Ensino Magazine nº263 - Janeiro 2020

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janeiro 2020 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XXI K No263 Distribuição Gratuita

www.ensino.eu Ensino Jovem pedro dominguinhos

correia de campos, ex-ministro da saúde

Doutoramentos vão ser uma realidade nos politécnicos

“O SNS corre o risco de ficar para os pobres”

O presidente do CCISP, refere que os politécnicos estão preparados para atribuirem doutoramentos. Destaca ainda a forte ligação entre as empresas e os politécnicos. C

Assinatura anual: 15 euros

P 14 e 15

Universidade de Évora

Jéssica toca com Madonna C

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universidade

UBI integra consórcio europeu C

C

P5 francisco rodrigues, bastonário dos psicólogos

ipcb

Exposição junta fauna e flora C

P 12

IPL

Burgos e Leiria querem mestrado C

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Ordem contra vendedores da banha da cobra

politécnicos

Coimbra coordena Erasmus C

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portalegre

Fórum de Energia e Clima junta países da lusofonia C P 11 ensino superior

Conselho de Reitores Europeu pode acolher politécnicos do centro C

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Correia de Campos, presidente do Conselho Económico e Social

“Na saúde, o lucro é incompatível com a equidade” 6 Ministro da Saúde, secretário de Estado, deputado, eurodeputado, professor catedrático e atual presidente do Conselho Económico e Social (CES). Correia de Campos e a longa e preenchida históPublicidade

ria de uma vida dedicada ao serviço público. Nasceu em Torredeita, uma aldeia do distrito de Viseu, filho e neto de professores do ensino primário. De

que forma é que este contexto influenciou a sua vida e a sua carreira? A partir dos quatro anos comecei a caminhar para a escola primária, que ficava em frente da minha casa.

Um dia, o meu pai sentoume junto a uns rapazes mais velhos, numa daquelas carteiras grandes, de três lugares. E a partir de então, fiquei a assistir às aulas da primeira classe. Nessa altu-

ra, os professores do ensino primário nas aldeias lecionavam as classes todas, da primeira à quarta, o que agora vai contra os padrões modernos de ensino. Mas, por outro lado, permitia uma maior aproximação e relação com os alunos? Permitia, da mesma forma que possibilitava maior convívio entre os alunos, visto que estavam todos na mesma sala. Entretanto, comecei a ler diariamente o jornal que chegava lá a casa, que na altura era «O Primeiro de Janeiro». Com pouca ajuda, ia juntando as palavras, e comecei a dar os primeiros passos na leitura. Aos cinco anos, estava praticamente com a primeira classe feita, mas não podia matricularme por motivos burocráticos. Acabei por entrar na primeira classe, já em Viseu, mas na realidade já estava na segunda classe. E depois cheguei à quarta classe e fiquei a “patinar”, repeti esse ano, o que não foi propriamente bom. Numa altura em que o espírito da criança está desejoso de saber coisas novas, passei um ano letivo a ouvir coisas… antigas. Desestimulou-me a capacidade de absorção. Já no liceu tive dificuldades na Matemática, por exemplo. Mas acabei por superar a dificuldade, sem problema. Foi este interesse prematuro pelo ensino que acabou por atraí-lo para a carreira docente? Não tinha pensado ser professor ou assistente universitário. No limite, cheguei a admitir ser advogado. Mas cedo percebi que não tinha jeito, apesar de me ter licenciado em Direito. Comecei a gostar cedo dos temas económicos e admitia ser gestor público ou administrador. Também foi por acaso que entrei para a direção geral dos hospitais, em Coimbra, quando tinha acabado de licenciar-me e não gostava da magistratura e da advocacia. Nessa área surgiram-me imensas possibilidades porque o serviço de saúde esta-

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va a modernizar-se, o diretor geral era muito moderno, os dirigentes superiores do ministério também eram de alta qualidade e apareceu a hipótese de frequentar um curso de administração hospitalar. Fui um dos seis selecionados pelo diretor geral de então para um curso em Rennes, em França. Mas logo nessa altura já tinha sido escolhido para ser assistente dele na escola. Começava a desenhar-se uma carreira preenchida e de reconhecido mérito na área da saúde… A partir de 1970, aquando do meu regresso, passei a ser assistente na Escola Nacional de Saúde Pública. Acumulei a função de administração central no ministério, com a docência. A certa altura pareceu-me essencial fazer um mestrado de saúde pública, em Baltimore, nos Estados Unidos. Isso foi decisivo para consolidar o meu interesse pela carreira académica. Regressei a Portugal, mudando e modernizando a minha forma de ensinar. Em 1979, num contexto de grande instabilidade, fui convidado para integrar o governo de Maria de Lourdes Pintassilgo, onde estive três meses e meio como secretário de Estado da Saúde. Depois dessa experiência pedi para ir para a Escola Nacional de Saúde Pública a tempo inteiro e durante três anos concluí o meu doutoramento lá. Já disse publicamente que se sente reconhecido pelo que o país investiu em si e chega a confidenciar que não sabe se alguma vez poderá pagar essa dívida… Eu ainda estou em funções públicas, por isso, de alguma forma, ainda estou a pagar. Repare: as pessoas da minha geração tinham muita apetência em ir estudar para o estrangeiro. Vivíamos num regime autoritário em que não se tinha acesso (ou tinha-se com muito atraso) aos filmes e às músicas que circulavam fora das nossas fronteiras. Por isso, ;


aproveitei as bolsas e os benefícios que recebi para fazer a minha formação. As múltiplas funções exercidas em cargos públicos têm sido um tributo de reconhecimento às condições extraordinárias que me permitiram estudar e ter uma formação superior especializada de qualidade internacional. Foi ministro da Saúde, entre 2001 e 2002, e repetiu o cargo, entre 2005 e 2008, tendo privado de perto com as diversas corporações do setor, que forçaram a sua demissão na sequência de umas reformas mal recebidas. Pela sua força, são estes lóbis da saúde que obstaculizam certas reformas? A atual ministra, Marta Temido - que foi minha aluna - está a ser ainda mais atacada do que eu fui. Devo reconhecer que até tive alguma sorte. Consegui para 2005 um orçamento retificado que corrigiu um défice de 1,8 mil milhões de euros. Isso permitiu gerir o ministério durante três anos a dívida controlada. A juntar a isto, tive a vantagem de conhecer praticamente todas as pessoas do ministério, porque cerca de 80 por cento dos dirigentes tinham sido meus alunos. Um ministro que venha pela primeira vez para o ministério esta sempre às apalpadelas, até por desconhecer a competência das pessoas. Sabiam que eu era rigoroso, mas justo. Aliás, permita-me que sublinhe, que mantive nos cargos os dirigentes que sabia serem competentes, mesmo sabendo que tinham uma conotação política distinta da do governo. Fiz sempre questão de manter esse critério. Em suma, tive, por isso, condições excecionais para o desempenho do cargo, inclusive sem grandes ataques das corporações, com exceção de uma: a Associação Nacional de Farmácias (ANF), na altura. Tinha um poder imperial, julgando-se com capacidade para controlar os governos e condicionar as decisões políticas. E exerceu um domínio absoluto, não permitindo que o governo tivesse qualquer espécie de margem de manobra na comercialização e na distribuição de produtos farmacêuticos na comunidade.

Que estratégia usou neste braço de ferro? Foi necessário desmantelar o triplo monopólio da ANF: profissional, geográfico e de conteúdos de vendas. Anunciou-se a liberalização da comercialização de produtos farmacêuticos não prescritos com receita médica, que há muito tempo se vendiam nos supermercados em países como a Inglaterra ou os Estados Unidos. Como pode imaginar, a animosidade foi enorme e começaram os alertas que a saúde pública estaria em risco. Pura fantasia e propaganda, como o tempo se encarregou de provar. Já com a Ordem dos Médicos não tenho nada de especial a assinalar, os problemas registados foram pontuais. O Orçamento do Estado para 2020 reforça substancialmente o investimento na saúde. O problema do setor resolve-se com mais dinheiro ou também é preciso intervir ao nível das práticas de gestão? Sempre pensei que o desenvolvimento do setor privado pudesse trazer inovação e ganhos de eficiência nos processos de gestão hospital. Aliás, como trouxe. Acontece que o

setor privado rege-se pelo paradigma do lucro e muitas vezes o lucro é incompatível com a equidade. Para resolver esses problemas, precisamos de entidades reguladoras fortes. Contudo, não possuímos tradição de entidades reguladoras fortes e os próprios ministros não gostam destas entidades porque lhes tiram poder. Eu sempre defendi as PPP, mas também entendia que ao fim de nove anos de gestão o SNS devia estar preparado para tomar conta da gestão dessas parcerias. O que aconteceu é que a crise e os erros cometidos levaram o SNS a um estado de pobreza catatónica. Os anos perdidos no SNS são recuperáveis? Perdeu-se capacidade de modernização, recuperação de equipamentos e introdução de tecnologias, para além das dificuldades imensas em substituir muitos médicos e enfermeiros que saíram pelo simples “fatalismo” da demografia, ou seja, tinham chegado à idade da reforma. Para além disso, cometeramse vários erros, um deles foi a passagem das

CARA DA NOTÍCIA 6 Duas vezes ministro da Saúde Dele, disse o atual presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, «ser um servidor público como há poucos.» António Correia de Campos nasceu em Torredeita, em Viseu, a 14 de dezembro de 1942, no seio de uma família de professores, o que moldou toda a sua vida profissional. Funcionário, académico, gestor e político, foi dirigente do Ministério da Saúde e seguiu a carreira docente na Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa, sendo professor catedrático reformado. É doutorado em Saúde Pública pela Universidade Nova de Lisboa. Desempenhou funções na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e no Banco Mundial, tendo presidido ao INA. Foi por duas vezes secretário de Estado e presidiu à Comissão do Livro Branco da Segurança Social. Foi ministro da Saúde do segundo governo de António Guterres e do primeiro de José Sócrates. Foi deputado à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu. Escreveu centenas de artigos e diversos livros sobre política, administração e economia da Saúde e da Segurança Social. Foi eleito presidente do CES em outubro de 2016. É desde o mesmo ano, presidente do Conselho de Curadores da Universidade de Aveiro. K

40 para as 35 horas semanais. Não contesto a redução da carga de trabalho, mas devia ter havido uma alternativa que compensasse quem continuasse a querer trabalhar as 40 horas, com as consequentes vantagens para os serviços. Para além disso, a gestão muito apertada, contida e centralizada, fez com que o SNS tivesse, indiscutivelmente, perdido qualidade, e os próprios funcionários perderam motivação. Com a agravante de nada ter sido feito - antes pelo contrário - para colmatar a fantástica atração que o setor privado exerceu sobre os profissionais. Até a ADSE foi libertada do pagamento do custo dos medicamentos e dos internamentos hospitalares, ficando com as mãos livres para satisfazer a cultura pequeno-burguesa e de classe média que têm muitos funcionários públicos por acharem que as amenidades num hospital – o conforto hoteleiro, a melhor comida, música no quarto, televisão com 80 canais, e meninas bonitas e acolhedoras – eram sinónimo de qualidade. Isso é também qualidade, mas não é o essencial da qualidade. A fuga de muitos médicos para o privado não coloca em risco a transmissão de conhecimento e saber aos novos profissionais no público? Deixe-me sublinhar que o setor público mantém dois terços das suas capacidades em recursos humanos e conserva toda a sua capacidade de formação. Coisa que o setor privado não tem. Repare que no setor privado não há hierarquia médica e raramente existe equipa, porque o trabalho está muito segmentado. Normalmente, no privado as pessoas são pescadas à linha. Não há um chefe ou um diretor de serviço. E o diretor clínico não está la para ajudá-los a resolver os problemas clínicos, mas sim para lhes impor metas quantitativas. Que metas são essas? Não se pode internar mais do que determinada percentagem de doentes, por ;

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cada 100 pacientes tem de se prescrever 20 TAC, cinco PET e outros exames complementares. Pela simples razão que estes exames complementares de diagnóstico rendem muitíssimo aos estabelecimentos privados.

próprios meios. E é preciso começar por algo muito simples: ter ideias. Falta uma ideia comum e unificada que congregue os vários intervenientes? Se for falar com o Ministério da Educação dizem-lhe uma coisa, se for falar com gente do Ministério do Trabalho dizem-lhe outra coisa, se abordar os patrões e os sindicatos, as perspetivas diferem. É preciso criar uma estratégia conjunta que seja sufragada por todas estas forças. Este seria um trabalho enorme para o próximo CES.

Que papel cabe ao SNS? O SNS corre o risco de ficar para os pobres e os remediados se não for modernizado e não forem criadas as condições para reter os melhores dentro do hospital e voltar a atrair os que saíram. Tenho falado com muitos profissionais que foram para o privado, atraídos pelas remunerações e outros benefícios, e que agora veriam com bons olhos o regresso, caso tivessem melhores condições. Mas o que acontece é que tanto eles como as suas famílias adquiriram um padrão de consumo que já não querem abdicar. A aquisição dos medicamentos para as doenças oncológicas tem merecido um intenso debate. Confrontado com a pressão financeira e, ao mesmo tempo, pressionado para prolongar a vida de um doente por mais algum tempo, como reage um administrador hospitalar? Os decisores, sejam eles políticos ou ao nível da administração hospitalar, têm de seguir o que já se faz no estrangeiro: ampliar as capacidades de análise de avaliação económica do custo-efetividade de cada produto. Nem todos os produtos novos são custo-efetivo. A indústria tem a sua estratégia e quando um produto que teve um grande sucesso e ao fim de dois terços do seu período de patente se verifica que na concorrência surgem competidores é evidente que o que essa empresa faz é apresentar o mesmo princípio ativo, com uns ajustes, aqui e ali. Isso não muda nada a esperança de vida. Mas aparentemente, graças ao “marketing”, é possível convencer os compradores de que se trata de um produto milagroso. Quando não é. Em suma, estamos perante um problema multinacional, que tem de ser resolvido ao nível das instâncias europeias, tomando-se medidas para combater a inovação puramente comercial. Porque isto não é inovação. Se o envelhecimento é um grande problema, a baixa natalidade não é uma dor de cabeça menor. O que tem sido feito pelo poder político? Este Orçamento do Estado – no seguimento dos anteriores – dá passos importantes para incentivar a natalidade, nomeadamente em termos fiscais. Mas a chave do sucesso passa por os casais terem filhos mais cedo. O que sucede é que os nossos jovens casam cada vez mais tarde e as mulheres são mães mais tardiamente. Não admira, por isso, que o incentivo a ter um segundo filho seja cada vez menor. A recuperação da natalidade associada ao aumento da imigração e de reuniões familiares seria da maior importância. Um bom indicador disto, é que os jornais falam já em cerca de 150 mil brasileiros a residir em Portugal. E no que aos idosos diz respeito? Essa é uma área mais complexa. O que se constata é que se fez muito em termos de cimento armado, mas ainda pouco no âmbito do alargamento dos cuidados continuados, esforço muito condicionado pelos anos da “troika”. Afirmou recentemente que mudou a forma como passou a encarar a importância da

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Concertação Social para o país. O aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para 635 euros tratou-se de um pequeno passo para tornar Portugal menos assimétrico? Foi um passo muito importante, da mesma forma que se afiguram relevantes os próximos passos no que resta da legislatura. Para começar, desmontou-se o sofisma que existia que aumentar o salário mínimo prejudicava o emprego dos mais jovens. Antes pelo contrário. Quero salientar, enquanto presidente do CES, que tenho tido o privilégio de assistir a um ambiente muito saudável entre os intervenientes e que resultou numa atenuação da conflitualidade laboral. O facto de os partidos mais próximos dos interesses dos trabalhadores terem participado das decisões governativas foi acompanhado de um ambiente geral de desanuviamento, clima para o qual muito contribuiu o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa foi um preventivo de populismos bacocos. Pensa que conseguiu ser um agregador de consensos e de boas soluções para o país? Na anterior legislatura, a minha conduta no CES, foi sempre acompanhar e dar o máximo valor à concertação e à contratação coletiva de trabalho, lançando as atividades deste Conselho, tendo em vista o futuro, seja através da edição de livros ou da realização de conferências. Olhando para os desafios do futuro, permitiu alivar a conflitualidade no presente. Tem referido que estamos a pagar a herança de um défice histórico de qualificações do nosso pais. Essa lacuna é exclusiva dos trabalhadores ou é extensível às práticas de gestão? A falta de formação e o relativo atraso educacional do país é comum a todos: a patrões, empregados, assalariados, prestadores de serviços, académicos, etc. Todos sofremos o mal de meio século de obscurantismo, más interpretações do controle do poder, também por 50 anos de regime muito autoritário, em que não podemos esquecer que existiu um ministro da educação que dizia que à maioria dos portugueses bastava apenas saber ler, escrever e contar. Perante isto, não foi de estranhar que - por motivos económicos - se tivessem encerrado (durante 18 anos) as escolas do magistério primário, que tivessem criado substitutos de professores (os regentes

escolares) apenas com a quarta classe, e as universidades praticassem propinas elevadíssimas, comparativamente com o que hoje se passa. Foram fatores que limitaram o acesso ao ensino superior. O défice na formação profissional é um obstáculo à melhor produtividade? Trabalhamos mais horas do que a média dos restantes países da Europa, mas as condições da prestação de trabalho não são de molde a que acompanhemos o desempenho de produtividade de outros países. Por seu turno, a formação profissional foi muito orientada para as necessidades ocasionais ou locais. Por exemplo, no século XIX, os caminhos de ferro tiveram como consequência o aparecimento de escolas comerciais e industriais, sobretudo estas últimas, com as oficinas. Foi importante, mas depois veio o reverso da medalha. Após um coro de críticas sobre a diferença entre o ensino humanista e o ensino técnico, procedeu-se à sua unificação, o que gerou uma quase eliminação dos cursos profissionais. Foi necessário criar as escolas técnico-profissionais, inicialmente não públicas, e que desenvolveram um trabalho notável de criação de condições de empregabilidade de pessoas que estariam perdidas no seu curso liceal ou secundário. Estamos a sair dessa crise. E é natural que se sintam muitas carências. As maiores fragilidades registam-se em que âmbitos? Temos carências de profissionais em determinadas atividades, como a metalomecânica e o turismo, por exemplo. Por outro lado, os sindicatos têm razão quando se queixam que estar a fazer formação profissional só para empresas que já estão implantadas e porque há falta de mão de obra, é um planeamento muito limitado. Isto porque o mundo do trabalho está a mudar muito depressa e essas pessoas ficam sem saber e sem margem para reconversão. Infelizmente, creio que não temos um modelo de formação profissional capaz. Há muita falta de debate sobre a aprendizagem ao longo da vida para termos uma linha de orientação. Ainda somos muito dependentes de fundos comunitários e nesta disputa setorial cada ministério quer candidatar-se ao maior volume de verbas. Eu acredito que temos de nos habituar a viver sem fundos comunitários, existindo pelos nossos

Na era dos robôs e da inteligência artificial, a inteligência emocional conseguirá fazer com que se mantenha o toque humano? A inteligência artificial é apenas criar algoritmos de racionalidade. Já a inteligência emocional é a capacidade de reação a situações novas e diferentes. Os robôs dificilmente lá chegarão, mas não é impossível, tecnologicamente. Mas creio que é preciso desvanecer os receios que a robotização possa vir a criar desemprego em massa. Vão ser destruídos postos de trabalho e, em paralelo, muitos outros serão criados, até para programar e fazer funcionar os robôs. E não se esqueça que o crescente envelhecimento da população vai obrigar a um preenchimento de postos de trabalho nesta área, nomeadamente para cuidados prestados às pessoas em idade mais avançada. Foi eurodeputado durante um mandato. A 31 de janeiro concretiza-se o ”Brexit”. O projeto europeu nunca mais será o mesmo? A Europa ainda é um gigantesco mercado de 500 milhões de consumidores, um fantástico produtor de ciência e tecnologia, ainda controla a importantíssima indústria manufatureira – talvez não saiba, mas os países europeus dominam uma boa percentagem da indústria manufatureira, ao nível da conceção, do “design” e do “marketing”, embora esta possa estar deslocalizada noutros pontos geográficos. Este continente tem uma tradição, uma cultura e um respeito sem paralelo e com um vigor que não existe noutro. Devemos, por isso, e temos razão para dizer, com orgulho: todos somos europeus! Fica desapontado com a saída dos ingleses da UE? Confesso que tenho sentimentos mistos. Habituei-me, ao longo dos anos, que os ingleses abusassem da UE, conscientemente e com a complacência das instâncias europeias. Os ingleses tinham sempre os técnicos ou os tecnocratas mais bem preparados nas reuniões, nas negociações e nos debates, tudo fazendo para abichar uma parte significativa dos fundos existentes. Eram negociadores implacáveis e a sua única atração na Europa era simplesmente o mercado. Estavam-se nas tintas para a Europa solidária e da coesão. É uma questão de cultura que é preciso compreender: eles são comerciantes desde há séculos. Nos últimos meses o problema principal foi a indecisão dos ingleses. Há muito que as coisas estavam preparadas para a sua saída. A vitória eleitoral de Boris Johnson, em dezembro, resolveu o embaraço monumental em que nos encontrávamos. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H   

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UBI reúne universidades do sudoeste europeu

Conselho de reitores europeu pode acolher Politécnicos do Centro 6 A adesão dos institutos politécnicos de Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Santarém, Tomar e Viseu ao CRUSOE - Conselho de Reitores das Universidades do Sudoeste Europeu está em perspetiva. Isso mesmo ficou definido numa reunião realizada na Universidade da Beira Interior (UBI). Esta rede de 23 instituições de Ensino Superior de Portugal e Espanha poderá, dessa forma, ampliar a sua massa crítica e ter mais instrumentos para dinamizar as regiões onde estão sediadas, devido à cooperação alargada. No encontro que teve lugar na reitoria da UBI, estiveram o presidente do CRUSOE, o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, e o secretário executivo do organismo, Salustiano Mato, antigo reitor da Universidade de Vigo. Juntamente com os responsáveis dos institutos politécnicos de Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Santarém, Tomar e Viseu o diálogo serviu para equacionar possibilidades concretas de trabalho, designadamente ao

nível da mobilidade de investigadores, docentes ou de estudantes. Foi igualmente manifestada a disponibilidade que existe nas instituições para participarem no desenvolvimento das estratégias de especialização inteligente. “Para nós, foi muito gratificante verificar que os presidentes dos institutos politécnicos

da Região Centro se reveem no programa da CRUSOE e estão disponíveis para uma colaboração intensa no futuro próximo”, afirmou Rui Vieira de Castro, no final da reunião, onde também participou o reitor da UBI, António Fidalgo, e a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira.

