Trilha da Biodiversidade: Escola do Meio Ambiente

Page 1

1


Ficha Técnica: Orientação e Coordenação:

Profa. Dra. Eliana Maria Nicolini Gabriel - Diretora da Escola do Meio Ambiente

Orientados: Karina Cristina Viera Pinto - Professora da Escola do Meio Ambiente Maria Clara da Silva Esteves - Professora da Escola do Meio Ambiente Silvio Henrique de Mattos - Professor da Escola do Meio Ambiente Mariana Rodrigues de Almeida - Professora Colaboradora da Escola do Meio Ambiente

Ilustrações em Aquarela: Sibele Gimenez Martins - Professora da Escola do Meio Ambiente

Arte:

Douglas Rodrigues - Estagiário da Escola do Meio Ambiente Rodolfo Zonta Alves Lima - Estagiário da Escola do Meio Ambiente

Revisão:

Prof. Dr. José Luis Chiaradia Gabriel - Professor da FIRA/Avaré, dos Colégios La Salle e Santa Marcelina, Coordenador das Pesquisas de Flora da Escola do Meio Ambiente

2


Para Iniciar: um pouco de história...

Durante três anos, de 1817 a 1820, o naturalista Carl von Martius percorreu 10 mil km no interior do Brasil, de São Paulo ao Amazonas, realizando um levantamento de plantas jamais superado no país. Após essa viagem, as descrições das espécies coletadas foram reunidas na Flora Brasiliensis, maior obra sobre a flora de um país da história da Botânica. Essa foi a primeira indicação de que o Brasil tinha uma das maiores diversidades de plantas do mundo. Além de Martius, o zóologo Johann Baptiste von Spix, que o acompanhava, também ficou impressionado com a biodiversidade de nossa fauna.

3


“Estudar as manifestações da natureza é um trabalho que agrada a Deus. Desvia das coisas vis e tristes e te faz contemplar as coisas virtuosas e honestas...”. Leonardo Da Vinci

Sobre a Escola A Escola do Meio Ambiente (EMA, Secretaria Municipal de Educação de Botucatu) está inserida em uma área de aproximadamente 12 ha que abriga grande diversidade de ecossistemas incluindo manchas de Floresta Estacional Semidecídua, de Mata Paludosa e de Floresta Implantada de Eucalipto, além de um remanescente de Cerrado e da Represa do Ribeirão Lavapés. A EMA sedimenta-se em três pilares principais: trilhas temáticas interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas, desenvolvidas na área da escola. A Escola do Meio Ambiente atende em suas atividades um público diversificado, desenvolvendo e disseminando vivências que visam a sensibilização e a responsabilidade socioambiental, bem como a formação ecológica do público atendido.

Sobre a Missão desta publicação Sensibilizar, eis o objetivo principal desta publicação! A sensibilização nos ajuda a ver coisas que o nosso modo de vida atual não nos deixa mais enxergar. Quando olhamos superficialmente para uma planta, por exemplo, não vemos mais a semente e, assim pensamos que a ela desapareceu. Mas ela não sumiu, ela se tornou a planta. Se você for capaz de ver, por exemplo, a semente de um ipê amarelo na própria árvore, fora do período de frutificação e dispersão, você estará sensibilizado. Este é o grande despertar que estamos cultivando na Escola do Meio Ambiente, visando contribuir com a formação ecológica de nossos visitantes. O futuro de toda a vida, incluindo o da nossa própria espécie, depende dos nossos passos, da nossa transformação. Sensibilizar-se pela educação é um caminho a ser trilhado por todos que passam pela Escola do Meio Ambiente e, uma missão para quem conduz esse percurso.

