DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS G SEXTA-FEIRA, 13 DE FEVEREIRO DE 2015
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Negócios Serviços Ações de marketing em festas de bairro viram alternativa para empresas menores, que não têm como investir em camarotes. Economia fraca também desacelerou os aportes em sambódromos
Bloquinhos de rua ganham espaço e são alternativa para fixação da marca FOTOS PÚBLICAS
PUBLICIDADE Davi Brandão Paula Cristina Amauri Vargas São Paulo redacao@dci.com.br G O tradicional investimento em publicidade no carnaval, voltado aos camarotes em Sambódromos, começa a dar sinais de desgaste. Empresários e analistas apontam que a queda da economia foi importante para que os grandes investidores optassem pela cautela em seus aportes. Ao contrário dos gastos tradicionais, o cenário indica o nascimento de novas formas – mais baratas – de fixação da marca entre os foliões. A expansão rápida dos bloquinhos de rua nas principais capitais do País é um exemplo e aparecem como potencial opção para investimento. Em São Paulo, 115 bloquinhos foram realizados no último fim de semana, enquanto a capital carioca somará 456 festas de rua, até a próxima quarta-feira. “A mesmice dos eventos dentro dos salões levou os populares a buscar novos modos de diversão e buscaram os blocos carnavalescos. Isso explica o crescente movimento nos últimos anos”, disse o líder da área de marketing da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Marcelo Pontes. A iniciativa também alterou a característica das empresas que querem vender as marcas no carnaval – antes muito associadas à indústria de bebidas. “Os blocos atendem aos mais diversos públicos. Tem evento destinado às crianças, a terceira idade, jovens, mulheres. Tudo abre espaço para diversas marcas”, destaca Pontes. E ressalta que a data festiva ainda é subutilizada, o que aponta grande potencial de avanço. Outro ponto positivo, na visão do acadêmico, é a possibilidade de publicidade pa-
Blocos ganham atenção pela ampla diversidade de público, como mulheres, crianças e temas musicais
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R$ 5 bi GÉ
a movimentação financeira prevista no carnaval deste ano, apenas no eixo Rio- São Paulo, segundo dados da SPTuris junto ao Ministério do Turismo
ra redes que não podem investir nos tradicionais camarotes. “Outro movimento que se destaca é a participação de pequenas e médias empresas, que expõem as marcas ao contribuir para a apresentação dos blocos em seus bairros.” De opinião similar partilha o sócio proprietário da Agência MR, Ricardo Sampaio. Na visão do executivo, o carnaval mostra que os modelos tradicionais de ações de marketing começam a se adequar para a nova realidade, como foco também na experiência. “Hoje, os modelos de investimento em mídia abrem espaço para estratégias de relacionamento,
GÉ
o número de segmentos da economia que ampliam seus ganhos com as festas carnavalescas. Hotelaria, restaurantes e aluguel de carros encabeçam a lista
incentivos e uma agressividade maior das empresas”, pontua.
Mídia tradicional O crescimento dos bloquinhos, no entanto, não diminui a importância dos grandes camarotes. Tanto que a marca Villa Mix investiu R$ 5 milhões no carnaval de Salvador deste ano, e conta com patrocinadores como Schin, Absolut e Shopping da Bahia. “Começamos a fazer a divulgação em dezembro passado, com uma série de ações realizadas em aeroportos, com mídia digital, painéis eletrônicos, etc.”, disse a diretora de marketing do camarote, Giselle Reis.
