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Preparando o futuro

O consumidor busca por produtos com propósito, marcas fortes, experiência, personalização, sustentabilidade, além é claro, de qualidade e bom atendimento. Como oferecer tudo isso e ainda se preocupar com a alta tributação, elevação dos custos da matéria-prima, entre outros desafios presentes no dia a dia da indústria? Conheça as propostas e opiniões de alguns dos principais executivos de empresas de água mineral que participaram dessa série de reportagens que começam a ser publicadas em Engarrafador Moderno.

Carlos Donizete Parra

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consumo de água mineral vem crescendo há vários

Oanos no Brasil. Com o surgimento da Covid-19 ocorreram mudanças no comportamento dos consumidores ocasionadas, principalmente, pelas restrições de circulação, fechamento de bares e restaurantes, estabelecimentos turísticos, shoppings e outros ambientes frequentados pela população antes da pandemia. O home office aumentou o consumo de alimentos e bebidas em casa.

Em função desses aspectos houve um aumento de consumo nas embalagens familiares em detrimento de um consumo mais reduzido de embalagens individuais. Com o fim das restrições e o avanço da vacinação, esperase o restabelecimento do comércio e de alguns hábitos anteriores ao Covid, assim como novos hábitos surgiram e deverão permanecer mesmo com a completa vacinação das pessoas.

Temos que esperar algum tempo para saber ao certo o que fica. O importante é se adequar rapidamente ao mercado atual oferecendo ao consu“Temos uma responsabilidade grande. Precisamos executar e respeitar os protocolos de higienização, garantir o abastecimento com

estratégia, rapidez e principalmente, segurança”,

Luciana Rambalducci,

Diretora, Água Pedra Azul

midor os produtos que ele deseja. Além, é claro, de se preparar para o futuro com inovação, sustentabilidade, propósito, marca forte, segurança e outras exigências do mercado.

“Em relação ao comportamento do consumidor, temos que ressaltar a questão da confiabilidade, qualidade, sustentabilidade e ética. São tendências importantes que orientam o consumidor em suas escolhas e que, neste momento de pandemia, estão mais “exacerbadas”. O consumidor está se preocupando mais com marcas que expressam qualidade, que valorizam o meio ambiente, que têm projetos sociais e prezam pela responsabilidade social”, afirma Luciana Rambalducci, Diretora, Água Mineral Pedra Azul.

“Outro ponto que vale ressaltar, continua Luciana, é a questão da responsabilidade da indústria, que é grande. Temos que executar e respeitar os protocolos de higienização, garantir o abastecimento com estratégia, rapidez e principalmente, segurança. É um grande desafio, desde a busca pela matériaprima, a compra, a melhor negociação, a produção segura, envolvendo o cuidado com seus colaboradores como também segurança e cuidados com a equipe de comercialização nas ruas”.

Consumo

Em níveis diferentes todos fomos afetados e os impactos são sentidos na forma como trabalhamos, em como nos relacionamos com as pessoas, nos negócios, entretenimento, vida

social e tudo mais. 77% dos brasileiros sentiram o impacto da pandemia em seus cotidianos, fazendo com que o país ficasse em primeiro lugar nesse quesito em uma pesquisa realizada em abril pela multinacional Kantar com pessoas de 21 países. Em 2020 eram 73%. Somos mundialmente os que mais sentiram esses impactos e isso mostra tamanha deve ser a habilidade das empresas para tratar com os clientes durante os próximos meses.

Não existe lado bom numa situação como essa, mas as mudanças trazem muitas oportunidades e, para aproveitá-las é preciso entender o consumidor. Ele está mais exigente, criterioso e bastante preocupado com os gastos e com o futuro da economia. Não aceita qualquer produto e muito menos aumento de preços que não sejam muito bem justificados. A pesquisa da Kantar mostra ainda que os cuidados pessoais cresceram significativamente. 69% dos brasileiros se mostram muito atentos na adesão de medidas de saúde e segurança, 58% ficam bravos quando vêem regras sendo desrespeitadas e 58% se afastam quando outras pessoas se aproximam em espaços públicos.