4

Paz e Bem! Eliana Gabriel


O Núcleo de Desenvolvimento Humano auxilia a Diretoria Executiva no planejamento e execução das atividades educativas da Unimed. Seu foco é organizar e monitorar as ações de integração entre a Unimed de Botucatu e seus vários públicos: colaboradores, cooperados, prestadores de serviço, clientes e comunidade em geral. Em Botucatu as primeiras atividades do Núcleo de Desenvolvimento Humano voltam-se para a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável e por isso foi desenvolvida a parceria com a Escola do Meio Ambiente – EMA da Secretaria Municipal de Educação. A Unimed de Botucatu já é certificada com o Selo de Responsabilidade Social desenvolvido pelo Sistema Unimed e também apoia a Fundação Abrinq. Também possui 5 programas sociais de grande alcance local, desenvolvidos pela AMUB – Associação da Mulher Unimed de Botucatu. São eles: SOMMAR para o publico interno da cooperativa; INTER@ÇÃO, para inclusão digital; VIDA ILUMINADA para deficientes visuais; AMMA, para coleta de leite materno e ACREDITAR, apoio a projetos comunitários desenvolvidos para integração social através do esporte ou da cultura. A AMUB ainda realiza várias ações para atender às necessidades da sociedade botucatuense. No âmbito do Meio Ambiente busca a experiência da EMA para implementar ações que farão a diferença na qualidade de vida de toda a comunidade. Afinal, Saúde e Qualidade de Vida são valores cultivados pela Unimed de Botucatu.

5


Um mosaico de várias tonalidades Em um cenário composto por diversos ecossistemas está inserida a Escola do Meio Ambiente. É neste mosaico com formas e cores tão distintas que se realiza a Trilha da Biodiversidade, destinada aos alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II. Os educandos percorrem a trilha em busca das diferenças e semelhanças ali existentes, compreendendo a importância e as particularidades de cada um daqueles ambientes e das mais variadas formas de vida que compõem aquele caminho. As vivências realizadas no decorrer do percurso buscam sensibilizar os alunos para que voltem o seu olhar à natureza, sua beleza, diversidade, complexidade e assim, reconheçam o seu valor e a importância de sua preservação.

6


Da teoria à vivência no campo...

Em muitos livros, na internet e em outros meios de comunicação, geralmente, encontramos uma definição para a palavra biodiversidade da seguinte forma: “Biodiversidade é o mesmo que diversidade biológica, isto é, refere-se à variabilidade de vida no planeta, incluindo a variedade genética dentro das populações e das espécies.” Porém, o que esta palavra representa vai muito além dessa simples definição... Ela expressa semelhanças, diferenças, relações, interações, cada detalhe impresso em cada ser vivo e sua interdependência com os demais seres e com o meio onde vivem. Nos rios e lagos, oceanos e mares, em todas as florestas, nos pólos, nas praças, ruas, casas e cidades, se olharmos com atenção, todos os cantos estão impregnados das mais diversas formas, cores, aromas, sabores, expressões... Se chegamos ao ponto de ameaçar essa diversidade e o nosso próprio futuro no planeta, somente a sensibilização de cada um de nós poderá nos transformar e nos fazer perceber que a nossa espécie também sofrerá todas as consequências, afinal, somos parte da natureza!

Biodiversidade... Quanta vida cabe dentro desta palavra...

Hoje pare só por alguns instantes e contemple uma árvore, um jardim, uma flor, uma formiga, uma borboleta ou um pássaro. Perceba a vida que há ali e veja quão preciosa ela é!

7


Interdependência: o sucesso de um ecossistema Como se define Ecossistema? Você já deve ter se deparado com esta questão e, também, com esta resposta... “Ecossistema é o complexo dinâmico de comunidades biológicas (vegetais, animais e de microorganismos) que interagem como uma unidade funcional com os fatores abióticos do meio, também chamado de biogeocenose.” Traduzindo podemos dizer que a palavra ecossistema expressa a interdependência existente entre os seres vivos e destes com o meio onde nascem, crescem, interagem, se reproduzem e morrem, seguindo o seu ciclo de vida. Cada planta ou animal existente ali compõe o cenário, caracterizando aquele ambiente. Não existe em um ecossistema uma flor sequer que não possua função perante o sistema onde ela nasceu, ou um inseto que não possua seu papel bem definido no meio onde vive. A natureza nos ensina respeito e humildade, porque ela, grandiosa como é, não faz alarde sobe sua existência. Tudo na natureza são ciclos, necessários, interligados uns aos outros, responsáveis por si próprios e por todo o desenvolvimento ao seu redor.

