1 UNIVERSIDADE CEUMA COORDENADORIA GERAL DA ÁREA DE SAÚDE CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
EMANUELLE FERREIRA MELO
GRUPO OPERATIVO PARA GESTANTES: Uma ótica na qualidade de vida
SÃO LUIS 2013
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EMANUELLE FERREIRA MELO
GRUPO OPERATIVO PARA GESTANTES: Uma ótica na qualidade de vida
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como requisito parcial à obtenção do título Bacharel, em Terapia Ocupacional, da Coordenadoria Geral de Saúde, da Universidade Ceuma Orientadora: Especialista em Gerontologia Thaís Andrés Mendonça
SÃO LUIS 2013
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RESUMO
O grupo operativo para gestantes promove suporte biopsicossocial durante o período gestacional, que é composto por inúmeras mudanças. Este grupo traz um momento para amenizar essas alterações, promovendo qualidade de vida gestacional. O objetivo desta pesquisa foi analisar a qualidade de vida das mulheres grávidas, antes e depois de participarem do grupo operativo para gestantes. Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo exploratória e descritiva, a qual utilizou como instrumento para coleta de dados o questionário da WHOQOL-BREF, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os sujeitos do estudo foram uma amostra de 20 gestantes que participaram do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS – Vicente Fialho, do município de São Luís, no estado do Maranhão. Foram avaliadas 100% das gestantes. O quadro comparativo demonstrou que, na qualidade de vida geral, obteve-se melhora satisfatória de 25%. No domínio físico o aumento benéfico foi de 25%; o domínio psicológico aumentou 15% proveitosamente; no domínio das relações sociais 15% desenvolveram positivamente; e o domínio do meio ambiente elevou em 30% o nível de satisfação, apesar do déficit de 10% da presença delas no segundo questionário. Portanto, o estudo mostra que o grupo operativo promove a melhora na qualidade de vida gestacional através de atividades que amenizam os fatores que as influenciam diretamente.
Palavras-chave: Qualidade de vida; gestante; grupo operativo.
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ABSTRACT
The operative group for pregnant fosters support biopsychosocial during pregnancy which is composed of numerous changes. This brings a moment to ameliorate these changes, promoting quality of life pregnancy. The aim of this study was to analyze the quality of life of pregnant women before and after participating in the operative group for pregnant women. This is a quantitative research of the exploratory and descriptive, which used as a tool to collect data from the WHOQOL-BREF questionnaire, developed by the World Health Organization (WHO). The study subjects were a sample of 20 pregnant women who attended the service Harmony and Strengthening the Bond Reference Center of Social-CRAS Vicente Fialho, the city of S達o Luis in Maranh達o. We evaluated 100% of pregnant women, in which the comparative table shows that the overall quality of life was obtained satisfactory improvement of 25% in the physical domain the beneficial increase was 25%, the psychological domain increased by 15% fruitfully in the field of social relations have developed positively and 15% mastery of the environment increased 30% in the level of satisfaction despite the deficit of 10% of the presence of them in the second questionnaire. So the study shows that the operative group promotes improved quality of life through activities that gestational alleviate the factors that influence them directly.
Keywords: Quality of life; pregnant; operative group.
5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1
Comparativo de qualidade de vida geral....................................
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Gráfico 2
Comparativo do domínio físico....................................................
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Gráfico 3
Comparativo do domínio psicológico........................................... 17
Gráfico 4
Comparativo do domínio relações sociais................................... 18
Gráfico 5
Comparativo do domínio meio ambiente..................................... 19
6 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIVD´S
Atividades Instrumentais da Vida Diária
AVD´S
Atividades da Vida Diária.
