WEARABLE ARCHITECTURE
Mariana Teixeira
“GOSTAVA DE FICAR pensando em coisas até que um dia desenhei um anel. Isso mudou a minha vida porque entendi que sempre fui ligado ao objeto, à concretização de algo”. –– –––– Antonio Bernardo, ao desistir da faculdade de engenharia.
U niversidade F aculdade
de
de
B rasília
A rquitetura
e
U rbanismo
E nsaio T eórico 2º/2018 P rofessora O rientadora M aribel F uentes A liaga
M ariana T eixeira B rutalismo A plicado 18
à
de novembro de
J oalheria 2018
Pedro Pantoja sobre a relevância da emoção imersa em cada traço de projeto
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
JUSTIFICATIVA
CAPITULO 01
CAPITULO 02
VESTIR ARQUITETURA
CAPITULO 03
LISTA DE FIGURAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DO DISCURSO A UM PADRÃO VISUAL ESTÉTICO PERIFERIA DO VERBOCENTRISMO
DO PROJETO AO LABORATÓRIO / UM OLHAR SOBRE AS FALHAS
NEM EXPERIMENTAL, NEM PRAGMATICO. NEM ARTISTA, NEM ARTESÃO
08
INTRODUÇÃO t A partir do que o próprio título sugere , esse trabalho ensaia de forma despretenciosa , a pretenção de iniciais
e
finais
cabíveis
em
todo
o
[ re ] definir
abraço
da
os limites
arquitetura
enquanto atitude de projeto , a fim de dar corpo à compreensão do processo que abrange a escala de jóias à cidade , desintoxicar minhas certezas e ir
[ para ]
além do fundamento teórico , uma
vez que parece haver um traçado coerente laçando toda a expansão
do
raciocínio
que
atua
através
do
desenho ,
por
olhares afastados , ainda que conversando em pontos aplicáveis
[e
replicáveis ] no que diz respeito à invenção de soluções .
R ecorre - se bastante
assim a um levantamento , ainda que no enquanto
razo
em
profundidade , explorar ,
possibilidades
de
considerações
citadas
pelos
que
deseja
articular autores
e
fomentar
as
complementar
as
escolhidos ,
a
fim
de
identificar particularidades às quais atribuem potencialidade para
um
pensamento
A rquitetura ,
em
desvio
dentro
da
F aculdade
de
de forma que como resultado , seja possível buscar
em outras fontes de conhecimento aspectos relacionados com a percepção , a tomada de decisões e o planejamento , utilizando - se da aplicabilidade para decifrar essa transposição de referências .
E ste ensaio procura motivar diferentes abordagens de concepção de ideias e processo de materialização a partir do que caracteriza o
olhar
do
designer
e
sua
influência
no
desenvolvimento
09
de projetos , uma vez que se trata de objetos que , em menor escala , são passíveis de protótipos e logo , de outra perspectiva para a relação com o erro e com o que ainda não existe 01
A
#01
a
trajetória
brasileiro
nos
do
que
diversos
vem
se
diversidade
#03 03
um
do
momentos
reflexão
e
A
outra
abordagem
ferramenta pelo
é
momentos .
como
parâmetro
de
de
projeto
e
A
concepção
na
um
pavimentado
feita
pela
sua
dimensão de
manipulado
materialização
minunciado .
que
um
de
jóias
entre
algumas
arquitetura
da
está
arquitetos
compreensão do
livremente
entre
relação
dessas a
e
experiência
e
de
complexidades
um certo fetiche com
caminho
do
designers
para
estabelecimento
de
e
ilustrado
intercalam
ilustração
olhar
tanto
se
fazendo
já
de
fundamentais
processo
que
intrinsecamente
#02
possibilidades ,
de
pouco
firmando
comprimentos
traçado no universo de projeto , a
03
estrutura para essa narrativa se apoia em
com
o
raciocínio procedimento
formas design .
joalheria sendo na
costurado
artefato
trajetória espacial , preciso
como
metodologia
representa da
e
uma
final .
realizações projetual , quanto de
no
valores
ligados à coexistência da técnica e da estética no que está sendo tratado como design atitudinal e criação de identidade .
01 O problema para os designers é conceber e planejar o que ainda não existe,
10
e isto ocorre no contexto da indeterminação de problemas perversos, antes que se saiba o resultado final. BUCHANAN, 1990, p.18.
A
palavra projetual aqui fala com quem está a vontade com o
termo em sintaxe e semântica , vai continuar sendo empregada como objeto de maior interesse e portanto merece estar sem aspas , assim como a palavra design , que se complica sozinha e se distancia da arquitetura , por não ser usada no mais claro português 02 .
