CONNECTING CLASSROOMS: SHARE AND LEARN ONLINE Teresa Lacerda Agrupamento de Escolas de Póvoa de Lanhoso, Portugal Adelina Moura Escola Secundária de Carlos Amarante, Portugal Cristina Gonçalves Escola EB2,3 de Mosteiro e Cávado, Portugal Fátima Veiga Escola EB2,3 de Paranhos, Portugal Goreti Coutinho British Council, Portugal Helena Reis Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, Portugal Isabel Bessa Escola Secundária de Caldas das Taipas, Portugal Madalena Guedes Direção-Geral de Educação, Portugal Paula Moreira Escola EB2,3 de Matosinhos, Portugal
Resumo: O Connecting Classrooms Europe, projeto promovido pelo British Council em cooperação com a Direção-Geral de Educação do Ministério da Educação e Ciência, desenvolveu-se durante três anos letivos, entre 2010/11 e 2012/13, envolvendo o trabalho em rede entre várias escolas. Tratou-se de um projeto sobre “Inclusão” que privilegiou o papel dos jovens dando-lhes voz ativa. Muitas das atividades desenrolaram-se online pelo que a plataforma eTwinning e a utilização das ferramentas da web 2.0 foram essenciais. O presente poster dá ideia das principais atividades realizadas. Palavras-chave: Projetos europeus, connecting classrooms, eTwinning, trabalho colaborativo, web 2.0
Abstract: Connecting Classrooms Europe is a British Council project in cooperation with the General Directorate of Education from the Portuguese Ministry of Education and Science, which lasted for three years and involved several schools working in a network. Inclusion was its main theme, with the aim of allowing young people to have a voice and play an active role on that subject. Many activities took place online, using the eTwinning platform, where the use of web 2.0 tools was crucial. This poster highlights the most important activities achieved to this date. Keywords: European projects, connecting classrooms, eTwinning, collaborative work, web 2.0
Challenges 2013: Aprender a qualquer hora e em qualquer lugar, learning anytime anywhere
Introdução O Connecting Classrooms (CC) foi um projeto promovido pelo British Council em cooperação com o Ministério de Educação através da Direção-Geral de Educação (DGE) e com o apoio de outras entidades, envolvendo escolas de vinte países europeus, numa colaboração de três anos letivos, entre 2010/2011 e 2012/2013. No caso português, este projeto desenvolveu a sua parceria com escolas da Grécia, República Checa e Reino Unido (Londres). Houve dois núcleos de escolas em funcionamento, um a Norte, ENA Cluster, que incluiu a participação das escolas EB 2,3 de Paranhos (Porto), Matosinhos e de Mosteiro e Cávado (Braga) e, ainda, as Escolas Secundárias de Caldas das Taipas, Carlos Amarante (Braga), Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves (Valadares) e Póvoa de Lanhoso. O núcleo a Sul, OI Cluster, contou com escolas do Algarve. O CC desenvolveu-se em contexto curricular sob o tema da “Inclusão”, apelando ao trabalho colaborativo entre os parceiros através, sobretudo, da utilização de espaços virtuais disponibilizados na Internet de que o eTwinning foi um exemplo (Lacerda & Coutinho, 2011). Os recursos online foram, ao longo dos três anos, indispensáveis para o desenvolvimento do projeto.
O projeto... O Connecting Classrooms começou por ser um programa implementado pelo British Council que envolveu escolas do Reino Unido com outras de diferentes zonas do Globo. Em 2010/2011, o projeto alargouse a vinte países europeus para o desenvolvimento de parcerias com a duração de três anos letivos. O principal objetivo do CC era o de proporcionar uma dimensão internacional à aprendizagem dos jovens, permitindo-lhes melhorar os seus conhecimentos e compreensão de outras culturas e prepará-los para a vida e trabalho como cidadãos globais, contribuindo, desta forma, para chegar a escolas culturalmente inclusivas. Para alcançar tal desiderato foi proposto às escolas que o projeto fosse integrado no currículo e que fosse constituída uma bolsa de professores e alunos para serem promotores do mesmo nos seus estabelecimentos de ensino. Este grupo teve a possibilidade de usufruir de formação em diferentes áreas – dinâmica de grupos, trabalho de projeto, utilização das tecnologias de informação e comunicação e em língua inglesa como ferramenta de comunicação em projetos desta natureza – a qual se veio a revelar de grande importância para a concretização das diferentes atividades. Em Portugal foram envolvidas turmas do ensino regular, profissional e dos cursos de educação e formação. No sentido de garantir o funcionamento e sustentabilidade do projeto foram envolvidos os Ministérios da
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Educação dos diferentes países que foram responsáveis pela indicação das escolas a integrarem a rede CC e pelo seu acompanhamento ao longo dos três anos. Em Portugal, esse papel foi assumido pela Direção Direção-Geral de Educação.