CNS
Conselho Nacional de Saúde
CRAS
Centro de Referência de Assistência Social
OMS
Organização Mundial de Saúde
SCFV
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo
7 1 INTRODUÇÃO Muitos acontecimentos ocorrem a partir do momento em que se confirma a gravidez até o nascimento. Em média, são 40 semanas de emoções, dúvidas, apreensões, expectativas, entre outros sentimentos. Apesar da gestação e do parto serem considerados eventos fisiológicos, há diversas alterações físicas, hormonais e emocionais que requerem cuidados por parte destas mulheres e de suas famílias. Ou seja, o período gravídico demanda suporte não somente do aspecto biológico, por meio do pré-natal, mas também de outros subjetivos, visto que essa situação necessita de plenitude e bem-estar (VIÇOSA, 1997). Durante a gestação, o corpo feminino sofre lentas e profundas mudanças que podem gerar ansiedade e medo para quem as vive. Por isso, saber de antemão o que se passará em seu interior, o que será natural ou não e como proceder em cada momento, dará para elas maior segurança, confiança em si e, consequentemente, maior sensação de tranquilidade (SATORI, 2004). Essas transformações abrangem da mulher grávida ao casal, além de também poderem modificar a rotina de parentes e/ou amigos mais próximos. Isso irá exigir adaptações de todos os envolvidos a um novo contexto de vida nos âmbitos pessoal, familiar e sociocultural. Desta forma, a gestante precisa dispor de um ambiente para refletir sobre a situação atual vivida, suas dúvidas e sentimentos. Assim, é de grande valia a sua inserção em um grupo operativo que se colocará à disposição destas famílias como facilitador capaz de oferecer suporte a essa etapa da vida (PÓVOA et al, 2012). O grupo operativo foi criado por um médico psiquiatra e psicanalista de origem suíça, Enrique Pichon-Rivière, que se utilizou de teorias psicanalíticas de Melanie Klein e dinâmicas de grupos de Kurt Lewin para definir-se em um conjunto de
8 pessoas com objetivos em comum. Ele sistematizou os objetivos em três campos: institucionais, comunitários e terapêuticos. Porém, todos estes campos usam o mesmo método, que é o de ensino-aprendizagem, ou seja, do mesmo modo que aprendem, ensinam também (ZIMERMAN, 1997). De acordo com Lima (2009, p.7), O Grupo Operativo configura-se como um método de intervenção, organização e resolução de problemas grupais, sendo que, em qualquer de seus múltiplos campos de aplicação, possibilitam a identificação dos obstáculos que o grupo esteja enfrentando. Nesse enfoque, vale ressaltar que não se trata de curar, mas de resolver os obstáculos que impedem o desenvolvimento do indivíduo, ajudando-o a descobrir condições próprias para solucionar as dificuldades e problemas.
Nesta mesma obra, Lima (2009) relata que o grupo operativo somente acontece quando há uma quantidade considerável de pessoas que se reúnem pra desempenhar uma tarefa pré-determinada. Esta deve ser com atividades estruturadas por um coordenador ou seus componentes, conforme um tema definido que seja relacionado ao contexto do grupo para, assim, ajudá-los a desempenhar melhor o papel de agentes do ensino-aprendizagem. Nesse sentido, as oficinas se constituem em um método que contribui significativamente para que haja melhores resultados no trabalho coletivo. É a partir destas oficinas que os componentes de desempenho irão se manifestar, dando prosseguimento ao raciocínio sobre a situação vivenciada pelas gestantes, expandindo seus horizontes através de ações que favoreçam o ser curioso, questionador, criativo, reflexivo e adaptável para que elas possam analisar pontos de vista, solucionar e compartilhar, viabilizando a construção do conhecimento de si mesmo, seus atos e do mundo (DIAS, 2006). Neste mesmo contexto, Lima (2009) afirma que a convivência entre os participantes de uma oficina terapêutica evidencia elementos racionais e emocionais, expõe suas diferenças, revela medos e fantasias, favorece a troca de informação,