Ao o os
refletir sobre o que há no discurso brasileiro perante
ato
projetual ,
processos
que
é
conveniente constituíram
primeiros estímulos para esse
um esse
E nsaio ,
ideia difusa de estética e beleza no
olhar
cuidadoso
espaço - tempo .
sobre
Um
dos
foi questionar porque a
B rasil
é tão associada com
uma questão de poder aquisitivo e , para o projetista brasileiro , como criar valor de identidade do desenho ao produto pelo viés periférico do valor de troca .
S obre
a delicada escolha
de usar o termo binominal periferia e centro ao me referir à essa questão , me baseio na explicação de
R afael C ardoso . 03
02 A origem mais remota da palavra está no latim designare, verbo que abrange ambos os sentidos, o de designar e o de desenhar. Percebe-se que, do ponto de vista etimológico, o termo já contem nas suas origens uma ambiguidade, uma tensão dinâmica, entre um aspecto abstrato de conceber/projetar/atribuir e outro concreto de registrar/configurar/formar. CARDOSO, 2013 p. 221. 03 A vantagem dos termos periferia e centro reside justamente na possibilidade de pensar essa relação com dimensões, como se discutíssemos não um mapa plano, mas um modelo planetário em que diferentes núcleos agregam, cada um, os seus satélites e giram, por sua vez, em torno de núcleos mais poderosos, ocupando ao mesmo tempo a posição de centro do seu pequeno sistema e periferia do sistema maior. IBIDEM, p. 214.
11
JUSTIFICATIVA Há
um manifesto presente em enfatizar a verdade do material ,
é por meio dele e à ele que me atenho aqui .
O
fator estético é
apenas um dentre muitos com os quais o designer de produtos lida .
N em
o mais importante , nem tampouco o dominante .
Ao
lado do fator estético existem os fatores da produção , da engenharia , da economia e talvez os aspectos simbólicos 04 .
A
aplicação do concreto e outros materiais construtivos em
peças usáveis no corpo é interessante porque a busca pela amostra
paradoxalmente
desenvolvida conceito .
perfeita
edificações ,
para
E ntretanto
entre
leveza
continua
e
resistência
preservada
em
é aperfeiçoada para sintetizar , dentro
da escala desejada , as formas de um recorte arquitetônico , enfatizando em suas devidas proporções o essencial da relação entre projetista , projeto e usuário , no que diz respeito a partes do processo de criação e execução em função do objeto final .
T alvez
a
mais
baixa
densidade
atingida
em
um
material
não
esteja presente na sua amostra mais resistente , ou o oposto .
O
ponto é que o caminho para atingir determinados aspectos
revelam outros e são todos relevantes se forem provados possíveis , uma vez que não há um tipo perfeito de tamanha complexidade de
12
mistura ,
sempre
04 Maldonado, T:, 1958
vai
depender
da
aplicabilidade
desejada
no meio criativo e inventivo , independente da escala de obra .
U ma
das
forças
para
a
presente
pesquisa
é
a
variedade
de
formas que a plasticidade do concreto o permite manifestar por si só , moldando - se a partir de variáveis inerentes a seus atributos
e
amplamente
na
forma
presente
de
no
manipulação .
meio
P or
construtivo ,
mais
é
que
seja
perceptível
o
tamanho distanciamento do uso e aplicabilidade do material em si , que fica claro entre o resultado da sua manipulação dentre o cenário elitista que remanesce da história que o modernismo contou e a forma vulgar resultante em construções populares .
I mportante
notar que em termos gerais , concreto se refere à
todo tipo de mistura que agrega materiais ao cimento
+
água .
O
resultado pode ser alcançado de diferentes formas corretas , dependendo diferentes
do
objetivo
a
características
ser que
atingido . o
A
concreto
enorme pode
gama
de
apresentar
em tons , texturas e brilho não revelam e podem confundir a interpretação de suas reais propriedades , como resistência a compressão , tração , módulo de elasticidade ou seu peso próprio .
O
olhar minucioso , detalhado , se contrapõe a uma visão ampla
gerada através da visualização do contexto ; a interação dos usuários ,
os
meios
de
produção ,
a
tecnologia
requerida ,
a
integração no espaço , o sistema no qual será inserido aquilo que esta sendo projetado , etc .
S eria
assim , necessário dois
13
instrumentos para
examinar
microscópio serve até
mentais
o
para
e
uma um
examinar
menor
com
opostas
situação
de
macroscópi .
“ como
detalhe ”
em
as
O
qualidades design :
um
microscópio
coisas
funcionam
particular
no
que
concerne aos avanços da ciência dos materiais ,
O
macroscópio é para examinar como é que as coisas se articulam para integrar as estruturas sociais , em particular como são expressas as atitudes e comportamentos dos indivíduos .” 05 .
14
05 MANCINI, 1989, p.58 apud BUCHANAN, 1990, p.13
DO DISCURSO À UM PADRÃO VISUAL ESTÉTICO O
resultado do projeto de design pode ser concebido como
um elemento específico que materializa os conceitos , dando resposta ao problema inicial 06 .