456 GÉ
o número de bloquinhos de rua previsto para a cidade do Rio de Janeiro, até a próxima quarta feira. São Paulo recebeu 115 festas no último fim de semana
A marca pertencente aos sertanejos Jorge & Matheus e estreia em território baiano com ingressos entre R$ 790 e 1. 990 por noite, ou pacotes entre R$ 3.890 a R$ 4.990. “Os pacotes atingiram 35% do total de vendas de ingressos”, destaca. Quem também cresce nesse mercado é o Bar Brahma. O sócio proprietário da empresa, Álvaro Aoás, começou no ramo em 2000, quando o evento reuniu 500 pessoas. Para este ano, a perspectiva da empresa é reunir mais de 15 mil foliões por três dias no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Em parceria da Brahma com a Central de Camarotes – joint
Aplicativos disputam a atenção do folião no feriado de carnaval TECNOLOGIA Davi Brandão Paula Cristina Amauri Vargas São Paulo redacao@dci.com.br G De olho nas ações de marketing que conectam marcas e experiências, companhias como Easy Taxi e 99Taxis investem na atenção aos foliões. No clima de consumo consciente de bebida alcóolica, os dois aplicativos (apps) devem conceder aos visitan-
tes de camarotes descontos no pagamento das corridas. O CEO da 99Taxis, Paulo Veras, indica que a ação da companhia patrocina dois camarotes, um na cidade de Salvador (BA) e outro em São Paulo, da Brahma, marca de cerveja da AmBev. “Cupons com R$ 15 de desconto serão emitidos para os convidados dos locais, como uma forma de mostrar que apoiamos a máxima do ‘se beber, não dirija’”, explica. A concorrente Easy Taxi indicou que ações para os usuários, chamados de Easyfoliões,
“Incentiva o usuário que bebe a não dirigir” PAULO VERAS, CEO DO APLICATIVO 99TAXIS
também contemplam a emissão de cupons de descontos e devem ser distribuídos em parceria com empresas como o banco Santander e a Ambev. A companhia indica um mo-
te similar ao da concorrente, com o “o incentivo ao consumo responsável de bebidas alcoólicas”. Os usuários poderão desfrutar das ofertas por meio do aplicativo de taxi com uma carteira virtual. É preciso cadastrar uma vez o cartão de crédito e sempre que a corrida for pedida no Easy Taxi, será possível pagar com o celular.
Encontros Para fixar a marca na cabeça do consumidor, a Brasil Kirin, dona da marca Schin, patrocina pelo segundo ano consecutivo com um camarote no Cir-
venture entre Bar Brahma, Playcorp e Diverti Eventos – o espaço contará nesta edição com mais de 50 empresas envolvidas, com cotas de patrocínio e merchandising. “A trajetória e os resultados obtidos pelo espaço têm atraído empresas e marcas que falam diretamente com o perfil de público que frequenta o espaço”, falou o sócio da Central de Camarotes, Cairê Aoás. Ele confirma o incremento de 20% em investimentos no espaço.
E m p r e sas Com intuito em fortalecer os planos de elevação de sua marca, a Bombril investe 5% de sua receita líquida de R$ 70 milhões para ações de marketing ao longo do ano. De acordo com o presidente da empresa, Marcos Scaldelai, as campanhas concretizam a ligação com consumidor. “O carnaval é o nosso principal evento e fazemos o lançamento oficial de nossa campanha anual durante a festa.” Hoje, a Bombril está presente em São Paulo com espaço para clientes no Camarote Brahma São Paulo; no Rio de Janeiro, com ação em parceria com uma revista, e em Salvado, com espaço especial e patrocínio de um trio elétrico. Entre as cervejarias, a Brasil Kirin, dona da marca Schin, manteve, pelo segundo ano, um camarote no Circuito Barra Ondina, em Salvador. Segundo a gerente de marketing da Schin, Paula Passarrelli, há uma mudança no comportamento do folião, que tem preferido conforto na hora das festas. “Por isso, há um aumento na busca por camarotes, que possibilitam uma vista privilegiada para assistir vários shows, além de open bar”. Com relação aos anúncios, a executiva explica que a empresa trabalha com diversas propostas, desde a mídia tradicional – como TV e outdoors –, até específicas do carnaval, como trios, camarotes e pontos de venda. “Assim, podemos atender tanto ao consumidor como aos ambulantes.”
cuito Barra Ondina, em Salvador. A gerente de marketing Paula Passarelli, que cuida de uma das marcas da companhia, a Schin, aponta que a empresa investiu em um aplicativo de relacionamento, similar ao Tinder, o Beija Eu. “Pelo app é possível localizar e aproximar os foliões que estarão presentes nos mesmos blocos e festas no carnaval”. Além da plataforma digital, Passarelli conta que a companhia também terá ações que interagem com o consumidor, como o “Show de Águas no Dique Tororó, que fará uma projeção da marca Schin nos leques de águas do lago, e as latas de Schin, de mais de 4 metros de altura”, conta.