O TEMPO E A HISTÓRIA DA E.M.SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA: UM CAPÍTULO DA EDUCAÇÃO EM BELO HORIZONTE

Page 1


Sônia dos Santos França é professora de História na EMSHA desde 1991. Entre os colegas professores é conhecida por sua firmeza nos pontos de vista que defende e pelo carinho com que trata todas as crianças e luta pelos direitos delas. Lecionou nos três turnos, manhã, tarde e noite. Tornou-se famosa entre os alunos por seus “temíveis” seminários. Tão terríveis, que em todos os anos que lecionou no Ensino Médio, a paraninfa do 3º ano era a “Dona Sônia”. Hoje, os alunos da época, relembram com ternura e agradecimento o esforço exigido pela professora. Sônia coordenou o turno da noite, quando havia Ensino Médio e foi coordenadora pedagógica do turno da manhã. Desde 2012 atua como coordenadora do Projeto Escola Integrada no Secretário Humberto Almeida. A história da professora Sônia França confunde-se com a história da EMSHA. As duas são marcadas por força, lutas, transformações e vitórias. No eixo central que une as duas vidas, o coração. São necessárias algumas poucas palavras para defini-las: Amor pela Educação. Não há como agradecer a oportunidade de conhecer, trabalhar e mais... apresentá-la nesse livro, fruto de tanta dedicação para reescrever nossa história. Resgatar nossa memória. Eternizá-la neste livro. Para Sônia Santos: “Deus lhe pague” Maria Aparecida Nunes Diretora da EMSHA


Sonia dos Santos França

O TEMPO E A HISTÓRIA DA E.M.SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA: UM CAPÍTULO DA EDUCAÇÃO EM BELO HORIZONTE

2014


"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos". Albert Einstein


Prefeitura de Belo Horizonte Secretaria Municipal de Educação Escola Municipal Secretário Humberto Almeida Direção: Maria Aparecida Nunes Tâmara Simone Santos Coordenadora de edição e arte: Professora Elaine Cândida Vieira M. Sartori Colaboração: Professores: Antônio Carlos Sales Elaine Cândida Vieira M. Sartori Helenice de Jesus Monitoras: Ludmila Aparecida Baptista da Silva Sheila Castro Queiroz Diagramação: Sheila de Castro Queiroz Sonia dos Santos França Revisão: Professora Helenice de Jesus E-mail: emsha@pbh.gov.br blog://emshaescola.blogspot.com Direitos autorais: ESCOLA MUNICIPAL SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA (31)3277-6667 / 3277-6666 Rua: Areia Branca, n° 3 – Bairro Ribeiro de Abreu - Belo Horizonte - MG


AGRADECIMENTOS

Agradeço à diretora Maria Aparecida Nunes e à vice-diretora Tâmara Simone dos Santos pelo zelo, empenho e amor por esta instituição e por possibilitar o registro da história da nossa escola. À minha família, principalmente ao meu marido Pedro, pela paciência e pela compreensão por, muitas vezes, não acompanhá-lo no lazer dos finais de semana para me concentrar nas entrevistas e na escrita deste livro. A todos aqueles que se dispuseram a colaborar na elaboração deste livro com tanto carinho e boa vontade, principalmente às professoras Elaine Sartori e Helenice de Jesus. À Sheila Castro Queiroz por sua competência em fotografar e filmar, me acompanhando e participando das entrevistas.


SUMÁRIO Origem da EMSHA........................................................................................ Quem foi Humberto Almeida........................................................................ Escola Inovadora Nasceu para Lutar.............................................................. A Estrutura e Inauguração do Prédio Novo ................................................. Gestão Democrática: Guilherme e Clerenice................................................. O Projeto Escola Plural................................................................................. Gestões Democráticas de 1994 a 2014......................................................... A KIZOMBA................................................................................................... A Jornada Literária........................................................................................ Projeto Dança Folclore e Movimento............................................................ Programa Escola Integrada.......................................................................... Gestão Financeira......................................................................................... A Secretaria.................................................................................................. A Biblioteca Egléia Brasil.............................................................................. Professores que se aposentaram ou se transferiram da EMSHA................... Professores da equipe atual........................................................................ Depoimentos de Alunos............................................................................. Depoimentos de Funcionários...................................................................... Acompanhante da Regional Norte................................................................ Reforma da EMSHA (2013 -2014).................................................................. A Perspectiva Pós-Escola Plural..................................................................... As Comunidades do Entorno da EMSHA........................................................ Novo Aarão Reis........................................................................................... Ribeiro de Abreu........................................................................................... Casas Populares............................................................................................


Conjunto Ribeiro de Abreu................................................................................... Casinhas de Baixo e Casinhas de Cima (CBTU)....................................................... Novo Lajedo......................................................................................................... Projeto Granja Werneck....................................................................................... Quilombo Mangueiras......................................................................................... Curiosidades da EMSHA....................................................................................... Nota Triste da EMSHA......................................................................................... ReferĂŞncias.............................................................................................................. Anexos................................................................................................................


APRESENTAÇÃO

A história da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida é de luta permanente. É localizada na região Norte da capital mineira, numa área periférica, de preservação ambiental e vulnerabilidade social. A efervescência da luta democrática do país contra a Ditadura Militar (1964 – 1985) fortaleceu os movimentos sociais das décadas de 80 e 90 e influenciou a população brasileira a exigir escola pública, gratuita e de boa qualidade para todas. Nesse contexto, várias temáticas foram discutidas na EMSHA, como a construção e a reconstrução da escola, as reivindicações para eleição direta para diretor, a organização sindical dos professores para tratar de questões pedagógicas, a luta por melhores condições de trabalho, com recomposição de perdas salariais, além do envolvimento e compromisso com as políticas sociais que beneficiassem a comunidade escolar. A prática pedagógica dos professores da escola foi e ainda é pautada pelo desenvolvimento de muitos projetos, com preocupação política, social, cultural, ambiental e étnico–racial. Os trabalhos desenvolvidos sempre aproximaram direção, docentes, discentes, funcionários e comunidade, propiciando uma relação mais acolhedora e humanizada. As direções que passaram pela escola tiveram uma postura de escuta, respeitando todos os segmentos, estando próximas das comunidades envolvidas em reivindicações benéficas à região, como a construção da passarela e a duplicação e iluminação da rodovia MG-20. Os ex-alunos hoje mantêm uma relação carinhosa com a escola e sempre se lembram de seus professores, quando são aprovados em concursos públicos, em vestibulares ou quando ingressam no mercado de trabalho. Nas redes sociais, falam com saudosismo da “era coleginho”. É comum famílias de duas gerações passarem pelos professores mais antigos da EMSHA. O presente livro resgata a história da escola e do seu entorno, tendo como referências os depoimentos daqueles que passaram ou ainda se encontram na instituição: profissionais, alunos, lideranças comunitárias e a minha monografia, escrita em 1996. As vivências aqui relatadas foram ricas em detalhes e cheias de emoção.

Sonia dos Santos França


"Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de amizades e convivência". (Paulo Freire) A ORIGEM DA EMSHA A Escola Municipal Secretário Humberto Almeida foi construída em 1983, na transição dos prefeitos Júlio A. Laender (1982 – 1983) para Hélio C. Garcia (1983 – 1984), em função da demanda imediata dos moradores do novo bairro - Conjunto Ribeiro de Abreu, financiado pelo Banco Nacional de Habitação – BNH. A mesma construtora desse conjunto residencial construiu a escola, em caráter provisório para três anos, com estrutura de placas de compensados, com apenas oito salas de aula, sala de direção, sala de professores, cantina, secretaria, biblioteca e banheiros para atender alunos do Ensino Fundamental. Os alunos apelidaram-na de "coleginho", "escola de isopor" e "isoporlândia", devido ao material que havia entre as placas de compensados. O apelido "coleginho" ficou de forma carinhosa. É uma escola de periferia, região Norte de Belo Horizonte, localizada às margens da rodovia MG-020 e tem como confluentes o Ribeirão do Onça e o Córrego Isidoro, que, há cinquenta anos, eram usados pela população local, pois não eram poluídos. Abaixo fotos de moradores no Riberão do Onça.

8


A primeira gestão da escola foi indicada pela Prefeitura de Belo Horizonte: a diretora Isaura Diegues Couto e a vice-diretora Bernadete Fajardo (1983-1986). “Dona Isaura”, como todos a tratavam, tomou posse em 02/02/1976, como vice – diretora na Escola Municipal Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu e assumiu a direção da EMSHA em 1983. Trouxe consigo Clerenice Torquette Caixeta, como supervisora; Desoíta Soares Barbosa Borges, como cantineira; Cleunice Maria Caixeta Ferreira, como auxiliar de secretaria e Jaine Moreira de Souza, como secretária. Os professores e funcionários lotados na escola eram concursados e enviados pela Secretaria Municipal de Educação (SMED). A remuneração de cada professor, na época, chegava a 20 salários mínimos. As primeiras funcionárias da EMSHA

Desoíta Soares Barbosa Borges

Clerenice Torquette Caixeta

Jaine Moreira de Souza

9


"A honestidade, sem as regras do decoro, transforma-se em grosseria". (Cícero) QUEM FOI HUMBERTO ALMEIDA? O nome da escola foi em homenagem ao engenheiro Humberto Almeida, que nasceu em 19/09/1928, na cidade de Araxá, Minas Gerais, e que fez carreira política no sul de Minas, a partir da década de 1960. Foi Vereador em Cássia, Deputado Estadual e, por fim, Secretário de Governo, de 1974 a 1982, quando Francelino Pereira era Governador de Estado. Casado com a artista plástica Gilda Batista de Almeida, teve três filhos: Gilberto, Nelson e Thales. Humberto Almeida faleceu em um acidente de automóvel, na estrada de Cássia para Belo Horizonte, em novembro de 1982.

10


"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem". (Rosa Luxemburgo) “ESCOLA INOVADORA – NASCEU PARA LUTAR” Com a redemocratização e efervescência dos movimentos sociais das décadas de 1980 a 1990, os professores e a comunidade escolar passaram a organizar um movimento político por uma nova escola. Após três anos, a diretora Isaura Diegues Couto foi afastada por adoecimento, motivo pelo qual a SMED faria uma nova indicação e substituição na direção da escola. O grupo de professores passou a questionar essa indicação e negociou com a Secretaria de Educação uma eleição interna. Nessa transição, a vice Bernadete assumiu provisoriamente o cargo até a indicação definitiva de outra pessoa à direção da escola. Do grupo, surgiram dois nomes: o professor César Roberto Ferrara Marcolino, primo do prefeito Sérgio Mário Ferrara (1986-1988) e o professor Guilherme José Barbosa. O professor César Roberto foi eleito internamente e a Secretaria Municipal de Educação (SMED) referendou-o como novo diretor da EMSHA, mantendo a professora Bernadete Fajardo na vice-direção. A EMSHA foi a primeira escola da Rede a lutar e conquistar o processo democrático da eleição direta para diretor, o que a PBH-SMED, posteriormente, estendeu para toda a Rede Municipal no governo do prefeito João Pimenta da Veiga Filho (1989-1990). O professor César ficou apenas um ano na direção da escola (1987-1988) e, nesse período, levou a equipe da TV Alterosa, através do programa “O Povo na TV”, do então jornalista Dirceu Pereira, para fazer uma reportagem na escola, em que direção, docentes, discentes e comunidade denunciavam o descaso do poder público com a EMSHA. A filmagem mostrou os vários buracos nas paredes das salas, visualizando o isopor entre as placas, que os alunos atravessavam para irem de uma sala para outra. O diretor relatou a ausência de professores e funcionários para completar o quadro da escola e todos exigiram uma escola nova e de qualidade.

César Roberto Ferrara Marcolino

Com o afastamento do diretor César, por motivos particulares, a professora Ana Angélica Chaves Zanhar, que veio da E. M. Sebastiana Novais, assumiu a direção 11


da EMSHA, por indicação da SMED. Tal mudança foi aceita pelo grupo, pois faltava pouco tempo para ela aposentar-se e o professor Guilherme José Barbosa foi indicado como vice-diretor. Após cinco anos, o movimento por uma “escola nova” fortaleceu-se politicamente e o grupo de professores passou a reivindicar o direito de escolher seu próprio diretor, pois rejeitava a indicação da SMED para que uma pessoa estranha à escola ocupasse esse cargo.

Professores que participaram da luta pela escola nova. ( Maria do Rosário – Ester - Natélcia – Guilherme – Clerenice – Jane – Marta – Cesar – Vânia – Aparecida -Ana Maria - Egléia )

Para o professor Guilherme e a supervisora Clerenice, a escola sempre foi inovadora e nasceu para lutar. Nessa luta por uma “escola nova”, alunos, professores e comunidade organizaram uma manifestação, que interditou o trânsito da rodovia MG-20, em frente à escola, por onde o então Prefeito Sérgio M. Ferrara passaria para uma visita ao Bairro Monte Azul. O prefeito entrou na escola, ouviu as reivindicações, fez promessas e o trânsito na rodovia foi liberado. Uma reunião foi convocada pela Prefeitura de Belo Horizonte, no Bairro Nazaré, com representantes das comunidades do Ribeiro de Abreu, Nazaré e Paulo VI, com objetivo de discutir coletivamente diretrizes para novas construções de novas escolas. Havia disputas internas das lideranças comunitárias do Conjunto Ribeiro de Abreu, Monte Azul e Ribeiro de Abreu (Casas Populares) para construção da escola em 12


sua comunidade, o que dificultou o diálogo. Os professores da EMSHA desvincularam a discussão com as lideranças e passaram a negociar direto com a prefeitura, pois, em meio à disputa, a escola poderia perder o prazo para a licitação e o projeto repassaria para o Bairro Nazaré. Assim, os professores garantiram a reconstrução de um novo prédio no mesmo local. A construção do novo prédio se consolidou no governo do prefeito João Pimenta da Veiga Filho (1989-1990). Neste período, os alunos foram remanejados, manhã e tarde, para o prédio da antiga Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (FAFICH), onde funciona hoje a SMED, no Bairro Santo Antônio. A EMSHA foi a primeira escola da Rede Municipal a se estabelecer ali. A previsão era de ficar sete meses, mas ficou mais de um ano.

Prédio da FAFICH A rotina diária era exaustiva. Os professores e alunos saíam em ônibus cheios da porta da escola, no Bairro Ribeiro de Abreu ( às 7h – turno da manhã e às 13h – turno da tarde), atravessavam toda a cidade para chegar ao Bairro Santo Antônio e subir as rampas até o oitavo andar do prédio, pois não havia elevadores para todos os alunos. Não havia grades nas janelas das salas de aula e alguns alunos chegaram a andar no parapeito, causando grande preocupação para todos. O desgaste era grande, para professores e funcionários, que além de se preocuparem com a segurança dos alunos, com o transporte de qualidade ruim, chegavam cansados para trabalhar. O tempo na escola era de aproximadamente duas horas e meia de aula, pois tinham que retornar (às 11h - turno da manhã e às 17h – turno da tarde) com os alunos ao ponto de origem. A merenda era sempre leite e biscoito. Foi um período de distanciamento da escola com os pais e de grande prejuízo pedagógico.

13


"Tudo que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível". (Fernando Pessoa) A Estrutura e Inauguração do Prédio Novo Após cinco anos, diante da precariedade social da região, as comunidades do entorno da escola (Monte Azul, Ribeiro de Abreu, Conjunto Ribeiro Abreu, Casas Populares e Novo Aarão Reis) passaram a reivindicar mais vagas na EMSHA, a ampliação do Ensino Fundamental, a implantação do Ensino Médio (antigo 2º grau), a construção da passarela e iluminação na MG 20. A nova escola foi inaugurada em 1991, no governo de Eduardo Brandão Azeredo (1990 – 1992), um ano após o seu funcionamento, com a presença da comunidade e da Secretária de Educação Maria Lisboa, num sábado letivo. O prédio construído tinha um espaço bem maior, uma estrutura física com dois pavimentos: 17 salas de aulas, com vidros nas portas e janelas, biblioteca, 02 laboratórios, sala da direção, sala dos professores, secretaria, sala de orientação e supervisão, cantina e depósito, banheiros para os alunos, banheiro para cadeirantes, banheiros externos para professores, duas quadras (uma coberta, sem arquibancada e outra aberta) e uma escada apenas para acesso ao pavimento superior.

Foto da escola sem a conclusão das quadras.

As críticas durante a inauguração foram muitas. Havia a necessidade de uma reforma no telhado, pois, quando chovia, vazava nas salas de aula e os pisos das salas estavam com buracos. Não houve, por parte do poder público e da construtora, uma preocupação com a qualidade de acabamento e a estética da obra, nem com a funcionalidade das salas de aulas. A construção do novo prédio possibilitou reduzir a demanda de alunos na região. A população local cresceu muito com o assentamento de várias famílias no 14


Bairro Novo Aarão Reis e Ribeiro de Abreu – CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). Isso causou um grande impacto para a direção da nova escola, que tinha que atender a lei de responsabilidade e oferta, com um número insuficiente de professores e funcionários. Do concurso público municipal de 1990, chegaram muitos professores em 1991, na EMSHA, mas ainda faltavam profissionais para completar o quadro da escola, diante da ampliação da estrutura pedagógica, que passou de oito salas de aulas por turno (manhã-tarde) para dezessete salas de aulas por turno (manhã-tarde-noite). Em 1992, a escola teve seu sistema de ensino ampliado, com a inclusão do 2º grau (Científico – manhã e noite - atual Ensino Médio) e a criação do curso profissionalizante de Contabilidade (noite). Em 1993, implantou-se a Suplência de 1º grau, em dois anos, no noturno, priorizando mães, pais de alunos e jovens trabalhadores. A Suplência desenvolveu um eficiente trabalho pedagógico e teve o apoio e acompanhamento do Secretário Adjunto de Educação Miguel Arroyo. Foi um projeto importante para a comunidade, que tinha aulas três vezes por semana, com sistema de plantões dos professores para tirar dúvidas e acompanhar os trabalhos dos alunos, duas vezes por semana. Muitos pais terminaram o Ensino Fundamental, continuaram na escola para fazer o 2º grau, passaram a ajudar muito os filhos que estudavam na escola em suas atividades que levavam para casa e participaram efetivamente do Colegiado e das Assembleias Escolares da escola. Muitas mulheres, alunas da escola, passaram a trabalhar com carteira assinada e foram aprovadas em concursos públicos. Um bom exemplo de como a escola foi importante para essas mulheres, cito o caso da ex-aluna Ivani Maria Gonçalves de Carvalho. Mãe de três filhos, alunos da EMSHA, ela começou na suplência com mais de 40 anos de idade e, ao concluir os seus estudos, fez curso técnico de enfermagem e concurso público para a Secretaria Municipal de Saúde. Trabalha atualmente no Centro de Saúde, Efigênia Murta, no Conjunto Ribeiro de Abreu e sente muita gratidão aos professores da escola pelo incentivo para que continuasse os estudos e melhorasse as condições de sua vida e de seus filhos, Guilherme, Roberto e João.

Ivani Maria Gonçalves de Carvalho

15


"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação reflexão". (Paulo Freire) Gestão Democrática: Guilherme e Clerenice Pedagógico "Buscando o Caminho", na gestão Guilherme José Barbosa e Clerenice Torquette Caixeta (1990-1994), diretor e vice-diretora, respectivamente. Ambos foram eleitos em 1990, para o primeiro mandato de dois anos por eleição direta, com uma reeleição, lei em vigor para todas as escolas municipais. O Jornal Estado de Minas, em 22/11/1990, publicou, no Caderno Cidades – página 1, a notícia com a manchete: “Escolas municipais elegem diretorias”.