A secretária de Estado deu conta da relevância que o Governo atribui às redes de cooperação com Espanha e às instituições de Ensino Superior, para desenvolverem as regiões do Interior e próximas da fronteira. “As instituições ligadas ao conhecimento têm um papel muito importante como motores

de desenvolvimento dos territórios, até porque são agentes da coesão territorial. Isso, aliado ao conhecimento que têm das suas missões, pode ser um verdadeiro impulsionador daquilo que é o desenvolvimento socioeconómico das regiões e a diversificação da base económica, que pode fazer a diferença em muitos territórios, nomeadamente aqueles que são do interior”, referiu Isabel Ferreira. “É, sem dúvida, para nós, muito importante a dinâmica criada nestas redes”, concluiu. O CRUSOE é constituído por universidades e politécnicos do Norte e Centro de Portugal, e das regiões espanholas da Galiza, Castela e Leão, Astúrias e Cantábria. É uma rede de cooperação que tem o objetivo de promover a investigação e inovação entre instituições, consolidar espaços de colaboração, refletir e trabalhar em projetos que apresentem soluções da macrorregião, incrementar a disponibilidade de conhecimentos e a mobilidade de profissionais, entre outros. K

Até 31 de janeiro

Candidaturas abertas ao prémio VitalMobile 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) e a VitalMobile têm aberta as candidaturas, até 31 de janeiro, para a primeira edição do Prémio ‘VitalMobile - Gonçalo Belo’, que distingue a melhor tese de doutoramento sobre esaúde, de forma a estimular a inovação e o rigor do trabalho de investigação, bem como proceder à divulgação de produções científicas de elevada qualidade. A participação está reservada a doutorados nas áreas da saúde e das tecnologias para a saúde, autores de uma tese de doutoramento sobre o tema da e-Saúde, sendo que a tese deve ter sido aprovada num dos dois últimos anos civis anteriores àquele a que se refere o prazo de entrega e não pode ter sido objeto de utilização comercial ou empresarial. Os critérios de avaliação in-

cluem o potencial contributivo para a saúde e bem-estar dos doentes, a interdisciplinaridade (saúde - tecnologia) e a Qualidade, em termos do grau de aprofundamento, razoabilidade e potencial de aplicabilidade a curto-prazo. O anúncio do vencedor, que receberá o montante de mil euros, está previsto para abril. O Prémio resulta de uma parceria estabelecida entre a UBI e a empresa, na sequência do trabalho de ambas as entidades têm feito no estudo, desenvolvimento e aplicabilidade de soluções no âmbito da e-saúde. Com a designação de ‘Prémio VitalMobile – Gonçalo Belo’ é ainda prestada homenagem a Gonçalo Belo, o engenheiro que foi um dos criadores da plataforma de telemonitorização de doentes crónicos da VitalMobile. K

Iniciativa Universidades Europeias

UBI integra consórcio 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) e cinco instituições de Ensino Superior de Espanha, França (2), Itália, e Roménia, acabam de criar um consórcio denominado Universitas Europaea (UNITA), que se candidatou ao programa Erasmus+ para ser selecionado como das 20 redes de colaboração entre instituições que a Comissão Europeia quer ver criadas até 2024. As redes visam aumentar a qualidade de ensino, da investi-

gação e da resposta aos desafios sociais que se colocam no espaço europeu. São alianças transnacionais que se tornarão as universidades do futuro, promovendo os valores e a identidade europeus e revolucionando a qualidade e a competitividade do Ensino Superior. Pretende-se que fortaleçam a mobilidade de estudantes e funcionários, promovam a qualidade, a inclusão e a competitividade da educação.

No caso do consórcio UNITA, que foi apresentado em Turim a 14 e 15 de janeiro, candidatam-se a Università Degli Studi di Torino (Itália), Universidad de Zaragoza (Espanha), Université Savoie Mont Blanc (França), Universitatea de Veste din Timisoara (Roménia) e a Université de Pau et Des Pays de L’Adour (França). No total, a UNITA é um espaço que agrega 160 mil estudantes e 15 mil colaboradores. K

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Brasil

Universidade da Beira Interior adere ao Grupo de Tordesillas 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) é um dos novos membros do Grupo de Tordesillas, rede da qual fazem parte 57 instituições de Ensino Superior do Brasil, Espanha e Portugal, que foi criada no ano 2000, no I Encontro de Reitores das Universidades dos três países, que decorreu na Casa do Tratado, onde foi firmado o Tratado de Tordesillas, em 1494. Nesta altura, fazem parte da organização 26 universidades do Brasil, 21 de Espanha e 10 de Portugal. A opção da UBI em aderir ao Grupo de Tordesillas teve por base a partilha de princípios com esta entidade, nomeadamente a aposta no estabelecimento de vínculos académicos, culturais e socioeconómicos, a promoção de

Até 29 de janeiro na ubi

atividades de cooperação multilateral e o desenvolvimento da cooperação em educação. O Grupo tem como objetivos estabelecer vínculos académicos, culturais e socioeconómicos entre os seus membros e promover atividades de cooperação multilateral em matérias de educação, ciência, tecnolo-

gia e inovação, fomentando o estabelecimento de redes de investigação que estimulem a mobilidade de investigadores e deem lugar à realização de projetos de valor estratégico, orientados para os problemas que afetam e influenciam o progresso da comunidade ibero-brasileira. K

AAUBI

Ricardo Nora é o novo presidente da Associação Académica 6 Ricardo Nora sucedeu a Afonso Gomes na presidência da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), depois de ter sido eleito para o mandato que terá a duração de um ano. O estudante do Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial foi o único candidato no ato eleitoral que decorreu no dia 19 de dezembro. O recém-eleito presidente da AAUBI vai liderar a associação estudantil depois de ter feito parte do elenco diretivo de Afonso Gomes, nas funções de Tesoureiro. Apresentou-se às urnas com o Projeto “Todos pela Academia”, assente numa base de continuidade do trabalho da direção de 2019 e em linhas orientadoras de desenvolvimento e inovação. De acordo com a informação divulgada durante a campanha, a nova direção pretende uma AAUBI mais presente, em contacto com os núcleos de estudantes e culturais. Apresenta o objetivo de implementar estratégias de cooperação entre a AAUBI e entida-

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Bial expõe na Faculdade de Ciências da Saúde 6 A Faculdade de Ciências da Saúde da UBI (FCS-UBI) tem patente ao público, até 29 de janeiro, a exposição ‘Fundação BIAL - 25 Anos’, que tem curadoria de Daniel Bessa e divulga o trabalho desenvolvido pela instituição em prol do estudo e da investigação científica do ser humano. “A Fundação BIAL é o exemplo daquilo que nós tanto invejamos nos Estados Unidos, que é a filantropia da sociedade civil para com o mundo científico, académico e cultural”, destacou o reitor da UBI, António Fidalgo na inauguração, que decorreu a 13 de janeiro. “Se há algo que falta em Portugal é justamente essa filantropia, que é a sociedade civil acarinhar as instituições culturais, académicas e científicas”, reforçou.

Já presidente da FCS-UBI, Miguel Castelo Branco, desejou “que a BIAL continue esta estratégia, porque é um bom exemplo para outras empresas, pois a investigação científica e clínica, para além de ser muito boa em Portugal e estar em crescimento, precisa desta relação com uma indústria que não quer ser apenas produtora de lucros sob o ponto de vista económico, mas também uma produtora de lucros sob o ponto de vista científico e de dinamização de um país”. A exposição está a percorrer vários locais de Norte a Sul do país e, até final de 2020, passará por todas as faculdades onde se leciona medicina em Portugal, bem como algumas instituições europeias e norte-americanas. K Rafael Mangana _

Na Covilhã

Alunos apoiam causas sociais

des externas, para que haja uma maior proximidade com a Associação, a cidade e a Universidade. Também aposta na proximidade, de modo a promover mais e melhores eventos e oportunidades. Melhorar a comunicação entre os núcleos e os estudantes, através da implementação de novas pla-

taformas, é outra meta. Para os restantes órgãos sociais, Bruno Campos, que se apresentou como candidato da Lista T, venceu a eleição para a Mesa da Assembleia Geral de Alunos, e Pedro Carvalho (Lista T), foi eleito Presidente do Conselho Fiscal. K

6 Um grupo de alunos de mestrado da Universidade da Beira Interior acaba de doar 700 euros a três entidades de apoio social da cidade da Covilhã, sendo 234 para a Casa do Menino Jesus, destinadas a remodelar quartos de criança, 234 para a compra de consumíveis pela Happy Wish, Iniciativa Social fundada por estudantes da UBI, e 232 para o Lar de São José, que apoia a população idosa, e vai agora comprar um cadeirão com rodas. A iniciativa decorreu no âmbito da unidade curricular de ‘Marketing Empreendedor e Criatividade’, sendo que 21 estudantes dos Mestrados em Empreendedorismo e Criação de Empresas e em Ma-

rketing criaram e desenvolveram pequenos negócios individuais que tinham como objetivo mínimo alcançar um lucro mínimo igual ao valor do financiamento (10 euros), sendo que o ideal seria alcançar um lucro de 25 euros ou superior. Maria José Madeira, diretora do Mestrado em Empreendedorismo e Criação de Empresas, considera que “esta iniciativa, para além do valor angariado e da experiência real em criar e desenvolver um negócio, mostrou que é possível fazer o que se pode com o que se tem e ajudar os outros a viver melhor”. A entrega dos valores às respetivas instituições foi feita em finais de 2019. K


Diplomada Pela Universidade de Évora

Jéssica toca com Madonna Évora

Collares Pereira distinguido no México 6 Manuel Collares Pereira, antigo responsável pela Cátedra Energias Renováveis, investigador coordenador e professor da Universidade de Évora (CER-UÉ), com a qual mantém contato próximo, recebeu o título de membro honorário da Academia Mexicana de Energia, dia 16 de janeiro, na Cidade do México. A Academia Mexicana de Energia é uma associação civil sem fins lucrativos, dedicada ao desenvolvimento de investigação científica e tecnológica na área de energia e à promoção e disseminação de conhecimento sobre processos de obtenção, conversão, armazenamento, distribuição e uso de energia. Na investidura, Manuel Collares Pereira proferiu a conferência “Energia e Ambiente, num Mundo com muita gente”, em cerimónia que se integrou no V Aniversário da Academia Mexicana de Energia e que decorreu na Universidade Autónoma Metropolitana. Antes, dia 15, na Universidade Nacional Autónoma do México, Manuel Collares Pereira ministrou um curso sobre Non Imaging Optics, aplicada à concentração de radiação solar, aberto a todos os alunos de engenharia e, no dia 17, foi preletor de uma conferência sobre os mais recentes avanços da concentração linear para produção de eletricidade por via térmica. Mestre e Doutor em Física, pela Universidade de Chicago, e engenheiro eletrotécnico, pelo Instituto Superior Técnico, Manuel Collares Pereira é o atual presidente da Direção do Instituto Português de Energia Solar (IPES) e colaborador da CER-UÉ. Foi ainda professor na Universidade Nova de Lisboa e no Instituto Superior Técnico e investigador principal e coordenador no Departamento de Energias Renováveis, Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (LNETI), Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI) e Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), e autor do livro “Energias Renováveis, a opção inadiável”. K

6 Jéssica Pina, trompetista e licenciada em música - ramo de jazz pela Universidade de Évora (UÉ), acompanha a artista Madonna na sua nova produção Madame X world tour, informou a instituição na sua página de internet. Com mais de 80 concertos nos maiores palcos internacionais, Jéssica Pina integra o grupo de músicos que acompanham a cantora norte-americana Madonna, considerada a Rainha da Pop desde os anos 80 do século passado. Depois de Nova Iorque, a digressão Madame X passou por várias cidades norte-americanas, entre as quais Los Angeles, Chicago, Las Vegas, Boston, Filadélfia e Miami. Na Europa coube a Lisboa acolher esta digressão que passará ainda por diversos palcos londrinos e parisienses.

Na vanguarda do ensino superior de Música, a licenciatura em música da UÉ proporciona a aquisição de competências e de conhecimentos de nível superior, permitindo o acesso ao mercado de trabalho nas áreas artísticas e científicas da música. Conta com professores que estão entre as principais figuras nacionais e internacionais do ensino e prática musical. Os alunos participam em vários agrupamentos – de acordo com o instrumento – que podem incluir a Orquestra da UÉ, sob a direção dos maestros Christopher Bochmann e Kodo Yamagishi, a Orquestra de Jazz dirigida pelo maestro Claus Nimark, o Coro orientado pelo maestro Ian Mikirtoumov ou agrupamentos de câmara e combos de Jazz. K

Sines e Évora assinam acordo

Mar ganha novo laboratório 6 A Universidade de Évora (UÉ) e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve assinaram, no passado dia 15 de janeiro, em Sines, um contrato de concessão de uso privativo de uma parcela de terreno do domínio público, localizada a norte do cabo de Sines, onde as novas instalações do Laboratório de Ciências do Mar da UÉ (CIEMAR) vão ser construídas. Isso mesmo é referido pela Universidade em nota enviada ao Ensino Magazine. Nesta cerimónia estiveram presentes Ana Costa Freitas, reitora da UÉ, António Candeias, vice-reitor para a Investigação, José Luís Cacho, presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve, bem como Jorge Araújo, antigo reitor da UÉ que iniciou as conversações no decurso do seu mandato. Foi no âmbito da recente aprovação do projeto “Construção de infraestruturas de investigação e inovação do Laboratório de Ciências do Mar da UÉ – CIEMAR”, através do programa operacional regional Alentejo 2020, que este contrato foi assinado. António Candeias, vice-reitor da Universidade de Évora, aponta o próximo ano para a conclusão do novo laboratório. Para aquele responsável, citado na imprensa nacional, “a aposta é continuar,

de uma forma sustentada, a investigação que já se desenvolve no polo de Sines, muito na área dos recursos marinhos e da biodiversidade, mas incorporar componentes nas quais a UÉ tem competências de referência a nível nacional, como as da geofísica, da inteligência artificial e das ciências do património”. O vice-reitor da UÉ adiantou ainda que, na sequência deste projeto que conta com a colaboração e o apoio da Câmara Municipal de Sines e da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, e envolve membros do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, e do ICT – Instituto de Ciências da Terra, “poderá seguir-

se uma candidatura, ainda este ano, a fundos comunitários de um projeto transfronteiriço” para permitir ampliar ainda mais as valências do CIEMAR. O respetivo projeto de execução e de arquitetura foi elaborado por Pedro Gameiro e Marta Sequeira, professores do Departamento de Arquitetura. O CIEMAR tem funcionado em Sines desde 1990, em instalações provisórias cedidas pela autarquia, e que são atualmente insuficientes para desenvolver os diversos projetos de investigação científica em curso e as atividades de ensino superior e formação especializada, bem como alargar o âmbito da sua ação em áreas de ponta da Universidade como

a Biodiversidade, a Geofísica, as Geociências, as Ciências do Património e a Inteligência Artificial. Desta forma, a implementação deste projeto representa um novo impulso ao desenvolvimento das ciências do mar, tendo como objetivo “promover e executar atividades científicas, pedagógicas e culturais destinadas à melhoria do conhecimento marinho, à inovação, ao desenvolvimento tecnológico e à utilização sustentável dos recursos marinhos, dando especial atenção à região costeira do Alentejo e à restante plataforma continental adjacente”, afirmou ainda o vice-reitor para a Investigação da UÉ. Ciente da importância que o mar representa no atual contexto económico europeu e das oportunidades que se abrem em setores chave como a pesca e aquicultura, os recursos minerais e naturais e o turismao, a UÉ tem vindo a desenvolver de forma sustentada uma estratégia que lhe permite posicionar-se a nível regional e nacional nesta área. Exemplos disto são o polo de investigação MARE-UÉ, classificado como «Excelente» pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a infraestrutura CIEMAR localizada em Sines e a participação ao mais alto nível na Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). K

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  

Baixo Mondego

Évora regulamenta pesca 6 A Universidade de Évora está a participou na regulamentação da pesca profissional da lampreia-marinha e do sável no estuário do rio Mondego e na Ria de Aveiro. Com o objetivo de contribuir para a conservação das espécies migradoras diádromas e para uma exploração sustentável das suas populações, a Universidade de Évora tem sido responsável pela monitorização das populações de sável e lampreiamarinha a nível nacional, tendo igualmente liderado ações de restauro do habitat fluvial essencial para que estes peixes migradores completem o seu ciclo de vida. Desde 2011 que a Universidade de Évora colabora com o IPMA e presta assessoria à DGRM e ao ICNF, entidades responsáveis pela gestão da pesca comercial destas espécies em Portugal, participando ativamente em reuniões com pescadores profissionais nas principais bacias hidrográficas nacionais. Ao longo dos últimos 20 anos

Até 15 de fevereiro

Artista italiana expõe em Évora a Universidade de Évora (UÉ) tem vindo a consolidar o conhecimento sobre a gestão e conservação das populações de peixes migradores diádromos (e.g, sável, lampreia-marinha), sendo atualmente uma referência a nível nacional e internacional neste domínio. Os diversos projetos de investigação coordenados por Pedro R. Almeida, investigador do MARE -

Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, contribuíram para a presença da Universidade de Évora em todas as bacias hidrográficas nacionais, com especial incidência na região Centro e Norte, e para o estabelecimento de uma relação de confiança com as comunidades de pescadores profissionais que se dedicam à exploração comercial destas espécies. K

6 A exposição Postcards_Trilogy está patente até 15 de fevereiro na Galeria de exposições da Casa de Burgos, em Évora. Este projeto que surge da união entre as artes visuais e as artes performativas é da autoria de Eleonora Marzani, artista multidisciplinar italiana que é também investigadora do Centro de História de Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora (CHAIA/UÉ).