Atividades e produtos O Connecting Classrooms procurou promover a inclusão a diferentes níveis através da voz dos jovens, ajudando-os os a alargar horizontes e a fazê-los fazê envolverem-se se ativamente no processo de ensino ensino-aprendizagem. Os alunos que frequentam os Cursos Cursos de Educação e Formação e Ensino Profissional são vistos com algum preconceito e o projeto ajudou a colmatar parte desse preconceito, pois os alunos trabalharam cooperativamente com colegas de turmas regulares e apresentaram um desempenho tão bom quanto o dos seus colegas. O projeto ajudou os alunos a aproximarem-se aproximarem se mais da escola e a identificarem identificarem-se com a mesma. Possibilitando, assim, que conhecimentos e experiências dos discentes fossem partilhados entre si, fomentando a ideia do bem comum e a noção de que o Homem, como ser gregário, evolui e progride com mais sucesso se trabalhar em rede, em conjunto. Este projeto serviu como alavancagem para a criatividade e foi um meio privilegiado de difusão da Língua Gestual Portuguesa e de valorização deste código linguístico no conjunto de tantos outros.
Figura 1 Atividade de solidariedade promovida pelo Connecting Classrooms
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Desenvolveram-se diversas atividades que incluíram ações de voluntariado e solidariedade (figura 1), inclusão de minorias, anti-bullying, segurança na Internet, luta pela paz, entre outras, tendo o projeto marcado presença na feira Qualifica com o rap Trustee, um original entre vários construído pelos alunos. Aquando da atividade “O Mundo é do tamanho do que eu conheço”, foi discutido o polémico conceito de multiculturalismo, tendo os discentes revelado uma atitude bastante esclarecida sobre a sua noção de uma sociedade multilingue e em que várias culturas podem conviver sem preconceitos (CC.ENA Cluster, abril 2012). As iniciativas do 30 de janeiro de cada ano, escolhido para dia CC, foram de grande importância para o projeto. Nessa data, as escolas do ENA Cluster associaram-se à comemoração do “Dia da Não Violência Escolar e da Paz”, dia instituído em 1964 por Llorenzo Vidal, professor, poeta e pacifista, de nacionalidade espanhola e o qual é, atualmente, comemorado em muitas escolas de todo o mundo (dia em que Mahatma Gandhi, prémio Nobel da Paz, foi assassinado em 1948). Assim e com o intuito de alertar todos os envolvidos para a necessidade de promover a inclusão e a paz desenvolveram-se inúmeras ações partilhadas via Skype entre as escolas envolvidas. Com esta iniciativa pretendeu-se desassossegar consciências e ajudar a que na comunidade escolar todos, e cada um, entendessem a importância do seu papel individual associado à força do coletivo na construção da Paz e, como tal, no respeito dos direitos humanos. Das atividades realizadas destacam-se, ainda, as que implicaram o recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação e, em particular, às ferramentas web 2.0. A utilização da plataforma eTwinning (figura 2) – http://newtwinspace.etwinning.net/web/p3554 –, “permitiu aos alunos desenvolver as suas competências tecnológicas, linguísticas, comunicativas, colaborativas, interculturais e de cidadania, enriquecendo-os e alargando os seus horizontes” (Mendes, 2012:17).
Figura 2 Plataforma eTwinning do Connecting Classrooms
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Recorreu-se com frequência à utilização de ferramentas de edição e publicação online, como o Slideshare, o Google Drive, Animoto e Movie Maker (vídeo digital), Picasa (publicação de imagens), Wordle (nuvens de palavras), Voki (criação de avatar e áudio), ferramentas colaborativas, como o Wikispace, PbWorks, Twitter, Facebook, o Calaméo e o Flipsnack (eLivros), o Issuu para publicação de Newsletters (figura 3), entre outras.
Figura 3 Exemplos da Newsletter do Connnecting Classrooms em http://issuu.com/enacc
Neste último ano de 2012/13 e como legado do CC procurar-se-á, ainda, compilar num eBook a opinião dos jovens, resultado de um debate alargado que ocorreu sobre voluntariado, tecnologias de informação e comunicação, segurança na Internet, ambiente e sustentabilidade, mobilidade e multilinguismo, inclusão, bullying e orçamento participativo.