T omando
essa afirmação como
partido , a abordagem da execução do design se sintetiza aqui no
cerne
da
materialização ,
na
resposta
transformada
em
interface e usada pelas pessoas , da continuidade que leva em consideração a possibilidade do impacto gerado no contexto
,
é
passando
do
altamente
local
ao
global ,
estimulante
do
pensar
objetivo
nos
ao
subjetivo .
instrumentos
que
empoderam um projeto nesse aspecto , em que o artefato de qualquer escala vá ao encontro das pessoas , considerando as
mais
do
que
simples
usuários
e
processadores
físico /
cognitivos , elas tem esperanças , medos , sonhos e valores 07 .
N ao
basta que o objeto projetado seja fácil de usar , ele deve
ser prazeroso e agradável .
A
questão central é a construção
da significação : o design trata da concretização de desejos 08 .
E xistem
ferramentas além do verbo para a materialização dos
significados , prazeres e emoções .
E sse
conceito é passível de
06 Cadernos de Estudos Avançados em Design, 2010, p. 77-88 07 Idem, Ibid. 08 Idem, Ibid., passim.
15
exercício , de aprendizado e de aplicabilidade na arquitetura e da arquitetura . D a cor à textura , da forma ao som , o design desenvolve produtos e serviços para ensejar experiencias significativas .
As
experiências
através não e
do
são
estabelecimento
entidades
profundo ,
e
terminologia
De
à
conjunto
P ara
da
01)
que
design ,
algo
esfera
da
arte ,
B onsiepe , pelo
desenho forma ,
tem
que
se
em
imprime
de o
um não
portanto ,
pode para
ser
listada melhor
secreto ou ,
produto discurso
e
é
um
necessariamente uma
de e
se
identidade .
identidade materializa
compreensão 10 :
( S tilemi )
no uso de materiais locais e métodos de fabricação
10 Idem, p. 72
se
quando
em forma de um grupo de características formais ou
09 Cadernos de Estudos Avançados em Design, 2010, p. 64
na
projetar 09 .
identidade
manifestação
correspondentes
16
inventar , que
criadas
I dentidades
lugar
tem
que
simbólicos ,
A
algum
criação
autor ,
são
identidade .
em
que
essa
valores
menciono
uma
se
de
seguinte
cromáticas
02)
algo
estabelecendo
G ui
contornada
de
design
de
troca ,
de
que
escondidas
exemplar ,
no
aproximado
sim
do
maneira
manifesta
significativas
03)
na aplicação de um método projetual específico
S egundo de
o historiador e crítico
1955
E thic
1966
e no livro de
A esthetic ,
or
R eyner B anham
T he N ew B rutalism :
intitulado
N ovo B rutalismo
o
em seu ensaio
começou
como
movimento ético para depois ser entendido como um estilo .
um
H oje ,
é referência formal para uma arquitetura que serve à demanda capitalista , cuja
associada
produção
é
à
identidade
pouco
permeada
dos
grandes
pelos
arquitetos
desafios
que
os
brutalistas se propuseram a enfrentar por meio da arquitetura .
A A rquitetura M oderna
em seu início no
B rasil
ficou marcada
por servir ao país em um período em que a produção tentava se encaixar no ideal das questões políticos - sociais pós - guerra que reverberavam da europa .
Os
incentivos colocados eram
intencionalmente voltados ao alcance da ilustração de um E stado
N ovo
em busca de desenvolvimento .
E sse
processo precisou da
manifestação dos veículos de comunicação para se efetivar .
09
É
influente o cenário de produção arquitetônica e urbanística nesse contexto , por permitir meios de reconhecer e medir a evolução industrial do país , sendo o uso do concreto armado in loco ou pré moldado essencial nesse processo de produção de obras que promoveram ao governo , a imagem da modernidade .
H ouve no
um
girar
conflito da
entre
economia ,
o
que
R io
os
de
estados
J aneiro
mais e
influentes
S ão
P aulo ,
17
procuraram
O
por
meio
da
arquitetônica .
produção
que os motivou e no que ela refletiu , é ainda envolto por fascínio .
um é
retratar
trazido
O
aqui
movimento como
um
brutalista método
é
além
para
se
de
um
pensar
e
estilo , fazer .
O pensamento paulista , ao aproximar - se do M ovimento M oderno , deu
origem
ao
arquitetura
que
é
conhecido
brutalista
como
demonstra
os
e a técnica que permite sua execução . considerados
dissimuladores
arquitetônico praticado em
A rtigas ,
B rutalismo materiais
Os
S ão P aulo ,
A
utilizados
revestimentos são
projeto .
do
hoje .