Através desta antologia de vídeo-performances que se divide em três partes, o espetador é convidado a embarcar numa viagem com ponto de partida em Itália e com o Alentejo como destino final. Um postal que normalmente se associa a um formato fotográfico, ganha aqui uma vertente fílmica que ilustra a passagem do tempo e explora a relação do homem com a roupa e com a espera. K

Évora

Rui Dias na Academia 6 Rui Dias, professor do Departamento de Geociências da Universidade de Évora (UÉ), investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT) e diretor do Centro de Ciência Viva de Estremoz, foi aprovado como membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. A eleição do investigador da UÉ decorreu no passado dia 5 de dezembro. A Academia de Ciências de Lisboa é a mais prestigiada e uma das mais antigas instituições científicas nacionais. “Em Ciência habituamo-nos a procurar relações entre factos ou explicações para coincidências. O ter sido eleito por unanimidade membro correspondente da secção de Ciências da Terra e do Espaço da Academia das Ciência de Lisboa no mesmo mês em que sai o primeiro volume da trilogia que escrevi sobre a evolução geológica de Portugal é uma destas situações”, referiu Rui Dias. Normalmente os membros da Academia são eleitos com base no trabalho que foram desenvolvendo durante a sua carreira e para o professor da UÉ “existiram três situações que estiveram na base da proposta feita pelos

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Universidade de Évora

Quintino Lopes recorda Lacerda Professor António Ribeiro da Universidade de Lisboa e Lemos de Sousa da Universidade Fernando Pessoa”, explica. Recorde-se que os académicos correspondentes de cada classe são indicados pelos académicos efetivos da respetiva classe, sempre que se verificar uma vaga na mesma. Os nomes indicados são depois apresentados ao sufrágio, e para a eleição é indispensável a maioria absoluta dos votos dos académicos efetivos da classe presentes. En-

tre os deveres principais de um académico correspondente estão: a presença nas sessões plenárias e da classe a que pertençam; a inclusão nos trabalhos da Academia, desempenhando as funções para as quais foram designados ou eleitos por deliberação da Academia ou da classe a que pertencem; o incremento das atividades das secções a que pertençam; e ainda a apresentação de comunicações próprias, memórias, relatórios, propostas, projetos e sugestões de trabalhos. K

6 Quintino Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea e do seu Grupo Ciência da Universidade de Évora (UÉ), está a desenvolver o projeto de pós-doutoramento “The scientific ‘centrality’ of a ‘peripheral’ laboratory: the University of Coimbra Experimental Phonetics Laboratory (1936-72)”. Neste projeto, Quintino Lopes resgata o trabalho de Armando de Lacerda (1902-1984), uma figura central na Fonética mundial pela criação de instrumentos científicos inovadores, como o “Policromógrafo”, e o pioneirismo nos estudos sobre coarticulação e segmentação dos sons da fala, em colaboração com Paul Menzerath (Universidade

de Bona). Armando de Lacerda foi ainda o introdutor da Fonética Experimental em Portugal e o criador do primeiro Laboratório de Fonética Experimental da América do Sul, na Universidade da Bahia, em 1957. Através deste projeto de pósdoutoramento tem-se procedido à digitalização de documentação dispersa em arquivos portugueses e estrangeiros, e à gravação de entrevistas em formato áudio e vídeo, com a colaboração dos Serviços de Informática e Audiovisual da UÉ. A magnitude deste projeto de pósdoutoramento na Universidade de Évora motivou o seu financiamento privado pela empresa Ferraz de Lacerda, Lda. K


CTeSP e LICENCIATURAS CURSOS TÉCNICOS SUPERIORES PROFISSIONAIS (CTeSP) ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA

Análises Químicas e Biológicas Cuidados Veterinários Energias Renováveis Produção Agrícola Proteção Civil Recursos Florestais

Assessoria e Comunicação Empresarial Desporto Recreação Educativa para Crianças

Automação e Gestão Industrial Comunicações Móveis (em parceria com a Altran – Fundão) Desenvolvimento de Produtos Multimédia Instalações Elétricas e Telecomunicações Reabilitação do Edificado Redes e Sistemas Informáticos Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação

ESCOLA SUPERIOR DE ARTES APLICADAS

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO Gestão Empresarial Restauração e Bebidas

Comunicação Audiovisual

LICENCIATURAS ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DR. LOPES DIAS

Agronomia Biotecnologia Alimentar Enfermagem Veterinária Engenharia de Protecção Civil

Desporto e Actividade Física Educação Básica Secretariado Serviço Social

ESCOLA SUPERIOR DE ARTES APLICADAS

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO

Ciências Biomédicas Laboratoriais Enfermagem Fisiologia Clínica Fisioterapia Imagem Médica e Radioterapia

Design de Comunicação e Audiovisual Design de Interiores e Equipamento Design de Moda e Têxtil Música variante de: Canto / Formação Musical /

Gestão (ramo de Contabilidade ou ramo de Recursos Humanos) Gestão Comercial Solicitadoria Turismo

Instrumento / Música Electrónica e Produção Musical

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA Engenharia Civil Engenharia das Energias Renováveis Engenharia Electrotécnica e das Telecomunicações Engenharia Industrial Engenharia Informática Tecnologias da Informação e Multimédia

www.ipcb.pt JANEIRO 2020 /// 09


Escola Superior Agrária de Castelo Branco

Horta móvel tem cariz solidário 6 Alunos, professores e não docentes da Escola Superior Agrária de Castelo Branco criaram uma horta móvel com rodas. Um conceito inovador de cariz educativo e social desenvolvido no âmbito da disciplina de horticultura do 3º ano da licenciatura em Agronomia. “A ideia é que esta horta, ao contrário das que são feitas em solo, possa estar disponível e ser também um mostruário para toda a comunidade escolar e para quem tenha interesse em ter uma horta em casa. A área proposta foi de um metro quadrado, uma área normalmente fácil de disponibilizar, numa varanda ou perto de casa”, começa por explicar Fernanda Delgado, docente da escola e coordenadora deste projeto. O entusiasmo dos alunos foi grande. Divididos por três grupos, cada um teve que apresentar o seu projeto para uma horta móvel, “que primasse pelos princípios da sustentabilidade, economia circular, autossustentabilidade, facilidade de cultivo e manutenção, baseado nas práticas de agricultura biológica”, diz a professora, enquanto revela que as propostas foram depois avaliadas por um júri constituído pelos docentes Isabel Castanheira e Canatario Duarte, para além da própria Fernanda Delgado. E assim nasceu uma horta com rodas. “O projeto vencedor foi executado por todos os alunos da turma em horas de aulas práticas e, no final, em horário extra. Foram semeadas algumas das culturas nos inícios de dezembro para termos

plantas para transplantar em janeiro. A rotação de culturas foi feita em conjunto em sala de aula, bem como os compassos e número de plantas necessárias”, exemplifica. Para se realizar a sementeira foi necessário criar a estrutura. Fernanda Delgado recorda que nela foram utilizados “materiais reciclados trazidos pelos alunos e materiais existentes nas oficinas e serralharia da própria escola, cuja direção apoiou esta iniciativa”. O momento era de unir esforços e partilhar sinergias: “Para os trabalhos de serralharia contámos com a ajuda imprescindível do funcionário António Farias”. Aos alunos do grupo vencedor (Diana Neto, Henrique Matos, Alexandra Lucas e Sérgio Torrão) juntaram-se todos os outros

(Luís Matos, João Costa, João Abreu, José Marto, Frederico Carvalho e Adriana Gouveia). A pouco e pouco a horta com rodas foi ganhando forma: “A estrutura em ferro começou por ser feita com um eixo e umas rodas que um dos alunos trouxe. Tudo o resto foi soldado e feito com base em ferros que existiam na serralharia. Para a caixa de madeira foram utilizadas ripas de paletes desmanchadas e pintadas. As placas de identificação foram tratadas com proteção de madeira e feitos os nomes com pistola de queima”. À medida que a estrutura da horta móvel ganhava forma o entusiasmo junto do grupo aumentava. “Tudo foi feito por nós. Neste percurso tivemos a ajuda de um aluno

do Ctesp de Produção Agrícola, Luís Rogério Nunes, que fez as estruturas artísticas de ferro moldado para segurar o nome da horta”. Feita a base móvel, onde um regador apresenta a «graça» de todos os que participaram no projeto, foi o momento de se passar à fase da sementeira. “A rotação de culturas hortícolas é anual e agora foram instaladas as culturas de outono-inverno”, adianta Fernanda Delgado. Na horta com rodas surgem as plantas aromáticas, salsa, tomilho, erva caril e hortelã-pimenta. “Estas plantas têm várias vantagens como a prevenção de pragas e doenças para outras culturas. Para além disso, são condimentares e podem ser integradas numa alimentação diária contribuindo para os desígnios de

uma boa dieta mediterrânica e para a diminuição dos teores de sal”, justifica. Nesta horta revelam-se também outras culturas, “com a couve roxa e couve-flor, nabiça, beterraba, rabanetes, alho francês e alfaces. Foram também instalados bolbos de crocus, o vulgar açafrão”, acrescenta. A iniciativa, além do cariz educativo e de sensibilização pelas boas práticas ambientais, tem também uma vertente solidária. “Atendendo ao facto de termos esta horta localizada junto ao bar, no pátio da escola, todos podem acompanhar a sua evolução e cuidar dela, regando e tapando com manta térmica em noites que se perspetivem de muita geada. No final, a ideia é podermos através do núcleo de alunos fazer um almoço de sopas solidárias para alunos com dificuldades económicas ou fazer cabazes para associações de solidariedade social da cidade ou arredores”, sublinha. Fernanda Delgado frisa que “a primeira atividade está prevista para 21 de março, dia da agricultura e floresta, com uma iniciativa integrada nas comemorações dos 40 anos do IPCB”. A docente recorda que já no ano passado “tinha proposto um desafio de ser criada uma horta aos alunos. Mas não obtive o feed back necessário. Por isso, este ano acabei por propor a atividade como um desafio para a avaliação contínua que faço na disciplina”. K

design do país, e pode ser vista na Galeria Municipal de Matosinhos até dia 23 de fevereiro. Nesta iniciativa, a Esart apresentou trabalhos de docentes e alunos do mestrado em Design de Interiores e Mobiliário da ESART, a saber: Ana Afonso, Ana Lourenço, Ana Reis, Ana Simões, Carla Lourenço, Carolina Tavares, Elodie Santos, Joana Ramos, Joana Santos, José Simão, Mariana Liberal, Patrícia Sequeira, Raul Cunca, Ruben Morais, Sofia Graça, Tiago Girão e Tiago Milheiro. Em nota enviada à comunicação social, o IPCB explica que

na exposição são apresentadas “abordagens focadas na tecnologia, sociologia e estética do design contemporâneo, as quais sintetizam as preocupações do novo milénio, em resposta à atual crise social, económica e cultural”. A mesma nota adianta que a DesignEsart “pretende desenvolver a cultura local potenciando os recursos de proximidade, do Bordado de Castelo Branco, por via de um jogo educativo para crianças, às tradições gastronómicas ou materiais e produtos endógenos”. K

IPCB

Esart expõe no Porto 6 A coleção DesignEsart, da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, está patente na Bienal de Design do Porto, no âmbito da exposição “Y Desenhar Portugal”. A mostra apresenta, de forma digital, 17 trabalhos de alunos e docentes da escola do Instituto Politécnico albicastrense (IPCB), sendo que cinco desses trabalhos foram selecionados para estarem fisicamente no evento. A mostra apresenta projetos realizados, nos últimos três anos, em 26 das 35 escolas de

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Portalegre acolhe nova estrutura

Fórum de energia e clima junta países de língua portuguesa 6 O Fórum da Energia e Clima, uma organização da sociedade civil que junta membros fundadores de todas as nações pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na promoção de um abraço fraterno da língua portuguesa na luta contra a Crise Climática, vai ser apresentada em Portalegre. A iniciativa decorre, no próximo dia 31 de janeiro, pelas 9H30, no campus do Instituto Politécnico de Portalegre. A sessão fundacional será presidida pelo Ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, e contará com intervenções do membro fundador mais jovem, Francisco Veiga Simão, seguido de intervenção do presidente do Fórum da Energia e Clima, Ricardo Campos; do presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, Albano Silva; do presidente da CCDR Alentejo, Roberto Grilo; da presidente da

Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira; e do deputado da Assembleia Parlamentar da CPLP, Luis Moreira Testa. No fim da sessão terá lugar a plantação de uma pequena floresta urbana por pessoas de 45 nacionalidades que simbolizarão a importância da união entre os povos na luta pela vitória na Crise Climática. O Fórum de Energia e Clima é

uma organização internacional que junta representantes da sociedade civil de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, e em 2019, ano da sua constituição, desenhou e preparou a execução dos primeiros projetos em cada um destes Países. Ao que podemos conhecer até

ao momento, esta é a primeira vez que fora do quadro institucional cidadãos dos Países que falam Português se juntaram e criaram uma organização da sociedade civil. Na sessão também a música da língua portuguesa irá, obrigatoriamente, fazer parte deste momento, estando confirmada a presença de Don Kikas de Angola; de Tonecas Prazeres de São Tomé e Príncipe;

Mário Marta de Cabo Verde; Piki Pereira e Viola Mintó de Deus de Timor Leste; Charbel Pinto da Guiné Bissau; Konu de Moçambique, entre outros que ainda estão em confirmação. Os projetos já desenhados pela equipa do Fórum da Energia e Clima tem o objetivo de desenvolver ações de Informação, Educação e Investigação nos vários Países da CPLP. Os projetos que já deram os primeiros passos são: o Projeto Guardiões que envolve a mobilização dos mais jovens para se tornarem Guardiões da Vida; e outro, é o Projeto Otchiva que decorre em Angola (províncias do Zaire, Cabinda, Bengo, Benguela, Kwanza Sul e Luanda) sob a liderança da vice-presidente do Fórum Energia e Clima com o envolvimento de mais de 1000 voluntários, e que terá agora expansão para Portugal e Moçambique. K

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Luísa Nunes, Docente da ESACB, faz exposição e livro

A fauna e a flora da Beira 6 A docente e investigadora da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Luísa Nunes, tem patente desde o passado dia 10 de janeiro, na cidade albicastrense, a exposição de aguarelas e fotografias «Encantal». A mostra fica patente na Casa Amarela – Galeria Municipal (antigo edifício dos CTT) até 23 de fevereiro. Associado à mostra está a edição do livro Notas de Campo na Beira, numa edição da RVJ Editores. “Nesta expedição, contada em imagens e pequenos textos, sobre o mundo natural da Beira Baixa, encontram-se áreas quase intocadas onde persistem espécies raras e endémicas. Nos céus, voam as maiores aves de rapina da Europa, caminha-se nos campos floridos de rosmaninho e saltam-se muros de pedras centenários revestidos de microcosmos de vida”, diz Luísa Nunes, na nota introdutória do seu livro, que surge ao público em edição bilingue (português-inglês). A exposição e o livro resultam do trabalho de campo realizado entre 2016 e 2018 na região da Beira Publicidade

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Nelson Canilho H Baixa. A exposição foi inaugurada por Luís Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco (entidade que apoiou este projeto) e a entrada para a mostra é livre. “Num percurso, quase sempre solitário, atravessei ribeiras frágeis, adornadas de flora e fauna muito própria, deslumbrei-me com a imensidade dos rios e suas escarpas, os monumentos geológicos, a brama dos veados, os aromas dos matos, os carvalhais”, prossegue Luísa Nunes. Para a docente e investigadora, “na Beira Baixa, tudo crepita nos dias imensamente quentes

de verão, quando só as cigarras se manifestam. Em situações mais extremas, é-se obrigado a parar com o calor e percebe-se então que estratégias usam as espécies, na sua sofisticada «rusticidade», para sobreviverem a estas condições. É nesse silêncio das horas escaldantes que se aprende sobre a adaptação dos organismos à falta de água, às altas temperaturas, à escassez de alimento”. Luísa Nunes recorda também os incêndios florestais que afetaram a região: “Neste ano, também chegaram incêndios violentos e

José Pio H

RVJ H com estes, mais lições da natureza”. Para a docente, “a primavera e o outono são estações demasiado bonitas para me demorar em mais observações que não as de ordem contemplativa. Entre abril e maio é interessante percorrer, os corredores de vegetação herbácea e arbustiva, onde nos abrem caminho as ninfas de gafanhotos que por ainda não possuírem asas, só conseguem saltar. Os polinizadores, enchem os campos de rosmaninho, são abelhas de diferentes espécies. Em outubro os campos lavrados criam mosaicos com a vegetação natural

e a composição da fauna modificase. O inverno pode ser tão agreste quanto o verão mas os rios ganham força e trazem mais abundância às regiões remotas que atravessam”. Natural de Lisboa, Luísa Ferreira Nunes é licenciada em Ecologia Florestal e realizou pós-graduação em Biologia & Biomimetismo, tendo desenvolvido o trabalho de doutoramento em ecologia de insetos. É docente da Escola Superior Agrária do Politécnico de Castelo Branco e é membro do Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves (ISA-UTL). K


Politécnico de Leiria

Prosa & Verso em concurso 6 A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria (IPLeiria) está a promover o Concurso do Prémio de Escrita “Prosa & Verso”, o qual pretende partilhar as boas práticas de escrita e de leitura na comunidade escolar; promover a língua portuguesa enquanto competência transversal às diferentes áreas de saber; desenvolver práticas inclusivas; e promover a literacia e a fruição estética-literária.

O prémio é constituído pelos géneros literários narrativo e lírico, e tem como temática a árvore. Poderão concorrer os que integram a comunidade académica do IPLeiria, sendo que os candidatos serão escalonados nos escalões de estudantes; pessoal docente; pessoal técnico e administrativo; e Alumni. O prazo da entrega dos trabalhos originais é dia 22 de maio. K

Laboratório de Análise Sensorial

Beja renova acreditação 6 O Laboratório de Análise Sensorial (LAS) da Escola Superior Agrária de Beja acaba de ver renovada a sua acreditação na sequência de uma auditoria de acompanhamento da acreditação, realizada pelo IPAC a 11 de dezembro. Assegura assim, por mais um ano, a qualidade e fidedignidade dos serviços prestados à comunidade. O LAS tem como objetivo consPublicidade

No Centro

Coimbra coordena Erasmus 6 O Instituto Politécnico de Coimbra é o novo coordenador do consórcio ErasmusCentro. Isso mesmo resulta do acordo de refundação recentemente assinado, o qual apresenta um novo modelo de governação e a renovação da missão em prol da internacionalização dos oito politécnicos envolvidos (Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Tomar e Viseu). O ErasmusCentro representa cerca de 46 mil estudantes da-

queles politécnicos e foi o primeiro consórcio do género a ser formado em Portugal, abrangendo o centro do país, garantindo aos jovens europeus a possibilidade de concretizarem planos de mobilidade e ainda estágios Erasmus. Este consórcio, como é explicado na sua página oficial na internet, assume-se “como uma vasta rede de matriz regional, associando os Politécnicos, o Conselho Empresarial do Centro (CEC/CCIC), que integra 41 estru-

turas associativas empresariais (representando cerca de 40 000 empresas), as principais câmaras municipais da região, associações empresariais, empresas e entidades relevantes da zona de influência”. Por intermédio das 67 entidades empresariais parceiras, este consórcio proporciona a oferta de estágios Erasmus aos estudantes de países europeus que pretendam realizar em Portugal este tipo de mobilidade. K

Empreendedorismo social tante a preocupação no levantamento das necessidades dos clientes e exceder as expectativas do cliente relativamente aos serviços prestados, através das boas práticas, e na aposta pela melhoria contínua, como seja o cumprimento integral dos requisitos do referencial no âmbito da acreditação NP EN ISO/IEC 17025 aos produtos certificados, como é o caso do Queijo SERPA DOP. K

Bootcamp em Leiria 6 O Politécnico de Leiria acolheu, entre 17 e 19 de janeiro, o 2.º Bootcamp de Empreendedorismo e Inovação Social de Leiria organizado pela IDDNET, em colaboração com a IES - Social Business School. Ana Sargento, vice-presidente do Politécnico de Leiria, fez parte do júri do evento, que tem como objetivo incentivar a construção de projetos com impacto social através de uma formação de três dias com profissionais experientes na área. O Bootcamp em Empreendedorismo Social é uma formação intensiva que oferece aos participantes a possibilidade de desenvolverem, em equipa, o conceito e desenho de novas iniciativas empreendedoras ou redesenho de iniciativas já existentes, definindo os seus modelos de negócio e planos de implementação. O objetivo é criar projetos inovadores sustentáveis capazes de responder a proble-

mas sociais negligenciados que afetam a região e deste modo contribuir para a melhoria significativa da qualidade de vida

da sua população, potenciando a harmonia social, económica, ambiental e cultural através da inovação social. K

