Caderno de Textos - GET de Combate às Opressões

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Caderno de textos da Enecos

JUNHO | 2014


Sumário

A Executiva............................................................................. 1 O GET...................................................................................... 1 Repita o mantra: novas ideias não surgem......................... 2 A necessidade de uma comunicação transfeminista......... 3 E se Claudia não fosse mãe nem trabalhadora?................. 5 Eu sou/quero uma pessoa, não um gênero......................... 6 Você sabia que a ENECOS não é feita só de encontros?... 7

A Executiva Se um curso passa por uma reforma curricular, é papel do Centro/Diretório Acadêmico (CA/ DA) lutar para garantir a participação dos/as estudantes nas discussões e decisões. Mas quando se trata de uma reforma nacional nas diretrizes deste curso, a atuação de apenas um CA/DA não tem como garantir um processo realmente democrático. Existem diversos outros problemas que não afetam apenas uma, mas diversas universidades do País. Desta forma, para dar resposta a questões nacionais, faz-se necessária uma articulação nacional. Com o propósito de organizar os/as estudantes de comunicação de todo o Brasil em torno de pautas em comum, em 1991, foi criada a Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos). Nossa atuação se dá em torno de três principais bandeiras: Democratização da Comunicação (Democom), Qualidade de Formação do Comunicador (QFC) e Combate às Opressões. Num país de dimensões continentais como o nosso, em alguns momentos torna-se necessário segmentar a atuação. Os coletivos locais têm suas próprias atividades, pautadas na realidade vivenciada em cada universidade, mas também seguem orientações nacionais. Assim, a atuação da Enecos consegue, ao mesmo tempo, contemplar questões nacionais e questões específicas de cada universidade. A atuação dos coletivos locais segue as deliberações dos Grupos de Estudo e Trabalho (GETs) e é organizada pela Coordenação Nacional (CN) e pelas Coordenações Regionais (CRs).

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O GET Desde o início de nossa organização enquanto Executiva, a bandeira de Combate às Opressões está presente em nossas ações de norte a sul do país, por entendermos que essa é uma pauta importantíssima e indispensável para os/as que lutam pela construção de uma nova sociedade! Contra o machismo, o racismo, a homofobia e todas as formas de opressão e exploração, nossa luta segue diariamente. Em 2005, o GET de Combate às Opressões foi consolidado, desde então, nossa atuação vem no sentido de organizar estudantes de todo o país na perspectiva classista de transformar a sociedade e superar toda a forma de opressão e exploração. Juntos/as, homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais, transsexuais, negros, negras, indígenas, sem terra, ribeirinhos, vamos lutar por uma sociedade em que todos/as tenham voz e vez. Participem das nossas reuniões, contribuam nessa construção!

“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.”

Rosa Luxemburgo


Repita o mantra: Novas mentalidades não surgem Mariana Vita, jornalista e ex-Enecos O papel do jornalismo tem sido o de registrar acontecimentos que são considerados relevantes, e divulgar esses acontecimentos para a população. A forma com que isso é feito interfere na maneira com que as pessoas receberão determinado acontecimento. Que fontes foram ouvidas, quanto espaço foi dado para a matéria, e até o caderno no qual ela se encontra. Uma reportagem sobre uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no caderno de política passa uma ideia diferente da mesma reportagem inserida no caderno de polícia. Essas decisões não são tomadas aleatoriamente, elas se baseiam na linha editorial, que, por sua vez, leva em consideração o público leitor ao qual o veículo se direciona e os anunciantes que o financiam. Os donos destes veículos de comunicação, e consequentemente sua linha editorial, não costumam mudar muito – inclusive porque assim podem manter seu público-alvo sempre o mesmo, e sempre satisfeito. Mas, de vez em quando... No Brasil, a primeira revista de uma grande editora (Abril) que falou sobre o sexo da mulher para um público feminino foi a revista Nova/Cosmopolitan (que até hoje pode ser encontrada nas bancas, e até hoje usa o sexo como chamada principal). Na verdade, outras revistas já haviam feito isso antes, mas Nova/Cosmopolitan foi a primeira a falar de forma mais direta, usando termos como orgasmo, masturbação e sexo oral. Em 1973 ela chega com