O
pensamento
guiado por
V illanova
maior expoente desse lado da concepção no
B rasil ,
caracterizou - se pela preocupação com a habitação popular e a questão social vinculada à arquitetura .
P ostura
propagada
enfaticamente por um grupo seleto de arquitetos modernistas , ligados
à
intelectualidade
de
esquerda .
P ropunham
a
participação da arquitetura na resolução dos problemas sociais do país , traduzindo formalmente seus ideais através dos partidos arquitetônicos adotados .
A essência desses partidos é que serão
trabalhadas aqui , como o grande abrigo e o prisma elevado .
As as
18
segregações
não
compartimentações
eram
bem
evitadas .
O
aceitas , espaço
assim único
como e
a
continuidade como
um
acessos traduziam da
interior - exterior
ato
de
liberdade
irrestritos . na
matéria ,
E ssas
que
os
vistos
no
permitia
posturas
arquitetônica ,
forma retirar
eram
de
onde
revestimentos ,
brutalismo 11
circulação
certa
forma
mostrar
mostrar
a
e se
nudez
somente
a
estrutura , era uma prática habitual do recorte mencionado .
O M ovimento M oderno
no
B rasil
foi , por muito tempo , sinônimo
de industrialização e prosperidade , mas com o golpe militar de
1964,
interrompeu - se o sonho socialista do projeto modernista ,
identificado com a resolução dos problemas sociais do país .
N a década de 1980, com o reconhecimento gradativo do fracasso da proposta modernista para a transformação da sociedade brasileira , começou a ganhar destaque uma preocupação mais explícita com a ideia de um “ design social ”, como nova solução para os desafios que precisavam ser enfrentados pelo design local .
11 As definições do termo Brutalismo são amplas e não tão claras ou determinadas. Ruth Zein, doutora (2005) em Teoria, Historia e Crítica de Arquitetura, faz uma tentativa de destrinchá-las em ordem cronologicamente direta em seu artigo de 2007. Será adotado aqui sua definição do primeiro Brutalismo “Brutalismo como nome des-
ignativo do uso de béton brut, concreto aparente, nas obras de Le Corbusier no pós-II Guerra, a partir da Unité d’Habitation de Marselha, prolongando-se até 1965; cujas possibilidades plásticas são potencializadas por meio de um conjunto característico de pequenos e macro detalhes. Essa é de fato a acepção original, ou primeira, do termo brutalismo.” ZEIN, Ruth Verde. Brutalismo, sobre sua definição (ou, de como um rótulo superficial é, por isso mesmo, adequado). Arquitextos - Vitruvius, São Paulo, ano 7, n. 084.00, 1. mai. 2007. Acessado em 24/08/2018. Disponível em: http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/243..
19
U ma
das áreas mais problemáticas para a afirmação do papel
B rasil
social do design no
é a dificuldade prática de introduzir
tecnologia de forma acessível no processo .
T odo
lançamento
de tecnologia durante o projeto encarece muito o objeto final .
P ortanto ,
é natural que alguns designers tenham seguido os
passos de tantos artistas ou arquitetos que os precederam e
tenham
buscado
no
âmbito
social
oportunidades
poucas
vezes disponíveis pelo viés puramente econômico , explorando as potencialidades do design periférico , esse conceito inclui a
aproximação
do
projetista
com
a
execução ,
que
muitas
vezes é feita pela mesma pessoa , estreitando o percurso da representação e agregando outra forma de valor no objeto final .
E xige
a
consideração
que
se
uma
consequência
sobre
transformaram
dentro
da
maneira ,
da
realidade
deve
tecnologias
e
ser de
valores
novos
mudança
do
novos
de
agregados
estima
e
E nfim ,
como bem coloca
qualidade
ao
percebida
humano
surgimento
o
Da
mesma
de
novas
conhecimento
design , dos
C ardoso 12 ,
uso ,
comportamento
o
materiais ,
de
tempos ,
através
circunstante .
sociocultural considerado
fatores dos
radicalmente
cadeia
a
os
como
artefatos
o
sobre valor
a de
industriais .
hoje , o maior problema
para o design brasileiro é libertar - se de uma vez por todas
20
12 CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Edgar Blücher, 2a ed. Rev. Amp. 2004.
do
complexo
europeus de
de
lhe
inferioridade
transmitiram
desenvolvimento
dentro
que
os
velhos
através
de
um
da
racionalistas
modelo
modernidade
e
errôneo
ordem .
da
Os
designers brasileiros devem adquirir consciência de si mesmos como portadores de uma realidade criativa de todo autônoma e original , por meio da qual os velhos defeitos podem se tomar extraordinárias oportunidades , uma vez que podem expressar diferenças
e
do projeto . com
as
tornam
especificidades
O
de identidade .