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É uma Questão política

Doutoramentos serão uma realidade 6 Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) não tem dúvidas que a atribuição do grau de doutor por parte dos politécnicos será uma realidade. Cumpridos os requisitos e as exigências, trata-se agora de uma questão política que o parlamento português terá que ultrapassar. “Sempre entendemos que os doutoramentos nos politécnicos só faziam sentido desde que cumpríssemos os requisitos exigidos pela A3ES, que não passam apenas pelo número de doutorados mas também pelos centros de investigação acreditados. A alteração do Decreto de Lei veio dizer que as instituições de ensino superior (e não apenas as universidades) desde que cumpram os requisitos podem atribuir doutoramentos”, começa por explicar. O presidente do CCISP diz que os politécnicos “tinham a noção que isto seria uma maratona. Em 2010, a percentagem de ETI’s doutorados nos politécnicos era de 20% e não havia ambientes de investigação de uma forma genérica. Hoje essa percentagem ultrapassa os 60%! Mas a transformação mais significativa que se fez foi com avaliação dos centros de investigação. Em 2013 os politécnicos submeteram 15 centros de investigação à avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Agora foram submetidos mais de 40, e desses 75% tiveram a classificação de bom, pelo que a partir deste ano vão passar a ser fi-

nanciados pela FCT. Além disso, da totalidade dos centros, 30% cumpre os requisitos mínimos para outorgar do grau de doutor. Há centros de investigação em determinadas áreas que só estão acreditados no sistema politécnico”. Perante estes dados, Pedro Dominguinhos exemplifica: “se nós aplicássemos, agora, os requisitos definidos no Decreto Lei 65/2018 uma larga maioria dos doutoramentos caía imediatamente e algumas instituições universitárias tinham a sua acreditação em risco porque podiam não ter dois doutoramentos acreditados”. O presidente do CCISP considera que “é preciso ter a noção que este é um processo longo, de investimento continuo e que nem todos vão conseguir atribuir esse

grau. Mas há um conjunto de áreas, nos politécnicos, muito relevantes que, pela avaliação, mostraram ser de excelência a nível internacional. Tivemos cinco centros com a classificação de excelente e 11 com a de muito bom. Ou seja, o resultado da avaliação da FCT por equipas independentes e internacionais foram bem elucidativos da capacidade instalada no sistema politécnico”. Por isso, o presidente do CCISP refere que “antes dos resultados desta avaliação eu até poderia entender a não alteração da Lei. Hoje não o consigo perceber, a não ser por questões políticas. Nós já o dissemos ao senhor ministro e aos grupos parlamentares que não entendemos que o sistema politécnico fique de fora da atribuição do grau de doutor. Porque desse

modo corre-se o risco de algumas áreas científicas ficarem de fora da possibilidade de atribuir doutoramentos e de muitas regiões ficarem impossibilitadas de ministrarem uma formação qualificada. E uma das missões dos politécnicos passa pelo compromisso com as regiões, e nós não podemos privar determinados territórios desse conhecimento avançado”. Por outro lado, diz Pedro Dominguinhos, “o regulamento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), e o contrato de legislatura referem que precisamos de mais doutores em empresas. E se há alguém que sabe lidar com o tecido empresarial são os politécnicos. Nós sempre dissemos que não queremos fazer doutoramentos

iguais aos das universidades!”. O presidente do CCISP diz que os politécnicos não vão ficar calados. “Nós não nos calaremos. Temos mérito reconhecido por avaliações internacionais. Agora, estamos perante um processo moroso, que implica a revisão da Lei de Bases. Continuamos a colocar esta questão na agenda. Quando falamos do mérito, todos os partidos nos dizem que sim. Então que sejam consequentes. O que não faz sentido é ter doutoramentos em universidades em que a maior parte do corpo docente é dos politécnicos, com orientação de docentes dos politécnicos, a investigação é feita nos politécnicos, e depois não podemos atribuir o grau de doutor”. O presidente do CCISP sublinha a ideia de que “ tudo aquilo que o sistema politécnico fez resulta de muito sacrifício e exigência. Não tivemos nada de mão beijada. O que conseguimos é fruto do trabalho árduo e da estratégia de colocar a investigação no centro. É estranho andarmos a dizer que conseguimos, em 2019, receber mais do Horizonte 2020 e haver um estudo independente que diz que, entre 2014 e 2018, o sistema politécnico português foi o que teve mais projetos aprovados na Europa. Já não conseguimos encontrar mais evidências para tentar convencer os decisores políticos, pois esta é uma decisão política. O CCISP tudo fará para colocar a questão na ordem do dia para que haja uma proposta legislativa nesse sentido”. K

para alunos do ensino profissional

Designação

Acesso ao ensino superior diferente

6 A mudança de designação de politécnico para universidade é vista por Pedro Dominguinhos como uma matéria importante, que deve ser abordada em duas perspetivas. A primeira está relacionada com a utilização do nome universidade em termos internacionais. “Essa alteração é importante e não tem qualquer impacto do ponto de vista jurídico interno. A utilização da designação de universidade politécnica em termos internacionais vai permitir que não haja confusões com as designações das instituições” entre pares. No fundo, o que o CCISP deseja é que se utilize a designação que noutros países europeus já acontece, com a adoção do termo universidade politécnica. A outra perspetiva é a interna. “Dentro do nosso país também propomos essa alteração. Temos instituições reconhecidas no país e no estrangeiro pelo que não encontramos justificação para que não seja dessa forma”, considera. K

6 O acesso aos ensino superior por alunos do ensino profissional, através de uma via própria é um caminho que o CCISP deseja, salvaguardando o facto de que não está a favor de facilitismo, mas sim de justiça entre todos os alunos que concluem o ensino secundário. “Em Portugal temos duas vias paralelas para se concluir o 12º ano: o ensino profissional e o ensino regular (científico-humanístico). 43% dos estudantes estão no profissional. E dos que concluem o profissional apenas 20% seguem para o ensino superior. Já nos alunos do ensino regular, dos 53% de alunos cerca de 85% prossegue estudos para o ensino superior”, explica Pedro Dominguinhos. Os dados apresentam valores muito diferentes entre os alunos do ensino profissional e os alunos do

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ensino regular. “Isto porque nos últimos anos utilizam-se os exames nacionais do 12º ano da via científicohumanística, os quais contam com 30% para a nota final. A questão é que depois dizemos aos alunos do profissional - que fizeram o 12º ano por essa via que o Estado lhe garantiu -, que para entrarem no ensino superior têm que ir fazer um exame sobre matérias que não estudaram

para se puderem candidatar. Isto faz com que esses alunos tenham que ter explicações para conseguirem realizar com sucesso esses exames. Mas nós sabemos, por razões históricas e sociais, que a maioria dos alunos que vai para o ensino profissional tem uma situação económica mais débil, logo não têm condições para frequentar explicações”, enuncia Pedro Dominguinhos. Para solucionar esta questão, há, no entender do presidente do CCISP, duas opções: “ou sentimonos confortáveis com esta situação, ou altera-se. O Conselho Coordenador entende que não é socialmente justo o que sucede atualmente e que estamos a desperdiçar talento. Mas temos que ter algum cuidado na forma como críamos o novo acesso ao ensino superior, pois também não podemos colocar

estes alunos em concorrência direta no contingente nacional de acesso, pois estaríamos, nesse caso, a prejudicar os alunos do ensino científico-humanístico”. Por outro lado, teremos que garantir que os alunos do profissional não tenham que fazer provas em cada instituição a que se queiram candidatar. Mas temos que dar passos consistentes, de uma forma equilibrada. Não nos revemos em situações de facilitismo. Mas quando detetamos uma situação de injustiça, devemos procurar resolvê-la, com equilíbrio e rigor. Não posso aceitar que as pessoas não possam ter condições semelhantes, com rigor. Essa visão dogmática que se eles não fazem os mesmos exames não têm direito, faz-me lembrar um certo elitismo do ‘tempo da outra senhora’ que eu não posso aceitar”. K


Ensino Politécnico

Ctesp aproximam empresas 6 O presidente do CCISP considera que os cursos Técnico Superior Profissional (Ctesp) aproximaram as empresas aos institutos politécnicos. Pedro Dominguinhos fala da experiência do IPSetúbal, de que também é presidente, mas de uma forma genérica da rede pública de ensino politécnico. “Estes cursos são uma aposta de sucesso. Começaram em 2014, mas na realidade só a partir de 2015 é que houve um grande incremento. Passámos de 345 estudantes para 11 mil 880 no ano 2018/19”. Pedro Dominguinhos lembra que “no início havia algum ceticismo, pois tínhamos a experiência dos Cursos de Especialização Tecnológica cuja formação era de apenas um ano. Passados cinco anos, que na verdade são quatro, verificamos que o Ctesp se transformaram numa formação de sucesso. À medida que evoluímos,

estamos fazer uma co criação com as empresas de cursos, para os quais se fizeram milhares e milhares de protocolos”. Esta nova formação “permitiu fazer chegar ao ensino superior milhares de jovens provenientes do ensino profissional, cuja expetativa de prosseguirem para ensino superior era muito baixa. Os politécnicos pela sua capilaridade (rede de ensino distribuído pelo país) estão a trazer jovens para o ensino superior que de outra forma não viriam. No ano passado 58% dos alunos que terminaram os Ctesp prosseguiram para as licenciaturas”. O presidente do CCISP fala de outra mais valia, a descentralização do ensino superior. “Os Ctesp estão presentes em mais de 60 locais espalhados pelo país, pois além das localidades onde se encontram as instituições, houve o alargamento desses cursos a outros territórios

que não tinham esse tipo de ensino. Por exemplo, em Setúbal, temos em Grândola essa formação”. E esta é uma questão que Pedro Dominguinhos considera muito importante: “muitas vezes esquecemo-nos que temos a responsabilidade de responder aos desafios dos territórios”. O presidente do CCISP destaca a ideia que “o sucesso desses alunos nas licenciaturas é mais elevado que aqueles que entram diretamente para licenciatura, pois já passaram dois anos no ensino superior e têm créditos de disciplinas entretanto feitas nos Ctesp”. Pedro Dominguinhos conclui que não são só os jovens oriundos dos cursos profissionais que escolhem esta oferta formativa. “Temos gente qualificada que se inscreve nos Ctesp. Há um caso de um aluno, já com doutoramento, que se inscreveu num Ctesp”. K

desafios do ensino superior

Formar e internacionalizar 6 Qualificar e diplomar pessoas para profissões que ainda não existem no futuro é um dos principais desafios que se colocam às instituições de ensino superior à escala global. Um desafio que o subsistema politécnico está atento e procura dar resposta.“Vivemos numa época em que a complexidade do conhecimento tem vindo a aumentar drasticamente. Se nos limitamos a ensinar para o imediato, aquele estudante ao fim de dois anos está obsoleto”, revela Pedro Dominguinhos. O processo e a equação não é fácil de resolver, exige inovação e estar atento aquilo que o mercado pede. Mas também aí podem surgir obstáculos, pois nem sempre as necessidades são claras. “Quando pergunto às empresas: o que é que precisam, elas têm dificuldades em dar uma resposta que nos permita construir uma oferta formativa”, diz Pedro Dominguinhos. Para o presidente do CCISP “a aposta em inovação pedagógica é crucial”. O investigador e docente dá o exemplo que o Politécnico de Setúbal (de que também presidente) fez. “Realizámos uma formação, onde colocámos estudantes, professores e empresas em equipas tripartidas para tentar resolver situações perante questões complexas. Temos que conjugar a capacidade de pensar, reflexão crítica, resolução de problemas e conhecimento técnico”. Uma filosofia que no seu entender “é verdade nos Ctesp, nas licenciaturas, nos mestrados e dou-

toramentos”. Pedro Dominguinhos não tem dúvidas que “as empresas estão cada vez mais interessadas em se associarem às instituições de ensino superior. No CCISP, 14 politécnicos apresentámos uma candidatura ao Programa Capital Humano para ao nível da formação pedagógica ter o reforço das competências dos docentes, envolvendo estudantes e tecido empresarial. Um dos objetivos passa por promover ambientes de inovação e de co-criação entre o ensino superior e as organizações. O reforço das competências, a aposta em metodologias pedagógicas inovadoras que coloquem os alunos à prova, tornam-se essenciais para o sistema de ensino do século XXI. Este é um processo que não é fácil, pois envolve muita resiliência dos atores, compromisso da gestão de topo das instituições, e a formação pedagógica dos docentes”. Internacionalização Um dos desafios que se colocam às instituições de ensino superior portuguesas é a internacionalização nos seus vários domínios, como a mobilidade ou projetos de cooperação e investigação. Pedro Dominguinhos adianta que o ensino politécnico tem sabido responder a esse desígnio. “Ao nível da mobilidade o ensino politécnico tem resultados muito positivos na atração de estudantes internacionais, de alunos em mobilidade e naquilo que é a trans-

formação de muitas regiões pela atração de alunos estrangeiros (o que se verifica mais no interior do país, promovendo uma regeneração económica e a capacidade de fixar esses alunos, através de empregos qualificados)”, diz. O presidente do CCISP assegura que se “tem vindo a desenvolver uma estratégia nacional para captar e fixar talentos, e os resultados têm sido positivos. Nos estudantes internacionais a maioria dos alunos são da lusofonia, mas na mobilidade são europeus”. Esta captação de alunos internacionais está relacionada com as campanhas efetuadas por cada uma das instituições, mas também pelo próprio CCISP que efetuou “uma candidatura para a promoção externa das instituições”. Pedro Dominguinhos recorda que “o ganho maior, foi que após essa candidatura ter chegado ao fim, as instituições continuaram a promover-se debaixo do chapéu Portugal Pholytecnis”, como aconteceu no Brasil. Num outro eixo surge a investigação e a concretização de “projetos europeus, mas também asiáticos e americanos”, frisa Pedro Dominguinhos, para quem o “objetivo é ambicioso. No próximo quadro comunitário queremos atingir os dois mil milhões de euros em projetos. Isso só se consegue se aumentarmos o número de instituições, e os politécnicos têm um desafio muito importante”. K

Pedro Dominguinhos, presidente IPS

Politécnico de Setúbal quer região competitiva 6 O Instituto Politécnico de Setúbal está empenhado em tornar a região em que está inserido mais competitiva. Pedro Dominguinhos, presidente da instituição, reforçou essa mensagem ao Ensino Magazine, depois de no aniversário dos 40 anos do IPS o ter anunciado. “Quando falamos de competitividade de uma região, temos que perceber que estamos na presença de um processo que nos remete para uma análise longitudinal, pois não é de um momento para o outro que as coisas acontecem”, começa por referir. No entender do presidente do IPSetúbal, este é “um processo que envolve um conjunto de atores entre entidades públicas, privadas e a sociedade civil. Neste momento a região da Península de Setúbal que tem uma particularidade de estar integrada na área metropolitana de Lisboa. Por isso, é penalizada. Os indicadores económicos são menos competitivos que os da área norte do distrito de Lisboa. Isto significa que Setúbal não tem os mesmos apoios que outras regiões que têm os mesmos níveis de desenvolvimento”. O trajeto e a ambição de contribuir para esse desenvolvimento envolve a academia, as empresas e a própria comunidade. Pedro Dominguinhos recorda que o Politécnico de Setúbal “tem um corpo docente de carreira 100% doutorado” e que tem sido uma aposta do “IPSetúbal ir ao encontro das empresas e organizações. Este foco tem impactos positivos na investigação. Temos uma rotina de visitar empresas e identificar oportunidades, não só de investigação, mas de projetos que estão a ser desenvolvidos pela academia. Isto faz-se do ponto de vista tradicional, através da investigação e prestação de serviços (no último ano ultrapassou o milhão de euros), mas também da responsabilidade social e voluntariado”.

É precisamente com a comunidade que surge outro dos eixos que contribuem para o desenvolvimento e competitividade da região, como um todo. “Nós temos uma intervenção significativa junto da comunidade, que passa pela saúde, pelo ambiente, desporto ou pela ação social. Na sequência do prémio Voluntariado do Santander Universidades que vencemos no ano passado, já temos mais quatro empresas que querem apoiar outros projetos. Desta forma, conseguimos reforçar as relações com as empresas, com diferentes entidades, autarquias e com a própria comunidade. Por exemplo, em Sesimbra, entre 21 de junho e final de setembro, há 50 estudantes que permitem que pessoas com mobilidade reduzida usufruam da praia”. O presidente do Politécnico de Setúbal considera que “a conjugação dessas quatro hélices – educação, investigação, prestação de serviços e voluntariado/responsabilidade social – cria uma envolvência muito forte com a comunidade”. Mas este é um percurso longo e de persistência. “O tempo é fundamental, mas tem que haver uma consistência estratégica, e não podemos desistir à primeira adversidade”, explica. Numa outra perspetiva, Pedro Dominguinhos fala também do trabalho de captação de investimento para a região junto das empresas. “Uma das questões que é colocada no AICEP é saber se há relações entre os parques industriais e os centros de saber, pois isso é um elemento diferenciador”. O presidente do IPSetúbal dá o exemplo da “instalação e desenvolvimento do setor aeronáutico em Setúbal, o qual está relacionado com a relação entre o Politécnico e o IEFP para a formação de quadros qualificados. Criámos um Ctesp específico para dar resposta às necessidades”. K

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Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses

“A intervenção psicológica feita por pessoas sem formação tem riscos para a saúde pública”

6 A florescente “indústria da felicidade” tem muitos «vendedores de banha da cobra» que conseguem chegar ao público muito por causa da reduzida literacia em saúde da população. A opinião é de Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), que defende ainda, no domínio da saúde mental, mais investimento, com o foco na prevenção. Que quadro traça da saúde mental em Portugal? Falta dinheiro ou falta estratégia? Falta, essencialmente, investimento, com um foco na prevenção. É a carência de recursos, de uma forma generalizada, na área da saúde mental que coloca verdadeiramente em causa os resultados que todos desejaríamos alcançar. Após o governo e o próprio Presidente da República terem reconhecido que a saúde mental deve ser uma prioridade, seria fundamental que este desejo se materializasse no Orçamento do Estado para 2020. Quando sublinha o lado da prevenção, refere-se aos cuidados de saúde primários? Existe um consenso que o número de psicólogos nos cuidados de saúde primários é irrisório. Depois, resolvida a questão dos recursos, urge apostar estrategicamente em áreas - que estão mais do que identificadas e sinalizadas pelo poder político e outras entidades - que necessitam dessa intervenção. E refiro-me, em concreto, à depressão e à ansiedade, que merecem uma atenção especial. O que é que tem sido feito? A Ordem dos Psicólogos propôs, em 2017, ao anterior governo, um programa

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nacional para a prevenção da depressão. Seria urgente um reforço dedicado e específico de psicólogos, para atacar a depressão e a ansiedade, porque ambas são dois contribuintes de peso para o elevado consumo de psicofármacos, por exemplo.

valha a verdade, que têm sido feitos substanciais progressos, nomeadamente ao nível do reconhecimento e da visibilidade do trabalho dos psicólogos portugueses, sabendo-se que esta é uma profissão organizada há apenas dez anos.

Hoje em dia, são a depressão e ansiedade que entram, em grande medida, pelos consultórios dos psicólogos? Os sinais e os próprios relatórios, nacionais e internacionais, apontam para uma incidência preocupante na população portuguesa das perturbações depressivas e de ansiedade, destacando-se estas face a outras problemáticas. Mas é difícil determinar com exatidão, pelo simples facto de o acesso aos cuidados de saúde primários e às consultas no privado estar «vedado» a muitas pessoas, seja pela incipiente resposta do sistema, seja pelas dificuldades de disponibilidade económica dos utentes. Convém sublinhar que os seguros de saúde em Portugal não cobrem as consultas de psicologia no privado. A própria ADSE também tem obstáculos na sua utilização – nomeadamente a necessidade de uma prescrição médica para o acesso a uma consulta.