Abril de 2014 manuais recheados de depoimentos, diagnósticos de psicanálise, e opiniões de especialistas para ensinar as mulheres a atingir o orgasmo. E por isso, Nova/Cosmopolitan se acha muito moderninha. Em vários momentos seus artigos fazem referência a uma liberação geral que as mulheres supostamente atingiram na década de 1970, de como hoje (este hoje se refere ao momento da publicação) as coisas estariam muito melhores do que antigamente: “Depois de tantos séculos fechado a sete chaves, sexo deixa de ser tabu. Uma nova mentalidade surgiu, e o assunto passa a ser encarado com mais naturalidade.” (NOVA/COSMOPOLITAN. Sexo: prazer ou obrigação?. ed. 34, p. 65, jul. 1976. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil). Nenhuma transformação social surge. Elas são resultado de processos que envolvem pequenas rupturas aqui e ali, espaços de resistência, movimentos sociais. A década de 1960 representou uma transformação na forma de encarar o sexo. Diversos movimentos sociais ganharam mais visibilidade e mais adeptas. Entre eles, os movimentos feministas. Aos poucos, essa transformação vai atingindo outras pessoas, se espalhando na sociedade, e com ela, vem uma nova demanda editorial. Ignorar essa demanda é correr o risco de perder público. Então, a editora, que já possuía outras tantas revistas em circulação no mercado, resolve lançar mais uma para atender este público. Assim nasceu a Nova/Cosmopolitan. Para dar outro exemplo, a mesma estrutura de processo social resultou em mudança na abordagem das manifestações de 2013 pela mídia mainstream. Foi com muita cobertura alternativa das manifestações, muitos ninjas e virais (e mais alguns jornalistas feridos com bala de borracha) que as grandes emissoras de TV passaram a transmitir também cenas de violência por parte de policiais. Mesmo que alcançar estes espaços signifique um avanço, vale lembrar que a forma com que aparecem faz diferença. O manual para atingir o orgasmo que Nova/Cosmopolitan ensina às mulheres é só para as que estão em uma relação

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amorosa heterossexual, e a mulher é sempre lembrada de que deve agradar ao homem, cuidar da aparência e experimentar os truques da revista, claro. Nessa mesma linha, as cenas de violência policial não recebem a mesma atenção, nem o mesmo espaço que as cenas de vandalismo praticado por manifestantes. Imaginário social e arquivo Ainda que toque nestes temas, ao dar a eles uma abordagem diferente da que foi intencionada pelos movimentos feministas ou pela mídia alternativa, a revista ou as emissoras de TV estão interferindo também na forma com que o público recebe a informação e na forma com que estes acontecimentos ficarão

registrados. Segundo Bethania Mariani, “o discurso jornalístico contribui na constituição do imaginário social e na cristalização da memória do passado, bem como na construção da memória do futuro” (MARIANI, Bethania. O PCB e a imprensa – Os comunistas no imaginário dos jornais (19221989). Rio de Janeiro: Editora Revan; Editora da Unicamp, 1998. P. 61). Portanto, quando a mídia mainstream apaga movimentos sociais que impulsionaram avanços, ela passa a ideia de que a história funciona no piloto automático. Como se fosse só esperar e as coisas vão mudar sozinhas. As mudanças não surgem, elas brotam. Cabe a nós semear. E divulgar.

A necessidade de uma comunicação transfeminista Pablo Costa, militante do Coletivo Enecos Cariri Comunicação social pra quê e pra quem? Fazemos valer a pena a categoria “social” que acompanha o nome de alguns dos nossos cursos? Será que algum dia se fez valer a pena tal denominação para com as travestis e pessoas trans?! Para que nossa comunicação seja, de fato social ela precisa também ser TRANSFEMINISTA! Uma grande mídia que estabelece preceitos e normas ““saudáveis”” para a sociedade seguir perpetua-se em domínio no nosso país. O bombardeio de representações heterossexuais, brancas, cristãs, cisgêneras, e monogâmicas, por meio de programas midiáticos, noticiários e da decadente teledramaturgia, invadem nossos lares e bares sem nem mesmo nos pedir permissão. Uma representação que nos é imposta por cabrestos e muitas vezes nos passa despercebido que esta contribui na propagação de preconceitos em nossa sociedade já tão machista e misógina. Casais homossexuais que não se beijam (ah, teve uma bitóca na última novela das 9), que não possuem nenhum vínculo afetivo com outros homossexuais, que são másculos, com corpos sarados e ainda se pressupõe por meio dos modos e falas que são