Guilherme José Barbosa e Clerenice Torquette Caixeta

O Projeto “Buscando o Caminho”, baseado na Pedagogia de Projetos, cujo principal teórico era o professor Paulo Freire, apontava novas diretrizes para a escola: organização das áreas e do tempo dos professores, reuniões de áreas, salas ambientadas, eleições diretas para as coordenações pedagógicas e de turnos, interdisciplinaridade, avaliação processual, formação do colegiado com o presidente eleito e gestão democrática.

Os professores, através de suas áreas, passaram a desenvolver vários trabalhos, visando garantir da SMED 4 horas por semana, sem alunos, para planejamento de suas aulas e dos projetos interdisciplinares. A área de Matemática, através das professoras Ana Maria Adalberto Carvalho e Vânia Lúcia Carvalho Mendes Santos fizeram um projeto de “Educação para o Consumo” com os alunos e percorreram a comunidade do 16


Conjunto Ribeiro de Abreu. As áreas de História e Geografia fizeram um trabalho de pesquisa com os “sem-casa” que acamparam na Igreja São José, no centro de Belo Horizonte, e, posteriormente, passaram a ser moradores assentados no terreno da antiga fábrica do Cachoerinha, atualmente Bairro Novo Aarão Reis. A área de Ciências trabalhou o meio ambiente com gincanas ecológicas e reciclagem, em parceria com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A área de Português desenvolveu projetos de leitura e escrita. A área de Educação Física ampliou os campeonatos para competições intermunicipais e a área de Arte desenvolveu trabalhos que valorizavam a cultura brasileira.

Professoras que participaram do Projeto Buscando o Caminho : Sonia – Aparecida – Ana Maria – Marta – Maria do Rosário – Adriana – Ester – Natélcia – Egléia

Foi realizado o 1º Encontro de Contabilidade EMSHA, organizado pelos professores de Contabilidade Anderson Ricardo H. Correa e Neusa de Castro Chagas, em parceria com empresas, como o SEBRAE. Tanto o diretor Guilherme quanto a vicediretora Clerenice trabalharam muito por uma escola de qualidade para as comunidades atendidas e estabeleceram os princípios da gestão democrática na EMSHA. Guilherme passou a ser referência para os professores e os futuros diretores da escola: Magda, Anderson e Maria Aparecida Nunes.

17


"Pluralidade que não se reduz à unidade é confusão; unidade que não depende de pluralidade é tirania". (Blaise Pascal)

O Projeto Escola Plural É nesse contexto que a escola se insere na implantação do Projeto Político Pedagógico da Rede Municipal de Belo Horizonte - A Escola Plural - no governo municipal de Patrus Ananias de Souza, (1992-1996). Em outubro de 1994, a proposta de Escola Plural chegou às escolas municipais e causou discussões intensas em toda a comunidade escolar, principalmente entre o corpo docente. Baseando-se em projetos políticos pedagógicos das escolas ou em trabalhos isolados, que apontavam experiências emergentes e significativas no processo ensinoaprendizagem, o projeto político pedagógico da EMSHA, “Buscando o Caminho”, foi considerado uma dessas boas experiências pedagógicas. Com isso, a SMED estruturou oito diretrizes denominadas “Eixos Norteadores” para toda a Rede Municipal, considerando a pluralidade dessas experiências.

1º Eixo: Uma intervenção coletiva mais radical Intervir na lógica da estrutura escolar e construir no coletivo um novo ordenamento para a educação básica da Rede Municipal. 2º Eixo: Sensibilidade com a totalidade da formação humana Sintonia com a pluralidade de espaços e tempos socioculturais de que participam os alunos, onde se socializam e se formam; ampliando suas funções e recuperando sua condição de espaço-tempo de socialização, individualização, de cultura e de construção de identidades diversas. 3º Eixo: A escola como tempo de vivência cultural A escola se abre como espaço cultural da comunidade: festas, jogos entre pais, alunos, professores, resgate da história e cultura da comunidade e extensão da educação artística à comunidade. 4º Eixo: Escola experiência de produção coletiva Discussão e produção coletiva das normas disciplinares, trabalhos em parceria entre disciplinas e áreas, entre professores e alunos na produção de material pedagógico, textos e livros na gestão coletiva. 5º Eixo: As virtualidades coletivas da materialidade da escola 18


A centralidade dada aos aspectos materiais e organizativos da escola mostra o avanço da consciência dos profissionais, no sentido de compreender que a experiência escolar não se reduz a uma relação interpessoal entre educadores e educandos. A autonomia dos profissionais e a qualidade de seu trabalho ficam condicionadas a essa materialidade. 6º Eixo: A vivência de cada idade de formação sem interrupção As instituições educacionais são repensadas como tempo e espaço da cidadania, para que o tempo na escola permita uma experiência a mais plena possível da infância e da adolescência, sem sacrificar autoimagens, identidades, ritmos, culturas, linguagens, representações etc. 7º Eixo: Socialização adequada a cada idade-ciclo de formação O tempo de escola como tempo de socialização-formação no convívio entre sujeitos na mesma idade-ciclo de formação-socialização. A redefinição da cultura, estrutura e organização escolar são necessários para uma vivência de cada idade-ciclo de formação ininterrupta. 8º Eixo: Nova identidade da escola – nova identidade do seu profissional Dimensões mais amplas fazem parte do perfil de profissional da educação. Ele se entende sujeito do projeto total da escola e reivindica sua participação qualificada na construção desse projeto total. Ele reivindica mais: ser reconhecido como sujeito sociocultural, como direito a tempos, espaços e condições de participação na cultura. Os Eixos Norteadores fizeram parte de quatro núcleos que sustentaram a proposta da Escola Plural. Os demais foram: a) Reorganização dos tempos Plurais – Nova lógica de organização dos tempos dos professores, alunos e dos processos cotidianos. Os três ciclos de formação foram estruturados em ciclos de idade caracterizados em: - 1º Ciclo Básico ou Ciclo da Infância – Compreende os alunos da faixa etária de 6 a 9 anos; - 2º Ciclo Básico ou Ciclo da Pré-Adolescência - Compreende os alunos na faixa etária de 9 a 12 anos; - 3º Ciclo Básico ou Ciclo da Adolescência – Compreende os alunos na faixa etária de 12 a 15 anos. O conteúdo escolar passou a ser organizado e adaptado no ciclo, de acordo com a idade. A ideia era respeitar o ritmo do aluno e acabar com a seriação e a repetência contumaz. Ao final de cada ciclo de formação, caso o aluno não tivesse 19


desenvolvido sua formação de forma apropriada e equilibrada, ele poderia ficar mais um ano. Essa ponderação ainda seria feita pela equipe de trabalho da escola, através do conselho de classe, e monitorada pela Regional e SMED. b) Os processos de formação plural determinaram que seria necessário repensar as disciplinas e conteúdos escolares, concebendo a escola como espaço de socialização, interdisciplinar e de projetos. c) A Avaliação na Escola Plural - Processo global formativo e contínuo do aluno em suas habilidades, saberes, vivências e convivências, sem caráter de reprovação.

20


"O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também é educado". (Paulo Freire) As Gestões Democráticas de 1994 a 2014 Na gestão de Magda Alice Diniz Vasconcelos e Egléia de Fátima Brasil Godói/Ester Ismênia Gomides (1994-1996 – 1º mandato); Magda e Anderson Ricardo Heronvile Correa (1996 – 1998 – 2º mandato) foi implantado, em 1996, o Projeto de Escola Plural. Após várias reuniões, oficinas e debates ocorridos no ano anterior, a terceira etapa do 2º ciclo e o 3º ciclo completo foram inseridos.

Magda Alice Diniz Vasconcelos e Egléia de Fátima Brasil Godói

Ester Ismênia Gomides

Magda e Anderson Ricardo Heronvile Correa

21


As resistências de professores foram muitas. Questionava-se a direção da escola por iniciar a lógica plural com dois ciclos ao mesmo tempo. Considerava-se prematuro adotar integralmente o sistema de ciclos. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), sendo aprovada nesse processo, embasava o novo projeto político educacional de Belo Horizonte. O Jornal Modelo, criado pelo Grêmio da escola, chamava a atenção de todos para se informarem sobre a Escola Plural. A direção da escola incentivou a criação de projetos multidisciplinares, gincanas pedagógicas, doação de agasalhos, jantares dançantes para as famílias, bem como campanhas de coleta de latinhas para comprar um computador para a escola. Um grupo de professores defendiam a implantação do modelo plural por apresentar avanços político-pedagógicos: eleição dos coordenadores de áreas, avaliações coletivas feitas em conselhos de classes, avaliação contínua, aulas geminadas com salas ambientadas, enturmação por idade e grade curricular redefinida. Em 1997, a direção da EMSHA organizou o 2º e 3º ciclos, manteve o Ensino Médio, acabou com as salas ambientadas e o ensino profissionalizante, para adequarse às exigências da nova política educacional da SMED – Escola Plural. A inclusão passou a fazer parte da realidade pedagógica, mas a estrutura física da escola não acompanhou essa realidade. As notas foram substituídas por conceitos (A, B, C e D), o diário de classe por turma passou a ser preenchido por todos os professores e as escolas adotaram reuniões pedagógicas coletivas semanais, com dispensa dos alunos após o recreio. A Comunidade Escolar receava a mudança pedagógica, pois não entendia o fim da reprovação anual e questionava a inexistência de notas, de “provas” e de “dever de casa”. Em Assembleias Escolares e em reuniões de Colegiado, houve esclarecimentos sobre a Escola Plural, inclusive por representantes do Departamento de Educação da Regional Norte, mas os pais não demonstravam confiança no projeto. Para os alunos, a Escola Plural, ao mesmo tempo em que era uma incógnita, poderia ser uma oportunidade de não ter compromisso com a escola, pois não haveria mais a reprovação. Os representantes do Grêmio da escola, com maioria do noturno, criticavam esse modelo. Na percepção deles, ao abolir notas e mudar para conceitos, a avaliação também seria abolida, junto com a reprovação.

22


Nesse contexto de questionamentos do modelo plural, a gestão Anderson Ricardo Heronvile Correa/Elvira Mara Santos Guedes/ Marta Eloisa Soares (19982000), no governo municipal do prefeito Célio de Castro (1996 – 2003), desenvolveu com os alunos festas e gincanas temáticas, fez a entrega de agendas pedagógicas para professores e organizou os estudos dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), sob orientação da professora de Português Solange da Paz Microni Aurélio. Fez também a reforma na antiga sala do Grêmio, construindo uma cozinha e dois banheiros para dar privacidade e conforto aos professores.

Anderson Ricardo Heronvile Correa/Elvira Mara Santos Guedes/ Marta Eloisa Soares

Essa direção incentivou também a comunidade a discutir as questões sociais do entorno da escola, tais como iluminação e passarela na MG-20. Elvira licenciou-se da escola, por motivos pessoais, mas depois retornou às suas aulas de Arte. Marta assumiu a vice-direção em 2000.

23


Na gestão de José Luiz Silva Santos e Márcia Cristina Gonçalves (2000-2004), ambos professores de Geografia, o projeto Escola Plural estava consolidado, mas era motivo de muitas matérias em jornais da cidade e de discussões por todos os envolvidos, pois não era um modelo pedagógico que agradava a todos. José Luiz Silva Santos e Márcia Cristina Gonçalves

A parceria com a comunidade e o Grêmio Estudantil foi importante para a criação de vários projetos: inclusão digital, torneios esportivos, reativação do jornal com novo nome, “Humberto News” - ( organizado pelo professor Dely A. Araújo) e cursos profissionalizantes de Garçom e Telemarking.

Humberto News - exemplares 1 e 2

Faixas foram afixadas no portão da escola, enaltecendo os alunos aprovados em vestibulares, a quadra coberta foi reformada, com a construção de arquibancadas e vestiários. Na porta da escola, foram instalados três postes de iluminação, uma conquista da comunidade.

24


Nesse período, ocorreu a formação dos professores da escola, através do CAPE, órgão de capacitação de professores – SMED, no Projeto Rede pela Paz, que planejava ações para a escola, na prevenção ao combate à violência escolar. O ex-diretor José Luiz, ainda hoje, sente muita gratidão e respeito por todos, pois, na escola, fez muitas amizades e adquiriu experiências que lhe possibilitaram ocupar outros cargos na administração pública. Atualmente, gerencia o Parque Municipal Américo Reneé Giannetti de Belo Horizonte e a vice-diretora Márcia Cristina é Coordenadora Pedagógica da Escola Integrada, pela Secretaria Municipal de Educação. Na gestão Magda Alice Diniz Vasconcelos e Anderson Ricardo Henrovile Correa (2004 – 2008), o foco foi a intensificação do trabalho pedagógico com a 1ª etapa do 2º ciclo e uma interação maior com a equipe pedagógica da Escola Municipal Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu, que encaminhava os alunos para o 2º ciclo da nossa escola. Em vários cafés com professores e pais, faziam-se reuniões que discutiam temas sobre cidadania e valores éticos. Incentivou-se também o acompanhamento de uma psicóloga aos pais e alunos com dificuldades pedagógicas, aos sábados, com sorteio de uma cesta básica. O Projeto do Governo Federal, Escola Aberta, passou a atender a comunidade aos sábados e domingos, com oficinas de artesanato, atividades lúdicas e esportivas desenvolvidas pelos alunos nas quadras.

Foram também intensificados os projetos de letramento, festa da família, afetividade sexual e redução de danos, Rede 3º Ciclo, torneios esportivos, paisagismo, biblioteca, projeto de intervenção pedagógica (PIP) e formaturas do 9º ano e Ensino Médio. Magda, professora de Português e Literatura, e Anderson, professor de Contabilidade, se conheceram na escola, namoraram e se casaram. Ambos não atuam mais na Educação. Foram trabalhar na área da Saúde, mas ficam emocionados quando falam o que a escola representou na vida deles. Deixaram muitos amigos que sempre celebram os bons tempos em que trabalharam juntos. 25


Na gestão Maria Aparecida Nunes (CIDA) e Tâmara Simone Santos (20082014), no governo municipal de Márcio Araújo de Lacerda (2008 – 2016), a PBH-SMED ampliou o tempo de mandato dos diretores de dois para três anos, com uma reeleição.

Maria Aparecida Nunes (CIDA) e Tâmara Simone Santos

Essa direção teve que lidar com um quadro de violência já existente, com muitas bombas, o que causava adoecimento dos professores. Precisou administrar também o problema da falta de verbas para o gerenciamento da escola. A primeira medida administrativa da direção foi convocar professores e comunidade para abraçarem a escola e se tornarem parceiros, corresponsáveis pelo processo educativo. Foi criada a logomarca, representada por um coração, tendo no centro uma sigla voltada para a união família-escola.

Tal medida fez com que a violência diminuísse, fazendo com que a Rede Globo, através do Programa da TV Futura, fizesse dois programas sobre a violência nos muros da escola e no seu entorno. O primeiro programa mostrou como a parceria escola e comunidade possibilita a mudança de comportamento de uma comunidade violenta. Ela se conscientiza de que esse espaço escolar precisa ser cuidado porque lhe pertence. O segundo programa abordou o tema eficiência da gestão escolar. A exSecretária da Educação da SMED Pilar Lacerda fez um depoimento sobre a importância da gestão que tem um olhar para a comunidade onde ela trabalha. A segunda medida encontrada pela direção da escola para amenizar as condições vulneráveis dos alunos e tranquilizar os responsáveis, que não queriam os filhos na rua enquanto trabalhavam, foi constituir parcerias importantes: 26


* A UCRA (União Comunitária Ribeiro de Abreu) através do Projeto Bombeiros Mirins e Aspirantes, desenvolvido por seu presidente Alex Fabiane Correa, e o diretor da associação, o bombeiro aposentado, Sr. Tomaz Francisco de Oliveira;

Projeto Bombeiros Mirins e Aspirantes

Alex Fabiane Correa

Tomaz Francisco

* A intersetorialidade com o Centro de Saúde MG-20, no Programa Saúde Escola (PSE); * A intersetorialidade com a Universidade Federal de Minas Gerais, através dos cursos de Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Medicina, entre outros;

27


* O convênio SMED-Fundação Roberto Marinho, com o Projeto Floração, para acelerar os estudos de jovens de 15 a 24 anos;

* O Projeto “Deixem O Onça Beber Água Limpa”.

Nesse período, diversos projetos pedagógicos foram implementados na escola. O segundo ciclo passou a atender as três etapas que o formam e os encontros com as famílias se intensificaram. O PIP (Projeto de Intervenção Pedagógica) de Matemática e de Português foi revitalizado para alunos de 2º e 3º ciclos com dificuldades de aprendizagem

28


Com o término do Ensino Médio, foi priorizada a EJA (Educação de Jovens e Adultos) no noturno a para trabalhadores e pessoas mais velhas.

EJA (Educação de Jovens e Adultos)

A Escola Integrada foi implantada e a Escola Aberta teve suas atividades ampliadas para atrair a comunidade. A Jornada Literária valorizou a produção do aluno. A Kizomba – festa da consciência negra – se institucionalizou na EMSHA e o projeto “Dança Folclore e Movimento”, da Professora Carolina Saldanha, foi criado dentro do 1.5 da grade curricular. A gincana ecológica, envolvendo alunos e comunidade foi um sucesso, bem como a revitalização do jornal da escola, denominado Jornal EMSHA. Além disso, promoveram-se festas e confraternizações anuais com funcionários, professores e seus familiares. Organizaram-se viagens pedagógicas a Petrópolis, São Paulo, Serra da Canastra e Resende Costa, envolvendo professores e alunos.

São Paulo - 2014

29


A professora Regina de Fátima Junqueira Guimarães desenvolveu com os alunos o Projeto “Hino Nacional”. A Gincamat e o Soletrando foram projetos das áreas de Matemática e Língua Portuguesa, implementados com o objetivo de melhorar o desempenho dos alunos com dificuldades de aprendizado.

Soletrando

Projeto “ Hino Nacional”

Todos esses projetos pedagógicos foram subsidiados pela eficiente administração das verbas públicas destinadas ao educando, devido a uma gestão financeira, sem pendências, que se tornou destaque na Rede Municipal. As parcerias, os projetos desenvolvidos e a gestão democrática possibilitaram um grande salto pedagógico, que garantiu a melhoria no Índice de desenvolvimento do Ensino Básico (IDEB) e valorizou o esforço de uma grande equipe, o que foi comemorado por toda a comunidade escolar. Cida, professora de Língua Portuguesa e Tâmara, professora de Matemática, formaram uma boa dupla: “emoção” e “razão”. O “casamento” de seis anos deu certo, pois a diretora é uma sonhadora pedagógica e a vice é um modelo de correção financeira. Ambas chegaram para lecionar na EMSHA em 1995, foram coordenadoras e Tâmara tinha administrado a Caixa Escolar, nas gestões de José Luiz e Magda. Ainda hoje, externam toda a emoção quando falam do acolhimento recebido de professores, funcionários e lideranças da comunidade (Sr. Thomaz, Bruno Miranda, Alex Fabiane Correa, Ione Oliveira, Dona Wanda Oliveira, Ivone Maria Oliveira e Viviane Mara de Araújo Pedrosa). As dificuldades, no início da gestão em 2009, uniram, agregaram e fortaleceram a todos, num clima fraterno e familiar. O sentimento de ambas é de que foram abraçadas. O trabalho árduo dos professores foi determinante para o êxito pedagógico da escola e a Regional, através de seu Gerente de Educação, Jerry Adriani Silva, foi uma importante parceira.

