Ensino Magazine nº 165

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Novembro 2011 Director Fundador João Ruivo Director João Carrega Publicação Mensal Ano XIV K No165 Distribuição Gratuita

suplemento ccvfloresta Autorizado a circular em invólucro fechado de plástico. Autorização n.º DE03052011SNC/GSCCS

Pedro Loureiro H

Entrevista a lobo antunes

Regressar a Angola com Comissão das Lágrimas

www.ensino.eu Assinatura anual: 15 euros

fernando pádua, cardiologista

A máquina não pode parar Luta há mais de 50 anos contra a hipertensão arterial, pela prevenção das doenças cardiovasculares e o apoio à promoção da Saúde. Conhecido como «o homem do coração», em entrevista ao Ensino Magazine deixou conselhos de grande utilidade para novos e velhos, para poupar dinheiro e vidas.

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David Justino defende sistema único C

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Manchester estuda raia portuguesa

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Cabaret Fortuna com amor e coisas parvas

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politécnico

IP Guarda cria empresa Spin-off

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Ensino jovem

Direitos Reservados H pub

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Fernando Pádua, em entrevista

O senhor coração 6 Luta há mais de 50 anos contra a hipertensão arterial, pela prevenção das doenças cardiovasculares e o apoio à promoção da Saúde. Conhecido como «o homem do coração», em entrevista ao Ensino Magazine deixou conselhos de grande utilidade para novos e velhos, para poupar dinheiro e vidas. Afinal, diz o médico, «nós somos aquilo que bebemos e comemos». Os mais novos não se lembram, mas teve um programa que se chamava «O seu motor», com o José Manuel Tudela, onde dava conselhos à população, quando o País tinha níveis de iliteracia altos e se situava na cauda em termos de cuidados de saúde. Sentese, de alguma forma, um precursor? Ter um médico a falar aos portugueses no único

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canal de televisão que existia foi uma grande novidade, visto que estávamos em 1972. Esse programa era visto por cerca de 1 milhão de telespectadores. Durante meia hora eram dadas lições e conselhos básicos ao nível da prevenção de doenças através de uma linguagem acessível. Comparavase o colesterol com o óleo do carro, o Castrol, a tensão arterial com a tensão dos pneus do carro, e o sedentarismo a um carro parado, que enferruja, necessitando de fazer uma rodagem regular. Pessoas de norte a sul, muitas delas que não tinham um médico na sua aldeia, juntavam-se diante de um televisor, os que o tinham, para ver e ouvir o programa. De lá para cá, o Portugal evoluiu muito nos índices estatísticos, mas há ainda muito trabalho e sensibilização pela frente. Ficou conhecido como

«o homem do coração» (que chegou a ser título de um livro) e pelas suas lutas anti-tabágicas. O seu lema é prevenir hoje, para não remediar amanhã. É fácil introduzir os valores da profilaxia junto do povo português, reconhecidamente avesso a mudar hábitos enraizados? A natureza humana é toda ela resistente à mudança. Não são só os portugueses. A minha luta junto da população tem sido pela medicina preventiva, nomeadamente na minha faceta de cidadão, que também o sou, mesmo antes de ser cardiologista. Tenho constatado que as pessoas adoecem, em grande medida, por desconhecimento e por incorrerem em erros que seriam relativamente fáceis de evitar. Veja o caso das doenças silenciosas que só se manifestam quando a enfermidade já atingiu um ;


estádio muito avançado. Tive um professor que dizia que em Portugal tudo começa na instrução primária. O mesmo é dizer, as doenças também. Actualmente, os miúdos começam a fumar pelos 11 anos e quando chegam a adultos gastam rios de dinheiro para se desabituarem do tabaco, recorrendo a técnicas várias, como o hipnotismo, a acupuntura, a psiquiatria e agora já temos o cigarro electrónico. Já para não falar do aumento do consumo de álcool, especialmente nas jovens do sexo feminino. É um erro crasso, faz mal e muitas vezes acaba por matar ao volante.

memos e que bebemos. E vamos sempre a tempo de educar para a saúde. Os mais hábitos ganham-se, mas também se perdem. Os portugueses reclamam que lhes falta informação. Existem campanhas de prevenção no terreno ou em preparação? A Fundação Portuguesa de Cardiologia está a tomar conta da vila de Almodôvar, no Alentejo, em termos de promoção de saúde e prevenção dos bons hábitos nas crianças, nos adultos e nos idosos. Talvez por ser um meio pequeno, a nossa grande ajuda para passar a mensagem está a ser o papel desempenhado pelos professores que estão a promover rastreios às crianças. Os testes concluíram que 30 por cento de crianças têm defeitos de visão e 40 por cento têm problemas de audição. Andamos a batalhar contra o insucesso escolar, mas as causas do fracasso começam nestes indicadores. Há muito trabalho pela frente, mas estou apostado em fazer de Almodôvar o concelho mais saudável de Portugal.

É preciso sensibilizar a população para as vantagens de uma vida saudável? Especialmente os mais jovens. É neles onde tudo começa e os hábitos também se começam a sedimentar. Fazer desporto ou um passeio diário a pé é fundamental. Contudo, há um aspecto que eu gostaria de enfatizar. Podia-se pensar que tinham sido os médicos, mas afinal foram as companhias seguradoras que descobriram que as causas das doenças residiam nos riscos, como a tensão alta, peso excessivo, o stress, etc. Nos anos 30, as seguradoras concluíram que era maior o risco de fazer o seguro de vida de uma pessoa gorda, do que de uma magra. Pela estatística, o mais gordo morria mais cedo, logo tinham de pagar mais. Em meados dos anos 50, logo depois de eu sair da faculdade, surgiu o problema do tabaco, associado ao cancro do pulmão. Hoje sabemos que é das maiores tragédias da Humanidade porque é a principal causa de morte do mundo dito civilizado.

Experiências como estas podem multiplicar-se de forma espontânea noutros recantos de Portugal? Seria muito bom. Recentemente fui passar uns dias às Termas das Caldas da Felgueira, na zona de Viseu e um café da zona divulgou junto da população que eu iria fazer um passeio a pé durante a noite. Sabe quantas pessoas compareceram? 120. Fiquei espantado. As pessoas são capazes de mudar comportamentos se forem mobilizadas e se lhes for explicado que precisam de fazer diferente.

A hipertensão continua a ser um «calcanhar de Aquiles» na saúde dos portugueses? A habituação ao sal começa em bebé quando a mãe dá a sopinha com sal porque o bebé berra já que a comida lhe sabe mal. A prevalência do sal na nossa gastronomia tem razões históricas e culturais. O sal era a riqueza de séculos passados, e era o frigorífico e o conservador de alimentos. Os romanos recebiam muitas vezes o seu salário convertido numa dose de sal para ajudar em casa a conservar durante mais tempo a carne ou o peixe. Portugal foi o primeiro país do mundo ocidental a ter uma lei que impõe limites ao teor de sal no pão. Produzir e vender pão com mais de 1,4 gramas de sal (por 100 gramas de produto final ou 0,55 gramas de sódio) passa a poder ser punido com coimas até cinco mil euros. Foi uma medida positiva? Foi um bom princípio e mais um marco de evolução atingido. Contudo, o ideal para a saúde era que comêssemos menos de 5 gramas de sal por dia. O “nosso” alentejano ao comer 1 quilo de pão por dia come 3 vezes mais o sal que devia ingerir só com o pão. Isto sem contar com

Que papel deve desempenhar o Ministério da Saúde num contexto de carestia financeira?

o sal que está contido na restante alimentação. O enfoque da sua prevenção tem recaído na faixa etária sub-20. Como convencer os jovens a deixarem de comer fast food?

As cadeias de fast food estão a fazer um grande esforço para alterar a ideia feita que só vendem comida nociva para a saúde, como por exemplo a McDonald’s, passe a publicidade…

Não se muda de hábitos de um dia para o outro. É um processo lento, que até a própria indústria alimentar pode ajudar, mas o protagonismo para operar a mudança devia ser dos pais e não é. Deviam sensibilizar os filhos, mas o que acontece é que são os primeiros a fomentar a asneira. Os encarregados de educação demitiram-se deste papel e quem tem verdadeiramente a saúde das crianças na mão são os professores. Lamentavelmente retiraram-lhes o ensino de uma disciplina fundamental neste domínio, a Biologia, e em muitas escolas os ginásios disponíveis não apresentam condições mínimas para a prática desportiva. Em muitos casos, chove lá dentro.

Em Inglaterra, ao lado dos restaurantes da McDonald’s já há empresas a venderem sandwiches saudáveis. O próprio McDonald’s tem-se adaptado às novas tendências, com produtos bem mais adequados a uma saúde equilibrada. Eu tenho uma mnemónica interessante para os mais jovens e que se baseia no «A, E, I, O, U». Assim, o «A» é de alimentação saudável, o E de exercício, o «I» a inibição de fumar, o «O» de «omissão do sal» e o «U» significa «Uma consulta anualmente». Estas etapas são cruciais para evitar as doenças da civilização que não são evitáveis num grau avançado. É preciso que as pessoas se consciencializem que somos aquilo que co-

Seria bom que tivéssemos um genuíno Ministério da Saúde, porque o que temos tido em Portugal é o Ministério da Doença. Só estão preocupados em tratar das enfermidades. Já estive reunido com o actual ministro, Paulo Macedo, e o grande problema é que não há dinheiro. Os cortes são inevitáveis. Os cortes no sistema nacional de saúde vão trazer riscos acrescidos na eficiência do serviço prestado aos utentes? A resposta é: «Elementar, meu caro Watson». Por mais que se diga o contrário, não se pode contrariar uma evidência. Subir impostos nos ginásios não é uma medida pouco amiga da saúde da população? Não é uma medida que incentive o exercício, mas deixe que lhe reforce a minha ;

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distribuição dos médicos de família. Se a pessoa tivesse direito a escolher o seu clínico haveria uma selecção natural que fazia com que todos os médicos tivessem trabalho. O conselho que dou aos utentes é que se agarrem a um médico que confiem como se fosse um tesouro. O médico é o melhor remédio que os doentes têm.

ideia que o melhor exercício que existe é passear a pé. E isso é gratuito. Temos um slogan que é «atenção à tensão, pare de fumar e vá passear». Pondo em prática integralmente esta mensagem, metade da saúde está garantida. Se a componente preventiva da saúde tivesse sido seguida há mais tempo teríamos poupado dinheiro e vidas?

Concorda com o recrutamento de médicos estrangeiros para os nossos hospitais?

Em 1972 comecei a minha luta pública contra a tensão em todos os sítios por onde passava, na rua, nos transportes, na televisão, nos corredores dos hospitais, etc. Acusaram-se de causar alarme social, mas o que acontece é que no espaço de uma década morreram menos 9 mil portugueses por ano de hipertensão. Já viu o sofrimento humano que se evitou e o dinheiro que foi poupado aos cofres do Estado?

Acredito que a livre circulação de médicos por toda a Europa é benéfica. Não concordo é que se chamem médicos de fora quando cá temos muitos clínicos no desemprego e outros que se reformaram porque estavam desmotivados. Se são precisos mais médicos, precisamos mais faculdades e vice-versa. Não podemos é formar só por formar. É como deixar os pacientes em macas nos corredores dos hospitais à espera que se lembrem deles.

Diz que a economia em saúde tem sido sempre esquecida. Porquê? Respondo-lhe com um exemplo: Na década de 80, conseguimos convencer o ministro da Saúde, Maldonado Gonelha, que era importante criar um instituto de cardiologia preventiva, em Portugal. Ele gostou da ideia, mas preferiu chamar uma equipa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliar a situação concreta do nosso País. O parecer foi esclarecedor e houve luz verde para avançar. No dia da inauguração disseram-me que o instituto ia ser, para além da cardiologia preventiva, também de prevenção da saúde, com especial enfoque para o problema das doenças crónicas não transmissíveis. Como outros distritos recusaram, muito por causa de guerra entre os ministérios da Saúde e da Educação, o programapiloto CINDIM esteve 15 anos, apenas em Setúbal, como zona de demonstração. Estou certo que se perdeu uma boa hipótese para alargar este projecto a todo o País – E tão necessário que era. As doenças oncológicas têm registado um aumento exponencial nos últimos anos. Como explica? Primeiro que tudo, as doenças do foro oncológico têm muitos pontos de contacto com as doenças cardíacas. O tabaco é um dos principais causadores do cancro, bem Publicidade

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como uma deficiente alimentação. Comer mais vegetais combate o cancro dos intestinos e colo-rectais. Se se usasse toda a prevenção cardiovascular em termos de doenças crónicas evitávamos 80 por cento dos internamentos hospitalares. Estou certo que teríamos infraestruturas hospitalares em excesso para a procura. Nas próximas eleições, com ou sem troika, virá um governo que se puder vai construir mais hospitais, em vez de apostar na medicina pre-

ventiva. É confrangedor ver que há milhares de portugueses sem médicos de família. O médico de proximidade é o clínico mais importante na medicina. Como justifica esta carência de meios humanos? É um problema de gestão? Considero que existe um problema na

CARA DA NOTÍCIA 6 As eternas recordações de Harvard Fernando Pádua (Faro, 1927) recebe-nos no seu consultório de sempre no centro de Lisboa, nas Picoas. É um dos cardiologistas mais afamados do País. Os 84 anos de vida não o impedem de ter uma vida profissionalmente intensa, com múltiplas ocupações e solicitações. A média de 19,4 valores com que terminou o seu curso de medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa (FML), deu-lhe a possibilidade de ter uma bolsa de estudo. A graduação em cardiologia na Universidade de Harvard, em Boston, marcou-o para sempre. Ainda hoje fala com saudade dos tempos que passou em Massaschussets e de tudo o que lá aprendeu. Até o hábito de usar o lacinho veio dos Estados Unidos. Convidaram-no para ficar por terras do «Tio Sam», mas optou por regressar ao País que o viu nascer. Doutorou-se em medicina e cirurgia. Aos 38 anos já era catedrático pela FML. Fundou e presidiu à Fundação Portuguesa de Cardiologia. Nos tempos livres da Fundação que tem o seu nome, do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva e do consultório, onde só não vai às quartas-feiras, Pádua ainda reserva tempo para organizar a sua colecção de selos de quase todos os países do mundo. No meio deste turbilhão, ainda lhe resta espaço para a escrita. Em setembro, a Âncora Editora lançou o livro «Conversas no meu consultório», onde o médico responde a questões dos seus pacientes sobre temas que lhe são caros. Distinções são às dezenas. Destaque para a que recebeu já este ano quando foi agraciado com o «Prémio Gulbenkian – Educação», um dos mais prestigiados que a fundação atribui. K

O recurso às novas tecnologias leva a que muitos médicos se limitem a debitar os sintomas do doente que têm em frente para um computador, que depois indica a medição recomendada. Como médico muito experimentado que é, como vê este sinal dos tempos? A ligação médico-doente tem vindo a perder-se com a introdução das novas tecnologias, primeiro com o computador, agora, mais recentemente, com a receita electrónica. É um sinal dos tempos, mas acaba por ser compreensível que quando o médico tem duas dezenas de pacientes na sala de espera não pode perder meia hora a ouvir todos os doentes. Os papéis desapareceram e o reflexo é alguma desumanização no relacionamento entre médico e doente. Faz confusão, nomeadamente a algumas pessoas mais idosas que precisam de mais atenção para os seus problemas. Imagine como é que esta gente vai fixar os nomes da vasta gama de genéricos que temos. Só para o colesterol e a tensão há mais de meia centena de remédios diferentes, para o mesmo fim. Só muda a cor, a forma dos comprimidos e os enganos são frequentes. K Nuno Dias da Silva _   

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Após vencer concurso de empreendedorismo

Avemus Praxis nome de código T Entrar na universidade é quase sempre sinónimo de ser praxado, mas aceitar este costume adoptado pelos estudantes fica ao critério de cada um, pois pode escolher-se ser praxado ou não. Mesmo quando se quer ser praxado, deve-se ter em conta o código de praxe de cada academia. O balanço da praxe este ano é positivo e as actividades realizaram-se sem grandes conturbações. Pedro Guimarães afirma “tal como nos anos anteriores a praxe dos caloiros este ano correu bem, com o habitual espírito de integração e com um grande espírito de entrega, caracterizados também pela realização de eventos de cariz social, realizados por caloiros em Praxe, durante o dia da cidade, como o acompanhamento de pessoas de idade no Lar de S. José e um peditório efectuado para apoiar alunos carenciados”. K