O digital tornou-se o novo canal de compras para boa parte da população.

A digitalização acelerou em praticamente todas as indústrias e no varejo a velocidade desse processo é exponencial. Para se manter relevante, as empresas de varejo vivem o momento de maior aceleração digital de sua história. Segundo a última edição da pesquisa “Transformação Digital no Varejo Brasileiro”, da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), o investimento em iniciativas de transformação digital cresceu 87% entre os varejistas brasileiros no último ano, que teve como resultado um aumento de 74% no faturamento. As principais ferramentas para essa transformação digital foram as soluções de meios de pagamento (94%) e análises de dados no ambiente online (77%). As indústrias precisam de plataformas que pos-

Pedra Azul disponibiliza uma grande variedade de embalagens para atender as necessidades dos consumidores

sam agilizar e facilitar a experiência do consumidor no ato da compra.

Além do digital outros pontos tornaram-se fundamentais na disputa pelo consumidor. Não é possível afirmar como serão os próximos meses, mas estudos mostram que as pessoas darão mais importância a questões voltadas à sustentabilidade, inclusão social, cuidados pessoais, saudabilidade e qualidade de vida.

Água mineral em evidência

A água mineral ganha espaço nesse ambiente onde sustentabilidade, saudabilidade e qualidade de vida são fatores cada vez mais desejados pelos consumidores.

“O cenário da pandemia contribuiu para o crescimento de algumas embalagens em detrimento de outras que antes representavam o maior volume nas vendas. O food service registrou queda drástica no consumo de água mineral. Em contrapartida, houve aumento do consumo das famílias dentro de casa e as vendas no varejo tiveram uma elevação considerável em embalagens familiares. As vendas das embalagens retornáveis não sofreram grandes alterações”, explica Luciana Rambalducci.

No caso da cearense Naturágua, a inovação contribuiu para que a empresa se adaptasse às novas exigências dos clientes. Aline Telles Chaves, diretora da Naturágua pontuou alguns aspectos considerados mais relevantes:

• Relançamento do aplicativo B2B, Naturágua Meu Negócio, que permite ao estabelecimento fazer os pedidos, independente do contato com o vendedor, 7 dias por semana, 24 horas por dia, totalmente integrado à plataforma de ERP da Naturágua.

• Aperfeiçoamento do aplicativo B2C, Naturágua Delivery – que antes atendia pelo nome Peça Fácil, e estava com apenas 300 clientes sendo atendidos por esse canal.

• Conclusão do projeto de e-commerce pelo site com sistema de compra recorrente.

• Colocação de lencinho umedecido com álcool a 70% em cada garrafão de 20 litros, como tem sido feito pela empresa há mais de 8 anos. Nesse caso, apenas houve um reforço na mídia divulgando a embalagem.

“A maioria das dificuldades desse período fica restrita aos produtos descartáveis, que sofreram a maior queda de volume devido: restrição de pedidos, fechamento de estabelecimen“No caso da Naturágua, inovamos em vários aspectos e rapidamente nos adaptamos às novas exigências dos nossos clientes”, Aline Telles Chaves, Diretora, Naturágua

tos, cancelamento de eventos”, compartilha a diretora da Naturágua.

Para a maioria dos engarrafadores, as restrições de circulação impactaram de alguma forma as vendas, não foi diferente para Psiu Indústria de Bebidas. "No nosso caso, houve redução no consumo individual, acarretando uma queda acentuada nas vendas dessa linha de embalagens (330 e 500 ml). Por outro lado, houve um crescimento na venda dos garrafões de 20l", confirma o presidente da Psiu, Francisco Magalhães da Rocha. Desafios

A falta de matéria-prima e os aumentos de preços desses produtos são assuntos recorrentes da indústria desde o segundo semestre do ano passado e deve se estender, ainda, por grande parte deste ano.