V illas
boas ,
criador
para
o
destinatário
design trata também da relação materializada
emoções . algo
do
A
soma
inconfundível
S obre uma
de e
todas
as
singular
características
é
uma
das
definições
a identidade brasileira , segundo
das
principais
referências
que
A ndré
brasileiras
do
pensamento crítico sobre a localização do design na dinâmica da cultura , especialmente nos países periféricos 13 :
S ociedade
arcaica
artesanal ,
avançada
Se
temos
um
e
perfil ,
e
moderna , atrasada ele
não
é
industrializada
–
e
simultaneamente .
dado
por
nenhum
componente isolado destes binômios , mas justamente pelo transito entre os dois .
P or
isso somos híbridos
e guardamos as angústias deste hibridísmo . daí nossa obsessão
por
alguma
identidade
segura ,
legitimada
numa estabilidade decorrente de uma autenticidade .
13 V illas
B oas , A. I dentidade
e
C ultura . RJ, 2002
21
VESTIR ARQUITETURA
DO PROJETO AO LABORATÓRIO / UM OLHAR SOBRE AS FALHAS
D entre
símbolos que o indivíduo utiliza como formas de
se manifestar e se identificar , a arquitetura é uma entre outras .
Os
ideais levantados aqui podem ser e são expressos
também no invólucro que é escolhido diariamente para vestir o próprio indivíduo ou grupo , dialogando uma forma de analisar , interpretar e se apropriar de experiências estéticas , demonstrando escolhas dentro das formas práticas de expressão cultural .
A
interpretação dessas escolhas é
exercício fundamental para quem projeta utilidades humanas em toda escala .
D urante
sua evolução , o design de jóias
teve momentos em que estampava claramente a cultura de um pais ou uma região , a partir do processo de globalização , em contraposição a essa tendência internacional que teve forte impacto no mundo da moda , surge o que pode ser chamado de jóia de autor .
A
A
partir da descrição de
J oice J oppert :
jóia de autor é uma forma de expressão artística , como a
escultura ,
a
pintura
desenvolvimento
do
ou
a
design
gravura , nacional .
repercussão no inicio dos anos de
e
foi
o
berço
C omeçou
1950,
a
para
ter
o
maior
quando esses artistas
artesãos passaram a desenhar e fabricar , em pequenos ateliês , joias com design próprio , dentro das tendencias e culturas de cada um .
22
A
daí ,
partir
de
designer - artesão
entre como mais
começou ,
resultado criativos
época
na
com
a
a
industria
apresentação
originais .
e
qual
nacional
a
copia
diferenciado
incipiente ,
forma
essa ,
de no
prevalecia
fica
a
o
joalheira ,
produtos entanto , e
a
intercambio
com
era
ousadia
restrita
aos
tendo designs
ainda do
uma
design
artesãos ,
com
suas joias de autor , sem grandes repercussões no mercado .
O
uso de jóias não retrata a representação de algo , mas a coisa
em si .
É
um processo auto explicativo , resposta a estímulos
abstratos , criativos , imprevisíveis ou ainda , na esteira do domínio que é necessário das propriedades físicas do concreto armado , que é protagonista devido à sua capacidade plástica .
S obre
a
escolha do desse material na aplicação das peças em questão , é sedutor dar vida à uma forma tridimensional através da linha única .
As
peças
em
concreto
desempenham
papel
destaque ,
de
através do tratamento que recebem , das formas advindas de operações como traço , vibração , assentamento e secagem do material , da linguagem visual relacionada ao entrecruzamento e
sobreposição
peças
pretendem
inclusão
de
módulos .
expressar
destrinchado
do
Q uando o
formalizadas ,
conceito
discurso
de
essas
diversidade
brutalista .
C om
e
elas
tenho aprendido a apostar no humor e na liberdade ao tentar comunicar através do caminho conturbado projeto
A dvinda
-
produto .
de desenhos sempre em processo de abstração , que
23
buscam o máximo comprometimento com o mínimo .
O
é
contrárias ,
suscetível
queremos
o
a
interpretações
dilaceramento
fundamentalmente
das
perspectivas
de
abstrato
quem
faz
a
leitura das peças , buscando o desprendimento de expectativas .
P ara exame dos exemplares criados até aqui , foram considerados , dos croquis à suas formas acabadas , os conceitos da tradição acadêmica
relativos
elementos
eleitos
e
à
composição
estratégias
arquitetônica ,
compositivas
tais
como :
aplicadas ,
de
forma que o uso dos materiais construtivos precisam passar por testes de resistência x peso , priorizando a leveza real , ainda que conservando o peso visual , já que diferente de vigas e pilares , trata se de estruturas carregadas e sustentadas pelo próprio corpo .
C omo
dois partidos arquitetônicos , o paradoxo leveza e peso
condicionam
formalmente
o
projeto
de
edifícios ,
criando
parâmetros como simetria , eixos , malhas e figuras geométricas , da
mesma
forma
que
princípios
como
unificação
espacial ,
continuidade visual ou utilização de núcleos ordenadores são orientadores para decisões no desenvolvimento das jóias .