Santos Pereira é novo diretor do Museu T António dos Santos Pereira, catedrático do Departamento de Letras, é o novo director do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, tendo sido nomeado pelo reitor, João Queiroz, para dar continuidade ao projecto. Esta estrutura que está inserida no seio da academia foi dirigida, desde 1989, por Elisa Pinheiro. “Precisávamos de uma pessoa que tivesse alguma formação na área e que fosse um investigador e entusiasta desta linha de conhecimento”, refere João Queiroz, para quem a nomeação daquele académico para a direção do museu “foi a escolha acertada, é uma pessoa muito ligada à história, é docente do Depar-

tamento de Letras, catedrático da nossa universidade e é uma pessoa com prestígio e capacidade científica suficientes para continuar este trabalho. Tem também capacidade de liderança e de intervenção na parte pedagógica, que nos dá garantias de que este vai continuar a ser um projecto âncora da UBI”. K

DESIGNA’11 adiada na Covilhã T A conferência de investigação em design, promovida pelo Departamento de Comunicação e Artes da Universidade da Beira Interior foi adiada para 25 e 26 de Novembro e já está confirmada a presença de conceituados investigadores desta área. O evento configura uma oportunidade de reflectir sobre a vastidão dos problemas conceptuais e operativos colocados pelo design, considerado como processo de projecto ou enquanto um produto que acentua a dialéctica do concreto. Estão abertas as inscrições para todos os interessados em participar no evento. K

Prémio Anacom para a UBI T O júri do Prémio de investigação ANACOM URSI Portugal 2011 decidiu atribuir , uma Menção Honrosa a Fernando Velez, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior, pelo seu trabalho “Fixed WIMAX Profit Maximisation with Energy Saving Through Relay Sleep Modes and Cell Zooming”. O anúncio foi relizado no 5.º Congresso do Comité Português da URSI - União Radiocientífica Internacional, na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa, a 11 de Novembro de 2011. K

Redes de incubação na UBI T Redes de incubação e clusters de empresas na Beira Interior é o tema de uma conferência que vai ser levada a efeito pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (Sedes), com a colaboração da Universidade da Beira Interior e o alto patrocínio da Presidência da República. A iniciativa, integrada na Semana Global do Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Week 2011) vai ter lugar no Anfiteatro I (Parada), Polo I, no dia 23 de Novembro, a partir das 14h30. K

UBI brilha em Silicon Valley 6 A start-up Educed, formada por alunos do grupo de investigação Release, da Universidade da Beira Interior, ganhou o concurso de empreendedorismo da Global Strategic Innovation. Além da empresa Educed, foi também apurada a empresa Around Knowledge. As duas vencedoras vão ser integradas na maior incubadora de Silicon Valley para um programa de aceleração de três meses. A incubadora PPTC alberga o pavilhão português Innovative Portugal, onde estão outras empresas portuguesas no âmbito do programa GSI Accelerators. Os dois vencedores da competição GSI Accelerators Start Up Challenge, lançado pela portuguesa Leadership Business Consulting (LBC), com o apoio do Banco Espíri-

to Santo e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, foram anunciados a 14 de Novembro, em Silicon Valley, na presença do Presidente da República, marcando o início da Semana Global do Empreendedorismo. Com o programa GSI Accelerators, “as empresas podem melhorar os seus modelos de negócio, acederem a financiamento e a uma rede de especialistas e decisores para melhor competirem à escala global, com o apoio da mais reputada aceleradora de negócios dos Estados Unidos, o Plug and Play Tech Center”, de acordo com o Managing Partner da LBC, Carlos Oliveira. O projecto PROVA, da empresa Educed é a ferramenta que, con-

juntamente com os serviços altamente especializados da Educed, promete tornar o desenvolvimento de sistemas críticos, mais seguro, fiável e claro. Grandes empresas mundiais já estão a analisar a solução da Educed. BIPS, da empresa Around Knowledge, é uma ferramenta que permite o saber em tempo real a localização de pessoas, independentemente das condições atmosféricas ou do espaço onde se encontram, de maneira eficiente, fiável e respeitando a privacidade de cada um. Baseado em tecnologias de baixo custo, o BIPS constitui uma oportunidade para a melhoria de performance em áreas como o retalho, controlo de tráfego e segurança, entre outras. K

Com apoio de Augusto Mateus

UBI rumo a 2020 6 A Universidade da Beira Interior já conhece a base de trabalho que vai permitir definir as linhas mestras do Plano Estratégico 2020, um plano orientador para ser colocado em prática nos próximos anos. Augusto Mateus, antigo ministro da Economia, Indústria, Comércio e Turismo, dirige a equipa de consultores especializados que vão dar apoio à conceção do documento. Augusto Mateus diz que, segundo aquilo que já foi apurado, “a área de ação da Beira Interior é a que mais destaque ganha com a maior parte dos alunos a virem da Covilhã, Castelo Branco, Fundão e Guarda. Para o antigo ministro, “as universidades, no futuro, serão menos estáticas e têm de refazer a sua oferta para que esta seja compreendida num sistema de aprendizagem ao longo da vida. Este plano não se faz a partir do presente, mas sim onde temos de chegar no futuro. Palavras-chave têm de ser ensino, investigação e prestações de serviço. Promover novas dinâmicas na academia para que a oferta se centre nas ciências da vida, nas ciências exatas ou natureza e nas ciências da sociedade”. Três áreas de atuação que “podem e devem ter formação cruzada”: as Artes, Engenharias e Saúde são as áreas de maior de-

sempenho na academia. Aprofundar a investigação, conferir uma maior articulação com a região de proximidade, responder às necessidades de educação, reforçar o âmbito nacional e internacional, são as bases de trabalho para os próximos tempos. O reitor da UBI, João Queiroz mostra-se empenhado em trazer para o seio de toda a academia, a discussão do conteúdo e da forma do documento orientador da UBI. Daí que a apresentação que decorreu no Anfiteatro das Sessões Solenes tenham marcado o início de “um vasto trabalho que irá conter a reunião de vários pensamentos e de várias

pessoas que vamos querer que contribuam para a estratégia da universidade para os próximos dez anos”. Para além dos membros da academia, alunos, docentes e funcionários, a reitoria vai ouvir responsáveis autárquicos, associações empresariais e culturais e muitas outras entidades da região. Um ponto de importância acrescida uma vez que uma das áreas assinaladas pelo documento diagnóstico refere a importância da relação da instituição com a comunidade envolvente. K Eduardo Alves _ Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

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Sustentabilidade urbana

Guia de Portugal em Braga

Ex-alunos do Minho criam

Aplicação para crianças 6 Designa-se My Magic Sounds e é uma aplicação que leva os pais a interagirem com os filhos nos seus equipamentos móveis pessoais. Nas aplicações com conteúdos de música, esta diferencia-se das restantes por ter sido criada especificamente para crianças. A ideia foi concebida na iMobileMagic, uma empresa de Braga com sete colaboradores, todos licenciados pela Universidade do Minho. “My Magic Songs” oferece uma experiência personalizada e divertida para os mais novos. Toca canções personalizadas, que incluem

o nome da criança que o utiliza, e disponibiliza jogos em que as próprias crianças são protagonistas. A aplicação também se lembra do aniversário do utilizador e até o lembra das refeições. Permite inclusive que se oiçam músicas para todas as ocasiões sazonais, profissões, meio ambiente, praia, Natal entre outras. O dispositivo inclui mais de 13.000 nomes diferentes em português, inglês, italiano, castelhano e, em breve, terá mais línguas. Está disponível para as plataformas iPhone, iPad, iPod Touch e muito

brevemente chega à Android. A aplicação para crianças pode ser descarregada gratuitamente pelos pais através dos seus equipamentos pessoais e inclui uma música personalizada gratuita. Depois há canções adicionais, juntamente com atividades interativas, que podem ser adquiridas através de compras integradas (in app purchases). O “My Magic Sounds” já tem 70.000 downloads realizados em todo o mundo desde julho. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

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Integração social

Coimbra estuda autismo 6 Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra acaba de desenvolver um conjunto de ambientes virtuais dinâmicos para estimular o desenvolvimento social de crianças com autismo e auxiliar os médicos na avaliação clínica e monitorização da reabilitação. A plataforma tecnológica, que engloba um jogo de computador, um capacete de realidade virtual ou óculos 3D e sensores de EEG (medidor de atividade cerebral), regista o comportamento de crianças durante o jogo e envia informação para um módulo Online. Espera-se que venha a permitir aos clínicos não só efetuar o diagnóstico e prescrever a terapia mais adequada, como monitorizar o doente à distância e registar a sua evolução. De uma forma simples, explica o investigador Marco Simões, “considerando que uma das grandes limitações dos sujeitos com autismo é a capacidade de interação social, o objetivo é que a criança possa, no conforto do lar e num ambiente que não lhe é hostil, realizar os exercícios e remotamente fornecer

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6 Uma equipa do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho está a preparar um sistema de certificação da sustentabilidade urbana em Portugal, após já o ter feito ao nível do edifício. A avaliação das áreas citadinas incidirá entre o valor “excelente” e “insustentável”, segundo parâmetros como a proximidade a serviços, a coerência urbanística e o respeito ambiental, revelam os docentes Luis Bragança e Ricardo Mateus. É preciso gastar um litro de gasolina para ir comprar um litro de leite em Lisboa? Que potencial energético gratuito é desperdi-

informação para o clínico que o acompanha”. A grande novidade desta investigação é a utilização da realidade virtual como ferramenta de treino de competências sociais no autismo, acompanhada com monitorização neuro-fisiológica: «no jogo a criança interage com pessoas virtuais para, no futuro, interagir com pessoas reais. O estudo, orientado pelos docentes Paulo Carvalho, da Facul-

dade de Ciências e Tecnologia, e Miguel Castelo Branco, da Faculdade de Medicina, conta na sua validação com o apoio técnico da Unidade de Neurodesenvolvimento e Autismo do Hospital Pediátrico de Coimbra (coordenada por Guiomar Oliveira) e da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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çado com a má orientação solar de um loteamento em Gaia? Qual é o impacto socioeconómico de construir sobre linhas de água na Madeira, se numa cheia o esforço de anos pode vir a ser destruído? Estas são alguns casos elencados no guia que está a ser elaborado no Laboratório de Física e Tecnologia das Construções (LFTC) da UMinho, em Guimarães. “Deixámos de analisar apenas o edifício e passámos a integrá-lo nos problemas do seu ambiente urbano. Esperamos concluir esta ferramenta complexa em dois anos”, admite Luis Bragança. K


Universidade de Évora

Balsemão em Aula Aberta 6 O ex-primeiro ministro Francisco Pinto Balsemão é a primeira personalidade convidada da iniciativa “Gestão Aulas Abertas”, no próximo dia 2 de Dezembro, pelas 15horas, na Universidade de Évora. As aulas abertas à Universidade e à sociedade incluem a participação de empresários e gestores convidados a apresentar testemunho do seu caso, da sua formação, das alternativas de percurso profissional e das suas opções, dos principais sucessos e fracassos com que tiveram de lidar, da sua experiência e da sua evolução. A realização das Aulas Abertas será enquadrada no âmbito da leccionação da unidade curricular de Introdução à Gestão do primeiro semestre lectivo desse curso.

Assim, desde o início do curso, os alunos são sensibilizados para a importância dos temas e conceitos leccionados através da sua aplicação prática. A título de exemplo, a noção do ambiente que envolve a organização e o gestor é aplicada e realçada pela forma como influenciou o percurso de cada convidado, demonstrando a utilidade de adoptar um espírito e um comportamento de iniciativa e de pró-actividade pela experiência prática de cada personalidade convidada A iniciativa visa ainda dar a conhecer exemplos, perfis e factores determinantes de sucesso da gestão e dos gestores e do seu contributo para a universidade, para o conhecimento prático e para a sua transferência para a sociedade. K

Aveiro debate floresta

I&D em engenharia do ambiente e biotecnologia, quer criar uma rede mundial de spin-offs. O crescimento da empresa levou à criação de estruturas específicas nos Açores e no Chile, que deverão ser respectivamente a primeira spinoff da Universidade dos Açores e da Pontifícia Universidad Católica de Valparaíso (esta será mesmo pioneira neste país). Perspectivase que o grupo se possa expandir para Moçambique, Angola, Cabo Verde, China, Japão ou Vietname, diz o diretor executivo Sérgio Costa. “Temos que saber lidar com o facto de vivermos num mundo vasto e de crescente complexidade. Temos a visão estratégica de integrar cada micromercado potencial numa rede global de spinoffs académicas”, sublinha. K

T O I Encontro da Floresta, que decorre de 25 a 27 de Novembro, na Sala de Actos da Reitoria da Universidade de Aveiro, visa debater a importância, a conservação e a sustentabilidade da Floresta Portuguesa, contando com a presença de especialistas nesta área. É promovido pelo Herbário do Departamento de Biologia da UA, pelo Núcleo de Estudantes de Biologia, e pela associação Aldeia. A organização do I Encontro da Floresta alerta para o importante património natural que a floresta integra e as constantes pressões e ameaças que tem sofrido e que conduzem à sua progressiva degradação e destruição. K

Lisboa debate florestas e clima T Sustentabilidade das Florestas no Contexto das Alterações Climáticas é o tema do seminário organizado pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, a realizar a 25 de Novembro, no Salão Nobre da Academia. Esta iniciativa integra-se no âmbito do Ano Internacional da Floresta, decretado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas. K

Do Minho aos Palop T A Simbiente, spin-off da Universidade do Minho na área de

Prémio literário Aldónio Gomes T A Universidade de Aveiro criou um Prémio Literário com o nome de Aldónio Gomes, insigne pedagogo, grande estudioso e divulgador da língua portuguesa e das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Para além de honrar a memória desta personalidade ímpar, que doou o espólio à Universidade, pretende-se também estimular a criação literária e a revelação de novos autores. As obras poderão ser enviadas até 31 de Janeiro de 2012. O prémio destina-se a galardoar um inédito de autor português ou de país de língua oficial portuguesa, nas categorias de romance, novela, conto, poesia, teatro ou ensaio, finalidade inspirada pelo percurso de vida de Aldónio Gomes. K

Idanha é exemplo para Europa

Manchester estuda raia 6 Cristina Rodrigues, investigadora do centro de investigação Miriad da Manchester Metropolitan University, está a coordenar um estudo internacional em Idanhaa-Nova, o qual pretende encontrar instrumentos de desenvolvimento para regiões europeias com as características idênticas às do concelho raiano. “O objectivo é criarmos um modelo de desenvolvimento para espaços de desertificação, o qual deve apresentar respostas variadas para melhorar as condições dessas regiões”, justifica. Durante os próximos dois anos a equipa coordenada por Cristina Rodrigues vai investigar o território do concelho de Idanha-a-Nova. O estudo poderia ter sido feito noutras regiões do país, como Alcoutim, no Algarve, mas a escolha recaiu sobre a raia portuguesa na Beira Baixa. “É um dos maiores concelho do país em termos de área geográfica (1400 quilómetros quadrados), o qual será analisado por equipas diferentes ligadas ao turismo e ao paisagismo”, diz. Para Cristina Rodrigues a solução para regiões como Idanha-aNova, “não passa por intervir apenas numa área. Temos que apostar nas várias vertentes, no turismo, na educação ou na agricultura. Quando se investe apenas num sector económico ele não consegue reajustar-

se ao mercado. A única forma disso não acontecer é trabalharmos vários sectores conjugados”. Os primeiros dados já começaram a ser recolhidos e o calendário de investigação aponta para que em Outubro do próximo ano se realize em Idanha-a-Nova um seminário internacional. “Nessa altura serão apresentados os primeiros resultados e será efectuada uma exposição. O volume final do trabalho será entregue à autarquia em 2013, numa iniciativa que integrará também uma exposição das propostas”, diz. A investigadora portuguesa lembra que “a desertificação é um problema que abrange todo o sul da Europa, como Itália, Turquia, Por-

tugal e Espanha. O mesmo sucede com a desertificação dos solos. Por isso torna-se importante gerar um modelo económico sustentável que possa ser transponível para outras áreas”. Armindo Jacinto, vice-presidente da Câmara, mostra-se empenhado em levar a bom porto a investigação que está a ser feita pelo centro de investigação Miriad da Manchester Metropolitan University. No entender daquele responsável, “é importante que o concelho esteja ligado a grandes centros de investigação internacionais, como é o caso do Miriad da Manchester Metropolitan University, da Universidade de Berkeley e do Instituto Politécnico de Castelo Branco”. K

