junho 2018 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XXI K No244 Assinatura anual: 15 euros
UNIVERSIA 2018
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LUÍS COSTA RIBAS, JORNALISTA
Uma vida na América
ARTHUR CHIORO, MINISTRO DA SAÚDE DO GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF
O Brasil e o receio da ditadura C
C
P 20 E 21
P2E3
UNIVERSIDADE
UBI entre as melhores do mundo C
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CASTELO BRANCO
Globo de Ouro para a Esart POLITÉCNICO
Guarda com curso de automóvel C
P 13
ALUNOS E PROFESSORES RENDIDOS ÀS BICICLETAS
As bikes do Superior C
P 30
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P 4 E 31
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LUÍS COSTA RIBAS, CORRESPONDENTE DA SIC NOS ESTADOS UNIDOS
Uma vida na América 6 Luís Costa Ribas, jornalista, é um dos portugueses mais reconhecidos do outro lado do Atlântico e resume agora as quatro décadas que leva de carreira a relatar a realidade americana e mundial.
Parte para os Estados Unidos em 1984 para trabalhar na «Voz da América». Tinha alguma ligação com aquele país ou foi à descoberta? Não tinha qualquer ligação aos EUA, a não ser
o grande fascínio do meu pai pelos western, pela pena de morte e outras questões fraturantes da sociedade americana que ele considerava serem, no mínimo, vergonhosas. Na altura, o contexto
em Portugal era difícil. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estava por cá e o cinto apertava. Os órgãos de comunicação social também sentiam grandes dificuldades, debatendo-se com falta
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de fundos para executar trabalhos de grande alcance. Por isso, saía-se pouco da redação e ainda menos para fora do país em reportagem. Cansei-me deste marasmo e um dia perguntei na «Voz da América», onde já era correspondente, se tinham uma vaga e acabei por ir à aventura. Quando chega, está Reagan no poder. Que América encontra? Tinha acabado de fazer 25 anos e deparo-me com um país completamente novo o qual apenas conhecia de filmes. Lembro-me na primeira vez que fui a Nova Iorque passei a noite toda na rua a olhar para os arranha-céus, a identificar os que já conhecia dos filmes e confesso que também fiquei fascinado com os restaurantes abertos toda a noite, que me permitiriam ir comer um bife às 4 da manhã. Gostei da grandeza, da abertura, do espírito empreendedor e da liberdade que se respirava em todo o lado. Torna-se mais conhecido do grande público português quando, a convite de Emídio Rangel, aceita ser correspondente em Washington da TSF e da SIC e cobrir o quotidiano da capital política do mundo. Como foi aceder à Casa Branca e aos meandros da política norte-americana? Obter a credenciação é o mais fácil, mais difícil é mesmo chegar às fontes. Foi um trabalho ao longo de meses e anos, cultivar contactos com pessoas que têm interesse em falar com Portugal e porquê. Em vez de ficar sentado à espera que caia tudo no colo, movimentei-me e fui à procura de oportunidades. Trabalhei para ter sorte. Os americanos não têm interesse nenhum em falar comigo a não ser que alguém queira mandar uma mensagem dirigida ao governo português por causa dos acordos de Bi-
cesse. Da mesma forma que os congressistas que queriam falar comigo pertenciam a distritos eleitorais onde existiam muitos portugueses. Porquê? Porque os portugueses viam a SIC. O essencial é saber gerir esses recados e transformá-los em notícia, para não sermos meras correias de transmissão. Conta no livro que a elite política angolana parava para ouvir as emissões da Voz da América, numa altura em que o processo político naquele país estava aceso… Sim, até o próprio presidente de Angola mandou instalar um rádio no gabinete porque os sumários que lhe faziam omitiam as notícias mais desagradáveis. Ele julgava estar bem informado e afinal não estava, por culpa dos assessores… Quando chegou aos EUA, já existia a CNN, o canal a que chama «o tradutor da realidade americana» para o exterior. É assim tão difícil decifrar o que lá se passa? É difícil, se não se conhecer. Hoje em dia, as pessoas lidam diariamente com a política e a cultura americana, mas não conhecem os seus fundamentos e o seu contexto. Por exemplo, não percebem o sistema eleitoral americano e dizem logo que «os americanos são uns estúpidos». Pode-se discordar, mas achar que é ridículo já é manifesta falta de conhecimento. Ainda há pouco tempo insistiam comigo que o Trump ia ser alvo de impeachment porque circulava nas redes sociais uma petição com 600 mil assinaturas. Nem com seis milhões de assinaturas vai haver impugnação. Na Europa as pessoas acreditam que manifestações fazem cair governos, mas nos Estados Unidos manifestações não fazem cair governos e as redes sociais não fazem cair o presidente. É isto que é preciso explicar bem. ;
A aclamada série «House of Cards» tem contribuído para descodificar os meandros da política americana? Mais de metade do «House of Cards» é mito urbano. A facada nas costas, a troca de favores, a venda de votos e situações do género existem na realidade. Agora quedas de governo e o marido que coloca a mulher a vice-presidente são coisas que não têm margem para acontecer. «House of Cards» está longe de ser um guia completo e infalível da política americana.
uma cabana. Se o jornalista é mal pago e miseravelmente pobre fica vulnerável a tentativas de corrupção. Sei que não se formou em jornalismo. Porquê? Não, aprendi a profissão na redação, com os colegas mais velhos. Posteriormente, acabei por não tirar esse curso, porque já estava a ganhar a experiência e a aprofundar a prática jornalística no terreno. É frequente termos muitos licenciados em comunicação social que entram numa redação a pensarem que são jornalistas. Receberam formação importante, mas é apenas uma licença para entrar na profissão. Tudo o resto terá de se aprender no dia a dia.
No auge da crise política de Timor-Leste consegue fazer uma pergunta ao presidente Bill Clinton, que chegou a embaraçar o protocolo da Casa Branca… O presidente Clinton gostava de desafios intelectuais e entendeu a pergunta como um desafio. Na sua pressa, a assessora quando desligou as luzes da Sala Oval e convidou os jornalistas a saírem da sala até impediu o presidente de terminar a sua explicação sobre o tema. Creio que os assessores impediram o presidente de brilhar, porque temeram que ele estivesse a entrar numa zona perigosa, o que não era o caso.
Nos últimos tempos, costumamos vê-lo a comentar a atualidade americana a partir de Boston. É a partir de lá que está sediado? Sim, o fundo que lá aparece é o meu escritório e a transmissão é feita por um mecanismo tecnológico, parecido com o Skype, mas com muito melhor qualidade. Chama «labrego» ao presidente Trump e qualifica a sua eleição de «trágica e sísmica». Esta eleição representou a emergência de uma América que estava adormecida? É um fenómeno surgido de pessoas que normalmente não votam e que foram atraídas por Trump para a participação política e que entendiam que o sistema não estava a responder às suas necessidades.
Como viveu os ataques do 11 de Setembro? Foi uma história marcante. Vivi-a como repórter e como cidadão, porque tenho dupla nacionalidade. Senti que o meu país tinha sido atacado. E no livro até conto como fui alvo de cortesias desnecessárias por parte dos seguranças dos aeroportos pelo facto de à época ter uma barba que me fazia assemelhar a um árabe. Dos 38 anos de aventuras jornalísticas, há alguma que guarde com especial apreço? Sem dúvida a entrevista e o jantar com Salman Rushdie, em 1999, um escritor que na altura estava a ser perseguido por uma horda de fanáticos e imbecis e que durante aqueles dois dias libertou-se da sua «masmorra». Ele dizia que o que o preocupava mais não era ser morto por um agente do governo iraniano, mas ser executado por um tresloucado qualquer que achava que estava a responder a um apelo divino. Infelizmente, este tipo de intolerâncias está hoje bem presente nas nossas sociedades através das redes sociais, em que há uma permanente tentação para arranjar o ultraje do dia que servirá de saco de pancada. Acho que esta globalização do fanatismo, por via das redes sociais, devia suscitar um amplo debate sobre a forma como as pessoas se expressam e a utilidade do discurso público. Os mass media acabam por amplificar o que é veiculado pelas redes sociais. Como é que um jornalista consegue separar o trigo do joio? As redes sociais não são um local onde se assiste a jornalismo de forma acabada. São apenas mais uma fonte de informação e que deve ser verificada e tornada a ser verificada. As redes sociais são pródigas em armadilhas e
versões da verdade que servem apenas para manipular. Um jornalista que se limite a replicar o que surge numa rede social, sem procurar filtrar, é um vendedor de rumores. Isto é um desafio gigantesco para os aspirantes a jornalistas. Como jornalista
experiente que conselhos dá aos profissionais do amanhã? O primeiro conselho é pensarem muito se querem seguir a carreira de jornalistas. Hoje em dia há jornalistas que, sem desprimor, ganham igual ou menos ainda do que uma mulher a dias. Só a paixão não chega. Isto não é amor e
CARA DA NOTÍCIA O HOMEM DA SIC EM WASHINGTON 6 Luís Costa Ribas entrou jovem para o jornalismo com trabalhos para «O Tempo», «A Tarde» e a «Rádio Renascença. Em 1984, parte para os Estados Unidos, como correspondente da «Voz da América». Mais tarde colaborou, a partir de Washington, com a Lusa, a TSF, Público, Visão, Independente e Renascença, mas é na SIC que o seu trabalho se torna verdadeiramente conhecido do grande público. Atualmente, reside em Boston, mas continua a manter a colaboração regular com a SIC. Em termos académicos, é licenciado em Governo, Política e Relações Internacionais pela Universidade de Maryland e mestre em consultoria política pela Universidade Camilo José Cela. «Uma vida em direto – 38 anos de aventuras da Casa Branca a Timor-Leste» é a sua primeira experiência literária, editada pela Oficina do Livro. K
E Trump está a construir um novo sistema? Não, porque o presidente norte-americano só sabe destruir, ainda não construiu nada. O que o verdadeiramente motiva é destruir tudo o que Barack Obama fez. Ele julga-se o primeiro presidente competente da história americana. Revela uma tremenda falta de humildade e ele não é assim tão inteligente quanto julga. Basta ler uma biografia sobre Trump para constatar que ele toda a vida sobreviveu a vigarizar os outros, para além de ser um mentiroso nato. Tem é a vantagem de ser um vigarista esperto, ele sabe “ler” as pessoas, aperceber-se das suas vulnerabilidades e explorá-las, tirando partido delas. Os russos são a principal ameaça a Trump ou são, afinal, um aliado? A Rússia será sempre um adversário natural dos Estados Unidos e é assim que deve ser tratado. A Trump só lhe interessa o seu dinheiro e o seu ego. E para este último aspeto é importante que os outros líderes, sobretudo os mais autoritários, gostem dele. É curioso que Trump nunca critica Vladimir Putin, Viktor Orbán, o presidente das Filipinas, o Rei da Arábia Saudita, etc. Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
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MALCATA COM FUTURO
PROJETO PILOTO
As bikes da Universidade de Évora 6 A Universidade de Évora arrancou, no passado dia 14 de junho, o projeto-piloto UBIKE na Universidade de Évora, que irá disponibilizar 500 bicicletas – 300 convencionais e 200 elétricas – para alunos, professores e funcionários da UÉ. No período experimental a comunidade académica terá à disposição 25 bicicletas, sendo que a totalidade dos velocípedes ficará disponível no próximo ano letivo. O claustro do Colégio do Espírito Santo da UÉ foi palco da cerimónia do lançamento da U-Bike-UÉvora contando com a presença de Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora; Ana Rita Siva, presidente da Associação Académica da UÉ; Eduardo Feio, presidente do Instituto de Mobilidade e Transportes; José Mendes, Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, Carlos Pinto Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora, e de João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente. Das instituições de ensino superior que aderiram a este projeto, a UÉ é a que mais
bicicletas terá à sua disposição, “uma aposta clara na mobilidade suave e uma mais-valia para a cidade” que ostenta o título de Património Mundial salientou a reitora da UÉ, considerando ainda que, “o ambiente e a vivência da cidade” ficam a ganhar com este tipo de iniciativas, estando a UÉ preocupada com as questões da “sustentabilidade e mobilidade”. Andar de bicicleta pode ser abordado de vária perspetivas, desde o desporto e saúde, à sustentabilidade e mobilidade suave. Nesse sentido, Luís Leal, antigo aluno da UÉ, autor de Pedalar(e)Ar, Armando Raimundo, professor e investigador na área do Desporto e Saúde da UÉ, Manuel Collares Pereira, titular da Cátedra Energias Renováveis e Fernando Moital, utilizador de bicicleta, participaram numa mesa redonda moderada pelo jornalista Luís Matias. Em declarações aos jornalistas, João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, anunciou na UÉ que o governo pretende “construir mil quilómetros de ciclovias” no
país, “em 10 anos, investindo 300 milhões de euros financiados através de fundos comunitários”. O ministro declarou ser “difícil de perceber” que, num país como Portugal, com “tradição de produção” e “uso de bicicletas”, que apenas “1% das deslocações” seja feito com recurso a este meio de transporte, quando “a média europeia está entre os 7 e os 10%” salientou o ministro. Este plano governamental passa também rela região Alentejo, onde, a partir do centro das cidades, prevê a construção de infraestruturas cicláveis radiais, bem como na envolvente dos centros urbanos, com o objetivo de melhor servir “quem entra e sai da cidade” conclui. A tarde terminou com um passeio pela cidade de Évora conduzido pelo Núcleo de Estudantes de História e Arqueologia desta universidade, num percurso que passou por alguns dos locais emblemáticos, nomeadamente pela Praça do Giraldo e Templo Romano. K UELine _
TA Universidade da Beira Interior acaba de se tornar parceira da Associação Malcata com Futuro (AMCF), entidade que tem como objetivo o fomento e a promoção do desenvolvimento social, cultural, ambiental e económico da localidade de Malcata, no concelho do Sabugal. O protocolo foi assinado a 28 de maio, por José Páscoa, ViceReitor para a Área Investigação e Projetos, e por José Escada da Costa, presidente AMF. O acordo estabelece que as duas entidades vão colaborar na realização de estudos, projetos de investigação e de prestação de serviços, promover a organização conjunta de seminários, conferências, colóquios e aulas abertas sobre temas de interesse para ambas as Instituições, bem como a disponibilização de especialistas para a realização destes ou de outro tipo de atividades; está previsto ainda o intercâmbio de informações provenientes de levantamentos e investigações que possam resultar num aproveitamento de sinergias. K
COLÉGIO EUROPEU NA UTAD TO Primeiro Training Centre do Colégio Europeu de Microbiologia Veterinária e Diploma Europeu em Microbiologia Veterinária vai ser instalado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), após autorização do Ínterim Executive Committee do Colégio Europeu de Microbiologia Veterinária. Portugal e a UTAD surgem agora incluídos na lista dos 11 países com possibilidade de obtenção do título de “Especialista em Microbiologia Veterinária”. K
PRÉMIO DE EXCELÊNCIA NO ALGARVE
Aluna internacional vence 6 Camila Quadros Vieira da Costa, aluna do curso de licenciatura em Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, acaba de ser galardoada com menção “Aluno de Excelência da FCT”. O prémio consiste no pagamento do valor da propina e distingue os alunos que se destacaram, não só a nível académico, mas que também se empenharam em ações de carácter social. Além do mérito académico, facilmente quantificável pelos resultados obtidos (média superior a 16 valores), Camila sempre participou ativamente quer no meio escolar, como representante de turma ou em projetos anuais (várias exposições académicas e amostras culturais), quer em prol da comunidade, fazendo voluntariado no Instituto de Câncer Infantil, no Brasil.
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BORRAS DE CAFÉ RECICLADAS
Camila Quadros Vieira da Costa é natural de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Ciente de que “às vezes é preciso vencer os nossos próprios gigantes internos e manter a serenidade e a cabeça no lugar para
alcançar os principais objetivos”, Camila deixa uma mensagem: “como diz Thimer, o pensador, “independentemente do desafio, aja no limite do esforço e seja competente. O resto é resultado”. K
TOs Serviços de Ação Social da Universidade do Minho estão a reutilizar as borras de café dos bares em processos de compostagem e de produção de cogumelos. A ação reforça a aposta institucional na sustentabilidade e na economia circular, dando nova vida ao que era deitado fora. O projeto-piloto decorre no bar de Engenharia I do campus de Azurém, em Guimarães, que serve centenas de cafés por dia, equivalendo a uma tonelada de borras por ano. A iniciativa conta com a parceria da Quinta do Verdelho, uma empresa vimaranense ligada à agricultura biológica e que é liderada por Nuno Oliveira, ex-aluno de Arquitetura da Uminho.K
facebook oficial H
PROTOCOLO ASSINADO
UBI vai estudar o Rock in Rio 6 A Universidade da Beira Interior e a Rock in Rio Academy assinaram, em maio, um protocolo que vai instituir programas de cooperação específicos, abrangendo alunos e docentes das áreas científicas de Ciências da Cultura e de Estudos de Cultura, pelo que os estudantes vão poder contactar com um evento cuja realização se enquadra na formação teórica que é conferida na UBI, adquirindo conhecimentos no terreno. O acordo de cooperação entre a UBI e o Rock in Rio Academy, sob o signo do “living case study”, permite, em contexto do próprio festival, a formação dos alunos, tomando o festival como objeto de estudo nas suas várias dimensões: do ponto de vista da economia da cultura, o empreendedorismo, das expressões artísticas ou das políticas culturais.