Esse problema vem causando grande dor de cabeça para a maioria das indústrias no Brasil e não é diferente para os engarrafadores de água mineral.

“Na Minalinda tivemos um forte impacto no mercado de descartáveis com o fechamento de bares e restaurantes. Nos garrafões de 10 e 20 litros houve aumento de demanda, mas em contrapartida o aumento exagerado das resinas usadas para fabricar os garrafões está provocando um verdadeiro desarranjo no mercado”, afir-

Design elegante e diferenciado marcam linha de água mineral da Naturágua

ma categoricamente o Diretor da Minalinda Água Mineral Fluoretada, Cleomildo de Melo Freire.

Segundo a diretora da Naturágua, a escassez de matéria-prima não foi o maior problema e sim os aumentos significativos e sucessivos dos itens de embalagens. “As embalagens, sobretudo as resinas e pré-formas, sofreram aumentos superiores a 50% e esses aumentos não podem ser repassados para o mercado com a mesma velocidade. A maioria de nossos clientes são supermercados e atacarejos que muitas vezes não aceitam esses repas“O aumento exagerado das resinas usadas

para fabricar os garrafões está provocando um verdadeiro desarranjo no mercado”,

Cleomildo de Melo Freire,

Diretor, Minalinda Água Mineral Natural Fluoretada

ses na mesma intensidade”, afirma Aline Telles Chaves

“Na Psiu, os problemas de escassez de matéria prima prejudicaram

Embalagens da Minalinda são atrativas e para diversas ocasiões de consumo

parcialmente a produção, mas o problema maior foi o aumento de preços”, informa Francisco Magalhães da Rocha. Tributos elevados

Os desafios enfrentados pelos engarrafadores de água mineral são inúmeros prejudicando a capacidade de investimentos e, em muitos casos, inviabilizando o negócio.

Segundo a diretora da Naturágua, Aline Telles Chave, os desafios envolvem desde questões tributárias a comerciais:

• Cada Estado possui suas próprias alíquotas e normas de substituições tributárias.

• Presença de selos fiscais com normas específicas em vários Estados.

• Concorrência desleal com águas adicionadas de sais que seguem outra legislação e possuem qualidade e preço muito inferior.

Água mineral natural VS Água adicionada de sais: algumas diferenças

O que é água mineral natural?

É a água envasada e enriquecida de sais minerais pela própria natureza. É captada de fontes localizadas em áreas ambientalmente protegidas, que preservam a composição mineral e bacteriológica da água. Somente fontes legalmente autorizadas podem explorar essas águas. Água mineral é amiga do meio ambiente.

O que é água adicionada de sais?

É a água envasada que passa obrigatoriamente por processo de tratamento, tais como: cloração, ozonização, raios ultravioleta, osmose reversa etc. Proveniente de rios, represas, lagos, poços ou água da rede pública. Essa água não pode ser proveniente de fontes naturais procedentes de extratos aqüíferos.

Qual a origem dos sais minerais?

Depois que a água da atmosfera cai e vai penetrando no subsolo, durante dezenas de milhares de anos, ela percorre diversas camadas de rochas existentes na natureza das quais vai absorvendo os sais minerais naturais e oligoelementos.

A água adicionada de sais tem minerais naturais?

Não e para sua fabricação é necessário a adição de sais manipulados para sua formulação.

Fonte: Informativo ABINAM (Associação Brasileira de Águas Minerais)

• Falta de percepção pelo consumidor final da qualidade diferenciada e dos benefícios do consumo de água mineral.

“A indústria de água mineral no Brasil, diferente de outros países, recebe o tratamento tributário de bebida alcóolica, essa condição faz com que as empresas sejam submetidas a uma pesada taxação, enfraquecendo o setor e abrindo espaço para a sonegação. Outro fator que merece destaque é o alto custo logístico no país, fretes e combustíveis cada vez mais caros impossibilitam a distribuição a longas distâncias”. Luciana Rambalducci, Pedra Azul.