Prémio Secil Universidades

Autónoma vence 6 João Carmo Simões, aluno da Universidade Autónoma de Lisboa, acaba de vencer o prémio Secil Universidades 2010, na sequência da sua proposta urbana de projectos de banhos e piscinas para a zona ribeirinha de Lisboa, cuja orientação ficou a cargo da docente Inês

Lobo. O Prémio Secil Universidades, promovido pela Secil, com o apoio da Ordem dos Arquitectos, foi criado com o objectivo de incentivar a qualidade do trabalho académico e dos jovens profissionais formados nas escolas nacionais de arquitec-

tura e de engenharia civil. O curso de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa junta, assim, uma nova distinção às várias com que tem sido galardoado nos últimos anos confirmando, mais uma vez, o seu nível de excelência e qualidade de ensino. K

Universidade Aberta

Paulo Dias novo reitor 6 O Conselho Geral da Universidade Aberta (UAb) acaba de eleger, por expressiva maioria (63%) dos votos, Paulo Maria Bastos da Silva Dias como reitor da instituição para o mandato 2011-2015. Paulo Dias é doutorado em Educação, na área de conhecimento de Tecnologia Educativa, pela Universidade do Minho, onde exerceu o cargo de Presidente do Instituto de Educação e Psicolo-

gia, a partir de 2006. Coordena o Centro de Competência daquela Universidade, criado no quadro do programa Nónio Séc. XXI, em 1997, e no âmbito do qual organiza a Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, Challenges, cuja primeira edição teve lugar em 1999. O reitor eleito assume quatro compromissos com a Uni-

versidade Aberta, designadamente o de conduzir o desenvolvimento para a afirmação da Aberta como uma organização criativa e inovadora, competitiva e sustentável de Ensino a Distância e e-learning na Sociedade Digital. Visa ainda dialogar com a Comunidade Académica, consolidar a Cooperação e o Desenvolvimento e apostar na Língua e Cultura Portuguesas. K

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Aniversário do Politécnico

IPCB representa 45 milhões 6 O presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), Carlos Maia, considera que o impacto económico da instituição que dirige na região, é de 45 milhões de euros. Isso mesmo referiu durante o 31º aniversário do politécnico, no passado dia 28 de Outubro, na Escola Superior Agrária. Numa cerimónia presidida pelo Secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, o responsável pelo IPCB destacou a importância do politécnico no desenvolvimento e crescimento da cidade. “A comunidade académica do IPCB representa cerca de 20% da população da cidade”, disse. No total o politécnico tem 4566 alunos (3747 nas licenciaturas, 634 em mestrado e 185 em cursos de especialização tecnológica), 340 docentes e 230 funcionários. “É, por isso, fundamental que os responsáveis governamentais reconheçam o papel que o IPCB, com instituição do interior do país, tem desempenhado ao longo dos anos no desenvolvimento da região, mas essencialmente que sejam proporcionadas condições adequadas para que possamos continuar a desempenhar o papel que nos cabe”, justificou Carlos Maia. O presidente do Politécnico

destacou ainda alguns dos eixos estratégicos da instituição, como a qualificação do corpo docente (com programas de apoios a professores, cujo objectivo é a de ter 60 por cento dos docentes doutorados); a aposta no ensino e formação; a investigação (uma das novidades é a criação, em 2012, de um Prémio de Mérito Científico); a internacionalização; e a gestão/governação (área onde já se optimizaram recursos e fusão de serviços). Sobre o contexto actual do en-

sino superior, Carlos Maia destacou a necessidade de se fazerem fortes investimentos na acção social, “eliminando do sistema aqueles que indevidamente têm usufruído dos seus benefícios, de modo a que se possa apoiar aqueles que efectivamente dele necessitam, porque tem vindo a aumentar significativamente o número de alunos com propinas em atraso”. Os cortes orçamentais não foram esquecidos por Carlos Maia. “Os cortes previstos para 2012 vão

impor-nos fortes limitações à realização das nossas actividades. Somos e estamos solidários com as dificuldades que o país atravessa e estamos empenhados no esforço de consolidação orçamental. Mas é bom lembrar que o ensino superior público, e particularmente o ensino politécnico, é um dos poucos sectores da sociedade que não contribuiu para o défice das contas públicas”. Já no que respeita à organização da rede de ensino superior, o presidente do IPCB foi claro: “não

podemos correr o risco de, em nome da contenção orçamental, serem implementadas medidas que poderão responder ao objectivo imediato da redução da despesa, mas não acautelem um dos bem mais preciosos de que dispomos actualmente: o acesso dos cidadãos a qualificação superior”. Este ano foram colocadas a concurso 53 mil e 500 vagas, sendo que só Lisboa, Porto e Coimbra são responsáveis por 52,2% do total dessas vagas (27 mil 931 vagas). “É necessário efectuar uma análise séria e rigorosa, de acordo com o que se pretende para o país, com um objectivo claro: garantir a sustentabilidade do sistema e a coesão de todo o território nacional. Qualquer reorganização, seja da oferta formativa (cursos e vagas) seja da própria rede, ou de ambas, deve abranger os dois subsistemas articuladamente, e garantir a consolidação e o desenvolvimento harmónico de todas as regiões do país. Não é aceitável que se potencie a assimetria que tem existido entre o litoral e o interior”. Já Pedro Veiga, presidente do Conselho Geral do IPCB, defendeu que as “instituições de ensino superior devem ter um papel mais interventivo na investigação”.K

Joaquim Morão, presidente da Câmara

Investimento é necessário 6 O presidente da Câmara de Castelo Branco sublinhou a importância do Instituto Politécnico de Castelo Branco no desenvolvimento e qualificação da região. Em tempo de crise, Joaquim Morão foi muito claro no seu discurso, lembrando que a “a autarquia soube fazer o seu trabalho de casa, preparando Castelo Branco para enfrentar os desafios do país”. Joaquim Morão considera o investimento público fundamental “para estas regiões portuguesas. Sem ele, estas zonas não ganham o futuro. Sem essa alavanca não há condições para termos terras competitivas”. O autarca lembra que “todos os nossos recursos devem ser direccionados para a criação de emprego. Quando se fala em cortes, há que ter cuidado e estar atentos. Nos últimos 14 anos Castelo Branco tem dados provas

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Para construção

Esart aguarda ordem

em todos os níveis. Temos uma gestão rigorosa, organizámo-nos, qualificámo-nos e potenciámos novos empregos. Resistimos aos últimos Sensos aumentando a população. Continuamos a

defender que é preciso investimento público, pois sem essa alavanca teremos enormes dificuldades e o país não pode desperdiçar cidades como Castelo Branco”. K

6 A construção do Bloco Pedagógico da Escola Superior de Artes Aplicadas continua indefinida. Depois do Governo ter adiantado aos responsáveis do Politécnico de que a obra seria colocada no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (Piddac), a questão parece ainda não estar ultrapassada. Pelo menos o Secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, nada disse sobre o assunto durante o aniversário do Politécnico. Recorde-se que a própria autarquia já manifestou interesse em desbloquear a si-

tuação no que respeita à componente nacional do financiamento. Entretanto, da parte dos serviços do Ministério da Educação foram pedidos mais alguns esclarecimentos técnicos sobre a obra. Carlos Maia, presidente do IPCB, assegura que já “foi possível demonstrar, junto do Governo, a pertinência e a importância da escola para o Instituto Politécnico, para a Esart e para a região”. O presidente do IPCB explica que as verbas para a construção da escola só serão canalizadas para o Politécnico para esse efeito e não poderão ser gastas noutra qualquer rubrica K


De 28 de Novembro a 4 de Dezembro

Europa da Robótica na EST

IPCB

Prémios e distinções 6 Como habitualmente o Instituto Politécnico de Castelo Branco aproveitou o seu aniversário para distinguir alguns dos melhores alunos da instituição. Os prémios foram atribuídos por instituições e empresas que se associaram ao Politécnico, casos da Câmara de Castelo Branco, Ensino Magazine (atribuiu duas bolsas de mérito), Junta de Freguesia de Castelo Branco, Danone, Banco Espíri-

to Santo (dois prémios), Delphi, Banco Santander Totta (seis prémios). Foram ainda entregues os prémios do concurso Poliempreende (fase regional), aos projectos My Healthy Life Style (Banco Espírito Santo), Rula Mátic (Caixa Geral de Depósitos) e Fsimtoys (Pedro Agapito Seguros). Os funcionários com 25 anos de serviço receberam também uma medalha comemorativa. K

O Ensino Magazine entregou mais prémios de mérito

Ensino Superior

Secretário pouco diz 6 O Secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, pouco disse sobre o futuro do ensino superior em Portugal. O membro do Governo presidiu às cerimónias do 31º aniversário do Instituto Politécnico de Castelo Branco, mas foi parco em palavras quando encerrou a sessão. “Num momento de crise é

preciso termos um horizonte de esperança. E olha-se para o ensino superior como contribuinte para ultrapassar a crise”, disse. João Queiró considera que é necessário “melhorar a racionalidade no uso dos recursos”. E mais não disse. Muito pouco para o governante que tutela o ensino superior em Portugal. K

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Valdemar Rua ADVOGADO Av. Gen. Humberto Delgado, 70 - 1º Telefone: 272321782 6000 CASTELO BRANCO

6 O IPCB vai participar na Semana Europeia da Robótica (European Robotics Week) que decorrerá de 28 de Novembro a 4 de Dezembro. No âmbito desta iniciativa, por toda a Europa estão previstas acções de divulgação da robótica para o público em geral. O IPCB, através do seu laboratório de robótica, localizado na Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco (ESTCB), integra a iniciativa com diversas acções e convida toda a Comunidade a interagir com robôs, nos dias 28 e 29 de Novembro de 2011. A European Robotics Week é uma semana dedicada à robótica com diversas actividades para o público, desenvolvidas na Europa,

que visa destacar a importância crescente da robótica em diferentes áreas de aplicação. Servirá de inspiração para alunos de todas as idades, no campo da educação tecnológica e para o futuro profissional ligado às STEMs (Science, Technology, Engineering e Mathematics). No IPCB/ESTCB, no dia 28 de Novembro, das 9 às 16 horas, os participantes terão oportunidade de construir pequenos robôs móveis para operações de busca e salvamento, numa acção denominada por Hands-on with mobile robots (Lego NXT Based). Já no dia 29 de Novembro, das 9 às 16h00 decorrem actividades - Hands-on with mobile robots

(Arduino Based)- o em que os intervenientes terão oportunidade de interagir com pequenos robôs móveis para se desviarem de obstáculos ou jogar futebol. Ainda no dia 29 de Novembro, das 14 às 16 horas, haverá exibição de Robótica e Visão (Robots and Vision Exhibition). Nesta acção, os participantes terão oportunidade de ver os robôs do laboratório em exibição: condução autónoma, futebol, etc. Sistemas de visão para aplicações industriais e médicas. A participação nestas actividades é livre devendo, no entanto, os interessados fazer a sua inscrição enviando um email para paulo.goncalves@ipcb.pt K

ESECB

A última aula de Luís Costa 6 Luís Costa, antigo director da Escola Superior de Educação de Castelo Branco e professor coordenador do Politécnico albicastrense, dará a sua última aula no próximo dia 25 de Novembro, no auditório da ESE, pelas 17H30. A prelecção, que marca a entrada na aposentação daquele docente, é aberta a toda a comunidade e abordará o tema “as ideias que nunca vos direi”. Luís Costa revela que irá falar sobre coisas que o preocupam, “da situação de Portugal, do mundo e da vida”. Licenciado em Serviço Social (1977) e em Sociologia (1980),

Luís Costa obteve o grau de mestre em Ciências da Educação em 1985. Fez provas públicas para Professor Coordenador na área da Sociologia da Educação, em 1995, e, em 2006, obteve o Diploma de Estudos Avançados

em Serviço Social. Foi Assistente no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa e no Instituto Universitário da Beira Interior. Desde 1985, a sua carreira profissional foi dedicada à Escola Superior de Educação de Castelo Branco, onde desempenhou inúmeros cargos, como a Coordenação de cursos de mestrado, a Direcção de Departamento e, igualmente, o lugar de Director da ESECB, entre 1997 e 2000. Ainda no quadro das actividades desenvolvidas no Instituto Politécnico de Castelo Branco, foi Presidente do Conselho Científico da ESART entre 2004 e 2006. K

Media racism in sport

Magazine em Bruxelas 6 O editor do Ensino Magazine e docente da Escola Superior de Educação de Castelo Branco, Vitor Tomé, foi um dos dois portugueses convidados pelo Conselho da Europa e pela Comissão Europeia para integrarem o grupo de 45 especialistas de vários países europeus que estiveram na primeira reunião do projecto Media Against Racism in Sport, realizada, de 11 a 14 de Outubro, em Bruxelas. O objectivo deste projecto é permitir que formadores e educadores desenvolvam e tenham acesso a ferramentas pedagógicas e metodológicas para a formação em jornalismo e em Edu-

cação para os Média, de forma que estudantes de jornalismo e jornalistas profissionais possam fazer a cobertura mediática ten-

do em atenção a não discriminação e a expressão da diversidade. “Estive envolvido no grupo relacionado com o desporto e jornalismo desportivo, mas também no grupo dos média. O terceiro grupo tinha como tema a não discriminação. Os recursos propostos serão agora desenvolvidos em reuniões nacionais a realizar em França, Inglaterra, Roménia, Itália e Bélgica, em reuniões de cariz nacional”, refere. Os resultados do projecto serão apresentados numa reunião final, a realizar em Outubro de 2012, em Lisboa. K

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Guarda

Guarda

IPG cria empresa Spin-Off 6 No Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi criada, recentemente, uma empresa spin-off, originada a partir do projeto Magic Key. Recorde-se que o desenvolvimento deste projeto começou em 2005 na Escola Superior de Tecnonologia e Gestão do IPG, como resposta a um desafio concreto de encontrar uma forma eficiente de interação com o computador para pessoas que não poderiam utilizar os membros superiores. Nesse mesmo ano foi produzida a primeira aplicação, designada por MagicKey, a qual deu nome a todo o Projeto. Esta aplicação foi galardoada com o Prémio Eng. Jaime Filipe 2006, instituído pelo Instituto de Segurança Social, o que veio contribuir para o reconhecimento do trabalho desenvolvido bem como facilitar a sua divulgação, aumentando assim a responsabilidade do trabalho que se estava a iniciar; nos anos seguintes muitas outras aplicações foram desenvolvidas, nomeadamente a MagicEye, distinguida, também, com o prémio Eng. Jaime Filipe em 2008. O projeto Magickey tem por base o lema “Estudamos problemas, produzimos soluções”. Com base nas necessidades concretas das pessoas com diversas limitações físicas a equipa procura encontrar soluções que melhorem a sua qualidade de vida. Atualmente estão disponíveis as aplicações MagicEye, MagicKeyBoard, MagicKey, MagicSwitch, MagicWatch, MagicWheelChair, MagicJoystick, MagicPhone. A empresa spin-off agora constituída tem como sócios o responsável pelo projeto e o IPG, estando vocacionada para a conceção e desenvolvimentos de programas informáticos, planeamento e conceção de sistemas que integram equipamento, programas informáticos e tecnologias de comunicação para satisfação de necessidades de clientes específicos. Considerando que constitui missão e objetivo do Instituto Politécnico da Guarda a valorização das atividades de investigação e desenvolvimento, que se podem alcançar através do impulso e apoio a empresas que visem valorizar os resultados da investigação, o Presidente do IPG comentou que a constituição desta empresa “permite dar mais visibilidade ao projeto”, com reconhecido potencial gerador de de-