“As várias dimensões são tratadas ao vivo e, por isso, o contexto da formação é o próprio festival e é esse o interesse. Para nós, vemos ali uma oportunidade de tornar tangível temas que trabalhamos num contexto mais teórico e que ali têm uma expressão programática concreta que nos interessava muito explorar”, explica o diretor do mestrado em Estudos de Cultura, Urbano Sidoncha. Está ainda prevista a redação de um artigo científico a elaborar no âmbito das atividades do Mestrado e onde esteja, especificamente, incluído o estudo de caso Rock in Rio Academy. Outras possibilidades de colaboração serão ainda equacionadas no contexto de visitas recíprocas a realizar pelos responsáveis das entidades signatárias. K Rafael Mangana _
RUMO AOS OITO MIL ALUNOS
Mais 60 vagas na Covilhã 6 A Universidade da Beira Interior vai ter mais 60 vagas no próximo concurso de acesso ao Ensino Superior, em resultado da decisão do Governo de reduzir em cinco por cento o número de vagas para as instituições de Ensino Superior das duas maiores cidades portuguesas, Lisboa e Porto. “É uma boa notícia para a UBI, vem reforçar a Universidade”, sublinha o reitor da UBI. António Fidalgo lembra que “nos últimos anos a UBI já tem vindo a preencher quase na totalidade as vagas colocadas a concurso logo na primeira fase. É claro que há sempre desistências mas no final de todas as fases o número de vagas é sempre preenchido. Neste momento a Universidade da Beira Interior tem vindo a sentir uma boa procura e isso
é algo que nos apraz muito e se a pudermos aumentar um pouco mais, isso será bom”. Embora a instituição tenha preenchido, nos últimos anos, a totalidade das vagas disponíveis no concurso nacional de acesso, António Fidalgo defende o reforço da aposta em alunos do 3º ciclo. “Esse reforço é necessário e terá de ser feito com alunos estrangeiros, porque em Portugal muita da bolsa que havia em expectativa já foi satisfeita ao longo das últimas décadas. Agora temos de atrair alunos estrangeiros para aqui fazerem o seu doutoramento e a ideia será passar de um terço para metade de alunos estrangeiros na UBI ao nível do 3º ciclo, caminhando para a meta de chegar aos oito mil alunos em 2021”. K
TIMES HIGHER EDUCATION
UBI entre as melhores universidades do mundo 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) mantém em 2018 o estatuto de uma das melhores instituições de Ensino Superior do mundo fundadas há menos de 50 anos. De acordo com a mais recente edição do ranking desenvolvido pelo Times Higher Education (THE) Young University Rankings, no início de junho, a UBI classifica-se no intervalo situado entre os lugares 101 e 150. A avaliação resulta da análise feita às condições e ao trabalho
desenvolvidos pela UBI nas áreas fundamentais de uma instituição universitária, designadamente a qualidade de ensino, a qualidade de investigação, o número de citações dos artigos científicos elaborados pelos seus investigadores, a internacionalização e a relação com o tecido empresarial. De acordo com José Páscoa, vice-reitor da Área de Investigação e Projetos, os dados deste ranking demonstram “a solidez
científica da UBI entre as 250 jovens universidades com menos de 50 anos, de 55 países diferentes”. E acrescenta: “O facto de termos mantido a posição do ano de 2017 é fruto do esforço extraordinário dos nossos professores e investigadores”, acrescenta, destacando que se trata de uma consequência “do empenho em manter colaborações ao mais alto nível, quer nacional quer internacional, com instituições de referência”. K
PRÉMIO MEMORIAL BISPO CARRERA
Docente da Covilhã premiado internacionalmente 6 O docente da Universidade da Beira Interior, Gabriel Magalhães, acaba de ser galardoado a categoria Diálogo Fé e Cultura do Prémio Memorial Bispo Carrera, na primeira edição do galardão que homenageia o Bispo Joan Carrera, figura ilustre da Catalunha, que se destacou pelo seu compromisso com os pobres e pela promoção da paz, da concórdia e do diálogo. O júri, formado por oito figuras relevantes, decidiu premiar o docente da Faculdade de Artes e Letras pela intervenção na área cultural em Espanha, nomeadamente na imprensa e literatura. “O prémio explica-se, em boa medida, pelos artigos mensais no jornal ‘La Vanguardia’,
o mais importante da Catalunha e uma das referências em Espanha”, explica Gabriel Magalhães. “Também pesaram duas traduções para o catalão de livros meus de tema espiritual: ‘Espelho meu’, que foi traduzido como ‘Mirall de vida’, e um
ensaio que até surgiu publicado primeiro em língua catalã com o título ‘Ser a casa’ (o título português é ‘Uma Casa de Alegria’). Este trabalho, que será publicado em Portugal pelas Paulinas, saiu em Barcelona no passado mês de maio”, conclui. K
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ESCOLA DOUTORAL DA UBI?
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
António Fidalgo desafia
6 “O desafio que aqui fica ao Instituto Coordenador de Investigação (ICI) é, trabalhando com as unidades de investigação e com os terceiros ciclos, criarmos uma escola doutoral vibrante”, sublinhou, António Fidalgo, na tomada de posse de Paulo Serra como novo presidente daquela unidade orgânica, que decorreu em maio. Na cerimónia, António Fidalgo aproveitou para reforçar a importância da investigação para a Universidade. “O que caracteriza verdadeiramente uma universidade é o ensino ser feito no ambiente de investigação. Isso é que é ser universidade, não é repetir programas feitos por outros”, enfatizou. Considerando que “o desafio não podia ter sido colocado em termos mais claros”, o presidente empossado do ICI lembrou que “a Universidade tem várias unidades de investigação, tem vários cursos de doutoramento em funcionamento que funcionam de forma isolada, autónoma. Autonomia geralmente é um bem, mas o desafio agora é tentar coordenar o trabalho, quer das unidades de investigação, quer dos doutoramentos, quer das unidades de investigação e dos doutoramentos, e ver o que é que cada unidade e cada doutoramento faz de me-
lhor e tentar que haja uma partilha com as outras unidades e os outros doutoramentos”, referiu Paulo Serra. A captação de alunos de outras latitudes será uma das estratégias a adotar para atingir os objetivos. “Essa captação tem sido mais fácil e continuará a ser mais fácil nos países de expressão portuguesa, nomeadamente no Brasil, que tem muita população e tem uma fraca oferta em termos de doutoramentos, portanto há uma grande procura à qual Portugal poderá responder e obviamente depois tentar articular com alguns países mais próximos, como é o caso de
Espanha onde poderemos, se não captar alunos, pelo menos juntar forças com programas de doutoramento que existem e que já têm contactos connosco”, defendeu o presidente do ICI. Na cerimónia que teve lugar na Sala do Senado, na Reitoria da UBI, tomou também posse Anabela Dinis, docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH). A docente, que era Pró-Reitora para a Responsabilidade Social, assume agora a Vice-Reitora com os pelouros de Finanças e Pessoal, mantendo também o da Responsabilidade Social. K Rafael Mangana _
Prémios internacionais 6 O estudo epidemiológico intitulado ‘Higher Prevalence of Nasal Polyps among textile workers: an endoscopic based and controlled study’, publicado na revista Rhinology, foi distinguido este ano com o prémio de melhor trabalho de investigação de âmbito clínico pela European Rhinologic Society (ERS). No artigo, Rafaela Veloso-Teles, Rui Cerejeira e Rosa Roque-Farinha, médicos de Otorrinolaringologia e docentes da Universidade da Beira Interior, e Christian von Buchwald, médico Otorrinolaringologista do Hospital Universitário de Copenhaga, alertam para a importância da exposição ocupacional a poeiras no desenvolvimento de patologia
nasossinusal, nomeadamente, como fator de risco para a ocorrência de Polipose Nasal. A deteção precoce e o tratamento atempado desta patologia, permitem minimizar o seu impacto negativo na qualidade de vida dos doentes. A utilização de medidas de proteção adequadas poderá evitar o desenvolvimento ou agravamento da doença. Rafaela Veloso-Teles refere que “este é o primeiro estudo epidemiológico baseado na endoscopia nasal a avaliar o impacto da exposição ocupacional a poeiras têxteis na prevalência da Polipose Nasal” e que “os resultados obtidos abrem uma nova área de investigação na etiopatogenia da Rinossinusite Crónica”. K
FEDERAÇÃO DE DESPORTOS DE INVERNO
Pousada abre à UBI
FORMAÇÃO DA UBI ÁREA DA SAÚDE
Protocolos assinados 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) acaba de assinar três protocolos que visam a formação dos profissionais na área da telesaúde, de forma a obterem ganhos de qualidade na assistência aos utentes. Os acordos, assinados no início de junho, associam a UBI à Universidade Aberta, SITT – Sociedade Ibérica de Telemedicina e Telesaúde/“Hiberiae Societas Telemedicinae et Telesanitas” e empresa Linde. Entre os principais propósitos dos convénios inclui-se o desenvolvimento da Pós-Graduação em
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Tele-Saúde (curso da Faculdade de Ciências da Saúde), no regime de ensino à distância, através da parceria com a Universidade Aberta; e o lançamento da segunda edição do livro ‘E-Saúde’, com o apoio da Linde. A Linde vai também garantir os recursos humanos e técnicos para a formação de Ventilação não Invasiva, destinada a alunos do 5.º ano do Mestrado Integrado em Medicina. A UBI avança assim para a preparação de profissionais em todo o mundo lusófono. “A ideia é expandirmos a nossa forma-
ção, neste caso na área da saúde, que tem muitas necessidades em Portugal”, salienta João Canavilhas, vice-reitor para o Ensino, Internacional e Saídas Profissionais, de acordo com o qual a UBI se junta “à Universidade Aberta para oferecer um conjunto de cursos no campo da saúde, para o país e para o mundo. Pretende-se formar recursos humanos na área da telesaúde, uma vez que, como é público, há uma concentração nas grandes cidades, em detrimento de outras”, conclui. K
6 A Universidade da Beira Interior (UBI) e a Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDI – Portugal) assinaram um protocolo que vai conceder vantagens aos estudantes e restantes elementos da comunidade académica (docentes e funcionários), na utilização da Pousada de Juventude da Serra da Estrela, nas Penhas da Saúde. O protocolo “enquadra-se na política desportiva da UBI que passa por disponibilizar conheci-
mento científico, equipamentos e instalações aos clubes da região. Em troca, a comunidade UBIana tem também acesso aos equipamentos desportivos de alguns desses clubes”, salienta o vicereitor João Canavilhas, acrescentando: “Tem igualmente a oportunidade de criar com esses clubes um ambiente de convívio desportivo que potencia a qualidade das equipas regionais e incentiva os jovens desportistas a prosseguirem estudos universitários”. K
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Mecenas homenageados 6 A Universidade de Évora (UÉ) homenageou, a 7 de junho, os Mecenas do Fundo de Apoio Social aos Estudantes numa cerimónia que teve lugar na sala dos atos do Colégio do Espírito Santo da UÉ. No ano letivo que agora termina, o FASE-UE contou com 19 mecenas, o que se traduziu num montante de cerca de 110 mil euros, aplicados
em apoios a 85 alunos, aos quais se juntam três alunos apoiados pela Bolsa Joana Vasconcelos e dois pela Fundação EDP. A par do reconhecimento público dos mecenas envolvidos, decorreu ainda a Entrega de Cartas de Curso aos alunos que terminaram licenciaturas e mestrados no ano letivo 2016/17. K
REDES SOCIAIS
Congresso em Évora 6 O 2º Congresso Internacional de Redes Sociais, sob o tema “Redes Sociais: perspetivas e desafios emergentes nas sociedades contemporâneas”, decorre na Universidade de Évora, nos dias 7 e 8 de maio, constituindo um fórum que congregou especialistas, investigadores e trabalhadores sociais que desenvolvem a sua atividade na área das redes sociais. Organizado pelo CICS.NOVA, Pólo da Universidade de Évora e Departamento de Sociologia da Escola de Ci-
ências Sociais da UÉ, os promotores desta iniciativa que vai na segunda edição, destacam que “as redes sociais ocupam hoje uma centralidade sem precedentes nas sociedades desenvolvidas”. Os investigadores consideram mesmo que as redes sociais “são uma das componentes mais importantes na estrutura das relações sociais entre pessoas e organizações”, através da qual “partilham valores, expetativas, interesses e uma imensidão de fluxos que as colocam num nível de complexidade elevado” K
CARLOS BRAUMANN
Última Lição 6 O professor catedrático da Universidade de Évora, Carlos Braumann, deu a sua última lição no passado dia 23 de maio, altura em que passou à condição de professor catedrático aposentado da Universidade de Évora. Carlos Braumann ingressou na UÉ em 1975 e nela desenvolveu quase toda a sua carreira académica, de onde foi reitor. “A Matemática, o Acaso e a Vida” foi o tema escolhido por Carlos A. Braumann justificado, em parte porque, como confidencia, a sua vida “resultou de uma série de acasos e desafios que surgiram sem esperar”, e naturalmente por-
que a maioria do tempo na UÉ foi dedicado ao estudo das “aplicações da matemática às ciências da vida, e ligações biológicas” encontrando, também aqui, “o acaso”. K
6 A Universidade de Évora (UÉ) assinou, no passado dia 7 de junho, um protocolo com o Instituto Cervantes de Lisboa para a obtenção dos “diplomas de espanhol como língua estrangeira, DELE” na UÉ. De acordo com a universidade, através deste protocolo, “os diplomas de espanhol como língua estrangeira (DELE), são emitidos pelo Ministro de Educação, Cultura e Desporto de Espanha, e os exames conducentes à sua obtenção são concebidos em conformidade com o Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas (QCER), que estabelece uma escala de seis níveis de referência (A1, A2, B1, B2, C1 e C2) tanto para a organização da aprendizagem e ensino das línguas europeias como para os sistemas de avaliação do grau de conhecimento dessas línguas”. A reitora da UÉ recorda que, “antes de sermos europeus ou cidadãos do mundo, somos povos ibéricos, que muito têm em
comum e partilham”, pelo que a assinatura deste protocolo é encarada como mais um passo na colaboração institucional com o Instituto Cervantes, “com benefícios claros para todos”, salienta. Estes exames podem ser agora efetuados tanto pelos alunos como outros candidatos que desejem realizar este exame no Centro instalado na UÉ.
O Instituto Cervantes oferece, além dos exames DELE A1 para escolares e DELE A2/ B1 para escolares, orientados a estudantes de espanhol que, no momento em que se matricularem na prova, tiverem uma idade compreendida entre os 11 e os 18 anos, e adaptados aos âmbitos, contextos e situações de tais candidatos. K
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
A arquitetura da terra
6 A Universidade de Évora (UÉ), através da Escola de Artes, promoveu a aula aberta “Habitar a Terra”, focada nas pontes que se podem estabelecer entre habitação e economia circular, como refere a própria universidade no seu jornal online. Na iniciativa, integrada no Dia Mundial do Ambiente, e perante a reitora da UÉ, Ana Costa Freitas, da Secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, e do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, os promotores desta aula aberta recordaram que “a arquitetura de terra acompanhou a humanidade desde os seus primórdios”, estimando-se que, atualmente, “um terço da população mundial habita ou trabalha em edifícios que integram tecnologias e materiais de terra crua”. Em Portugal, este tipo de arquitetura “sempre teve uma forte implantação, em particular no sul do país”, surgindo nos últimos tempos vários exemplos de projetos e obras de arquitetura contemporânea que recorrem a estes materiais e tecnologias, a par com a investigação e criação de novos produtos. As mais-valias para a sustentabilidade ambiental, do ponto de vista material, energético e redução de resíduos
são claras, e foram expostas por Víctor Mestre, arquiteto e investigador na área da arquitetura vernacular e do património, e por Francisco Seixas, responsável da empresa de projetos e obras de arquitetura “Betão e Taipa”. Para Ana Costa Freitas, o “conhecimento, investigação pertinente e de qualidade e a formação de cidadãos preparados” constituem-se fundamentais para enfrentar os desafios de um “mundo em mudança”, encontrando na UÉ o lugar para “identificar os desafios com que lidamos, estudar os fenómenos, propor soluções e formar cidadãos conscientes e com valores”, rumo a um “mundo mais equilibrado”, sustenta. A reitora da UÉ considerou ainda nesta aula aberta que o interior do país, nomeadamente o Alente-
jo, oferece o “ambiente e massa crítica para desenvolver soluções eficazes”, dando como exemplo a investigação na área da cortiça, surgindo com novos materiais e “renovados usos”. O Ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, lançou o desafio ao setor da construção para optar por técnicas mais eficientes, e recorrer a “técnicas ancestrais”, manifestamente mais eficientes, como é exemplo a arquitetura e construção em terra, por forma a “poupar os recursos naturais”. Este tipo de projetos são “muito bem-vindos” reforça o ministro, onde o Governo poderá “financiar novas técnicas de construção e de as tornar ainda mais eficientes a partir desta forma ancestral de fazer construção”. Na opinião do ministro, devemos apostar na “economia regenerativa de recursos que faça com que os bens tenham o seu valor económico durante mais tempo” em oposição à economia linear, que “extrai, transforma, usa e deita fora”, destacando aqui o setor da construção, “que tem a mais baixa eficiência material”, onde “são precisos mais quilos de matéria para poder produzir um euro de valor”, refere o governante. K
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FORMAÇÃO ESPECIALIZADA EM FOGOS
UTAD e EBN parceiros 6 Criar cursos de curta duração e uma pós-graduação relacionada com ‘Avaliação do Comportamento de Fogos’ é o objetivo do protocolo celebrado entre a Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Escola Nacional de Bombeiros (ENB), o qual visa ainda a troca de experiências e conhecimentos no domínio científico e técnico entre ambas as entidades. A oferta formativa, que será apresentada em breve, inclui cursos independentes (mais curtos no tempo), que poderão resultar numa pós-graduação (60 ECTS), pelo que “qualquer pessoa que sinta necessidade de aprofundar conhecimentos nesta área de conhecimento, poderá candidatar-se. Esta formação poderá, numa fase posterior evoluir para curso de
mestrado, se os candidatos pretenderem avançar e aprofundar esta área de conhecimento, obtendo, assim um grau académico superior”, explica Domingos Lopes, do Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da UTAD.
Também na estrutura desta oferta formativa está a ser ponderado o ensino nos formatos de b-learning e e-learning, que incluem momentos presenciais bem definidos, de forma a permitir o acesso a interessados de todo o território nacional. K
ESTÁ NO TOPO DA PLAY STORE E APP STORE
Aveiro apresenta app social 6 “Desafia e sê desafiado por amigos, marcas e outras pessoas fascinantes!”. É assim que o YouClap se apresenta, uma aplicação em que as pessoas, através de vídeos, fotos e textos, se desafiam umas às outras. Os desafios são deixados ao critério dos utilizadores, mas já há de tudo um pouco na aplicação, do desporto ao gaming, de fotografia a piadas secas e, como não podia deixar de ser, do animal de estimação mais engraçado.
