogar-se, pode ser uma ferramenta utilizada com intuito de comparar se os objetivos alcançados foram satisfatórios em relação ao planejado. No entanto, para que esse material constituísse uma ferramenta reflexiva, foi preciso debruçar-se sobre ele, estudá-lo e colocá-lo em discussão, socializando-o com a equipe de colaboradores da Escola do Meio Ambiente, para que as mudanças necessárias fossem colocadas em prática na Trilha da Cooperação. Deve ser ressaltado que o método de avaliação, utilizado na Trilha da Cooperação, pode beneficiar, também, outras atividades relacionadas à Escola do Meio Ambiente e a outros espaços de ensino, tendo em vista que a devolutiva dos alunos torna possível analisar se o objetivo inicial da atividade foi cumprido, atuando como ponte para reflexões sobre as vivências na natureza.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente à equipe da Escola do Meio Ambiente que auxiliou na realização das pesquisas.

Agradeço à Profª. Drª. Eliana Maria Nicolini Gabriel, por sua orientação e correções pontuais no trabalho, auxiliando em sua confecção e estimulando meu próprio desenvolvimento no processo de escrita.

Agradeço também aos alunos e professores que participaram das vivências por sua sinceridade em se expressar, pois, sem isso o trabalho não poderia ser alavancado.

Referências

Decreto Nº 7.662 de 02 de Julho de 2008, Registrado na Divisão de Secretaria e Expediente – Botucatu/SP.

ESCOLA DO MEIO AMBIENTE. Trilha da Biodiversidade: Mosaico com diferentes Ecossistemas. Botucatu-SP: 2009. Disponível em: https://issuu. com/emabtu/docs/trilha_da_biodiversidade. Acesso em: 10 dez. 2020.

GALKE, G. A. A relação professor–aluno–conhecimento na educação infantil: princípios, práticas e reflexões sobre o protagonismo compartilhado. 144f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

MORALES, P. V. A relação professor-aluno - o que é, como se faz. São Paulo. Editorial y Distribuidora, 2001.

SILVERSTEIN, Shel. The giving tree. United States of America: HarperCollins Publishers, 1964.

TAMAIO, Irineu. O professor na construção do conceito de natureza: uma experiência de educação ambiental. 1ª. ed. São Paulo: Annablume, 2002. 82 p.

TASSONI, E. C. M. Afetividade e aprendizagem: A relação professor e aluno. Anuário 2000. GT Psicologia da educação, Anped, setembro, 2000. VIEIRA, Sonia. Introdução à Bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 345 p.

Vivência de acolhimento: uma forma de integração dos alunos do Ensino Fundamental I com a natureza da Escola do Meio Ambiente, Botucatu/SP

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