9 possibilita adquirir novas habilidades, potencializa outras e aciona atitudes conscientes e inconscientes. As atividades desenvolvidas irão promover o pensar, sentir e agir antes da tomada de qualquer decisão, favorecendo a busca de mudança no comportamento das grávidas. A partir destas percepções, para que o grupo operativo para gestantes desenvolva uma função terapêutica, faz-se necessária a participação efetiva dos membros, de modo a proporcionar integração delas por mútuas representações internas e a identificação dos obstáculos como reconhecimento de oportunidades para superálos. Essa ultrapassagem por parte delas engloba a qualidade de vida gestacional (VIÇOSA, 1997). Atualmente, a qualidade de vida é relativa e compreende necessidades humanas fundamentais, tais como materiais, espirituais e de saúde. Isso faz com que o indivíduo adquira novas atitudes em sua existência, culturalmente, em seu sistema de princípios e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Em outras palavras, baseia-se na compreensão do significado que cada um atribui a experiências vividas (ROCHA, 2008). Logo, a qualidade de vida tem seus conceitos mais amplos envolvendo diferentes domínios do indivíduo. No gestar, abrange mais a combinação de inúmeros outros fatores, alcançando desde os aspectos biológico-funcionais até socioculturais. Ou seja, uma gravidez bem sucedida pode ser entendida como uma combinação equilibrada dos aspectos físicos, biológicos, funcionais, produtivos e sociais (BRAGA, et al, 2011). Como a terapia ocupacional compreende o ser biopsicossocial, para este profissional, a qualidade de vida direciona seu olhar para o cotidiano do sujeito, para as atividades que produz, suas possibilidades e percepção de si e dos outros que o rodeiam, tornando o indivíduo capaz e produtivo. Dessa forma, o atendimento a gestantes atuará
10 principalmente na reorganização desse momento passageiro de transformações em seus diversos aspectos (NEISTADT et al, 2002). Consequentemente, a terapia ocupacional no grupo operativo para gestantes utiliza-se de atividades, como as oficinas, para proporcionar a essas mulheres o entendimento do seu estado corrente, reestruturando o seu cotidiano e preparando-as para os processos de gravidez, parto e maternidade, favorecendo, deste modo, a qualidade de vida gestacional (VIÇOSA, 1997). O referido tema originou-se do interesse em aproveitar a experiência vivenciada pela autora durante suas gestações, somado ao convívio voluntário com o grupo operativo para gestantes desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) – Vicente Fialho. Para aprofundar os conhecimentos acerca da atuação do terapeuta ocupacional a esse público-alvo, foi realizada a análise de dados colhidos por meio do questionário WHOQOL-BREF aplicado com todas as participantes do grupo operativo. Frente ao exposto, o objetivo desta pesquisa foi analisar a qualidade de vida das mulheres grávidas, antes e depois de compartilharem do grupo operativo para gestantes inserido no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do CRAS – Vicente Fialho, durante o período de cinco meses do corrente ano. Destaca-se a relevância do tema pesquisado como uma forma de conhecer quais os fatores que diretamente influenciam os aspectos físicos, psicológicos, de relações sociais e do meio ambiente das gestantes. Foram correlacionadas as literaturas ao grupo investigado, na intenção de poder servir como referência de estudos para esta situação especial vivenciada somente por mulheres.
11 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar a qualidade de vida das mulheres grávidas, antes e depois de participarem do grupo operativo para gestantes, inserido no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do CRAS – Vicente Fialho.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ➢ Avaliar a qualidade de vida das gestantes para serem identificados os fatores que as influenciam diretamente na sua qualidade de vida, antes de iniciarem suas atividades no grupo operativo; ➢ Planejar oficinas que promovam qualidade de vida às grávidas que participam do grupo operativo, conforme os aspectos identificados; ➢ Comparar a qualidade de vida das gestantes antes e depois de participarem das atividades do grupo operativo.