Desenvolvida pela ClapWare, sediada na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, com uma equipa composta por antigos e atuais alunos da UA, o YouClap tem sido trabalhado ao longo dos últimos dois anos, passando por várias fases de prototipagem, culminando esta semana com o lançamento global da app. Direcionado para um público-alvo jovem, o YouClap está também a colaborar com alguns
dos criadores mais relevantes da atualidade, incluindo Wuant, Mafalda Creative, João Sousa, Miguel Alves, cabanaandre, entre outros, que juntos somam mais de cinco milhões de seguidores nas redes sociais e são a ponte direta para os jovens que mais partido tiram da aplicação. Nos poucos dias desde o seu lançamento, a app já se encontra em primeiro lugar nas tendências sociais na Play Store nacional e no top 5 da App Store. K
CRIME E MEMÓRIAS DAS TESTEMUNHAS
Minho cria nova técnica 6 Uma técnica pioneira, denominada ‘Recordação por Categorias’ e concebida na Universidade do Minho, promete ajudar as testemunhas a recordarem com maior precisão o sucedido no local do crime. O método permite aumentar as memórias relatadas pelas vítimas durante o interrogatório, despertando a sua atenção para “pormenores esquecidos”. A sua eficácia já foi testada com sucesso por vários investigadores. Idealizado por Rui Paulo, no
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âmbito da sua tese de doutoramento em Psicologia, este modelo de entrevista passa por solicitar às testemunhas que, após um primeiro relato, descrevam isoladamente as pessoas envolvidas na cena do crime, depois as ações, os locais, os objetos, os diálogos e os sons. Verificou-se que mais de 90% da informação relatada nos estudos de caso analisados estava correta, o que evidencia uma elevada precisão no relato. “Nenhuma estratégia per-
mite alcançar uma representação exata da realidade. A memória não é perfeita, por isso é natural que surjam falhas quando alguém descreve um acontecimento. O nosso método mostrou ser mais eficaz do que alguns já usados na prática forense, pois possibilita a obtenção de mais informação sem que as imprecisões aumentem”, explica o psicólogo forense de 28 anos, agora a dar aulas na Universidade de Bath Spa, no Reino Unido. K
COIMBRA EM ALTA TA Universidade de Coimbra voltou a obter classificação máxima (muito bom) em várias áreas na edição de 2018 do UMultirank, ranking que avalia 1614 instituições de ensino superior de 95 países. Nesta edição, o U-Multirank apresenta dados para 29 instituições portuguesas. A Universidade de Coimbra é a instituição que tem um maior número de classificações máximas nos vários indicadores avaliados, seguida pela Universidade Nova de Lisboa. A instituição de Coimbra atingiu a classificação máxima em 12 dos 35 indicadores, destacando-se o excelente desempenho nas áreas da investigação, da transferência de saberes, da internacionalização e do envolvimento com a região. K
mais diversas áreas do saber, no arco temporal de sete séculos de história da língua portuguesa. K
EUROPEIA EM VISEU TA Universidade Europeia promove a primeira conferência de investigação em Turismo, realizada em Portugal, ‘Research Networking’, que decorre de 3 e 6 de julho, em Viseu, e que vai reunir as mais importantes personalidades da investigação internacional e nacional em Turismo. A conferência tem como objetivo analisar o panorama atual do Turismo mundial e fomentar a investigação nesta área. Durante o encontro, os investigadores serão convidados a apresentarem ideias e questões, para serem desenvolvidas em colaboração com investigadores de outras nacionalidades. K
VITÓRIA DE MILHÕES
ANTROPOLOGIA EM LISBOA
TO Gabinete de Estudos de Marketing para Desporto do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) estima a vitória de Portugal no Mundial em cerca de 700 milhões de euros e afere mais de 300 milhões de euros para a presença de Portugal na fase de grupos. A investigação do IPAM observou o potencial deste impacto em dois cenários: se a equipa liderada por Fernando Santos conseguir a vitória no Mundial o retorno será muito próximo dos 700 milhões de euros, correspondendo a 65 euros por cada português e a 50 dias desde o estágio à comemoração; enquanto se não passar da fase de grupos atingirá um impacto económico acima dos 300 milhões de euros, o que equivale a 32 euros por cada português e a 34 dias desde o início do estágio ao terceiro jogo da fase de grupos. K
TO IADE Universidade Europeia, em colaboração com a European Association of Social Anthropologists, o CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, a APA – Associação Portuguesa de Antropologia e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, promove a 6ª edição da conferência anual “Why the World Needs Anthropologists”, que irá decorrer nos dias 26 e 27 de outubro, no Museu do Oriente. Este simpósio, que explora as diferentes aplicações de antropologia, vai reunir mais de 400 participantes de diferentes disciplinas de todo o mundo e irá explorar o tema “Designing the future”. K
PRÉMIO MARIANO GAGO TO historiador José Eduardo Franco, diretor da CIDH (Universidade Aberta/CLEPUL – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), é o grande vencedor da primeira edição do Prémio José Mariano Gago de Divulgação Científica, instituído pela Sociedade Portuguesa de Autores. O júri distingue assim o projeto de investigação e edição em 30 volumes, em curso no Círculo de Leitores, intitulado Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa, envolvendo temas e autores das
ALGARVE NO RANKING TA Universidade do Algarve aparece pela primeira vez no ranking do Times Higher Education (THE) Young University Rankings 2018, que analisa o desempenho de instituições de ensino superior criadas há 50 anos ou menos. Entre as seis universidades portuguesas que integram este ranking internacional, a UAlg obtém a classificação máxima no indicador que avalia a projeção internacional. Já no UMultirank 2018, a instituição obteve classificação máxima (Muito Bom) em sete indicadores, num total de 35, colocando-se pela primeira vez no Top 10 nacional, na nona posição, num ranking de 29 instituições de ensino superior portuguesas. K
MELHOR ESTILISTA
Docente da Esart ganha Globos de Ouro 6 Alexandra Moura, docente da Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB, venceu o Globo de Ouro para a categoria de Melhor Estilista. Com uma carreira dedicada à moda e com participações no Portugal Fashion e na Moda Lisboa, que já lhe valeram variados galardões, Alexandra Moura foi, em 2015, distinguida com o Prémio Mulheres Criadoras de Cultura. Uma distinção atribuída pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e pelos gabinetes do Secretário de Estado da Cultura e da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade. Docente na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, especializou-se em Projetos de Design de Moda. Além do trabalho como estilista, é conhecido o seu trabalho na área da criação de fardamento e no desenvolvimento de figurinos para espetáculos de dança. Entre quem aprecia as
suas criações, destaque para a artista plástica Joana Vasconcelos e para a fadista Gisela João. Na mesma categoria estavam nomeados Carlos Gil, Dino Alves e Filipe Faísca. K
PRÉMIO INTERNACIONAL
Diplomadas da ESGIN vencem Open World 6 As diplomadas pela Escola Superior de Gestão de Idanha-aNova do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) Soraia Barroca, Cláudia Santos, Mónica Madeira e Catarina Cachola, venceram os Open World Awards da Momondo, na categoria Vídeo, através de votação do público realizada no passado dia 24 de maio. Em nota de imprensa, o IPCB
explica que as quatro diplomadas pela ESGIN desenvolveram uma atividade paralela na área turística com o blog “Nunca paras quieta!”. Sónia Barroca e Mónica Madeira são diplomadas em Contabilidade e Gestão Financeira e Catarina Cachola em Gestão Hoteleira. Já Cláudia Santos é licenciada em Gestão Turística. K
SEMINÁRIO INTERNACIONAL
I Encontro Supervisão e Avaliação em análise 6 Os I Encontro Supervisão e Avaliação na Vida das Escolas e II Seminário Internacional de Educação em Ciências realizaram-se em Castelo Branco numa organização da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco e da Associação Portuguesa de Educação em Ciências (APEduC). Em nota de imprensa, o Politécnico revela que o objetivo do I Encontro Supervisão e Avaliação na Vida das Escolas passou por contribuir para o avanço e debate das
teorias e para a partilha de experiências inovadoras nas práticas de supervisão, avaliação e áreas conexas, em todos níveis de educação e ensino. Já o II Seminário Internacional de Educação em Ciências teve por objetivo juntar a comunidade de Educação em Ciências na procura de novos desafios e novos sentidos da aprendizagem, do ensino e da formação, em todos os contextos onde se aprende, ensina e forma em e para a ciência e a tecnologia. K
ENCONTRO INTERNACIONAL
Politécnico de Castelo Branco Air Summit’18 6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) participou, nos dias 24, 25, 26 e 27 de maio, em Ponte de Sor, na segunda edição do Portugal Air Summit 2018. O evento de âmbito internacional reuniu entidades da aviação tripulada e não tripulada de todo o mundo. Em nota de imprensa, o IPCB justificou a sua presença com a aposta que está a fazer no setor da aviação, nomeadamente com o seu Curso Técnico Superior Profissional em Fabrico e Manutenção de Drones, o qual foi divulgado no certame. O Politécnico aproveitou a ocasião para efetuar contatos para parcerias com a indústria, de onde se destaca a Tekever, maior fabricante de aeronaves não tripuladas que exporta 90% da produção para vários continentes; com outros Politécnicos; com a APANT (Associação Portuguesa de Aeronaves não Tripuladas); a Quasar Human Capital, idD (Plataforma das Indústrias
de Defesa Nacionais) e a AED (Portuguese Cluster of Aeronautics, Space and Defense Industries). De acordo com as palavras do Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, pretendeu-se fomentar a divulgação nacional e internacional do setor aeronáutico português, estabelecendo, definitivamente, Portugal como um “major player”
no panorama internacional da indústria da aviação. Com um crescente número de aplicações, os RPAS (Remotely Piloted Aircraft System), vulgo drone, têm vindo a ganhar uma cada vez maior importância económica e a substituir outras tecnologias em vários campos, com destaque para a agricultura, fotografia, proteção civil, construção civil, inspeção de infraestruturas e vigilância. K
IDANHA-A-NOVA
Feira de emprego na Escola de Gestão 6 A Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova (ESGIN) do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) acaba de realizar a V Feira de Emprego e Empreendedorismo, informou a instituição em nota enviada ao nosso jornal. A iniciativa teve como público alvo jovens empreendedores que, num curto espaço de tempo, pretendam entrar no mercado de trabalho, bem como a população que se encontra em situação de desemprego. Participaram na sessão de abertura o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, o vice-presidente do Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Idanha-a-Nova, Alberto Gonçalves e a diretora da ESGIN/IPCB, Ana Rita Garcia. A edição de 2018 incluiu dois painéis, “Da Formação ao Mercado de Trabalho: Competências e Desempenho” e “Empreendedorismo: a Construção do Próprio Emprego”.
Em nota de imprensa, o Politécnico explica que o primeiro painel, moderado por Sara Brito Filipe (ESGIN/IPCB), contou com as intervenções de Tânia Pereira (ADECCO), Luís Ribeiro (Solicitador) e Catarina Pereira (CMCD), tendo sido debatidas as dificuldades encontradas aquando da procura do 1º emprego, as caraterísticas que os empregadores procuram, as perspetivas dos profissionais, entre outros. No segundo painel, que contou com a moderação de Luís Farinha
(ESGIN/IPCB) e com as participações de Adelino Gameiro (AEBB), Cláudia Carocha (BGI), Paulo Pinto (ADRACES/CETEIS) e António Daniel Santos (Turismo de Portugal), foi debatido o dinamismo que caracteriza o mercado laboral atual. O encerramento ficou a cargo de Alfredo Vasconcelos, numa sessão de motivação para jovens, em que abordou vários aspetos ligados à criação, desenvolvimento e constante inovação do Boom Festival. K
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NO ÂMBITO DO MESTRADO
Gerontologia em seminário
ESALD EM ANIVERSÁRIO
Saúde fez 70 anos 6 A Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias de Castelo Branco assinalou, no passado dia 7 de junho, os seus 70 anos de vida. A instituição que foi criada enquanto Escola de Enfermagem, acabaria por ser integrada no Instituto Politécnico de Castelo Branco, sendo depois transformada em escola de saúde. A data foi assinalada com um conjunto de iniciativas, das quais se destacam as conferências de Francisco George,
presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, e de Ismael Martins, que durante mais de 20 anos foi diretor da escola. António Fernandes, presidente do IPCB, destacou o impacto que a escola tem no desenvolvimento na região e no país, mas acima de tudo “na promoção para a qualidade de vida dos portugueses”. Também Ana Paula Sapeta, diretora da escola, sublinhou esse papel, referindo o crescimento que a ESALD
teve. “Em 2010 tinha 717 alunos e atualmente tem 954”, o que representa um crescimento de 36%, facto que é muito positivo pois este crescimento surge quando a procura pelas instituições do interior do país não tem aumentado”. A sessão solene contou ainda com a presença do vice-presidente da Câmara, José Augusto Alves, para quem a ESALD “é uma escola de referência, não só a nível nacional, como internacional”. K
6 A Escola Superior de Educação do IPCB realizou no dia 22 de maio o V Seminário do Mestrado em Gerontologia Social, Realidade(s) do Envelhecimento em Comunidade, informou a instituição em comunicado. O seminário, que contou com 180 participantes, foi organizado pela Comissão Cientifica do Mestrado em Gerontologia Social, as docentes Maria João Guardado Moreira (ESECB), Paula Sapeta (ESALD) e Clotilde Agostinho (ESECB). Na nota de imprensa é explicado que o principal objetivo da iniciativa foi a divulgação da
investigação e intervenção realizada na área do envelhecimento, assim como a partilha de projetos, perspetivas e saberes que se assumem como uma mais-valia, para o conhecimento e intervenção no domínio do envelhecimento e em diferentes contextos. Em debate esteve o tema Realidade(s) do Envelhecimento em Comunidade. Na sessão de abertura, estiveram presentes Nuno Castela (vice-presidente do IPCB) João Serrano (diretor da ESE), Paula Sapeta (diretora ESALD) e Maria João Guardado Moreira (coordenadora do Mestrado em Gerontologia Social). K
IPCB
Robótica internacional 6 Paulo Gonçalves, docente da Escola Superior de Tecnologia e coordenador do Laboratório de Robótica do Instituto Politécnico de Castelo Branco, apresentou os seus mais recentes trabalhos de investigação em Milão e em Paris. Em Milão, a convite do laboratório de investigação em robótica médica - NearLab - do Politécnico de Milão, deu ênfase a trabalhos recentes em cirurgia robótica e robótica industrial que implementam conceitos de saúde e indústria 4.0 – smart industry. Tais conceitos melhoram a interação humano-robô, em termos de segurança, e ainda permitem partilhar e analisar grandes quantidades de dados numa linguagem comum entre robô e humano. Em nota de imprensa, é explicado que “foram ainda continuados trabalhos de investigação sobre normalização na área da
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ESCOLA AGRÁRIA
Docentes do IPCB na Lituânia robótica, também em conjunto com a Universidade de Verona”. Já em Paris, na Universidade de Paris Est – Creteil (UPEC) e no Instituto Universitário de Tecnologia Creteil-Vitry, Paulo Gonçalves, ao abrigo do programa Erasmus +, apresentou aqueles temas
e lecionou aulas sobre robótica e sistemas inteligentes lecionadas na Universidade. O investigador, perante muitos descendentes da comunidade portuguesa, divulgou ainda a oferta formativa do IPCB, nomeadamente da Escola de Tecnologia. K
6 Ofélia Maria Anjos e Maria Teresa Coelho, docentes na Escola Superior Agrária, participaram no 12th Baltic Conference on Food Science and Technology “Food R&D in the Baltics and Beyond”- FoodBalt-2018, na Lituânia. A conferência internacional esteve a cargo da Kaunas University of Technology, Department of Food Science and Technology. A deslocação e participação da docente Teresa Coelho foi realiza-
da no âmbito do CERNAS - Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, unidade de investigação da Escola Superior Agrária do IPCB, divulgando também o trabalho desenvolvido no CBPBI – Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior. A deslocação da docente Ofélia Anjos foi efetuada no âmbito do CEF, ISA e a sua participação no âmbito do Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior. K
MINISTRO SANTOS SILVA EM LEIRIA
Mar português pode crescer
ROCA ONE DAY DESIGN CHALLENGE
Dois lugares no pódio 6 A Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR) garantiu dois lugares no pódio do Roca One Day Design Challenge, uma competição com a duração de um dia, em que os estudantes, organizados em grupos de três, recebem um desafio de manhã e competem para pensar e apresentar os melhores projetos, em oito horas de trabalho. João Santos, Gonçalo Marques e Tomás Fernandes, estudantes do 3º ano de Design de Ambientes da ESAD.CR ocuparam o segundo lugar do desafio de design, com o projeto Meta. Gabriel Pessoa, também do terceiro ano de Design de Ambientes, trouxe para casa o bronze, com o projeto Indicator, desenvolvido em conjunto com duas estudantes do IADE e da ESAD Matosinhos. Meta é uma prateleira de banheira/ base de duche, para produtos de banho, com um sensor, que suspende automaticamente a água durante um minuto, o tempo médio para passar o produto no corpo/cabelo. A prateleira conta com um display dividido, sendo que num, sempre que a água está a correr, mostra o número de litros a ser gasto em tempo real, e quando a água está suspensa faz a contagem decrescente do minuto necessário para a aplicação do gel/shampoo. No outro display é apresentada uma escala gráfica, desde o peixe à baleia, para apresentar de uma forma percetível às crianças a quantidade que se poupa em forma de animais marinhos. A Indicator é uma torneira adaptável, sobretudo destinada a crianças. Dispõe de cinco reguladores: quatro têm cor e desenhos, e um não está caracterizado. Este botão é destinado aos adultos e é de uso livre, sendo que os quatro reguladores com cor servem para desbloquear a água em frações de tempo: o azul desbloqueia a água em fluxos de cinco segundos, o verde de 15 segundos, o laranja de 30 segundos e o magenta durante dois minutos. K
www.ensino.eu
6 “Precisamos de agir em todas as frentes no que se relaciona com a preservação sustentável dos oceanos. Devemos ser protagonistas e líderes do tema na agenda internacional”, afirmou Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, na celebração do Dia Mundial dos Oceanos, a 8 de junho, na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche. Numa conferência que teve como mote “Oceanos: sensibilizar para agir, proteger para valorizar”, Santos Silva destacou o projeto de afirmação nacional do mar, apresentado e em aprovação nas Nações Unidas, para a extensão da plataforma intercontinental de Portugal, que permitirá o desenvolvimento tecnológico científico e económico do País. “Se for aprovado, multiplica por muito a nossa área portuguesa e simboliza o reencontro do País com o mar”, referiu, enunciando depois as cinco dimensões que devem ser desenvolvidas no âmbito do mar e dos oceanos: a do conhecimento, a da económica, a ambiental, a da segurança e a da governação. O ministro dos Negócios Estrangeiros falou de estratégias que estão em implementação, como a criação de um Centro de Investigação e Tecnologia, nos Açores, a preservação da segurança no mar com o desenvolvimento de um centro de defesa internacional do Atlântico, ou a execução de uma nova convenção que protege a biodiversidade marinha nas áreas de ‘ninguém’. “É fundamental a consciência da humanidade de que os oceanos são um bem comum”, concluiu.
Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, concordou com a posição do governante, tendo considerado que “só com um aumento de conhecimento, promovendo a sustentabilidade e a valorização dos recursos endógenos, é que podemos ajudar a fazer este caminho. Para que tal aconteça é fundamental valorizar as pessoas que geram e partilham conhecimento com a sociedade”. Luís Menezes Pinheiro, presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental, sublinhou a relevância de sensibilizar a população no Dia Mundial dos Oceanos para a proteção do território marinho e dos seus recursos. Destacou o “Objetivo de De-
senvolvimento Sustentável 14 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que integra a proteção da vida marinha, a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”. O secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, indicou que a consciência do oceano é uma prioridade estratégica do país, pois “devemos monitorizar para conhecer, e valorizar para proteger”. E terminou com um alerta para o combate à poluição dos mares causada pelo plástico: “se não mudarmos a nossa forma de o utilizarmos, vai existir mais plástico no mar do que peixes”. K
PEDRO MOROUÇO EM CARGO INTERNACIONAL
Biomecânica cresce em Leiria 6 Pedro Morouço, docente e investigador do Politécnico de Leiria, acaba de ser reeleito para a direção da International Society of Biomechanics in Sport, cujo mandato se prolonga até 2020. Pedro Morouço é docente do departamento em Motricidade Humana e Linguagens Artísticas na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, onde é coordenador do mestrado em Desporto e Saúde para Crianças e Jovens, e investigador do Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP) do Politécnico de Leiria, onde é responsável pelo Grupo de Biofabricação. Tem participação em vários projetos nacionais e internacionais, sendo atualmente o investigador principal do projeto “2bio4cartilage - Programa de intervenção integrada para prevenção e tratamento de lesões de cartilagem”, e diretor científico do projeto de investigação “Print-onorgans: Engineering bioinks and processes for direct printing on organs”. A sua atividade de pesquisa concentra-se prin-
cipalmente na engenharia de produtos e processos, com o objetivo de diminuir a distância entre o laboratório e as aplicações in vivo. É autor e coautor de três livros e mais de 200 trabalhos científicos, é membro do Conselho Consultivo em Engenharia Biomédica para a Cambridge Scholars
Publishing, e membro editorial e revisor de inúmeras publicações. Licenciado e mestre pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e doutorado em Ciências do Desporto pela Universidade da Beira Interior, é diretor na área de formação da Federação Portuguesa de Natação. K
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COLABORAÇÃO COM O SECUNDÁRIO
Física para todos no IPV
6 O Departamento de Engenharia Civil da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu realizou este ano a segunda edição das atividades “Física para Todos”, destinada a alunos do secundário que frequentam aulas de Físico-Química, de Física ou de disciplinas com conteúdos de Física ministradas nas escolas secundárias e profissionais da região. Os participantes visitaram o Departamento de Engenharia Civil e realizaram diversas experiências, cujos fundamentos são empregues na Engenharia Civil., como é o caso de oito experiências realizadas nos laboratórios, tais como: atividade com o teodolito, determinação do coeficiente de atrito estático, hidrodinâmica – movimento dos fluídos, lançamento de projéteis, conservação da energia mecânica, estudo da resistência de uma ponte de cartolina, princípio de Arquimedes e movimento harmónico simples e ressonância. Com esta iniciativa, o DEC
BIBLIOTECA JOSÉ MARIANO GAGO
Manuel Heitor inaugura
pretende sensibilizar os alunos do ensino secundário e profissional para o estudo e compreensão da Física, uma vez que o
número de alunos que frequentam a disciplina no 12.º ano tem vindo a diminuir. K Paulo Costeira _
RECURSOS HUMANOS SÃO “PEDRA DE TOQUE”
6 O Instituto Politécnico do Cávado e do Ave acaba de inaugurar a Biblioteca José Mariano Gago, projetada há cerca de dez anos, aquando da visita do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior à data, José Mariano Gago, que referiu a aposta do Governo na consolidação e afirmação do IPCA. A inauguração teve lugar a 4 de junho e contou com a presença do atual ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o qual adiantou que o IPCA será a primeira instituição politécnica
do país a tornar-se fundação pública de direito privado. “Tudo farei que até ao final do ano seja uma realidade. É a primeira vez que um politécnico entra neste regime. Vai, no futuro, projetar ainda mais o IPCA”, referiu o ministro. O governante enalteceu ainda o papel do antigo presidente do IPCA, João Carvalho, na afirmação e crescimento do ensino politécnico, em particular do IPCA que considerou ser hoje uma instituição de referência na região, no país e na Europa. K
Turismo em debate no IPS
6A Rede de Instituições Públicas do Ensino Superior Politécnico com Cursos de Turismo (RIPTUR) e o Turismo de Portugal reuniram, no início de junho, no Politécnico de Setúbal (IPS), e traçaram um programa de trabalho tendo em vista a necessidade de reforçar a investigação e a formação de recursos humanos para o setor. “Vivemos um momento muito positivo mas continuamos a ter desafios e o principal tem a ver com o facto de termos mais 55 mil novos postos de trabalho criados no setor – 75 mil ao todo, nos últimos dois anos – e, se juntarmos todas as pessoas formadas, pelos politécnicos, Turismo de Portugal, universidades, IEFP, não temos que chegue para cumprir esta quantidade”, alertou Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, no decorrer de um seminário/workshop promovido pela Escola Superior de Ciências Empresariais. Segundo o responsável, os recursos humanos são a “pedra de toque” do que será a “competitividade do turismo português no futuro” e só uma “atuação concertada” entre todos os que têm responsabilidades no setor po-
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VISEU DEBATE derá garantir que Portugal possa subir na lista dos destinos mais competitivos do mundo, onde ocupa atualmente o 14.º lugar. Criada em novembro de 2016 por 16 institutos politécnicos do país, entre os quais o IPS, a RIPTUR deu, entretanto, origem ao Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR). Um “braço armado”, como lhe chamou o seu coordenador, José Sancho Silva, que tem atualmente no terreno cerca de 200 pessoas, distribuídas por seis polos regionais. Nesse sentido, concluiu Luís Araújo, “da parte do Turismo de Portugal, temos toda a disponibilidade e, mais do que isso, todo
o interesse, em que esta relação com a RIPTUR, bem como com os politécnicos que estão nos territórios, seja o mais proveitosa possível”. O seminário/workshop foi encerrado pelo presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, e pela secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Fernanda Rollo, que classificou a RIPTUR como “um caso de sucesso incrível”, que apenas carece de “mais visibilidade”, e apelou a que se olhe com mais atenção para as escolas profissionais e, concretamente, para a formação na área do turismo, aquela que é mais “dramática em matéria de não prossecução de estudos”. K
Inovação Agroalimentar 6 O auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu foi o palco escolhido para a realização do I Encontro Internacional sobre I&D no Sector Alimentar, que decorreu a 5 de junho e contou com cerca de 150 participantes, oriundos de países como a Argentina, Brasil, Croácia, Chipre, Egito, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Macedónia, Polónia, Roménia e Sérvia. Além de três conferências plenárias e de uma mesa-redonda subordinada ao tema ‘Compatibi-
lidade entre inovação e tradição: uma necessidade?’, foram ainda apresentadas 24 comunicações orais e 80 pósteres em formato digital, enquadrados nos vários temas propostos para discussão. A iniciativa deixou claro que a inovação e o desenvolvimento são cruciais para o sucesso das empresas e o sector agroalimentar acompanha esta tendência com inovações ao nível de produtos, processos e tecnologias, ou em termos de marketing, aproximando-se dos mercados e indo ao encontro dos consumidores. K Raquel Guiné _
EM FRANÇA
Egiecocar participou na Shell Eco Marathon 6 A equipa do projeto Egiecocar do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) participou na prova da Shell Eco Marathon Challenger, realizada nos dias 31 de maio e 1 de junho, no cartódromo RKC, arredores de Paris. O Egiecocar, pilotado por um aluno do Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP)de Manutenção Industrial Eletromecatrónica, completou as duas tentativas no tempo previsto nas duas sessões
em que esteve em pista, no dia 1 de junho. Desta forma, a equipa constituída por alunos do curso de Energia e Ambiente e do CTeSP acima referido conseguiu atingir o seu objetivo, isto é carimbar o passaporte que lhe permitirá estar no próximo ano – com o veículo Egiecocar – na prova principal da Shell Eco Marathon / Europa. A referida prova decorrerá em Londres. K
A INICIAR NO PRÓXIMO ANO LETIVO
Indústria Automóvel: novo curso no IPG GUARDA
Portal “SmartFarmer” apresentado no IPG 6 O portal o “SmartFarmer” da Beira Interior, foi apresentado, no dia 30 de maio, na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto Politécnico da Guarda. Esta plataforma pretende ser um meio de aproximação entre produtores e consumidores e de promoção de iniciativas de comércio solidário da Beira Interior. Trata-se de um projeto promovido pela OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) portuguesa; este projeto tem apoios
comunitários e envolve também os Institutos Politécnicos da Guarda e de Castelo Branco. A plataforma tem uma aplicação para a internet e duas para telemóveis. Este portal engloba vários Mercados Eletrónicos de Proximidade, regionais, organizados numa lógica de “Circuitos Curtos de Proximidade”. O SmartFarmer da Beira Interior conta com a gestão partilhada das entidades da ADES – Associação Empresarial do Sabugal e da AAPIM – Associação de Agricultores para Produção Integrada de Frutos de Montanha. K
6 O Instituto Politécnico da Guarda vai lecionar, no próximo ano letivo, um novo curso técnico superior profissional: Indústria Automóvel, com uma duração curricular de dois anos (quatro semestres). Este curso tem por objetivos identificar e caraterizar os principais materiais utilizados na conceção de componentes para a indústria automóvel, com conhecimentos alargados sobre as principais tecnologias e processos de fabrico e respetivos sistemas de automação e controlo; colaborar na programação da produção; planear, coordenar e supervisionar as atividades de uma ou mais áreas da produção, tendo em vista a otimização do processo produtivo, de acordo com os procedimentos do sistema integrado de gestão. O presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Constantino Rei, considera que a formação
superior que vai ser ministrada na área da indústria automóvel permite colmatar dificuldades sentidas localmente, dado ter sido “identificada uma necessidade de formação de quadros intermédios, sobretudo orientados para a área dos polímeros”. Constantino Rei deseja que “este e outros cursos sirvam também de exemplo para outras áreas, porquanto esta interação potenciará a empregabilidade dos futuros diplomados que, afinal, é o nosso principal objetivo: formar pessoas para o mercado de trabalho”. A diretora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico da Guarda, onde irá ser ministrado este curso, afirmou-nos que ele é muito importante em unidades fabris como a ACI, COFICAB, DURA e SODECIA. Clara Silveira destacou que “é também um curso inovador
ao nível dos estágios intercalares realizados ao longo do semestre aplicando os conhecimentos das áreas nucleares; constitui, ainda, um contributo para a criação de um centro de excelência da indústria automóvel na região da Guarda”. Recorde-se que no passado dia 11 de junho teve lugar a assinatura da Declaração de Compromisso de Parceria entre o Instituto Politécnico da Guarda, Câmara Municipal e quatro conhecidas empresas do ramo automóvel. Este compromisso tem como objetivo a criação de sinergias necessárias para a construção de uma parceria estratégica, nos domínios da experimentação, investigação e inovação; isto para além da formação e transferência de conhecimento e tecnologia nas áreas da indústria automóvel do concelho da Guarda. K
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Rita Ruivo
Psicóloga Clínica (Novas Terapias)
Ordem dos Psicólogos (Céd. Prof. Nº 11479)
Av. Maria da Conceição, 49 r/c B 2775-605 Carcavelos Telf.: 966 576 123 | E-Mail: psicologia@rvj.pt
JUNHO 2018 /// 013
CASTELO BRANCO
Escola de verão na Tecnologia
COOPERAÇÃO
Sp. Braga assina pelo IPCB 6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco e o Sporting Clube de Braga assinaram no dia 12 de junho um protocolo de cooperação, que tem como objetivo reforçar a relação entre estas duas instituições nos diferentes domínios, com enfoque especial nos temas relacionados com fisioterapia e formação pós-graduada para fisioterapeutas no futebol. Em nota enviada ao nosso jornal, o Politécnico de Castelo Branco explica que a formalização
da parceria teve lugar após uma conferência dedicada ao tema “Da Formação no Futebol ao Ensino Superior”, que decorreu no Auditório da Cidade Desportiva do SC Braga, e contou com a presença de Francisco Miranda (fisioterapeuta coordenador do SC Braga), dos docentes Nuno Cordeiro e Vítor Pinheira, e ainda com o contributo dos fisioterapeutas estagiários do IPCB no SC Braga Diogo Luís e João Pinto, que apresentaram respetivamente trabalhos sobre “Rotura
dos Isquiotibiais: protocolos de reabilitação em jovens atletas” e “Reabilitação do Ligamento Cruzado Anterior”. Os alunos da licenciatura em Fisioterapia da ESALD tiveram ainda oportunidade de visitar as instalações da Cidade Desportiva do SC Braga, nomeadamente as áreas onde é efetuada a recuperação física dos atletas, assim como de pisar o relvado do icónico estádio Municipal de Braga, conhecido por Estádio da Pedreira. K
PORTALEGRE, BEJA, CASTELO BRANCO E SETÚBAL
Enfermagem em mestrado 6 As Escolas Superiores de Saúde dos Institutos Politécnicos de Portalegre, Beja, Castelo Branco e Setúbal e a Escola Superior de Enfermagem de S. João de Deus da Universidade de Évora promovem, em associação, um mestrado em Enfermagem. A próxima edição do curso será acolhida pelo IPPortalegre, no Campus Politécnico, a partir de setembro. As candidaturas estão abertas até ao dia 6 de julho. Na primeira fase foram 96 os candidatos colocados, a maior parte dos quais são enfermeiros, sediados no distrito. Disponibilizar uma oferta formativa, na região, promotora do desenvolvimento profissional, é uma realidade que orgulha o diretor da ESS−IPPortalegre e coordenador desta edição do curso, Adriano Pedro.
O mestrado tem a duração de três semestres e organiza-se a partir de um tronco comum, constituído pelas unidades curriculares consideradas estruturantes e
evolui depois para uma de sete áreas de especialização: Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica; Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública; Enfermagem Médico-Cirúrgica – A Pessoa em Situação Crítica; Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica; Enfermagem de Reabilitação; Enfermagem Médico-Cirúrgica – A Pessoa em Situação Crónica e Paliativa ou Enfermagem de Saúde Familiar, consoante a opção, com vista ao desenvolvimento das competências clínicas necessárias à prestação de cuidados especializados. No que diz respeito aos restantes mestrados, ministrados pelo Politécnico de Portalegre, também decorre o período de candidaturas, cuja primeira fase termina a 13 de julho. K
www.ensino.eu 014 /// JUNHO 2018
6 A Escola Superior de Tecnologia do IPCB realiza de 9 a 13 de julho mais uma edição da Escola de Verão @ ESTCB, com atividades destinadas a jovens estudantes do 10.º ao 12º ano de escolaridade, informou o Politécnico em comunicado. Trata-se de uma semana de férias diferente, que agrega atividades de cariz formativo e lúdico. Serão realizadas diversas sessões práticas com docentes da escola, em que os participantes terão oportunidade de desenvolver experiências relacionadas com as áreas lecionadas na ESTCB: infor-
mática, multimédia, engenharia civil, engenharia eletrotécnica, energias renováveis e engenharia industrial. A semana inclui ainda atividades de convívio, desporto e visitas de estudo. As atividades têm início às 10h00 e terminam por volta das 16:00, incluindo almoço e lanche. Após as 16h00 os participantes poderão passar o final da tarde na piscina praia de Castelo Branco, situada perto da ESTCB. As inscrições decorrem até dia 29 de junho, através do email grest@ ipcb.pt ou do telefone 272 339 300. K
CASTELO BRANCO
Agrária faz curso de micropropagação 6 O laboratório de Biologia da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco realiza no próximo dia 27, das 14H00 às 18H00, o Workshop “Micropropagação de espécies vegetais”. O Politécnico explica em nota de imprensa que o curso pretende contribuir para o conhecimento de uma metodologia de propagação
de plantas em condições in vitro, utilizando meios de cultura de formulação definida, mantendo as culturas em condições assépticas e em ambiente controlado. O workshop destina-se a alunos do ensino secundário, ensino superior, bem como público em geral interessado na área da micropropagação. K
ÉTICA EMPRESARIAL
IPBeja constroi Garrafa 365 6 O Instituto Politécnico de Beja, através da sua Escola Superior de Tecnologia, promoveu, no passado mês de abril o projeto da construção da “garrafa 365”. A iniciativa representa uma garrafa gigante composta por 365 garrafas de plástico, com o objectivo de sensibilizar a comunidade académica para a redução da utilização de plástico. Com esta atividade procu-
rou fazer-se um apelo visual ao impacto da utilização diária de garrafas de plástico. A iniciativa inseriu-se no âmbito da unidade curricular de Ética Empresarial e foi promovida pela docente Elsa Barbosa e pelos alunos do 3º ano, diurno e pós-laboral, do curso de Gestão de Empresas, e contou com a colaboração de Luís Coentro, membro da Eco-Comunidades na Planície. K
JUNHO 2018 /// 015
EM PORTALEGRE
Economia Circular em debate 6 Cruzar experiências a decorrer em Portugal e Espanha, dando a conhecer a atividade dos seus investigadores e técnicos foi o principal objetivo do seminário sobre Economia Circular que decorreu no Instituto Politécnico de Portalegre, a 10 de maio. Organizado pelo C3i e do Valoriza (Centro de Investigação para a Valorização de Recursos Endógenos), resultou do envolvimento do Politécnico no Fórum da Economia Circular do Alentejo e da participação em vários projetos na área da valorização energética e de resíduos. A iniciativa visou também dar corpo à ideia de um Laboratório Circular ancorado na BioBIP – Bioenergy Business Incubator of Portalegre, espaço que desde há dois anos tem apoiado iniciativas empresariais e projetos em parceria com as empresas. A iniciativa contou com a presença da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, com o Laboratório Circular do Ecoembes (Logrono-Espanha), com o Cicytex (ExtremaduraEspanha) e com o projeto Alentejo Circular (ISQ e UEvora). Da parte da tarde, depois de uma visi-
PROGRAMA DE RÁDIO
IPG FM fez 240 emissões
ta às instalações da BioBIP, decorreu uma sessão de divulgação de ideias e projetos em formato de pitch para encontrar siner-
gias e identificar colaborações, explorando a multidisciplinaridade do tema e os novos desafios. K
6 O Politécnico da Guarda apresentou na passada semana a 240ª emissão do “IPGfm”, programa de rádio produzido por aquela instituição de ensino superior. Emitido na Rádio Altitude, este programa afirma-se como “um espaço de informação e divulgação das atividades e projetos da comunidade académica”. Por outro lado, como foi referido ao nosso jornal, pretende continuar a ser “um ponto de encontro em torno de questões relativas à vivência estudantil” O programa, disponibilizado também em podcast (em http://www.ipg.pt/ipg-fm) é emitido às quartas-feiras, pelas 19 horas, com repetição aos domingos, às 13 horas. K
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7 DE JULHO
Robô bombeiro em concurso no Politécnico da Guarda 6 O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai promover no próximo dia 7 de julho a décima sexta edição do concurso “Robô Bombeiro”. Este concurso, de âmbito nacional, põe à prova pequenos robôs móveis e autónomos com a missão de encontrar e apagar um incêndio, simulado por uma vela, num modelo de uma casa formado por corredores e quartos. Nas edições anteriores participaram algumas das mais prestigiadas instituições
016 /// JUNHO 2018
académicas nacionais e internacionais. O concurso vai decorrer no Pavilhão Municipal de São Miguel, na Guarda, a partir das 9 horas, altura em que terá lugar a receção às equipas, antecedendo as verificações técnicas e apresentação de posters. As provas, propriamente ditas, terão lugar a partir das 14 horas, estando prevista a cerimónia de entrega de prémios para as 19 horas. Os interessados podem obter mais informação em http://robobombeiro.ipg.pt/. K
PORTALEGRE
Planeamento em encontro
CIÊNCIA VIVA
Portalegre assina com Estremoz 6 No âmbito do programa piloto “Vamos deixar uma marca na Sociedade”, foi assinado um protocolo de colaboração entre o Centro de Ciência Viva de Estremoz e o Politécnico de Portalegre que contou com a presença da Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo. O protocolo visa uma colaboração futura na dinamização de um conjunto de atividades ligadas à divulgação científica, através da elaboração conjun-
ta de um plano de atividades, a desenvolver no próximo ano letivo. Este programa piloto, desenvolvido pela área governativa da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, inclui diversas iniciativas que pretendem aproximar os alunos do ensino secundário (profissional e científico-humanístico) do ensino superior, reforçando a premissa de que todos os jovens são essenciais para um desenvolvimento social e económico sustentável da sociedade. K
6 O ������������������������� I Congresso Internacional em Planeamento Sustentável e Ordenamento Territorial juntou cerca de uma centena de investigadores, na Ilha da Madeira, numa cooperação entre a Universidade da Madeira (UMa), Universidade de Extremadura, Politécnico de Portalegre e a Escola de Ciências e Tecnologias da Universidade de Évora. A iniciativa constitui-se como um espaço de discussão e reflexão tendo sempre em vista um futuro melhor para o nosso território. A importância do tema para o Politécnico de Portalegre foi reforçada pelo seu vicepresidente, Luis Loures, que relembrou o facto de muito recentemente o Politécnico de Portalegre ter candidatado à Fundação para a Ciência e Tecnologia uma unidade de investigação – O Valoriza – que entre outra áreas de investiga-
ção aborda a problemática do território, especialmente os de baixa densidade, por considerar que esta temática é crucial para a sustentabilidade de região e do país. O secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Amílcar Gonçalves, um dos cinco intervenientes na sessão de abertura, que decorreu na Sala do Senado, do Campus da Penteada da Universidade
da Madeira, realçou que estes temas são transversais e determinantes para qualquer sociedade. O congresso realçou a “extrema importância” de desenvolver evento desta natureza que permitam discutir estas temáticas, já que o Ordenamento do Território está a criar um protagonismo inusitado no seio das políticas da União Europeia. K
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JUNHO 2018 /// 017
Situado na Aldeia Histórica de Monsanto, o GeoHotel Escola é um hotel contemporâneo e inserido numa paisagem natural única, rodeado de património geomorfológico que conta uma história com mais de 600 milhões de anos.