30


"Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminam; lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracterize". (Boaventura Sousa Santos) A KIZOMBA A Kizomba foi um projeto criado a partir do trabalho desenvolvido por mim, professora de História, Sonia dos Santos França, lotada na escola em 1991. Ao trabalhar com o Ensino Médio, usava a temática Mineração e Quilombolas como referências. No primeiro momento, após aulas expositivas, os alunos faziam trabalhos de campo em Ouro Preto, São João Del Rei/Tiradentes e Sabará. No segundo momento, os alunos conheciam, através de trilhas, sob a coordenação do líder comunitário Sr. Thomaz Francisco de Oliveira e do então valoroso quilombola Sr. Valter Vitor da Silva, toda a área verde no entorno da escola. A área correspondia à Mata da Santinha e sua bacia hidrográfica, o Ribeirão do Onça e o Córrego Izidoro, no entorno da escola, o Rio das Velhas, em Santa Luzia e o Quilombo Mangueiras, aproximadamente a 100 metros da escola. A partir de então, os alunos eram incentivados a discutir em seminários, a história da África, na perspectiva da Lei 10639/96, que estabelece o ensino da história e cultura afro-brasileiras e africana nas escola. Discutiam-se também temas como religiosidade de matriz africana, etnia, preconceito, discriminação, racismo, ações afirmativas, estatuto da igualdade racial, arte e beleza negras, temáticas importantes numa escola de maioria afrodescendente. Os alunos Marcus Túlio de Oliveira Gonzaga, Tassiana Evangelista da Silva e Vítor Santos, que ainda moram no Quilombo Mangueiras, se sentiam muito valorizados quando guiavam grupos de colegas da escola para conhecerem a história real dos “remanescentes de quilombolas” da sua comunidade. Para eles, a divulgação do quilombo era muito importante, pois valorizava a luta de seus antepassados por aquele território e chamava a atenção para o valor histórico daquela comunidade para a Região Norte de Belo Horizonte. A historiadora e ex-aluna da EMSHA, Rosângela Ferraz de Araújo, contribuiu para o reconhecimento do quilombo, através de sua monografia de graduação e da prestativa colaboração do Sr. Thomaz. Ela fez o levantamento histórico do quilombo e o encaminhou para a Fundação Cultural Palmares. Outros colaboradores nesse processo foram os membros da Associação do Quilombo Mangueiras: Maurício, Ione, Ivone, Sr. Valter e a matriarca, Dona Wanda. Após o curso de formação na UFMG sobre a cultura afro-brasileira e História da África e outro curso sobre valorização da cultura brasileira do projeto “A Cor Da 31


Cultura”, passei a socializar a formação e a materialidade adquirida ao corpo docente da escola. As reuniões pedagógicas ocorriam sob a orientação da diretora Maria Aparecida Nunes e da vice-diretora Tâmara Simone Santos. O grupo de professores abraçou o projeto e trabalhou a temática, em 2010, enfatizando a questão racial, com a materialidade rica dos kit’s adquiridos pela escola. Assim, surgiu a 1ª Kizomba. A palavra, na língua Banto, significa Festa, exaltação do povo, como forma de celebrar a vida e a libertação dos escravos africanos.

A festa iniciou-se com uma apresentação dos bombeiros mirins, cantando o hino nacional. Em seguida, os visitantes puderam assistir a apresentações de capoeira, peças de teatro, músicas e danças, contação de histórias, desfile da beleza negra e prestigiar exposições de artesanato, fotografias, máscaras e contos africanos, bem como saborear comidas típicas e conhecer as manifestações de religiosidade. As homenagens às personalidades negras da nossa comunidade, o Sr. Tomás e a matriarca do Quilombo Mangueiras, Dona Wanda, emocionaram os presentes. A Kizomba foi um sucesso, se institucionalizou e passou a fazer parte do calendário pedagógico da escola.

32


A 2ª e a 3ª Kizombas realizaram-se com muito vigor. Foram exibidas, em estandartes e painéis, belíssimas pinturas africanas e fotografias de nossos alunos e familiares e desenvolveram-se muitas atividades culturais com os monitores da Escola Integrada.

2ª Kizomba

3ª Kizomba

33


Na 4ª Kizomba, as atividades foram mais simples, em virtude das precárias condições da escola com as obras. Realizou-se uma emocionante abertura do evento com uma passeata de alunos, portando estandartes que ilustravam as temáticas estudadas em sala. Houve exposições de trabalhos e desfile da beleza negra na escola.

4ª Kizomba

34


A 5ª Kizomba foi realizada em um espaço ainda em reforma na escola, a sala multiuso. Ocorreram apresentações de danças, teatro, caracterização de alunos, representando personalidades negras, desfile da beleza negra e premiações dos alunos nos Projetos Soletrando e Gincamat e no Campeonato Brasileiro de Judô. Tivemos as presenças dos representantes do Quilombo Mangueiras (Dona Wanda, Sr. Thomaz da UCRA e Branca, do Centro de Saúde MG-20) e da Regional Norte, Aline e Cristina. O encerramento foi celebrado com um almoço para toda comunidade escolar, feito pelas funcionárias da cantina e pelo professor de Geografia e chefe de cozinha, Ubirajara. O cardápio servido foi Bobó de Camarão, Arroz de Hauça e Caruru.

35


"O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende com a vida e com os humildes".

é

(Cora Coralina) A Jornada Literária Projeto iniciado em 2011, a Jornada Literária da Rede Municipal de Ensino, teve como objetivo incentivar professores a trabalharem a produção literária dos alunos do Ensino Fundamental, pré–adolescentes e adolescentes, a partir de sua realidade e vivências. A primeira temática foi “Histórias de Ruas” e a EMSHA, através de seus alunos e orientações dos professores de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna Inglês e Arte produziu dois livros: “Histórias de Ruas em Verso e Prosa” e “Incríveis Histórias de Rua”. Os alunos abordaram várias histórias de infância no seu bairro e em sua rua, contextualizando o seu cotidiano.

Vanderlaine Angola Daliane Marinho

A segunda produção literária, em 2012, foi o livro “Ato Fato Retrato”, que fez do tema “ Sons, Cores, Imagens e Sabores: Áfricas no Brasil”, uma das mais belas produções literárias da EMSHA. A Kizomba e a releitura de “A Vida e Obra de Di Cavalcanti” em seus personagens negros embasaram a contextualização da escrita, dos desenhos e fotografias dos alunos.

36


Em 2013, a temática foi “Histórias de Família” e a escola produziu o livro “Álbum de Família e Poesias”. Uma primorosa produção de textos poéticos sobre as famílias dos alunos do terceiro ciclo da escola. A afetividade para com o tema produziu um livro bonito, bem-elaborado e cheio de emoções. Como resultado, o livro ficou em 2º Lugar na Jornada Literária da Rede Municipal de Belo Horizonte.

Tal conquista deixou todos na escola muito felizes, principalmente, a equipe da escola envolvida nestas produções: a professora Daliane Marinho Fernandes, que, na linha de frente, envolveu-se com muita intensidade nas orientações de arte e literatura dos alunos, as professoras Helenice de Jesus, Margarete Verônica de Castro, Cléia Helaine Alves Pereira, Lilia Virgínia Dias Paes e Vanderlaine Carlos Angola, que, com muito zelo e atenção, fizeram revisões nas produções dos alunos. A coordenadora Elaine Sartori acompanhou e supervisionou com dedicação a arte de cada livro e as monitoras da Escola Integrada, Wanata Elisiane Rodrigues de Melo e, principalmente, Sheila Castro colaboraram com conhecimento de fotografia e cultura digital na produção dos livros. Cida e Tâmara possibilitaram a toda a equipe condições financeiras e pedagógicas necessárias para a construção de várias obras literárias. A produção de 2014 teve com temática “Histórias de Pré-Adolescentes e Adolescentes: em casa, na escola e na rua”.

37


"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo". (Guimarães Rosa) Projeto Dança Folclore e Movimento O projeto inovador foi criado e coordenado pela professora de Educação Física, Carolina Saldanha da Fonseca, lotada na EMSHA em 2010. O trabalho iniciou-se em 2012, com a participação dos alunos do 2º e 3º ciclos da EMSHA que faziam parte da Escola Integrada, no horário das 12h às 12h45. A professora estabeleceu alguns parâmetros para o grupo de alunos que ela formou: conhecimento e valorização da cultura brasileira, através das danças folclóricas e consciência corporal. Esse projeto estimulou os alunos a repensarem suas origens e despertou o interesse de apresentar a toda a comunidade escolar as diferentes formas de expressões culturais. Com muitos estudos e pesquisas, o projeto produziu quase vinte coreografias com as seguintes temáticas: Figuras do Folclore Brasileiro (2012) – Rio São Francisco (2013) e Cores (2014). Os espetáculos foram muito bem produzidos pela professora Carolina, com a sensibilidade artística que lhe é peculiar.

38


As apresentações foram significativas e emocionantes para a direção da escola, seus professores e para a comunidade escolar, mas, principalmente, para os alunos que resgataram princípios fundamentais em sua convivência cotidiana, na escola e na família. Cooperação, disciplina, respeito, ludicidade, diálogo, coletividade e solidariedade foram valorizados. A riqueza das apresentações demonstrou todo o empenho e a capacidade do grupo para produzir manifestações artísticas belas e inesquecíveis. A professora Carolina espera que todos os transtornos decorrentes da obra de reforma na escola sejam recompensados futuramente com uma escola mais estruturada e com condições de trabalho ideais para desenvolver melhor tanto as aulas de Educação Física quanto os projetos de dança.

39


“A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver". (Hannah Arendt) Programa Escola Integrada Esse programa foi implantado pela Rede de Ensino da Prefeitura de Belo Horizonte em 2007 e, gradativamente, as escolas foram adotando, o lema “Belo Horizonte é uma sala de aula”. Os alunos passaram a ficar sob a responsabilidade das escolas municipais por 9 horas: dentro das instituições, cumprindo a grade curricular do núcleo comum e, fora da escola, desenvolvendo oficinas em espaços parceiros com igrejas, associações comunitárias, universidades, ONG’s e praças públicas. A EMSHA iniciou o programa em 2009, na 1ª gestão de Maria Aparecida Nunes e Tâmara Simone Santos. O professor de Ciências Marcelo Silva de Souza foi escolhido como responsável pela coordenação do programa na escola. O “Professor Comunitário” Marcelo e a direção enfrentaram desafios: problemas de infraestrutura, dificuldades de encontrar espaços parceiros próximos à escola e montagem da equipe.

Após incessante procura e negociações, as parcerias foram estabelecidas com a Igreja Mundial da Justiça de Deus, através do Pastor Ildeu de Faria, que cedeu um salão e duas garagens, e com a União Comunitária Ribeiro de Abreu (UCRA), através de seu presidente, Alex Fabiane Corrêa, que cedeu a quadra comunitária.

A equipe foi formada a partir da organização de um programa que estabelecia oficinas monitoradas por agentes culturais da comunidade escolar e de universidades. Os alunos passaram a vivenciar práticas educativas diferenciadas das salas de aula, ocupando os espaços públicos da cidade. 40


Os alunos passaram a transitar na comunidade para realizar atividades nas oficinas de Artesanato (Nair Serpa), Artes Visuais (Macson), Meio Ambiente (Bruno e Tiago), Recreação e Jogos (Giordani - Marcos), Inclusão Digital (Joyce), Acompanhamento Pedagógico (Cíntia), Intervenção Urbana (Irineu), Apoio (Diego Sheila) e Capoeira (José Roque “Caburé”). Essas oficinas incentivaram os alunos a produzir arte nos muros da comunidade, reciclagem de materiais, trabalhos manuais e percorrer trilhas, redescobrindo a “Mata da Santinha”, próxima à escola. A prática de esporte e lazer, o acesso digital e o desenvolvimento da arte da capoeira foram atividades pedagógicas realizadas dentro da escola. Para reforçar as oficinas e garantir a permanência dos alunos no programa, organizaram-se visitas pedagógicas a parques, museus, zoológico, estações ecológicas, entre outros.

A aceitação da Escola Integrada por parte da comunidade escolar, principalmente dos alunos do 2º ciclo, foi muito boa. A oportunidade de receber três refeições por dia e de aprender vivências culturais em tempo integral deram tranquilidade aos pais para deixarem seus filhos na escola. A preocupação de todos foi e ainda é em relação aos precários espaços, dentro e fora da escola, para atendimento da demanda de alunos, o que não garante a qualidade desejada para o desenvolvimento das oficinas.

41


Após um ano do PEI/EMSHA, o professor Marcelo foi substituído pela professora de Geografia, Luciana de Castro Fonseca Umbelino, que continuou com muita competência a coordenar a equipe. Luciana considerava o projeto bom para garantir a permanência dos alunos na escola, mas, assim como Marcelo, questionava a estrutura precária dos espaços para a quantidade de alunos que o programa estabelecia, bem como as difíceis condições de trabalho e o baixo salário de monitores, que deveriam ser mais valorizados.

Ocorreu uma rotatividade de monitores. Entraram Bruno Henrique (Dança); Sheila Castro (Recreação e Jogos e Educomunicação); João Gabriel (Intervenção Artística) Diego Carlos (Acompanhamento Pedagógico), Bruna Gonçalves (Inclusão Digital) Franciele (Recreação e Jogos) Douglas (Capoeira) e Ludmila Baptista (Apoio). Com a escola recebendo do Município a verba "Subvenção Escola Integrada" e do Governo Federal a verba “Mais Educação”, as condições materiais das oficinas melhoraram muito e aumentou o número de alunos no programa, com saídas mais frequentes da escola para visitas pedagógicas. A SMED criou a matriz digital para passar a fazer o controle mensal da quantidade de alunos das oficinas, de seus monitores, dos espaços parceiros e das viagens pedagógicas. As reuniões para os planejamentos mensais das oficinas melhoraram a qualidade do trabalho dos monitores. Após dois anos e meio, como professora comunitária, Luciana saiu de licença maternidade, não retornou ao programa Escola Integrada e foi substituída por mim, professora de História, Sonia dos Santos França. Na ocasião, ratifiquei os questionamentos dos professores anteriores e passei a envolver toda a equipe da Escola Integrada no projeto da Kizomba.

42


Em parceria com a Professora Dra. Shirley A. de Miranda, da UFMG e da bolsista Elane Alves Souza, realizou-se a formação teórica dos nossos monitores. Todos participaram do Curso: “Viver e Ser Quilombola”, o que incentivou a monitora Sheila Castro, da oficina de Educomunicação, a inscrever-se com nossos alunos no Concurso Literatura em Vídeo.

A produção do vídeo baseado no conto africano “O Segredo das Tranças” Ática e Scipione, levou o grupo a receber a premiação , com mais de dez mil votos nas redes sociais, no dia 10/12/2012, em São Paulo. Os alunos receberam medalhas e a escola, um troféu, a assinatura da revista Mundo Estranho e um kit de livros infantojuvenis. Os alunos premiados foram Douglas Rocha, Igor Maurício de Oliveira Moreira Santos, Jhony Kaiton Oliveira Taler, Wesley Rodrigues Vieira e Tainara Rodrigues da Silva.

A EMSHA, em parceria com as Escolas Municipais Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu, Herberth José de Souza e Cônsul Antônio Cadar foi criou o sucedido projeto “ Quatro Integradas e Um Arraiá”. A realização da festa junina ocorreu em 2013, no Parque Nossa Senhora da Piedade.

Professores coordenadores: Aline - Roneide - Gilson – Sonia

43


Duas oficinas foram introduzidas na Escola Integrada, depois de uma pesquisa com os alunos: O Judô e a Música. Os monitores Fábio Tavares Fagundes e Leonardo Ferreira de Jesus, através da Associação Municipal de Assistência Social (AMAS), foram contratados para lecionar tais disciplinas. A oficina de dança, através do Breaking, formou um grupo de meninas, orientadas pelo monitor Bruno Henrique Rezende. A monitora Ana Beatriz de Souza deu continuidade ao trabalho, mesclando o grupo e trabalhando também a intervenção artística. O projeto de fotografia, “Um Olhar Uma Luz”, estabelecido pelo Programa BH Crianças da SMED, envolveu toda a escola. Os alunos, orientados por mim e pela monitora Wanata Elisiane (Intervenção Artística) fizeram fotos belíssimas da escola, do seu entorno e das pessoas que fazem o dia a dia da EMSHA. Três fotos foram selecionadas e foram expostas no Museu de Minas e Metal, entre outros locais de exposições em Belo Horizonte. A recreação com jogos diferenciados, torneios e campeonatos esportivos ficou sob a responsabilidade da monitora Maria da Glória Silva com torneios e campeonatos esportivos. A Inclusão Digital, orientada pela monitora Taís Miranda de Andrade fez trabalhos interdisciplinares com as demais oficinas e a monitora Nair Pereira Serpa cativou os alunos com a produção de artesanatos, que puderam render um ofício a cada um deles. Os bolsistas Andreia Firmiano, João Teixeira de Araújo e Richard Vinicius Rodrigues de Oliveira fizeram da oficina Acompanhamento Pedagógico uma relação teórica e prática com os alunos. A oficina de Meio Ambiente, sob orientação do monitor Bruno Felipe Santos, mostrou a realidade ambiental do entorno da escola - a mata da Granja Werneck, o Quilombo Mangueiras, a Bacia da Santinha, os Ribeirão do Onça e o Córrego Isidoro. Através das aulas passeios, agendadas pela SMED, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o circuito ambiental dentro e fora de BH, visitar clubes recreativos, museus, cidades históricas, parques, entre outros. O Projeto de formação “Democracia e Cidadania”, criado por mim, para debater com monitores e funcionários as eleições gerais de 2014 contou com a presença da diretora Cida e da vice – diretora Tâmara. Os alunos da oficina de judô, ministrada pelo Sensei, Fábio Tavares Fagundes, participaram de forma brilhante de vários torneios e campeonatos, trazendo muitas medalhas para a escola. No Campeonato Mineiro, foram classificados 12 alunos para 44


disputar o Campeonato Brasileiro de Judô, em Ouro Preto, no dia 01 de novembro de 2014. Os alunos premiados foram Brian Sulivan Peixoto Matias (bronze), Gracilei Silva Braz (Bronze), Ingrid Serpa Rodrigues (bronze), Jean Carlos Coelho de Oliveira (bronze) e Suellen Gabriely Pereira Amorim (bronze); Rayssa Pereira de Jesus (prata) e Ana Clara da Silva Oliveira (ouro). O Projeto “Meus Minutos de Fama”, pensado pelo monitor de música, Leonardo Ferreira de Jesus, com a contribuição de toda a equipe, foi um sucesso. Os alunos passaram a apropriar-se do espaço para divulgar e sugerir atividades artísticas e culturais para as apresentações, com a presença de convidados e a entrega de medalhas aos alunos no evento. O primeiro evento foi a dança do “Passinho do Romano” com a presença dos cantores de funk MC’s Gody e Charles e os rappers “Os Pacificadores” com músicas de caráter gospel. O segundo evento foi organizado pelas alunas do 3º ciclo da escola, Alexandra Cristina Lima, Amanda dos Reis Vale, Bruna Gonçalves Eleotério, Danielle Sarah Oliveira, Eliane Estéfany Alves Gomes, Graziely da Silva Alves, Rayane Freire de Jesus, que cantaram e dançaram músicas religiosas. Quanto às refeições, elas são balanceadas e os alimentos vêm da Secretaria de Abastecimento. A Supervisora de merenda Sônia Francisca de Castro Carmo faz o controle da quantidade e qualidade dos alimentos servidos para os alunos. Junto com a monitora Joyce da Silva Mendes do “Programa Saúde na Escola” (PSE), ela faz mensalmente uma pesquisa de opinião com os alunos sobre a qualidade dos produtos consumidos e campanhas contra o desperdício de alimentos, o que se aproxima de zero. As três refeições diárias dos alunos são feitas com dedicação e alegria pelas funcionárias Vera Lúcia Honorato, Marinez de Jesus Pessoa, Margarete dos Santos Inácio, Ângela Maria Andrade Ferreira, Maria Vanete Ferreira, Odete Pereira Dias, Tânia Aparecida de Oliveira Faria e Rosimeire de Souza Ribeiro Ataíde. Os demais funcionários que contribuem com a limpeza, com a segurança, a portaria, o xerox, a manutenção da escola e a inclusão são fundamentais para o funcionamento da escola: Aparecida Paulino Guieiro, Maria da Conceição Mariano, Rosina de Fátima França, Maria Alessandra Souza Mendes, Alvino de Almeida, Clenilda Januário de Oliveira Castro, Marlete Maria da Silva, Elizabeth Alves da Silva, Fábio Patrocínio da Silva, Maria Malvina Flores Macedo, Terezinha Maria de Jesus, Luciana Ferreira da Silva, Simone dos Santos, Cleonice Antunes Pereira, Fernando Costa Magalhães, Marcelo Jardim e Luciano Lima.