6 O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) participou na cerimónia da entrega de prémios EDP University Challenge 2011, realizada no Museu da Eletricidade (em Lisboa), no passado dia 3 de novembro. O trabalho desenvolvido por alunos do Mestrado em Marketing e Comunicação foi um dos 26 selecionados pelo júri deste Concurso, de um total de 66 candidaturas a nível nacional. António Almeida, Carlos Jesus, João Carraínho e Sandra Redondo subiram ao palco para a exibição do Plano de Marketing e Comunicação «Desenvolvimento de conceito para promoção da eficiência energética junto do público infantojuvenil». Apresentados por Vanessa Oliveira, representaram o IPG, um dos dois politécnicos escolhidos. Sob orientação da docente Regina Gouveia, criaram um conjunto de ações e suportes adequados a sensibilizar, educar e incentivar

senvolvimento económico e social. Por outro lado, Constantino Reis sublinha que através desta solução é possível “aceder a fundos e programas de incentivo à inovação que o IPG só por si não podia fazer, porque não era elegível”. Acresce, ainda, a criação de emprego, tendo sido já contratadas duas pessoas. Esta recém-criada spin-off tem a sua sede no Politécnico, trabalhando “em articulação e cooperação com o IPG”. O Presidente do Politécnico da Guarda afirmou que a criação desta empresa “é uma decisão inédita na vida deste Instituto. Trata-se de concretizar orientações estratégicas que hoje se consideram fundamentais para o crescimento económico, criando empresas e emprego de base tecnológica.” Refira-se que o termo inglês spin-off é utilizado para descrever uma nova empresa criada com o objetivo, normalmente, de explorar novos produtos ou serviços de bases tecnológica ou inovadora, surgida a partir de ideias ou processos gerados numa outra organização já existente; esta pode ser uma outra empresa, um centro de inves-

tigação (público ou privado) uma instituição de ensino superior, que acolhe a apoia a nova empresa no seu desenvolvimento. De acordo com o regulamento de empresas Spin-Off do IPG, estas por revestir a modalidade de spinoff participadas (que compreendem as sociedades anónimas ou sociedades por quotas em que o IPG participe no capital social) ou Spin-off simples (as quais compreendem as sociedades comerciais nas quais o IPG não detém qualquer participação, ainda que careçam da sua autorização para a utilização da simbologia, o que traduz apoio institucional). Podem ser sócios proponentes de um spin-off do IPG, docentes, investigadores, funcionários, estudantes e outros agentes, desde que exerçam funções neste estabelecimento de ensino superior, que integra a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto; Escola Superior de Tecnologia e Gestão; Escola Superior de Turismo e Hotelaria e Escola Superior de Saúde. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

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Alunos no EDP University Challenge as novas gerações para o uso das energias renováveis e o consumo energético eficiente. A sua estratégia criativa, baseada no conceito «Cresce connosco», visa ainda incrementar a notoriedade positiva da EDP como entidade socialmente responsável. Na sequência do sucesso alcançado pelas quatro edições anteriores, alargadas a Espanha desde 2009, e ao Brasil a partir do ano transato, o EDP University Challenge 2011 teve como mote «EDP e a Eficiência Energética - Plano de Marketing e Comunicação». De referir que se destina aos estudantes do ensino superior, com o objetivo de lhes proporcionar uma oportunidade para aplicarem os seus conhecimentos no desenvolvimento de novos projetos e ideias, nomeadamente, nas áreas da estratégia e do marketing. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

IPG

Docente distinguido no Canadá 6 Um docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda recebeu o prémio de “Best Paper” na conferência internacional de Eurographics Symposium on Sketch-Based Interfaces and Modelling – 2011, realizada em Vancouver, Canadá. José Carlos Miranda foi co-autor (com outros colegas do Porto) do trabalho “ Sketch Express: Facial Expressions Made Easy”. Na sequência da atribuição deste prémio, os autores foram convidados a publicar o trabalho numa conceituada revista da

área, Computer & Graphics. “Ao sermos reconhecidos com o prémio de “Best paper” numa conferência tão específica na nossa área de trabalho como SBIM - ACM é um forte factor de motivação para continuar a trabalhar. Faz-nos pensar que afinal, estamos no caminho certo”, comentou José Carlos Miranda. Este docente do IPG está a desenvolver o seu projeto de doutoramento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _


Prémio lotaçor

Politécnico de Leiria vence 6 Um grupo de alunas da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politécnico de Leiria acaba de vencer o Prémio Anual Universitário Lotaçor 2011, atribuído pela Lotaçor – Serviços de Lotas dos Açores, S.A., com o projecto Medalhões anticancerígenos produzidos a partir de pescado subvalorizado. A escola vê assim reconhecido o trabalho dos seus alunos, no âmbito da investigação de recursos ligados ao mar, pela segunda vez em três anos. As alunas do curso Biologia Marinha e Biotecnologia da ESTM, Adriana Cabecinhas, Joana Silva, Luana Granada e Nádia Sousa vão receber uma bolsa de estudo no valor de seis mil euros, sendo que terão ainda a possibilidade de realizar um estágio na Lotaçor, durante o período de três meses. Maria José Rodrigues, professora orientadora do projecto vencedor, receberá uma bolsa no valor de três mil euros. O Prémio Anual Universitário Lotaçor é um concurso universitário direccionado a estudantes de licenciatura e mestrado. K

Pagamento de propinas em Leiria

Presidente apoia alunos 6 “O importante é que nenhum aluno fique sem estudar por falta de condições financeiras. A afirmação é de Nuno Mangas, presidente do Instituto Politécnico de Leiria, que refere as políticas de apoio aos estudantes para pagamento de propinas, que permitiram, no último ano lectivo, de 2010/2011, reduzir a taxa de incumprimento de 5,04% para 4,02%, com menos 17,7% de estudantes com propinas por regularizar. “O IPL prevê no seu regulamento o pagamento faseado de propinas mas, com o agravamento da crise económica, verificámos que existem grandes dificuldades por parte de alguns estudantes em cumprir o plano estabelecido”, explica Nuno Mangas. “Assim, definimos uma política de apoio proactiva, em que temos uma série de mecanismos que nos permitem alertar os estudantes e, em caso de necessidade, reformular esta forma de pagamento, sempre no sen-

tido de evitar o incumprimento que acarretará maiores custos para o estudante”, acrescenta. Os Serviços Académicos criaram um sistema de alertas por SMS e e-mail, que avisam o estudante da data em que deverão liquidar a próxima prestação, e onde se junta também a referência para pagamento via mul-

tibanco. Nestas mensagens é ainda referida a disponibilidade dos serviços em caso de dificuldades na regularização desse montante. Isabel Paraíso, directora dos Serviços Académicos do IPL, refere que “nestes casos, o aluno pode falar connosco, apresentar-nos a situação e, com a devida justificação, solicitar até

um plano de pagamento alternativo, com prestações adicionais e outros prazos”. O atendimento é sempre personalizado e cada caso é analisado individualmente, de forma a tentar ultrapassar situações de dificuldades. Aqui é especialmente importante a colaboração com os Serviços de Acção Social, que intervêm nas situações mais complicadas em que os estudantes possam necessitar de outro tipo de apoios. Entre os anos lectivos de 2009/2010 e 2010/2011 o número de estudantes cresceu em 3,2%, de 11.783 para 12.161, enquanto o número de estudantes em incumprimento baixou de 594 para 489, o que corresponde a menos 17,7%. Em termos percentuais, as maiores taxas de incumprimento verificam-se nos cursos de especialização tecnológica (CET), com 5,7%, e nos estudantes inscritos nos cursos preparatórios para maiores de 23 anos, com 8,6%. K

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Politécnico de Portalegre

“Sejam bem-vindos ao Politécnico”

Oração de sapiência em Viseu 6 Cerca de cinco centenas dos 1.600 novos alunos que ingressaram este ano letivo no Politécnico de Viseu encheram a Aula Magna do Instituto, no dia 19 de Outubro, na sessão que marcou a abertura oficial do ano lectivo, organizada pela Associação Académica do Instituto Politécnico de Viseu. Este momento de integração no ensino superior possibilita aos estudantes um conhecimento mais aprofundado da sua “nova” casa nos próximos anos. A Palestra de Sapiência foi este ano proferida pelo Presidente do Instituto Politécnico de Viseu, Fernando Sebastião. Satisfeito com a moldura humana presente, exultou o facto referindo que “esta sala cheia é sinal inequívoco de que o IPV está bem vivo e recomenda-se”. Reflectiu depois sobre a história do ensino politécnico no país e da missão que sempre os norteou de “fixar quadros superiores devidamente habilitados no interior do país”, bem como da sua relevância para o desenvolvimento do país. A evolução do número de alunos no ensino superior, de 40.000 na década de 70, para os atuais

cerca de 400.000, marca bem a evolução na formação de quadros superiores para integrarem o nosso setor produtivo, numa altura em que a situação do país e a competitividade da nossa economia são o ponto de ordem da nossa realidade. Para Fernando Sebastião “a competitividade das nossas empresas só é possível se Portugal tiver profissionais devidamente qualificados e preparados para esse desafio”. Na sua perspetiva “para haver desenvolvimento económico é funda-

mental a aposta na qualificação das pessoas. A sua formação é determinante para a modernização do país e para o seu desenvolvimento”. Sobre a instituição, acento tónico na qualificação do seu corpo docente, na ampla e diversificada oferta formativa e na expressiva taxa de empregabilidade dos seus licenciados. K Joaquim Amaral _ João Ferreira H Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

Os estágios na formação dos assistentes

Encontro em Portalegre 6 Os estágios na formação dos assistentes foi o tema do encontro de Serviço Social realizado a 26 de Outubro, no âmbito da Semana da Escola Superior de Educação de Portalegre. Organizado pela direcção do curso de Serviço Social, o encontro teve como objectivo proporcionar o debate sobre os estágios e a supervisão dos futuros profissionais nesta área, pretendendo contribuir para a reflexão e consolidação da formação dos futuros profissionais de Serviço Social. Presente na sessão de abertura do encontro, o director da ESEP, Luís Miguel Cardoso, referiu-se aos estágios curriculares da Escola como sendo um “excelente momento de interacção” com as instituições que recebem os alunos e que “alimentam a vocação da Escola que, ao longo destes 26 anos, tem vindo a ganhar cada vez mais relevância e pertinência junto da comunidade”. Referiu, igualmente, que a área social é uma das preocupações da ESEP como se pode ve-

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rificar na oferta formativa de 1º e 2º Ciclos. O director salientou que uma das preocupações da Escola prende-se com a criação de segundos ciclos, sempre de acordo com os interesses, não só dos exalunos e alunos como também de toda a comunidade. Anunciou que, em breve, a ESEP apresentou uma proposta de criação de

um segundo ciclo em Gerontologia à A3ES. Este mestrado, construído em parceria com Escola Superior de Saúde de Portalegre “será uma área de intervenção que virá consolidar ainda mais o esforço que a Escola tem vindo a fazer, no sentido de interagir com as necessidades da própria comunidade onde estamos inseridos”, referiu o director. K

Dia do Instituto 6 O Dia do Instituto Politécnico de Portalegre celebra-se no dia 25 de Novembro, ficando marcada pela concessão, por parte da instituição, dos primeiros títulos honoríficos de Professor Honoris Causa e de Benemérito. Na sessão são distinguidos com o título de Professor Honoris Causa os professores Luís Soares e Pedro Lynce de Faria. Ao Comendador Rui Nabeiro será concedido o título honorífico de Benemérito do IPP. Serão ainda entregues as Bolsas de Estudo por Mérito, os Prémios aos Melhores Alunos do

Primeiro Ano, patrocinados pelo Ensino Magazine, Caixa Geral de Depósitos, e aos Melhores Alunos Diplomados, bom como os prémios Delta Cafés, Câmara Municipal de Portalegre, Cidade de Elvas, Ravagnani Dental Portugal e Dr. Francisco Tomatas. Está prevista a intervenção do presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, João Sobrinho Teixeira. Para encerrar a sessão solene foi convidado o Secretário de Estado do Ensino Superior, João Filipe Queiró. K

Politécnico de Tomar

Silicon Valley no IPT 6 Inspirado no evento ‘Silicon Valley Comes To Oxford’, a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes recebeu no seu auditório o evento ‘Silicon Valley Comes To You’, no dia 18 de Novembro. Assente em empreendedorismo, inovação, mentes abertas, troca de ideias e networking, o evento principal ‘Silicon Valley Comes To Lisbon’ alargou-se a todo

o território nacional devido às temáticas envolventes e os oradores presentes. A Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, como um dos parceiros do evento, acolheu e organizar no seu auditório a retransmissão pública, em direto, da conferência de dia 18 de novembro. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

Biocombustíveis de 2ª Geração

Portalegre participa 6 O Instituto Politécnico de Portalegre é um dos parceiros que participam no projecto “Desenvolvimento de Biocombustíveis de 2ª Geração”, liderado pela Petrogal e co-financiado pelo Fundo de Apoio à Inovação/Agência para a Energia. Com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, o Politécnico de Portalegre é responsável pela etapa III do projecto, a de Desenvolvimento do processo de extracção e qualidade do óleo de Jatropha para produção de Biodiesel. Em parceria com o Instituto Superior de Agronomia, o Instituto Politécnico de Portalegre também vai trabalhar na etapa 5 do projecto, relativa ao tratamento, produção e testes de Biodiesel de Jatropha em motores. Os trabalhos elegíveis, avaliados em perto de dois milhões de

Euros, são financiados em cerca de 50% pelo FAI, sendo o restante suportado pela Galp Energia e na etapa relativa à produção de Biodiesel, com uma comparticipação do Instituto Politécnico de Portalegre. A colaboração do Instituto Politécnico de Portalegre com a Galp Energia, na área das culturas oleaginosas para a produção de biocombustíveis, acontece desde 2008. Em Julho de 2009, a cooperação foi reforçada, com a cedência especial do Prof. Doutor Gonçalo Barradas (docente da Escola Superior Agrária), que actualmente se encontra a desempenhar as funções de director agrícola da Galp, em Moçambique. O IPP também conta com o apoio da Galp, como entidade parceira, para o desenvolvimento do projecto do Centro de BioEnergia. K

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Dia do Politécnico de Setúbal

Prémio para todos 6 O Dia do Instituto Politécnico de Setúbal foi assinalado a 7 de Outubro com uma sessão solene que contou com a presença do Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e durante a qual foram entregues prémios a estudantes e funcionários, docentes e não docentes, no sentido de valorizar o capital humano da Instituição. O presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Armando Pires, referiu-se ao actual panorama do ensino superior politécnico que “reflecte a angústia que se vive na sociedade portuguesa”. Enfatizou a necessidade que diz sentir quanto à “clarificação do papel de cada subsistema de ensino, para que não continue a desigualdade entre ensino superior universitário e politécnico. Diz ser inaceitável que ‘formações de Politécnico’ estejam a ser leccionadas fora”.

Internamente, realçou a aposta que continuará a ser feita na qualificação do corpo docente, na internacionalização e na investigação. Em matéria de ajustes e reestruturações futuras será efectuada, segundo informa, uma racionalização dos recursos, um ajuste do número de horas-aula e do número de estudantes por turma, no sentido de proporcionar uma aprendizagem mais eficaz. A intervenção do Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, João Sobrinho Teixeira, incidiu sobre o ensino superior politécnico no contexto internacional. Após as intervenções, foram distinguidos os melhores alunos e os funcionários com 20 anos de serviço. As comemorações terminaram com a actuação dos SemperT’unos, Tuna Mista da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal. K

Plano estratégico do IPB

Fórum dinamiza Beja 6 O Instituto Politécnico de Beja organiza, a 23 de Novembro, mais uma iniciativa integrada no Fórum para o Desenvolvimento. Vítor Carioca, presidente da instituição, considera a realização do Fórum como “um projecto estruturante inscrito no Plano Estratégico do IPBeja para 2010 -2013”. No entender daquele responsável, o Fórum “pretende ser um espaço de reflexão e de promoção da acção concertada entre meio académico, empresas, autarquias, associações e centros de conhecimento com vista à melhoria das potencialidades de desenvolvimento da região e de incentivo ao dinamismo empresarial”. Vito Carioca lembra que a aposta neste evento é assente nos valores da coesão territorial e da identidade cultural. “Apostamos, por isso, numa iniciativa que promova: a capacidade de trabalhar em conjunto; a rentabilização do trabalho em rede

com fins comuns para o território; a criação de estratégias de viabilização e exploração concertada dos investimentos estruturais em benefício da competitividade regional; a identificação e a viabilização de projectos complementares que assegurem maior dinamismo empresarial e produtivo na Região”. A conferência tem início às

9H30, tendo sido convidado o ministro da Economia para a sessão de abertura. Ao longo do dia serão debatidos vários temas, como a crise económica e o papel das dinâmicas territoriais, e a capacitação empresarial nas suas mais variadas formas. No final será assinado o protocolo da rede de fomento do Empreendedorismo do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. Vítor Carioca sublinha que com o Fórum, o IPBeja pretende “contribuir para a melhoria do aproveitamento dos recursos endógenos, das novas plataformas logísticas e de acessibilidade, criando um espaço de reflexão e acção que simultaneamente contribua para a identificação de estratégias a curto e médio prazo em prol da criação de emprego, da atracção de novos investimentos empresariais e da rentabilização das novas oportunidades na agricultura e/ ou turismo”. K