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3 METODOLOGIA 3.1 Delineamento de estudo Trata-se de uma pesquisa de campo, de natureza quantitativa, caráter exploratório e modalidade descritiva, com respaldo bibliográfico, envolvendo a coleta de dados dos questionários (WHOQOL-BREF) aplicados antes de as grávidas ingressarem no grupo operativo e depois de o finalizarem, em um determinado local. Para as atividades terapêuticas ocupacionais, realizou-se um roteiro de atividades (ANEXO A), no qual foi descrito cada tema trabalhado nas oficinas terapêuticas efetuadas com o grupo operativo para gestantes. Lembrando que coube respeitar a intersetorialidade entre SUS e SUAS. A investigação desenvolveu-se com o grupo operativo para gestantes do CRAS – Vicente Fialho, com sede na cidade de São Luís, no Estado do Maranhão, situado na Rua da Praça, nº 03, quadra 06, bairro Cohajoli, durante o período de janeiro a junho do corrente ano. A técnica de referência responsável pelo grupo foi uma Psicóloga, que recebeu suporte da Assistente Social e de dois estagiários de Serviço Social. Nesse período da pesquisa, o grupo dispôs, então, de seis pessoas, incluindo a autora desta pesquisa e sua supervisora/orientadora. Este tipo de estudo preconiza a avaliação e análise da qualidade de vida das grávidas em dois momentos: no primeiro trimestre gestacional, antes da sua inserção no proposto grupo operativo; e no terceiro trimestre, após o término do referido grupo. Estes instantes foram escolhidos por serem os mais peculiares à situação vivenciada por estas mulheres, visto que compreendem as fases de maiores transformações biopsicossociais, as quais influenciam bastante a qualidade de vida delas.
13 É importante salientar que o critério utilizado para este trabalho foi de intervenção com o grupo operativo para gestantes no intervalo pré-estabelecido de cinco meses – período suficiente para que o grupo possa promover mudanças significativas na condição biopsicossocial e melhorias na qualidade de vida das gestantes.
3.2 Participantes Fazem parte do presente estudo 20 grávidas que, para participarem deste grupo operativo, devem estar cadastradas no CRAS, ter o Número de Inscrição Social (NIS) e estar inseridas no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo, sendo elas primíparas e/ou multíparas. O critério para participação desta pesquisa foi: estar gestante; ter desimpedimento para colaborar voluntariamente; e ter habilidades para comunicação e compreensão requeridas pelo instrumento aplicado. Permitiu-se também a participação de um acompanhante, de escolha pessoal, que estivesse interessado em participar do grupo. Todos deveriam ter disponibilidade uma vez por semana, impreterivelmente nas terças-feiras, no turno matutino, das 08:00 às 9:30, durante o período de 15 de janeiro a 25 de junho de 2013, com duração total de cinco meses.
3.3 Instrumento de pesquisa O instrumento utilizado para a realização do estudo foi o questionário WHOQOL-BREF (ANEXO B), modelo proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliar a qualidade de vida. Esta é uma ferramenta que pode ser aplicada tanto para populações saudáveis como para populações acometidas por agravos e doenças crônicas. É uma
14 avaliação fechada que valoriza a percepção individual da pessoa, podendo mostrar a qualidade de vida em diversos grupos e situações. WHOQOL-BREF é composta por 26 questões objetivas. A primeira referese à qualidade de vida geral; a segunda, à satisfação com a própria saúde; e as outras 24 estão divididas em domínios (físico, psicológico, de relações sociais e do meio ambiente). Cada domínio está subdividido em facetas, que estão mescladas no questionário, conforme indicado abaixo: ➢ Domínio físico: dor, desconforto, energia, fadiga, sono, repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou tratamentos e capacidade de trabalho; ➢ Domínio psicológico: pensar, aprender, memória, concentração, autoestima, imagem corporal, aparência, espiritualidade, sentimentos positivos e negativos; ➢ Domínio de relações sociais: relações pessoais, suporte social e atividade sexual; ➢ Domínio do meio ambiente: proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais, oportunidades de adquirir novas informações, habilidades, lazer, ambiente físico e transporte. Os questionários tiveram seus escores calculados e mensurados de acordo com os domínios, para que os resultados obtidos fossem esquematizados em gráficos e, por fim, analisados e discutidos.