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Maio de 2014 cristãos. Essa imagem higienizada é a que vem representar na grande mídia um grupo tão diversificado. O horror ao feminino, também uma construção, fica evidente a partir do momento que o homossexual afeminado ou as travestis são expostos enquanto exóticos e engraçados. Ainda há quem diga que a mídia está dando grandes passos. Se isso é dar grandes passos, Po*#!, o que é retroceder? Peraí, cadê xs trans* nesse texto?! Estão sendo violentadas e assassinadas em um matagal qualquer ou se reduziram a papéis caricatos na televisão brasileira e nas colunas policiais?! Falamos tanto na heterossexualização compulsória e esquecemos que somos regidos por uma cisgeneridade compulsória também! Nossxs trans* são constantemente massacradxs e marginalizadxs por um sistema sexista, machista, transfóbico e patriarcal!


Nossa comunicação reduz os corpos t r a n s a papéis subalternos e humorísticos na nossa televisão brasileira, o mercado de trabalho a i n d a continua não abrangendo e s s e s indivíduos que não se identificam com o gênero que lhe foi designado ao nascer, e na maioria das vezes a única solução encontrada é a sua inserção no mercado do sexo! Os próprios movimentos LGBT continuam sendo movimentos GGG, onde as pautas e especificidades trans são invisibilizadas e descartadas da agenda nacional. Assim como o feminismo que continua a excluir e não aceitar as mulheres trans enquanto mulheres! O médico é o primeiro indivíduo social a nos impor o gênero no qual devemos pertencer, a partir do momento que ele fala na ultrassom: “ É menino” ou “ É menina”. Posterior a essa afirmação nossos corpos passarão a serem adestrados a seguir as imposições que as instituições sociais (casa, igreja,

escola) vão nos incutir. Se aquele corpo possuir um pênis seu quarto será azul, suas roupas serão azuis, seus brinquedos irão se resumir a carrinhos e armas. Caso aquele corpo possua uma vagina suas roupas e quartos serão rosa e seus brinquedos irão se resumir a bonecas, panelinhas e outros acessórios que guiarão essa criança a ser uma exemplar dona de casa e mãe.

Corpos que transgridem as normas pré-estabelecidas e resolvem se apresentar na sociedade com o gênero que de fato se identificam, ou até mesmo sem nenhum dos gêneros, são postas a margem e oprimidas pelas mais diversas instituições que formam a sociedade. Nós enquanto comunicadores sociais, temos a responsabilidade de atuar em uma comunicação transfeminista e inclusiva, construindo uma informação sem opressão e livre de qualquer preconceito. Comunicadores sociais que respeitem os pronomes ao se referirem a essas pessoas, que não invadam a sua privacidade e que se reportem a elas através do seu nome social, não fetichizando e apresentando o seu nome de registro! Longe de nós perguntarmos a respeito de suas cirurgias de redesignação sexual e explorarmos tais temas como forma de promover o nosso canal de comunicação através da ridicularização dessas pessoas! É necessário que possamos dar mais visibilidade aos crimes de ódio praticado com as pessoas trans. Coloquemos em nossas agendas de luta e até mesmo da nossa executiva o dia 29 de Janeiro (Visibilidade Trans) como dia de luta e de intervir por uma sociedade sem transfobia! Lutemos por uma mídia LIVRE! SEM RACISMO, MACHISMO E TRANSFOBIA!

“AS GAY, AS BI, AS TRAVA, AS SAPATÃO TÃO TUDO ORGANIZADA PRA FAZER REVOLUÇÃO!” *Cis ( Corpo que se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer) *Bitóca (Selinho; Beijo sem língua)

