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Epifania
A Epifania do Senhor na jornada vivida pelos magos é semelhante a que todos nós experimentamos, pois somos seres em saída, em busca contínua, e quem busca não permanece prostrado, estagnado, mas sai de sua acomodada segurança, expondo-se aos riscos do caminho que desconhece. Não eram apenas reis, mas reis magos, ou seja, sábios que investigavam os céus para entender melhor o que se passava na Terra. Porque estavam buscando, descobriram, encontraram. Observe que os que estavam longe é que descobriram, vieram ao encontro, enquanto que aqueles que estavam próximos do Menino não souberam “ouvir e ver os sinais dos tempos”. Para descobrir a presença de Deus, o único meio definitivo é a atitude. Ao descobrir algo surpreendente, puseram-se a caminho. Não sabiam como, mas arriscaram. O fato é inesperado e surpreendente. Deus, escondido na fragilidade humana de uma criança, não é encontrado pelos que são o poder ou líderes religiosos, mas se revela àqueles que, guiados pela estrela, buscam a esperança na ternura e na humilde simplicidade da vida. A sabedoria moveu os magos a que deixassem de olhar para a Estrela; mas que olhassem para o lugar, para onde ela apontava. Pois é na simplicidade, fragilidade e pobreza de uma criança que resplandece a luz de Deus. Ao chegar ao lugar indicado, veem somente o “menino com sua mãe”. Nada mais. Uma criança despojada de bens, pobre, humilde, indefesa, uma vida frágil que necessita dos cuidados de uma jovem menina/mãe. Este encontro é suficiente para despertar, tanto nos magos como nos pais José e Maria, o assombro, pelo inusitado. E o que veem nesse Menino é tão profundo que caem prostrados, tiram seus tesouros, doam os seus bens na feliz descoberta, em meio a vacas, jumentos e palha, de um Deus-Menino, escondido na fragilidade humana. Abrem seus cofres e oferecem seus presentes num desapego e desprendimento de seus tesouros, sendo a mão da Providência divina ao próprio Menino-Deus. E isso só é possível quando compreendemos que aquilo a que nos havíamos apegado se esvazia diante da verdadeira sabedoria em Deus. O Menino Jesus é coração aberto em Belém para todos os que dele se aproximam. Não é rei que impõe seu direito e poder, mas uma criança frágil necessitada, nos braços de sua jovem menina/mãe. Não é sacerdote que controla a sacralidade divina do tabernáculo no templo, mas menino ameaçado que se faz imigrante, assumindo assim a história de todos os excluídos.
Frei Tiago Malta SCE Setor Juruti – Região Norte III Prov. Norte