O
prisma elevado é a tendência de conceber o edifício como um objeto autônomo , numa composição que procura se mostrar univolumétrica , desvinculando o elemento principal de composição das divisas e do solo , ou do pescoço e dos ombros , por exemplo .
Há
24
a intenção formal de salientar o volume principal como um
25
26
27
objeto autônomo , independente de áreas tratadas como apêndice secundário ,
É
bastante
principal
assim clara
como a
a
arquitetura
hierarquia
do
o
brutalismo .
de
composição
S omados
aos recuos
para
elemento
em relação aos secundários .
e a relação continuidade - bloqueio , são as questões formais presentes na criação que abrem o uso para todos , marcando o elemento de composição final , que é vivo , de forma que pessoas tornam - se parte da corrente como estratégia compositiva .
A
idéia é estabelecer um equilíbrio entre as partes , o que faz necessário ser consciente a criação e o uso dessa indumentária , assim como na apropriação de um edifício de caráter genérico .
C ada
peça tem uma história própria , resultante de um processo
autônomo
desenvolvimento ,
de
quase
sempre
intuição , que pode ou não ter êxito imediato .
guiado
A lguns
pela
desenhos
permanecem inacabados e alguns protótipos pela metade , não foram abandonados , mas suspensos , simplesmente porque me perco em tempo no olhar que lhes dava sentido , até que algo atrai
de
volta
fica pra trás .
esse
C erca
olhar de
08
por
outra
perspectiva
e
ninguém
etapas separam a primeira ideia de
uma peça ao produto final , não necessariamente nessa ordem :
28
01. A bstrações
em desenhos à lápis , sempre .
02. P arametrização [ quando
se estabelecem
medidas e proporções ]
03. D efinição 02. T este
dos meios de produção
do protótipo conceitual
03. D etalhamento 04. M odelagem
para execução
em programas como
S ketchup
ou
R hinocerous 05. I mpressão 3D
do molde ou construção do
molde em madeira
06. P reparação 07. L igação
da massa do concreto
das peças
08. S istematização
das etapas de produção
29
30
31
32
33
“O PRISMA ELEVADO É A TENDÊNCIA DE CONCEBER O EDIFÍCIO COMO UM OBJETO AUTÔNOMO, NUMA COMPOSIÇÃO QUE PROCURA SE MOSTRAR UNIVOLUMÉTRICA, DESVINCULANDO O ELEMENTO PRINCIPAL DE COMPOSIÇÃO DAS DIVISAS E DO SOLO, OU DO PESCOÇO E DOS OMBROS, POR EXEMPLO.”
34
35
M uitas
vezes
em
criativas ,
produções
o
processo
é
tanto
quanto interessante , por vezes até mais , que o produto final .
O
processo importa , e há beleza na sua essência .
Há
de não
ser escondido ou revestido aqui , seja na execução que pode ir de jóias , ou do lado de fora e de dentro dos edifícios .
E sse
ato abre o projeto , evidencia a criação e inclui o objeto final , que é o uso no corpo e do corpo , possibilitando a apropriação e
a
reprodução
E mbora
do
que
ser ,
deveria
já
é,
que
todo .
do
artificial , a generalização procura , aqui , dar conta
da extrema versatilidade técnica e formal do vasto repertório do
designer ,
cuja
evidente
consistência
perderia
força
analisada sobre este ou aquele critério especifico . nem
Em
experimental
nem
pragmático ,
nem
artista
Ou
nem
se
seja ,
artesão .
um mundo que quer acreditar na solução da questão da
habitação
social ,
é
essencial
participar
todas
as
partes
envolvidas , desde a concepção da ideia , ao ultimo elemento colocado , no
a
alcance
material ,
E ssas
questão desse
almeja
estética
processo
evidenciar
é
que , a
intrínseca
à
questão
valorizando
beleza
que
a
mora
ética
verdade nas
do
partes .
jóias são a realização de estudos das formas mencionadas
no recorte .
B uscam
por efeito , o mínimo ,
A
ideia do mínimo
enquanto parâmetro criativo anima as mais diversas interpretações e soluções formais , porque exemplifica a variedade de texturas
36
e desenhos possíveis a tão reduzida escala , não procurando atingir formas complexas , uma vez que o que esta em jogo é a ausência de hierarquia .
S ua
materialização parte de alguns
testes com agregados , de fibra de vidro à argila , a procura de possíveis características distintas .
P ode
depreender do breve
“ espaço
onde , com toda a
naturalidade , se pode dizer o que se quer dizer ”.