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E se Claudia não fosse mãe e nem trabalhadora? Alyne Mayra, estudante de Arqueologia e colaboradora do Blogueiras Negras Só agora, depois de um mês e alguns dias, que Claudia foi assassinada consigo escrever algo sobre esse crime. Durante esse um mês, fomos “bombardeadss” de notícias. Li todo tipo de texto, alguns sensacionalistas, religiosos, inconformados, raivosos, etc. O que mais me instigou a escrever esse texto foram esses rótulos heteronormativos e religiosos, em torno das notícias. “Morre Claudia, mãe de 4 filhos e trabalhadora”. Contorci-me ao ler esse rótulo. Ok. Ela era mãe, ela era trabalhadora, mas antes de tudo, ela era uma MULHER NEGRA. Não me senti em nenhum momento (nos textos que traziam consigo esse rótulo) representada. Várias perguntas me vieram imediatamente na cabeça. E se ela não fosse mãe e nem trabalhadora? E se ela fosse lésbica, moradora de rua, dependente química, estudante, trans*, professora, dançarina, prostituta ou qualquer outra mulher negra, marginalizada e excluída, desse sistema racista, fascista e nada laico? Senti-me (e ainda me sinto) incomodada com isso. Sou estudante de uma rede pública, curso Arqueologia, que há muito tempo, é um curso que sofre discriminação, nos taxam de bêbadas, maconheiras, loucas, vadias, fedorentas. Dentro da profissão sofremos por sermos mulheres, imagina ser mulher negra. Sou uma mulher negra, viciada em cigarro, com um leve alcoolismo, tendo que lutar todos os dias, para ter voz dentro de uma ciência machista. Lendo essas notícias, me senti “merecedora” de ser arrastada na rua pela PM. Essa notícia me fez pensar que qualquer mulher negra, que não se encaixe nesse padrão hétero e religioso, seria passível a esse tipo de atrocidade. Temos que dar voz para Claudia sim, mas uma voz que faça uma luta de todas as mulheres, de uma

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Abril de 2014

forma que todas se sintam representadas. Todas nós fomos atingidas, fomos arrastadas, mesmo não sendo mães. Nossas lutas não podem calar ou não representar todas as outras mulheres negras, que não são mães, que não exerçam um trabalho remunerado. O cuidado que tenho para escrever esse texto é o mesmo cuidado que nós, militantes negras, devemos ter para representarmos a todas! Todos os dias sofremos com um sistema machista, sofremos com o patriarcado impregnado em nossas famílias, trabalho, universidades, escolas e por onde quer que andemos. Lutaremos por Claudia, Alyne, Vera, Fernanda, Carolina, Maria, Antônia; lutaremos por prostitutas, vadias, arqueólogas, enfermeiras, faxineiras, desempregadas, estudantes, viciadas; lutaremos por todas as mulheres; lutaremos por tantas negras que todos os dias levantam, respiram fundo e tomam mais um fôlego para continuar sobrevivendo, para continuar sonhando, lutando e para continuar gritando bem f o r t e : NÃO NOS CALAREMOS! Não queremos respeito pelos nossos rótulos, profissões, estado civil e etc.

SÓ QUEREMOS RESPEITO!


Eu

sou/quero

uma

pessoa,

Hugo Rafael Almeida, militante do Coletivo Enecos Bonde do Rio “Eu me considero bissexual porque reconheço em mim o potencial de me sentir atraído, romântica e/ou sexualmente, por pessoas de mais de um sexo, não necessariamente ao mesmo tempo, não necessariamente da mesma maneira, e não necessariamente no mesmo grau”. Ativista sexual Robyn Och. A sexualidade é muito importante. Presente em todas as fases do desenvolvimento, ela está relacionada com a busca de prazer e não se limita apenas aos atos sexuais e também tem a ver com a nossa razão e nossos sentimentos. Os muitos discursos sociais sobre as relações entre as pessoas têm tido um espaço de reflexão social e de investigação muito vasto: desde a religião à legislação, às áreas da medicina (endocrinologia, neurologia, genética molecular),

ou pelos lados da sociologia, antropologia, ou história, entre outros, que contribuem para a compreensão do que leva as pessoas a escolherem relacionar-se entre si. “Por que é que atualmente na nossa cultura estamos testemunhando uma proliferação de gêneros? Podemos definir concretamente os termos heterossexual, homossexual, macho e fêmea? Se não os podemos definir, porque não? Serão categorias unitárias? Se não o são, como podemos discutir a natureza peculiar? Encontramos meios de falar de todos estes elementos do corpo, dos genes à anatomia, do cérebro à psique, como inerentemente ou essencialmente maleáveis? Só quando tivermos respostas para estas perguntas teremos uma teoria do gênero e da sexualidade que tem em conta, adequadamente, tanto o corpo como a cultura.”