8


R

epresa do RiberĂŁo LavapĂŠs 9


Um Espelho de Água, uma infinidade de seres vivos... As águas da Represa do Ribeirão Lavapés refletem a vida ao seu redor. No interior destas águas também estão abrigados muitos seres vivos, cada qual com suas características, seus hábitos e sua importância. Entre eles o fitoplâncton (Closterium sp) e o zooplâncton ( Keratella cochlearis ), larvas de insetos (Ordem: Odonata), barata d’água (Família: Belostomatidae), girinos, peixes (Astyanax scabripinnis, Tilapia rendalli e Hoplias malabaricus), cágados (Familia: Chelidae), caranguejos ( Trichodactylus fluviatilis). Em seu entorno sapos (Rhinella ornata), pererecas (Scinax fuscomarginatus) e rãs (Leptodactylus cuscus) compõem seu coro numa sinfonia noturna. As andorinhas (Notiochelideon cyanoleuca) vêm se banhar, a garça (Casmerodius albus) se aproxima em busca de alimentos e famílias de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris), neste local, também se refugiam. Ao redor da represa podemos avistar diversas plantas, entre elas o bambu (Família: Poaceae) que faz o “papel” da mata ciliar impedindo a erosão do solo e o assoreamento. Emoldurando a represa, encontramos outros ecossistemas existentes na área da Escola do Meio Ambiente, como a Floresta Estacional Semidecídua, a Floresta Implantada de Eucalipto, o remanescente de Cerrado e a Floresta Paludosa. Juntos, compõem a bela paisagem característica da EMA, que desperta o encanto e sensibiliza muitos de seus visitantes. São inúmeros seres, visíveis e invisíveis aos nossos olhos, que habitam ou circundam as águas límpidas do Ribeirão Lavapés. É triste constatar que este mesmo rio, ao cortar nossa cidade, sofre as consequências do desrespeito e das agressões dos seres humanos para com a natureza.

10


M

ata Estacional SemidecĂ­dua 11


Inverno, primavera, verão, outono... Cada uma das estações do ano expressa diferenças na paisagem da Floresta Estacional Semidecídua. Esta floresta caracteriza-se pela perda das folhas de algumas de suas árvores na época mais fria e seca do ano (abril a setembro). Cerca de 20 a 50% das árvores que a compõem perdem todas as folhas e em seguida florescem, como, por exemplo, o ipê amarelo (Tabebuia chrysotricha), a copaíba (Copaifera langsdorffii ) e a paineira rosa ( Chorisia speciosa ). Os animais, atraídos pelo aroma, das flores desta floresta aproximam-se em busca de alimento, assim, passam de flor em flor. Através deste processo, chamado polinização, contribuem para o início de uma nova vida. Com a chegada dos frutos mais uma vez a paisagem se modifica, outros animais são atraídos, entre eles o pássaro Guaravaca de barriga amarela (Elaenia flavogaster), e o mamífero mão-pelada (Procyon cancrivorus) os quais estão relacionados com a dispersão das sementes que darão origem à novas árvores. O vento que sopra na floresta, a leveza das sementes do Jequitibá-branco (Cariniana estrellensis) e da paina macia que envolve as sementes da Paineira-rosa( Chorisia speciosa), nos proporcionam o belo espetáculo da revoada da dispersão. A presença de orquídeas (Oeceoclades maculata) e bromélias (Bromelia pinguin) também caracteriza esta floresta. Estas plantas, em busca da luz solar, utilizam-se de outras como suporte, enfeitando ainda mais a paisagem. Neste ambiente, manchas pretas nos troncos de algumas árvores chamam a atenção, trata-se do cianoliquen (Leptogium sp.), um curioso organismos composto pela associação entre um fungo e uma cianobactéria. Este ser vivo, frágil à poluição, indica a qualidade do ar daquele local. Mesmo nos galhos secos caídos pelo chão da floresta há vida! Neles, fungos como orelha-de-pau (Trametes villosa) desempenham um importante papel, atuando no processo de decomposição da matéria orgânica e, consequentemente na ciclagem de nutrientes da floresta, permitindo a continuidade do ciclo que mantém a vida neste ambiente. Rastros, pegadas e fezes encontrados ali evidenciam que, neste mesmo local, habitam muitos outros animais, como o quati (Nasua nasua), o morcego (Molussus molussus), o gato do mato (Leopardus tigrinus), o cachorro do mato (Cerdo cyum), entre outras espécies. O belo canto das aves, como o das pombas asa branca (Patagioenas picazuro), rolinha (Columbina talpacoti), do pitiguari (Cyclarhis gujanensis) e do sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) também pode ser ouvido na floresta. Basta aproveitar o momento presente, nele reside a eternidade!