3.4 Coletas de dados Antes de iniciar o grupo operativo para gestantes, foi aplicado o questionário WHOQOL-BREF para que fossem postos em gráficos e analisados os seus dados. A finalidade foi avaliar a qualidade de vida e identificar os fatores que a influenciam diretamente. Após este primeiro momento, definiram-se os temas e traçaram-se as
15 atividades correlacionadas a eles, as quais seriam aplicadas durante as oficinas (ANEXO C). Desse modo, por fim, foi dado início ao grupo operativo para gestantes. Conforme o planejado, as oficinas ofereceram atividades laborativas, artesanais e lúdicas voltadas à melhoria dos aspectos que necessitavam ser identificados no primeiro questionário aplicado. Ao término de cada atividade, eram feitas analogias ao referente tema proposto. Depois de cinco meses realizando atividades com o grupo operativo para gestantes, aplicou-se o segundo questionário para comparar a qualidade de vida das gestantes em relação ao primeiro, na intenção de identificar se houveram ou não alterações mediante a sua participação no grupo. É importante ressaltar que, para realização deste artigo científico, as gestantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO D), viabilizando a execução deste estudo e mantendo os princípios éticos e legais para com os envolvidos nela, respeitando a resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
4 RESULTADOS/DISCUSSÃO O estudo foi realizado com 100% das gestantes cadastradas no CRAS que participariam do grupo operativo destinado a elas para análise da qualidade de vida deste público-alvo. Foram colhidos dados baseados na aplicação do questionário WHOQOL-BREF. É importante salientar que, no segundo questionário, houve uma variável de 10% relacionadas a não participação de algumas gestantes no segundo questionário aplicado. Isso se deve pelo fato de estarem hospitalizadas por terem entrado em trabalho de parto antes do tempo previsto. No entanto, como elas participaram da primeira
16 avaliação e das oficinas realizadas pelo grupo operativo, elas entraram na contabilização dos dados e serão postas como variáveis, de acordo com O GRUPO WHOQOL (1995). O gráfico (GRAF.1) abaixo demonstra a comparação entre o primeiro e segundo questionário em relação à qualidade de vida geral.
GRÁFICO 1 – Comparação evolutiva da qualidade de vida geral entre o primeiro e segundo questionário (Fonte: autoria própria)
No gráfico acima mostrou-se que, na qualidade de vida geral, após aplicação do primeiro questionário, 50% das pesquisadas estavam insatisfeitas, 50% satisfeitas e 0% não participaram. No segundo questionário, 15% estiveram insatisfeitas, 75% satisfeitas e 10% não participaram. Assim, certificou-se que as gestantes participantes do grupo operativo obtiveram um progresso de 25%, apesar da variável de não participação de 10%. Segundo Castro (2010), ao inserir gestantes em grupos operativos, o nível de satisfação aumenta. Póvoa et al (2012) afirmam que, ao realizar atividade com gestantes, a qualidade de vida melhora. De acordo com Batista et al (2003), ao iniciar uma prática de atividade orientada durante a gravidez, há benefícios amenizando a ansiedade gestacional e, consequentemente, promovendo boa qualidade de vida. Porém, Moreira (2009) aprofunda-se dizendo que a variação da satisfação depende dos domínios afetados, já que perguntar sobre qualidade de vida é uma questão subjetiva e pessoal para cada indivíduo. O gráfico (GRAF.2) a seguir demonstra uma comparação entre o primeiro e
17 segundo questionário no domínio físico.
GRÁFICO 2 – Comparação evolutiva do domínio físico entre o primeiro e segundo questionário (Fonte: autoria própria)
No gráfico acima observou-se que, no domínio físico, após aplicação do primeiro questionário, 85% das gestantes estavam insatisfeitas, 15% satisfeitas e 0% não participaram. No segundo questionário, 60% estiveram insatisfeitas, 30% satisfeitas e 10% não participaram. Assim, constatou-se que aquelas participantes do grupo operativo obtiveram um progresso de 25%, apesar da variável de não participação de 10%. Castro (2010) afirma em sua pesquisa que o alto índice de insatisfação resulta em uma imediata mudança no cotidiano da gestante, já que está diretamente relacionado com as atividades da vida diária, dependência de medicação ou tratamento e capacidade de trabalho, ou seja, as Atividades da Vida Diária (AVD´S), Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD´S) e Atividades Ocupacionais. Rocha (2008) acrescenta ao mencionar que a falta de um emprego fixo pode ser considerado como um fator de limitação para a qualidade de vida. Portanto, Dias (2006) menciona que grupos operativos contribuem diretamente para vivências ligadas à produtividade e novas configurações de papéis das Atividades Ocupacionais, assim capacitando-as para o trabalho e facilitando atividades da vida cotidiana. Póvoa et al (2012) demonstram em seus achados que este domínio está ligado às Atividades Ocupacionais, havendo associação significativa entre renda e qualidade de vida. O gráfico (GRAF.3) abaixo demonstra a comparação entre o primeiro e
18 segundo questionário no domínio psicológico.