www.monsantoghe.com
Escola Superior de Gestão do IPCB
Licenciaturas: - Gestão - Gestão Hoteleira - Gestão Turística - Contabilidade e Gestão Financeira - Gestão Comercial - Solicitadoria TeSP: - Gestão e Produção de Cozinha - Organização e Gestão de Eventos - Restauração e Bebidas - Gestão Empresarial - Comércio Eletrónico Mestrado: - Gestão de Empresas - Gestão de Negócios / Pós-Graduação Master: - Master Executive em Gestão de Unidades de Turismo em Espaço Rural Mais informações em: Instituto Politécnico de Castelo Branco www.ipcb.pt/esgin Câmara Municipal de Idanha-a-Nova www.cm-idanhanova.pt
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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Petrolífera é curso
6 A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), assinaram, no dia 6 de junho, em Maputo, um Memorando de Entendimento que tem por objetivo central a concertação de esforços para a conceção, implantação e desenvolvimento dos currícula dos cursos de licenciatura e de pós-graduação em Engenharia Petrolífera na UEM. A colaboração inter-institucional vai abranger a promoção
efetiva da formação superior de quadros no domínio da indústria petrolífera; a partilha de espaços e materiais ou substâncias de oficina para o treinamento prático de docentes e discentes da UEM, na ENH; a concessão de oportunidades de aperfeiçoamento teóricoprático a profissionais de ambas instituições, bem como a realização conjunta de estudos do domínio do petróleo e gás, pelas duas partes. K
MOÇAMBIQUE
Escola solidária
6 Um grupo de 48 alunos da Escola Primária Completa da Polana Caniço B, acompanhado por dois professores, efetuou uma visita à Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) para agradecer o apoio que os colegas do “10.°C” desta Escola. Juntos comemoraram o encerra-
mento do programa Educação para Voluntariado da EPM-CELP do ano escolar 2017/2018. Para a diretora de turma do “10.°C”, Luísa Antunes, a festa foi o culminar do projeto Educação para o Voluntariado, iniciado no primeiro período do ano letivo 2017/2018. K EPM/CELP _H
NA ESCOLA PORTUGUESA
Vasconcelos em Macau 6 O cineasta português António Pedro Vasconcelos visitou este mês a Escola Portuguesa de Macau, tendo sido recibo pelo seu diretor, Manuel Machado. O cineasta, com mais de 50 anos de carreira, aproveitou a estadia em
Macau, onde apresentou os filmes “Jaime”, “Os imortais” e “Os gatos também têm vertigens” (no âmbito das comemorações do 10 de Junho) para visitar uma das mais importantes escolas do território macaense. K
DIRETOR FUNDADOR DO ENSINO MAGAZINE
João Ruivo avalia IPMacau 6 O investigador albicastrense, docente universitário e diretor fundador do Ensino Magazine, João Ruivo, acaba de regressar de Macau, onde se deslocou para a recolha de dados e realização de reuniões institucionais, visando a elaboração de um relatório de avaliação externa do Instituto Politécnico de Macau, designadamente dos cursos de Administração Pública, da Escola Superior de Administração Pública. Este é um relatório que culmina um ano de trabalho de recolha e interpretação e troca de dados online que visa descrever o estado atual daquela instituição e apresentar um conjunto de objetivos de melhoria a curto e médio prazo, dado que a presente avaliação internacional se irá prolongar pelos próximos dois anos. Segundo João Ruivo, esta estadia permitiu ao avaliador ex-
terno reunir com os principais dirigentes dos órgãos estatutários daquela Escola Superior, com todos os docentes e com vários protagonistas institucionais, com vista à recolha de informações personalizadas e de propostas concretas dos membros mais interventivos da comunidade escolar, que irá ajudar na elaboração do primeiro Relatório de Avaliação Anual. Recorde-se que João Ruivo havia sido escolhido, no início do presente ano letivo, para integrar uma equipa internacional de vinte elementos, dos quais apenas quatro são portugueses, e cuja função será a de avaliar a qualidade dos cursos ministrados no Instituto Politécnico de Macau, bem como as saídas profissionais proporcionadas aos seus estudantes e a integração no mercado de trabalho dos diplo-
mados por aquela instituição de Ensino Superior. Este procedimento aproxima-se das exigências das avaliações internacionais promovidas pela European University Association (EUA), que já avaliou o Instituto Politécnico de Castelo Branco e que, na altura, também foi coordenada por João Ruivo, na qualidade de vice-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco. João Ruivo afirma que “o Instituto Politécnico de Macau é uma instituição que se quer projetar no mundo da rede Ensino Superior da China e no mundo da Lusofonia, pelo que, por exemplo, tem mantido uma antiga e prolongada colaboração com o Instituo Politécnico de Leiria e, mais recentemente, com o Instituto Politécnico de Castelo Branco. K
UNIVERSIDADE DE LÚRIO - MOÇAMBIQUE
Dinamismo em toda a linha 6 A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade de Lúrio foi criada em 2017 e é hoje uma referência em Moçambique. João Salavessa, docente e investigador português, é diretor daquela faculdade e mostra-se satisfeito com o caminho que a instituição está a trilhar. “A FCSH encontra-se em processo de instalação e em crescimento. As dificuldades inerentes a este processo são as habituais, mas a atitude e o esforço de trabalho de todos os intervenientes, tem permitido alcançar resultados que nos satisfazem e que nos motivam a continuar a trabalhar para alcançar efeitos acima da média”, explica João Salavessa. João Salavessa explica que os objetivos prioritários passam por: “concluir o Curso de Formação
Avançada em Gestão Estratégica para Hotelaria e Destinos Turísticos, fruto de uma parceria com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (Portugal) e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian; dinamizar o Posto de Turismo da Ilha de Moçambique no âmbito do acordo de parceria estabelecido com a
Câmara Municipal da Cidade da Ilha de Moçambique e a UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), bem como desempenhar com responsabilidade e qualidade a nossa participação nas comemorações dos 200 anos da elevação da Ilha de Moçambique ao estatuto de cidade”. K
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ARTHUR CHIORO, MINISTRO DA SAÚDE NO ÚLTIMO GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF NO BRASIL
Brasil e o receio da ditadura 6 Arthur Chioro, antigo ministro da Saúde, no último Governo de Dilma Rousseff, no Brasil, considera que o seu país corre riscos de voltar ao tempo da ditadura. Numa entrevista exclusiva ao Ensino Magazine, este médico, professor de medicina na Universidade de São Paulo, elogia o Serviço Nacional de Saúde português e lamenta a falta de investimento que o Brasil está a fazer na educação, o que impede que muitos alunos possam vir estudar em Portugal. O «impeachment» feito a Dilma Rousseff é visto como «um golpe» por Arthur Chioro, o qual considera, que mesmo estando na prisão, Lula da Silva é o candidato mais querido dos brasileiros. Em Portugal funciona o Serviço Nacional de Saúde, no Brasil, enquanto foi ministro dessa área, implementou o projeto “Mais Médicos”. Há alguma comparação possível entre o que é prestado à população nos dois países?
020 /// JUNHO 2018
É difícil fazer comparações. O Brasil só adotou um sistema universal de saúde e ideia da saúde como um direito de todos e um dever do Estado, em 1988. Acontece que, nas décadas de 60 e 70, o governo militar fez uma opção de não investir no setor público. Os recursos públicos, quer da providência social, quer os que deveriam ser destinados à saúde pública, foram utilizados para a expansão do parque hospitalar privado brasileiro. A opção foi o enfraquecimento do setor público e o reforço do privado. Quando
se faz a nova Constituição e se afirma a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, o quadro que se vivia era de um serviço público destruído, onde nunca se tinha investido nos cuidados primários e os hospitais privados desligaramse dessa prestação de serviços e ofereciam os seus serviços às seguradoras. Passámos 30 anos a construir um sistema que pudesse responder à Constituição. A expansão dos cuidados primários no Brasil ganha expressão a partir de 2005, no Governo de Lula da Silva, quando se cria a
política nacional de atenção básica. Hoje nós temos 63% da população com cobertura da saúde da família e 72% com atenção básica. No entanto, e dada a dimensão do nosso país, há zonas de vazio e há outras com hiper concentração de cuidados. Para nós, o modelo português, mesmo com os muitos problemas que ele está a enfrentar, ainda é uma fonte de inspiração. Foi ministro da Saúde do Governo de Dilma Rousseff. Que dificuldades encontrou para implementar esses cuida-
CARA DA NOTÍCIA ARTHUR CHIORO 6 Arthur Chioro foi Ministro da Saúde do Brasil entre 2014 e 2015. Graduado em medicina, mestre em Saúde Coletiva pela Unicamp (2001) e doutor em Ciências pela UNIFESP (2011), é professor-adjunto no Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP (área Política, Planejamento e Gestão em Saúde). Orientador permanente (mestrado e doutorado) do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da EPM/Unifesp, Artur Chioro é professor de Saúde Coletiva da Faculdade de Fisioterapia (Unisanta) e da Faculdade de Medicina (UNIMES), ambas de Santos-SP. Professor visitante da Faculdade Meridional (IMED), de Passo Fundo-RS. Foi secretário municipal de saúde de São Vicente-SP (1993-1996) e de São Bernardo do Campo-SP (2009-2014); e foi diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (2003-2005). K
dos de saúde. Sei que na época houve necessidade de ir buscar médicos a outros países... Fomos buscar médicos a Cuba e a Portugal, alguns aposentados, outros com experiência de vida e outros com a perspetiva de terem uma carreira profissional. A maior dificuldade que tivemos foi o contexto de crise no momento em que assumi funções (último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff), em que também já se verificavam muitas movimentações políticas. Mas foi um período de muitas realizações, apesar da resistência de muitos médicos brasileiros. No segundo ano em que fui ministro já estava instalada a crise que acabou com golpe de 2016 que destituiu a presidente Dilma. Ou seja, conviver diariamente com aquela articulação que o presidente do Congresso Nacional, Eduardo Cunha, já desenvolvia com o chamado «baixo clero» que visava a desestabilização do governo, era muito difícil. Esse era o ;
contexto de crise de um país que saiu do seu trilho. Participei durante quase 14 anos no governo e subestimou-se muito a capacidade da direita…
primeiro foi o da judicialização da política, com o ministério público a processar. Depois do «golpe» veio a demonização. São os puros contra os impuros: se você está na política, então não presta. E isso afasta muita gente, ficando os «carreiristas» da política e a esses interessa este tipo de jogo. Mas eu digo muitas vezes que a política e a representação parlamentar são o reflexo da sociedade. Eles não são eleitos por obra do «divino espírito santo», são, isso sim, eleitos pelos seus pares. Neste fenómeno da corrupção e da denúncia parece que só existe o polo corrompido, não existe o corruptor. E tudo isto abre espaço para o radicalismo, para a violência, incapacidade de se viver com a diferença. Daí até se chegar à barbárie é um passo.
E quando perceberam que esse processo de destituição, ou golpe como lhe chama, iria ter sucesso? Hoje, vendo retrospetivamente, verificamos que isso começou muito tempo antes quando surgiu o caso do «mensalão» em 2005. Mas, efetivamente, ele começa a desenhar-se 30 minutos depois do resultado da releição de Dilma Rousseff, em que ela vence com uma vantagem de três milhões de votos, num universo de 207 milhões de habitantes, o que foi uma margem muito pequena. É nessa altura que Aécio Neves se recusa demitir e avisa que iria judicializar os resultados. A senha «do golpe» veio nesse momento. A Constituição Brasileira foi pensada no âmbito do parlamentarismo, só que na hora da Assembleia Constituinte o que prevaleceu foi o presidencialismo. Então nós temos um presidencialismo parlamentarista. Há um poder executivo que prepara os orçamentos e os executa, mas que depende a todo o tempo do Congresso que tem um poder imenso (na curta história democrática fez a destituição de dois presidentes). Aquilo que se percebeu é que houve uma mistura entre o poder judicial e político. Isso verificou-se? O que aconteceu no Brasil com a destituição de Dilma Rousseff foi um golpe jurídico, parlamentar e mediático. Os principais investigadores e pensadores não terão dúvidas nisso. O parlamento operou o processo e o poder judicial deulhe legalidade. Mas seria impossível operar um golpe desta natureza sem o apoio dos media. O monopólio que cinco ou seis famílias têm sobre os meios de comunicação brasileiros possibilita isso. As manifestações pelo «impeachment» foram convocadas pelas redes Globo e Record. Um ano depois do «impeachment» terminava a concessão da rede Globo, teria que haver negociações. Vou dar-lhe um exemplo concreto do poder dos media: a divulgação de uma gravação de uma conversa da Dilma Rousseff com Lula da Silva em que ele poderia ser nomeado ministro (para evitar a que fosse julgado na primeira instância da justiça) no maior jornal nacional de televisão, visto por 52% da população.
O«golpe» tem vários motivos e uma origem económica muito grande, com a diminuição dos investimentos públicos nas refinarias da Petrobras, ou o congelamento dos gastos públicos durante 20 anos. Mas fica de fora destas restrições o dinheiro para a banca – tudo o que se economizava servia para pagar o sistema financeiro. No ano e meio fizeram-se reformas que destroem o sistema de proteção dos trabalhadores. Considera que a democracia no Brasil está em risco? Desde o início do processo do «impeachment» pela maneira como foi conduzido, pela manipulação dos meios de comunicação convocando a classe média (que apoiaram o processo como já tinham apoiado em 64), pela demonização da política e dos políticos, isso abre espaço para o fascismo. E é isto que está a acontecer? É isso que está a acontecer. Sem Lula da Silva nas eleições isso pode acontecer. Após a sua prisão, verifica-se que em todos os cenários Lula da Silva é o candidato preferido. Na primei-
ra volta ele vence e na segunda volta ganha com a menor taxa de rejeição. Sem Lula da Silva, Jair Bolsonaro, um militar reformado, «fascista e homofóbico», lidera as sondagens. Então se me perguntam se a democracia corre riscos? Eu digo que sim, pois está profundamente ferida. Mas ao mesmo tempo isto também é a falência do «golpe», pois este foi feito pelas elites económicas para que a direita voltasse ao poder perdido desde a primeira eleição de Lula da Silva. Nenhum dos candidatos que apoiaram o «golpe» consegue ter mais de 3 ou 4% dos votos. O país hoje só sai unido com o Lula da Silva, mesmo que metade da população esteja contra ele. É a única figura pública com capacidade para encontrar soluções. E há condições para ele ser candidato? O PT vai ter que inscrever a candidatura de Lula da Silva. A pressão social para que ele avance é muita, mas tenho muitas dúvidas que ele possa ser candidato. É uma incógnita, pois quem arquitetou o «golpe» não vai deixar de o consolidar, o
que passa pelo afastamento judicial de Lula destas eleições. É que Lula da Silva é considerado o melhor presidente da história democrática do Brasil. Mesmo preso, ele é amado. Conseguiu fazer uma ascensão social de mais de 42 milhões à classe média. É claro que não deu tempo para consolidar tudo isso. Foi uma mobilização social pelo consumo. Os aspetos sociais de cidadania que pudessem construir uma nova conceção não foram consolidados. Há estudos que revelam que as pessoas dizem que viveram melhor nesse período, mas cerca de 60% atribuem isso a Deus e só 9% ao governo. Ou seja, esta mudança não foi capitalizada do ponto de vista político. Nós estamos a pagar por não termos feito as reformas política, judicial, do Estado e mediática. Perante estas circunstâncias, quem está disponível para ir para a política? Há uma sensação que só os políticos de carreira podem fazer política, que os professores, os engenheiros, os advogados etc, não poderão ir ou não estarão interessados… Vivemos dois fenómenos. O
Mudando de assunto. Portugal e o Brasil chegaram a assinar um acordo que permitia a vinda de alunos brasileiros para instituições de ensino superior portuguesas. Isso acabou por não se efetivar. Em que medida esse tipo de parcerias é importante? Após o «golpe» de 2016 houve uma desmontagem do conjunto de políticas de ensino superior que vinham sendo implementadas desde o tempo de Lula da Silva. Nessa altura lançou-se o Ciência sem Fronteira, que permitiu que muitos alunos e investigadores fizessem intercâmbios com Portugal e com outros países. E isso teve um retorno muito grande. Dou o exemplo da Faculdade de Medicina de São Paulo, onde sou docente. Os meus alunos, que regressaram após um ano e meio de experiência noutros países, voltaram mais envolvidos na investigação e na inovação, com uma experiência de vida que não tem preço. Além disso, esses acordos envolviam também alunos de pós-graduações, o que melhorou muito a investigação científica. Sem estes acordos seria impossível os alunos brasileiros realizarem essa formação. Por outro lado, estes acordos com Portugal permitem uma aproximação ao espaço europeu resultante dos acordos que existem entre as instituições portuguesas e as europeias. Acontece que houve uma diminuição muito grande nesses projetos. Até 2016 tivemos mais de três mil pós-graduados financiados pelo nosso ministério em universidades de outros países. Hoje temos 17 bolsas. Na minha área, que é a medicina, com as suas 54 áreas, foi aprovada uma bolsa apenas. Tudo isto é um desastre para o Brasil. K
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INSCRIÇÕES ABERTAS
António Salvado dá nome a prémio Ibérico 6 A Câmara e a Junta de Freguesia albicastrenses acabam de apresentar o prémio Internacional de Poesia António Salvado - Cidade de Castelo Branco. As candidaturas estão abertas até 31 de agosto. A apresentação foi feita no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, numa cerimónia em que participou o poeta espanhol e docente universitário Alfredo Pérez Alencart que é também o presidente do júri deste concurso. Durante a apresentação, António Salvado começou por referir que “isto de se atribuir um nome a um prémio é uma façanha recente. (...) Se estou satisfeito com esta atitude? Claro que sim! Tenho cerca de 70 títulos publicados. Desses, com exceção de meia dúzia, todos estão esgotados”. O poeta albicastrense adiantou que “há seis ou sete livros que estão em circulação, e o facto dessas edições existirem deve-se ao presidente da autarquia, Luís Correia. Com este apoio, a Câmara tirou-me do anonimato e estou-vos
Patrícia Pinto / RACAB reconhecido. Tenho esperança que os vencedores, tanto o poeta português, como o espanhol, sejam poetas de valor e que os seus livros mereçam o prémio que irão ter”. Para o presidente do município, Luís Correia, este prémio “constitui uma homenagem a António Salvado. Este poeta albicastrense tem uma obra imensa que merece ser levada por esse mundo fora. E entendemos que esta era uma forma
de o concretizar. Estamos orgulhosos de ter uma obra e um poeta como António Salvado. Por isso, este é um momento bom para a cultura, para a poesia e para Castelo Branco. Espero que haja muita participação, não só de portugueses como também de poetas estrangeiros”. Já Leopoldo Rodrigues, presidente da Freguesia albicastrense, esclareceu que “este é um prémio que visa distinguir poetas de
H
língua portuguesa e espanhola. No final serão premiados dois poetas, um que escreva em língua portuguesa e outro em espanhol, independentemente do local onde estão”. O autarca da Freguesia revela que “os prémios serão monetários (2500 euros) e que as poesias vencedoras serão editadas, em edições bilingue. Para além disso, se o número de participantes o
justificar, é nossa intenção fazer uma antologia com alguns desses poemas”. Leopoldo Rodrigues lembra ainda que este prémio é importante, por um conjunto de razões: “por um lado podemos homenagear António Salvado e através dele conseguimos trazer pessoas a concorrerem a um prémio de poesia, por outro, podemos associar o poeta António Salvado ao nome de Castelo Branco e projetar a cidade e o concelho para além das fronteiras concelhias, do país e da Península Ibérica”. Doutor Honoris Causa pela Universidade da Beira Interior, Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, António Salvado é um dos poetas portugueses com mais livros de originais editados, tendo nos últimos anos publicado vários livros com diferentes editoras, entre as quais a albicastrense RVJ Editores. As candidaturas devem ser feitas pelo site http://www.premiopoesia-antoniosalvado-ccb.pt/, criado para o prémio. K
APRENDER Y ENSEÑAR EN LA ERA DIGITAL
Multiplicación de los espacios de aprendizaje 7 Al complejo e ilimitado desarrollo tecnológico que describimos en nuestra colaboración anterior, también se le atribuye la denominación de Era digital porque la digitalización y la automatización han provocado una profunda revolución, caracterizada especialmente por la aparición de innumerables dispositivos electrónicos accesibles y por una expansión espectacular de las redes telemáticas. A través de ellos, los sistemas expertos y la inteligencia artificial aumentan vertiginosamente la interactividad, lo que está posibilitando infinitas posibilidades para innumerables sectores de la sociedad, entre ellos y muy principalmente la educación, si sabemos ponerlas al servicio de la misma. Además, uno de los rasgos más importantes de esta nueva época de la humanidad es, preci-
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samente, la multiplicación de los espacios y lugares para el aprendizaje. La movilidad y ubicuidad para el acceso al conocimiento y de los entornos personales de aprendizaje están siendo ya piezas fundamentales de los nuevos espacios formativos. Un aprendizaje al que se denomina “aprendizaje sin fisuras” o “aprendizaje sin costuras” (seamless learning), el cual se produce cuando alguien experimenta una continuidad de aprendizaje a través de una combinación de lugares, tiempos, tecnologías o entornos sociales. En la era digital el espacio tradicional para aprender y enseñar pasa de ser un espacio físico, un simple lugar, a ser una especie de “espacio/nodo” en el que se combinan los espacios físicos y los espacios virtuales y a través del cual el aprendizaje puede producirse en cualquier momento
y en cualquier lugar. La conectividad que lo permite ha alterado no solo el sentido y la producción del conocimiento, sino también los espacios y los tiempos del aprendizaje cuestionando, poco a poco, la organización social que es la escuela. Sucede, como todos sabemos, que el acceso a la red se hace cada vez más móvil, demostrado por los datos de cuota de mercado de los terminales móviles que están enterrando al teléfono fijo en todo el mundo civilizado. Debido a ello, el presente y el futuro inmediato del aprendizaje van a estar mediados por la movilidad y la ubicuidad. La ubicuidad, sobre la que fijaremos la atención en otra entrega de esta serie dedicado al “aprendizaje móvil”, conlleva una especial capacidad para la flexibilidad y adaptación a conceptos diversos y en constan-
te movimiento. Estas posibilidades, que son características tan representativas de esta nueva era, están avanzando geométricamente, ya que cada vez hay más centros conectados a la red, más profesores interesados en el tema y más alumnos que llegan a las aulas que ya van estando inmersas en un mundo que sienten que les pertenece. Un mundo nuevo reforzado por el que se denomina “Internet de los objetos” o “Internet de las cosas” (Internet of Things), que se refiere al conjunto de objetos del mundo físico conectados a la Red, que permitirá con total facilidad una enorme cantidad de tareas. Así será posible que el frigorífico nos avise de la fecha de caducidad de los alimentos que contiene, que las zapatillas para hacer deporte registren el ejercicio físico que realicemos cada día
o que el cepillo de dientes nos avise de cualquier pequeña caries y pida por nosotros cita en el odontólogo. En definitiva, una revolución en las relaciones entre los objetos y las personas que, a la vez, facilitarán infinitas posibilidades de aprendizaje. K Florentino Blázquez Entonado _ Profesor Emérito. Coordinador del Programa de Mayores de la Universidad de Extremadura
EDITORIAL
Quem gosta de ir à escola? 7 Nos últimos anos temos vindo a assistir a um desenvolvimento significativo dos estudos que nos permitem conhecer as razões que levam os professores a atingirem estádios de “mal-estar”, “desencanto” e “stress” profissionais, e muitos são os estudos de elevada credibilidade que revelam precisamente esses sintomas e efeitos do desgaste ou erosão profissionais. É que, em boa verdade, todos sabemos, e já o repetimos até à exaustão, que a formação de professores, enquanto processo que visa a mudança, correrá sempre o risco de encontrar resistências. Umas, catapultadas por determinados “períodos” psico-profissionais que os docentes atravessam. Outras, resultantes das políticas educativas, da estrutura organizativa da escola, do estatuto regulador da carreira, e (porque não?), do próprio processo como essa formação foi levada junto dos docentes, de modo mais ou menos impositivo.