12


M

ata Implantada de Eucalipto 13


Homogênea e pouco atraente para os animais da nossa fauna...

Assim é a floresta implantada de eucalipto, onde encontramos menor diversidade do que em nossas florestas nativas. O eucalipto (Eucaliptus grandis) não é nativo do Brasil, mas sim da Austrália, onde animais como o coala (família Phascolarctidae) se alimentam de suas folhas. Em nosso país, o eucalipto é utilizado com diversas finalidades. A indústria brasileira utiliza-se do eucalipto para fazer papel, extraindo do seu tronco a principal matéria-prima, as fibras de celulose. Geralmente as melhores árvores são selecionadas e a partir delas são produzidas diversas mudas. Estas são plantadas e levam cerca de 7 anos até que se tornem adequadas para produção do papel. Encontramos nos mercados outros produtos feitos a partir do eucalipto como pasta de dentes e desinfetantes. A madeira desta árvore pode ser utilizada na fabricação de móveis, nos fornos das pizzarias e, ainda hoje, podemos avistar alguns postes de luz feitos com o seu tronco. A utilização do eucalipto pode ser favorável já que se trata de uma árvore exótica e pouco atraente para os animais de nossa fauna, porém, é importante ressaltar que, muitas vezes, áreas de vegetação nativa são desmatadas para o plantio dessa planta. Atitudes como estas podem ameaçar o nosso patrimônio natural. Daí a necessidade de se cumprir a lei de proteção à vegetação nativa.

14


C

errado 15


Vegetação aberta e ensolarada... Árvores e arbustos retorcidos e esparsos, solo arenoso e a grama seca espalhada pelo chão refletem a imagem do remanescente de cerrado encontrado na área da Escola do Meio Ambiente. Quando nos depararmos com esta paisagem é difícil imaginar quanta vida e quanta beleza há neste bioma. A flora, composta por diversas espécies com propriedades alimentícias, condimentares, ornamentais e principalmente medicinais, evidencia a importância dessa vegetação. O pequi (Caryocar brasiliense) é uma das plantas típicas do cerrado brasileiro, seu fruto é muito utilizado na culinária nordestina, mineira e principalmente goiana. Também pode servir como alimento para diversos pássaros, que auxiliam na dispersão de suas sementes amarelo ouro. O tronco áspero, espesso e retorcido, característico da vegetação que compõe o cerrado previne as plantas de sofrerem as consequências drásticas da ação do fogo, que pode ser gerado naturalmente neste bioma. Na estação mais seca a grama torna-se semelhante ao folhedo e a incidência de raios no local pode gerar o fogo. Diferente do que acontece em um incêndio sem controle, gerado pela ação humana, o fogo espontâneo no cerrado pode ser fundamental para o florescimento e/ou germinação de algumas plantas características desse bioma. Um exemplo clássico é o do barbatimão (Stryphnodendron adstringens), que após passar pelo estresse causado pelo fogo, é a primeira espécie a iniciar o rebrotamento e a produção de suas flores.