Avaliação A avaliação do projeto realizou-se em diferentes momentos e com recurso a diferentes instrumentos: recolha da opinião de professores e alunos tendo por base questões que integravam uma entrevista semiestruturada levada a cabo pelos avaliadores externos do CC (peritos ingleses), compilação de opiniões dos intervenientes utilizando-se um documento partilhado no Google Drive e com as quais se produziu uma nuvem de palavras (figura 4) e através da aplicação de questionários online pela equipa da DGE junto dos diretores, coordenadores e alunos das escolas envolvidas.
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Figura 4 Coletânea de opiniões de professores e alunos a respeito do Connecting Classrooms
Os resultados dos questionários online aplicados pela DGE foram divulgados às escolas envolvidas através de um relatório de avaliação do CC (documento não publicado). Como a extensão do texto relativo a um poster é limitada, optámos por salientar apenas a opinião dos alunos inquiridos. Estes referem ter ficado mais recetivos para a integração da diferença, bem como para o facto de terem desenvolvido melhor as suas competências linguísticas, a interação entre alunos e entre estes e professores e a importância da implementação do trabalho de equipa.
Conclusão Muitos são os projetos que se desenvolvem nas nossas escolas, contudo, o que terá feito deste uma iniciativa de sucesso sobretudo no que respeita às atividades que envolveram de forma estreita e colaborativa as escolas portuguesas do ENA Cluster? A resposta não é simples. Foram muitos os fatores que contribuíram para esse sucesso, todavia elencam-se em seguida os mais importantes:
Promover formação, tanto para alunos como para professores, adequada a cada um dos grupos;
Integrar no currículo os conteúdos subjacentes ao projeto;
Dar voz aos jovens, proporcionando-lhes oportunidades para se expressarem livremente e para decidirem o seu rumo;
Proporcionar aos alunos uma visão do mundo como espaço global;
Trabalhar em rede com alunos de diferentes escolas. 1830
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No ENA Cluster pretendeu-se que as atividades desenvolvidas tivessem projeção tanto na escola como na sociedade. Pensamos, só assim ser possível sensibilizar um grande número de pessoas para a imensa importância dos valores da tolerância, respeito mútuo, solidariedade e respeito dos direitos humanos. Nesta reflexão final não é possível descurar a importância das tecnologias neste projeto que, tal como refere Gonçalves (2012:4), “têm tido um papel fundamental entre pessoas, contribuindo para o confronto de pontos de vista, a troca de ideias e a aproximação de diferentes culturas”. Este foi, realmente, um projeto com inúmeras ações desenvolvidas entre escolas de forma colaborativa e que não teriam sido possíveis sem a utilização das tecnologias de informação e comunicação e, em particular, de muitas das ferramentas disponibilizadas pela web 2.0. Em jeito de conclusão, consideramos que uma boa parte do trabalho desenvolvido neste projeto poderia integrar o currículo dos alunos ou, pelo menos, as práticas das escolas pois, certamente, contribuiria para a formação de cidadãos mais atentos à leitura e compreensão do mundo, afinal o grande objetivo do Connecting Classrooms.
Referências CC.ENA Cluster (2012). 30 de janeiro: Dia Escolar da Não Violência e da Paz. Acedido em 25/03/2013 em http://issuu.com/enacc/docs/newsletterabril2012pt. Direção-Geral de Educação. Relatório de Avaliação Connecting Classrooms 2011/2012. (Não publicado, cedido pelo autor). Gonçalves, C. (2012). Connecting Classrooms: connecting cultures. In Newsletter CC.ENA Cluster de janeiro de 2012. Acedido em 25/03/2013 em http://issuu.com/enacc/docs/ccnewsletterjan2012 Lacerda, T.; Coutinho, G. (2011). Connecting Classrooms: a coordenação intermédia de um projeto online. In Paulo Dias e António José Osório (orgs.), Atas da VII Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação – Challenges 2011 – Perspetivas de Inovação, Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho, pp.81-91. ISBN 978-972-98456-9-7 [CD-ROM]. Mendes, A. (2012). Connecting classrooms: o ponto de vista da coordenadora da Escola Básica de Matosinhos. In Newsletter CC.ENA Cluster de junho de 2012. Acedido em 25/03/2013 em http://issuu.com/enacc/docs/connectingclassrooms_newsletterjunho2012pt
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