Não é menos verdade que, mesmo quando a adesão a iniciativas inovadoras é voluntária, a ausência de finalidade de alguns projectos de reforma (pontuais ou estruturais), a ausência de avaliação do processo e dos produtos realizados, a política “do alterar, pelo alterar”, também têm contribuído para o “desinteresse”, o “afastamento” e até a “resistência” de muitos dos docentes que, à partida, se galvanizaram nesses projectos. Infelizmente, são demasiados os casos em que os professores se encontravam em ciclos da carreira de desinteressada dádiva ao sistema, à escola e aos alunos, e que os levaram a optimizar o seu investimento pessoal, uma e outra vez, até que o desencanto os contaminou, inesperadamente. Acresce ainda que o sistemático retomar de promessas incumpridas de verdadeira descentralização do sistema educativo, e a negação de se atribuir mais poder de decisão aos professores e
às escolas, também têm contribuído para que a resistência se enquiste no sistema, transformando as sinergias naturais em processos de entropia, por vezes incontroláveis. À falta de poder e de controlo dos professores, no que respeita ao seu trabalho, transformando-os em simples executores de decisões tomadas por hierarquias distantes e sem rosto (a partir das quais as “ordens” se tornam impessoais e difusas, e em que as responsabilidades se diluem), tem conduzido à progressiva desprofissionalização dos professores. E atribui-se essa situação a muitos factores: o cansaço físico e moral, a falta de reconhecimento social do papel dos docentes, a falta de protecção perante o vandalismo e a violência com que acrescidas vezes se deparam nas escolas, a falta de recursos, os horários inadequados à sua função formadora, a escassa formação para gerir novos programas,
a pressão dos pais e outros agentes sociais, a intensificação da atribuição de novas tarefas e funções, a perda do seu estatuto remuneratório…. Esta desprofissionalização, que alastra em boa parte dos sistemas educativos europeus, é uma das razões apontadas para a criação de um progressivo clima de mal-estar nos sistemas educativos. Pelo que é necessária alguma clarividência para conhecer os factores que fazem peculiar o acto educativo, reconhecendo-se a necessidade de procurar as causas estruturais que condicionam essas situações vivenciadas pelos docentes, já que os professores devem ter expectativas ajustadas às suas possibilidades. Apesar dos êxitos e dos fracassos se alternarem na sua actividade, os docentes deveriam manter expectativas positivas e o entusiasmo que os faz correr ao encontro de novos caminhos e da utopia, mantendo a força das ilusões, apesar dos fracas-
sos circunstanciais. E até porque não se mudam instituições sem mudar as práticas que as produzem no dia-a-dia. Daí que todas as iniciativas que ajudem a promover a auto-estima dos docentes e o seu bem estar profissional se revelem indispensáveis para combater o desalento que grassa em boa parte das nossas escolas e que se arrisca a minar, irremediavelmente, o sistema educativo português. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _
PRIMEIRA COLUNA
Levar a bola para casa 7 Ao longo dos anos os professores, na sua generalidade, perderam estatuto, muitas vezes respeito, e embora seja na escola que confiamos diariamente os nossos filhos (como e bem refere João Ruivo), são, amiúde, vistos como o elo mais fraco da cadeia de ensino. É uma reflexão perversa, esta, que mais perversa se torna quando em cima da mesa estão questões negociais, daquilo que realmente os docentes auferem pelo seu trabalho qualificado, exigente e determinante para aquilo que é o futuro do país. E é do futuro do país que estamos a falar, quando abordamos a questão da qualificação dos portugueses e a questão profissional dos professores dos diferentes ciclos de ensino. A precaridade nunca levou ne-
nhum país a qualquer coisa de positivo. Há muitas guerras travadas pelos sindicatos que não percebo, mesmo após uma reflexão pormenorizada. Mas a questão da contagem do tempo de serviço dos professores é algo que não pode ser varrido para baixo do tapete, nem tão pouco ser decidido por autoritarismo ministerial. Durante nove anos, quatro meses e dois dias, os professores portugueses viram as suas carreiras e a sua progressão congelada. Significa isto que viram os seus vencimentos congelados (e no período da Troika nem os subsídios de Natal e férias receberam) e que a progressão nas suas carreiras ficou parada. Ou seja, em nove anos ensinaram milhares e milhares de jovens portugueses, qualificaram o
país, mas para os governos esse tempo é como se não existisse. O atual Governo anunciou o descongelamento das carreiras. Isto é, a partir dessa decisão os anos começavam a contar. Mas o que estava para trás não contava, era como se não existisse. O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues abriu a porta das negociações, mas mantevese irredutível em contabilizar apenas dois anos e nove meses, do total de nove anos quatro meses e dois dias em que as carreiras estiveram suspensas. Os sindicatos, nas negociações, exigiram os tais nove anos quatro meses e dois dias. O ministro não gostou e como era ele o dono da bola, pegou na dita e fechou o jogo, informando os outros jogadores que a proposta dos dois anos e nove meses
estava fora. Isto é, agora não contava tempo nenhum. Uma atitude autoritária e que levanta a questão: se a intenção do Governo era considerar os dois anos e nove meses (certamente porque era isso que o Orçamento de Estado comportava) porque não manteve essa proposta e não a aplicou unilateralmente como já o fez noutras matérias. Os professores não podem ser os bodes expiatórios do país não ter dinheiro. Isso é uma falácia que não só coloca a sociedade contra os docentes, como lhes retira respeito perante os outros, lhes concede baixa autoestima, que os coloca como as profissões qualificadas mais mal pagas do país. Há docentes que recebem menos por cada hora de trabalho do que muitos outros profissionais a quem não
se lhes exigiu estudos nem uma responsabilidade tamanha, como a de qualificar os portugueses. O Primeiro-Ministro António Costa tem em mãos um problema político. Os professores não querem nada a que não tenham direito e é a falar que se chega a bons resultados. Não sei qual vai ser a sua tática, mas esperemos que não leve, como o seu ministro da Educação, a bola para casa. K João Carrega _ carrega@rvj.pt
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CRÓNICA
Universidad, Ministerio de Educación versus ciencia 7 El reciente cambio de gobierno en España vuelve a poner sobre la mesa un tema siempre discutido y problemático para la universidad, como es el de la organización de la administración del Estado central, y la posición que dentro del mismo ha de ocupar la institución que se encarga de la educación superior. Hay ministerios que parecen incuestionables, mientras que otros bailan al son que marcan los tiempos, o las culturas políticas y académicas que rezuman los problemas y demandas de la sociedad, y también los nuevos (o no tanto) proyectos públicos que se desea diseñar. Lo cierto es que junto a ministerios clásicos como el de Defensa o el de Justicia se mueven otros de ciclo más corto en la vida pública, como es el caso que nos ocupa, el de Educación, y que afecta de lleno a la universidad como institución, a las 80 universidades españolas, públicas y privadas . El nuevo presidente del gobierno del PSOE, Pedro Sánchez, ha decidido junto con su equipo, que en la nueva propuesta remodelación de la alta administración del Estado, existan dos ministerios diferentes, uno para Educación y otro para Ciencia. Al frente de Educación (todo lo que en el sistema educativo no es estrictamente universidad e investigación) ha situado a la señora Isabel Celaá, mientras que para Universidad, Ciencia y Tecnología ha pensado en Pedro Duque, físico y astronauta. Nada de especial que objetar a ninguno de los dos nuevos ministros como personas Publicidade
cualificadas para el ejercicio de esas funciones. La trayectoria administrativa específica de lo relativo a la Educación en España, en su más elevado grado, tiene su origen en la creación del Ministerio de Instrucción Pública y Bellas Artes en el año 1900. Este modelo se mantiene vigente hasta que el franquismo lo transforma en Ministerio de Educación Nacional en 1936, y así continúa hasta la reforma de 1970. En esos años finales del siglo XX España demanda atención sistemática a los asuntos de la investigación científica, y por primera vez se incluye el término Ciencia, para referirse a un Ministerio, por lo que desde 1970, y durante años, la denominación oficial es la de Ministerio de Educación y Ciencia. Había que impulsar una de las facetas de la universidad, como es la de la investigación y creación de ciencia, y tal modelo administrativo estaba justificado. Pero desde comienzos del siglo XXI, primero con gobiernos conservadores, se ha ido adoptando el criterio de separar Ciencia del Ministerio de Educación en la alta organización administrativa del estado. ¿Se trata de una pura distinción nominal? Pues sencillamente pensamos que no, pues creemos que ello responde a un determinado concepto de universidad, en el que se busca primar con decisión el apartado de producción de ciencia, y dejar a un lado lo que se refiere al interés por la formación de profesionales y ciudadanos cultos al más elevado nivel. La dimensión formativa de la universidad queda marginada o desdibujada.
De ahí que nos parezca un error seccionar la debida unidad que ha de tener un sistema educativo, pues la universidad debe ser considerada como una institución formativa, y no solo una fábrica o agencia productora de patentes y proyectos competitivos de investigación. Se trata, a nuestro parecer, de una decisión equivocada, que evita comprender el conjunto del sistema educativo como un todo, y en especial considera de forma indirecta que la universidad debe ocuparse poco, o nada, de la función educadora y formativa de sus integrantes. La universidad, se deduce de tal decisión y propuesta, ¡va a ocuparse de cosas importantes!, como la ciencia, la investigación, pero no tiene motivación para dedicarse a la formación de sus miembros, en especial de los estudiantes, que se ha convertido en un asunto secundario. Esta decisión administrativa del nuevo gobierno, de crear un Ministerio específico de Ciencia y Tecnología separado del Ministerio de Educación, no resulta casual, pensamos nosotros, pues se inserta de manera plena en la cultura académica de la mayoría de los profesores universitarios, que buscan apartarse todo lo que pueden del “odioso” cargo de la docencia (es frecuente hablar de carga docente entre os profesores), pues dicen que la atención adecuada sus estudiantes les ocasiona una significativa pérdida de oportunidades en su producción científica, en forma de proyectos y artículos de investigación altamente competitivos.
Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt
¡Lamentable obscenidad intelectual, social y universitaria! En efecto, es la cultura académica mayoritaria de nuestro tiempo en las universidades de todo el mundo, el produtivismo deshumanizado, impuesta desde el canon anglosajón de la ciencia y de la universidad en las últimas décadas. Pero ello no significa que debamos acomodarnos acríticamente, sin más, sin combatir tal modelo de universidad impuesta y ajena a muchas tradiciones humanistas de raíz europea. Lo que simplemente no nos gusta es que un gobierno progresista y de izquierda, o que dice que se va encaminar en esa dirección, haya adoptado una decisión adinistrativa de tan profundo calado, con inevitables proyecciones para millones de ciudadanos españoles, que como poco sea discutible. Deberán explicarlo en algún momento, como corresponde. Nuestra universidad merece y requiere un giro, pero no precisamente desde la onda en que ha sido situada ahora con esta decisión administrativa tan importante.K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es
Castelo Branco: Tiago Carvalho Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Designers André Antunes Carine Pires Guilherme Lemos Colaboradores: Agostinho Dias, Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Reis, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Artur Jorge, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Ribeiro, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Mota Saraiva, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Hugo Rafael, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Carlos Moura, José Carlos Reis, José Furtado, José Felgueiras, José Júlio Cruz, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Lídia Barata, Luís Biscaia, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Estatuto editorial em www.ensino.eu Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Assinantes: 15 Euros/Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco
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MEDICINA DAS LETRAS
O médico, o político e o cidadão 7 A eutanásia é dos temas fracturantes da atual sociedade mundial. Ainda não usamos e desenvolvemos o testamento vital e já queremos chegar mais longe. Parecemos miúdos que estão a comer um rebuçado e já estão a pensar comer o gelado. Na minha opinião e como matéria de consciência de cada um, a cada um deveria ser perguntado o que pensam sobre o tema, haver referendo e não serem os atuais deputados a de-
cidirem por nós tanto mais que não foram eleitos para isso, o tema não foi debatido em anterior eleição para a Assembleia da República. Como médico e no seguimento das opiniões de todos os anteriores bastonários, o meu pensamento é Não. O médico não diminui o tempo de vida. Com que idade se poderia fazer a eutanásia? Aos 16 anos quando pedida pelo próprio, em qualquer idade quando pedido pelo tutor
ou pai? Deixa de se acreditar no milagre, na ciência? A eutanásia será assistida ou será activa? As pessoas devem ou não ser antes avaliadas por Psiquiatra e ter em seu poder prova irrefutável de que a doença não tem cura? Para o político até que nem tudo é mau. A velhice e a doença pesariam menos nos orçamentos do Ministério da Saúde. A morte violenta como é as pessoas suicidarem-se e que depois exige atuações das atividades judici-
árias com autópsias, processos, investigações e análises também ficaria diminuída nos custos. Para o Dr. António Costa com politicas economicistas de direita dá jeito fazer a vontade ao Bloco em dizer que é a favor. O PCP curiosamente e sem que ninguém perceba muito bem são a favor do aborto e contra a eutanásia. Os outros partidos têm mais medo de impor disciplina de voto Como cidadão e antes de darmos resposta ao Sim ou
Não é preciso perguntarmos a nós próprios e em consciência se o faríamos numa situação de doença grave ou outra qualquer. Quando nos questionamos e dizemos que o faríamos a nós próprios, então penso estar completamente à vontade para votar Sim, se não o fizesse a mim próprio como justifico que a lei deverá existir só para aqueles que a querem? K Miguel Resende _ Médico
CASTELO BRANCO MODA 2018
EDIÇÕES RVJ
A escola foi à fábrica
Santos da Lousa e outras coisas
7 O desfile de moda Castelo Branco Moda 2018 promovido pela Câmara albicastrense, em parceria com o Instituto Politécnico de Castelo Branco, apresentou trabalhos dos alunos da Escola Superior de Artes Aplicada do IPCB e dos finalistas do concurso Portuguese Fashion News, organizado pela Selectiva Moda, uma associação que promove os salões internacionais de moda. A estes juntaram-se as propostas da Dielmar e o bordado de Castelo Branco, num desfile que contou com manequins profissionais. Fez-se moda no Museu dos Têxteis, em Cebolais de Cima. A foto-reportagem de José Ceia aqui fica. K
7 O livro “Os Santos da Lousa e outras coisas”, da autoria de José Teles Chaves, acaba de ser lançado. A obra, que tem a chancela da RVJ Editores, foi apresentada, a 20 de maio, no Núcleo Etnográfico da Lousa, pelo historiador e investigador António Catana. Com este trabalho, José Teles Chaves, natural da Lousa, presidente da Associação Lousarte, pretende “contribuir para a defesa do património cultural de uma comunidade, marcada por uma forte componente religiosa e profana”. José Chaves relata ainda a evolução do ensino primário na Lousa, a inspeção militar, a instalação da rede elétrica, passando ainda pela referência aos extintos Grupo Carnavalesco, Rancho Folclórico – Os Amigos do Folclore da Lousa, Grupo de Teatro e Agrupamento 1031 do Corpo Nacional de Escutas.