16


As flores da lobeira (Solanum lycocarpum), com sua coloração roxa, chamam atenção de diversos polinizadores. O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), um dos animais mais característicos desse bioma, é atraído pelo fruto desta planta, o qual é componente fundamental de sua dieta. Trata-se de um fruto carnoso, semelhante a um tomate, popularmente conhecido como a fruta-do-lobo. Muitos outros animais podem ser avistados na mancha de cerrado presente na área da Escola do Meio Ambiente, entre eles a siriema (Cariama cristata) caminha por ali esbanjando seu charme e o tucano (Ramphastos toco) com seu enorme e resistente bico que o auxilia a apanhar os frutos em locais de difícil acesso. Também podem ser observadas as tocas do tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) evidenciando a presença deste mamífero na área, o lagarto teiú (Tupinambis merianae) percorrendo o local com toda sua agilidade e as borboletas com suas cores vivas enriquecendo a paisagem, visitando flores de várias espécies. Apesar de todas as suas diferenças, todos estes animais, e outros ainda, tem algo em comum, eles encontram neste mesmo ambiente refúgio, abrigo, alimento e tudo o mais de que necessitam para sobreviverem.


M

ata de Brejo 18


Umidade, tapete de musgo, raízes expostas... Ao adentrarmos no remanescente de Floresta Paludosa (mata de brejo) nos deparamos com suas características marcadas pelo ambiente úmido. A umidade é refletida no solo encharcado, nas raízes grossas e expostas e no musgo que recobre os troncos das árvores, assemelhando-se a um tapete verde. Tal umidade possibilita também que alguns animais habitem este local, como é o caso dos anfíbios, que são dependentes da água para reprodução e respiração. Neste local, nas noites frias de inverno podemos escutar o canto da perereca de inverno (Scinax hiemalis), já, durante a estação mais quente e chuvosa, é o canto da perereca de mata (Hypsiboas lundii) que ecoa pela floresta de brejo. Outras espécies ainda podem utilizar este ambiente para se abrigarem ou em busca de alimentos, como é o caso do preá (Cavia aperea), mamífero que deixa suas pegadas no solo úmido deste local, e do esquilo caxinguelê (Sciurus aestuans), que passa pela Floresta Paludosa enterrando sementes para depois comê-las, porém, muitas vezes, esquece onde as deixou. É assim, que este simpático animal faz a dispersão de sementes, renovando as árvores que compõem aquele belo cenário. Os sons das águas caindo sobre as pedras no pequeno riacho que corta a floresta, a beleza singular da samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) e a exuberância da árvore pinha do brejo (Talauma ovata) nos trazem uma tranquilidade e ao mesmo tempo uma inquietação, em desvendar os mistérios deste belo lugar. O ar puro que se respira é também refletido pela presença de inúmeros liquens de diversas cores, que podem ser observados nos troncos de todas as árvores do local. As aves também marcam presença, como é o caso do grande Coro-coró (Mesembrinibis cayanensi), o qual com seu canto rouco e alto quebra, por alguns instantes, o silêncio da floresta, já o bigodinho (Sporophila caerulences) e o estrelinha (Sporophila lineola) pulam de galho em galho a procura de sementes. A água que brota do solo (nascente do Ribeirão Lavapés) é capaz de sensibilizar com o silêncio do seu repouso na terra.