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Estg de Viseu

Novo presidente e vices 6 Paulo Miguel Ferreira de Castro Mendes acaba de tomar posse como presidente da Presidente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu, numa cerimónia presidida pelo Presidente do Instituto Politécnico de Viseu, Fernando Sebastião. O novo presidente agradeceu à direção cessante, presidida por José Alberto Ferreira, o contributo prestado para que a escola seja hoje uma instituição de referência no panorama nacional. O Presidente do Instituto, por seu lado, agradeceu também à anterior direção o profícuo trabalho realizado e a permanente colaboração institucional. Fernando Sebastião, para quem “a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu é um exemplo de trabalho, de rigor e de excelência”, realçou os atributos do

presidente agora empossado, particularmente a sua capacidade para gerir diferentes pontos de vista, que sempre surgem numa instituição. O presidente do Politécnico de Viseu empossou de igual modo os novos vice-Presidentes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu, João Manuel Vinhas Marques, e António Ventura Gouveia, apontando a importância do trabalho de equipa que daqui deverá resultar. De referir que o novo presidente é professor Adjunto da Escola e foi, durante três mandatos, vice-Presidente do seu Conselho Diretivo, liderado por Fernando Sebastião, atual Presidente do IPV. K Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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editorial

O professor e a varinha de condão 7 Ser professor acarreta uma profunda carga de utopia e de imaginário. Com o lento passar do tempo e da memória colectiva, gerações após gerações ajudaram a elaborar a imagem social de uma profissão de dádiva absoluta e incontestável entrega. O poder simbólico da actividade docente leva a que os professores sintam sobre os seus ombros a tarefa herculeana de mudar, para melhor, o mundo; de traçar os novos caminhos do futuro e de preparar todos e cada um para que aí, nesse desconhecido vindouro, venham a ser cidadãos de corpo inteiro e, simultaneamente, mulheres e homens felizes. É obra! Ao mesmo tempo que a humanidade construiu uma sociedade altamente dependente de tecnologias dominadoras, transferiu da religião para a escola a ingénua crença de que o professor, por si só, pode miraculosamente desenvolver os eleitos, incluir os excluídos, saciar os insatisfeitos, motivar os desalentados e devolvê-los à sociedade, sãos e salvos, com certificação de qualidade e garantia perpétua de actualização permanente. O emergir da sociedade do co-

nhecimento acentuou muitas assimetrias sociais. Cada vez é maior o fosso entre os que tudo têm e os que lutam para ter algum; entre os que participam e os que são marginalizados e impedidos de cooperar; entre os que protagonizam e os que se limitam a aplaudir; entre os literatos dos múltiplos códigos e os que nem têm acesso à informação. E é este mundo de desigualdades que exige à escola e ao professor a tarefa alquimista de homogeneizar as diferenças. Os professores podem e estão habituados a fazer muito e bem. Têm sido os líderes das forças de sinergia que mantêm os sistemas sociais e económicos em equilíbrio dinâmico. São eles que, no silêncio de cada dia, e sem invocar méritos desnecessários, evitam que muitas famílias se disfuncionalizem, que as sociedades se desagreguem, que os estados se desestruturem, que as religiões se corroam. Mas não podem fazer tudo. Melhor diríamos: é injusto que se lhes peça que façam mais. Particularmente quando quem o solicita sabe, melhor que ninguém, que se falseia quando se tenta culpabilizar a escola e os professores

pelos mais variados incumprimentos imputáveis ao sistemático demissionismo e laxismo das famílias, da sociedade e do próprio Estado tutelar. É bom que se repita: os professores, por mais que se deseje, infelizmente não têm esse poder e essa magia. Dizemos infelizmente porque, se por milagre o tivessem, nunca tamanho domínio estaria em tão boas e competentes mãos. E é precisamente porque nunca foram tocados por qualquer força divina que os professores, como qualquer outro profissional, também estão sujeitos à erosão das suas competências; que, como qualquer técnico altamente qualificado, eles também necessitam de actualização permanente. E é por isso mesmo que os docentes reclamam uma avaliação justa do seu desempenho. Uma avaliação em que se revejam, que os estimule a empreender e que os ajude no seu crescimento profissional. Todas as escolas preparam impreparados. Até as que formam professores. Sempre foi assim e, daí, nunca veio mal ao mundo. É a sequência e a consequência da evolução dialéctica das sociedades

e das mentalidades. Por isso, centrar a discussão na impreparação profissional dos docentes, como se tal fosse estigma exclusivo desta classe e justificasse as perversas iniciativas que lançam a suspeita pública sobre a responsabilidade ética dos educadores no insucesso do sistema educativo e no desaire das políticas educativas que não têm vindo a sancionar, isso dizíamos, traduz uma inqualificável atitude de desprezo pela verdade e pela busca de soluções credíveis e partilhadas. Admitir que a educação pode resolver todos os problemas e contradições da sociedade, resulta em transformá-la em vítima evidente do seu próprio progresso. Repetimos: os professores não têm esse poder e essa magia. Os docentes não podem solucionar a totalidade dos problemas com que se confrontam as sociedades contemporâneas, sobretudo se não tiverem os contributos substanciais dos outros agentes educativos e das forças significativas da sociedade que envolvem a comunidade escolar. Evidentemente que a escola e os professores podem e devem

contribuir para o progresso da humanidade e para o seu desenvolvimento político, económico, social e cultural. Porém, tal não é atingível apenas com meros instrumentos educacionais porque eles, por si só, não são capazes de estilhaçar o mundo de crescentes desigualdades e uma cúpula política sob a qual coexistem a injustiça, o desemprego e a exclusão social. Os professores não têm essa varinha de condão e, por favor, não os obriguem a ser mais do que são, ou nunca serão o que o futuro lhes exige que venham a ser. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt

Primeira coluna

Mudam-se as políticas e as vontades 7 No ano lectivo 2011/2012 estima-se que os cortes no Ministério da Educação cheguem aos mil 500 milhões de euros. Um grupo de trabalho está já a elaborar um estudo sobre onde os cortes podem ser feitos. Recentemente, o Ministro da Educação e da Ciência apresentou a possibilidade da informática ser abolida do currículo do 9º ano. A justificação atribuída ao ministério (com frases citadas na imprensa) é a de que “nessas idades, a maioria dos jovens já domina muito bem os computadores”. Em cima da mesa estão também as actividades de enriquecimento curricular (AEC) que podem ser alteradas, mantidas ou abolidas. Não queremos acreditar que a justificação para uma possível diminuição dessas actividades, seja a de que as crianças do 1º ciclo também já saibam da coi-

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sa e não necessitem delas. Diga-se, em abono da verdade, que a criação das AEC’s foi uma das boas medidas adoptadas pela equipa de Maria de Lurdes Rodrigues. Uma medida que permite que todas as crianças tenham acesso, se assim os seus pais o desejarem, a título gratuito, a um conjunto de actividades como o inglês, educação física, informática ou artes. Uma medida que faz com que na maioria do país a escola seja igual para todas as crianças ao longo de todo o dia, evitando que os pais (ao contrário do que acontecia no passado) sejam obrigados a procurar empresas ou instituições que pudessem acolher os seus filhos num dos períodos em que estes não tinham aulas. Mas as AEC tiveram também o condão de envolver as autarquias portuguesas nesse processo. Cer-

tamente que umas experiências melhores que outras (Castelo Branco e Oleiros, por exemplo, constituem boas cartas de como as coisas podem ser feitas). A limitação destas actividades ou a sua suspensão, mesmo que encapotada, representa um retrocesso enormíssimo na educação em Portugal. Estas duas questões levamnos a muitas outras, como a suspensão do projecto Magalhães nas escolas, que impede a milhares de crianças o acesso a um computador e ao contacto com as novas tecnologias. Medida que gerou muitos protestos dos pais e das crianças do 1º ciclo, as quais ao contrário dos alunos do 9º ano nada sabem de computadores. Significa isto que Portugal continua igual a si próprio, pelo menos no que toca à educação. Sempre que muda um

Governo mudam-se as políticas educativas, de acordo com o pensamento da nova equipa. Como se esta fosse a forma correcta de promover o desenvolvimento do país. Como se aquilo que foi bem feito no passado de nada contasse. Como se as gerações sucessivas de alunos funcionem como cobaias. Em tempos de crise, todas as medidas que anunciem cortes em prol da contenção orçamental, são bem recebidas pela população, sem que previamente seja feita a devida reflexão. Sempre assim foi e vai continuar a ser. O problema é que Portugal tem que continuar a apostar na qualificação de todos os seus filhos. Só um país qualificado pode responder aos desafios do futuro. E isso só se consegue com determinação e com a coragem de dar continuidade às boas políticas,

eliminando as más, e implementando outras ainda melhores. E se, porventura, houver alguma dúvida no sistema, sempre podemos recorrer aos alunos do 9º ano que eles percebem muito de computadores... K João Carrega _ carrega@rvj.pt


CRÓNICA

Cartas desde la ilusión 7 Querido amigo: Hoy estamos de celebración, pues ésta que ahora te escribo es la carta número 50 de nuestra comunicación mensual (con algunas ausencias en algunos meses señalados). Esto quiere decir que ya hace más de 4 años que compartimos nuestras ideas, nuestras reflexiones y, sobre todo, nuestras ilusiones por conseguir una mejora de nuestro sistema educativo y una mayor colaboración de los padres con nosotros en nuestra labor diaria. No obstante, voy a seguir contándote lo que tenía previsto en mi carta anterior, en relación con el taller que realizamos este mes con los padres de nuestros alumnos. Como te dije entonces, el taller giraba en torno a un pequeño documento que se titulaba “mi hijo y el periódico”. Ante todo, aquí tienes la historia, que en realidad son dos historias, como verás. He aquí la primera ficción: “Por suerte cuando llegó a casa encontró ya a su padre. Muchos días a estas horas aún no había vuelto de trabajar. Estaba leyendo un periódico con

mucha atención. - ¡Mira papá! - exclamó desde la puerta mientras corría hacia él - la señorita me ha dicho que te lo enseñe. - Muy bien, felicidades, así me gusta; espero que sigas así- contestó su padre con una sonrisa, después de echar una ojeada al trabajo y mientras que con una mano sujetaba el periódico cerrado pero manteniendo con el dedo la página que estaba leyendo. Después de acariciarle el pelo, le animó a ir a merendar y a dejar la cartera a su cuarto. Por su parte él volvió a sumergirse en el periódico”. A continuación, te narro la segunda ficción: “Por suerte cuando llegó a casa encontró ya a su padre. Muchos días a estas horas aún no había vuelto de trabajar. Estaba leyendo un periódico con mucha atención. - ¡Mira papá! - exclamó desde la puerta mientras corría hacia él - la señorita me ha dicho que te lo enseñe. - ¡Es un trabajo estupendo! -contestó su padre con una sonrisa mientras dejaba el periódico y observaba con aten-

ción el trabajo- hay diez problemas y todos te han salido bien, aunque veo que en éste y en éste tuviste que borrar. - Sí, eran muy difíciles, pero los pensé más y a la tercera vez los tenía bien y la profe no me riñó cuando no lo sabía y me lo explicaba. - Esto que me explicas sí que me da alegría -comentó su padre con cara de escuchar el detalle más importante de la historia-; aunque te salían algunos problemas mal no te has desanimado ni te has enfadado y te has seguido esforzando hasta que lo has conseguido. Estoy contento porque te has portado como un valiente. ¿Estás contento? - Claro -contestó con una sonrisa que no podía ser más grande. - Vamos a enseñárselo a mamá -propuso el padre- verás que contenta se pondrá. Mientras tanto el periódico se quedó solo en un rincón del sofá”. A la vista de estas historias ficticias, yo me he hecho muchas preguntas, y también se las he transmitido a los padres que me las han escuchado en

las conferencias a las que me han invitado. Pero, tal vez, la pregunta que más me preocupa es la siguiente: a la vista de estas dos actitudes de los papás (que están relatadas como ficción, pero tanto tú como yo sabemos que responden a la realidad en muchos o demasiados casos), ¿no se estará reflejando la diferencia entre lo que será un “aprendedor” y un “emprendedor” en el futuro? Nuestra sociedad está en crisis, como sabemos. Es lamentable que todo gire en torno a la economía (es cierto que las cosas están muy mal y hay que hacer un esfuerzo por salir adelante). Pero sería muy lamentable que no se aprovechasen estos momentos de crisis para promover un cambio auténtico en la educación de nuestros futuros ciudadanos. Creo que sería muy importante que pusiéramos el énfasis y el acento en nuestros futuros “emprendedores” y que dejemos de lado la actitud de generar meros “aprendedores”. Espero que pronto comencemos a observar signos reales de cambio en este sentido. Creo que los profesores debe-

se apropria melhor às circunstâncias. Em qualquer dos casos é sempre uma vergonha. Devia ser este trapo sebento a que a minha avó se referia quando alguém pisava o risco e ela soltava a bom pulmão para que não houvesse a desculpa desentendida do se calhar não era para mim. Ela gritava: “estás aqui estás a levar com um pano encharcado nas ventas”! Enquanto o velho Armstrong atacava no vinil um standard apaziguador – La vie en rose – eu olhava para a minúscula toalha de bidé e ia dizendo para os meus botões: mas que raio vou eu improvisar com uma toalha

destas?! Não há dúvidas: se este trecho, que sempre teve o condão de me fazer suster a respiração e me acalmar, hoje não faz efeito, só há uma solução: rasgar o pano, ainda que o que resta de tecido não passe deste infame rectângulo puído e sujo. Com efeito, o pedaço de pano turco (não grego; turco) corresponde ao tamanho exacto a que hoje temos ainda direito. Depois do enorme lençol de banho, da folia e do desperdício; repito, do esbanjamento à cintura como os lordes, e depois a chamada toalha de rosto com restrições mas ainda assim uma

ríamos aceptar el reto de cambiar nuestras actitudes hacia los alumnos y trabajar para que la mayoría de los padres desarrollen también las actitudes adecuadas que permitan a sus hijos convertirse en “emprendedores” del futuro en formación actual. En mi próxima carta volveré sobre este tema, porque lo considero muy interesante e importante en la situación en que vivimos actualmente. Como siempre, salud y felicidad. K Juan A. Castro Posada _ juancastrop@gmail.com

opinião

Toalha de Bidé 7 Não conheço quem, em tempos tão aziagos como os de hoje, se tenha lembrado deste utensílio tão púdico como promíscuo – para não dizer obsceno – da higiene diária de pelo menos um décimo dos cidadãos com casa de banho, para construir uma crónica num jornal sério, sobre a situação política e social do país, tão miserável em dois sentidos: os dias difíceis que vivemos e mais aqueles que o governo tem como objectivo até que a morte nos separe. A dita representa, sem tirar nem pôr, tudo o que penso sobre a maldita situação de vários

anos de regabofe: despesismo, políticas sociais criminosas, orientações económicas erradas, etc. Claro está, sempre com o púdico argumento de tudo ser o melhor para Portugal e para os portugueses. Chegados a este imbróglio, já só nos resta a toalhinha suja, cúmplice de excessos, rota e, ainda assim, pendurada na argola ao lado do bidé, como suicida de corda em volta do pescoço. Os meus olhos já não vêem e o meu cérebro tem dificuldade em discernir se a toalha de bidé se usa para o efeito em face da dimensão; se, por estar imunda,

dádiva, como quem diz: limpem lá a cara e as mãos que ainda há pano. Mas chegou o tempo em que a dita é a miséria franciscana da toalha de bidé! E nesta, não restam dúvidas, além da escassez de pano, da dificuldade de utilização e, na ignorância do privilégio, em todos os sentidos o que nos resta é uma toalha de porcaria. K João de Sousa Teixeira _ teijoao@gmail.com