45


Imagens representando a Escola Integrada

46


"Nosso caráter é resultado de nossa conduta". (Aristóteles ) Gestão Financeira A Gestão Financeira é de responsabilidade da direção da escola, que tem que gerir os recursos municipais e federais que chegam à Caixa Escolar, uma empresa jurídica. São diversas contas bancárias para manutenção da materialidade pedagógica: merenda, transporte, despesas administrativas, uniforme, conservação e manutenção, assistência ao educando, projetos, dentre outros. Para contribuir na garantia da transparência e eficácia na gestão das contas públicas, em 2009, o auxiliar de caixa escolar Dimas Eugênio de Souza foi lotado na escola, diante dos desafios da nova direção, que não tinha experiência administrativa e financeira. O trabalho duro foi organizar 16 contas bancárias e entender várias legislações, posteriormente analisadas pelo Colegiado e referendadas pela Assembleia Escolar. Em 2013, em concurso interno, Dimas passou para o cargo de Gestor Administrativo Financeiro Escolar. Esse novo cargo garante a organização mais efetiva do administrativo financeiro que dinamiza o pedagógico e favorece os interesses da comunidade escolar, alunos, professores e funcionários. Independentemente das pessoas eleitas ou interventoras na escola, o trabalho do Gestor continuará na interlocução administrativo-financeira, em função das demandas da escola e do interesse público. A escola não possui pendência administrativa financeira, o que a coloca como destaque positivo no cenário das escolas da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. Em razão disso, a administração financeira da SMED convidou a direção da escola para desenvolver um projeto piloto na questão gerencial financeira: um grande desafio para o Gestor, que prima pela correção, facilitação e a transparência financeira da escola.

47


"As coisas que não existem são as mais bonitas". (Manoel de Barros) A Secretaria A secretaria é a porta de entrada da escola e atende a professores, alunos e pais. É onde a legalidade da documentação da escola se estabelece. O Sistema de Gestão Escolar (SGE) da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte é informatizado e absorve dados acadêmicos, pedagógicos, de pessoal e da rede física da escola, permitindo a agilidade da informação e percepção do todo da instituição. A secretária, que exerce cargo de confiança, faz a interlocução direta com o (a) diretor (a) da escola. Silvana da Conceição Gonçalves, formada em Pedagogia, exerce esse cargo desde 1990, quando, convidada pelo então diretor Guilherme, deixou o cargo de auxiliar de serviços, que exercia desde 1986, para substituir a professora e secretária Jaine. Com ajuda da professora Egleia, Silvana organizou a secretaria, que aumentou as suas demandas, depois da implantação do Ensino Médio e da Suplência, bem como, responsabilizou-se por toda a questão pedagógica e administrativa no SGE. Ela considera que o período da Escola Plural foi o mais complicado, em função de suas constantes mudanças. Hoje conta com um eficiente atendimento das auxiliares de secretaria Gláucia Elaine Arruda Damião, Fabianne Pousada Torres Pereira, Simony Rose de Freitas Abreu dos Santos e a Marcela Gonçalves Moreira.

Marcela, Simone, Fabianne

Silvana e Simony

e Gláucia

48


" Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres". (Rosa Luxemburgo) A Biblioteca Egléia Brasil A biblioteca tem esse nome em homenagem à professora de Geografia Egléia de Fátima Brasil, que trabalhou na escola de 1985 a 1996 e ocupou os cargos de coordenadora pedagógica, coordenadora de turno e de vice – diretora. A professora vivenciou a precariedade da “escola de isopor”, o quadro sempre incompleto de professores e as enchentes dos ribeirões próximos à escola, que prejudicavam a chegada de todos. Junto ao grupo de professores também lutou pela reforma da escola, organizou toda a parte administrativa educacional da secretaria e da biblioteca, em um mês, para regularização do Ensino Médio/Contabilidade e Suplência, por exigência das inspetoras que fiscalizavam a escola. Além disso, participou, como coordenadora, da construção do “Projeto Buscando o Caminho”, incentivando os trabalhos pedagógicos interdisciplinares das áreas e o trabalho de poesias, desenvolvido na biblioteca pela professora de Língua Portuguesa, Solange da Paz Microni Aurélio. Em 2003, a biblioteca recebe uma bibliotecária, Wanderlaine Mara Loureiro de Assis e se torna um núcleo polo para atender as demandas não só da escola, mas também da comunidade escolar. Os alunos passam a fazer empréstimos para si e para os seus responsáveis e a biblioteca faz empréstimos também entre as bibliotecas das Escolas Municipais Herberth José de Souza, Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu, Sérgio Miranda e Sebastiana Novais, todas atendidas por Wanderlaine. A equipe da biblioteca, na busca de atender melhor a todos, mantém um diálogo permanente com direção, coordenadores e professores, desenvolvendo projetos voltados e ligados ao pedagógico da escola e às demandas de alunos, funcionários e comunidade escolar. Durante a semana, acontece o recreio dinâmico, com rotatividade entre os alunos, com atividades variadas: leitura, contação de história, confecção de dobradura e desenhos para colorir. Para a escola adquirir o acervo da biblioteca, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) destina 10% das verbas do Educando e de Subvenção, três vezes ao ano, para a Caixa Escolar.

49


A compra de livros, mapas, globos e DVDs e as assinaturas de jornais e revistas são feitas após sugestões de alunos e professores, e posterior análise da equipe da biblioteca, aprovando o que for de uso coletivo. O Governo Federal e a PBH enviam também caixas com livros de ótima qualidade, de acordo com os ciclos, número de alunos e faixa etária. As doações de empresas e comunidade escolar são aceitas e é selecionado o material. O que não é aceito é repassado. Wanderlaine e outros bibliotecários da Rede de Ensino de Belo Horizonte produziram uma cartilha para estabelecer alguns critérios para as bibliotecas das escolas: o que é material de biblioteca e o que não é, o que pode ser doado, o que pedir e o que determina a qualidade dos livros. Provavelmente, até 2015, a PBH implantará o Sistema Pérgamo, o mesmo sistema de informatização de empréstimos usado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A equipe terá mais facilidade para encontrar o livro, fazer o empréstimo e cobrar sua devolução, aperfeiçoando, assim, o atendimento aos usuários da biblioteca. Com a reforma da escola, a biblioteca vai aumentar 1/4 do seu espaço, que será o cantinho da criança para leitura, lazer e manipulação do acervo. Para Wanderlaine, a nova biblioteca terá muitas janelas, o que não é apropriado, pois as estantes precisam de mais paredes. É importante que o local seja arejado na medida certa para garantir a qualidade do acervo. Para ela, a biblioteca é o espaço multicultural mais rico da escola.

Bárbara

Wanderlaine

Noeme 50


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis". (Fernando Pessoa) Os Professores da EMSHA Uma das características mais importantes da EMSHA é seu grupo de professores. Desde a sua origem até a presente data, passaram por esta escola ou ainda estão trabalhando docentes que aprenderam a se dedicar e a gostar de fazer parte desse grupo. A distância para chegar ao Ribeiro de Abreu, para muitos, ainda é um complicador, mas as boas relações, a união, o diálogo e o lado humano aproximam muito o grupo, amenizando um pouco a distância percorrida diariamente e os problemas que surgem no dia a dia. Alguns exemplos de professores que não perderam a afetividade pela escola devido à distância: Adriana Regina Braga, professora de Matemática, há 23 anos na escola, e Paulo Luciano Scoralick, professor de Geografia, moradores de Nova Lima; Christiane de Paula Dâmaso Colla, professora de Geografia, e Adriana Cristina Souza Leite, professora de Ciências, que moram em Sabará; Marcionílio José de Brito, professor de Geografia, que mora no Bairro Barreiro; Maria Helena Campolino, que vinha de Sete Lagoas; Marta Eloisa Soares, que vinha do Bairro Santo Antônio e Elvira Mara Santos Guedes, professora de Arte, que vinha do Bairro Anchieta, e Ednea Aparecida da Silva Adalberto, moradora de Santa Luzia. O exercício da democracia, uma constante virtude da escola, foi criado pelos primeiros professores que por aqui passaram e deixaram uma semente que frutificou. Quando eram convidados a participar da luta, através do sindicato, debatiam, divergiam, mas respeitavam o direito do outro.

51


Os atuais professores mantêm a tradição de lutar pelos direitos de conquistas salariais e pedagógicas. Foi assim, na luta, com greves, que os professores da EMSHA conquistaram: o Plano de Carreira do Magistério, o Conselho Municipal de Educação, os reajustes salariais anuais para recompor a inflação, o direito à realização de reuniões pedagógicas e o tempo para planejamento – ACEPAT (Atividades Coletivas de Planejamento e Avaliação Escolar dos Trabalhadores da Educação).

52


Professores que se aposentaram ou se transferiram da EMSHA Depoimentos Ana Maria Adalberto de Carvalho – Professora de Matemática de 1987 a 2007. Lecionou na escola tanto no modelo tradicional de ensino, como na Escola Plural, nos três turnos, mas considerou o tradicional com melhores resultados. Com a professora Vânia Lúcia, desenvolveu um dos primeiros projetos de Matemática na escola, realizando uma pesquisa sobre a comunidade e o número de alunos do Ribeiro de Abreu. Este projeto visava justificar as aulas de planejamento para os professores. Muito tranquila e simpática, era querida por todos. Fazia os alunos gostarem da Matemática. Lecionou para a atual professora de Matemática da escola, Angelina Maria Lara. Trabalharam juntas no turno da manhã, de 2003 a 2007, quando se aposentou. Aparecida Madalena de Carvalho (Paré) – Professora de Ciências e Biologia, trabalhou na escola de 1984 a 2000. Foi coordenadora de turno e de área. Participou de todas as lutas da escola, inclusive da conquista da primeira eleição para diretor da Rede Municipal de BH, em que foi eleito o professor César Marcolino Ferrara. Considera a escola uma das mais politizadas, que sempre discutiu e respeitou as divergências. Fala com orgulho dos bons alunos que permitiam um trabalho estimulante e produtivo em sala de aula. Vivenciou as discussões da Escola Plural, mas não trabalhou com o novo projeto, pois lecionava para o Ensino Médio. Considera o período da reforma da escola, em que todos foram remanejados para a FAFICH como um dos mais difíceis. Lecionou para a atual professora de Arte da escola, Elaine Cândida Vieira M. Sartori. Ester Ismênia Gomides de Moura (1985-2000) – Professora de Matemática. Lecionou, coordenou turno, foi tesoureira e vice – diretora, na 1ª gestão da Magda Alice, por sete meses, depois da renúncia da professora Egléia da vice -direção. Muito profissional, organizava e fazia com que tudo funcionasse bem em cada espaço em que atuou. Contribuiu com a reforma da biblioteca, com a colocação de prateleiras de ardósia. Tinha muito prazer em lecionar para os seus alunos e hoje sua recompensa é reencontrá-los e ver que se lembram com carinho que ela contribuiu muito na vida deles, como professora.

53


Jaine Moreira de Souza – Chegou à escola, em 1983, junto com a diretora Dona Isaura para criar e organizar a secretaria. Formou-se em História e começou a lecionar em 2002, no segundo turno, para o 3º ciclo, e, no noturno, para a Educação de Jovens e Adultos. Aposentou-se em 2006. Jairo de Almeida Santiago – Professor de História e advogado. Lecionou na EMSHA de 1991 a 2001 e transferiu-se para uma escola mais próxima do centro, porque pensava advogar. Tem muito apreço pelos alunos , professores e funcionários, com os quais fez muitas amizades. Considera que era muito boa a disciplina dos alunos e muito respeitosa a relação com a comunidade. Lembra-se de um projeto interdisciplinar com visitas a museus e o circuito de BH, com alunos da quinta série de aceleração. Afirma que muitos dos seus ex-alunos estão muito bem e cita o exemplo do ex-aluno Adler, que faz medicina na Califórnia. Favorável à retenção, não gostava da Escola Plural e considera confuso o atual sistema de ensino de Belo Horizonte. Gostaria que os pensadores não idealizassem fórmulas com modelos de educação de outros países, mas que focassem e pensassem na realidade do nosso país, para fazer um ensino melhor. Margareth Minatelli – Lecionou Ciências e Biologia, de 1992 a 2014, quando se aposentou. A professora Margô, como gostava de ser chamada, atuou nos três turnos da escola e adorava trabalhar com projetos, pois acreditava que, quando bem feitos, seduziam os alunos, como a gincana ecológica, que envolveu toda a comunidade escolar. Para ela, as reuniões pedagógicas no horário de trabalho eram muito ricas nas discussões e organizações dos projetos, o que unia mais o grupo de professores. Os casos de adoecimento dos profissionais eram menores e a resistência, maior. Vai sentir muita falta das pessoas da “minha escola do coração”. Em relação às comunidades que a escola atende, percebe que a violência social inviabiliza as festas à noite. O jantar dançante para os pais era motivo de satisfação e congraçamento entre todos, o que infelizmente, teve que acabar. Para Margô, ser professor é dedicar-se continuamente ao ensino. Maria do Rosário Cunha Santos (1985-2000) – Professora de Economia Doméstica e Educação para o Lar, sentia orgulho de trabalhar numa escola tão politizada e com um grupo tão unificado de professores. "Era prazeroso trabalhar na EMSHA", diz ela. Sua sala era ambientada para desenvolver trabalhos manuais com os alunos, como artesanato, boas maneiras, hábitos básicos de higiene e nutrição, dando ênfase à 54


alimentação alternativa. Os alunos se sentiam mais livres e dialogavam mais nestas aulas, pois consideravam a sala como uma extensão da casa deles. O aprendizado gerou renda para muitos que desenvolviam o artesanato fora da escola. Após a sua aposentadoria, a disciplina saiu da grade curricular da escola, com a implantação da Escola Plural. Marta Eloisa de Oliveira (1986-2000) – Professora de Educação Física, chegou à escola na gestão do diretor César Roberto Ferrara Marcolino e passou a fazer com os alunos um trabalho efetivo ligado ao esporte, em especial ao handebol, mesmo com uma quadra precária e material esportivo restrito. "Às vezes, as bolas caíam no Ribeirão do Onça e se perdiam", conta ela. Trouxe para a escola a sua experiência de ex- jogadora da seleção brasileira de handebol e de auxiliar técnica. Junto com a professora de Educação Física, que também foi atleta de handebol, Cláudia Maria Goudard, participou de vários campeonatos fora da escola, competindo com escolas particulares. Na sua opinião, os alunos sofriam preconceitos por ser de escola pública e morar na periferia, mas mostravam dentro da quadra o compromisso com a escola e davam um show. Marta tornou-se umas das professoras mais queridas e respeitadas pelos colegas, funcionários, comunidade e alunos. Para ela, a escola sempre foi um ambiente saudável, com professores unidos como uma família, bem capacitados que desenvolveram muitos projetos importantes, mas que pecaram, devido à falta de registro escrito. Quando tinha conselho de classe, Marta levava até dez turmas para a quadra e fazia torneios de futsal e handebol, sem nenhum problema, pois os alunos ajudavam a organizar tudo. Foi vice-diretora, na gestão de Anderson, por um ano, quando Elvira, por motivos pessoais, licenciou-se da escola. Uma de suas maiores alegrias foi a construção da quadra coberta e uma das maiores tristezas foi o sucateamento das aulas de Educação Física, quando foi implantada a Escola Plural. Na grade curricular, cada turma passou a ter apenas uma aula de Educação Física por semana. Candidatou-se à direção da escola com a professora Ester e perderam para os professores José Luiz e Márcia, mas ambas ficaram na EMSHA como coordenadoras e, junto com a “velha guarda”, sustentaram o trabalho na escola. Teve como discípula a aluna Graziele Matos, que fez Educação Física e continuou o trabalho de handebol com alunos da escola e da comunidade. Graziele, hoje trabalha na E.M. Paulo Freire e sua equipe ganhou recentemente um torneio nacional.

55


Sente-se orgulhosa por ter feito parte da EMSHA, pois os alunos, através das competições coletivas, defendiam e honravam o nome da escola e de seus profissionais. Cita e felicita os professores Anderson, Magda, Marcelo e Sonia que lecionaram Educação Física para os alunos da tarde, com grande êxito. Ela visita com frequência os amigos que fez há mais de vinte anos, lecionando na instituição. Natélcia de Paiva (1987 – 2004) Professora de Educação Física, vivenciou as precariedades físicas e materiais da escola e incentivou a realização de torneios, campeonatos e olimpíadas. Na Pontifícia Universidade Católica (PUC), os alunos participaram das Olimpíadas de saltos, arremessos e jogos e foram premiados. Foram vice-campeões de futsal de Belo Horizonte. As precárias condições de trabalho não desanimavam a professora, que extraía o máximo dos alunos nas competições esportivas. Para Natélcia, trabalhar na EMSHA era prazeroso. Foram anos inesquecíveis com professores fantásticos, formando um grupo tão unido com quem viajava nas férias. Quando vivenciou a Escola Plural, percebeu que, para os alunos cristalizou-se a ideia de que não precisavam mais estudar para serem aprovados, o que, em sua opinião, foi um grande equívoco.

