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40 Anos da Familiaris Consortio

Família e Sociedade

O futuro da humanidade passa pela família

Desde que o ser humano surgiu sobre a terra, a sua unidade primordial de sociabilidade foi a família e isso persiste até os dias de hoje. O modelo familiar foi a base para as primeiras organizações sociais. Podemos ver isso no Antigo Testamento, quando o sistema tribal era organizado por casas, que reuniam os descendentes de diversas gerações de um mesmo tronco familiar e nessas casas se organizava a vida social, política, econômica, cultural e religiosa. Vemos também que o modelo social é resultado da compreensão de modelos familiares como, por exemplo: da família patriarcal, temos uma sociedade patriarcal. Na família, o ser humano realiza as suas primeiras experiências de relações interpessoais, inicialmente determinadas pelo instinto e pela natureza, evoluindo para formas cada vez mais complexas e elaboradas, que encontram a sua origem no início da adolescência e alargam cada vez mais o horizonte das relações humanas, o desempenho de papéis e funções e o desenvolvimento de projetos em muitos níveis. Com isso, a vida familiar se mostra como uma experiência de comunhão e participação que a transcende e pode até chegar a ser a causa de uma experiência de transformação social que vai da rebeldia à revolução. A partir desses elementos, vemos a importância da família em relação ao mundo moderno, principalmente no que diz respeito à vida social, política, econômica, cultural e religiosa. Assim, a família interfere na organização e nas formas de participação na comunidade e na sociedade, contribui para a busca do bem comum através das relações de poder, produz e estabelece formas de distribuição dos bens econômicos, ajuda a construir valores e costumes e influencia nos modos de compreensão e vivência da fé. Esta relação é de mão dupla, pois a sociedade também interfere na vida familiar e tem a obrigação de promover seus valores como a unidade, a indissolubilidade, a comunhão e a promoção da vida. A vida familiar é um grande dom de Deus para a humanidade, pois através dos seus valores, contribui para que a complexidade da vida moderna não elimine do seu seio os verdadeiros valores que inibem a construção de uma sociedade desumana, sem alma, presa apenas na tecnologia e no cientificismo, que fazem com que a vida seja uma coisa mecânica, sem sentido, que traz realização econômica e social, mas não traz realização humana, felicidade, graça e transcendência. A Igreja precisa contribuir para que tenhamos um modelo de humanidade que valorize as pessoas e busque a sua realização. Esse modelo de humanidade deve contribuir para o surgimento de uma nova ordem internacional, marcada pela concórdia, pelo amor, pela justiça, pela fraternidade, pela superação da miséria, da fome, da violência e da guerra, e esse modelo de humanidade só vai começar a surgir quando esses valores estiverem presentes nas famílias. Pe. José Adalberto Vanzella

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