GRÁFICO 3 – Comparação evolutiva do domínio psicológico entre o primeiro e segundo questionário (Fonte: autoria própria)
No gráfico acima analisou-se o domínio psicológico. Após a aplicação do primeiro questionário, 80% das gestantes estavam insatisfeitas, 20% satisfeitas e 0% não participaram. No segundo questionário, 60% continuaram insatisfeitas, 30% estiveram satisfeitas e 10% não participaram. Como resultado, verificou-se que ocorreu um aumento de 20% beneficamente, apesar da variável de não participação de 10%. Falcone et al (2005) afirmam que a alteração nos aspectos psicoemocionais e cognitivos interferem na qualidade de vida e na aceitação da gestação, por isso, faz-se necessária intervenção na autoestima, imagem corporal e sentimentos negativos. Castro (2010) reforça o autor anterior ao confirmar em sua pesquisa que o domínio psicológico interfere diretamente na vida daquelas que não planejam sua gestação, causando desorganização em seu cotidiano, baixa autoestima e promovendo sentimentos negativos. Segundo Batista et al (2003), a participação de gestantes em grupos com atividades modifica a percepção destas mulheres, que passam a reconhecer uma melhora pessoalmente em seus aspectos físico e psicológico, tornando mais fácil a aceitação da maternidade e suas atribuições. Campos et al (2003) reafirmam dizendo que, por intermédio de grupos, é possível compreender os processos do gestar, parto e maternidade, proporcionando maior autonomia e reduzindo sentimentos negativas por
19 meio da reflexão sobre questões relacionadas a: aceitação da gestação, imagem corporal e alterações cognitivas. O gráfico (GRAF.4) abaixo demonstra a comparação entre o primeiro e segundo questionário no domínio de relações sociais.
GRÁFICO 4 – Comparação evolutiva do domínio de relações sociais entre o primeiro e segundo questionário (Fonte: autoria própria)
No domínio relações sociais, do gráfico acima, observou-se que, no primeiro questionário, 55% estavam insatisfeitas, 45% sentiam-se satisfeitas e 0% não participaram. Após a aplicação do segundo, 40% permaneciam insatisfeitas, 50% satisfeitas e 10% não participaram. Notou-se, então, um aumento de 15% nesse domínio beneficamente e 10% não participaram. Póvoa et al (2012) dizem que este domínio é bastante relevante para avaliar percepções subjetivas, como sexuais e espirituais. Segundo Sartori (2004), este é um domínio bem peculiar para as gestantes, tanto nas questões familiares como pessoal e social, podendo ser bastante prejudicado durante a gestação em virtude de, fisiologicamente, elas enjoarem de algumas pessoas próximas, que as causam náuseas. Dias (2006) diz que o grupo operativo serve como um suporte para trabalhar suas
20 relações interpessoais. Rocha (2008) reafirma dizendo que o ser humano é socialmente dependente de grupos de convivência, visto que, sem isso, a baixa satisfação está associada aos piores níveis de qualidade de vida, sendo indicador de depressão. O gráfico (GRAF.5) a seguir demonstra uma comparação entre o primeiro e segundo questionário no domínio do meio ambiente.