«Os portugueses estão adormecidos com ansiolíticos porque há intolerância geral à angústia». As palavras são do presidente da sociedade de psiquiatria e saúde mental. Porque é que a terapia não é uma alternativa à prescrição de medicamentos? A prescrição de medicamentos é a solução mais acessível do ponto de vista económico e de conseguir chegar a…

Ainda é um tabu para a sociedade o recurso à ajuda especializada neste campo? Ainda há algum estigma em recorrer ao apoio psicológico, mas a esse nível tem-se notado uma grande evolução. É uma prática cada vez mais aceite e mais seria se as pessoas tivessem um acesso mais facilitado a estes especialistas, seja por uma via mais económica, através do setor público, seja no SNS ou nas próprias escolas. Mas

Pode ser mais concreto? A medicação dá uma resposta mais rápida a sintomas e, nesse sentido, a pessoa consegue reduzir o desconforto num tempo muito curto e a baixo custo. O problema é que, na maior parte das situações, se está a atuar nos sintomas e não nas causas. Se a pessoa ultrapassar o seu problema e terminar com a medicação, não há inconveniente. O que acontece é que muitas delas ou demoram muito tempo para parar com a medicação ou já não o fazem. Nestes casos, o problema da pessoa não é ultrapassado, mas a dor é aliviada. A medicação funciona, por assim dizer, como um analgésico e não resolve a situação. E até pode acontecer um dia que a medicação já não seja eficaz. O ideal é que as pessoas saiam destes processos autónomas, mas nem sempre é o que sucede. Tem-se debruçado bastante sobre a saúde mental nas organizações. Um bom

gestor deve ser avaliado pelos resultados do seu desempenho, mas também pelo compromisso que assume com o bemestar mental dos seus colaboradores em contexto laboral? A responsabilização pelos resultados passa pela responsabilização pelo bem-estar. Iniciativas pontuais e desgarradas podem ter resultados imediatos, mas não ajudam na prevenção dos riscos psicossociais, nem ajudam a que as práticas de liderança sejam menos tóxicas e que haja menos “bullying” junto dos trabalhadores. É da qualidade das lideranças que depende o incutir de motivação e reconhecimento ao desempenho dos colaboradores, introduzindo uma cultura de prevenção, capaz de levar a menos absentismo e menos presenteísmo. Logo, conduz a mais produtividade e a mais rentabilidade. O bem-estar é uma parte integrante, indispensável, para que os gestores atinjam os resultados que pretendem com as organizações. Relembro um estudo que não é propriamente recente, que resultou da recolha de dados ao longo de 15 anos em empresas norte-americanas cotadas em bolsa, e que constatou a correlação positiva entre a maior valorização bolsista e os melhores níveis em termos de prevenção e proteção em matéria de riscos psicossociais. O que acontece na atualidade é que as organizações estão a menosprezar o contributo que o bem-estar tem para os resultados económicos e financeiros. A denominada “indústria da felicidade” tornou-se, de alguma forma, o alfa e o ómega das sociedades modernas. Os livros de auto-ajuda e a psicologia positiva garantem que dependemos apenas de nós. Vê este ;


; fenómeno, em certa medida, como concorrência desleal à psicologia dita convencional? Em certa medida sim, e refiro-me, em concreto a profissionais que desenvolvem uma atividade que está legalmente reservada aos psicólogos. Falo em concreto dos “coach”, dos motivadores, dos consultores de desenvolvimento humano e outros nomes que inventam para aí. No fundo, aplicam umas técnicas e uns instrumentos avulsos, que aprendem num fim de semana, como isso, por si só, fosse a receita para obter resultados. São práticas que não têm cobertura em evidência científica, o que não quer dizer que as pessoas que assistem às suas palestras ou intervenções não gostem, mas tenho dúvidas que sejam sustentáveis ao longo do tempo. Até porque não há estudos realizados que digam o contrário. É uma atividade desenvolvida por não profissionais… O ser profissional nesta área requer um conhecimento que se baseia em cinco anos de formação, um ano de estágio profissional e, por vezes, outros cinco anos para obter uma especialização. Isto, com muita formação permanente e acumulação de experiência pelo meio. A “indústria da felicidade” continua a florescer e, paralelamente, a literacia em saúde da população ainda é baixa. Se fosse maior, o cidadão comum conseguiria distinguir melhor estas situações, muitas delas protagonizadas por bons comunicadores, com um discurso interessante, mas desprovidas de validade para aquilo que as pessoas procuram. É preciso cuidado e o Estado devia intervir de forma incisiva no mercado e com caráter mais preventivo, capaz de proteger os consumidores. A intervenção psicológica feita por pessoas sem formação tem riscos para a saúde publica. Não querendo generalizar, mas depreendo das suas palavras, que, aqui e ali, há muitos vendedores de banha da cobra? Sim, há vendedores de banha da cobra. Hoje com a capacidade de propagação de informação através das redes sociais e online é possível que as coisas fluam, passem de mão em mão e circulem como verdades, mesmo sem ter qualquer fundamento. O que acontece é que há uma grande ânsia por obter do modo mais rápido possível a tal felicidade e vamos atrás de tudo o que nos pareça ser rápido para atingir esse objetivo, sem grande esforço, sofrimento e exposição. Falemos agora dos psicólogos em ambiente escolar. Quantos profissionais estão nas escolas públicas? Estamos numa fase de atualização de dados, mas estimamos que existam cerca de 1300 psicólogos. O que significa que estamos, praticamente em linha com os rácios previstos de psicólogo por aluno. Contudo, o número continua a ser insuficiente do ponto de vista regional. Para além disso, novas variantes acabaram por gerar desequilíbrios, que precisam de ser compensados. A que se refere? A nova legislação que alterou a autonomia das escolas, a flexibilidade curricular e os mecanismos de inclusão exige mais à escola e torna mais crítico o papel do psicólogo, logo ao nível da própria organização do sistema escolar. Isso faz com que a escola

Esta é uma profissão tão fascinante quanto complexa, mas depende da área que se escolha e do contexto. Constata-se que existe algum desequilíbrio entre aquilo que é a formação dos futuros psicólogos, ao nível universitário, em termos das áreas de formação e o interesse dos psicólogos, e aquilo que o mercado está a receber. Está a querer dizer que há psicologia clínica em excesso? Há muita psicologia clínica. Para ter uma ideia: a Ordem organiza cerca de 1000 estágios por ano para o exercício obrigatório da profissão e cifra-se em 10 a média dos que vão para o SNS. Por outro lado, a procura dos psicólogos por parte das empresas é cada vez maior, em especial, no “marketing”, área onde há défice de psicólogos. Por isso, acredito que existe um desfasamento entre o número de psicólogos que são formados e a capacidade da sociedade para os absorver. E isto explica-se pelo seguinte: esta é uma profissão muito jovem. Os profissionais têm uma idade média de 38 anos, o que leva a que não se coloque como prioridade a necessidade de uma substituição geracional. Até 2030 estaremos sempre a crescer em número de profissionais, aproximando-nos dos 30 mil psicólogos, o que é considerável para um país como Portugal, que não é rico. Estamos a conseguir o feito de colocar psicólogos no mercado a uma velocidade a que os países ricos não conseguem.

passe a recorrer mais aos profissionais, não tanto em termos das intervenções individuais ou de grupo, mas muitas vezes ao nível da consultoria e da organização da própria escola. O governo, no final da anterior legislatura, reconhecia que o novo enquadramento legislativo das escolas exigia mais psicólogos. Portanto, perante esta realidade, os rácios têm de ser revistos e temos de encontrar um novo rácio indicativo face às novas exigências desta legislação. Finalmente, melhoraram-se os mecanismos de recondução dos psicólogos em situação precária, precavendo situações de descontinuidade em ambiente escolar. Mas de momento é crucial que sejam lançados os concursos para a vinculação e, deste modo, perceber-se quantas vagas vamos ter e em que territórios, garantindo uma intervenção continuada dos profissionais, tanto em situações sistemáticas, como em intervenções individuais ou de grupo. Qual é a quota parte de responsabilidade dos psicólogos para o sucesso académico? Não será apenas pelo contributo dos psicólogos, mas também não será alheio ao

seu trabalho que se regista uma redução do abandono escolar, que o sucesso educativo tenha melhorado e que os próprios fenómenos de violência em espaço escolar – nomeadamente o “bullying” – também apresentaram reduções. O consumo de psicofármacos e o “bullying” são preocupações centrais para os psicólogos escolares? Os psicofármacos são um problema preocupante e não apenas em véspera de exames. Por seu turno, a questão da violência tem suscitado um especial trabalho e programas específicos para a prevenção desta temática, sem esquecer o esforço desenvolvido em termos da gestão de turmas, as diferenças entre os alunos e as suas especificidades várias. Mas o trabalho dos profissionais não se esgota aqui. Também é preciso estar junto da comunidade educativa, de forma a criar condições para ter mais docentes e reduzir as turmas. Os últimos dados apontam para a existência de 23 mil psicólogos em Portugal. A especialização é determinante para singrar?

CARA DA NOTÍCIA 6 Especialista em gamificação Francisco Miranda Rodrigues nasceu em Torres Vedras, a 7 de abril de 1974. Assumiu o cargo de Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, a 30 de dezembro de 2016. É consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional, liderança, eficácia pessoal e de equipas, e especialista em gamificação (ou “gamification”, no termo inglês) Acumula mais de 15 anos de experiência na direção e gestão de recursos humanos, qualidade, ambiente e higiene, saúde e segurança no trabalho, treino de competências de comunicação, sócio-emocionais, mediação e resolução de conflitos. Tem formação pós-graduada em psicoterapia na Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva (APTCC). K

É um contexto que o faz acreditar que esta é uma profissão com futuro? Esta profissão tem futuro, mas não é um futuro imediato de facilidades. Vai exigir aos psicólogos que invistam cada vez mais na sua formação contínua e que olhem para áreas onde a sociedade necessita do seu contributo e que têm carência destes profissionais. Os psicólogos precisam de olhar para o mercado quando procuram a sua formação superior. A facilidade de encontrar trabalho e o próprio fator remuneratório são variáveis que ficam muito dependentes desta escolha. Está a lançar um aviso à navegação aos atuais estudantes de psicologia e aos que pensam seguir esta carreira? Precisamente. Gostava de reiterar que devem ter atenção à área que escolhem. E interiorizem o seguinte: hoje em dia, as pessoas não vão querer menos do que um excelente psicólogo. Essa exigência implica permanente trabalho de atualização, formação contínua e – não menos importante – de auto-cuidado, dando o exemplo na atenção que deve ter com a sua saúde psicológica. Estou em crer que o futuro será de valorização da profissão, fazendo fé nos relatórios que apontam para o aumento do investimento na dimensão psicológica, seja nas organizações, na escola, na saúde, no ambiente, na justiça, etc. O recurso a um psicólogo devidamente qualificado não tem necessariamente que ver com questões mentais graves. Pode também ser para auxiliar a entrada num novo desafio profissional, apostar numa nova carreira ou para jovens com dificuldades em atingir resultados escolares. Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H   

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Fotografia

Exposição no IPG 6 Os Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda têm patente, até ao fim do mês de janeiro, a exposição “Paisagens Transgénicas”, de Álvaro Domingues. Esta exposição, inaugurada no dia 6 de dezembro, integrou-

se no programa do III Encontro “Imagem e Território”, organizado pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) que conjuga diversas atividades em torno da temática da fotografia e do território: exposições, debates, mostras e publicações. K

cooperação

Politécnico da Guarda acolhe servidores do SEF 6 O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai acolher servidores de um centro de dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Este assunto esteve na agenda da reunião

realizada, recentemente, no IPG. Para o presidente do Politécnico da Guarda, Joaquim Brigas, a colaboração com «mais um organismo nacional é, em

primeiro lugar, o reconhecimento das competências e da qualidade da investigação que se faz neste Politécnico, nomeadamente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão». K

Guarda

Projeto Vale da Teixeira traz sabores com tradição 6 O Projeto Sabores e Tradições do Vale da Teixeira, concretizado pelo Instituto Politécnico da Guarda, Câmara da Guarda e um conjunto de coletividades públicas, privadas e de âmbito social, está a promover durante o corrente ano um conjunto de atividades que vão desde a utilização de um forno comunitário, realização de lagaradas, música no pomar, caminhadas a um magusto. Para os próximos dias 26 de janeiro e 2 de fevereiro estão agendadas lagaradas, podendo os interessados inscrever-se através do e-mail valdesabores@ gmail.com. “Numa realidade em que os espaços rurais se debatem com a crescente perda de população e o despovoamento é um fenómeno que os caracteriza, torna-se cada vez mais urgente o desenvolvimento de projetos de intervenção comunitária de base territorial,

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Alunos do IPG

Teatro contra violência 6 O curso de Animação Sociocultural do Politécnico da Guarda apresentou no passado dia 15 de janeiro, no Teatro Municipal da Guarda, o exercício teatral “Liberta-te, Maria!” O espetáculo abordou a temática da violência doméstica, e realizou-se sob a orientação da docente Filipa Teixeira.

Em “Liberta-te, Maria!” participaram os alunos do terceiro ano da licenciatura em Animação Sociocultural: Cindy Vasconcelos, Daniela Rodrigues, Dina Morgado, Filipa Brioso, Glória Ferrão, Jéssica Rego, Jéssica Silva, João Janela, João Silva, Maria Braga, Marisa Ibánez, Marisa Peva, Ricardina Pedro, Sara Inácio, Sofia Solá e Telma Reis. K

Em Seia

Business Day na ESTH 6 A Escola Superior de Turismo e Hotelaria (ESTH) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), sediada em Seia, realiza a 4ª edição do Business Day, no próximo dia 25 de março. Esta iniciativa visa levar as empresas à ESTH/IPG para apresentarem as suas propostas de recrutamento e os seus progra-

mas de estágio aos estudantes dos vários cursos daquela escola superior, ao mesmo tempo que promovem as suas marcas. Do evento, que decorrerá das 10h às 16h, constam diferentes atividades como palestras, workshops, entrevistas orientadas para a inserção no mercado de trabalho e Networking. K

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entre os mais diversos agentes e atores regionais e locais, com vista ao desenvolvimento integrado e sustentável dos territórios”, explica o programa. K

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Coimbra

Tiago Oliveira vence prémio ABB 6 Um estudo na área de sistemas de alimentação de energia elétrica de elevada fiabilidade, realizado por Tiago José Leitão de Oliveira, estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra (FCTUC), acaba de ser distinguido com o ‘Prémio ABB’ do ano letivo 2018/2019, atribuído pela multinacional Asea Brown Boveri (ABB). Tiago Oliveira efetuou o estudo no âmbito da sua tese de mestrado, intitulada ‘Model Predictive Control of Parallel Connected Uninterruptible Power Supplies’, tendo obtido a classificação final de 19 valores. Em concreto, desenvolveu algoritmos de controlo inovadores para fontes de tensão

ininterruptas (UPS), ligadas em paralelo. Os sistemas UPS “permitem alimentar cargas elétricas em boas condições, mesmo quando ocorrem perturbações severas ou interrupções no fornecimento de energia elétrica”, explica André Mendes, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FCTUC e orientador da tese. Os algoritmos desenvolvidos por Tiago Oliveira “permitem controlar a potência individual que cada sistema UPS fornece à carga, possibilitando assim uma maior fiabilidade e rendimento do sistema”, acrescenta. K

6 A Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD) integra o projeto europeu Forest Management and natural Risks (ForManRisk), que fará um investimento de 1,6 milhões de euros até ao final de 2022, em investigação na área da regeneração da floresta do sul da Europa, conforme foi anunciado, em novembro, na apresentação do projeto, em Saragoça. Com uma perspetiva transnacional, organizará atividades de formação e troca de experiências, além de desenvolver ferramentas atuais e partilhadas de apoio à gestão. Uma das principais linhas é a implementação de uma rede de florestas piloto e espaços de trabalho de “demonstração”, permitindo experimentar novas técnicas de regeneração e de gestão de riscos, ao mesmo tempo que procede à consciencialização dos atores envolvidos acerca dos riscos naturais e se acelera a criação de novos padrões de gestão no espaço de colaboração. Para responder melhor a esses desafios, serão desenvolvi-

das atividades para melhorar as técnicas de gestão florestal sustentáveis, nas florestas da região alvo, as quais apresentam cada vez mais problemas de regeneração associados às alterações climáticas. Irá também procederse ao desenvolvimento de ferramentas de gestão florestal que permitam melhorar a prevenção de riscos de incêndio e otimizar a coordenação e a eficiência das operações. Será ainda impulsionada a comunicação de forma a sensibilizar e envolver os intervenientes institucionais e a popu-

lação civil acerca dos riscos naturais. Além da UTAD, o projeto tem como entidades participantes o Office National des Forêts, o Institut Méditerranéen du liège, o Institut National de la Recherche Agronomique, a Sociedad Aragonesa de Gestión Agroambiental, o Consorci Centre de Ciència i Tecnologia Forestal de Catalunya, a Asociación Forestal de Galicia e a Gistree, Sistemas de Informação Geográfica, Floresta e Ambiente, Lda. É ainda parceiro o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. K

FCT NOVA Challenge

Nova procura novos cientistas 6 A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa já abriu as inscrições para o FCT NOVA Challenge, um concurso que desafia os estudantes portugueses a solucionar problemas científicos, com apoio da Direção-Geral da Educação e da Embaixada dos Estados Unidos da América. O prémio é uma viagem ao Centro da NASA em Washington. O prémio visa promover o conhecimento científico entre os jovens portugueses e a consequente criação de novos talentos na Ciência, Tecnologia e Engenharia. Além dos estudantes do 12º ano, dos cursos Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, e CientíficoHumanístico de Ciências Socioeconómicas, pela primeira vez, a insti-

tuição abriu o concurso às Escolas Profissionais. O desafio consiste numa competição entre equipas de três a cinco estudantes, orientados por até dois professores, que devem conceber, ou até construir, um projeto que seja uma resolução prática de um problema concreto de ciência ou engenharia, que pode passar por uma metodologia inovadora. A mostra pública dos trabalhos selecionados decorre a 5 de junho, com a distinção do vencedor com uma viagem ao Centro da NASA em Washington DC, EUA, despesas de deslocação e alojamento incluídas. Os vencedores do ano passado foram alunos da Escola Básica e Secundária Oliveira Júnior, de São João da Madeira. K

Prémios de Mérito Desportivo

UMinho distingue 101 alunos 6 A Universidade do Minho (UMinho) acaba de distinguir 101 dos seus estudantes atletas que conjugaram em 2018/2019, a excelência desportiva com o sucesso académico, numa cerimónia que decorreu a 11 de janeiro, no Restaurante Panorâmico, no Campus de Gualtar, em Braga. O administrador dos Serviços de Ação Social, António Paisana, afirmou que estes prémios “reconhecem o esforço e o mérito de pessoas que inevitavelmente

levaram o nome da UMinho a patamares de grande relevância que doutro modo seriam mais difíceis de alcançar”. O presidente da Associação Académica, Rui Oliveira, referiu que 2019 “foi particularmente feliz para o desporto da UMinho”, que organizou as Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários, em Guimarães, o Campeonato Europeu Universitário de Futsal, em Braga e viu ainda serlhe atribuída a organização do

Campeonato Europeu Universitário de Voleibol 2021, que decorrerá na cidade de Guimarães. Para Rui Vieira de Castro, reitor da UMinho, referiu que o projeto desportivo da universidade tem uma “grande expressão no interior da comunidade”, e que as parcerias com os clubes da região e as interações com outras instituições de ensino superior são “uma base que temos de ser capazes de aproveitar”, concluiu. K

JANEIRO 2020 /// 019


Cooperação Presidência da República H

Moçambique

Marcelo nos 20 anos da Escola Portuguesa 6 O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve presente na sessão solene das comemorações do 20º aniversário da Escola Portuguesa de Moçambique-CELP, no passado dia 14 de janeiro. O Chefe de Estado Português aproveitou a ocasião para sublinhar

o papel que aquela instituição de ensino tem tido desde que foi criada, referindo ter orgulho da Escola e da sua importância no âmbito das relações de cooperação entre Portugal e Moçambique, garantindo que o governo português apoiará sempre no desenvolvimento da Escola Portuguesa de Moçambique.