Psiu oferece uma linha diversificada de embalagens para água mineral

“Houve forte impacto no consumo individual,

acarretando uma queda acentuada nas vendas dessa

linha (330 e 500 ml), por outro lado houve um crescimento na venda dos

garrafões de 20l”,

Francisco Magalhães da Rocha,

Presidente, Psiu Indústria de Bebidas

“Concordo com as questões levantadas acima e destaco também a enorme burocracia exigida para liberação de uma Fonte de Água Mineral , quando comparada a água adicionada de sais. Soma-se a isso a fiscalização e os critérios de controle, causando grandes dificuldades ao consumidor para distinção de qualidade entre uma e outra. Outro ponto de destaque é a concorrência. Na maioria dos Estados, principalmente do Nordeste, há uma desvalorização do produto água mineral, fazendo com que o preço seja o principal fator de diferenciação para tomada de decisão da compra do produto”, esclarece Francisco Magalhães da Rocha, Psiu Indústria de Bebidas.

O diretor da Minalinda, Cleomildo de Melo Freire concorda que existe uma desigualdade de tratamento para as águas adicionadas de sais e as águas minerais naturais, provocando problemas ao setor. “A água mineral presta um enorme benefício à saúde pública de nosso país, quanto a água adicionadas de sais nada contra o surgimento e proliferação da mesma, no entanto, isso ocorre devido à menor burocracia junto ao ministério da agricultura. Outro ponto importante é que a alta carga tributária impacta muito o crescimento de nosso setor que, entre outras coisas, precisa investir muito em preservação ambiental para evitar a degradação das áreas e das fontes", finaliza Cleomildo de Melo Freire

Cafés especiais ganham preferência do brasileiro

Busca por qualidade e aromas amplia mercado nacional e internacional

á quase 300 anos o Brasil começou a trilhar o seu caminho

Hcomo um dos maiores e melhores produtores de café no mundo. Com os novos hábitos dos consumidores, há uma procura cada vez maior por qualidade e por sensações que essa bebida, que faz parte da tradição brasileira, pode oferecer. Com o crescimento do mercado dos cafés especiais, o público tem mudado a forma de escolher a bebida, o que tem ampliado as chances para pequenos produtores, torrefadores, baristas, provador/classificador e donos de cafeteria, tanto dentro do país como no exterior.

Pesquisa realizada pelo Sebrae revela que 52% dos profissionais da cadeia produtiva do café especial no Brasil estão há no máximo cinco anos nesse ramo. “O nicho do café especial é totalmente novo no país, mas o fato de agregar valor ao produto e por haver uma procura maior, pelo consumidor, por cafés diferenciados, faz com que esse mercado tenha um grande potencial de expansão”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

De acordo com o estudo dos profissionais ligados à cadeia de cafés especiais, este mercado tem ficado cada vez mais com o perfil de empreendedores jovens e com uma participação maior das mulheres à frente desses negócios. Os empresários desse segmento reconhecem a mudança de comportamento do consumidor e têm se preocupado mais com a origem e como o produto é produzido. Entre os produtores rurais que trabalham com cafés especiais, esse tipo de produto já representa em média de 44% da produção total. Os donos de torrefação, assim como os proprietários de cafeterias levam mais em consideração o perfil sensorial, a pontuação do café e a origem do produto do que o preço que irão pagar.

O novo perfil desse consumidor mais seletivo acaba se refletindo no aumento da produção de produtos orgânicos e com selo de Indicação Geográfica. “Um quarto dos produtores de cafés especiais tem selo de IG e outros 10% já estão produzindo cafés orgânicos. A tendência é que haja um incremento desses fatores pois há um mercado consumidor mundial ávido por produtos diferenciados”, pontua Carlos Melles.

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