José Ceia H
O Livro contou com o apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco e da Comissão de Festas em louvor de Nossa Senhora dos Altos Céus do ano de 2016 e pode ser adquirido no Núcleo Etnográfico da Lousa ou através da Associação Lousarte. K
Os Dilemas da bicharada 7 “Os Dilemas da Bicharada” é um livro infantil, muito divertido, escrito por técnicas da Associação de Apoio à Criança do Distrito de Castelo Branco, e com desenhos originais dos próprios utentes. Trata-se de uma obra editada pela RVJ Editores, propriedade daquela instituição. João Benquerença, presidente da Associação, explica que o livro surgiu das problemáticas identificadas na população alvo, que são os utentes da Associação.
“Incapacidades versus limitações, cada um deu o seu contributo quer para a produção do texto, quer na escolha da sua ilustração”, refere. “Dilemas da Bicharada” pretende desmistificar, ajudar a compreender e aceitar as diferenças, apelando à inclusão social, dando voz através da escrita àqueles que nem sempre são ouvidos pela sociedade. Uma excelente obra que pode ser adquirida junto da Associação de Apoio à Criança. K
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ANTÓNIO TADEIA, JORNALISTA
«Esta seleção é melhor que a do Europeu» 6 O comentador dos jogos da equipa das quinas no canal público fala sobre as possibilidades da seleção de Fernando Santos no mundial da Rússia e aborda os escândalos que estão a abalar o futebol português. «Fernando Santos – Do sonho à vitória» foi o livro que lançou dias antes do início do mundial de futebol na Rússia. Há quanto tempo tinha em mente o projeto de fazer uma biografia do selecionador? O projeto foi proposto em final de fevereiro. E a aposta do livro teve a ver com a noção que eu fui cimentando com o tempo, que o jornalismo está num beco sem saída, em que as pessoas não estão preparadas para pagar por conteúdos, simplesmente porque acham que tudo é gratuito. O digital trouxe-lhes essa ilusão. Os projetos continuam a custar dinheiro em termos de produção, mas ninguém parece disposto a pagar. E este contexto leva a que, por vezes, o jornalismo e os jornalistas enveredem por caminhos menos recomendáveis. Perante isto, a opção mais digna pareceu-me a edição de um livro, até porque há a noção que ainda é razoável abrir os cordões à bolsa para adquirir um livro. O trabalho que os leitores têm nas mãos – que eu considero jornalismo sob a forma de livro – é, basicamente, uma reportagem alargada sobre aquilo que é a vida do Fernando Santos. E que é a sua estreia no âmbito da edição… Em nome individual, sim. Anteriormente tinha participado como co-autor na «Crónica de Ouro do futebol português», editado pelo Círculo de Leitores, há cerca de uma década. Como foi o trabalho de campo e de investigação que desenvolveu para traçar a biografia do homem e do profissional? Em traços gerais, a investigação baseou-se na leitura e pesquisa de jornais ao longo de várias décadas (desde o início da carreira do Fernando Santos, enquanto júnior no Benfica, em 1972, até aos tempos mais recentes) e entrevistas a seus ex-colegas e ex-jogadores. A lista inicial de entrevistados tinha mais de 200 pessoas, mas tendo em conta o tempo reduzido para a execução do trabalho consegui fazer mais de 50 entrevistas, grande parte delas presencialmente.
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quele país. O que nunca muda é o apreço dos presidentes que com ele trabalham, que normalmente ficam sempre a gostar dele e a reconhecer os seus méritos. Falemos agora do Mundial da Rússia, que começa dia 14 de junho. Fernando Santos vai repetir, em público, o que disse em 2016, que só voltará a Portugal a 15 de julho? Não creio que o faça.
Quais são os segredos da liderança de Fernando Santos? Estamos perante um melhor estratega ou um melhor gestor de egos? Houve quem me tivesse dito que ele é «bom treinador, mas é muito melhor homem.» Acho que ele é, sobretudo, um bom líder. Não é um génio da tática, nem o suprasumo da metodologia de treino, até porque tem nos seus colaboradores elementos com estas caraterísticas. E esta qualificação abrange desde Programação Neurolinguística, a liderança, etc. Inclusive a dimensão da fé que me parece muito importante. As pessoas – onde eu me incluo, porventura por não ser religioso – olham muito para a fé como algo relacionado com a crendice, mas neste caso é algo muito profundo. A fé tem sido determinante para os conjuntos treinados por Fernando Santos ultrapassarem obstáculos à partida intransponíveis? Esta fé tem que ver muito mais
com o acreditar em determinados objetivos do que simplesmente com a religião. É a tal capacidade de acreditar que ele consegue transmitir como ninguém às equipas que lidera. Esta crença foi determinante na conquista do campeonato da Europa, em 2016. A fé é fundamental para unir balneários. Mas quando o selecionador disse em Marcoussis que só regressaria a Portugal no último dia do europeu quantos é que acreditaram nas suas palavras? Eu estava nessa conferência de imprensa e achei de imediato que era um «mind game», uma prática que é muito seguida por José Mourinho. Muitas pessoas que entrevistei para o livro asseguraram-me que quando ele proferiu aquelas palavras estava profundamente convicto que Portugal chegaria à final. Fernando Santos é um treinador consensual no país inteiro? Ele não foge dos conflitos, mas
se puder, é o primeiro a tudo fazer para que os que estão no grupo dele os evitem. E essa estratégia é importante para levar avante as suas ideias. O seu percurso como treinador começa no Estoril, segue-se o Estrela da Amadora, Sporting, FC Porto, Benfica, PAOK, AEK, Panathinaikos, a seleção da Grécia e presentemente está na selecção portuguesa. Quais foram os seus pontos altos e baixos da carreira? Fernando Santos é um treinador com uma carreira muito estável. Ele faz de uma forma geral trabalhos muito sólidos e credíveis, mas nunca faz grandes arranques ou parangonas. Por exemplo, no FC Porto ficará para sempre associado à conquista do penta campeonato, mas a seguir perdeu dois campeonatos. O ponto alto foi, sem dúvida, a conquista do Euro 2016 com Portugal. Não esquecer que na Grécia também deixou grande cartel, tendo mesmo sido eleito o treinador da década na-
CARA DA NOTÍCIA O COMENTADOR DOS JOGOS DA SELEÇÃO 6 António Tadeia nasceu a 1 de março de 1970, em Coruche. «Fernando Santos – Do sonho à vitória», editado pela Oficina do Livro, é a sua primeira experiência no campo literário. Jornalista profissional desde 1988, passou por «A Capital», «Expresso», «Público», «Record» (onde chegou a diretor adjunto), «Correio da Manhã» e «O Jogo» (onde também foi diretor adjunto), quase sempre escrevendo sobre futebol. Internacionalmente, assinou colaborações nos prestigiados «The Guardian» e «L’Équipe». Foi comentador de futebol na SIC, RTP, TVI e na SportTV. Na rádio, colaborou com a Antena 1 e a TSF. Atualmente é jornalista free lancer e comentador dos jogos da seleção das quinas na RTP. No mundial da Rússia comentará no dia 15 o Portugal-Espanha, em Sochi. Entre 16 e 24 de Junho estará nos estúdios da RTP a acompanhar as transmissões que cabem ao canal público. Regressará à Russia no dia 24 para no dia seguinte, em Saransk, comentar o Portugal-Irão. Dependerá do desempenho da equipa de Fernando Santos o seu regresso à Rússia, no mês de julho. Tadeia e 10 milhões de portugueses ficam a torcer por isso. K
O que muda em termos de contexto para a seleção portuguesa de 2016 para 2018? A seleção atual é mais apta e é melhor do que a seleção do Europeu, mas não quer dizer que vai ganhar. Nestes certames importa muito o detalhe. Quero recordar que no europeu de França eliminámos a Croácia com um golo no último minuto do prolongamento, afastámos a Polónia no desempate por penalties, ganhámos na final e a França atirou uma bola ao poste minutos antes do remate vitorioso do Éder. Em suma, o facto de se ter melhor equipa não significa que se ganhe mais. Um Campeonato do Mundo com Brasil e Argentina, para além de outras seleções, é um fator de dificuldade acrescido? O Mundial é uma prova que é mais exigente do que o Europeu, não apenas por estarem Brasil e Argentina, mas também por disputar-se mais um jogo – caso se alcance a final – e o número de equipas em presença também ser maior. Os cruzamentos também são muito importantes. Se formos segundos do grupo, atrás da Espanha, e nos calhar o Uruguai, caso vença o grupo em que está a Rússia, defrontamos um osso duro de roer no primeiro jogo a eliminar, nos oitavos de final. A indefinição sobre o futuro de Cristiano Ronaldo vai influir na sua performance? Vi-o compenetrado, especialmente no jogo com a Argélia, pese embora não ter marcado. Ele é um jogador que precisa de marcar até para sentir que está a ser útil. Não creio que a indefinição sobre o seu futuro o condicione no campo. São jogadores profissionais, muito experientes, que estão focados num único objetivo e estou em crer que ele não se vai desviar. Isto é válido para ele e para os jogadores do Sporting – que, entretanto, apresentaram a sua carta de rescisão. Na sua bolsa de apostas quem
parte como favorito? Desde que me conheço, para os Campeonatos do Mundo o favorito é sempre a Alemanha. Mas há vários candidatos com condições para fazerem um bom campeonato: a Espanha é forte, a França tem uma super equipa, Portugal é uma equipa difícil de bater e estou em crer que a Inglaterra vai começar a aparecer. Sem esquecer os eternos candidatos: Brasil e Argentina. O Mundial inicia-se com o futebol português atolado em escândalos, suspeições e a eterna crise no Sporting. Como é que um país que é campeão europeu projeta uma imagem destas para o exterior? É partidário de uma intervenção política? Não, confesso que sou mais liberal do que se possa imaginar. Não acredito em censuras, mas acredito em ocupação de espaço. Estou-me nas tintas para aquilo que a UEFA ou a FIFA acham, mas preocupa-me o que o público português, potencial consumidor de futebol e de jornalismo sobre futebol, possa achar e afastar-se do produto. Isso sim, é preocupante. Mas as televisões exploram à exaustão estes temas… Eu percebo que as televisões sigam este «show off» permanente para alcançar audiências, mas estamos a assistir à réplica da teoria do «Big Brother» – o concurso, bem entendido – aplicada ao futebol. Parece que estamos sempre à espera que as pessoas se envolvam à pancada… E como é que ninguém faz nada para que isto pare? Eu não compreendo como é que as instâncias que mandam no futebol – ou seja, a FPF, a LPFP e os clubes – não ocupam o espaço. Alguém já procurou perguntar porque é que temos os comentadores engajados naqueles programas de TV? Temos porque os clubes continuam a esconder os verdadeiros protagonistas e a Liga e a Federação teimam em não promover o produto futebol, evitando criar produtos com os verdadeiros protagonistas deste desporto. Enquanto não se promover o produto, o espaço é ocupado por quem só quer destruir o produto. Para perceber um pouco melhor aquilo que lhe digo, vou exemplificar com o que se passou na investigação do meu livro: há mais de 50 entrevistas feitas e houve uma série de pessoas com quem não consegui falar… A começar pelo próprio selecionador nacional… Sim, porque a FPF não deu luz verde, só o faria se a biografia fosse autorizada, mas confesso que biografias dessas não são a minha praia – faço jornalismo, não faço propaganda. Não consegui falar com Pinto da Costa e Sérgio Conceição, que esteve com Fernando Santos na Grécia, porque do FC Porto não me deu autorização. Não consegui falar com Luís Filipe Vieira e com Rui Costa porque não tive resposta do Benfica. Não cheguei a pedir ao Sporting, mas provavelmente a resposta ou a falta dela seria a mesma. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
GENTE E LIVROS
Eduardo Lourenço 7 Eduardo Lourenço é um ensaísta, professor universitário, filósofo e intelectual português. Há mais de cinquenta anos com especial ressonância no pós-25 de Abril, que a sua voz marca o pensamento do país. Eduardo Lourenço nasceu a 29 de maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, Almeida. É o mais velho dos sete filhos de Abílio de Faria, capitão de Infantaria, e de Maria de Jesus Lourenço. Mudou-se para a Guarda (onde existe hoje uma biblioteca com o seu nome) em 1932 e ingressou no Colégio Militar em 1934, um ano depois de o pai partir para Nampula, em Moçambique. É enquanto estudante na Universidade de Coimbra, em 1940, que encontra um ambiente propício à reflexão cultural que sempre haveria de prosseguir. Depois de concluir o curso em Ciências HistóricoFilosóficas, foi professor entre 1947 e 1953 nessa mesma universidade. Lecionou, mais tarde, em várias universidades estrangeiras, como a da Baía, no Brasil, e nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, Grenoble e Nice. Fixando residência
site oficial H
em Vence, lecionou, até à sua jubilação, na Universidade de Nice. De acordo com o Centro de Estudos Ibéricos, a abordagem crítica da realidade que caracteriza Eduardo Lourenço, “inicialmente inspirada pelo neo-realismo, aproximou-se depois do existencialismo, por contacto com a obra de pensadores franceses. Não se deixou, no entanto, condicionar por estas
influências, filtrando e analisando as motivações menos evidentes no comportamento dos portugueses como povo. A produção ensaística de Eduardo Lourenço, abrangendo diversas áreas, da literatura e da arte aos acontecimentos políticos contemporâneos, tornou-se um fenómeno singular na cultura portuguesa, orientada por uma constante argumentação personalista”. A obra de Eduardo Lourenço tem sido também “permeada pela literatura, levando-o a escrever sobre escritores portugueses, como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Jorge de Sena e José Saramago, entre outros, voltando a temas políticos quando a realidade o motiva a tal, como no caso da integração de Portugal na Europa”. Em 1996, o ensaísta recebe o Prémio Camões e, em 2011, o Prémio Pessoa. Intérprete maior das questões da cultura portuguesa e universal, Eduardo Lourenço é tido como um dos mais prestigiados intelectuais europeus. K Tiago Carvalho _
EDIÇÕES
Novidades Literárias
7 D.QUIXOTE. Jogos de Raiva, de Rodrigo Guedes de Carvalho. Um homem levanta a voz acima da algazarra de conversas. E pede que ponham mais alto o som do televisor do restaurante. É então que todos reparam no que ele vê. Não percebem ou não acreditam. E na rua, no bairro, na cidade, no país, homens, mulheres e crianças vãose calando. Está por todo o lado, a imagem horrível e hipnotizante. O homem que pediu silêncio leva as mãos à cara e pensa: como chegámos aqui? A era da comunicação global trouxe inimagináveis maravilhas. Partilhas imediatas de ensinamentos, denúncias e solidariedades. Mas permitiu também que saísse das cavernas uma realidade abjecta. Insultos, ameaças, ironias maldosas. É sobre este pano de fundo que se conta a história de uma família.
CASA DAS LETRAS. Praça do Rossio, N.º 59, de Jeannine Johnson Maia. Lisboa, abril de 1941. Em apenas nove dias, as vidas de uma mulher e de um homem mudarão para sempre. Vinda de Marselha, Claire, uma franco-americana de 17 anos, desembarca do comboio na estação do Rossio, em Lisboa. À chegada, o seu caminho cruza-se – de maneira pouco agradável – com o de um jovem empregado do café Chave d’Ouro. Desenhador (e carteirista) nos tempos livres, António testemunha em primeira mão e tira partido dos conluios entre os espiões que se passeiam livremente pela capital portuguesa. Numa cidade repleta de espiões, intrigas e traição, as suas vidas vão cruzar-se enquanto investigam desaparecimentos relacionados com um objeto que os nazis procuram em Lisboa.
D.QUIXOTE. Sangue na Neve, de Jo Nesbø. Olav é um assassino contratado, mas tem uma vida solitária e tranquila. Quando o que se faz na vida é matar o próximo, não é fácil fazer amigos, mas sem ninguém a quem se afeiçoar ou prestar contas, os dias também decorrem sem problemas. Só que o quotidiano de Olav complica-se ao conhecer a mulher dos seus sonhos. Apaixonar-se por alguém já é por si só uma situação desafiante, mas há duas outras particularidades que fazem desta mulher um vendaval na sua rotina: é casada com o seu chefe. E este acaba de o contratar para a matar. Como é que Olav irá gerir a situação? K
EDIÇÕES RVJ EDITORES
A árvore da vida 7 Maria Leitão Barreto, aluna da USALBI - Universidade Sénior Albicastrense, acaba de apresentar o seu livro de poesia “A Árvore da Vida”. Com edição da RVJ Editores, o livro abre, segundo a docente e investigadora Maria de Lurdes Barata, “uma janela da descoberta de sentido nas temáticas que a escrita de Maria Cabaça Leitão Barreto abrange – a vida cresce e desenvolve-se como uma árvore que ganha
ramos, folhas e frutos ao longo dos anos”. Maria de Lurdes Barata explica que nesta obra, que surgiu com os apoios da autarquia albicastrense e da USALBI, “estamos perante uma autora que fala de si mesma, ultrapassando-se num posicionamento com os outros, registando-se num tempo e em lugares de vivência”. Maria Leitão Barreto dedica o livro aos filhos, netos e bisnetos, numa forte relação de afeto. K
JUNHO 2018 /// 027
PRESS DAS COISAS
PELA OBJETIVA DE J. VASCO
LAPA 3 Uma invenção portuguesa, a Lapa é um localizador Bluetooth que pode ser usando em objetos pessoais, como chaves, carteira ou smartphone, e até em crianças e animais de companhia, para que saiba sempre onde estão. A Lapa diz-lhe a que distância se encontra o objeto/pessoa e a sua última localização. Pode ainda configurar alertas para caso deixe algo para trás ou mesmo fazer com que o smartphone ou a própria Lapa emita um sinal sonoro e vibre para encontrá-los. K
ARCTIC MONKEYS «TRANQUILITY BASE HOTEL + CASINO» 3 Os Arctic Monkeys estão de volta aos álbuns com «Tranquility Base Hotel + Casino», cinco anos após o aclamado «AM». Disco entre o noir e o psicadélico com melodias inspiradas em batidas de hip-hop e r&b dos anos 90, o novo trabalho reflete a visão criativa cada vez mais abrangente de Alex Turner e companhia. K
Lisboa mistura 3 Voltaram as festas da cidade de Lisboa e com elas, de 7 a 10, o programa Lisboa Mistura. É a celebração da interculturalidade com vários artistas de renome em diversas áreas. Estivemos presentes nos espetáculos musicais onde aconpanhámos a DJ Cigarra, de São Paulo, Da Cruz, (na foto), do Brasil, mas há dez anos a viver na Suíça, os Metá Metá (que bom), brasileiros que em 2011 lançaram o seu primeiro álbum, os Nice Groove, de Portugal (batucada lusófona) e a lenda do funaná, Bitori, de Cabo Verde. As festas terminam dia 30 de junho, no seu lugar habitual, junto à Torre de Belém, com a presença de Gilberto Gil e Mayra Andrade, entre outr@s. K
PRAZERES DA BOA MESA
Grelhada de Lombinho de Porco e Legumes com Puré de Espargos Deixar cozer muito bem e juntar os espargos verdes escaldados. Quando estiver macio, triturar e passar pelo peneiro, de forma a eliminar possíveis fios (opcional) Deve ficar um puré espesso; caso seja necessário, levar ao lume para secar um pouco. Juntar os coentros picados. Retificar os temperos e servir de imediato.