não

um

gênero Maio de 2014

(A.Fausto-Sterling, in “Is gender essential?”, 1999, p. 57.) No desenvolvimento das identidades individuais e relacionais, as relações de sexo e gênero com a diversidade de comportamentos humanos, de acordo com a linguagem socialmente disponível, levou a que encontrássemos e nos identificássemos segundos conceitos e expressões como: mulher/homem, feminino/masculino, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais, transexuais, intersexos, pansexual, ambissexual, androfílio, ambifílico, entre muitas outras. Vamos organizar melhor: O termo sexo se refere à anatomia (pênis/vagina) e o termo gênero está relacionado aos aspectos psicossociais do sexo, impostos ou adotados socialmente. O desenvolvimento da sexualidade pode ser dividido em três dimensões: a identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual. A identidade de gênero, embora seja o primeiro componente da identidade sexual, costuma ser menos compreendida. Enquanto a orientação sexual se refere aos outros, a quem nos relacionamos, a identidade de gênero faz referência a como nos reconhecemos dentro dos padrões de sexo estabelecidos socialmente. Existem dois sexos – mulher e homem – e dois gêneros – feminino e masculino – e a partir de então podese fazer X “combinações”. Nem todas as mulheres se reconhecem no gênero feminino e nem todos os homens no masculino. Falamos, então, de pessoas cujo sexo biológico discorda do gênero psíquico. O segundo componente a se desenvolver são os papéis sociais e sexuais, ou seja, as características culturalmente associadas como ser “homem” ou “mulher”. Os papéis sociais estão ligados à aparência, aos comportamentos, a aspectos de personalidade e ao que é esperado que uma pessoa pareça, aja ou se comporte. O desenvolvimento deste aspecto, no entanto, não são processos estáveis e definitivos, pois a abertura cultural à diversidade possibilita hoje mais variações no modo como as pessoas identificam a si mesmas. Já o termo orientação sexual é relativamente conhecido, e se refere a como nos sentimos em relação à afetividade e sexualidade. Por não se tratar exclusivamente de sexo, o termo mais apropriado talvez seja orientação afetivo-sexual. Falamos de orientação, e não de opção, porque não é algo que possamos mudar de acordo com nosso desejo. Não é um botão que muda de opção como a TV.

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A sexualidade é uma dimensão humana que acompanha a pessoa desde o nascimento até a sua morte e tem um sentido muito maior do que apenas a sua função reprodutiva e, além de ser fonte de prazer, de bem-estar físico e psicológico, de troca, de comunicação e de afeto, a sexualidade estabelece relações entre as pessoas e faz parte do seu desenvolvimento e da sua cultura. O que se percebe é que a sexualidade vai muito além do véu de ilusões perpassados pelos antepassados, no qual a mesma era apenas relacionada ao coito e a repro dução. Hoje ela é compreendida e express a p e l o simples fato de dançar, conhecer, experimentar, e aventurar-se em algo que propicie p r a z e r .

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Você sabia

que a ENECOS não

é feita só de Encontros?

A nossa Executiva se comunica/mobiliza através da internet o ano inteiro, realizando reuniões online, para discutirmos e tirarmos ações práticas. Nos organizamos em grupos chamados GET’s (Grupo de Estudo e Trabalho) que funcionam através de grupos no Facebook, quando não pessoalmente durante os Encontros, congresso, seminários de formação construídos por Coletivos locais, entre muitos outros espaços. Além dos GET’s, a ENECOS possui coletivos nacionais auto organizados, que visam o acúmulo de conhecimento, divisão de experiências e pontos de vista, e contribuição de seus militantes para a superação das opressões em nossa sociedade. Cheguem sem medo, com sua opiniões, dúvidas e ideias. Vamos juntos/as construir a Comunicação e o mundo que queremos. Procure nossos grupos no Facebook:

Realização: GET de Combate às Opressões da Enecos Textos da edição: Mariana Vita, Alyne Mayra, Hugo Rafael Almeida, Pablo Costa Edição: Eduardo Paulanti Capa: Charles L’Astorina Diagramação e Ilustrações: Viuller Bernardo


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