Professores da equipe atual - Depoimentos Antônio Carlos Sales - Professor de História à tarde, atua na coordenação pedagógica, de manhã. "Comecei a lecionar na EMSHA em 1991, quando me tornei professor da rede municipal, e continuo aqui, sem ter trabalhado em qualquer outra escola. Assim, meu relato diz respeito a uma longa jornada profissional e traz, sobretudo, uma reflexão a respeito das mudanças percebidas neste local, ao longo de mais de 20 anos. No início dos anos 90, a EMSHA era uma referência para a comunidade do Ribeiro de Abreu, pois era a única escola da região que oferecia o Ensino Médio, inclusive com cursos profissionalizantes. O alunado da escola vivia, majoritariamente, na região próxima. Entre os alunos do noturno, era maior a quantidade de estudantes que morava em bairros mais distantes. Havia turmas de Educação de Jovens e Adultos, nas quais muitos pais dos estudantes jovens retomaram os estudos. O contato entre professores e alunos era mais próximo e constante, acredito eu, e o convívio marcado pelo carinho era facilitado pelo respeito, sempre presente. 56


As exigências dos professores eram reforçadas e legitimadas pelo sistema de avaliação, com a possibilidade de reprovação, que amedrontava os estudantes. Nós tínhamos a preocupação com o cumprimento de programas e vivíamos discutindo quais eram os objetivos básicos de uma escola de periferia, frequentada por alunos de famílias de baixa renda. Reconhecíamos a necessidade de preparação para o mercado de trabalho, mas nunca abandonamos a possibilidade de fazer da escola um degrau para conquistas dos alunos mais dedicados. Em todos esses anos de profissão, uma de minhas maiores alegrias é relembrar os casos de sucesso dos alunos que se destacaram nos estudos. Mas, a cada dia, reconheço a importância fundamental do nosso trabalho cotidiano com os estudantes que não têm oportunidade de continuar sua formação educacional. Para esta maioria, os anos dedicados ao Ensino Fundamental são parte essencial de sua formação; nós, professores, o maior exemplo de sucesso profissional que conhecerão. Com o passar dos anos, a EMSHA passou a receber alunos de bairros mais afastados, com situação econômica mais difícil, e sem os vínculos que a proximidade física criava entre os estudantes do entorno. Muitas mudanças na orientação pedagógica da rede municipal transformaram o trabalho dos professores. Fomos forçados a conviver com novas formas de avaliação e passamos a discutir a adequação das atividades escolares a um público cada vez mais heterogêneo. O alunado parecia cada vez menos interessado pelos estudos e a escola perdeu seu atrativo mais positivo, como instituição capaz de possibilitar a ascensão social. Acredito que os próximos anos serão fundamentais para a redefinição do lugar da escola na sociedade. Espero terminar minha carreira de professor trabalhando de forma mais efetiva para contribuir com a formação dos jovens, em busca de dignidade e condições de vida decentes". Antônio Eustáquio da Silva (TONINHO) - Começou a lecionar Língua Portuguesa e Literatura, na EMSHA, em 1991. Atuou no Ensino Médio, 3º ciclo, Suplência, coordenação de turno, tesouraria (2009-2011) e coordenação de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na gestão do diretor de Guilherme José Barbosa, participou da discussão da pedagogia de projetos e considerou espetacular a experiência das salas ambientadas. Pensa que o projeto mais importante da escola, neste momento é a Kizomba, institucionalizado na escola desde 2010, que trabalha a etnia do aluno, valorizando a raça negra que o Brasil herdou. A convivência por muitos anos com alunos do noturno lhe fez concluir que os jovens que chegam à escola hoje não têm o objetivo de estudar e os conflitos entre eles é latente, pois sofrem uma pressão grande, que começa na comunidade e, muitas 57


vezes, acaba na escola. O professor perde muito tempo para ter a atenção dos alunos e mantê-los em sala, pois muitos acham que apenas a presença garante a aprovação. Uma mentalidade danosa da Escola Plural. Muitos desistem de estudar pela pressão social, por problemas no trabalho ou na família, mas a escola precisa ficar atenta a isso, dialogando e facilitando a permanência daqueles que precisam da formação educativa. Considera que a reforma da escola proporcionará conforto e boas condições de trabalho para desenvolver projetos inovadores e melhor atender a comunidade. Espera que os alunos gostem, aprovem e permaneçam. Adriana Cristina Souza Leite – Professora de Ciências e Biologia. Tomou posse na escola em 2008 e tem que pegar três conduções para chegar à escola, pois mora em Sabará. A sua permanência é devido ao bom relacionamento que a escola proporciona com colegas de trabalho, que discutem e divergem em suas opiniões, mas se respeitam e se unem nos momentos mais complicados e difíceis. Percebe um grande avanço nos projetos da escola, como a Kizomba, que valoriza a cultura negra e africana, a Jornada Literária, a Feira de Ciências e a dança da professora Carolina, que valoriza a cultura brasileira. Acredita que a obra de acessibilidade vai garantir o direito do deficiente físico, mas que a reforma da escola poderia ter avançado mais em outros aspectos, como por exemplo, a necessária estrutura para salas ambientadas. Alexandre Valadares de Assis – Professor de Geografia, com formação em Administração de Empresas e Comércio Exterior. Sem experiência em lecionar, foi lotado na escola em 2010 e assumiu o Ensino Médio. O prazer pela Geografia superou qualquer dificuldade para administrar as suas aulas. Percebe na direção da EMSHA uma preocupação e compromisso com o social e com a comunidade. Considera respeitosas as relações entre os professores e difícies as relações com os alunos do Ensino Fundamental, em razão da imaturidade e da falta de acompanhamento dos responsáveis. Pensa que é importante e necessário estabelecer regras diretas com os alunos, numa relação dialógica. Caracteriza a reforma da escola como essencial, por maior que seja o transtorno, e acredita que o dinheiro público deve ser gasto e fiscalizado, em obras importantes como essa.

58


Christiane de Paula Dâmaso Colla – Professora de Geografia. Tomou posse na escola ao mesmo tempo em que a professora Marcélia, em 1999, em pleno movimento de greve. Leciona para 2º e 3º ciclos, lecionou para o Ensino Médio e atuou nas coordenações pedagógica e de turno. Analisando as direções com quem trabalhou, considera que, na gestão da Magda e Anderson, havia uma efervescência de ideias criativas e que, na gestão de Cida e Tâmara, o 2º ciclo passou a ser o foco, devido ao término do Ensino Médio. Acredita também que o envolvimento e o trabalho do grupo de professores alavancou a qualidade do ensino dos alunos do 2º ciclo, o que pode ser comprovado pela melhoria nos índices do IDEB da escola. Candidatou-se ao cargo de vice – diretora, na chapa com Márcia Vielmi Pires e Fortes, em 2008 e perdeu para as diretoras atuais. Na ocasião, teve a oportunidade de conhecer melhor a comunidade e ver como ela se mobiliza politicamente e estabelece o seu apoio à chapa em que deposita confiança. Agradece a Deus por não ter vencido, pois sentia-se despreparada para um provável embate da direção com o grupo de professores. O desgaste seria enorme. Para Christiane, as relações com a comunidade são boas. O que deixa a desejar é a frequência de muitos pais, que só comparecem à escola, devido à indisciplina dos filhos, depois de insistentes telefonemas e bilhetes da coordenação de turno. As relações entre alunos parecem viver no limiar entre amor e ódio. Gostaria que eles fossem mais delicados e respeitosos uns com os outros e com os professores. Quanto à relação entre os professores, percebe que sempre houve um grupo unido na escola, por maior que fosse a rotatividade. "As pessoas são próximas, fazem amizades e, por mais que tenham opiniões diferentes, procuram respeitar uns aos outros", diz ela. Considera a reforma uma obra que causa muitos transtornos, mas que é prioritária. Pensa que, antes de finalizar o projeto, a SMED deveria escutar os profissionais da escola, para executar um projeto que atenda as reais necessidades do local em que trabalham. Daliane Marinho Fernandes – Professora de Língua Portuguesa, leciona Inglês e Arte e foi lotada na escola em 2002. Desenvolveu vários projetos pedagógicos na área de Arte. Participa ativamente nos trabalhos da Kizomba e se destacou na orientação aos alunos nas produções dos livros da Jornada Literária, com a premiação do livro "Álbum de Família e Poesias", que ficou em 2º lugar no júri da Rede Municipal de Ensino. 59


A professora sente-se muito afetada com a reforma da escola, que lhe trouxe problemas alérgicos e respiratórios. Acredita que todos foram muito desrespeitados pelo poder público que autorizou uma reforma de tão grande porte com alunos, professores e funcionários trabalhando num espaço tão precário. Para ela, os benefícios estruturais são importantes, mas o ser humano tem que ser melhor valorizado. Daniele dos Santos Gomes de Carvalho - Sua primeira experiência como professora foi em 2011, quando chegou e lecionou para o 2º ciclo da escola. Teve muito apoio e ajuda dos colegas e o acolhimento foi o diferencial. Percebeu a leveza que se estabelecia nas relações com os colegas da escola e isso foi importante para superar as dificuldades em trabalhar com alunos de comunidade difícil, devido à vulnerabilidade social. A professora acredita que olhar os alunos de forma humanizada, buscando coisas positivas e procurando atrair a comunidade, são ingredientes essenciais para manter uma relação respeitosa na escola. Em relação à obra, sabe que as condições não são as melhores, as reclamações do barulho tendem a aumentar, mas espera uma estrutura melhor, que respeite e garanta a todos o direito de usufruir bem do espaço. Elaine Cândida Vieira M. Sartori - Professora de Arte desde 1995. Chegou à escola num dia de paralisação dos professores que lutavam por melhores salários. Trabalhou até o ano 2000 com sua ex-professora, Paré. Encontrou uma escola com salas ambientadas em que se trabalhavam projetos diferenciados. Junto com as professoras de Arte, Elvira e Isabel, e com dois módulos para cada turma, desenvolveu vários projetos interessantes. Contou com a participação rica dos alunos a ponto de levar o trabalho para exposições fora da escola. Considera que a efervescência das discussões nas reuniões pedagógicas eram muito positivas para a organização dos projetos e que a relação dos alunos com a escola era de carinho e pertencimento. Ficou insatisfeita com a Escola Plural, pois a mudança da grade curricular diminuiu uma aula de Arte, como ocorreu com a Educação Física. Na coordenação pedagógica, no turno da manhã, há cinco anos, participa de todos os projetos e propõe para a escola, com o término da reforma, um projeto de valorização e manutenção do espaço revitalizado. Fátima Matos de Oliveira - Professora desde 2003, já trabalhou nos três turnos e mora numa região próxima à escola. Considera que o 2º ciclo foi um grande desafio, pois percebia nas crianças uma grande carência familiar. 60


Na sua opinião, o acompanhamento de uma turma pelo professor, durante todo um ciclo, facilita o trabalho pedagógico e as relações ficam melhores com os alunos e seus pais. Quando trabalhava à noite, considerava os alunos muito difíceis, pois eram jovens que não queriam estudar, o que resultava em indisciplina. Quanto à reforma, os prejuízos foram muitos: ruído, diminuição de espaços e poeira. No entanto, acredita nos benefícios futuros, pois o retorno será bom para a comunidade, que fará uso de um espaço mais organizado, com aparência e estrutura melhores. A obra trará uma grande contribuição para a comunidade e para permanência dos alunos. Geraldo Teixeira de Andrade - Professor de Química, atuou no Ensino Médio, no turno da noite desde 2004. Passou a atuar na coordenação de turno (manhã e tarde), depois da extinção do Ensino Médio na escola, em 2013. Convive com problemas disciplinares o tempo todo e mantém uma relação dialógica com aos alunos e familiares. Percebe que a interação aluno e familiares é fundamental no aprendizado. Para ele, muitos alunos trazem uma carga diferenciada com relação ao respeito ao professor, demonstram desinteresse pelos estudos e lhes falta perspectiva de futuro. Acredita também que os programas que a escola implantou amenizam a situação. Cita como exemplo a Escola Integrada, que tira o aluno da rua e lhe oferece condições de desenvolver atividades educativas que favorecem o seu aprendizado. Marília Trindade da Cunha - Professora do 2º ciclo desde 2011, atua também no Programa de Intervenção Pedagógica (PIP). Trabalha com entusiasmo os projetos, porque se preocupa com a realidade dos alunos de grande carência social e afetiva. Pretende atingir alunos e comunidade de forma positiva. Desenvolveu o campeonato de Matemática, uma competição saudável, que estendeu ao calendário da escola e inspirou a área de Português a criar um projeto semelhante, que foi denominado Soletrando. Motiva os alunos a participar com entusiasmo da GINCAMATE, Gincana da Matemática. Nilson de Oliveira Leite - Lotado em Matemática e Mestre em Estatística e Experimentação Agropecuária, foi lotado na escola em 1993. Lecionou Física e Matemática para o Ensino Médio e Matemática para a Educação de Jovens e Adultos. Atua no Ensino Fundamental nos turnos da manhã e tarde e é tesoureiro da Caixa Escolar. Como ex-aluno do CEFET-MG, incentiva os seus alunos do 9º ano a fazerem o vestibular, para lhes propiciar uma ascensão social via escola. Leva-os anualmente a 61


uma visita técnica à estante de profissões promovida pelo CEFET-MG. A EMSHA tem vários ex-alunos estudando nesta instituição federal, como Maria Eduarda, Andrea Mirante e Lucas. No ano da aprovação da aluna Maria Eduarda, Nilson conversou com todos os professores para organizarem um curso superintensivo com o objetivo de preparar cinco alunos que se interessaram em prestar o vestibular. Ele trabalhou o ano inteiro com aulas preparatórias de Matemática e um pouco de Ciências e a aluna logrou êxito nos exames daquele ano.

62


"Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro." (Rubem Alves) Depoimentos de alunos Os entrevistados consideram que a reforma tem causado prejuízo ao aprendizado dos alunos por causa do barulho, mas acreditam que o resultado, quando tudo ficar pronto, será bom e esperam a acessibilidade, os buracos do chão das salas tampados, a escola toda pintada, janelas e portas novas, banheiros novos com vestiários e espelhos, refeitório maior, espaço cultural e artístico e mais bebedouros. Consideram a indisciplina de alguns uma situação negativa que precisa ser resolvida da melhor forma possível para que eles não prejudiquem a maioria que quer estudar. Alanis Aparecida de Souza Silva – Aluna do 3º ciclo da escola, gosta da escola por causa dos projetos, da Escola Integrada e dos professores. Augusto César Berguer Barbosa – Estudante do 9º ano, deseja fazer o curso de Designer Gráfico e participa de todos os projetos propostos. Gosta da escola, porque seus professores têm boas relações com os alunos e demonstram preocupação com o planejamento das aulas, com um ensino que ajuda a moldar o caráter do aluno e estimula a ter objetivos, conhecimentos e perspectivas na vida. Participou da Escola Integrada e acredita que os profissionais desse programa apresentam os mesmos objetivos que os demais professores da escola. A sua família estabeleceu um forte elo com a escola, pois as suas irmãs estudaram na EMSHA: Daiane, formada em Direito, Diane, formada em Administração e Jeane que faz Ciências Contábeis. Fabiana Felício e Vitória Caroline Magalhães Domingos – Alunas do 3º ciclo que participam da Escola Integrada e do projeto de dança. Têm um conceito muito bom dos professores e funcionários e gostam de participar dos projetos da escola. Gracilei Silva Braz- Aluna do 6º ano, gosta da escola, porque, a seu ver, todos querem o melhor para o aprendizado dos alunos. Guilherme Júlio – Estudou na escola do 4º ao 9º ano e participou da Escola Integrada de 2009 a 2013. O que mais gostou na escola foi a boa convivência com os professores, monitores e colegas. Para ele, a escola mudou muitas coisas em sua vida: uma educação melhor, uma visão de mundo mais ampla e muita alegria de estar junto às pessoas de quem gosta. 63


Guilherme Martins - Aluno do 9º ano, estuda na escola desde 2009 e participa de todos seus projetos: Escola Integrada, com atuação intensa na rádio e o projeto Dança e Movimento Folclórico. A indicação, em 2013, para fazer parte do grupo de teatro, desenvolvido no Centro Cultural da UFMG pela Coordenadora do PEI/Regional Norte, Giane, foi muito importante para Guilherme, pois o teatro possibilitou a ele descobrir o seu “eu”, a sua identidade. Através dos projetos e da formação na escola, passou a relacionar-se melhor com todos, a valorizar a escola pública e as relações humanas, um aprendizado que, segundo ele, leva a um futuro promissor. Luís Henrique Medeiros (7º ano) - O aluno participa de todos os projetos da escola e, quando não está ensaiando com o projeto da professora Carolina, vai para a biblioteca para leitura e pesquisa. Escreve, desenha e produz artesanato. Gosta muito da escola, dos professores e funcionários. Absorve tudo que é positivo para melhorar o seu aprendizado e ter um futuro melhor e mais digno. Stephanie Caroline Oliveira Soares - Aluna do 8º ano, gosta dos projetos da escola e de todas as pessoas, pois seus profissionais tratam a todos muito bem e querem o melhor para os alunos. Depoimentos de ex-alunos Guilherme Otávio Cornélio – "Eu estou no quarto ano de Medicina na UFMG e completando o curso em Boston, nos Estados Unidos. A Rita já tem 9 anos de formada na Escola de Enfermagem da UFMG e a Heloisa faz 10 anos, em 2014, de conclusão do Curso de Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. O Gustavo se formou em Direito na UFMG e já passou no exame da OAB. Ele se formou com mérito e foi indicado para o prêmio de melhor aluno de Direito Penal da sua turma. Nós quatro sempre tivemos uma vida muito difícil e só o estudo pôde fazer melhorar um pouco as nossas condições. Com as dificuldades, aprendemos a valorizar e a respeitar o outro e querer fazer parte de uma sociedade melhor, para todas as pessoas. Tenho muito que te agradecer, professora Sonia, em meu nome (mas se o fizer pelos meus irmãos, sei que não será extrapolação), pois você foi uma peça fundamental na minha formação. Também o foram as professoras Luciana, de Geografia, Margô e Edinéia, de Ciências; Tâmara, Márcia e Ana Maria, de Matemática. Devo muito a todas vocês e a minha mãe, que, apesar do pouco estudo que teve, sempre continuou nos incentivando. Acho que esse agradecimento condiz mais com a nossa trajetória na escola. Me esqueci de alguns professores mas sou muito grato a todos da EMSHA". 64


Ivani Maria Gonçalves Faria – Aluna da Suplência em 1992, diz que o estudo na EMSHA foi um marco importante na sua vida. Foi o seu renascimento e também para várias senhoras que vinham a pé, no escuro, de uniforme e com fome para esta escola. Ela agradece ao grupo de professores, à direção e às funcionárias da cantina que tinham um carinho especial pelos alunos que jantavam na escola. Os seus filhos estudaram na escola. Dois fizeram faculdade, Guilherme (Ciências Contábeis) e Roberto (Ciências Contábeis e Direito), estão muito bem no mercado de trabalho e João fez curso técnico. A aluna terminou o 1º grau, com mais de 40 anos de idade, fez o curso de Enfermagem e passou num concurso da PBH. Trabalha, atualmente, no Centro de Saúde Efigênia Murta, no Conjunto Ribeiro de Abreu. Tem orgulho da escola que proporcionou uma formação educacional importante para ela e a seus filhos. João Teixeira de Araújo - Estudou na escola de 2002 a 2010 e foi bolsista de História no programa Escola Integrada no 1º semestre de 2014. Vivenciou momentos preciosos e memoráveis na EMSHA. O respeito e o carinho que teve por todos os professores foram recíprocos. Cita Luciana Umbelino, Maria Aparecida Nunes, Marta Eloisa, Regina Guimarães e Sonia dos Santos França como educadoras que lhe indicaram o caminho do futuro. Ele encontrou nesta escola os melhores amigos e o caminho profissional. Através do curso de História, teve uma experiência ótima com as crianças da Escola Integrada, em quem enxerga possibilidades de um mundo melhor, devido às inúmeras oportunidades de aprendizagem oferecidas pela escola. Lígia Muniz Polignano Cortês – Estudou na EMSHA do 4º ano ao Ensino Médio e era uma aluna aplicadíssima nos estudos. Sempre teve uma análise crítica e construtiva em seus estudos. Está no último período do curso de Letras da PUC – MG e atualmente faz estágio com a professora de Língua Portuguesa, Lilia Virgínia Dias Praes. Gostou do estudo da escola porque quando saiu do Ensino Médio passou direto no vestibular. Tem admiração pela professora Maria Aparecida Nunes, pelos projetos bacanas que fazia e porque ela nunca subestimou os alunos. Não se esquece do projeto de música clássica na quarta série, que a professora desenvolveu com a sua turma. Sempre sonhou em ser professora, que considera uma linda profissão, mas, através do estágio, percebe um adoecimento dos professores e uma preguiça e desinteresse dos alunos em estudar, além da desvalorização da profissão pelo poder público e pela sociedade. 65


Observa a reforma na escola e vê o estado de improvisação em que ela se encontra. As condições são precárias e desrespeitosas para professores, alunos e funcionários, em função das obras. Renato Junior – O ex-aluno estudou na escola o Ensino Fundamental e não terminou o Ensino Médio. Foi um aluno indisciplinado e agradece a todos da escola, principalmente à professora de Educação Física, Marta, que acrescentou muito em seu caráter. A intervenção da escola foi fundamental na vida dele, pois quase teve o mesmo fim de muitos de seus amigos que se perderam no crime. Os seus irmãos estudaram na EMSHA: Rafael, que fez Faculdade de Designer e Interiores e Juliana, que está terminando o curso superior de Enfermagem. Para ele, a escolha errada tem as suas consequências negativas. Terminou o Ensino Médio na E.M. Carlos Lacerda, à noite. Fez curso Técnico em Informática e Auxiliar Administrativo pelo PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Virgílio Augusto de Miranda – O ex-aluno agradece por todo aprendizado que recebeu na EMSHA, principalmente as aulas de história administradas por mim. Esse aprendizado permitiu-lhe passar no Curso de Direito na UFMG e está no 4º período. Sua irmã Raissa está quase concluindo o Curso de Engenharia Química, na Newton Paiva, e seu irmão Vinícius concluiu o Curso de Segurança do Trabalho.