(V irginia W oolf ).
recorte aqui exposto que preenchem o
O
concreto é presente em seu aspecto cru e nú na arquitetura
e em variadas formas de manifestação artística devido à sua maleabilidade ,
podendo
ter
seu
por ferramentas de modelagem
S ketchup ,
resultado
3D
plástico
como v . g .
previsto
R hinoceros
ou
bem conhecido por arquitetos , e podendo ter seu
processo executivo operado por qualquer pessoa que queira se aproximar , contanto que devidamente instruída dos meios de
fabricação ,
cultural
e
expressando
tecnológica .
ao
precioso
no
ou
pela
ao
superlativo ,
sentido
raridade ,
almejando
como
como
somente
conceitos
T ratam
de
coisa
no
design que
alcançar
a
uma
enfrentar
valiosa ,
de
aquilo
em
e
seja
tradicional
exprime
dar pela
de
algo
qualidade
linguagem forma beleza
jóias
ou ,
experimental
de
materiais .
37
E sse E nsaio as
trata
informações
de
dos
primeiros
testes
do
passos
concreto
de
são
uma
pesquisa ,
separadas
por :
[1] OBJETIVO [2] ESPECIFICAÇÕES DETALHADAS DOS MATERIAIS M ateriais - Á gua - C imento P ortland agregados
- F ibra
de vidro
- A rgila ( pó ) - C ortiça - I sopor [3] MÉTODO D iferentes
combinações
dos
materiais
em
pequenos
containers
misturados
com
colher ou batedeira de claras de ovos , dependendo da quantidade de ar que se deseja incorporar , despejados em forma de silicone ou formas de madeira untadas com vaselina para facilitar o desmolde .
[4] ENSAIOS [5] RESULTADOS
38 33
NEM EXPERIMENTAL, NEM PRAGMÁTICO. NEM ARTISTA, NEM ARTESÃO A BUSCA PELO EQUILÍBRIO ENTRE CONCEITO E OFÍCIO A
escolha
dos
arquitetos
da
E scola P aulista
pelo
uso
estrutura em concreto armado protendido , que segundo
Z ein ,
da
R uth
está entre características que remetem ao brutalismo
corbusiano ,
“ valoriza
os envolvidos .
E sse
sua qualidade de manufatura ” e exalta
relato se revelou como uma espécie de
laboratório em que venho podendo ensaiar soluções técnicas , espaciais e materiais que constroem meu modo particular de projetos ,
pensar
executá - los
e
apresentá - los .
A
distancia
entre os primeiros passos que embasam uma ideia e o produto final pode ser enorme , e existe em todo trabalho dedicado à invenção .
A
leitura desse discurso impresso , a partir do que
consome / utiliza / contempla , é independente nesse processo , o objetivo com esse estudo é estreitar a relação entre o pensar e o fazer , em busca de um desenho honesto , justo , preciso e sintético , uma vez que uma linha no papel ou uma alteração mínima
na
concreto .
dosagem
É
pode
operar
de
diferentes
formas
no
necessário uma abertura no olhar para amar os
erros , as irregularidades e as surpresas que a manipulação desse
material
armado
O
exige
pode
trazer
apreciação
pelo
em
toda
escala ,
movimento
e
pela
o
concreto
experiência .
que diferencia arquitetura de design em termos acadêmicos
é o fato de uma se enraizar e outra não .
A
passagem de um tipo
39
de fabricação , em que o mesmo indivíduo concebe e executa um artefato , para outro , em que existe uma separação nítida entre projetar e fabricar , constitui um dos marcos fundamentais do design e acarreta por essência certo preconceito e distanciamento em relação à execução , essa passagem é fruto de três processos históricos que ocorreram de modo interligado e concomitante , em escala mundial , entre os séculos
01)
industrialização
02)
urbanização moderna
03)
globalização
19
e
20,
de acordo com
[ x ]:
M omentos distintos do mesmo processo histórico em que surgiu o desafio - meta de integrar tudo com tudo em relações harmoniosas e dinâmicas . e o ato projetual se ramificou em varias partes para tentar preencher esses intervalos , otimizando as soluções que suprem as lacunas mais básicas das partes por meio de interfaces .
Do
ato
de
fazer
uma
xícara
de
café
ao
ato
de
habitar .
O
resultado final é uma cadeia complexa e distribuída de criação , planejamento e representação de ideias , cada vez mais distantes das tomadas de decisões para a viabilização do objeto projetado .
O B rasil
parece se manter num estado proposital de consumo em
que a quantidade e a aproximação da intervenção tecnológica , transferida verticalmente de empresas multinacionais , trazem mais satisfação ao consumidor do que a qualidade do desenho . P or
40
qualidade , não exito em afirmar que está fundamentada na aplicação da mão artística como elemento estratégico que agrega , na minha perspectiva , valor à produção . desde
1816
por d .