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crónica salamanca

Universidad y sostenibilidad 6 Hace unos días se celebraba en el Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca un sugerente “Seminario Brasil-España, Desarrollo y Sostenibilidad. Retos y perspectivas”, en el que participaron diferentes especialistas en el tema. Tuve el honor y placer de intervenir en la mesa redonda sobre “Etica y educación como instrumento de desarrollo y sostenibilidad”, intercambiar puntos de vista con colegas de ambos países, y aprender muchas cosas juntos. Creo que las conclusiones del seminario resultaron muy provechosas para la reflexión y el avance teórico y de intercambio de experiencias en el ámbito del medio ambiente natural y humano y la responsabilidad que tiene atribuida la universidad en el mismo. Uno de los conceptos más debatidos entre los participantes fue precisamente el de sostenibilidad (sustentabilidad en el código lingüístico portugués), tan novedoso y esperanzador hace dos décadas, pero hoy tan manoseado e instrumentalizado por los intereses del gran capital. Precisamente algunas de las grandes empresas relacionadas con sectores como la energía, el transporte, la construcción, usan y abusan del término sostenible, y lo aplican a todo tipo de campañas de promoción de sus intereses, que al fin no tienen nada de sensibilidad hacia la sostenibilidad. Del mundo sostenible es fácil derivar a materiales sostenibles, a automóviles y productos que colaboran en hacer una vida más sostenible, pero sin dejar de promocionar el consumo acelerado de objetos y servicios de dudosa necesidad, como es nodal en todo modelo de producción ca-

pitalista (producir barato-vender caro-objetos y servicios de rápido deterioro y originado por necesidades de consumo artificialmente suscitadas). Personalmente me parece más profundo y útil , conceptualmente, dejar a un lado el discurso de la sostenibilidad, y caminar hacia la conciencia de límite en las necesidades de los hombres, tal como hace ya varios siglos proponían los estóicos del mundo grecolatino. Esta nos parece una línea muy fecunda de reflexión y actuación para nuestros días, sin duda alguna, como defiende entre otros Popkewitch. Hemos de aprender a saber vivir con equilibrio, en armonía personal, con los demás y con la naturaleza, con relativa austeridad. Hay que acostumbrarnos a saber prescindir de modas y necesidades artificiales, creadas fuera de nuestros intereses reales y profundos de personas. Esto no es fácil de defender y concretar, porque si defendemos estas propuestas de vida y pensamiento, nos movemos en contra de la tendencia dominante que no es otra que la del ultraconsumismo, propia del neocapitalismo voraz y extendido por todas partes, en cualquier lugar del mundo, hasta en los más impensables. No podemos defender un crecimiento indiscriminado, sin límite, que esquilme la naturaleza física y haga inhabitable nuestro planeta. Pero sí podemos optar por un avance equilibrado, por un desarrollo armónico de los hombres, en sus diferentes modelos de sociedad. Sólo así será viable el planeta Tierra, en la parte relativa a la naturaleza y a la sociedad. Es indudable que a ser más austeros y equilibrados los hom-

bres sólo aprenden por medio de los valores y las pautas que se les traslada desde alguna o varias de las instituciones y procesos de educación en que participan. Y este se ha convertido en uno de los grandes retos de nuestro tiempo, en el inicio de este siglo XXI. Es nada más, ni nada menos, que la educación hacia una ética ecológica. Cabe preguntarse si la universidad, las muchas universidades que ya existen diseminadas por toda la cartografía mundial, tienen algo que decir y hacer en este tan polémico y sensible asunto de la educación hacia un mundo más armonioso, y si se quiere sostenible. Pues claro que sí. Desde luego que ya han ido apareciendo y consolidándose en muchas universidades organismos y oficinas llamadas “verdes”, responsables de fomentar prácticas de consumo más razonable entre los miembros de la comunidad universitaria, en energía, materiales de desecho, reciclaje de papel y otros residuos peligrosos. Estas oficinas verdes impulsan prácticas de sensibilización ecológica entre profesores, investigadores, estudiantes y personal de administración y servicios; desarrollan estudios de campo y campañas de apoyo a causas ecológicas; preparan y desarrollan proyectos de investigación puntuales y prácticos; vigilan el cumplimiento adecuado de las normas vigentes en materia de medio ambiente, en todo aquello que roza o afecta a la universidad. En fin, todo un laudable programa de acciones benéficas en pro del respeto a los intereses saludables y de la convivencia armónica de los universitarios con el medio ambiente natural y humano.

Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Apartado 262 Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt

Hay también otros aspectos, no menos importantes, pero a veces no tan visibles, que deben ser contemplados en una correcta presencia de la institución universitaria en todo lo que denominamos estudios medioambientales. En primer lugar, debe no recluir ni reducir el asunto del medio ambiente a un problema químico, o sólo propio de las ciencias experimentales. Si no somos capaces de que la comunidad universitaria alcance a comprender la dimensión política, social y humanística del problema no habremos avanzado nada. En segundo lugar, hay que proponer en serio y desarrollar programas de ambientalización curricular, denominación tal vez poco afortunada que es preciso explicar más a fondo, y que nos obliga a dejarlo para otro momento. La universidad debe significarse, desde su responsabilidad formativa e investigadora, por una apuesta permanente en la defensa del paradigma ecológico, de un mundo más equilibrado y armonioso, menos competitivo y consumista, más respetuoso con el medio ambiente natural y humano. K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es

Investigación

Salamanca crea cátedra 6 El rector de la Universidad de Salamanca, Daniel Hernández Ruipérez, junto con el director de Innovación de Indra, José Luis Angoso, y el presidente de Fundación Adecco, Emilio Zurutuza, han presidido el acto de presentación de la Cátedra Indra-Fundación Adecco en la Universidad de Salamanca celebrado en la Sala de Retratos del Rectorado. La Cátedra de Investigación en Tecnologías Accesibles de la

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Universidad de Salamanca es la sexta cátedra que Indra, como parte de su Responsabilidad Corporativa, pone en marcha junto a la Fundación Adecco en diferentes universidades españolas con el objetivo de desarrollar soluciones y servicios innovadores en el área de accesibilidad e inclusión. El decano de la Facultad de Ciencias de la Universidad de Salamanca, Juan Manuel Corchado, es el responsable de la dirección

de la nueva Cátedra de la USAL, cuyo primer proyecto está siendo llevado a cabo por el grupo de Investigación BISITE de la universidad. La Cátedra en la USAL supone un nuevo paso en las relaciones que Indra y la Universidad de Salamanca mantienen desde la firma de un convenio de colaboración en 2007. Fruto de esa relación, la compañía se trasladó al Parque Científico en enero de

Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98

este mismo año. El nuevo acuerdo forma parte de la estrategia de Indra de mantener una estrecha relación con las instituciones del conocimiento a través de su red de Software Labs, con el objetivo de captar profesionales y acceder a nuevas tecnologías, y convertirse en referente internacional en el modelo de colaboración y transferencia tecnológica universidadempresa. K

Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt Serviço Reconquista: Agostinho Dias, Vitor Serra, Júlio Cruz, Cristina Mota Saraiva, Artur Jorge, José Furtado e Lídia Barata Serviço Rádio Condestável: António Reis, José Carlos Reis, Luís Biscaia, Carlos Ribeiro, Manuel Fernandes e Hugo Rafael. Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Jornal Reconquista Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Eugénia Sousa Francisco Carrega Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Colaboradores: Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Elsa Ligeiro, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Felgueiras, José Carlos Moura, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Clube de Amigos/Assinantes: 15 Euros/ Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco


bocas do galinheiro

A ver passar as Automotoras?

7 A CP ou a Refer, ou as duas, porque não se sabe, eu pelo menos não sei, onde acaba uma e começa a outra, parece estarem decididas em acabar de vez com a centenária Linha da Beira Baixa. Depois de mais de um século, os comboios foram varridos da Linha, dando lugar a umas automotoras sem corpo e alma. Uma coisas de latão, aqui e ali borradas de amarelo, importadas das linhas suburbanas e que se pretendem fazer passar pelo Comboio Intercidades. Daria vontade de rir, pelo ridículo da coisa, se não se desse o caso de as mesmas CP ou Refer terem gasto milhões, dizem elas, na modernização da Linha. E é agora, aqueles milhões todos depois e electrificada a Linha, que se acaba com a circulação de comboios e se substituem por aqueles travestis que por mera coincidência circulam sobre carris? Além de estarem a gozar connosco e a malbaratar o dinheiro dos nossos impostos, estão a prestar um péssimo serviço ao interior, ainda para mais, pasme-se, mantendo os preços que eram cobrados quando se viajava de comboio: com conforto, com serviço de bar e restaurante, substituídos agora por umas manhosas máqui-

nas de vending, enfim, quando os passageiros eram tratados como cidadãos. Parem para pensar. Porque é que acham que estão a perder passageiros? E julgam que é assim que combatem a concorrência rodoviária, baixando a qualidade do serviço? E já agora. Os indignados das scut, que passam a ser cobradas mas mantém a qualidade do serviço, acham normal os tratos de polé reservados à Linha da Beira Baixa? É que, penso, estamos a falar do mesmo: o abandono do interior pelos poderes públicos. Se no nosso imaginário o comboio foi sempre uma referência, o cinema contribui em grande forma para o consolidar. Mas já viram o que seria a tradução de “Ostre Sledované Vlaky”, do checo Jiri Menzel, Oscar para melhor filme estrangeiro de 1968, se em vez de “Comboios Rigorosamente Vigiados”, se chamasse automotoras rigorosamente vigiadas? E, se ”O Homem que Via Passar os Comboios” (1952), de Harold French, com Claude Rains, numa excelente adaptação do romance de George Simenon, se chamasse o homem que via passar as automotoras? E, a propósito de “North by Northwest” (Intriga Inter-

nacional, 1959), citado por Bénard da Costa, Cary Crant e Eva Marie-Saint, e “a queda de um beliche para o outro do comboio, que depois veremos enfiar por um túnel, ‘símbolo fálico, mas não o digam a ninguém’ (Hitchcok o disse)”, alguém no seu perfeito juízo acha que o grande mestre iria utilizar tal simbolismo com uma automotora suburbana? Enfim podíamos estar nisto todo o texto e não chegavam estas colunas, porque filmes com e sobre comboios há-os há saciedade no cinema, sobre automotoras nem um! Se dependesse da contribuição ferroviária nacional a história do cinema estaria seguramente mais pobre. Ainda de Hitchcock há mais uma adaptação, desta feita de “Strangers on a Train” (O Desconhecido do Norte Expresso, 1951), de Patricia Highsmith, e a inesperada proposta de troca de crimes, sem esquecer “Um Crime no Expresso do Oriente” da grande Agatha Christie, adaptado ao cinema em 1974 por Sidney Lumet numa extensa parada de estrelas perfiladas para ouvirem a solução do crime saída das células cinzentas de Hercule Poirot. E “The General” (Pamplinas Maquinista, 1926), de Buster Keaton e Clyden Bruckman?

The General é uma locomotiva, nunca uma automotora porque, ainda bem, ainda não as havia. Que seria de filmes míticos como “O Comboio Apitou Três Vezes” ou “ O Comboio das 3 e 10”, este com duas versões, ou “Comboio em Fuga”, ou mesmo “O Último Comboio do Katanga”, sem comboios? Mais filmes podía-

– Venha em Setembro fazer melhoria de nota. E veio-lhe à memória o triste exemplo do seu colega Landerset, de fino trato, que, descontente com a classificação obtida em “Princípios Gerais de Direito”, resolveu solicitar uma “melhoria”. Como andava na tropa, e para impressionar o Prof. Arianus, apresentou-se a exame “todo pipi”, de azul, com a farda número 1 da Força Aérea, esperando, talvez, patrióticas solidariedades. Só que o Prof. Arianus não gostou do despropósito castrense daquele oficial miliciano em trânsito e, menos ainda, da ousadia de quem punha em causa a sua justiça e rigor classificativos. Deu-lhe uma desanda… Tendo isso em conta, Arcílio achou que não ia estragar as férias de Verão por causa de uma disciplina daquelas e de um homem (nem sequer lhe fixou o nome) que dava notas com aquela leviandade. Ainda era bem capaz de voltar a esquecerse… agora, da conversa tida entre eles, ali mesmo, à porta da cantina. Aquele “inglês”, baixote e cinzentão, não lhe merecia confiança. Além do mais, já tinha deixado Contabilidade

para segunda época. Duas cadeiras era demais… – Que se lixe a média! A sociedade letrada impôs-se de tal forma que hoje toda a avaliação assenta, quase em exclusivo, no teste/exame escrito; ainda que nas aulas pouco se escreva. É inquestionável: o nosso sistema educativo varreu o exame oral dos ensinos básico e secundário. E a “chamada oral” não passa de uma relíquia avaliativa; tal dispositivo, que exigia o estudo regular e continuado próprio de uma avaliação (de facto) contínua, foi considerado um método retrógrado pelo “eduquês” que tratou de o remeter ao baú das velharias didácticas. Até nas escolas superiores, a avaliação oral é uma excepção. O regulamento de avaliação e frequência da escola xpto, estipula que um 9 ou um 8 no exame (escrito) implica a ida à prova oral. Consequência: notas dessas não aparecem nas pautas (hoje, menos públicas e mais privadas, por serem virtuais e de acesso condicionado) pois o docente opta pelo 7 (ou abaixo de) e evita o incómodo de marcar e realizar uma oral. E, por isso,

mos trazer à colação mas acho que não vale a pena. Já todos percebemos. Mas, já agora, e por falar em comboios, não fechem esta estação que é o Interior! Até à próxima e bons filmes! K Luís Dinis Rosa _

“Memórias ficcionadas”

Prova Oral 7 A infernal maratona de exames arrastava-se por mais de dois meses, no calor do estio; a praia era uma miragem adiada para Agosto. Concluído o exame oral, de uma disciplina que ninguém levava muito a sério, Jonas Guevara felicita o seu amigo Arcílio: – Com que então, treze a Inglês! Grande nota, pá. Pois é, aquele senhor que “ensinava” um Inglês burocrático e sensaborão, que nada adiantava às aprendizagens anteriores do secundário, ao fixar a nota máxima no 13 achava que estava a valorizar a sua “cadeira”. Arcílio quase não pôs os pés nas aulas, mas, por inércia, colhia os proveitos das “explicações” que tinha tido no 7º ano do liceu e que o haviam, então, dispensado da oral com 14. No ISCSP, todos os exames tinham duas provas: uma escrita e, volvidos 2-3 dias, uma oral. Alguns docentes “dispensavam” esta última, ainda que a presença do estudante no solene acto público, em dia e hora fixados pela Secretaria, fosse um imperativo. – Está satisfeito com a sua nota? A resposta afirmativa do estu-

dante dava por concluída a “prova”. E deste modo, ficavam com mais tempo de estudo para preparar o exame semanal seguinte. A oral era entendida como uma etapa (quase) equivalente à “melhoria de nota”. Uma espécie de segunda oportunidade facultada ao aluno para subir a sua nota. Todos sabiam quais os docentes que procediam desta forma (a cultura académica da oralidade mostrava a sua funcionalidade pois nestes casos ninguém perdia tempo a preparar-se para a oral). As excepções a este “direito” eram raras. Arcílio passou por uma, quando voltou a ter Inglês, no 2º ano do curso: depois da realização da oral, ficou estarrecido ao ver o 10 na pauta! Foi tal o choque que ficou à espera do docente para o interpelar: – Professor, se tive um 10 quer dizer que a minha oral foi de 7, certo? – Ai levava 13 da escrita?! – !! Tal qual. Acha que fiz um exame assim tão mau? – Hum… não… Mas agora não há nada a fazer. A pauta já foi afixada. Lamento. – E eu ainda mais…

muitos estudantes transitam apesar do professor só os ter ouvido ler o reduzido texto dos três slides do power point que lhes coube na divisão interna do trabalho de grupo. E tudo isto, em contra ciclo com uma época onde a entrevista é uma prova fundamental no processo de candidatura a um qualquer emprego (excepto, nos concursos documentais do ensino superior!). Os ministros da educação começaram por varrer dos planos de estudo a Retórica, depois o Latim, a Filosofia esteve para cair várias vezes e, há longos anos, que a avaliação oral se restringe à denominada “participação”. Não admira, pois, que nas escolas não se pense bem e se fale cada vez pior «tipo…assim uma cena… bué da fixe… tá a ver?» – Não… – Eu explico… – Não se incomode. Para pior já basta assim. K Luís Souta _ Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

NOVEMBRO 2011 /// 017


António Lobo Antunes em entrevista ao Ensino Magazine

Regressar a Angola com Comissão das Lágrimas 7 António Lobo Antunes é um dos grandes escritores de língua portuguesa de sempre e uma das vozes sonantes na literatura mundial. Autor de 31 livros, - o primeiro livro Memória de Elefante foi publicado em 1979 - conta mais de 30 anos de carreira literária. Tem 69 anos e já venceu todos os prémios literários que um escritor pode ganhar, menos o “Gordo”, como ele mesmo chama ao Prémio Nobel. A propósito dos prémios que conquistou, desvaloriza com humor: “pareço um cavalo», para depois acrescentar «o dinheiro dá jeito”. À questão se faz falta uma vida inteira para aprender a escrever é com uma citação de Hipócrates, não fosse António Lobo Antunes também médico - que responde: “não chega. Estou sempre a aprender a escrever. ‘A arte é longa, a vida é breve, a experiência enganadora’ e a gente nunca aprende”. António Lobo Antunes falava ao Ensino Magazine, após apresentar o mais recente livro, Comissão das Lágrimas, edição D.Quixote. O autor do Tratado das Paixões da Alma, Manual dos Inquisidores, e O Meu Nome é Legião esteve no auditório da Biblioteca Municipal, da cidade de Castelo Branco, no dia 4 de Novembro, numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Castelo Branco, da Editora D. Quixote/ Leya e da Livraria Amar`Arte. Comissão das Lágrimas é um retorno a África. Sobre o momento de partida para o livro diz: “não recordo bem como é que aquela voz começou a falar e levou-me para Angola. Não sei. Se perguntar a uma pereira porque dá peras, ela não é capaz de explicar. Era aquilo que tinha de ser escrito, independentemente da minha vontade”.