66


"Gosto de ser gente porque a história em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismos." (Paulo Freire) Depoimentos de Funcionários Cleonice de Jesus Pereira - Funcionária da inclusão desde 2011, assustou-se com o desafio de acompanhar alunos com deficiências motoras e neurológicas, num espaço precário para atendimento dessas crianças. Uma criança com autismo foi a maior dificuldade que teve. Considera insuficiente a formação dos profissionais da inclusão. "O ideal seria que fossem preparados por uma equipe multidisciplinar da área de Saúde para aprenderem a lidar com qualquer deficiência.", afirma ela. Espera que a reforma da escola garanta o direito não só da acessibilidade destes alunos, mas também dê a eles espaço digno para se socializarem melhor. Desoíta Soares Barbosa Borges – Cantineira concursada pela PBH desde 1982. Aposentou-se em 2012, na EMSHA, após 30 anos de efetivo exercício. Veio da E.M. Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu com a diretora Dona Isaura para a EMSHA, em 1983. Passou por todos os diretores da escola até a gestão de Maria Aparecida Nunes e Tâmara Simone Santos (2009-2014). Na sua opinião, a merenda fornecida aos alunos, até 1993, era pobre em nutrientes e só melhorou um pouco depois que um professor de técnicas agrícolas fez a horta para enriquecê-la . Desô, como todos a chamavam, ficou em desvio de função, devido ao excesso de trabalho pesado na cantina, e a consequência foi o problema na coluna e nos ombros. Ela lembra com muito carinho do tempo em que trabalhou na EMSHA. Maria da Conceição Mariano – Concursada pela PBH, lotou-se na escola em 1987 e trabalhou na limpeza, na cantina, no xerox, e, atualmente, está em desvio de função, devido aos problemas na coluna e nos ombros, causados pelo trabalho pesado da cantina. Dona Maria, como todos a chamam, trabalhava numa cantina própria dentro da escola, fora do seu horário de trabalho pela PBH, onde servia almoço e jantar para professores e vendia salgados fritos e assados aos alunos. Os professores pagavam-na

67


mensalmente. No final do ano, acontecia uma confraternização dos professores na cantina. Tem um amor imenso a EMSHA e agradece a Deus por tudo que adquiriu com o seu trabalho na escola. Sente uma gratidão eterna à direção da Cida e Tâmara pela valorização dos funcionários, por tratá-los como pessoas importantes e valorosas, em seu local de trabalho. Marinez de Jesus Pessoa – Trabalha na cantina desde que chegou de São Paulo. Gosta de trabalhar na escola porque o ambiente é bom e faz as suas funções com alegria. O que mais gosta de fazer do cardápio é carne de panela e arroz temperado. Está ansiosa para ter uma cantina nova e com mais espaço. Rosimeire De S. Ribeiro Ataíde – Há cinco anos exerce a função de cantineira e ganhou muita experiência como coordenadora de merenda, o que lhe permitiu aprender muito com as colegas, principalmente a arte de cozinhar. Espera que a reforma faça uma cantina adequada para um melhor funcionamento e de qualidade para todos. Vera Lúcia Honorato – Foi contratada há 18 anos quando Ester Ismênia era vice-diretora. Sua filha Cíntia estudou na escola, concluiu o Ensino Médio e foi monitora da Escola Integrada. Cozinhar é o seu maior prazer, gosta de aprender coisas novas e considera a EMSHA sua segunda casa. Cozinhou para os alunos do projeto 3º ciclo e agora para os alunos e equipe da Escola Integrada. Tem carinho por todos e gosta de brincar e de agradar a quem a respeita. Rosina de Fátima França – Trabalha na escola desde 1995 e já passou pela cantina, biblioteca, secretaria, faxina e, atualmente, organiza e o almoxarifado, controlando a materialidade pedagógica da escola. Tem prazer de trabalhar onde todos os seus filhos estudaram: Miriam, formada em Assistência Social; Wesley, formado em Engenharia Civil; Lilian, formada em Psicopedagoga e Davi faz o curso de Direito. Sua função permite transitar em todos os setores da escola e também lidar com alunos e pais, quando tem que entregar os uniformes. Considera a reforma da escola um mal necessário e um marco positivo para todos.

68


"O pensamento é a grandeza do homem". (Blaise Pascal) Acompanhante da Regional Norte - Depoimento Cristina Ranieri – Há quatro anos, uma vez por semana, acompanha direção, coordenação e professores, monitorando os índices de avaliações da escola. Percebe que a escola tem uma preocupação humana em suas relações e o envolvimento de todos aproxima os índices do ideal. Sente uma melhora nas comunidades do entorno da escola e credita isso ao trabalho árduo e sério da direção e dos professores; por isso, em todos os aspectos, a escola cresce. Cita a Kizomba como um projeto emocionante, com o qual os alunos se identificam, enxergam as suas origens. Ao chegar à escola, constata as dificuldades de todos trabalhando em meio à obra, mas pensa na valorização da escola e o conforto que todos terão quando tudo ficar pronto.

69


"O trabalho é o médico da natureza e é essencial `a felicidade humana". (Galeno) Reforma da EMSHA (2013 -2014) O projeto de reforma da escola era para acontecer desde 2012, mas, em função de questões burocráticas da PBH-SMED, as obras só se iniciaram em setembro de 2013. A diretora Maria Aparecida Nunes e a vice- diretora Tâmara Simone Santos pensaram na possibilidade de conseguir outro espaço na comunidade para remanejar toda a escola, mas isso não foi possível. A possibilidade de retornar à FAFICH, como da primeira vez, foi logo descartada por todos. Se antes, em 1989, já era um transtorno atravessar a cidade de BH, quanto mais agora que o trânsito é caótico o tempo inteiro e todos os dias. Diante do impasse, a solução foi diminuir o número de alunos e a obra acontecer com a escola funcionando. Os transtornos são muitos: barulho ensurdecedor de britadeira, o excesso de poeira ou lama, a entrada e a saída de caminhões na obra, a redução de todos os espaços da escola, entre outros. O projeto prevê a reforma da cantina, refeitório, biblioteca, secretaria, banheiros, quadras, vestiários, pátio, piso das salas, construção do auditório, sala da direção, sala da gestão financeira, sala dos professores, com cozinha e banheiros, sala da coordenação, sala da mecanografia, vestiários com banheiros para funcionários e a pintura da escola. Após um ano de obras, a empresa de engenharia PETREL, não entregou a obra. O atraso na entrega dá a impressão de que o ano vai finalizar e a obra continuará, o que provoca um sentimento de descrédito e imobilização de todos perante o poder público, que deveria fiscalizar a reforma, como um sinal de respeito para com todos que estão trabalhando num espaço tão precário.

70


"A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar". (Hannah Arendt) A Perspectiva Pós Escola Plural A Escola Plural durou pouco mais de uma década. Entrou em crise, após questionamentos da sociedade organizada sobre a formação de alunos que saíam do Ensino Fundamental com sérias defasagens pedagógicas. Uma das causas do problema foi a ausência de um planejamento educacional sistematizado, com parâmetros avaliativos para diagnosticar as deficiências pedagógicas básicas dos alunos, principalmente em Língua Portuguesa e Matemática. A inclusão foi outra realidade da política educacional. Alunos com deficiências físicas, auditivas, visuais e neurológicas passaram a frequentar as escolas sem infraestrutura adequada para atendê-los. Ao priorizar o Ensino Fundamental, a Secretaria Municipal de Educação (SMED), gradativamente, acaba com o Ensino Médio na Rede Municipal e transfere essa responsabilidade para o Estado. Passa a focar na Educação Infantil e nos três ciclos do Ensino Fundamental. A partir de 2010, acontece a transferência de alunos do Ensino Médio da EMSHA para as escolas estaduais, concluindo esse processo em 2012. É nesse contexto de transição da Escola Plural para o modelo atual (sem denominação específica), que a SMED tenta corrigir os erros apontados e se baseia nos resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Escola Básica) para resgatar um ensino de qualidade na Rede Municipal de Belo Horizonte. A partir desses parâmetros que a EMSHA restabelece o seu Projeto Político Pedagógico, buscando atender uma clientela, em seu entorno, cada vez maior em quantidade populacional e em vulnerabilidade social. De 1983 a 2014, a região do entorno da EMSHA mostra uma nova fotografia com questões de territorialidade, violência social, crescimento desordenado, impactos ambientais e projetos urbanísticos que influenciam diretamente a política do município e o projeto pedagógico da escola. São as seguintes comunidades que foram impactadas nesse período: Novo Aarão Reis, Ribeiro de Abreu, Conjunto Ribeiro de Abreu, Ribeiro de Abreu "Casas Populares", "Casinhas" - CBTU, Quilombo Mangueiras - Novo Lajedo (invasão) e Monte Azul.

71


"A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir". (Hannah Arendt) As Comunidades do Entorno da EMSHA 1 - NOVO AARÃO REIS O Bairro Novo Aarão Reis, localizado na Região Norte de Belo Horizonte é dividido ao meio pela rodovia MG-20, uma parte antiga e uma parte nova. A parte nova foi construída numa área de propriedade da Companhia Industrial Cachoeirinha, sendo negociada a sua desapropriação pelo Governo do Estado e Prefeitura de Belo Horizonte. O objetivo era abrigar "os sem-casa", movimento social por moradia que se iniciou em dezembro de 1989, no Bairro Primeiro de Maio, para organizar e ocupar a Fazenda Mariquinhas, no Bairro Juliana, região Norte de Belo Horizonte. Esse movimento, com cerca de 600 famílias, ocupou a Fazenda Mariquinhas, em 08/01/1990, e deixou a área, sem oferecer resistência, após seis dias de ocupação, devido a uma ação policial e judicial. As famílias acamparam na sede da Prefeitura de Belo Horizonte e, posteriormente, nas escadarias da Igreja São José, onde montaram barracas de lonas pretas, dividiram-se em grupos e improvisaram uma cozinha comunitária. Reivindicavam a desapropriação da Fazenda Mariquinhas para construção de casas para todos. Após 15 dias de ocupação na Igreja São José, negociaram com a então vicegovernadora Junia Marise Azeredo Coutinho e com o representante do Pró-Habitação, quando lhes foi prometido o cadastramento e a sindicância de todas as famílias, além da construção de 2170 casas no Bairro Confisco e mais 500 casas, na Fazenda Mariquinhas. Ao fazer o cadastramento, o governo dividiu "os sem-casa", em vários grupos, pois o movimento crescia cada vez mais, principalmente em número de pessoas, que foram distribuídas nas áreas do Bairro Jardim Felicidade, Bairro Minas Caixa e Bairro Floramar. As famílias que se encontravam nos bairros Floramar e Jardim Felicidade ocuparam a área da Companhia Industrial Cachoeirinha de Belo Horizonte, às margens da MG- 20, próximas ao Ribeirão do Onça e na divisa com o Ribeiro de Abreu, para garantir o assentamento quando da desapropriação da área. Após cinco meses, debaixo de lonas pretas, em condições precárias, ocorreu a divisão dos lotes e a construção das casas em regime de mutirão, entre 1993 e 1994. A partir de então, a EMSHA passa a receber alunos dessa área nova que eles 72


denominavam de "casinhas" ou "sem- casa". Com a urbanização promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte, oficializou-se essa área como Bairro Novo Aarão Reis.

73


2 - RIBEIRO DE ABREU – Localizado na Região Nordeste de Belo Horizonte, o bairro é banhado pelo Ribeirão do Onça. A área era uma fazenda que pertencia ao Sr. Antônio Ribeiro de Abreu, na década de 40. A pessoa mais antiga do bairro foi Dona Maria Luzia Oliveira Assunção, que comprou um terreno em 1942. A MG 20 era estrada de terra, conhecida como Antiga Estrada de Santa Luzia, por onde passavam um ônibus para a cidade de Santa Luzia e para o Convento Macaúbas e uma Jardineira, que ia ao antigo Sanatório Modelo do médico Dr. Hugo Werneck. Em 1960, é criado um lugarejo na região que se chamava “Rancho Novo”, habitada pela maioria de vaqueiros que trabalhavam no Matadouro Municipal. Também desenvolvia nesta região atividades agropastoris e extração de areia do Ribeirão do Onça. A partir de meados da década de 60, começa a especulação imobiliária, dividindo a área em loteamentos e o bairro foi aprovado em 08/02/1968, pelo prefeito de Belo Horizonte, Luiz Gonzaga de Souza Lima (1967 – 1971). No bairro recém-formado, existia apenas uma escola de madeira com duas salas e um banheiro, que servia para a população realizar festas, missas, velórios e outros eventos. Em 04/10/1979, foi inaugurada a Escola Estadual Bolivar Tinoco Mineiro de 1ª a 4ª séries que, atualmente, atende o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. O Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (COMUPRA), criado em 2001, é um movimento que luta pelas melhorias sociais da região e pela recuperação da Bacia do Ribeirão do Onça. Itamar de Paula é um dos líderes comunitários que estabelece parcerias em busca das resoluções para problemas ambientais, de mobilidade urbana, de segurança, de saúde e de educação para a população local. As conquistas para a região foram a duplicação da rodovia MG-20, a criação do Programa Agroecologia Nossa Horta, a biblioteca comunitária e Telecentro Comunitário Casa Cidadania. Outras medidas importantes foram implementadas: a alfabetização de jovens e adultos, o Projeto Ribas e o Projeto "Deixem o Onça Beber Água Limpa", a pista para caminhada, a ação emergencial na ponte de acesso ao bairro e a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Ribeirão do Onça na região.

74


3 - CASAS POPULARES – Localizam-se na área Norte do Ribeiro de Abreu e têm uma área verde invejável em seu entorno, a Mata do Isidoro, com várias nascentes que formam a Bacia da Santinha e o Córrego do Isidoro. As trilhas levam ao antigo Sanatório, transformado no Asilo Nossa Senhora da Boa Viagem. As casas populares construídas foram financiadas pelo Banco Nacional de Habitação. Dona Maria Alves Costa é uma das moradoras mais antigas e vive no bairro há 50 anos. O conjunto habitacional foi descaracterizado pela especulação imobiliária das áreas restantes. Hoje a população tem o privilégio de contar com duas escolas municipais próximas: E.M. Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu e a EMSHA. A Associação Comunitária Ribeiro de Abreu (UCRA) é muito atuante e seus líderes, (Alex Fabiane Correa, Pastor Ildeu, Viviane e Sr. Thomaz) lutaram e ainda lutam para conseguir recuperar a mata e a vegetação ciliar da Bacia do Santinha (Santa Luzia). Fazem parcerias com o Projeto Manuelzão, e participam sempre do evento " Deixem o Onça Beber Água Limpa ". Com a EMSHA, desenvolveram o Projeto Bombeiros Mirins e com o Centro de Saúde MG-20, participam da comissão local de saúde e de outras lutas que buscam melhorias para o bairro.

ENTREVISTAS COM ANTIGOS MORADORES DO BAIRRO RIBEIRO DE ABREU "CASAS POPULARES.

3.1 – JOÃO MARINHO DE OLIVEIRA – DN: 03/03/1928 a) Há quanto tempo o Sr. mora no Bairro Ribeiro de Abreu - “Casa Populares”? O que sabe da origem do bairro? Cheguei a Belo Horizonte com 42 anos, nasci em Sapucaia de Guanhães, sou casado e tive 17 filhos. Trabalhei como porteiro e vigilante na Usiminas. Em 1977, assinei contrato de 25 anos com o Sistema Financeiro de Habitação – BNH – para adquirir a casa em que moro, mas como ela estava ocupada, morei na Rua Monte Gilgal, de aluguel, até a casa desocupar.

75


b) Quais as transformações negativas e positivas ocorridas ao longo dos anos no bairro? Negativas: Não tinha transporte público, nem comércio e o único poço que distribuía água era controlado por um senhor, o “Zé d’água”. Positivo: Asfalto, escolas, saneamento básico e transporte público. c) Qual a importância da EMSHA para a comunidade em que o Sr. mora? Três filhos meus e dois netos estudaram lá. A escola surgiu porque os moradores da região reivindicaram. d) Qual a relação do Sr. com a EMSHA? O meu neto Diego trabalha na escola, como educador da Escola Integrada. e) Quais os impactos que o Projeto Werneck pode causar para o bairro e a região? Acredito que o impacto será positivo, pois os imóveis serão valorizados, teremos mais linhas de ônibus, escolas, farmácias e bancos. 3.2 – MARIA ALVES COSTA

DN: 10/07/1933

RUA MARCOS DONATO DE LIMA, 531 – RIBEIRO DE ABREU – “CASAS POPULARES”

a) Há quanto tempo a Sra. mora no Bairro Ribeiro de Abreu - “Casa Populares”? O que sabe da origem do bairro? Viemos de Medina e moro aqui há 50 anos. Quando mudei do bairro Saudade para cá, só havia dois moradores nesta rua. O meu marido era fiscal da SUNAB, quando comprou do BNH a casa, que quitou após 15 anos. As crianças do bairro estudavam no antigo Sanatório, atual Asilo da Boa Viagem. Tínhamos que andar até a MG 020 para pegar o ônibus e ir para o centro. A água usada era do pocinho, onde todas as mulheres iam lavar suas roupas. O meu marido, Jesuíno, participou da associação comunitária para a melhoria do bairro e na construção das Escolas Municipais Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu e Secretário Humberto Almeida. b) Quais as transformações negativas e positivas ocorridas ao longo dos anos no bairro? Negativas: O retorno e a entrada para o bairro, que mudaram com as obras da linha verde, dificultaram o acesso dos moradores às suas casas.