19


A formação ecológica deve ser transformadora

Precisamos voltar à natureza e nos enxergarmos como parte integrante do meio ambiente junto com os demais seres vivos. Só assim cuidaremos dela como cuidamos de nós mesmos! Conhecer cada um dos ambientes da Escola do Meio Ambiente, suas características, com seus animais e suas plantas, nos sensibiliza e oferece a oportunidade de conhecer e conviver com as mais variadas formas de vida inseridas neste mosaico. Assim, podemos reconhecer que cada ser vivo tem um valor intrínseco que não se resume em atender nossas necessidades. Queremos deixar claro que somos mais um ser vivo e que vivemos numa relação de interdependência que integra os fatores bióticos e abióticos que compõem este incrível planeta. Esta é a sublime missão da Escola do Meio Ambiente: promover a transformação a partir da sensibilização de seus visitantes, através de uma educação pela vida, pela paz e pela solidariedade planetária!

20


A natureza, em algum momento de nossas vidas, nos toca, a você, a mim e a todos...de forma especial!

Estamos cercados de natureza, somos natureza! Pode ser que a rotina cotidiana roube nosso tempo e desvie nosso olhar, mas, inevitavelmente, a natureza nos toca... Muitas vezes quando contemplamos um ipê florido, um bebê, um pássaro, um cachorro, o pôr do sol ou o mar, nos sentimos mais felizes e renovados... A diversidade que há entre eu e você, entre árvores, animais e fungos, esta variedade de formas, cores, tamanhos, comportamentos, é que torna a natureza mais bela, mais completa e nos mantêm vivos! Daí a necessidade de melhorar a nossa forma de existir no planeta, uma vez que os seres humanos apresentam uma forte tendência a eliminar a diversidade em favor de seu chamado “bem estar”.

21


Afinal, o que é o mosaico de diferentes ecossistemas da EMA? O mosaico de ecossistemas da Escola do Meio Ambiente é um mundo, sim, é um conjunto harmônico que sustenta a vida. Assim como o planeta Terra é um mundo para os homens, uma mancha de vegetação da EMA é um mundo para seus habitantes. Ali está em equilíbrio uma existência imensa de seres vivos! Ali é o mundo da biodiversidade. Biodiversidade é uma palavra síntese que abarca todo aquele mundo, desde o mais simples até o mais complexo, se destruirmos a biodiversidade de um desses mundos, também estaremos destruindo o plano geral do planeta, pois as partes globais são interdependentes. Como sabemos, a vida se alimenta da própria vida, de uma forma harmoniosa equilibrada e sustentável. Essa cadeia começa com a essencial atividade dos vegetais e das algas que recebem a energia vital do sol, necessária a realização da fotossíntese, o milagre da transformação em vida dos elementos químicos do solo e do ar. É a comunhão sagrada entre a terra e o sol. Os vegetais e as algas são a porta por onde entram todas as condições de vida (animais, fungos e bactérias) uns dependentes de outros. Todos são parte para a manutenção do equilíbrio do sistema que chamamos meio ambiente. A escolha é nossa, formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou por em risco a nossa existência e a diversidade da vida.

“O homem não pode tecer a trama da vida; ele é meramente um dos fios. Seja o que for que ele faça à trama, estará fazendo consigo mesmo.” Chefe Seattle

22


Para encerrar, nosso recado final: Educação para a vida, pela paz e pela solidariedade Temos que ensinar nós mesmos e os nossos filhos a apreciar as alegrias simples que estão ao nosso alcance. Isso pode não ser fácil nesta sociedade complexa e dispersa, mas é essencial à nossa sobrevivência. Sentar-se na grama com nossos filhos, mostrar-lhes as cores da natureza e admirar este milagre juntos. A educação pela vida, pela paz e pela solidaderiedade começa nesse instante, a partir da sensibilização. E a preservação da biodiversidade do planeta está relacionada à sensibilização das pessoas, a ponto de se tornarem responsáveis pela qualidade de vida dos demais server vivos do planeta.

23


24


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.