Comissão das Lágrimas vai buscar o título ao tribunal onde passaram os suspeitos de envolvimento no Golpe de Estado de Maio de 1977, em Angola. O Golpe foi liderado por Nito Alves, dissidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). A

obra fala da coragem de uma mulher, Elvira, a quem chamavam Virinha. A comandante do batalhão feminino do MPLA que foi presa, torturada e morta na sequência da alegada tentativa de golpe de estado em Angola. Ao ser torturada ela nunca deixou

de cantar. E o escritor também sofre com o sofrimento dos seus personagens? “Claro que se sofre. É uma mistura de sentimentos. Mas não há um sentimento sem o seu contrário. Não há sofrimento sem alegria; não há violência sem suavidade; não há secura sem ternura. Os sentimentos são muito complexos, contraditórios e simultâneos”, explica ao Ensino Magazine. As guerras, o Salazarismo, a guerra colonial vivida na primeira pessoa, levam-no a denominar como perigosos os Substantivos Abstractos. “Substantivos Abstractos como a Honra, a Pátria…os políticos amam a Humanidade, mas não amam os homens”, diz. O pai do escritor defendia “a coragem, a verdade, e o rigor” como valores fundamentais do carácter humano. A conversa prossegue. Um bom livro, tal como os homens, também tem de ter valores?, questionámos. -“Não só. Mas, tem de haver um sentido ético da escrita, senão não se sente”, esclarece, enquanto explica que está “sempre a negociar os livros com a morte”. Por isso, diz que só se sente bem a escrever e sofre de sentimento de culpa se não o faz. António Lobo Antunes , ainda não começou o próximo livro. Mas, para marcarmos encontro na Comissão das Lágrimas, ou na obra que se seguirá, é preciso saber se o livro é um lugar de encontro entre o autor e o leitor. Para António Lobo Antunes deve ser, isso sim, “Um lugar de procura”...K Eugénia Sousa _ Pedro Loureiro H

35 anos dos trovante

Uma viagem pela música portuguesa 7 Os Trovante surgiram no verão de 1976 através de um grupo de amigos (João Nuno Represas, percussão, Luís Represas, voz, Manuel Faria, teclas, João Gil, guitarra, e Artur Costa, instrumentos de sopro) que se juntou para fazer música. Em 1977 gravaram o seu primeiro disco Chão Nosso, com uma forte componente política aliada à música tradicional portuguesa. O seu primeiro grande espetáculo foi logo nesse ano na Festa do Avante onde regressaram na última edição, com enorme sucesso, para celebrar 35 anos de carreira perante mais de cem mil pessoas. Em 1990 o grupo editou o seu último trabalho de estúdio Um Destes Dias. Cada um seguiu o seu percurso com especial destaque para Luís Represas e João Gil. A 12 de Maio de 1999, nas comemorações dos 25 anos da revolução de Abril de 1974, o Presidente da República Jorge Sampaio convidou os Trovante para se reunirem para um espetáculo do qual resultou um disco duplo. Pela segunda vez desde a separação, atuaram juntos a 12 de Outubro de 2006, no Campo Pequeno, em

018 /// NOVEMBRO 2011

Lisboa, a convite do Montepio Geral. A 22 de Maio de 2010, no segundo dia da edição desse ano do Rock In Rio Lisboa, destinado à comemoração dos 25 anos deste festival, os Trovante voltaram a reunir-se para atuar no Palco Mundo. Ainda antes do concerto, João Gil não descartava a possibilidade de a banda se voltar a reunir no futuro. Finalmente, a seguir à Festa do Avante, o grupo encerrou o ano de 2011 com um conjunto de 4 concertos: a 31 de outubro e 1 de novembro no Coliseu de Lisboa, a 4 de novembro no Coliseu do Porto e a 12 de novembro no Pavilhão Multiúsos de Guimarães. Pelo meio ficaram 9 álbuns e 3 CD e sucessos como como “Namoro II”, “125 azul”, “Perdidamente”, “Timor”, “Saudade”, “Balada das sete saias” e “Fizeram os dias assim”. A história do grupo está contada no livro Trovante - Por Detrás do Palco, assinado por Manuel Faria e editado em 2003. K João Vasco _ H Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _


gente e livros

Philipp Meyer Nobel T O Prémio Nobel da Literatura foi este ano atribuído ao poeta sueco Tomas Tranströmer. O autor nasceu em Estocolmo, tem 80 anos, foi psicólogo e em 1990 sofreu um Acidente Vascular Cerebral que o deixou com incapacidade motoras e na fala. Depois de estar doente já publicou três obras. A cerimónia de entrega dos Prémios Nobel realiza-se no próximo dia 10 de Dezembro, em Estocolmo, Suécia. K

7 «Ao longe, pelo seu tamanho, podiam ser pai e filho. Poe, com o grande queixo e olhos pequenos e, ainda agora, dois anos depois de sair da escola, com um blusão de náilon de futebol americano, com o nome e número de jogador na frente e BUELL EAGLES nas costas. Isaac, baixo e magro, os olhos demasiado grandes para o rosto, as roupas demasiado grandes para o corpo, também, com a velha mochila cheia com o saco-cama, uma muda de roupa, os seus cadernos. Desciam a velha estrada de terra em direcção ao rio, no meio de bosques e prados, verdes e belos nas primeiras semanas de primavera. Passaram uma velha casa que tinha tombado de frente numa cratera - o solo no vale do Mon estava crivado de velhas minas de carvão, algumas adequadamente estabilizadas, outras não. (...).» In Ferrugem Americana Philipp Meyer nasceu em 1974 e cresceu num bairro operário, em

Amália, o livro T O livro Amália – Confidências em Noite de Primavera, de Luís Machado, edição da Âncora Editora, foi apresentado no Auditório do Museu do Fado, no dia 10 de Novembro. A obra contou com a apresentação de Eduardo Lourenço, e de Guilherme de Oliveira Martins e o momento musical “Amália – Uma Evocação Musical”, esteve a cargo de António Chaínho e Cristina Branco. K

Saramago T A escritora brasileira Andréa del Fuego foi este ano a vencedora do Prémio Saramago. Os Malaquias (Língua Geral, 2010), o romance que valeu o prémio à escritora, é baseado em factos biográficos e conta a história de três crianças que ficam órfãs, após um desastre natural. Este é o primeiro livro da autora e insere-se na tradição do universo fantástico latino-americano. K

Baltimore. Na juventude assistiu ao colapso da indústria siderúrgica no bairro vizinho, Hampden, e ao crescente desemprego e criminalidade que se originou. O primeiro romance, Ferrugem Americana, seria passado num cenário de crise económica, provocado pela queda da siderurgia, numa cidade da Pensilvânia. Após completar o secundário, passa cinco anos a trabalhar como mecânico de bicicletas e ocasionalmente como Voluntário

no Centro de Choque e Trauma de Baltimore. Aos 20 anos decide tornar-se escritor, e aos 22 anos, após várias tentativas, ingressa na Universidade, em Cornell, onde se licencia em Inglês. Após terminar a Faculdade vai para Wall Street para poder pagar as dívidas, contraídas com o empréstimo de estudante. Trabalha como técnico de emergência médica e na construção civil. Preparava-se para ser paramédico, quando, em 2005, recebe uma bolsa de estudos no Centro de Michener para Escritores, em Austin, Texas. Aqui vai escrever grande parte de Ferrugem Americana. Pouco depois de se mudar para Austin, soube que o Furacão Katrina ia atingir Nova Orleães. Carrega o carro com medicamentos, conduz a noite inteira e chega a Nova Orleães no meio do furacão. Passa dois dias em emergência médica, ao serviço de um departamento de polícia local. Ferrugem Americana valeu-lhe o galardão Guggenheim Fellowship 2010. Meyer foi comparado a a nomes tão importantes da

literatura norte-americana e mundial, como Faulkner e Hemingway e integra a lista dos melhores 20 escritores com menos de 40 anos do jornal The New Yorker. Para além da escrita, Philipp Meyer gosta da vida ao ar livre e de trabalhos de mecânica. Vive actualmente em Austin, Texas. Ferrugem Americana. Na cidade de Buell, condado de Fayette, Pensilvânia, terra empobrecida após o encerramento da siderurgia, Isaac English e Billy Poe são amigos, desde os tempos do liceu. Após o suicídio da mãe e da partida da irmã para a universidade de Yale, foi a Isaac que coube ficar a tomar conta do pai, paraplégico. Mas também ele quer sair de um lugar que não lhe oferece qualquer futuro. É nessa fuga que Isaac e Poe se envolvem num crime que pode comprometer os poucos sonhos que ainda restam. K Página coordenada por Eugénia Sousa _ Direitos Reservados H

edições

Novidades Literárias Com a divisa inspiradora, leal e corajosa «Um por todos e todos por um» eles vão fazer frente aos perigosos planos dos inimigos do reino de França e do Rei.

7 D. QUIXOTE. Gaspar, Belchior & Baltasar, de Michel Tournier. Quem foram os Reis Magos, que há mais de dois mil anos seguiram uma estrela para homenagear o magnífico Filho de Deus e Salvador do mundo? Cada um deles trazia a sua própria história e motivação. Gaspar sofria com um desgosto de amor; Baltasar procurava reabilitar as imagens votadas à destruição, por um clero fanático; Belchior fora destituído de trono e fugira para se salvar; e Taor, o quarto Rei Mago? Mais de vinte anos depois da primeira edição, vale a pena ler ou reler Gaspar Belchior & Baltasar.

EUROPA-AMÉRICA. Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Quando Athos, Porthos e Aramis, três mosqueteiros ao serviço do Rei Luís XIII e de França, se juntam ao jovem cadete D`Artagnan começa a aventura.

presença. A Delicadeza, de David Foenkinos. Nathalie e François conheceram-se numa rua em França e nunca mais se largaram. Ao fim de sete anos de relação o amor que sentiam um pelo outro continuava forte. Todavia, um acontecimento trágico vem por um ponto final a essa felicidade. Sozinha, Nathalie tem de continuar a viver sem François. Um romance que não tem só por título A Delicadeza, todo ele é terno e delicado. ALFAGUARA. O Mapa e o Território, de Michel Houellebecq. Jed Martin, fotógrafo profissional, conhece Olga, uma bela russa, na sua primeira exposição de fotografia, sobre os mapas de estradas Michelin. Com a série de quadros de celebridades retratadas por si, onde se conta a do próprio autor do livro, (Michel Houellebecq) chega o êxito profissional. Mas, um homícidio irá arrastar Jed para a investigação. O livro reuniu as melhores críticas internacionais e é Prémio Goncourt.

Casa das letras. 1Q84, de Haruki Murakami. Aomame é professora de artes marciais mas tem uma vida dupla: é uma assassina que mata sem deixar pistas, levando a crer que as vítimas morrem de morte natural; Tengo é um aspirante a escritor, encarregado pelo editor de trabalhar na revisão de uma obra promissora e enigmática, A Crisálida de Ar. É do encontro destas duas personagens que nasce uma história fantástica. Este livro é o primeiro de uma trilogia.

OFICINA DO LIVRO. Repórter de Guerra, de Luís Castro. Contar a verdade mesmo que esta lhe custe a vida foi a missão assumida por Luís Castro em cenários tão perigosos como Angola, com as lutas entre o MPL e a UNITA, Cabinda, Timor, Guiné ou o deserto iraniano. Do seu trabalho resultaram mais de quatrocentas reportagens que chegaram

ao nosso país, acompanhadas de imagem. Repórter de Guerra é o percurso de um homem que colocou a coragem ao serviço do jornalismo.

GRADIVA. O Ensaio, de Eleanor Catton. Um escândalo sexual numa escola secundária permite a um grupo de raparigas adolescentes perceberem o poder que têm. Mas, quando a escola de artes dramáticas local quer converter o escândalo num espectáculo de teatro as esferas entre o privado e o público vão misturar-se de forma perigosa. O Ensaio, é o primeiro romance da autora neozelandesa Eleanor Catton, já foi publicado em doze países e arrecadou vários prémios. BIZÂNCIO. Dustin, O ComAbrigo de Steve Kelley & Jeff Parker. A editora Bizâncio tem um novo herói da Banda-Desenhada. Chama-se Dustin Kudlick, e não é bem um herói. É um jovem adulto de 23 anos, que terminou a Universidade e regressou para a casa dos pais. Perfeito inadaptado a todos os trabalhos temporários que lhe arranjam, Dustin pertence à nova geração dos “Com-Abrigo”, que prometem tão cedo não sair do “ninho”. Com Dustin a única garantia é o divertimento. K NOVEMBRO 2011 /// 019


escola secundária carolina michaëlis

Comunicando melhor, cultivamos a Paz 6 A Escola Secundária Carolina Michaëlis pertence à Rede do Sistema de Escolas Associadas da Unesco desde Outubro de 2010, sendo portanto o presente ano letivo de 2011/2012 o segundo de concretização e alargamento de um Projeto Global, “Comunicando Melhor, cultivamos a Paz”, que pretende permitir o envolvimento de toda a comunidade escolar em torno da defesa dos Direitos Humanos e da construção de um Mundo de Paz. Assim, neste momento, estamos numa fase de alargamento e consolidação das sementes lançadas no ano anterior. O nosso Projeto assentou em dois pilares: o Dia dos Direitos Humanos (10 de dezembro) e o Dia da Língua Materna (21 de fevereiro), tendo o ponto de partida sido a realização de uma conferência pelo Comissário do Plano Nacional de Leitura, subordinada ao tema “A importância da Leitura na

defesa dos Direitos Humanos”. Estabelecida de uma forma clara a relação incontornável entre a necessidade do domínio do instrumento básico de comunicação que é a língua materna e o exercício e defesa dos direitos humanos,

no quotidiano e no mundo, demos início a uma série de atividades de promoção da leitura e da escrita, em estreita colaboração com a BE/ CRE. Mais especificamente, para concretizar esse projeto foram dis-

ponibilizadas “Comunidades de Leitura” e “Oficinas de Escrita” destinadas aos diferentes níveis de ensino, respetivamente básico e secundário. A divulgação destas atividades está a ser feita de uma forma sistemática a todas as turmas da escola que, preferencialmente numa aula de português, se deslocam à Biblioteca. Aí assistem a uma apresentação feita pela professora Coordenadora acerca do espaço e da organização de uma biblioteca escolar, seguindo-se duas atividades práticas. No 3º ciclo, os alunos dividiram-se em dois grupos, ficando um com a professora de português, numa sessão de leitura e o outro comigo, numa sessão de escrita criativa. No secundário, a leitura foi substituída por uma atividade de pesquisa orientada. Feita esta sensibilização, os

alunos inscrevem-se nas atividades preferidas e irão, ao longo do ano, produzir materiais, relacionando a leitura e a escrita com a temática dos Direitos Humanos. Os textos trabalhados nas Comunidades de Leitura e os que forem produzidos nas Oficinas de Escrita serão coligidos para utilização em diferentes disciplinas, nomeadamente Formação Cívica, e servirão de apoio à produção de material audiovisual que será também disponibilizado a toda a comunidade escolar. Com este Projeto pretendemos antes de mais criar hábitos de reflexão e expressão para uma participação cívica activa e consciente, primeiro na escola, depois na sociedade. K Ângela Marques _ A Coordenadora SEA Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico _

Prazeres da boa mesa

Filhós em Mil Folhas com Mousse de Queijo e Gelado de Anis Mel 3Ingredientes p/ as Filhós (25 pax): 3 Cháv. Café de Azeite 2 Cháv. Café de Aguardente 1 Cháv. Café de ANIS SECO DÓMÚZ 3 Cháv. Café de Leite 3 Cháv. Café de Sumo de Laranja 3 Ovos 1 Kg de Farinha Q.B. de Sal

cionar a zeste de Laranja, por fim os medronhos. Empratamento: Num prato fazer camadas de filhós e de mousse de queijo. Aplicar um cordão de molho de medronhos e diospiro. Finalizar com o gelado. K

Preparação da Filhós: Misturar todos os ingredientes até ficar uma massa homogénea. Deixar descansar por 30 minutos. Esticar, cortar e fritar em azeite. Ing. Gelado de ANIS DÓMÚZ (25 pax): 1,5 L de Leite 1,5 L de Natas 600g de Gemas 600g de Açúcar 150g de ANIS MEL DAMAS DÓMÚZ 60g de Estabilizante Preparação do Gelado de ANIS DÓMÚZ: Ferver o leite e as natas. Misturar aos restantes ingredientes. Deixar arrefecer completamente e levar à máquina de gelados até ficar cremoso e sólido.