3Receita para 4 pessoas Ingredientes para: 720g de Lombinho de Porco 100g de Courgette 100g de Beringela 100g de Tomatinhos Cacho 1 C. de Sopa de Orégãos secos 400g de Batatas 300g de Espargos Verdes 2 Gotas de Óleo Essencial de Alecrim AROMAS DO VALADO 2 C. de Sopa de Coentros frescos picados 25g de Alho (5 dentes de alho) 80g de Cebola (1 cebola pequena) 3 C de Sopa de Azeite 1 C. de Chá de Pimentão de La Vera Q.b. de Sal Q.b. de Pimenta Preta de Moinho 1 pé de Tomilho 1 Folha de Louro Q. b. de Água Preparação: Limpar e cortar o lombinho de porco e medalhões. Temperar com alho, sal, pimenta,
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Apoio: Alunos das aulas práticas de cozinha (IPCB/ESGIN) Sérgio Rodrigues e alunos de fotografia (IPCB/ESART) Helena Vinagre (Aromas do Valado)
Chef Mário Rui Ramos _ Chef Executivo Publicidade
tomilho, louro e pimentão. Cozer as batatas com pele e cortadas ao meio. Cortar legumes às rodelas e temperar com alho, sal, azeite, orégãos e o óleo essencial de alecrim. Grelhar os tomates, as batatas e os restantes legumes de modo a que fiquem marcados pela grelha. Grelhar os medalhões. Refogar alho e cebola no azeite.
BOCAS DO GALINHEIRO
Fado e Cinema 7 Na sua obra “Para uma História do Fado”, Rui Vieira Nery é claro quando afirma que “nestes alvores do século XXI, é inegável que ao longo dos últimos cinquenta anos o Fado foi adquirindo uma visibilidade crescente e uma presença marcante no conjunto da vida cultural portuguesa. Mesmo sem insistirmos demasiado no facto histórico de enorme carga simbólica que constituiu a admissão de Amália Rodrigues no Panteão Nacional, não pode haver dúvidas de que o Fado tem vindo a romper progressivamente, em particular desde o pós-guerra, todas as barreiras socio-culturais a que tradicionalmente estava sujeito: conquistou de uma vez por todas o território da poesia erudita, desde o património trovadoresco e renascentista à criação literária contemporânea; é uma presença frequente na programação das salas de espectáculo mais prestigiadas, dentro e fora do País; algumas das suas figuras mais emblemáticas converteram-se em verdadeiros ícones das artes do espectáculo portuguesas e em símbolos da respectiva modernidade estética; dialoga abertamente, em pé de plena igualdade, com outros géneros performativos poético-musicais, tanto populares como eruditos; é hoje uma das correntes em maior afirmação no âmbito de chamada ‘World Music’ internacional e no seio desta é cada vez mais olhado como uma matriz identitária do nosso País”. Este reconhecimento do Fado, há muito que já estava no cinema. A atracção, não só pela música, mas pelos seus ícones, já vem da época do mudo, desde logo com “Fado”, de Maurice Mariaud (1923), não muito bem recebido pela crítica da altura, mais pelo facto de o realizador ser estrangeiro, para além de outros de que não restam cópias. Mas, para a história ficará “A Severa”, de Leitão de Barros (1931) que, como assinala Jorge Leitão Ramos no seu Dicionário do Cinema Português (1895-1961), é o primeiro
Histórias do Cinema H fonofilme português, apesar de anunciado como “falado e cantado”, mas que o autor classifica como filme de transição, o filme que deu oportunidade ao Fado de estrear o sonoro em Portugal, numa adaptação da peça de Júlio Dantas. E, no primeiro filme sonoro inteiramente produzido em Portugal, “A Canção de Lisboa”, de 1933, dirigido por Cottinelli Telmo, volta a ter o Fado como pano do fundo, com o “Fado do Estudante”, interpretado por Vasco Santana, que encarna o estudante Vasco Leitão, o Vasquinho da Anatomia, da boémia lisboeta, futuro doutor. Claro que serão incontornáveis os filmes com Amália Rodrigues. Como não podia deixar de ser. Mesmo não sendo obras-primas, são documentos que marcam a história da nossa música, a começar por “Capas Negras”, de Armando
de Miranda (1947), um enorme êxito na época, protagonizado por Amália e Alberto Ribeiro, uma história de amor, com muito fado e canções de Coimbra, a que se junta, obviamente, “Fado, História de uma Cantadeira”, de Perdigão Queiroga (1948), que nos conta a ascensão de uma promissora jovem ao estrelato e o abalo que causa no seu namorado, um modesto guitarrista, interpretado por Virgílio Ferreira, que, como não poderia deixar de ser, nos deixa um alargado repertório de fados magistralmente cantados por Amália. Filmes como “Sangue Toureiro”, de Augusto Fraga (1958), em que contracena com o matador Diamantino Viseu ou “Fado Corrido”, de Jorge Brum do Canto (1964), adaptado de um conto de David Mourão-Ferreira, ao lado do próprio realizador, em que aparecem já alguns fados
da famosa parceria de Amália com Alain Oulman. Mas outros fadistas protagonizam filmes cujo leitmotiv é o Fado. “O Miúdo da Bica” (1963), realizado por Constantino Esteves, que conta a história de Fernando Farinha, um fadista que na altura conhecia o seu momento alto, por seu lado em “Madragoa” (1952), de Perdigão Queiroga”, Deolinda Rodrigues e Ercília Rodrigues dão voz à banda sonora ambientada neste bairro da capital. Hermínia Silva, outra popular fadista, contemporânea de Amália, surge a interpretar belos fados numa série de filmes, como “Ribatejo”, 1949, de Henrique de Campos, “Aldeia da Roupa Branca”, 1939, de Chianca de Garcia ou “O Costa do Castelo” (1943), de Arthur Duarte. Mas, para além de portugueses, alguns realizadores estrangeiros se encantaram pelo Fado e o incluíram nos seus filmes, a começar por Henri Verneuil com “Os Amantes do Tejo” (1955), com fados interpretados por Amália Rodrigues, de Ray Milland “Lisbon” (1956), que aqui contracena com Maureeen O’Hara, em que o tema “Lisboa Antiga” é cantado por Anita Guerreiro ou Pierre Gaspard-Huit que em 1957 dirige “As Lavadeiras de Portugal”, com um fado cantado por Carlos Ramos. Vários documentários abordaram o tema do Fado e dos seus intérpretes, com destaque para “Fados” (2007), de Carlos Saura, uma sincera e honesta homenagem à canção nacional, prestando tributo a grandes intérpretes, com destaque para Amália e Alfredo Marceneiro, e que deu voz a fadistas contemporâneos, com destaque para Carlos do Carmo que deu voz ao Prémio Goya para Melhor Canção Original com o “Fado da Saudade”. Até à próxima e bons filmes! E, neste caso, boa música também!. K Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico
Luís Dinis da Rosa _
Máscara Ibérica 6 XIII Festival Internacional da Máscara Ibérica. Lisboa de 17 a 20 de Maio, com a participação de 30 grupos, representantes de quatro países, Portugal, Espanha, Brasil e Irlanda. Na foto os Mascarilla que No Me Conoces, de Rus, Anadaluzia, Espanha. K
Estagiários no Ensino Magazine, do curso profissional de fotografia da Escola Secundária Matias Aires - Cacém H
JUNHO 2018 /// 029
UNESCO
Escola Jardim do Monte 7 Após 20 anos de frustração e procura de sentido no rumo da Escola atual, encontrámos nos anos 80 a Pedagogia Waldorf que se tornou a Casa Pedagógica que albergou os nossos sonhos e tentativas goradas de mudança nas escolas onde trabalhámos. Ainda assim, não as abandonámos de imediato, tendo ainda implementado um programa de formação contínua através do Projeto Aprender a Aprender que durante 15 anos levou a centenas de professores e indiretamente a milhares de alunos os fundamentos da Pedagogia Waldorf, que lhes permitiam adequar práticas pedagógicas às necessidades próprias de cada nível etário. Em 1999 fundámos a HARPA – Associação Recriar para Aprender – para continuar esse trabalho na sua sede, perto de Alhandra. Em breve os jovens pais que connosco trabalhavam pediram que criássemos um espaço onde os seus filhos pudessem viver plenamente a Infância. Assim abrimos um jardim de infância Waldorf que naturalmente evoluiu para a escola logo que as crianças atingiram a idade escolar. Nascera assim a Escola do Jardim do Monte, situada numa quinta biodinâmica, que, no seu espaço, nos oferece a floresta, a horta, o pomar, o cimo do monte e as suas encostas, a ribeira e todos os animais que a natureza protege, no decorrer das estações do ano. A escola cresceu e hoje temos alunos até ao 9º ano, ou seja, temos o privilégio de acompanhar crianças e jovens da infância à adolescência, ajudando-os na descoberta de quem são e daquilo que
trazem e que anseiam revelar ao mundo, através do currículo Waldorf: em cada área e dentro de cada conteúdo os alunos encontram o alimento que necessitam para realizar o seu processo de crescimento numa visão de desenvolvimento integral. Rodeados pelo grande mestre que é a Natureza, o percurso de ensino-aprendizagem parte do conhecimento da Terra, da forma como os homens a povoaram até ao conhecimento do próprio Homem. Através de uma metodologia ativa, o aluno deve ter acesso à observação direta da fonte de conhecimento no seu contex-
to natural, que lhe permita vivenciar um processo de descoberta e compreensão dos fenómenos que, trabalhados depois na sala de aula, permitem, partindo dos registos individuais que cada aluno elabora, chegar aos conceitos que fundamentam o conhecimento numa perspetiva de futuro: abertos a um enriquecimento progressivo ao longo da vida, graças a um pensamento criativo e autónomo que os cadernos/manuais testemunham. Todo o processo tem uma vertente artística, como forma de compreender a essencialidade dos fenómenos: a pintura em aguarela na Botânica, a modelagem
com barro na Zoologia, o desenho na Mineralogia, os projetos a 3 dimensões na Geografia para finalmente na Biologia penetrar no espaço assombroso do corpo humano na sua relação com tudo o resto. Nos diferentes espaços da quinta, tornada num laboratório vivo, realizam-se experiências para compreender as leis que gerem a existência da terra e sustentam todas as suas formas de vida. Através das Artes Manuais os alunos recriam o percurso humano dos primeiros artefactos até a tecnologia atual, explorando a criatividade implícita na potencialidade da mão humana. No âmbito da Geografia recriam as diferentes formas de habitação até ao aparecimento da urbe, experimentam a evolução da resposta a necessidades diárias até ao contacto direto com diferentes profissões e atividades. Ouvem lendas, mitologias e estórias de diferentes culturas para poderem compreender depois o sentido dos factos da história humana em História. A Música acompanha a evolução das épocas culturais que se estudam ao longo do percurso escolar, através do qual pretendemos que os nossos alunos aprendam a Fazer para Conhecer, aprendam a Estar com os outros para vir a Ser cidadãos do mundo, capazes de procurar a Verdade, amar o Belo, atuar para o Bem do futuro da humanidade, com criatividade e respeito pela Vida. K Leonor Malik _ Coordenadora do projeto UNESCO Escola Jardim do Monte
NOVIDADES NOVO TOYOTA AYGO DISPONÍVEL EM SETEMBRO 3 Com um design arrojado e um conjunto vasto de personalizações possíveis, a Toyota descreve o AYGO como o citadino ideal para o dia-a-dia na cidade. O AYGO de 2018 surge profundamente renovado mas mantém a filosofia divertida e urbana do modelo lançado inicialmente em 2005, para atrair jovens clientes urbanos. O novo AYGO pode ser personalizado mediante o gosto pessoal do cliente e chega ao mercado português em setembro, a partir de 11 295 euros. K
SUZUKI GSX-125 JÁ DISPONÍVEL 3 A Suzuki lançou a nova gama de motas de baixa cilindrada com 125cc. Um dos destaques foi a nova GSX-125, uma mota utilitária que tem como público alvo os motociclistas jovens ou iniciantes que necessitem de uma moto fácil e confortável. A mota apresenta uma base sólida e equilibrada em ciclística e motor monocilíndrico. O quadro dupla trave é fabricado em alumínio e o depósito é de 11 litros. A oferta da Suzuki começa nos 3 999 euros. K
030 /// JUNHO 2018
DACIA DOKKER GANHA VERSÃO DE PASSAGEIROS 3 A gama Dokker da Dacia acaba de apresentar uma nova versão, denominada de versão de passageiros e dirigida a quem procura um automóvel polivalente, que se adapta a todas as necessidades, sejam elas de lazer ou profissionais. A marca elege como principais trunfos a versatilidade, espaço, conforto e o preço, a partir de 12 100 euros. O novo Dacia Dokker é comercializado nas versões Essential, Comfort e Stepway e com motorizações a gasolina, TCe 115 ou a diesel com o dCi 90. K
PROJETO U-BIKE
Leiria entrega 100 bicicletas 6 As primeiras 100 bicicletas do projeto U-Bike do Politécnico de Leiria foram entregues em Leiria e na Marinha Grande. As sessões de entrega, que contaram com a presença do Secretário de Estado Adjunto e do Ambien-
te, José Mendes, decorreram em Leiria, Marinha Grande, Caldas da Rainha e Peniche. Aos utilizadores selecionados foi atribuída uma bicicleta elétrica que ficará ao seu dispor por um período até seis meses, sendo que
cada utilizador deve cumprir os objetivos mensais de quilómetros percorridos, e garantir uma utilização responsável do veículo. Associando-se à operação U-Bike, o Politécnico de Leiria pretende contribuir
para a alteração de comportamentos, no sentido de favorecer a redução do transporte individual motorizado na comunidade académica e tornar mais atrativos os seus campi, promovendo a mobilidade amiga do ambiente. K
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LEIRIA
Nuno Mangas premiado 6 A Câmara de Leiria distinguiu, no Dia do Município, o ex-presidente do Instituto Politécnico de Leiria, Nuno Mangas. A autarquia procurou assim reconhecer o trabalho desenvolvido por aquele responsável, que durante oito anos esteve à frente dos destinos do IPLei-
ria. Na mesma sessão foram ainda distinguidas outras personalidades como Hélder Roque, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospital de Leiria, tendo sido atribuídas medalhas aos funcionários do município com mais de 25 anos no ativo. K
DESPORTO
IPL distingue atletas 6 O Politécnico de Leiria premiou este mês os seus melhores atletas. No presente ano letivo, foram quase 600 aqueles que representaram o Politécnico de Leiria em mais de 20 modalidades desportivas.
O atletismo foi distinguido como a modalidade do ano. Wilson Martins e Joana Espinha foram os atletas premiados como os melhores de 2017/2018, enquanto entre os treinadores, a distinção foi para Ana Lúcia Correia. K
ESECB
Academia em Sevilha 6 Vários docentes e alunos da Escola Superior de Educação do IPCB, participaram no IV Congreso Internacional de Optimización del Entrenamiento y Readaptación Físico-Deportiva, realizado na sede da Funda-
ción San Pablo CEU Andalucia, em Sevilla, de 25 e 26 de maio. Em nota de imprensa, o IPCB explica que a organização aceitou duas comunicações para serem apresentadas como pósteres. K
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CARREIRA DOCENTE
Ministro recua na progressão 6 O ministro da Educação retirou a proposta de contabilizar cerca de dois anos para progressão na carreira docente, após não ter chegado a acordo com os sindicatos que exigiam nove anos de contagem. Em causa está o tempo em que a progressão das carreiras foi suspensa, uma medida que afeta milhares de docentes em todo o país. Tiago Brandão Rodrigues disse, no dia 4 de junho, que não havendo acordo com os sindicatos face ao tempo a contabilizar para a progressão na carreira docente, tudo vai ficar como estava. Significa isto que a proposta de contagem de dois anos dos cerca de nove em que a progressão esteve suspensa, foi tirada de cima da mesa das negociações pelo Ministério. O ministro disse isso mesmo, ao fim da ronda de reuniões com os diferentes sindicatos: a falta de acordo “significa ficar tudo como estava”. Desta forma os professores não vão ver contabilizados para efeitos de progressão na carreira nem os nove anos, quatro meses e dois dias que os sindicatos reclamam desde o início das negociações, nem os dois anos e nove meses propostos pelo Governo. “A partir do momento em que as organizações sindicais não avançaram e não deram Publicidade
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nenhum passo depois de o Governo ter dado um passo, não existem condições neste momento para se proceder a um acordo e irmos para a negociação formal”, considerou Tiago Brandão Rodrigues. Aos jornalistas, o ministro recusou a ideia de ter feito qualquer “ultimato aos sindicatos (…) Estou desapontado por não ter havido nenhuma aproximação, o que fez claramente com que neste momento o Governo entenda que não existem condições para que se possa chegar a um acordo nesta negociação”, disse. Como o Ensino Magazine havia referido, o Ministério da Educação não deu margem de manobra aos sindicatos no que respeita à contagem de tempo de serviço dos docentes. Em declarações à imprensa, e após uma reunião com a tutela, Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), considerou “uma chantagem” a forma como o ministro da Educação quis negociar. Durante o dia 4 de junho, e após ter reunido com o Tiago Brandão Rodrigues, Mário Nogueira referia que o ministro apresentara aos professores apenas duas hipóteses: ou os sindicatos aceitam a proposta da tutela - menos de três anos - ou terminam as negociações sobre esta
matéria sem recuperação de qualquer tempo serviço. De acordo com Mário Nogueira, Tiago Brandão Rodrigues terá dito aos representantes da Fenprof “que se os sindicatos não aceitarem apagar 70% do tempo de serviço e aproveitar do tempo Publicidade
congelado apenas dois anos, nove meses e 18 dias então, a partir de agora, a proposta do Governo desaparece e apaga-se o tempo todo”. Foi o que aconteceu ainda no dia 4 de junho. Perante estes factos, a Fenprof contactou outras es-
truturas sindicais, entre as quais a Federação Nacional da Educação, tendo chegado a acordo para manter a greve às avaliações a partir do dia 18, cujo pré-aviso de greve já foi entregue. A Lusa adianta também que “as estruturas sindicais
acordaram ainda a hipótese de os professores poderem avançar para uma greve aos exames nacionais assim como às aulas que ainda estão a decorrer até ao final do ano letivo e a tarefas burocráticas, como o lançamento de notas”. K