J oao
C omo
ja decretado e assinado
vi , ao prever o caminho que fomentaria
o avanço econômico nesse pais ,
“o
mineralogia , industria e comercio
progresso da agricultura ,
( será )
através do estudo das
belas artes com aplicação e referencia aos ofícios mecânicos ”
A
partir
missão
dessa
de
perspectiva ,
criticar
a
deixo
validade
para
do
outros
discurso
arquitetos
brutalista ,
a
mas
sem duvidas eles ultrapassaram essa barreira e deixaram uma marca de qualidade na arquitetura brasileira .
B onsiepe ,
S egundo G ui
um nome importante no design brasileiro , as empresas
no brasil não aproveitam mais intensamente as possibilidades de um design nacional porque o problema mais profundo reside na
falta
cultural
fundamente
(B onsiepe , desse
a
de
ação
do
te
design
remete
zanine caldas , julio da
discurso nos
do material ao digital
caminho
M endes
um
rocha
a
rino
países
adequado
que
latino - americanos
- 1997-98). A
alguém ?
R oberto e
projetual
V illanova
contra mão
artigas ,
josé
katinsky , lina bo bardi , paulo
levy ,
Os
arquitetos
da
escola
paulista se envolveram muito com outras escalas de projeto em uma época em que os padrões estéticos eram importados , firmando o que há de linguagem brasileira ainda hoje no design .
A
cada novidade em termos de material , tecnologia , legislação
41
ambiental ,
custos
ou
processos
construtivos ,
surge
uma
determinante , quando não radical , significativa no exercício de
projeto .
a
capacidade
humana
de
racionalizar
transforma - las em algo concreto , é uma só .
P rever
ideias
e
tendencias e
sintetizar de forma legível são etapas de todos os profissionais de
tal
área .
S eria
cruel
incumbir
a
esses
profissionais
a
responsabilidade total de reverter um processo cultural tão complexo quanto a desigualdade social , mas a cada grande marco no mundo arquitetura - design , essa discrepância parece ser ratificada em relação ao acesso à edifícios ou objetos consagrados .
Os
nomes
ligados
ao
movimento
modernista
ou do neoconcreto não conseguiram realizar a proposta de traduzir as suas intenções formais para um plano de ação social fundamental .
E xiste
uma força na economia de mercado movida
pelo genuíno interesse , nem tão genuíno assim , mas é uma missão de longo prazo a intransponibilidade das barreiras culturais , sociais e econômicas entre o elitismo académico e a realidade brasileira , mas creio que a aplicação desses conceitos e desse conhecimento com materiais disponíveis é um bom conceito de projeção democrática .
A
raridade da jóia nesse projeto não
se da pela indisponibilidade de ligas metálicas ou pedras , se da exatamente ao sugerir valor no mais acessível dos materiais , por determinada manipulação , em que não somente se tornam objetos
que
exprimem
um
contexto
cultural ,
mas
também
afirmam a própria identidade que se constrói a partir deles .
42
43
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01 - Capa - desenho grรกfico, pela autora, 2018
Foto 01 - provas de concreto no lab. de materiais da UnB. Foto pela autora, 2018
Fig. 02 - Croqui - caderno pessoal da autora, 2018
Fig. 03 - Croqui - caderno pessoal da autora, 2018
44
Fig. 04 - Croqui - caderno pessoal da autora, 2017
Fig. 05 - Croqui - caderno pessoal da autora, 2018
Foto 02 - Brinco com vidro e prata. Foto pela autora, 2017
Foto 03 - Brinco com concreto e aรงo Foto pela autora, 2018
45
Foto 04 - Brinco com concreto e aรงo Foto pela autora, 2018
Fig. 06 - Croqui- caderno pessoal da autora, 2017
Foto 05 - protรณtipo rinco com concreto e aรงo, Foto pela autora, 2017
Foto 06 - Teste mistura concreto no copo descartรกvel, Foto pela autora, 2018 Foto 07 - Forma de gelo para mini provas de resistencia do material, Foto pela autora, 2018 Foto 08 - Diferentes misturas para mini provas de resistencia do material, Foto pela autora, 2018
46
Foto 09 - Batereira de clara de ovo, Foto pela autora, 2018
Foto 10 - Amostras de armações miniatura para concreto, Foto pela autora, 2018 Foto 11 - Diferentes misturas catalogadas para teste, Foto pela autora, 2018
Foto 12 - Estudos, Foto pela autora, 2018
Foto 13 - Caixa de jóias prototipada previamente em laboratórioFoto pela , executada em concreto armado, Foto pela autora, 2018 Foto 14 - Modelo usando protótipo, Foto Marcela Avellar, 2018
47
Fig. 07 - Croqui- caderno pessoal da autora, 2017
Fig. 07 - Croqui- caderno pessoal da autora, 2018
Fig. 07 - Croqui- caderno pessoal da autora, 2018
48
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