020 /// NOVEMBRO 2011

Chef Mário Rui Ramos _ Chef Executivo Ô Hotels & Resorts - Termal de Monfortinho

Ingred. Mousse de Queijo (25 pax): 180g de Natas 1 Vagem de Baunilha 6 Folhas de Gelatina 120g de Açúcar em Pó 600g de Queijo Neutro 440g de Natas Preparação da Mousse de Queijo: Levar as 1ªs natas ao lume com a baunilha e o açúcar em pó até ferver. Adicionar a gelatina demolhada. Juntar ao queijo e envolver as res-

tantes natas batidas. Ingredientes para os Medronhos (25 pax): 200g de Medronhos 50g de Açúcar 1 Laranja em Zeste 25g de Manteiga 750 ml de Garraf. do Comendador Preparação para os Medronhos: Derreter o açúcar na RESERVA DO COMENDADOR com a manteiga. Adi-

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música

pela objectiva de j. vasco

Coldplay - Mylo Xyloto

Panteão Nacional

3 Valeu a pena esperar três anos para conhecer o novo álbum dos Coldplay, chama-se “Mylo Xyloto” e é já o quinto longa duração do colectivo liderado por Cris Martin. O primeiro avanço, o single “Every teardrop is a waterfall”, elevou bem alto as expectativas do público e dos média. O tema foi acompanhado por uma fantástica remistura dos Swedish House Mafia. A segunda amostra foi o single “Paradise”, que foi dado a conhecer poucas semanas antes do cd chegar às lojas. A produção dos novos temas foi entregue a Rick Simpson,Markus Drays e Daniel Greeb, que tiveram a Colaboração de Brian Eno. Uma das boas surpresas de “Mylo Xyloto” é o tema “Princess of china”, que conta com a colaboração especial de Rhianna, e deve ser a próxima aposta do álbum. As novas composições estão na linha habitual da banda, uma simbiose perfeita de vários ritmos dentro do pop rock, muito bem conseguidas. Destaque para os singles ”Paradise”, “Every teardrop is a waterfall” e os temas “Princess of china” e “Charlie Brown”. 2011 está a ser um óptimo ano para os seguidores desta banda em Portugal, depois da actuação num dos festivais do passado Verão, o ano termina da melhor forma com a edição deste álbum. K

Buraka Som Sistema - Komba 3 Mais um álbum com carimbo nacional que chegou ao mercado, trata-se de “Komba” dos Buraka Som Sistema. O grupo que revolucionou a dance music em Portugal, criando o kuduro progressivo, está de volta com novos temas. A primeira amostra foi single “Hangover (Bababa”, que foi editado durante o Verão passado, e teve grande impacto nas pistas de dança. O single surgiu com diversas remisturas que não constituíram um valor acrescentado ao tema, eram demasiado alternativas para as pistas de dança. “We stay up all night” é o single corrente do trabalho. É mais um tema contagiante que promete ficar nas discotecas nos próximos meses e deliciar os mais novos. Para o segundo trabalho deste colectivo da Amadora, foram convidados Mixhell, Sara Tavares, African Boy, Bomba Estéreo, Kayha e Stereotyp. A sonoridade apresentada continua no chamado kuduro electrónico, com algumas influências de outros estilos da música de dança. O ponto fraco foi a escolha dos loops para alguns dos temas! Destaque para os singles “We stay up all night”, “Hangover (Bababa)” e as faixas “Voodoo love” e “Macumba”. Mais uma proposta para a banda sonora para o Outono-Inverno! K Hugo Rafael _

3 O Panteão Nacional situa-se em Lisboa, no Campo de Santa Clara, freguesia de São Vicente de Fora, ocupando o edifício pensado para ser a igreja de Santa Engrácia, na segunda metade do séc. XVI, por decisão da Infanta D. Maria. A igreja original foi fortemente danificada por um forte temporal em 1658 e, a partir daí, sofreu sucessivas alterações só terminando as suas obras já no ano de 1966. Tal intervalo tempo de obras sucessivas levou a que as mesmas ficassem conhecidas pelas obras de Santa Engrácia. O edifício é coroado por um zimbório gigante. O seu interior está pavimentado com mármore colorido e uma “arquitetura de maneirismo clássico assimilado ao barroco, com planta em cruz grega, três capelas absidadas, espaço central quadrangular e quatro torres nos ângulos.” Lá estão importantes os túmulos de importantes figuras nacionais como os dos presidentes da República Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro, da fadista Amália Rodrigues e os monumentos evocativos de Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque, Nuno Álvares Pereira, Vasco da Gama e do infante D. Henrique. Um mimo arquitetónico a visitar por todos os que vivem em Lisboa ou por lá passarem. As escolas encontrarão ali excelentes motivos para visitas de estudo: história, educação artística e visual, matemática (a geometria do espaço) ou mesmo para a geografia (a vista soberba sobre a cidade e o rio). K

press das coisas HP Touch Smart 520

TRANSVERSALIDADES João Vasco, colaborador do Ensino Magazine, acaba de vencer uma das categorias do Concurso de Fotografia, Transversalidades, promovido pelo Centro de Estudos Ibéricos. João Vasco, professor no activo, venceu a categoria “Modos de vida, condições sociais, processos de desenvolvimento e sustentabilidade: políticas, programas e projectos; cooperação territorial”. A foto fala por si. Foram ainda premiados Alfredo Cunha, João Pedro Costa, Mariana Jeca, Rui Marques e José Carlos. A exposição com os melhores trabalhos estará patente de 26 de Novembro a 7 de Janeiro, no paço da Cultura, na Guarda.

3 O Touch Smart é o novo modelo da HP de conceito all-in-one (tudo em um). Das características do modelo destaque para: o ecrã táctil e reclinável, com 23” de diagonal; tecnologia de som Beats desenvolvido pela Hewlett Packard em parceria com a Beats by Dr. Dre; as várias funções para reprodução multimédia; resolução 1920*1080 Full HD; processador Intel Core i32100 de 3.10 GHz e memória RAM DDR3 de 2 GB; drive para leitura e gravação de dicos DVD Super Multi. Dispõe de HD de 500GB e vem equipado com sistema operativo Windows 7 Home Premium de 64 bits. Preço aproximado 999 Euros. K

QUAD 9L ACTIVE 3 Integrado na série Active, a QUAD aposta em colunas de som HI-FI com amplificador digital integrado, dispensando a utilização de um amplificador de sinal externo. As colunas 9L Active são de duas vias e incorporam um amplificador de 60 Watts de potência, possibilitando a utilização quer a computadores com leitores digitais portáteis, quer a outros componentes Hi-Fi; têm entrada de sinal para tomada RCA, ligação USB e entrada minijack. As colunas vêm equipadas com tweeter, unidades de médios e abertura bass reflex traseira. K

NOVEMBRO 2011 /// 021


motor

O meu Primeiro Porsche c Hoje a crónica vai ser um pouco revivalista, trazendo para aqui a história meu primeiro Porsche, não que seja verdadeiramente meu, mas porque foi aquele que até hoje perdura na minha memória e que continuo a acarinhar. O meu primeiro contacto com um verdadeiro Porsche, foi em 1977 (aos 14 anos) num Rali de Castelo Branco onde o meu conterrâneo André Martinho se apresentou com um Carrera RS nesta prova do campeonato nacional. Lembro-me de o ver à partida, mesmo enfrente à Câmara Municipal. Não sendo um piloto “de fábrica”, o André conseguiu ao longo dos anos um conjunto muito interessante de resultados. Naqueles tempos um “Porsche de corridas” numa cidade do interior era, para quem nutria gosto pela competição automóvel, o verdadeiro centro das atenções da rapaziada. Inúmeras vezes acompanhávamos o Zé (mecânico do André Martinho) a preparar o carro antes e após cada rali, no stand/oficina, na Praça Rainha D. Leonor, bem perto da Escuderia Castelo Branco. Era uma prazer estar sentado na esplanada das

tílias e ver o Zé trabalhar empenhadamente na preparação da “bomba branca”. Desde então, acompanhei diversas corridas do André ao vivo, no Rali de Portugal, nas Rampas de Portalegre e Serra da Estrela, bem como nos ralis da minha terra. Devido à diferença de idade, não era muito chegado ao André, que sendo uma pessoa reservada, não regateava no entanto explicações aos miúdos mais curiosos. Já

falecido vitima daquelas doenças que não perdoam, o André não teve ainda a homenagem merecida. Para já aqui fica uma foto, da então revista Motor de Abril de 1978, da sua participação do Vinho do Porto de 78. O CA-50-14 foi sem dúvida o meu primeiro Porsche, pela forma como o acompanhei, bem à semelhança do que fazem hoje os fanáticos do futebol com as suas equipas. Ao que sei o carro ainda existe no Porto, aguar-

dando restauro. Bem perto de onde morava, outros gigantes do mundo Porsche, deslocavam-se por essa altura, todos os anos a Portugal, mostrando que eram dos melhores a preparar Porsches de corrida. É verdade foi na “rampa da serra” que algumas vezes vi o Jean -Marie e o Jacques Almeras, exibirem-se ao mais alto nível, chegando mesmo o Jean-Marie a vencer a edição de 1978. Também eles foram para mim “uma fonte de inspiração Porsche”, especialmente, quando uma vez por ano, tínhamos esse “banho de cultura Porsche” nas assistências junto ao estádio da Covilhã. Outro marco importante, na “minha cultura Porsche”, remonta também ao ano de 1978, com a vitória surpresa do Jean Pierre Nicolas no Monte Carlo. Numa época pouco globalizada, foi a influência dos irmãos Pires Preto, (meus colegas de liceu) que me chamaram a atenção para o feito do Jean Pierre que conseguiu bater as equipas de fábrica que lutavam pela vitória, nas provas do mundial de ralis. O Tó Zé e o Carlos Pires Preto (já falecido), apressaram-se a comparar o kit 1:43 e

rapidamente produziram a réplica deste famoso Carrera Almeras. Em 2008, trinta anos depois dos factos que relatei, o meu amigo Luis Brito conseguiu levar-me à catedral Porsche em Stuttgart. Visitámos a fábrica e o museu, onde para além da tecnologia sobressaiu o carinho com que são construídas estas maravilhas, mas ao mesmo tempo foi uma permanece visita ao passado, com as recordações das corridas do Carrera RS do André a estarem sempre presentes. K Paulo Almeida _ Direitos Reservados H

Com o apoio do Ensino Magazine

24 horas animaram Portugal 6 As 24 Horas de Portugal, que contaram com o apoio do Ensino Magazine, chegaram ao fim e ficaram definidos os títulos de 2011, tanto a nível nacional como ibérico. A iniciativa que contou com mais de uma centena de participantes superou as expectativas, o que levou os concorrentes a solicitar à organização (o Classic Clube de Portugal, numa equipa liderada por Paulo Almeida) para repetir o evento no próximo ano. Para já tudo aponta para a não realização do evento em 2012. Em cima da mesa está um projecto de ligação entre os autódromos de Jerez de la Frontera e do Estoril. De volta às 24 Horas que ligaram os concelhos de Castelo Branco e Sertã. A dupla João Mexia/ Nuno Machado ganhou o Troféu Português ao passo que foi para outra dupla nacional – João Vieira Borges / João Serôdio – a conquista do ceptro internacional, com Portugal a arrebatar ainda o título reservado às nações.

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Apesar da vitória difícil sobre Rui Viana, Luis Pereira não tinha quaisquer hipóteses de garantir qualquer dos títulos em disputa; João Mexia e Paulo Marques dividiam o favoritismo na disputa nacional, ao passo que a dupla José e António Martin, ainda poderia

criar algumas dificuldades a João Vieira Borges/João Serôdio. Mais disputada foi a discussão da Challenge Ibérica, entre José Martin e João Vieira Borges, e o certo é que os dois acabaram empatados em pontos, com vantagem para a equipa portuguesa,

simplesmente porque conseguiram menos mas melhores pontuações. De referir que nesta “Challenge” Portugal ganhou a taça referente às Nações. Aqui ficam as classificações. Troféu Nacional de Regularidade: 1º João Mexia Leitão, 55; 2º Paulo

Marques, 51; 3º Luis Pereira, 49; 4º Ana Margarida, 48; 5º Sinel Martins, 39; 6º Rui Viana, 30. Challenge Ibérica: 1º João Vieira Borges, 51(melhores pontuações); 2º José Martin, 51; 4º António Ramos, 46; 4º Carlos Kremers, 31; 5º Rafalel Cosin, 25; 6º Rui Pereira, 23 Classificação Final das 24 HORAS de Portugal 2011: 1º Luis Pereira/Eduardo Albino (R5 Turbo) 101p; 2º Rui Viana/Rui Martini (Porsche 944) 108p; 3º J. Vieira Borges/João Serôdio (BMW 635) 116p; 4º João Mexia/Nuno Machado (Porsche 911) 123; 5º José Grosso/João Sismeiro (BMW 2002) 128p; 6º Ana Margarida/Magda Ferreira (VW Golf) 132p; 7º José Martin/António Martin (VW Golf) 137p; 8º Jorge Dinis / Tiago Caio (Porsche 911 SC) 140p; 9º Norberto Cosin/Alberto Pablos (Alfa Romeo) 142; 10º António Ramos / J. Paulo Martinho (VW Golf) 156p. K RVCorreia H


distinção

Évora e Leiria em projecto de excelência 6 O projecto internacional Hidranatura acaba de ser distinguido, pelo Ministério da Educação de Espanha, com o selo de Campus de Excelência Internacional, no concurso de 2011. O projecto conta com a colaboração de mais de 70 empresas e instituições públicas e privadas, e com mais de 100 acções com o objectivo de melhorar a docência, a investigação e a transferência de conhecimento. A comissão internacional seleccionou o projecto liderado pela Universidade da Extremadura e em que participam a Universidade de Évora e o Instituto Politécnico de Leiria. Com esta aprovação, a Universidade da Extremadura dispõe de cinco anos para se transformar numa referência internacional na gestão eficiente dos recursos hídricos. K

Ensino Superior

Justino defende sistema único 6 O ex-ministro da Educação, David Justino, defendeu a unificação dos dois sub-sistemas de ensino superior (universitário e politécnico) num só. Uma medida que na sua perspectiva iria potenciar os recursos existentes. David Justino abordou a questão durante o 31º aniversário do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), o qual foi presidido pelo secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró. No entender de David Justino, “a actual lei de bases já não corresponde aos novos desafios de se gerir melhor os recursos disponíveis. É importante que exista mobilidade desses recursos e não se percebe porque é que um docente de um politécnico não possa dar aulas numa universidade, por exemplo”. O ex-ministro da Educação (na época não tutelava o ensino superior) considera que a questão da atribuição do grau de doutor

Alberto Frias / Expresso H

(agora reservada às universidades) deveria ser ultrapassada por critérios concretos. A um corpo docente altamente qualificado, David Justino acrescentou “a in-

vestigação científica. Só poderiam dar doutoramentos as instituições que tivessem capacidade de desenvolver investigação científica. Aquilo que verifico é que há

universidades que não têm condições e atribuem os doutoramentos, e há politécnicos com condições que não o podem fazer por imposição da lei”. Na sua conferência, David Justino mostrou-se contra o encerramento de instituições de ensino superior. “Mas defendo que há cursos que devem encerrar. No futuro há muitas instituições que têm que sacrificar alguns cursos para se salvar. Isto não significa que devam salvar os cursos que neste momento têm mais alunos, mas sim aqueles que são estratégicos para o futuro do país”. No entender de David Justino, que além de docente na Universidade Nova é também assessor do Presidente da República, “a sociedade não está a conseguir criar oportunidades para os jovens e para o sucesso deles na escola. Muitos têm que encontrar fora do país o que aqui não lhe conseguimos dar”. K

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