GRÁFICO 5 – Comparação evolutiva do domínio do meio ambiente entre o primeiro e segundo questionário (Fonte: autoria própria)
No gráfico acima observa-se que, no domínio do meio ambiente, após aplicação do primeiro questionário, 95% das gestantes estavam insatisfeitas, 5% satisfeitas e 0% não participaram. No segundo questionário, 65% ainda continuam insatisfeitas, 25% satisfeitas e 10% não participaram. Como resultado, verificou-se que ocorreu um aumento de 30% beneficamente, apesar da variável de não participação de 10%. Segundo Castro (2010), o resultado elevado de insatisfação neste domínio mostra que há influência direta a má qualidade de vida da gestante, visto que, para que elas possam executar suas AVD´s, AIVD´s, Atividades Ocupacionais e de Lazer, faz-se necessário dispor de recursos financeiros e transporte. Póvoa et al (2012) acrescentam dizendo que, para uma gestação saudável, é necessário realizar idas ao médico, passeios, busca pelo enxoval do bebê, compras de supermercado, enfim, todo um contexto de
21 desempenho que pode vir ou não a ser alterado de acordo com o público e seus recursos financeiros. Logo Braga et al (2011) e Rocha (2008) comungam confirmando que há dificuldade em alterar este domínio, já que resultados elevados de insatisfação podem revelar uma maior exigência quanto às condições de infraestrutura dos serviços públicos, como saúde, educação e mobilidade urbana.
CONCLUSÃO A gestação é um período de mudanças, expectativas e de espera de uma nova vida, ocorrendo grandes transformações que precisam ter um olhar mais cuidadoso. Desse modo, o grupo operativo para gestantes se mostra eficaz para amenizar situações de medo e ansiedade durante o gestar, parto e maternidade, tanto para as gestantes como para os familiares. Portanto, a terapia ocupacional se propõe para, dentro de um grupo operativo para gestantes, fazer uso de oficinas como recurso terapêutico na intenção de ajudar a reorganizar essa promissora etapa de vida das gestantes, promovendo maior qualidade e proporcionando reflexões acerca de seus papéis de mulher, esposa e mãe, facilitando a sua metamorfose. Ao analisar os resultados da pesquisa, observou-se que, mediante a comparação dos dois questionários, de 100% das participantes no grupo operativo para gestantes, o nível de satisfação de qualidade de vida geral e de domínio físico aumentaram em 25%, no psicológico elevou 20%, subiu 15% no domínio das relações sociais e 30% no de meio ambiente. Durante o percurso do trabalho, houve uma deficiência de 10% das participantes no segundo questionário, em virtude de algumas não poderem estar presentes na sua aplicação por causa do seu parto antecipado. Porém, ainda assim constatou-se que houve um aumento significativo na satisfação das gestantes que participaram do grupo operativo. É importante ressaltar que, apesar de os domínios físico e do meio ambiente terem aumentado siguinificativamente em seus escores comparativos, estes se mostraram com influências negativas em virtude das limitações na mudança destes aspectos. Ou seja, existe uma certa dificuldade em modificar questões referentes a: emprego fixo, capacidade de trabalho, recursos financeiros (renda), acesso ao transporte
22 público, lazer e oportunidades de adquirir novas habilidades e informações. A qualidade de vida não se refere somente a questões subjetivas, mas também aos recursos que as pessoas possuem, tais como os serviços públicos oferecidos, assim como o contexto em que elas estão inseridas. Mesmo com todas essas limitações, o grupo operativo conseguiu, por meio de oficinas, oferecer a elas a capacidade de adquirir novas habilidades e, assim, modificar sua renda, amenizando alguns fatores que influenciaram diretamente na sua qualidade de vida. Além disso, a utilização de atividades coordenadas focadas nas mudanças de comportamento em relação ao processo de gestação, parto e maternidade, também contribuíram para a promoção da qualidade de vida gestacional. Assim, ao término de cada oficina, sobretudo na finalização do grupo, foi possível captar manifestações de contentamento em relação ao conjunto das atividades desenvolvidas, em especial às artesanais e de reciclagem. Foram essas atividades laborativas que favoreceram o empreendedorismo das pesquisadas. Houve também unanimidade no sentimento de satisfação delas por terem participado do grupo, pois cada sessão representava a possibilidade de alívio dos desconfortos físicos e emocionais que foram sendo externalizados, o que lhes proporcionou tranquilidade e sensação de bem-estar. Portanto, os resultados do presente estudo corroboraram com a afirmativa de que o grupo operativo age como um recurso adequado para dar suporte a essas mulheres, fazendo-as serem produtivas, de forma sutil, firme e prazerosa, durante sua gestação. Foram resgatados nelas os aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais de forma satisfatória, promovendo, assim, uma boa qualidade de vida gestacional.
23 REFERÊNCIAS
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