A Escola Portuguesa de Moçambique, com quem o Ensino Magazine tem um acordo de cooperação, é umas das instituições de ensino de referência na capital moçambicana, desempenhando um papel fundamental na formação de milhares de crianças e jovens. K

Setúbal alarga parceria com Brasil 6 Uma comitiva do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Brasil, liderada pela reitora Maria Clara Schneider, visitou o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) no dia 14 de janeiro, para fazer um balanço da parceria que une as instituições desde finais de 2017 e discussão de colaborações futuras. No IPS pela terceira vez, Maria Clara Schneider esteve reunida com os coordenadores de mestrado da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, no sentido de discutir e operacionalizar duplas titulações, nas áreas da Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e da Engenharia Mecânica e Informática. Os parceiros brasileiros visitaram igualmente a Oficina Lu Ban Portuguesa, para se inteirarem da dinâmica de envolvimento do laboratório em Indústria 4.0 na rotina dos cursos do IPS, e reuniram-se

com o coordenador da pós-graduação em Motorização de Veículos Elétricos e Híbridos, professor José Maia, para discutir a colaboração no desenho e lecionação de uma pós-graduação em Mobilidade Elétrica no IFSC. No final do encontro, foi feita uma avaliação da experiência de intercâmbio dos vários estudantes bolseiros de investigação do IFSC acolhidos pelo IPS ao abrigo do programa PROPICIE, e uma primeira visita às instalações da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, à qual os responsáveis da instituição brasileira regressam em março para estudarem a hipótese de futuras colaborações nas áreas da Química e Biotecnologia.Ficou ainda prevista a visita de uma comitiva do IPS a Florianópolis para dar continuidade à discussão de todas estas colaborações. K

Universidade Eduardo Mondlane

Academia junta alumni 6 A Universidade Eduardo Mondlane promoveu, no final do último ano, o terceiro encontro com os Embaixadores da Comunidade Alumni para partilha do plano das atividades do ano 2020 e recolha de subsídios em torno das atividades em desenvolvimento. O encontro serviu ainda para a apresentação do Plano Indicativo de Desenvolvimento da Comunidade Alumni da Universidade Eduardo Mondlane e dos Projetos Estruturantes. Segundo Orlando Quilambo, re-

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itor da universidade, “desde 2014, ano da criação da Comunidade Alumni, há atividades que tem sido realizadas de forma rotineira, designadamente a inscrição, a emissão de cartões e a difusão da informação sobre a vida da universidade através do Jornal. Mas queremos mais, sentimos que há muito potencial e genuíno interesse para o relacionamento com a Universidade”, frisou. No encontro, os Alumni defenderam maior partilha dos projetos para sua melhor compreensão e

apropriação e a melhoria dos canais de comunicação e da Plataforma de Registo. A UEM tem cerca de 4 mil Alumni inscritos na sua plataforma, representando perto de 13 por cento do total de graduados. Dos inscritos, 16 por cento já partilhou informação sobre o seu local de trabalho, 9 em cada 10 são graduados dos últimos 5 anos, 2/3 dos inscritos têm idades entre 24 e 34 anos, 60 por cento são homens, cerca de 91 por cento são licenciados e mais de 60 por cento trabalha no sector privado. K

Alunos e docentes

Escola portuguesa limpa praias de Macau 6 Os alunos e professores da Escola Portuguesa de Macau participaram, este mês, numa ação de promoção ambiental, através da limpeza de praias de Macau. A comunidade da Escola Portu-

guesa, composta por 80 pessoas, juntou-se à Macau ECOnscious numa iniciativa muito acarinhada pela população. No total foram recolhidos 800 quilogramas de lixo. K


Prémio Primus

Candidaturas abertas ao Inter Pares 6 As candidaturas ao Prémio Primus Inter Pares, uma iniciativa do Santander e do Expresso que visa distinguir os melhores alunos finalistas das áreas de Gestão, Economia e Engenharia do País com um MBA, encontram-se abertas e podem ser feitas até ao próximo dia 16 de fevereiro, no site www.premioprimusinterpares.pt. Os três vencedores do Prémio têm a oportunidade de realizar um MBA em algumas das maiores escolas de negócio nacionais ou internacionais, como o IE Business School, em Madrid; o IESE, em Barcelona; o Lisbon MBA; o INDEG-ISCTE; o ISEG; e a Porto Business School. Para se candidatarem ao Prémio os interessados devem cumprir os seguintes requisitos: ter nacionalidade portuguesa; ter idade inferior a 26 anos; ter média de 14 valores; e frequentar o último ano de mestrado, na sequência de uma licenciatura em Gestão de Empresas, Economia ou Engenharia. K

PRÉMIO EI-GAITEC-SANTANDER

Moda à medida no telemóvel

6 Inês Carvalho, Maria Inês Romero e Tiago Ferro, estudantes do terceiro ano da licenciatura em Gestão da Universidade de Évora (UÉ), desenvolveram a Diy Closet (Do It Yourself Closet), o protótipo de uma aplicação de telemóvel que visa customizar roupa à medida e receberam, no passado dia 10 dezembro, o Prémio EI-GaitecSantander, atríbuido anualmente ao melhor trabalho de Empreendedorismo e Inovação. A Universidade de Évora explica que a ideia surgiu no âmbito da unidade curricular de Empreendedorismo e Inovação, cadeira integrada no plano de estudos do segundo ano da licenciatura em Gestão, na qual foi proposto à turma a criação de uma ideia de negócio inovadora, à qual os três estudantes corresponderam criando a aplicação Diy Closet, uma forma de procurar solução para um problema que consideravam comum a todos, principalmente aos mais jovens: imaginar e desejar peças de roupa que depois em realidade não se encontram nem em lojas físicas nem na internet. Neste sentido, os três estudantes desenvolveram a Diy Closet, uma aplicação que permite ao utilizador criar a sua própria

roupa, desenhando-a a seu gosto e à medida, jogando com variadas peças, tecidos e ferramentas. Assim, criam-se peças únicas e exclusivas totalmente ao gosto pessoal do utilizador, através da ajuda de um software. O objetivo principal do projeto é permitir que os consumidores possam vestir aquilo que gostam, mas de forma personalizada e diferente dos restantes. Citado na mesma nota da UÉ, Rui Quaresma, professor da universidade, que leciona a cadeira de Empreendedorismo e Inovação desde o ano letivo 2008/2009, destaca a importância destes projetos na medida em que motivam os alunos “a pensar um problema e procurar

uma solução para o mesmo”. Para Rui Quaresma, o objetivo desta cadeira é “incentivar os alunos a criar um modelo de negócio economicamente viável” através da elaboração de um projeto inovador. “Inovar também é pegar em coisas que já existem e aplica-las em novos contextos”, concluiu. E porque se pretende que os jovens estudantes se desafiem a dar corpo às suas ideias, a UÉ recebeu um convite do programa Junior Achievement no ano letivo 2016/2017, com o intuito de motivar os estudantes da UÉ a levarem os seus projetos para o exterior da universidade. No ano letivo seguinte, este programa foi oficialmente in-

troduzido na cadeira de Empreendedorismo e Inovação com a finalidade de dar uma oportunidade aos estudantes da UÉ de verem os seus projetos ser avaliados por um júri constituído por três profissionais da área. O programa Junior Achievement é uma iniciativa original dos Estados Unidos da América, mas que se foi espalhando pelos outros países do mundo, inclusive em Portugal, e a sua principal missão é criar jovens empreendedores e promover uma educação inovadora. No âmbito deste programa, os três estudantes foram selecionados para a final nacional que se realizou a 27 de maio de 2019 em Cascais, onde apresentaram a Diy Closet diante de um júri e onde puderam comparar a sua ideia inovadora com as melhores das restantes universidades portuguesas. Neste momento, a Diy Closet encontra-se ainda numa fase embrionária sendo apenas um protótipo, mas os três estudantes a cargo da invenção tencionam um dia vir a concretizar o projeto, tendo como objetivo que este seja adaptável aos diferentes disapositivos (smartphones, tablets, computadores) e sistemas operativos (IOS e Android). K

Do grupo Santander

Rafael Nadal é embaixador IPCA/Santander Universidades

Valor e cidadania 6 Diogo Joaquim Pereira Carvalho, estudante do ano letivo 2018/2019 do Curso Técnico Superior Profissional de Comércio Eletrónico, foi o vencedor do Prémio valor IPCA/Santander Universidades. Este galardão visa distinguir, em cada ano letivo, os estudantes que se diferenciem positivamente na vertente humana ou solidária, premiando a participação em atividades de práticas de cidadania ativa e de voluntariado desenvolvidas internamente no Instituto Politécnico do cavado e Ave (IPCA) ou na comunidade exterior. A candidatura ao Prémio Valor

foi apresentada pelo proponente Pedro Melo, professor do IPCA. Demonstrando uma atitude altruísta e humana, Diogo Carvalho, sabendo das dificuldades por que estava a passar um colega do IPCA com necessidades educativas especiais no seu local de estágio, propôs ao diretor de turma aceitar ele próprio, na sua empresa recém-criada, o colega para estágio e assumir o papel de supervisor. Isso efetivamente aconteceu e o Diogo Carvalho teve o cuidado de atribuir tarefas adequadas à condição do colega, permitindo-lhe terminar com sucesso o estágio. K

6 O tenista Rafael Nadal é embaixador do Grupo Santander, informou o Banco Santander em comunicado, onde é referida a assinatura de um acordo entre as partes. Rafael Nadal, atualmente classificado como o tenista número um do mundo na ATP, é considerado o melhor atleta espanhol de todos os tempos e um dos melhores do mundo. O tenista já ganhou 19 Grand Slam, cinco Taças Davis, uma medalha de ouro olímpica e o prémio Príncipe da Astúrias. Nadal, que esteve anteriormente vinculado ao Grupo por vários anos através de uma parceria com o Banesto, representará o banco em várias campanhas e eventos em Espanha e em outros países, bem como o Private Banking do Santander em termos globais. Ana Botín, presidente do Banco Santander, disse: “Rafael Nadal regressa a casa. É um dos melhores atletas do mundo e o melhor atleta espanhol da história,

Facebook Oficial H

mas também tem algo muito importante para mim: tem valores que partilhamos no Santander.” Rafael Nadal afirmou: “Estou muito feliz por regressar à família Santander e tornar-me embaixador. É muito emocionante partilhar no-

vamente o espírito vencedor e os valores do esforço diário e da vontade de lutar para alcançar as metas que estabelecemos. E, é claro, mostrar que a forma como atingimos os nossos objetivos é tão importante como alcançá-los”. K

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Gaming em destaque

Motricidade Humana

Cinema em Viseu

Manuel Sérgio lança novo livro

6 Depois do ciclo de cinema 100% Alternativo, o Cine Clube de Viseu e o Politécnico de Viseu voltam a programar um ciclo de cinema, entre janeiro e junho, no Auditório da ESTGV. Desta vez dedicado ao fenómeno “gaming”, o ciclo prevê a exibição de 6 filmes, um por mês. O ciclo é aberto à comunidade em geral e tem entrada livre. Na primeira sessão, no dia 28

de janeiro, pelas 21h00, é apresentado o documentário “State of Play” (2013), um olhar atento sobre a evolução e industrialização dos e-Sports na Coreia do Sul, com enfoque particular na vida dos jogadores profissionais, que se tornaram em poucos anos verdadeiras celebridades nacionais e internacionais. “State of Play” recebeu o Prémio de Melhor Documentário no Independent Film

Festival de Nova Iorque. Como habitualmente, no final da exibição, decorre uma conversa entre os convidados especiais e o público, sendo esperada uma ampla participação de jovens e de “gamers” de todas as gerações. O Ciclo Gaming é produzido pelo Cine Clube de Viseu e Politécnico de Viseu e idealizado com António Alvarenga, que moderará a primeira sessão. K

6 Manuel Sérgio, provedor da Ética no Desporto no âmbito do Plano Nacional da Ética do Desporto, professor agregado em Motricidade Humana pela Universidade Técnica de Lisboa, acaba de lançar o seu novo livro “Da Ciência à Transcendência Epistemologia da Motricidade Humana”. O livro reúne um conjunto de textos do autor, onde está patente aquilo que a sua vasta obra reflete sobre a construção de uma filosofia do desporto em Portugal e o seu contributo para a reformulação de um novo paradigma: a motricidade humana. Como é referido nesta obra, em “Manuel Sérgio a meditação sobre o desporto é uma forma de pensar o mundo da vida”. O livro está dividido em três capítulos (Epistemologia e motricidade humana; Temas e problemas; e Instituições e Pessoas - neste último capítulo surgem alusões a alguns treinadores marcantes do desporto português como José Maria Pedroto,

José Mourinho ou Artur Jorge, no futebol; e Jorge Araújo, no basquetebol). Esta obra, que tem a chancela da Universidade Católica, apresenta ainda o prefácio de Alfredo Teixeira (coordenador da Cátedra Manuel Sérgio, na Universidade Católica), e três Excursus, de onde se destaca uma entrevista efetuada a Manuel Sérgio pelo jornalista José Lima; e os textos sobre as razões para uma Cátedra; e sobre o currículo da disciplina de Epistemologia da Motricidade Humana. K

Portalegre reforça parcerias

Alemanha no IPP 6 Um grupo de 15 estudantes e dois representantes da Hochschule Esslingen University, visitou o Politécnico de Portalegre no final de 2019. Em nota enviada ao Ensino Magazine, o Politécnico de Portalegre explica que a instituição alemã é uma universidade de ciências aplicadas e é parceira do IPPortalegre no programa Erasmus+. Esta visita surgiu precisa-

mente no âmbito dessa parceria e foi permitiu reforçar a cooperação e criar novas oportunidade de mobilidade entre os dois países. Durante esta visita o grupo conheceu o Campus Politécnico e a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, participando em diversas atividades práticas nas áreas da tecnologia, da gestão e das ciências sociais.

Outro dos espaços visitados foi a Incubadora de Base Tecnológica do Politécnico de Portalegre - BioBIP, numa visita acompanhada pelo pró-presidente para a Internacionalização, Carlos Afonso, pelo pró-presidente para o Empreendedorismo e Emprego, Artur Romão, e pelos professores Maria José Varadinov e Luís Batista. K

Dia 28

Portalegre debate gestão 6 A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, cujo Núcleo Sub-regional do Alto Alentejo se encontra sediado no Campus do Politécnico de Portalegre, promove uma sessão de esclarecimento sobre o Plano Nacional de Gestão Inte-

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grada de Fogos Rurais, no dia 28 de janeiro, pelas 17h00, nas instalações da BioBIP - Campus Politécnico. O Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), é um documento estratégico que abrange o período

2020-2030 e é composto por dois documentos: a Estratégia 20-30 e a Cadeia de Valor, encontrando-se em consulta pública até 05 de fevereiro de 2020 em: https://www.consultalex.gov.pt/ConsultaPublica_ Detail.aspx?Consulta_Id=117 K

Em Lisboa

Politécnico de Portalegre no Marketing Summit 6 Alunos e Professores do Curso de Administração de Publicidade e Marketing da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Portalegre participaram no passado dia 22 de janeiro no Marketing Summit. A iniciativa é um dos mais recentes projectos do Lisbon Awards Group, responsável por vários eventos internacionais de marketing e publicidade sediados

em Portugal, tais como os Prémios Lusófonos da Criatividade e o Lisbon International Advertising Festival. O Marketing Summit é um evento dedicado à discussão das novas fronteiras do marketing e de como este sector poderá enfrentar com sucesso os desafios que um mundo em acelerada transformação digital nos coloca a nós e às nossas marcas. K


Editorial

Por uma educação sem distâncias 7 A formação da identidade do professor, o sentido da sua profissionalidade, constitui hoje uma das grandes preocupações das associações profissionais e sindicais dos docentes, dadas as implicações da actuação profissional na prática social. Neste contexto, é genericamente aceite que os educadores devem ser profissionais que elaborem com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade escola e da comunidade que a envolve e condiciona. Neste tempo de profunda revolução tecnológica, os professores devem ser vistos como parceiros na transformação da qualidade social da escola, compreendendo isso os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua actividade docente. Caberia, assim, aos educadores a tarefa de apontar renovados caminhos institucionais face aos novos e constantes desafios do mundo contemporâneo, com competência do conhecimento, com profissionalismo ético e consci-

ência política. Só assim estariam aptos a oferecer novas oportunidades educacionais aos alunos, para que estes alcançassem a construção e a reconstrução de saberes, à luz do pensamento reflexivo e crítico. A escola, então, desempenharia um papel fundamental em todo o processo de formação de cidadãos aptos para viverem na actual sociedade da informação e do conhecimento. Caberia ao sistema educativo fornecer, a todos, meios para dominar a proliferação de informações, de as seleccionar com espírito crítico, preparando-os para lidarem com uma enorme quantidade de informações que nos chegam, a todo o momento, dentro e fora do espaço escolar. A importância do papel dos professores, enquanto agentes desta mudança, revela-se fundamental. Eles têm um papel determinante na formação de atitudes, positivas e negativas, face ao processo de ensino e de aprendizagem e na criação das condições necessárias para o sucesso da educação formal e da

educação permanente, motivando-os para a pesquisa e interpretação da informação e para a elaboração de um espírito crítico. Os aprendentes deveriam, progressivamente, desenvolver a curiosidade pelo mundo que os rodeia, desenvolver a autonomia do pensamento reflexivo e estimular o rigor intelectual, como forma de criar as condições para o “saber aprender a aprender”, pilar fundamental para uma educação ao longo da vida. Por sua vez, essa educação ao longo da vida deve constituir um direito de todos as pessoas, independentemente da sua idade, habilitações e percurso profissional, à aquisição de saberes e competências que lhes permitam participar na construção contínua do seu desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionandolhes instrumentos para a compreensão das mudanças numa sociedade em rápida evolução, instrumentos para identificar os seus interesses e direitos e desenvolvimento de capacidades para intervir e agir adequadamente. Esse direito pressupõe

a disponibilização de condições que visem a actualização e domínio de novos saberes e tecnologias, a certificação das competências adquiridas por via formal ou informal, nomeadamente as adquiridas ao longo da sua actividade profissional. Uma estratégia de educação ao longo da vida tem de articular e dar coerência às suas várias vertentes: a formação inicial e a transição da escola para a vida activa; a acreditação e a certificação das competências, formais e informais; a educação e a formação de adultos, ou mesmo a formação permanente nos locais de trabalho. O cenário educacional contemporâneo mostra, ainda, uma forte tendência: a crescente inserção dos métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância num sistema integrado de oferta de ensino superior, permitindo o estabelecimento de cursos com combinação variável de recursos pedagógicos, presenciais e não presenciais, sem que se criem dois sistemas separados. Nesse novo e pro-

missor cenário, o próprio conceito de educação a distância ganha uma dimensão renovada, tornando-se, na verdade, numa educação sem distâncias. A escola é, ainda, a grande alavanca do desenvolvimento. A sociedade do conhecimento alicerça-se no crescimento do capital humano, na promoção da aprendizagem ao longo da vida. Atrofiar a escola e o investimento na educação compromete o futuro, mas também aqueles que protagonizam essas políticas. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _

Primeira coluna

A importância dos de fora e dos de dentro 7 A internacionalização das instituições de ensino superior portuguesas tem sido uma prioridade e um objetivo que nas últimas duas décadas tem saído reforçado em domínios como a mobilidade de alunos, a captação de estudantes internacionais, a investigação, a concretização de projetos científicos e o estabelecimento de convénios que em muitos casos já garante a dupla titulação de cursos. Atentos, universidades e politécnicos, olham para este eixo de desenvolvimento com cuidado. Ao nível da mobilidade de alunos Erasmus+, têm-se revelado aumentos quer nos números de estudantes de outros países da União Europeia que frequentam semestres em instituições portuguesas, quer nos portugueses que vão para

outros países. Também ao nível de pessoal docente e não docente se verificam números muito interessantes. O mesmo sucede com estágios. Falamos de milhares de pessoas e milhões de euros investidos. Nesta relação de globalidade surgem, num outro patamar, os estudantes internacionais e os alunos estrangeiros que procuram as universidades e politécnicos portugueses para estudar, quer em cursos de curta duração, licenciaturas, mestrados, pós-graduações e doutoramentos. É uma forma diferente de internacionalização, cujos critérios e condições disponibilizados devem ter em atenção requisitos importantes de forma a que o acolhimento e o sucesso desses alunos, das instituições e das regiões que

os recebem seja garantido. Não basta captar estudantes e completar turmas com esse público, pois se apenas isso for feito criam-se problemas de integração, de funcionamento das instituições, de indisciplina e de insucesso. Importa integrar e acolher, mas também exigir, disponibilizando os meios para que o sucesso, a exigência e a responsabilidade sejam alcançados nos planos educativo e social. Como sempre defendemos, o ensino não tem fronteiras. Partilhamos essa ideia desde o número zero do Ensino Magazine. Sempre olhámos para a internacionalização das instituições como um processo natural. Por isso também abraçámos o mundo da lusofonia, levando a nossa publicação ao

Brasil, a África e à Ásia (Macau), iniciando há mais de uma década uma relação estreita com as instituições de ensino superior e secundárias desses países. O mesmo sucede com o espaço europeu, onde somos parte integrante dos principais eventos de acesso ao ensino superior realizados na Península Ibérica, como a AULA e a Simo Educación (em Madrid), a Futurália (Lisboa) e a Qualifica (Porto). Nelas levamos o que de mais importante as universidades e politécnicos nossos parceiros concretizam, divulgando-os junto de centenas de milhares de pessoas. Associamo-nos, deste modo, à internacionalização, abrindo também as páginas da nossa publicação a notícias dessas instituições, mas também a artigos escritos

por colaboradores de outros países, como acontece com Espanha, Brasil e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Deste modo, continuamos a cumprir um dos nossos objetivos, o de informar sem fronteiras, nem tabus. A todos votos de um bom 2020! K João Carrega _ carrega@rvj.pt

