Jornal O Norte 05/Out/2009 Festival Mundo
Festival Mundo invade a cidade Primeira noite traz atrações de vários países, indo além das expectativas do amantes da música local Emerson Cunha // emersoncunha.pb@diariosassociados.com.br Entre as luzes esverdeadas que iluminavam as árvores da Usina Cultural Energisa na noite de sábado, alguns coturnos, minissaias quadriculadas, cabelos fora do padrão e um bocado de tênis All Star. O Festival Mundo 2009 conseguiu fazer jus ao nome já no primeiro dia de apresentações, mostrando a versatilidade não apenas na variedade de estilos musicais das apresentações - do rock clássico ao hip hop das periferias francesas, passando pelo rock metal e uma misturada tropicálica -, como também na convergência de gente e estilos e facetas de todo o tipo: rockeiros, rappers e cinéfilos. Os shows começaram no início da tarde do sábado, por volta das 17h - pouquinho atrasado para quem esperavam pontualmente frente às grades - e nos primeiros acordes, pouca gente apareceu: houve quem pensasse que o evento não decolasse. Mas foi só a lua cheia subir para que os amantes da música independente chegassem ao local, que prometia. Performance em todas as apresentações foi o que não faltou, principalmente com as bandas metaleiras R.I.D., Soturnos e Dissidium, que abriram a noite de shows. Foi a primeira vez que bandas de rock metal se apresentaram no Festival Mundo, sinal do amadurecimento da organização em aglutinar vários estilos e gostos musicais. Subiram ao palco, até o começo da madrugada, nove atrações; como era o mundo que ali estava, vozes de fora também se fizeram presente, como o potiguar Distro, explorando psicodelicamente seu novo álbum, e os sergipanos The Baggios, com um rock bem clássico, de quando a guitarra ainda carregava os ranços countries. A novidade da noite foi a apresentação de Eklips, Dj Nelson e Marko 93, franceses que trabalham o hip hop das periferias parisienses junto à batida eletrônica do beatboxing, ao graffiti feito na hora, e a mágica de uma técnica chamada lightpainting, o graffiti com luzes, feitos com materiais luminescentes que desenham no ar, de resultados que podem ser conferidos no vídeo e na fotografia. Talvez pelo passar da hora- foi a última apresentação -, não fez tanto sucesso quanto o hip hop bem brasileiro do Sacal. O público acompanhou a batida com as palavras de cunho bem popular e uma pegada irreverente não apenas musicalmente, mas com grande crítica social. Mas o grande show da noite veio com a turma do Burro Morto, lá pelas onze da noite. Um instrumental fabuloso invadiu a usina, com ritmos diversos mesclados, como o blues, o funk e o afrobeat, e os acordes de um teclado muito simpático, tudo num estilo bem tropicalista. Nos intervalos da trocas de bandas, houve um pessoal que tocou o terror no Mundo, literalmente. O Tintin Cineclube e a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) levaram nove curtametragens de terror e de suspense de produtores de todo o mundo, divididos em oito sessões, abertas ao longo da noite. O Tintin Mostra Mundo, apresentado na Sala Multimeios, do outro lado da Usina, causou um grande vai-e-vem da multidão que não queria perder as apresentações cinematográficas, nem as musicais. O tema do sábado Mostra Nacional: Monstros e Maníacos do 3º Mundo trouxe curtas brasileiros do gênero, alguns de cunho trash e outros de um terror de arrupiar a nuca, entre os quais vale lembrar o paraibano Boi da cara preta, de Arthur Lins e Ely Marques (2007), sobre o monstro do imaginário popular numa cidade do interior paraibano, e A menina do algodão, dos pernambucanos Daniel Bandeira, Kleber Mendonça Filho, sobre o fantasma de uma menina que aterroriza os banheiros do colégios de Recife. Produzido com câmera de celular,