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COMPETITIVIDADE
DESIGN DE EMBALAGEM E A INDÚSTRIA 4.0
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A INDÚSTRIA 4.0 ESTÁ MAIS PRÓXIMA DO DESIGN, ENTENDIDO DE FORMA AMPLA, DO QUE SE IMAGINA
Ocomportamento das pessoas nas organizações parece ser, muitas vezes, compartimentalizado. Cada um se posiciona como que entrincheirado, defendendo posições nem sempre sustentáveis frente às incertezas e turbulências que compõem o cotidiano do mundo das embalagens. Embalagem é muito mais do que um simples material. É um sistema complexo que requer dos gestores a capacidade de observar e entender as partes - materiais, equipamentos, pessoas, objetivos de marketing, entre outros - e o todo, composto de informações, processos inovativos quase ininterruptos, mercado aberto a novas ideias e desejos. Nesse cenário, em que adicionar valor a produtos e embalagens faz parte da busca pela competitividade e consequente sobrevivência das empresas, dois conceitos, aparentemente desconexos, precisam ser considerados: design de embalagem e Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada. Entendo o Design de Embalagem de forma ampla, sistêmica. Focar apenas um ou outro aspecto como a forma ou uma determinada cor não me parece correto. Gosto demais do Design Thinking. É holístico! Por esse motivo me apoio nele nas aulas das disciplinas Projeto de Produto (na graduação) e Projeto de Embalagem (na pós-graduação) para identificar desejos dos consumidores. Atividades como traçar o perfil da Persona, simular a Jornada do Usuário, desenhar o Mapa Conceitual, entre outras, abrem a mente para infinitas possibilidades de embalagens. O sucesso do uso do Design Thinking está diretamente relacionado à colaboração entre empresas e pessoas, decorrente da conectividade entre elas que é possível graças aos recursos tecnológicos existentes. Por exemplo, sabe-se que a exposição das pessoas nas redes sociais, aliada ao uso intenso dos celulares, fornecem dados para eventual análise nas plataformas. Ter competência e ética para usar esse manancial de informações pode gerar vantagem competitiva para empresas. Inicia-se aí uma pequena viagem pelo mundo das tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 que podem ser úteis, mesmo numa abordagem simples do Design como a aqui adotada. A Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), a primeira delas, permite a transmissão dos dados coletados em equipamentos, instalações e pessoas por sensores corretamente instalados para uma plataforma (leia-se Sistema Ciber-físico) onde serão consolidados e analisados (Data Analytics). A partir daí será possível simular, por exemplo, a citada Jornada do Usuário, melhorias de processos ou ainda explorar oportunidades. As demais tecnologias poderão ou não ser utilizadas posteriormente. Cabe aqui um alerta: não confundir essas tecnologias habilitadoras com a Indústria 4.0 propriamente dita, definida como “um sistema ciber-físico que permite a conexão entre equipamentos, instalações e pessoas, para coletar e analisar dados e alicerçar decisões que visem adicionar valor aos produtos e operações”. Como se vê, a Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, está mais próxima do Design, entendido de forma ampla, do que se imagina. Não é tão difícil entender isso! Pode parecer assustador aos neófitos, mas essa proximidade não é hostil como pode se afigurar ao primeiro olhar. É uma jornada, é essencial e fundamental dar o primeiro passo e, como preparativo, sugiro dois livros: A Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab, e 21 Lições para o Século 21, de Yuval Harari. Um documento que também merece ser lido é o Plano de Manufatura Avançada (https://antigo.mctic.gov.br/mctic/ export/sites/institucional/tecnologia/ tecnologias_convergentes/arquivos/ Cartilha-Plano-de-CTI_WEB.pdf), publicado em 2017. Uma pergunta sempre formulada quando se discute esse assunto: por que começar essa jornada? Duas respostas: a) porque o futuro das organizações requer conhecimento minucioso das cadeias produtivas e de cada um dos atores, e quem não se preparar poderá não sobreviver por muito tempo; e b) porque as pessoas estão cada vez mais expostas a uma incontável quantidade de informações e querem soluções customizadas. Será desastroso não começar!!!! É preciso entender que não existem soluções mágicas. É uma transformação cultural. Utilizar esses conceitos no Design de embalagens por certo encantará os consumidores e adicionará ainda mais valor a elas.
ANTONIO CABRAL
Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT) acdcabral@gmail.com