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Crónica

María llega a la universidad 7 Estamos completamente habituados a recibir en nuestras aulas y despachos a alumnos extranjeros procedentes de todos los continentes, mucho más allá de los países europeos o del programa Erasmus, que vienen a graduarse de doctorado, de máster o de licenciatura/ grado. Es una fortuna, una riqueza plenificadora para todos, este diálogo activo de personas, etnias, lenguas, culturas. Nos llenamos y enriquecemos todos con la acogida científica y personal, pues el mundo es cada vez más global y próximo, y se hace más híbrido y sincrético que nunca si se compara con toda la historia anterior de la humanidad, casi siempre anclada al terruño, a la aldea durante milenios. Hoy la universidad, que ha de ser una institución universal per se, por fortuna es más atractiva y formativa, y goza de más prestigio cuanto más internacional y abierta al mundo es en todos sus programas de estudio e investigación. La presencia de María en las aulas de primer año de carrera en este curso académico ha resultado para mi diferente, algo muy especial. Ella es de raza negra, y posee un apellido africano inconfundible, pues procede de una familia cuyos padres (de Mauritania y Mali) llegaron a España jugándose la vida en la patera que cruzaba el Estrecho de Gibraltar hace algo más de veinte años. Hoy están todos ellos bien centrados y asentados entre nosotros, como tantas familias del entorno próximo. María es la expresión afortunada del éxito de nuestro sistema educativo en la acogida de inmigrantes, de todo signo lingüístico, raza y religión. Ella es activa y extrovertida, simpática e inteligente, muy despierta, y está ilusionada con ser una buena educadora, en formarse Publicidade

bien para el desempeño en alguna de las muchas facetas de la profesión pedagógica. No es frecuente entre nosotros que los hijos de inmigrantes lleguen a la universidad, después de haber superado con éxito la escuela primaria y toda la secundaria en establecimientos públicos. Pero estos casos comienzan a aflorar, y es un éxito que a todos nos debe llenar de satisfacción personal y colectiva, como expresión de una acogida natural e intercultural, de convivencia pacífica y diálogo social sin límites, entre europeos y quienes proceden de otros lares. Al fin y al cabo, como hace ya algunas décadas escribía el historiador José Fontana, los europeos tenemos que mirarnos al espejo para descubrir que no tenemos códigos genéticos exclusivistas, sino que somos resultado de un largo proceso de hibridación. O bien hemos de leer la reciente obra de Yuval Noah Harari, “Sapiens. De animales a dioses. Breve historia de la humanidad” para adentrarnos en la comprensión de la historia colectiva milenaria, siempre cargada de mezclas e integraciones, que ha conducido a los hombres y mujeres del siglo XXI a nuestro estatus genético e intercultural actual. A continuación se suscita otro interrogante, pues la presencia y la atenta mirada de María en nuestras aulas nos interpela de nuevo. ¿Tiene la universidad pública algo más que ofrecer, que hacer por y con los inmigrantes y refugiados? Tenemos que pensar en miles de personas que huyen de la guerra, de la violencia e inseguridad permanente y casi siempre además de la precariedad económica, cuando no del hambre, fenómenos que se han originado en sus países de procedencia por las causas más diferentes, y que casi siempre

perjudican más a mujeres y niños, los más frágiles. No es extraño que su desesperación les lleve a arriesgarse a morir en el Mediterráneo, después de recibir abusos infinitos de despiadados traficantes, en busca de un paraíso inexistente, pero al menos una sociedad algo más respetuosa con la vida y los derechos básicos de la persona. Es verdad que la universidad está formada por personas de muy diferentes signo y valores, pero también es cierto que en el seno de nuestra institución de educación superior los curricula, los planes de estudio, los apoyos, la atención social a los estudiantes pueden caminar más y mejor en el camino de la interculturalidad, que es la vía de acogida educativa y cultural a los graves y urgentes problemas que suscita la inmigración masiva. En la formación de los profesionales de máximo nivel, y en todos los ámbitos de la vida, la universidad debe contemplar una dimensión intercultural de orientación transversal. Es decir, en las competencias a cultivar con los estudiantes ha de estar presente esta dimensión intercultural. En el contenido de las directrices y núcleos docentes ha de excluirse todo aquello que suscite aversión a lo diferente de cualquier cultura del mundo, salvo en aquello que conculque derechos fundamentales de la persona, por muy originaria que aquélla sea (la extirpación del clítoris en las niñas de algunas culturas africanas es solo un ejemplo inadmisible). La investigación que se produce en nuestros centros universitarios, sobre todo en el ámbito de las ciencias sociales, pide a gritos un esfuerzo y perfil añadidos que contemplen la urgencia y complejidad de conocer y comprender mucho mejor el fenómeno de la inmigración

Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C 6000-079 Castelo Branco Telef.: 272324645 | Telm.: 965 315 233 Telm.: 933 526 683 www.ensino.eu | ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt

y los refugiados. Son necesarias investigaciones, estudios, informes científicos que permitan una acción meliorativa más correcta en las respuestas de todo orden que haya de proponerse para mitigar la gravedad y el dolor de lo que conlleva una inmigración descontrolada y carente de respeto a los derechos básicos de las personas que solo buscan mejorar su condición de vida. En el seno de la comunidad universitaria debe cultivarse el principio de la solidaridad y hasta la piedad con quienes más sufren. Por tanto, desde los servicios de Asuntos Sociales de cada universidad han de ponerse en marcha todos los programas posibles de apoyo y ayuda, de sensibilización y de respuesta rápida y urgente entre estudiantes y profesores, entre todos los miembros de la institución. Pero hay que plantearlo siempre desde el principio del respeto a la diferencia, sin buscar formas de neocolonialismo cultural, buscando un fecundo diálogo intercultural. María, y muchas otras “Marías”, serán siempre un motivo de alegría y de interpelación para un universitario cualquiera de nuestro tiempo. K José Maria Hernández Díaz _ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es

Castelo Branco: Tiago Carvalho Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Designers André Antunes Carine Pires Colaboradores: Agostinho Dias, Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Reis, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Artur Jorge, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Ribeiro, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Mota Saraiva, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Guilherme Lemos, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Hugo Rafael, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Carlos Moura, José Carlos Reis, José Furtado, José Felgueiras, José Júlio Cruz, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Lídia Barata, Luís Biscaia, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Estatuto editorial em www.ensino.eu Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Assinantes: 15 Euros/Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco

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artigo

A crise da esperança 7 Adormecer as grandes questões à força de hipersensibilidades clubísticas, patologicamente (com muito economicismo à mistura) ampliadas na Comunicação Social – eis aí o rápido panorama do ambiente em que o nosso futebol, muitas vezes, se movimenta. Os problemas desportivos do país são, sem dúvida, desportivos mas condicionados, no chão da realidade, pelo estofo moral dos seus agentes. Não são dissociáveis uma revolução moral e um desporto novo. Para quando uma revolução moral, no teor da vida desportiva dos atletas, dos técnicos, dos dirigentes? Como é possível comentar e criticar o “fenómeno desportivo”, sem utilizar uma base mínima de conhecimentos científicos e permanecendo teimosamente num palavreado próprio tão-só de pessoas sem senso nem escrúpulos e marcado pelo ódio e pela intolerância? Em três campos deverão movimentar-se os que pretendem comentar o desporto: campo dos conhecimentos, campo dos valores e campo da ação. Toda a gente de bom senso aceita a evidência que só praticando e estudando é possível alcançar o caminho certo na “procura desta verdade”. Ora, há pessoas, habituais na freima crítica, que nem praticam (como atletas, ou dirigentes, ou árbitros, ou treinadores e técnicos de saúde) nem investigam nem estudam e, no entanto, manifestam uma irreprimível tendência para se julgarem “trabalhadores do conhecimento”, na área do desporto. Assim, porque não dispõem de qualquer ideia significativa e determinante, só lhes resta a truculência desmedida com que achincalham muitos dos seus adversários. O desporto, para esta gente, parece uma luta sem tréguas contra inimigos, o que o desporto não é, mesmo

nas suas formas mais aparatosas e combativas. De facto, a deriva para um belicismo verbal, consequente à perda de significação, representa um estado de consciência diminuída. E é com esta abdicação da consciência que, em muitos casos, se comenta e critica o desporto. Desonestidade intelectual? Eu sei! Eu sei! Nem sempre com honestidade intelectual se vendem jornais e captam audiências... Como se sabe, há quem venha tentando dizer (com as dúvidas inerentes a quem sabe que nada sabe) que o científico, no desporto, não é o fisiológico tãosó, mas a complexidade humana, que o desporto deverá estudarse (e praticar-se) no âmbito das ciências humanas, que o treino desportivo (e a educação física) era um cartesianismo puro. Não poderei esquecer, por isso, no meio da desconfiança que me rodeava, o apoio que recebi de José Maria Pedroto, um treinador de futebol que pretendeu ultrapassar (como poucos o fizeram antes dele, no futebol) a superficialidade, por vezes rotunda, das ideias e das aspirações, no âmbito da sua profissão. Só que este cartesianismo ainda há gente que se compraz em apresentálo como o melhor dos métodos. Até alguns professores do ensino secundário. Relembro um livro de António José Saraiva: “condicionar o fomento da escola às necessidades e recursos existentes em dado momento é (quaisquer que sejam as razões e intenções de tal critério) condenar a colectividade nacional à pobreza crescente. O princípio justo é, pelo contrário, começar pela escola, como primeiro e mais eficaz meio de vencer o círculo vicioso da pobreza. A escola deve ser planeada, não em função do que a nação é, mas em função do que ela há-de ser; deve ser concebi-

da na perspectiva e na escala do futuro (…). O que acabo de expor é uma ilustração do postulado segundo o qual a escola não prepara para o presente, mas para o futuro (…). Sendo o futuro, em relação ao presente um ideal, torna-se claro que a escola prepara para uma sociedade ideal, isto é, mais perfeita do que aquela em que vivemos. Por outras palavras, não é função da escola consolidar as instituições e os hábitos e as teorias da sociedade existente; compete-lhe antes ser factor de um deve-ser social. A escola está criando o futuro; é um elemento transformador” (dicionário crítico de algumas ideias e palavras correntes, Publicações Europa-América, Lisboa, 1960, p. 58/59). Tem 60 anos este livro! E mantem-se atual! “Não é função da escola consolidar as instituições e os hábitos e as teorias da sociedade existente”. E, no entanto, quem defende novas ideias é, num primeiro momento, batido pelos mais contraditórios ventos da intolerância e da desconfiança. Mas... adiante. Cabe portanto aos professores do ensino secundário, designadamente aos professores de educação física, atalhar a tempo a efervescência sem rumo do dualismo antropológico cartesiano, ainda vivo, e informar os alunos que o desporto é, sem margem para dúvidas, um humanismo e que sem esta filosofia o desporto não passa de uma farsa – uma farsa que por vezes chega ao impudor! A imaturidade dos alunos e dos atletas é, quase sempre, o espelho da imaturidade dos seus professores e dos seus treinadores. Li, com atenção e respeito (e por isso a conservo) a entrevista do engenheiro Fernando Santos, treinador da seleção nacional de futebol, à revista do Expresso (2015/11/14). À pergunta da revis-

ta: “Como é que quer ser recordado?” Fernando Santos responde: “Quero ser lembrado como bom pai, como bom filho, como bom marido, como bom amigo”. E o jornalista, de certo surpreso pela resposta do “engenheiro do penta”, onde o futebol parecia não caber, insistiu: “E o futebol?”. Aqui, Fernando Santos disse, em poucas palavras, os valores que lhe norteiam a vida: “Não importa. O futebol não significa nada, se o compararmos à paternidade ou à amizade. Nada. Zero”. Acompanho o engenheiro Fernando Santos, quando escrevo: “O futebol é a coisa mais importante das coisas pouco importantes, é o máximo do mínimo”. E, tanto o treinador da seleção nacional como eu (e aceito, mais ele do que eu) sabemos que o futebol é o fenómeno cultural de maior magia do mundo contemporânea. Só que, acima do futebol, há os valores que fundam a nossa civilização e decorrentes da filosofia grega, do espírito jurídico latino, da crítica do iluminismo e, sobre o mais, da mensagem judaicocristã. O “amai-vos uns aos outros” do Evangelho, no meu modesto entender, divide em dois a história da humanidade... O futebol tem de converter-se num espaço que nos leve ao encontro fraterno com os nossos adversários (sem perda da competitividade e da vontade do triunfo) e não ao separatismo faccioso. Urgente se torna, por isso, que os dirigentes desportivos e todos os “fazedores de opinião” façam dos textos fundadores do desporto moderno o seu “vade mecum”. Pura utopia? Relembro Ortega y Gasset: “como ser utópico, que vive sempre com anterioridade a si mesmo”, no ser humano coincidem a utopia e a esperança. Ora, se a esperança é de compreensão mais óbvia, importa clarificar a noção de

utopia. E é na literatura que a “utopia” nasce, ou seja, no país edénico, descrito na Utopia (1516) de T. More. Com o seu emprego continuado, o conceito deixou o espaço literário, passando a designar qualquer projeto de uma sociedade imaginada e perfeita. Assim, as utopias condensaram (condensam) a contestação à conjuntura presente e a fascinação por um possível ideal. Ernst Bloch, Horkheimer e Marcuse reabilitaram a noção de utopia, com receio que o esmorecimento da utopia permitisse um amplo assentimento da política injusta estabelecida. O desporto (e portanto o futebol) não é violento, tem a violência que nós nele colocamos, através das nossas palavras, dos nossos atos, do nosso comportamento em suma. Do que venho de escrever se infere que compete ao desporto (e portanto ao futebol) ser um espaço com alguma utopia e muita esperança, cabelhe mesmo a tarefa de educador da esperança, mormente aos mais jovens, muitas vezes perdidos no meio da intranquilidade social e política do nosso tempo. Crise da esperança? O desporto (e portanto o futebol) deve ampliar e alentar a utopia de um mundo novo, de um homem novo! Com esperança! K Manuel Sérgio _

Professor catedrático convidado aposentado da F.M.H.

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APRENDER Y ENSEÑAR EN LA ERA DIGITAL

Quando o telefone toca 7 El director de esta publicación en su Primeira coluna del número anterior mantenía, en un artículo titulado Quando o telefone não toca, que la nueva escuela se verá obligada a incorporar los dispositivos móviles en las nuevas tareas de aprender y enseñar. Y, a nuestro juicio, es una predicción que parece inevitable, porque los jóvenes usuarios de estas tecnologías viven tan estrechamente ligados a ellas que ya no es posible prescindir de su uso ni siquiera en sus aulas. Y probablemente con razón, porque no parece lógico que al salir de ellas el alumno pueda moverse en un contexto de aprendizaje mucho más atractivo que el que ha soportado en la escuela. Constatamos todos que el presente, no solo de nuestros

adolescentes y jóvenes sino también de nuestros adultos, está teniendo un fuerte componente digital desde hace tiempo, pero también es ya móvel, y cada vez con más fuerza. Y no solo la tecnología es móvil, ahora también el estudioso de cualquier edad lo es accediendo en cada momento y lugar a todo tipo de tecnología disponible para actuar, divertirse o aprender con ella. Por eso se ironiza desde hace tiempo con que cada uno puede llevar “una escuela en el bolsillo”, pues es evidente que los dispositivos móviles facilitan la construcción del conocimiento, el intercambio de ideas, la resolución del problemas o el desarrollo de destrezas o habilidades. Y aunque la tecnología móvil en las escuelas representa-

ba hasta hace muy poco una simple distracción, diferentes instituciones académicas y empresariales están realizando multitud de experiencias con el objetivo de comprobar cómo puede desarrollarse el proceso de aprendizaje móvil a través de los teléfonos inteligentes. Los teléfonos inteligentes han generado una comunicación tan multidireccional y polivalente que se habla de una nueva realidad en la comunicación, con insospechadas posibilidades para la educación. Los alumnos usan habitualmente estos equipos con una diversidad de opciones y suelen realizar actividades escolares aprovechando las ventajas y atractivo de estos nuevos dispositivos electrónicos, que cada día se fabrican más amigables y accesibles.

No obstante, la complejidad, variedad y dinamismo evolutivo de estos equipos dificulta el análisis sosegado de sus efectos educativos hasta ahora, a pesar de las experiencias que se están mutiplicando en la actualidad. Una de ellas es la conocida como mSchools, una iniciativa de educación móvil que integra las tecnologías móviles en el aula como instrumento de innovación educativa, partiendo del convencimiento, que compartimos, de que esta tecnología representa una gran oportunidad para crear nuevas fórmulas y métodos de aprendizaje. Intenta servir de ayuda a los estudiantes para desarrollar nuevas e importantes habilidades digitales y los prepara para la sociedad actual. En definitiva, como continuaremos viendo, el

aprendizaje móvil ayudará a convertir a los estudiantes en auténticos emprendedores tecnológicos, introduciendo nuevas herramientas en las aulas y creando nuevas fórmulas para enseñar y aprender. K Florentino Blázquez Entonado _ Profesor Emérito. Coordinador del Programa de Mayores de la Universidad de Extremadura

futurália

Espaço Emprego e Empregabilidade 7 A Futurália realiza a sua 13ª edição e, concomitantemente, a 3ª edição do “Espaço Emprego e Empregabilidade”, conferindo especial relevância ao papel da educação e da formação ao longo da vida, como fatores decisivos para a qualificação das organizações e das pessoas e, de igual modo, para o acesso ao emprego qualificado. A centralidade do conhecimento e os novos desafios societais associados à sustentabilidade, à transição energética e, sobretudo, à transformação digital das cadeias de valor das organizações e das economias, tornam ainda mais pertinente e inadiável a valorização dos recursos humanos e o reforço do patamar de qualificações e competências: digitais, de pensamento ágil, interpessoais e de comunicação, de operação global, entre outras. Empresas de recursos humanos, entidades com intervenção na área da formação, entidades gestoras de incentivos ao emprego e à empregabilidade, candidatos a emprego, entre muitos outros, encontram um sentido

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útil no “Espaço Emprego e Empregabilidade”. E, para quem a atração do talento e o posicionamento no conhecimento são consideradas fontes de inovação e de criação de vantagem competitiva, o “Espaço Emprego e Empregabilidade” apresenta excelentes propostas de valor. É um espaço incontornável. K Prof. Doutor André Magrinho _

Conselho Estratégico da Futurália Assessor do Presidente da Fundação AIP


edições

gente e livros

Novidades literárias

Isabel Rio Novo

7 LUA DE PAPEL.

Os Conspiradores, de Un-Su Kim. “Os Conspiradores” deram a conhecer ao Ocidente o premiado autor coreano Un-su Kim, que deixou a crítica tão rendida como desconcertada. Surgiram as comparações, falou-se muito em Camus, em Murakami e até em Don DeLillo. Mas se nas referências literárias não foi encontrado um denominador comum, sempre que se frisava o fulgor cinematográfico da obra, o nome evocado era o mesmo: Quentin Tarantino. Algures entre esses dois polos – um existencialismo mudo a par de uma exuberante coreografia da violência –, desenha-se um romance notável, que nos prende à leitura e nos leva para além dela.

D.QUIXOTE.

José e os seus Irmãos 2 – O Jovem José, de Thomas Mann. Um dos maiores escritores do século XX, Thomas Mann (1875 – 1933) considerou esta monumental narrativa da história bíblica de José como a sua magnum opus. Concebeu-a em quatro partes: “As Histórias de Jaacob”, “O Jovem José”, “José no Egito” e “José, o Provedor”, as quais constituem uma narrativa unificada, um romance mitológico da queda de José na escravidão e da sua ascensão a senhor do Egito. O resultado é uma brilhante amálgama de ironia, humor, emoção, perceção psicológica e grandeza épica.

LIDEL.

