ÁGUA
Estratégias de redução de perdas nos sistemas de abastecimento da Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja
João Santos Gabinete de Gestão de Redes e Controlo de Perdas da EMAS de Beja
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Com a criação do GRCP, foi possível passar a ter uma equipa de trabalho que avalia diariamente os consumos em cada uma das zonas de distribuição
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INDÚSTRIA E AMBIENTE 94 SETEMBRO/OUTUBRO 2015
O tema “perdas de água” sempre esteve em evidência na EMAS de Beja. Desde o início da sua atividade que a EMAS dispensa bastante atenção a esta problemática, sendo que o sistema de distribuição de água se encontra equipado, para além dos normais dispositivos de leitura de consumo de água para efeitos de faturação aos consumidores, com equipamentos que permitem efetuar a medição de água que entra no sistema. Deste modo, há muitos anos que é prática corrente na EMAS a realização, com um grau de certeza bastante razoável, de análises que permitem compreender as várias componentes do balanço hídrico, com especial destaque para a água não faturada. Com base neste conhecimento e atendendo cada vez mais às presentes preocupações económicas, financeiras e ambientais, bem como à pressão crescente da atividade reguladora, a EMAS teve a necessidade de encetar uma série de estratégias que visam precisamente a eficiência crescente do seu sistema de distribuição de água.
De entre as estratégias definidas (substituição de condutas e ramais, setorização, criação de Zonas de Medição e Controlo (ZMC), substituição do parque de contadores, entre outras), em 2015 foi criado o Gabinete de Gestão de Redes e Controlo de Perdas (GRCP). Com a criação do GRCP, foi possível passar a ter uma equipa de trabalho que avalia diariamente os consumos em cada uma das zonas de distribuição, definindo prioridades de intervenção de acordo com o volume potencial de perdas de água a recuperar. De entre o volume de perdas de água a recuperar encontram-se as perdas de água não visíveis, tendo para este efeito sido definida uma estratégia que assenta principalmente na pré-localização de roturas através da análise de caudais noturnos nas redes de saneamento (método utilizado preferencialmente nas freguesias rurais) e através da pré-localização com recurso a step test em período noturno (fecho progressivo de válvulas à noite). Para qualquer um dos métodos indicados, a localização da fuga é efetuada com recurso a geofone. Após a etapa de localização são criadas as ordens de serviço e efetuados os registados no SIG, encaminhando-se automaticamente a reparação para as equipas de manutenção e operação. Foram ainda instaladas válvulas redutoras de pressão (VRP) em alguns pontos da rede, criando pequenas Zonas de Gestão de Pressão (ZGP), onde nos pareceu que as pressões eram manifestamente superiores ao necessário e onde o número de roturas era bastante elevado. Do trabalho realizado até à presente data, passámos a ter outra noção das perdas de água, aumentámos o conhecimento da rede ao nível dos consumos distribuídos, potenciaram-se os dados de cadastro com a sua validação/correção, o que tem levado à redução dos custos com a água adquirida. Tratou-se de um trabalho contínuo e persistente que passou a disponibilizar dados importantes para a tomada de decisão ao nível dos investimentos a realizar nos sistemas e definição de prioridades.