JORNAL
CAMPOS DO JORDÃO & Cia
06 de Junho de 2014 - Ano XXV - nº 992 - Distribuição Gratuita.
Verdes Vales
Editora Jornalística Verdes Vales Ltda - Av. Dr. Januário Miráglia, 1750 - Conjunto 4 - Campos do Jordão - SP Editor responsável: Antonio Luiz Schiavo Júnior - Impressão: Gráfica ADC News - Tiragem: 7.000 exemplares
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Editora Jornalística
NOSSAS CALÇADAS E
CICLOVIAS PEDEM SOCORRO
“CAMPOS DO JORDÃO É O MELHOR LUGAR DO MUNDO PARA CAMINHAR, MAS NÃO OFERECE CONDIÇÕES PARA TANTO”
SE PARA ALGUNS É DIFICIL, IMAGINE PARA QUEM PRECISA DE ACESSIBILIDADE
Este foi o título da carta publicada em Agosto de 2013 neste jornal, enviada pelo Maratonista Oswaldo Silveira (80). No final do texto, sua carta na íntegra: Já parou pra perguntar por que, muitas vezes, vemos alguns esportistas, cadeirantes, mulheres com carrinhos de bebê e ciclistas trafegando pelas ruas ao invés de usar calçadas e ciclovias? Será que eles querem ser atropelados ou nossos passeios públicos não oferecem condições para caminhar com segurança?
Quem nunca tropeçou em um buraco na calçada, um bloquete mal colocado ou até mesmo num desnível causado pelas raízes das árvores? Seja nas calçadas ou ciclovias, ambas são perigosas. Nós da redação já presenciamos pessoas acidentadas em calçadas má conservadas.
Certa vez, o maratonista Oswaldo Silveira (83) escreveu esta carta para nosso jornal, que vale a pena ser publicada novamente: “Campos do Jordão é o melhor lugar do mundo para caminhar, mas não oferece condições para tanto. Como chegar à Ducha de Prata, andando, caminhando ou correndo? Ao Palácio do Governo ou Horto Florestal? Impossível! Vamos aprender com quem dá bons exemplos, como Poços de Caldas com a sua Av. João Pinheiro ou então na orla de Copacabana... Hoje uma das melhores pautas na mídia, um excelente marketing e que garante o fluxo de turistas é justamente o esporte, o futebol, a corrida de rua, a caminhada e outros... Uma atenção especial às necessidades básicas para melhorar as condições oferecidas, irá trazer com certeza mais visitantes, turistas, corredores e ciclistas. Pensar também em gradativamente fazer a troca dos Plátanos por outra espécie que não prejudique tanto o sistema respiratório, causando os sintomas alérgicos, renite alérgica, a sua hiper-reatividade brônquica, seria muito importante para a saúde dos moradores e visitantes da cidade.”
Rodrigo Aparecido da Silva era chapa, ganhava a vida ajudando a descarregar caminhões. Com 30 anos de idade uma moto mudou sua vida. “Fui atravessar a faixa de pedestres em frente ao Pão de Açúcar e fui atropelado. O primeiro carro parou e eu atravessei, só que vinha uma moto e me acertou. Levantei e vi meus órgãos caindo no asfalto.” Foi assim que Rodrigo ficou paraplégico. Hoje com uma bicicleta adaptada ele voltou ao seu ofício de infância, o de engraxate. “Quando tinha sete anos eu já engraxava sapatos, pagava R$ 1 na lata. Hoje ela custa cinco e cada vez menos pessoas usam sapatos”, desabafa o engraxate, que diz que em dias bons consegue tirar até uns 40 reais na rua. Rodrigo mora com a mãe na Vila Santo Antonio e luta diariamente contra as dificuldades de acessibilidade da cidade para levar dinheiro para casa. Se algumas calçadas são difíceis para pedestres, imagine para cadeirantes. “Tenho que andar no meio da rua, muitas vezes na contra mão, as guias são altas demais e onde são rebaixadas, muitas vezes maus motorista param carros”, desabafa.
Outro problema que enfrenta é para achar um banheiro. Sua bicicleta é um pouco grande e acaba dificultando o acesso aos banheiros públicos. “No mercado, por exemplo, eu tenho que manobrar umas cinco vezes para entrar. Agora que tem a Festa do Pinhão colocaram papel higiênico no banheiro, mas normalmente o que achamos por lá é jornal cortado” desabafa o cadeirante. Rodrigo já tentou procurar o Prefeito, mas nunca conseguiu falar com ele pessoalmente. “Muitas vezes tenho tentado falar com ele, mas na prefeitura também não há acessibilidade e nunca consegui chegar perto dele. Dessa forma, o máximo que consigo é falar com um ou outro assessor, que nos transmite promessas e que acabam caindo no vazio”, desabafa. Ele afirma que existem cerca de 50 cadeirantes na cidade, todos com o mesmo problema. “Outro dia, um colega nosso tentou subir na calçada perto do Mercado, onde a rampa de acesso é muito forte e sua cadeira acabou caindo de costas, foi o tempo de ele colocar as mãos na nuca para evitar um ferimento grave na cabeça” Importante destacar sobre o Rodrigo é que, apesar de haver testemunhas do acidente que sofreu há um ano, até hoje os responsáveis não foram legalmente identificados e muito menos punidos. “Lamento essa impunidade. Não peço muito, apenas que a lei seja cumprida e mais respeito para cidadãos como eu, que teve a vida mudada para pior, mas que tenta continuar trabalhando e servindo de alguma forma honesta seu país.” Nota: No fechamento desta edição entramos em contato com Rodrigo novamente. Ele afirmou que finalmente conseguiu a reunião com o prefeito, que prometeu melhorar de imediato os acessos das nossas calçadas.
NOTA: Na gestão da ex-Prefeita, a cidade recebeu verbas do Governo do Estado com fim específico de manutenção e repavimentação das calçadas e acessos. Ela não conseguiu concluir as obras em seu mandato e acabou deixando-a de herança para a administração atual, que faz o serviço de acordo com suas prioridades. Mesmo assim, essa verba não abrange todos os passeios da cidade.