Manual de Estratégia Negocial, de António Damasceno Correia. Considerando a negociação uma parte importante do processo relacional, esta obra, que surge na sequência de uma profunda reestruturação da 2.ª edição do anterior Manual de Negociação, proporciona ao leitor a oportunidade de adquirir competências para obter sucesso na vida profissional e social. O livro apresenta orientações importantes para o processo negocial e examina ainda as características da negociação em contextos culturais distintos, a especificidade dos conflitos de cariz comercial/industrial, laboral e político-diplomático e o potencial da conciliação na resolução dos mesmos. K

www.ensino.eu

7 Autora portuguesa contemporânea, Isabel Rio Novo nasceu (em 1972) e cresceu no Porto, onde fez mestrado em História da Cultura Portuguesa e se doutorou em Literatura Comparada. Ao longo do seu percurso académico, Isabel Rio Novo recebeu bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia, do Instituto Camões, da Fundação Engenheiro António de Almeida e da Fundação Calouste Gulbenkian. A par da sua carreira como escritora, leciona história da arte, estudos literários, escrita criativa e outras disciplinas nas áreas da literatura, da história e dos estudos interartes, e é autora de várias publicações nessas áreas, com destaque para o dicionário ilustrado “Literatura Portuguesa no Mundo” (2005), em parceria com Célia Vieira. Enquanto autora de ficção, começou

a publicar desde a adolescência, estando representada em antologias de contos e colaborando com ensaios e textos de ficção nas revistas Granta, Egoísta, LER e Colóquio/Letras. É autora da narrativa fantástica “O Diabo Tranquilo” (2004), da novela “A Caridade” (2005, distinguido com o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes), do livro de contos “Histórias com Santos” (2014) e dos romances “Rio do Esquecimento” (2016, finalista do Prémio LeYa e semifinalista do Prémio Oceanos), “Madalena” (inédito, Prémio Literário João Gaspar Simões) e “A Febre das Almas Sensíveis” (2018, finalista do Prémio LeYa). Beneficiou recentemente de uma Bolsa de Criação Literária atribuída pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). O mais recente livro é “O Poço e a Estrada

facebook.com/IsabelRioNovo H

–Biografia de Agustina Bessa-Luís”, de 2019. Através de uma pesquisa extensiva e rigorosa, Isabel Rio Novo reconstitui o percurso de vida de uma figura ímpar da nossa cultura contemporânea, numa biografia que se lê como um romance. Tiago Carvalho _

Poesia

Cumplicidade no Fundão 6 Zulmira Mendes e Luís Infante apresentaram, no dia 17 de dezembro, no auditório da Rádio Cova da Beira, no Fundão, dois livros com autoria partilhada, e que, segundo os autores, “tiveram o condão de casarem duas mentes para lhes dar forma”. “Cumplicidade”, editado pela RVJ Editores e “A quatro mãos”, Ed. Alvores, tiveram o apoio da Câmara de Castelo Branco. Esta sessão marcada por emoções e sentimentos partilhados com familiares e amigos, contou ainda, para finalizar, com um momento de fado, com a autora, Zulmira Mendes, e Bárbara Bicho, na voz, e o grupo de música da Universidade Sénior Albicas-

trense (Usalbi) no acompanhamento. A iniciativa contou com a presença da deputada na Assembleia da República Joana Bento, da

vereadora da Câmara do Fundão, Maria Alcina Cerdeira, do editor, João Carrega, e do presidente da RCB, Miguel Nascimento. K

Edições RVJ

Almoço no Fratel? 6 A Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficência Fratelense acaba de apresentar o livro “Almoço no Fratel? Vamos lá! – gastronomia e tradições fratelenses”, numa edição da RVJ Editores. A obra tem a coordenação de Maria do Carmo Sequeira (ex-presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão e responsável pela Sociedade Filarmónica) e da professora Ana Rosa Oliveira, tendo a colaboração de Célia Ribeiro, Paula Gonçalves e Paulo Santos. O livro pretende, como referem nesta obra Maria do Carmo Sequeira e Ana Rosa Oliveira, “recordar e reinventar algumas tradições e ao mesmo tempo fazer o convite para experimentar, confecionar e saborear algumas receitas que nos fazem crescer água na boca”. Para além disso, esta obra revive tradições, pois a cada almoço estão associadas histórias escritas por gente da terra, como José Nuno Martins, Camila Alvega, Leo-

nor Inácio, José Duarte, Rosa Carmona, João Eduardo, António José Esteves, Paulo Santos, José Faia Correia, Ana Rosa Oliveira e Maria do Carmo Sequeira. O prefácio pertence a José Sérvulo Correia e a nota de abertura a Luís Pereira,

presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão, que apoiou esta obra. Além das receitas, o livro tem a particularidade de apresentar uma apreciação nutricional, elaborada pelas nutricionistas Inês Pinto e Joana Oliveira. K

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press das coisas

pela objetiva de j. vasco

Mini Aspirador USB para Computador 3 Este Mini Aspirador foi projetado para limpar lugares difíceis de alcançar, por exemplo, o teclado do computador. É alimentado a partir de uma porta USB, tem um LED integrado e duas pontas intercaláveis. O dispositivo pode ser alimentado, através de uma bateria tipo PowerBank ou com um carregador de telemóveis. K

Dulce Pontes «Best Of»

Caretos de Podence 3 O ano de 2020 sucede a outro, com muita coisa preocupante misturada com tanta coisa boa, é sempre assim. Do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura, (UNESCO), veio a excelente notícia do reconhecimento dos Caretos de Podence, e das suas Festas de Inverno transmontanas, como Património Imaterial da Humanidade. Os caretos de Podence pertencem a uma freguesia com o mesmo nome, no norte do país, concelho de Macedo de Cavaleiros. Os Caretos juntam-se assim a uma lista onde já está, entre outros, O Fado, o Cante Alentejano e o Fabrico de Chocalhos Alentejanos. Estes mascarados transmontanos já representaram Portugal em dez países. O que se segue? K

3 Dulce Pontes é uma das principais vozes da música portuguesa e chega agora às lojas o seu primeiro “Best Of” desde 2002. Todos os grandes sucessos dos mais de 30 anos de carreira de Dulce Pontes encontram-se reunidos neste novo “Best Of”. Desde a “Canção do Mar”, sem esquecer “Lusitana Paixão”, ou as suas colaborações com Ennio Morricone – em “O Amor a Portugal” – e Andrea Bocelli – em “‘O Mare e Tu”. K

Prazeres da boa mesa

Véu e bacon crocante com ervilhas (de alecrim) da Joana 3Ingred. p/4 pessoas 80g de Véu de Porco 4 Fatias de Bacon 5g de Alho seco (1 dente de Alho) 30g de Maltodextrina 1 C. de Sopa de Salsa muito picada 2 Gotas de Óleo Essencial de Alecrim AROMAS DO VALADO 90g de Azeite Virgem Beira Baixa DOP Q.b. Flor de Sal Q.b. Pimenta Preta de Moinho Preparação: Temperar o véu de porco e o bacon com alho e pimenta preta. Reservar no frio durante 2 horas. Misturar a Maltodextrina com a salsa picada, o sal e pimenta. Adicionar o azeite e o óleo essencial de alecrim. Mexer até se obter uma pasta moldável. Formar pequenos globos similares a ervilhas. Levar o bacon e o véu bem esticados numa folha de papel

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Chef Mário Rui Ramos _ Chef Executivo

siliconizado ao forno até dourar e ficar crocante. Corrigir os temperos, em caso de necessidade. Empratar todos os elementos. K Receita criada no âmbito da investigação da utilização de óleos essenciais na cozinha, do livro “Geoaromas, A Inovação na Gastronomia – Receitas”, IPCB, Edição RVJ Editores; Apoio: Alunos das aulas práticas de cozinha (IPCB/ ESGIN); Sérgio Rodrigues e alunos de fotografia (IPCB/ESART); Helena Vinagre (Aromas do Valado).

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BOCAS DO GALINHEIRO

Mais um olhar sobre o cinema iraniano 7 Já homenageámos aqui o cinema iraniano através de um dos seus realizadores maiores, Abbas Kiarostami. Tivemos na altura oportunidade de lembrar os seus filmes exibidos em Castelo Branco, ainda no desaparecido Cinema S. Tiago de tão boas memórias cinematográficas, principalmente nas célebres, mas pouco frequentadas, sessões das 19 horas. Uma clientela pouco numerosa, mas fiel, tal como hoje no Cine Teatro, diga-se. Desta feita a nossa atenção recai em Asghar Farhadi, a propósito, e não só, do seu último filme, “Todos Sabem” (2018), exibido este mês no Avenida. Rodado em Espanha e falado em espanhol, uma língua que o realizador não domina, havia alguma expectativa sobre o resultado final desta obra. Posso adiantar que não deslumbra. Com um elenco de luxo, nada mais nada menos que o casal Penélope Cruz e Javier Bardem, talvez os dois actores espanhóis com mais crédito fora de portas (basta lembrar que ambos já arrebataram o Óscar, ela o de melhor actriz secundária em “Vicky Cristina Barcelona” (2008), de Woody Allen, mas podíamos também lembrar a sua participação em “Vanilla Sky” (2001), de Cameron Crowe, ao lado de Tom Cruise, remake de “De Olhos Abertos” (1997), de Alejandro Amenábar, onde também entrou, e Bardem também melhor actor secundário pela sua interpretação em “Esta País Não é Para Velhos” (2007), dos irmãos Coen, ele que já havia sido nomeado em 2001 para melhor actor em “Antes que Anoiteça”, de Julian Schnabel, no qual interpreta o escritor e poeta cubano Reynaldo Arenas, nomeação que viria a receber em 2010 por “Biutiful”, de Alejandro G. Iñarritu, para só recordar estes), Farhadi pega numa pequena povoação algures no interior de Espanha, onde Laura, Penélope Cruz, que vive na Argentina regressa para o casamento da irmã, vê a sua filha ser raptada durante a boda, e é em Paco, Javier Bardem, seu antigo namorado, que vai procurar, e encontra, apoio para enfrentar o acontecido. Com o marido na Argentina, é Paco que toma as rédeas para resgatar a jovem. Pelo meio o tal segredo que todos sabem e que vai influenciar e de que maneira o desfecho que, também sabemos qual vai ser. Uma realização que não deslumbra, mas que não está alicerçada num argumento muito convincente. Não por ser filmado no estrangeiro, não por causa da língua, mas porque não nos consegue surpreender. A carga dramática que conseguiu transmitir noutros filmes, não aconteceu aqui.

IMDB H Ao contrário, por exemplo, de Abbas Kiarostami, que com a intensificação das restrições à criação artística impostas na era Ahmadinejad, faz os seus últimos filmes em Itália, “Cópia Certificada”, em 2010 e em 2012, no Japão, “Like Someone In Love” (ou lembrar Jafar Panahi que, proibido de filmar, conta o filme em “Isto Não é Um Filme” ou deambula com a filha em “Taxi”, mostrando o quotidiano de Teerão), Fahradi goza de uma maior liberdade de expressão e de movimentos, daí que já tenha uma anterior experiência no estrangeiro com “O Passado”(2013), rodado em França e em francês, mas aqui com a particularidade de envolver iranianos que vivem em França. De qualquer forma, apesar de ser um excelente filme, que também ele anda à volta de um divórcio, mas também de um regresso, o de Ahamad a Paris, depois de alguns anos em Teerão, para assinar os papéis do divórcio, uma vez que a sua mulher tem um novo relacionamento. Claro que nem tudo é simples, antes pelo contrário, há filhos, de vários casamentos, há dúvidas, há suspeições, na complexidade das relações que se estabelecem. Foi com “Uma Separação” (2011), Óscar

de melhor filme estrangeiro, que Asghar Fahradi impôs um reconhecimento para uma obra consistente (no seu país passou a herói nacional), e em que as relações conjugais são o cerne do filme, aqui colocadas pela mulher que pretende sair do Irão, ao contrário do marido que, com o pai doente, pretende ficar, mas que se vê envolvido noutra disputa com uma mulher que toma conta do pai e que o acusa de a ter empurrado e provocado um aborto. Ao pretender uma compensação económica, sobressaem as desigualdades que existem no Irão: uma classe média que apesar das novas regras que lhe foram sendo impostas pelo Estado dos ayatollahs, ainda mantém um nível de vida a que as classes baixas não conseguem chegar. Mas há ali também um olhar sobre uma justiça que vai empurrando tardando a decidir. Para favorecer o homem, desgastar a mulher? Quem sabe. Porém, consumada a separação, Fahradi mais uma vez não toma partido. Com qual dos pais a filha vai ficar? Cada qual que decida. Aliás esta indefinição, este deixar em suspenso o desfecho da trama, é uma marca que vai deixando nos seus filmes. Não estranha pois que em “O Vendedor” (2016),

volte ao tema do relacionamento conjugal, desta feita por interposto intruso que surpreende a mulher enquanto toma banho e das dúvidas que se instalam no marido e do receio dela em ficar sozinha em casa. Simultaneamente decorrem os ensaios da peça de Arthur Miller “Morte de um Caixeiro Viajante”, em que ambos participam, criando o realizador/argumentista um paralelismo entre os personagens da peça e os papéis na vida real, incluindo o intruso que o homem quer descobrir. E, é nesta sua busca que provoca a deterioração da sua relação com a mulher, que se agrava, por força dos preconceitos que afinal mantém. Como nos seus outros filmes, o tema da discórdia é recorrente, o homem é aqui posto à prova, numa sociedade em que o peso da religião e da tradição não só não despareceu como cresceu. Mais um Óscar para Asghar Farhadi e para uma cinematografia que, apesar das limitações culturais impostas, consegue suplantá-las com maiores ou menores artifícios. Até à próxima e bons filmes! K Luís Dinis da Rosa _ Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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Rita Ruivo

Psicóloga Clínica (Novas Terapias)

Ordem dos Psicólogos (Céd. Prof. Nº 11479)

Av. Maria da Conceição, 49 r/c B 2775-605 Carcavelos Telf.: 966 576 123 | E-Mail: psicologia@rvj.pt

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Externato Frei Luís de Sousa

Uma escola Unesco inovadora 6 O Externato Frei Luís de Sousa é membro da Rede de Escolas UNESCO desde o ano de 2016. Escola portuguesa, situada no concelho de Almada, no distrito de Setúbal, soube adaptar-se às diferentes reformas de ensino, sempre com a preocupação de inovação e de mudança ao serviço da formação integral da pessoa. O Externato tem vindo a construir o seu projeto educativo em torno dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, semeando uma cultura de paz, respeitando a diversidade cultural da comunidade escolar e local. Para operacionalizar os valores UNESCO a escola tem recorrido a diversas atividades, tais como: Rede de Escolas Magalhânicas; Visitas de Estudo ao Património UNESCO, Ocupações de Tempos Livres através da temática de Fernão Magalhães; Seminários, entre eles o das migrações; Cafés Concerto sob o tema da cidadania global; Iniciativas de voluntariado em torno do eixo da solidariedade, ajudando os mais pobres e necessitados, através do exemplo do voluntariado Padre Amadeu Pinto; construção do Laço Azul; Projeto Profissões, de modo a promover a integração ativa dos

alunos no mercado de trabalho; Dias da Cultura, espaço para as diversas abordagens aos ODSs, entre muitas outras iniciativas. Gostaríamos, porém, de destacar dois projetos com grande impacto na comunidade escolar e local: diverCIDADES e COSMUS. A exposição diverCIDADES, exibida no Museu da Cidade de Almada e atualmente com presença física na escola, teve como ponto de partida um trabalho desenvolvido durante um ano letivo, em prol de uma “Educação de Qualidade” e “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, respetivamente 4º e 11º ODS das Nações Unidas.

O trabalho realizado, alinhado com os referenciais educativos nacionais, envolveu a comunidade escolar e o Departamento de Museus do município, procurando sensibilizar os alunos para o conhecimento do seu território, identificando problemas e procurando soluções. Adotou-se uma metodologia de trabalho interdisciplinar, com base em aprendizagens ativas, colaborativas e flexíveis, para a construção de uma narrativa museográfica que pudesse caracterizar o território e a sua diversidade, permitindo aos alunos conhecerem diversos domínios como o social, o demo-

gráfico, o cultural e o histórico, propondo ideias para a melhoria do espaço em que a comunidade escolar se insere. Procurou-se, assim, consciencializar para o valor do património cultural como fator de coesão e pertença, dando importância à diversidade de vozes, territórios e recursos, reconhecendo o valor das diferenças culturais e do diálogo entre culturas. O projeto europeu COSMUS (Community School Museums), um consórcio de oito países, com dez parceiros formais, conta com o apoio da Comissão Nacional da UNESCO, do ICOM Europa, cinco universidades, várias autarquias e diversas ONGs, procura valorizar o património cultural europeu como elemento central da diversidade e do diálogo intercultural. O projeto tem como visão estabelecer interações estratégicas e virtuosas, promotoras de diálogo intercultural, nos contextos escolar e comunitário, com sentido de inclusão e participação. A missão do COSMUS é estabelecer redes de aprendizagem, estimular a partilha de experiências, o desenvolvimento de competências, numa perspetiva de construção de conhecimento por via da colaboração e inovação. O

projeto desenvolve-se com recurso a metodologias participativas, inovadoras, interdisciplinares de desenvolvimento sustentável, trabalho em equipa numa linha de investigação-ação. As seis escolas COSMUS envolvem alunos, professores e famílias de forma inclusiva, em articulação com a comunidade local, nacional e internacional. Os desafios subjacentes a cada uma das instituições educativas passam pela contribuição para a construção física de um Museu Comunitário de Escola na Europa, que promova a inclusão e interculturalidade através do multissensorial, partindo da sua realidade escolar. Outro dos desafios consiste na produção de um museu virtual, com o contributo de todas as escolas. O Externato Frei Luís de Sousa é hoje uma escola que se caracteriza por possuir um espírito aberto, respirando os valores de Jacques Delors: aprendendo a ser, a conhecer, a fazer e a viver juntos. K diverCIDADES – http://www.tvalmada.pt/689/4/ exposicao-divercidades-no-museu-da-cidade/ COSMUS – http://www.tvalmada.pt/educacao/980/4/ apresentacao-projeto-cosmus-erasmus/

Miguel Feio _ (Professor)

As ESCOLHAs DE VALTER LEMOS Peugeot 208 – Garra de leão 3 A Peugeot é uma marca de automóveis francesa com pergaminhos no mercado, que lhe advêm da sua antiguidade e dos inúmeros sucessos comerciais e desportivos que recheiam a sua história. Atualmente a marca é detida pela empresa PSA, que detém igualmente a Citroen e que tem em Portugal (Mangualde) uma fábrica onde se têm produzido, desde 1964, diversos modelos, tendo o primeiro dos quais sido o célebre 2 CV. Atualmente a fábrica de Mangualde produz os modelos Citroen Berlingo e Peugeout Partner, sendo a segunda maior fábrica automóvel em Portugal e o décimo maior exportador nacional. Em 1983 a Peugeot lançou o 205, modelo na gama dos utilitários, que teve um sucesso estrondoso quer no campo comercial

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(foi produzido até 1998), quer no campo desportivo (foi campeão mundial de ralis, entre outros títulos) e afirmou-se como uma das principais marcas europeias e mundiais, nesta gama de veículos. Ao 205 sucederam-se o 206 (também um grande êxito comer-

cial), o 207 e mais recentemente o 208, que agora se apresentou em nova versão. Mais moderno, mais musculado, mas também mais sedutor. Mais largo e um pouco mais baixo, apresenta uma frente agressiva com as luzes led dos faróis e farolins a assemelhar-se a duas garras como alu-

são ao leão que é a imagem da marca. O interior é moderno e marcado pelo conceito i-cockpit da Peugeot que assenta na digitalização de toda a informação com um painel 3D e um ecrã de 7 ou 10 polegadas, consoante a versão. O i-cockpit obriga à existência de

um volante pequeno, para que o condutor possa ver o painel por cima daquele e não através do aro como acontece nos restantes automóveis. No respeitante à habitabilidade o 208 está na média e a mala apresenta 265 litros, o que não sendo muito, é razoável para o segmento. O 208 apresenta versões a gasolina (1.2 Puretech) de 75 a 130 cv, versão diesel (1.5 BlueHDI) com 100cv e, pela primeira vez, uma versão elétrica com 136 cv e autonomia até 340 Km. O consumo das versões a gasolina é de 5,5 a 6 litros e o diesel anda nos 4 litros por 100 km. Os preços iniciam-se nos 16.700 euros da versão base (Like) a gasolina e vão até aos 26.500 da versão diesel mais equipada (GT Line). A versão elétrica (e-208) vai dos 32.150 aos 37.650 euros, consoante o nível de equipamento. K


Cooperação

Burgos e Leiria preparam mestrado 6 O reitor da Universidade de Burgos, Manuel Pérez Mateos, visitou, no passado dia 22 de janeiro, o Instituto Politécnico de Leiria. O encontro com o presidente do IPLeiria, Rui Pedrosa, e com a equipa da presidência da instituição portuguesa permitiu estreitar laços de cooperação entre as duas instituições. Uma das questões abordadas neste encontro foi

a possibilidade das duas instituições realizarem um mestrado conjunto. Pérez Mateos fez-se acompanhar das vicereitoras de Políticas Académicas, e da Internacionalização, Mobilidade e Cooperação. Durante os trabalhos decorreram visitas às escolas superiores de Educação e Ciências Sociais; de Saúde; e de Tecnologia e Gestão. K

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Matemática e o Meio Ambiente

Concurso em Leiria 6 O Politécnico de Leiria acaba de lançar a 12.ª edição do Prémio Pedro Matos, subordinado ao tema ‘Matemática e o Meio Ambiente’, dirigido aos alunos das escolas do 3.º ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário. Este é um prémio na área da matemática, que visa fomentar a criatividade e o interesse pela matemática e suas aplicações, bem como descobrir novos jovens talentos. Esta edição desafia os estudantes e professores a refletirem sobre a tomada de decisões que contribuam para a preservação do meio ambiente, considerando que a matemática contribui significativamente nesse processo e encontra-se aplicada, por exemplo, nas áreas da biodiversidade e dos recursos ambientais, da meteorologia e dos sistemas de informação geográfica, do aquecimento global e dos ecossistemas naturais, do consumo energético e das energias renováveis.

O Prémio está dividido em duas categorias, o Prémio Pedro Matos, destinado a estudantes do Ensino Secundário, e o Prémio Pedro Matos Júnior, destinado a alunos do 3.º ciclo do Ensino Básico. Em cada grupo, os alunos podem candidatar-se individualmente ou em grupo (máximo de três elementos), e podem incluir um professor do Ensino Secundário ou Básico, com a função de orientador. Serão premiados os três melhores trabalhos em cada categoria. Os interessados deverão realizar a sua inscrição até ao dia 8 de maio (www.premiopedromatos. ipleiria.pt), e a entrega de trabalhos pode ser feita até dia 5 de junho. Os projetos recebidos serão exibidos no evento ‘Mat-Oeste: Matemática na Região Oeste’, que decorre no dia 17 de julho na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) de Leiria, na qual decorre a entrega dos prémios. K

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