76


Positivas: A mata e a variedade de folhas que uso como remédio (casca de jatobá, sangue de cristo, barbatimão, chapéu de couro, entre outras) e frutos (caigata e gabiroba); as escolas construídas, a linha de ônibus e o comércio. c) Qual a importância da EMSHA para a comunidade em que a Sra. mora? É uma escola para a comunidade e meus filhos e netos estudaram e estudam lá. d) Qual a relação da Sra. com a EMSHA? Alguns netos estão estudando e dois netos, Bruno e Fernando estão trabalhando lá. e) Quais os impactos que o Projeto Werneck pode causar para o bairro e a região? Acho que os impactos serão negativos porque vão destruir a mata.

3.3 – THOMAZ FRANCISCO DE OLIVEIRA

DN: 07/03/1940

RUA MONTE GILGAL, Nº 327 – RIBEIRO DE ABREU – “CASAS POPULARES”

a) Há quanto tempo o Sr. mora no Bairro Ribeiro de Abreu - “Casa Populares”? O que sabe da origem do bairro? Há mais de 40 anos. Quando passei por essa região e vi a cascata, fiquei maravilhado, achando aqui um paraíso, um dos melhores bairros de Belo Horizonte para morar, pois é muito tranquilo. Sou privilegiado por morar aqui, pela biodiversidade da região, pela harmonia entre os moradores e pelo comprometimento com o meio ambiente. O bairro foi criado por uma cooperativa, em 1969, como um conjunto habitacional. Foi prevista a construção de 300 casas, mas foram construídas apenas 100 casas. A Associação do bairro foi criada há mais de 30 anos e, através dela, conseguimos reivindicar e melhorar muitas coisas no bairro, tais como, saneamento básico, escolas, entre outras. b) Quais as transformações negativas e positivas ocorridas ao longo dos anos no bairro? Negativas: A ocupação desordenada na região, o esgoto que a Copasa jogava na Bacia da Santinha e o retorno e o acesso ao bairro, que ficaram distantes com a duplicação da rodovia. Positivas: A Associação Comunitária do Bairro Ribeiro de Abreu (UCRA) foi criada há mais de 30 anos e, através dela, nossas reivindicações foram atendidas: 77


saneamento básico, melhoramento dos transportes, a construção das duas escolas EMDLRA e EMSHA, a retirada do esgoto da Bacia da Santinha, a construção da passarela, o saneamento básico do quilombo, a duplicação da rodovia MG 020, a construção da Igreja Católica, a construção da gruta da santinha, os bombeiros mirins e as parcerias escolas-comunidade. c) Qual a importância da EMSHA para a comunidade em que o Sr. mora? A importância é a formação e a integração que a escola faz com a comunidade. f) Qual a relação do Sr. com a EMSHA? A melhor possível, com parceria, através da Escola Aberta, dando aula para os bombeiros mirins e orientando alunos e professores na defesa e preservação do meio ambiente da região. g) Quais os impactos que o Projeto Werneck pode causar para o bairro e a região? A forma como tem sido conduzida a situação socioambiental, no intuito da preservação, será positiva. O importante é que a comunidade acompanhe o projeto apresentado para que não haja alterações ao longo do tempo. A preocupação de todos é o pouco tempo para construir o projeto, em decorrência da Copa do Mundo de Futebol, em 2014.

4 - CONJUNTO RIBEIRO DE ABREU – Está na Região Nordeste de BH, banhado pelo Ribeirão do Onça, que faz confluência com o Córrego do Isidoro. O bairro foi projetado pela Construtora Andrade Valadares e os moradores usaram o Banco Nacional de Habitação (BNH) através do antigo Banco Minas Caixa, para financiar a compra dos apartamentos. Cronologia do bairro: 1979 – A Cooperativa Habitacional Santa Luzia passa a área para o Banco Minas Caixa. 1980 – Os primeiros moradores ocupam as habitações, apartamentos e casas. 78


1981 - Inauguração do Conjunto Habitacional do Ribeiro de Abreu. 1982/83 – Construção da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida. Neste período, ocorreu um grande aumento no valor das "prestações" do BNH, efeito da política nacional da ditadura militar do Presidente João Figueiredo (1979 – 1985). Muitos moradores ficaram na condição de inadimplentes; outros abandonaram o bairro, o que provocou uma invasão dos apartamentos vazios. 1985 – Organização dos moradores em caravanas à Brasília para protestarem contra os preços altos das mensalidades. Essa mobilização pressionou o banco, as dívidas foram renegociadas e o governo estabeleceu o Plano de Equivalência Salarial ou reajuste anual. Entre 1987/88, também foram feitos leilões e vendas diretas dos imóveis abandonados. O Sr. Francisco Alves Garcia, um dos moradores mais antigos, pai das ex-alunas da suplência 1993/94, Elizabeth e Dejanira Garcia, trabalhou na obra do Conjunto e também era morador do bairro. Outros moradores antigos que acompanharam o crescimento populacional no entorno do bairro foram Dona Dalca A. Saffi, Dona Leni Vaz da Silva, Senhor Osvaldo, Senhor Edgar, Dona Ivone Martins dos Santos e Romanita da Silva Aguilar, ex-aluna da Suplência 1993/94. A organização política dos moradores se deu através da Associação dos Moradores do Conjunto Ribeiro de Abreu (AMCRA). Seu atual presidente é Jorge Nolasco, pai dos ex-alunos da EMSHA, Cassiano e Roberta. O bairro conta com imóveis, quadras e várias áreas que podem ser alugadas em prol dos moradores.

5 - MONTE AZUL – O bairro fica na Região Norte de Belo Horizonte e faz divisa com o município de Santa Luzia. Segundo o depoimento da moradora mais antiga do bairro, Dona Rita Rosa de Jesus, foi em 1936 que começaram a chegar os primeiros moradores. Em 1970, o bairro era conhecido como Industrial Rodrigues da Cunha. Nesse período, o prefeito da capital mineira era Oswaldo Pieruccetti (1965 – 1975). Mas, em 1982, no governo do prefeito Maurício de Freitas Teixeira Campos (1979 – 1982), o nome do bairro mudou para Monte Azul, sendo aprovado e legalizado pela prefeitura.

79


Logo no início da construção do bairro, a população demonstrou grande espírito comunitário. Os moradores formaram mutirões para a construção de igrejas, casas e tiveram líderes comunitários como Ronaldo, ex-aluno da Suplência da EMSHA, que lutou pelos direitos dos moradores, em prol de melhores condições sociais para todos. O bairro tem uma única escola pública, a Escola Estadual Margarida de Melo Prado, com os Ensinos Fundamental e Médio.

6 - CASINHAS DE BAIXO E CASINHAS DE CIMA (CBTU) – Localizadas no Ribeiro de Abreu, estas casas foram construídas pelo Governo do Estado de MG, no terreno da Companhia Brasileira de trens Urbanos, em 1995/96. Quando a Vila Boa União, na região do Bairro Primeiro de Maio, foi desativada para as obras da Av. Cristiano Machado, Ribeirão do Onça e Avenida Risoleta Neves (Via 240), os moradores foram remanejados para essas casas populares. As moradias se dividiram em dois blocos, separados pela MG-20, que foi duplicada após 2006 e ficou muito perigosa para a travessia dos moradores, pois não havia passarela que ligasse um lado a outro, apenas redutores de velocidade. 80


7 - NOVO LAJEDO – Ocupação desordenada desde 2002, numa área entre o Quilombo Mangueiras, Tupi Lajedo e Casinhas de Cima, no Ribeiro de Abreu. Uma área de vulnerabilidade social, também chamada pelos moradores de "invasão", local sem nenhuma condição de saneamento básico ou estrutura social. Muitos moradores vieram de outras cidades, de outros aglomerados de BH ou de outros estados.

8 - QUILOMBO MANGUEIRAS - Localizado na Região Norte de Belo Horizonte, cercado de árvores da Mata Atlântica e com várias nascentes, o Quilombo tem em seu entorno o Novo Lajedo - "invasão"- e a mata em que está previsto o Projeto Granja Werneck.

81


As informações dessa comunidade estão na entrevista abaixo, com o líder comunitário MAURÍCIO MOREIRA DOS SANTOS - DN: 06/11/1957. a) Há quanto tempo o Sr. mora no Quilombo Mangueiras? Há 26 anos cheguei ao quilombo e tive como primeira companheira a Ivone, com quem tive filhos. A partir de então, passei a fazer parte da comunidade. b) O que Sr. sabe sobre a origem do Quilombo? A primeira matriarca foi Dona Maria Bárbara de Azevedo, que viveu no Quilombo, desde 1864 e trabalhava para a família Werneck. Os filhos de Dona Maria Bárbara receberam dos patrões a doação da terra onde moravam. Vicência foi a segunda matriarca. Com a criação da lei 10639/03, a comunidade, através de seus representantes, Ione, Wanda, José Emílio, Valter Vítor da Silva (in memoriam) e, com a ajuda do parceiro Sr. Thomaz e da historiadora Rosângela Ferraz de Araújo, passaram a reivindicar junto a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) o reconhecimento da comunidade como remanescentes de quilombolas e afrodescendentes. Em 2005, a Fundação Palmares fez esse reconhecimento e acionou o INCRA (Instituto Nacional de Reforma Agrária) para fazer o levantamento territorial e o Governo Federal titularizou o Quilombo para todas as famílias, ou seja, tornou-o um bem coletivo. c) Como foi a organização Jurídica da comunidade? Em 2007, foi criada a Associação de Moradores, com nove membros, tendo como presidente o Sr. Walter e como vice-presidente a Sra Ione. Essa associação tornou-se uma entidade jurídica que possibilitou a organização e a documentação da comunidade. Em 2011, eu, que faço parte da Federação Quilombola Estado de Minas Gerais e vivo na comunidade desde meados da década de 1980, passei de conselheiro a presidente, com mandato até 2014. Acredito que preciso ter disponibilidade para trabalhar para a comunidade e o fato de eu ser aposentado me dá condições para defender os interesses de todos. d) Quantos pessoas vivem no Quilombo? Em uma área de dois hectares vivem fixas 22 famílias e outras duas querendo voltar. e) Quais as transformações negativas e positivas ocorridas ao longo dos anos no Quilombo?

82


Negativas: Os quilombolas não estudavam e os moradores só tinham como opções de trabalho serem carroceiros ou empregadas domésticas. Ocorriam invasões e muita violência próximo ao quilombo e as nascentes foram contaminadas. O poder público queria ampliar a MG-020 e tomar parte das terras da comunidade. Positivas: A preservação da mata, a consciência de ser quilombola, as parcerias com a Rosângela, Sr. Thomaz, com as universidades e com a EMSHA, através da direção, as visitas dos professores e alunos e a atenção e cobrança desta escola para que os quilombolas tivessem uma boa formação e se orgulhassem da sua comunidade. A parceria da SMED e Regional Norte possibilitou a construção de uma sala para a educação de jovens e adultos no Quilombo Mangueiras, onde foram alfabetizados a matriarca Vanda e o patriarca José Maria (falecido em 2008),entre outros. Em 2014, o quilombo conquista a abertura de ruas e saneamento básico. Quilombolas que vivem na Granja Werneck terão direitos garantidos Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) está firmado para garantir o tratamento diferenciado à comunidade Mangueiras Luana Cruz Jornal Estado de Minas – Gerais - Publicação: 23/09/2014 11:48 Atualização: 23/09/2014 12:31 site: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/09/23/interna_gerais,571905/quilombola s-que-vivem-na-granja-werneck-terao-direitos-garantidos.shtml

Ivone e Maurício Com aproximadamente 19 mil descendentes de um casal de lavradores negros, que carregam cultura e história em Belo Horizonte e vivem na região da Granja Werneck, os quilombolas terão direitos garantidos na permanência e uso do território que ocupam. O Quilombo Mangueiras, um dos três quilombos urbanos da capital mineira reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares, receberá medidas compensatórias depois da implantação de empreendimentos imobiliários na área. Um 83


Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir o tratamento diferenciado à comunidade foi firmado entre o Ministério Público Federal (MPF), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Comunidade Quilombola de Mangueiras, as construtoras que investem na região, a Prefeitura de Belo Horizonte e a Fundação Municipal de Cultura. Saiba mais... Quilombolas reivindicam reconhecimento de territórios Quilombolas protestam na porta do TJMG, no Centro de BH Deputados pedem que Força Nacional ajude a solucionar conflitos entre quilombolas e fazendeiros Incra reconhece área da Comunidade Quilombola de Marques em Minas Gerais Os remanescentes do Quilombo de Mangueiras ocupam terras na Região Norte, na divisa com Santa Luzia, desde a segunda metade do século 19. Eles são descendentes do casal de lavradores Cassiano e Vicência, que usavam as terras da mata do Isidoro para o seu sustento. Há mais de 120 anos, seis gerações assistiram à expansão de BH, principalmente do Vetor Norte e dos bairros do entorno. De acordo com o chefe de substituto do Serviço de Regularização de Território do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Antônio Carlos da Silva, o processo de certificação do território Mangueiras ainda está em andamento, assim como o Quilombo Luízes, no Bairro Grajaú. Em ambas as comunidades, o INCRA já fez estudos antropológicos que comprovam a descendência e manutenção da cultura quilombola. No caso do Quilombo Manzo, no Bairro Santa Efigênia, o estudo ainda será feito. Dessa forma, apesar de reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares, nenhum dos territórios tem regularização pelo órgão federal. RECONHECIMENTO - O MPF está, desde 2010, empenhado em ações para garantir os direitos do Quilombo Mangueiras. De acordo com a procuradoria, nos últimos anos, a comunidade vem sofrendo ameaças de perda de território devido ao crescimento da cidade e às obras de urbanização, realizadas no entorno do perímetro definido no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) elaborado pelo INCRA. Dos 387 mil metros quadrados do território original em que viviam no século 19, restam-lhes atualmente apenas 195 mil. Ainda segundo o MPF, a área, que até pouco tempo era desvalorizada por estar em uma das regiões mais pobres da capital, tornou-se alvo de cobiça após a implantação da Cidade Administrativa, situada a cerca de cinco quilômetros da terra quilombola. A PBH também começou a implantar um projeto de urbanização denominado Operação Urbana do Isidoro, que, entre outras intervenções, prevê a construção de o empreendimento imobiliário Granja Werneck, com a construção de 13.140 unidades habitacionais (pelo programa do governo federal, Minha Casa Minha Vida). Conforme o MPF há também proposta de construção de uma via pública que irá interligar a Avenida Cristiano Machado e a MG-20, ambos utilizando parte do território do Quilombo Mangueiras. TRATAMENTO DIFERENCIADO - Com o TAC, a comunidade deverá receber tratamento diferenciado durante o licenciamento ambiental do Condomínio Granja Werneck. A procuradoria tentou, com o ajustamento de conduta, garantir a prevenção dos danos socioambientais a que estarão expostos os remanescentes. 84


“Ao reconhecer que a Comunidade de Mangueiras é titular da área delimitada no processo de regularização fundiária em tramitação no Incra, os empreendedores e o Município de Belo Horizonte também reconhecem que precisam observar todos os direitos decorrentes dessa condição, implantando medidas mitigadoras e compensatórias dos danos que advirão das obras. Os empreendedores se comprometeram a realizar o Inventário Cultural da Comunidade, bem como seu posterior Plano de Salvaguarda, associado ao Plano Participativo de Gestão e Manejo Ambiental do território”, afirma o procurador da República procurador regional dos Direitos do Cidadão substituto, Helder Magno da Silva. MEDIDAS COMPENSATÓRIAS - Segundo o MPF, entre as 26 medidas mitigadoras e compensatórias previstas no TAC, está a cessão de área contígua ao território quilombola e de dimensão equivalente, no mínimo, à área que será utilizada para a construção da alça viária da Via 540, e a obrigação de viabilizar, aos membros da comunidade, o livre acesso às áreas verdes e demais espaços de uso comum, dentro dos limites do empreendimento, para a realização de suas atividades tradicionais, culturais e religiosas. Outras medidas de natureza socioambiental consistem na reestruturação da rede de esgotamento sanitário, na recuperação e melhoria das nascentes e matas ciliares existentes na área e na construção de novas residências, cujos projetos deverão ser elaborados juntamente com a comunidade. Também deverão ser tomadas providências para a melhoria total das vias de acesso à comunidade, com a instalação de equipamentos urbanísticos como iluminação pública, calçamento e rede de escoamento das águas pluviais. Os empreendedores ainda se comprometeram a elaborar e desenvolver projetos de educação de patrimônio cultural e ambiental destinando-os às localidades e bairros vizinhos ao Quilombo de Mangueiras, incluindo as escolas da região. Por sinal, outro compromisso é o de promover a inserção de jovens e adultos da comunidade quilombola em cursos técnicos de nível médio ou cursos profissionalizantes, a partir de levantamento prévio de suas demandas. PUNIÇÃO - O descumprimento total ou parcial das obrigações assumidas no TAC resultará na suspensão imediata das autorizações concedidas pelo Iphan, no processo de licenciamento ambiental do Condomínio Granja Werneck, quanto às licenças prévias e de implantação do empreendimento. Os responsáveis por eventual descumprimento também estarão sujeitos ao pagamento de multa diária no valor de cinco mil reais. OCUPAÇÕES - Nos últimos meses, a região da Granja Werneck esteve em pauta por causa do processo de reintegração de posse da área ocupada por três comunidades: Vitória, Esperança e Rosa Leão. Há uma decisão judicial que prevê a retirada de quase 8 mil famílias do terreno. Segundo o Frei Gilvander, assessor da Comissão Pastoral da Terra, continua o processo de negociação para barrar o despejo. (Com informações de Cristiane Silva)

85


PROJETO GRANJA WERNECK O Asilo Nossa Senhora da Boa Viagem foi desativado no ano de 2013, em função do empreendimento imobiliário chamado “Projeto Granja Werneck” (2011) que vai ser construído numa área de 352 hectares. Serão nove fases, num prazo de doze anos para a construção de: - 17.500 residências; - 01 parque municipal; - 01 terminal de transporte público; - Comércio, lazer e serviços; - 04 escolas de Ensino Infantil, 05 escolas de Ensino Fundamental, 02 escolas de Ensino Médio, 01 centro profissionalizante e 04 centros de Saúde. As comunidades próximas avaliaram, em audiências públicas, os aspectos positivos e negativos do projeto para tal empreendimento na região: Positivos: Empregos, preservação ambiental, recuperação das nascentes e córregos, diminuição das ocupações irregulares, criação de parques e praças, valorização da região entre outros. Negativos: Barulho em função das obras, destruição da mata, erosões e alterações no microclima local.

86


"O significado da vida é o mais urgente das questões". (Albert Camus) Curiosidades da EMSHA - No início da década de 90, havia uma Kombi que trazia para a escola os professores que trabalhavam à noite. A condução saia às 18 horas da Avenida Afonso Pena, esquina com Rua da Bahia, e trazia Ester, professora de Biologia, André, professor de Português, Luís Henrique professor de Português, Neusa, professora de Contabilidade, Luísa, professora de Direito, Maria Luísa, Orientadora Educacional, Marcionílio, professor de Geografia e Sonia, professora de História. - A escola tinha em seu quadro o cargo de Supervisão, com as profissionais Anita Reis Belém de Carvalho e Clerenice Torquette Caixeta e de Orientação Educacional, com a profissional Maria Luiza da Rocha Costa. - O professor de Ciências Paulo Maurício de Aguiar Botelho morava no Bairro Mangabeiras, mas sempre chegava atrasado, porque só andava de carona. - O professor de Geografia Paulo Luciano Scoralick sempre trabalhou a questão ambiental e fazia trabalhos de campo na Serra da Moeda e Serra da Piedade. - Edelson Soares de Oliveira, professor de História e coordenador pedagógico, foi candidato a vice-diretor na chapa do Toninho, mas esqueceu-se de votar em sua chapa. Perderam a eleição para Magda e Egléia. - A escola, que já escolheu “A Garota” e “O Garoto” EMSHA, fez várias festas temáticas e, atualmente, os alunos participam do desfile da Beleza Negra, na festa da Kizomba. - Os professores Antônio Carlos, Margô e Sonia moraram no Conjunto Ribeiro de Abreu. - As únicas funcionárias concursadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que passaram pela cantina foram: Desoíta Soares, Maria das Dores, Maria de Lurdes, Maria José Ferreira e Maria Mariano. Todos os funcionários e a monitora Ana Beatriz são contratados pela Caixa Escolar; os demais monitores da Escola Integrada são contratados pela AMAS. - A EMSHA já teve mais de 1500 alunos nos três turnos. Muitos funcionários e seus filhos estudaram na escola, filhos e parentes de professores também. - Em todas as eleições gerais, nos anos de 1990 a 2000, a EMSHA promovia debates entre candidatos e a comunidade escolar.

87


- A ex-aluna da EMSHA Viviane Gomide formou-se em Física com Mestrado na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Doutorado e Pós-Doutorado em Portugal. Atualmente é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG) junto com o exprofessor de Física desta escola, Welerson Romaniello de Freitas. - Os campeonatos de futsal e de handebol, organizados pela professora de Educação Física “Dona Marta”, eram extremamente valorizados pelos alunos da escola. - As professoras Cida e Tâmara perderam por 2 votos a eleição para direção e vicedireção para os professores Magda e Anderson em 2004. - O professor de Matemática Marcelo Valgas e o professor de Geografia Luis Soriano casaram-se com ex- alunas da escola. - Sheila, Taís e Simone são ex- alunas e trabalham atualmente na escola. - Maria da Glória, monitora da Escola Integrada, é mãe do ex-aluno Caíque Uriat Silva Machado e ambos trabalham no Programa Escola Aberta na escola. - Em 15/03/2008, a EMSHA comemorou 25 anos com muita festa. A professora Sonia, através do funcionário Fábio, entrou em contato com a viúva do Secretário Humberto Almeida, Dona Gilda. Ela e seus filhos compareceram à escola e foram homenageados. - A Auxiliar de Biblioteca, Márcia Maria de Oliveira, trabalhou por 16 anos na escola e fez muitas amizades com os professores, alunos e funcionários. A arte dos murais da biblioteca era a sua marca. Está trabalhando como professora na E.M. Paulo Freire. - A funcionária Carla Angélica Dias Miranda trabalhou como Auxiliar de Secretaria de 2008 a 2014 e sua formação é Psicologia. Trabalha atualmente no Tribunal de Justiça de Jaboticatubas. - Os candidatos à direção e vice-direção da escola para o triênio 2015 a 2017 são representados pela chapa única, através do professor Geraldo Teixeira de Andrade e professora Christiane de Paula Dâmaso Colla. A data da eleição será em 09 de dezembro de 2014.

Geraldo -Christiane

88


- Para 2015, segundo o fluxo apresentado pela Regional Norte, serão recebidos na escola 48 alunos da EMDLRA e 140 alunos da EMHJS. Serão formadas 04 turmas de 3º ano do 3º ciclo, 07 turmas do 1º ano do 3º ciclo, 04 turmas do 2º ano do 3º ciclo e 05 turmas de 3º ano do 3º ciclo. Terá uma turma de Entrelaçando, 01 de EJA Juvenil e 02 de EJA Múltiplas idades. - A escola será premiada pelo 2º lugar na Jornada Literária de 2013 com o livro “Álbum de Família e Poesias”. Será no dia 10 de dezembro de 2014 na SMED. - Os professores e funcionários que contribuíram ou contribuem com a História da EMSHA e estão inscritos no livro, de acordo com a data de posse (1983 a 2014) são: Isaura Diegues Couto, Maria Bernadete Campos Fajardo, Jaine Moreira Souza, Ulda Batista da Silva Mamede, Cleunice Maria Caixeta Ferreira, Desoíta Soares Barbosa, Antônio Luiz do Nascimento, Berenice de Oliveira, Helena Campos de Oliveira, Maria José Gonçalves de Assis, Ângela Maria Machado, Maria Eva Borges, Marcina de Sousa Oliveira, Maria do Rosário Moreira, Manoel Vitor Ene, Maria Ramos da Fonseca, Sílvia Maria Moura Campos, Roberto Dupim Henriques, Sebastião Fernando, Ana Maria Adalberto de Carvalho, Aparecida Madalena de Carvalho, Solange Gonçalves Silva, Zélia Grossi Chquiloff, Antônio Edson Caldeira Brant, Liane Lese Monteiro, Marcos Antônio Romero, Maria Madalena de Souza, Nívia Maria Martins Borba de Oliveira, Maria Cristina Gomes Campos, Carlos Magno Albano Ramos, Berenice Coutinho de Malheiros dos Santos, Clerenice Torquette Caixeta, Antônio José Fernandes, Eliana Maria Almeida da Silva, Maria José Belo, José Assunção Ribeiro, Márcia de Carvalho Andrade, Egléia de Fátima Brasil Godói, Ester Ismênia Gomides Moura, Amarilis Tameirão de Araújo Ferreira, Maria Teresa Puntel Motta, César Roberto Ferrara Marcolino, Maurício Pacheco Teixeira, Vicente Paulo dos Anjos, Maria Auxiliadora Campos, Augusto César de Menezes, Maria das Dores Santos, Sônia Maria Wanderley de Aguiar, Guilherme José Barbosa, Maria José Ferreira, André Teixeira Gontijo, Maria das Graças Silva Oliveira, Vânia Lúcia Carvalho Mendes Santos, Carlos José Martins, Mônica Maria Pimenta, Silvana da Conceição Gonçalves, Marlene de Oliveira Silveira, Lucy Geralda Vieira, Vânia Lúcia Gomes, Robson Reinaldo de Almeida, Sônia Francisca de Castro do Carmo, Edwiges Nogueira Muniz, Débora Alves Maciel, Natélcia de Paiva Oliveira, Paula Aparecida de Abreu, Neide Bernardo Nascimento, Maria Luiza da Rocha, Angélica Chaves Zanhar, Maury Rocha, José Silvestre Coelho, Maria Socorro de Matos, Ana Rosa Ribeiro Gomes, Maria da Conceição Mariano, Maria Coelho de Deus, Antônio Secundino de Souza, Sebastiana Alves Ferreira, Maria de Lourdes Nunes de Deus, Edelson Soares de Oliveira, Elvira Mara Santos Guedes, Claudioli Pires Rodrigues, Paulo Luciano Scoralick, Maria do Rosário Cunha Santos, Rosana Mechalany Brito, Solange da Paz Microni Aurélio, Agostinho Vieira Neto, Paulo Maurício de Aguiar, Anita Reis Belém de Carvalho, Cláudia Maria Goudard, Lúcia Helena Junqueira Maciel Bizzoto, Silvana Maria Carvalho de Souza, Laila Andére Macedo, Antônio de Pádua Borges, Tito Edmo Vitor Dutra, Marcelo Caldas Chaves, Abadia Nogueira Xavier, 89


Antônio Marcelo Pereira, Fernando Ferreira da Cunha, Marta Eloisa de Oliveira, Marcelo Henrique Lopes Valgas, Elisabeth Sant'Anna, Sonia dos Santos França, Adriana Regina Braga, Antônio Eustáquio Silva, André Spinelli Rodrigues, Antônio Carlos Salles, Ana Macedo Teixeira, Tristão José Macedo, Ednea Aparecida da Silva Adalberto, Luiz Henrique Barbosa, Daphne Diniz Malheiros, Jairo de Almeida Santiago, Regina da Glória P. A. Gibim, Myrian Vieira de Carvalho Naves, Margareth Minatelli, Neusa de Castro Chagas, Raquel de Oliveira Silva, Magda Alice Diniz V. Ferreira, Maria Esther Macedo, Marina Ferreira Costa, Mara Ferreira da Silva, Nanci da Conceição Palhares, Nilson de Oliveira Leite, Evanilton Silva dos Santos, Luiz Antônio Soriano, Laura Liberia Fabrini Almeida, Ana Paula Almeida Marchessotti, Welerson Romaniello de Freitas, Soraia Aparecida Maia Gomes, Ângela Maria Rocha, Maria do Carmo Olímpio da Fonseca, Maria Conceição Lima Costa, Maria de Fátima Santana Rabelo, Maria Helena Campolino, Helenice de Jesus, Paula Marcos Teixeira, Anderson Ricardo Henroville Correa, Adriana Rodrigues Leite, José Antônio Andrade de Silva, Paulo Estevão das Neves, Rodrigo Maciel Alkmin, Tâmara Simone Santos, Maria Aparecida Nunes, Isaltino Ferreira Gomes, Lílian Ferreira dos Santos, Néa Garcia Rodrigues, Elaine Cândida Vieira M. Sartori, Isabel Corrêa de Sá, Renata Maria Silva Dal Ferro, Iara Vânia Horta Marques, Margarida Geralda Santos Cendon, Maria Lúcia Trindade Fogaça, Míriam da Rocha Santos, Marlene da Conceição R. Mendonça, Marcelo Silva de Souza, Marcionilio José de Brito Filho, Vanessa Barboza de Araújo, Magner Miranda de Souza, Mary Ferreira Gonçalves, Viviane Rodrigues Morinelli, Roseli do Carmo da Silva, Eduardo de Oliveira, Cláudio Eduardo de Resende, Márcia Maria de Oliveira, Hebert de Souza Borges, Lilia Virgínia Dias Praes, Luciana de Castro Fonseca, Regina de Fátima Junqueira Guimarães, José Luiz Silva Santos, João Bosco dos Santos, Demétrio Machado Simão, Marcélia de Paula Mafra Sanches, Christiane de Paula Dâmaso Colla, Márcia Cristina Gonçalves, Eugênio Maia Moraes, Norma de Oliveira Mattos, Cláudia Caixeta da Silva, Ana Maria Mendes Tavares, Miriam Ramos Nascimento, Marilda de Souza Castro, Adilza Suely Silva Gurgel, Cláudia Edwiges Patrocínio Monteiro, Ronaldo Almeida Miranda, Ana Paula Lopes Ferreira, Alexandre Alex Barbosa Xavier, Dagma Martins, Fernando Matta Machado de Castro, Rômulo Almeida Miranda, Jeziel Rodrigues Cruz, Regina Gomes Fernandes, Maria de Lourdes Ferraz Lage, Lúcio Morais Andrade, Angelita de Oliveira Andrade, Daliane Marinho Fernandes, Márcia Vielmi Fortes, Neise Mendes Duarte, Marislei Silva Dias, Angelina Maria Lara, Fátima Matos de Oliveira, Tarcísio da Eucaristia Tadeu Machado, Geraldo Teixeira de Andrade, Wanderlaine Mara Loureiro de Assis, Janna Isabel Fernandes Chaves, Simony Rose de Freitas Abreu dos Santos, Carlos Magno Ferreira, Margareth Senra Ataíde, Anna Paula Taroni, Luiz Antônio Evangelista de Andrade, Kátia das Graças de Almeida, Cléia Helaine Alves Pereira, Cláudia Regina da Silva, Carlos Magno Ferreira, Cácio Niclam Dias, Janaína Alves da Silva, Brenda Rios de Faria, Eduardo Gonçalves de Souza, Margareth Verônica Castro, Leni Maria da Matta, Stênio Vidal Ribeiro, Laurinda dos Santos Ferreira, Rosana Magalhães Andrade, Lúcio Moraes Andrade, Eliana Gabrich 90


Morais Viana, Lucinéia Rodrigues de Oliveira, Tânia de Pinho Barroso Lucas, Denilson Eduardo Silva Cunha, Gláucia Elaine de Arruda Damião, Carla Angélica Dias Miranda, Adriana Cristina Souza Leite, Vanderlaine Carlos Angola, Denilson Eduardo Silva Cunha, André Vinícius de Castro Ramos Alvarenga, Anderson Batista dos Santos,Marta Maria Ignácio Alexandre, Sônia Maria Peixoto, Danielle Souza Aguiar, Nair Mara Quirino, Eduardo Gonçalves de Souza, Dimas Eugênio de Souza, Margareth Francisca Moreira Marques, Lívia Menezes Martins, Lívia Menezes Martins, Rubiane Soares de Moreira, Alexandre Valadares de Assis, Mariluse Amâncio de Rezende Pertence, Rosely de Jesus Silva Carabetti, Carolina Saldanha da Fonseca, Miriam de Lourdes Freitas, Danielle dos Santos Gomes de Carvalho, Andrea Ramos da Mata, Fabiana Fernandes Ferreira, Thais de Paula Correia, Gildete Marta Félix Coelho, Fernanda da Silva Batista Abreu, Marília Trindade da Cunha, Vivian dos Santos Lima Lopes, João Rafael da Silva Caldeira, Karine Christine Ribeiro Fernandes, Ana Paula da Costa, Bárbara Savaget Paiva de Melo Silva, Fabianne Pousada Torres Pereira, Marcela Gonçalves Moreira, Ubirajara Rosa dos Santos, Zuleica Rufino Rodrigues Silva, Noeme Patrícia de Souza Valadares.

91


"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história". (Hannah Arendt) NOTA TRISTE DA EMSHA A oração abaixo é para homenagear aqueles que nos deixaram tão cedo e contribuíram muito com o seu trabalho e amizade: O professor de Ciências José Assunção Ribeiro (1997/98?), a professora Regina da Glória Pignataro Afonso Gibim (2007), os funcionários Francisco Geraldo da Silva (2006) e Glória Maria Brandão Costa (2004), o líder comunitário do Quilombo Mangueiras Walter Vitor da Silva e os alunos Charlene, Daiane, Fabrício, Eliel, Everton, Jéssica, Lilian, Nathália, Marco Antônio, Tatiane, Túlio, entre outros. ORAÇÃO DA SAUDADE Senhor Meu Pai de Misericórdia e Amor, ouvi-me! Bem sei que esta vida é passageira e que aqui estamos para evoluir e alcançar bênçãos no aprendizado espiritual. Mas, Pai, quando me lembro deste ente querido que se foi, meus olhos se enchem de lágrimas, meu peito se enche de dor e saudade! A cada momento, recordo-me deste (a) companheiro (a) de jornada que muito significou para mim nesta vida. Perdoe-me, Pai, minha fraqueza. Ainda muito me falta para vencer este vazio que sinto na alma com esta separação. Tento, Senhor, lembrar-me de Tua Santíssima Mãe aos pés da cruz, banhada em lágrimas e tristeza, vendo Seu Amado Filho, deixando a encarnação! Lembro-me, Senhor, de Ti, que nos ensinou com Teu sacrifício na cruz, quão passageiras são as desventuras e dores humanas diante da vida eterna que Deus Pai nos oferece! Senhor, fortalece em mim a vontade de vencer, enche-me de Tua esperança, ensina-me a ter resignação e desprendimento necessários para minha elevação espiritual. Faz-me, Senhor, compreender que o encontro final na nossa morada espiritual é a verdadeira vida! Creio, Senhor, que ouves minha prece! Perdoa minha revolta. Sei que a compreendes. Espero em Ti encontrar o exemplo para vencer esta fase. Que Tua bênção e Tua Luz encham minha alma neste momento. Assim seja!

92


REFERÊNCIAS FRANÇA, Sonia dos Santos - A Implantação da Escola Plural na Escola Municipal Secretário Humberto Almeida. 1996. 131 f. Monografia (Especialização em Administração Pública Municipal) - Fundação João Pinheiro, Escola de Governo de Minas Gerais, Minas Gerais. França, Sonia dos Santos (Org.). Síntese dos Trabalhos de pesquisas sobre a história dos bairros dos alunos da suplência da EMSHA. Belo Horizonte, 1994. 18 p. Jornal Estado de Minas – Gerais - Publicação: 23/09/2014 11:48 Atualização: 23/09/2014 12:31 site: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/09/23/interna_gerais,571905/quilombolasque-vivem-na-granja-werneck-terao-direitos-garantidos.shtml Cartilha “A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Onça”, 2010. Depoimentos de diretores, professores, coordenadores, acompanhante da Regional Norte, alunos, funcionários e comunidade escolar em 2014. Folder do Projeto Granja Werneck, 2011. Histórias de Bairros de Belo Horizonte: Regional Norte e Regional Nordeste. Arquivo Público da Cidade, 2011.

93


ANEXOS

ESCOLA MUNICIPAL SECRETÁRIO HUMBERTO ALMEIDA Denominação e Criação Dec. Mun. nº 4423 de 24/02/83 Ensino Fundamental Aut. de Func. Port. SEE-MG nº 518 de 30/04/86 Ensino Médio Geral Reconhecimento Port. SEE-MG nº 974 de 14/09/96 Rua Areia Branca, nº 3 – Bairro Ribeiro de Abreu – CEP 31870-400 Fone 3277-6666 – Belo Horizonte – Minas Gerais

- Plantas da EMSHA de 1991 e 2014

- Reportagens e Fotos do Secretário Humberto Almeida

- Fotos da Escola, professores e funcionários.

94


REFORMAS NA EMSHA


PLANTA DA RECONSTRUÇÃO DA EMSHA — 1989




PLANTA DA REFORMA DA EMSHA 2013





Reportagens e fotos do Secretรกrio Humberto Almeida


















































Anexos

Professores








Entrevistados

Daliane Marinho

Guilherme

Aparecida ( Paré )

Maria do Rosário

Marta

Alunos com Sonia Santos

Clerenice

Ana Maria

Ester

Adriana Braga

José Luiz

Jaine

Egléia Brasil

Natélcia

Rosângela


Ivani MarĂ­lia

Luciana

Elaine Rosina

Geraldo

Dimas

Rosimeire

Guilherme Martins

Marinez

Vera

Christiane

Luis Cleonice

Cristina


Fabiana

Margareth (Margô)

Vitória

Alex

Janaína Adriana Cristina

Wanderlaine

César

Maria da Glória

Mariluse

Pastor Ildeu

Augusto

Renato

Jairo

Alexandre


Projetos









Projeto Escola integrada




Parceria com a comunidade


2014


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.