maio 2016 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XIX K No219 Assinatura anual: 15 euros
ensino jovem Autorizado a circular em invólucro fechado de plástico. Autorização nº DE01482012SNC/GSCCS
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presidente de cabo verde em portugal
Política de vistos deve ser revista
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Joaquim Mourato recebe medalha de ouro C P 9 politécnico
Ministro lança desafio em Leiria C P 10 pub
Ramalho Eanes quer secundário de qualidade Perante centenas de alunos, o antigo presidente da República Portuguesa, foi claro na defesa de um ensino secundário de qualidade. p3
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quim barreiros
O mestre da música popular www.quimbarreiros.pt H
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Manuel Heitor e os desafios de Évora
antigo presidente da república
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O Presidente da República de Cabo Verde visitou os politécnicos da Guarda e de Castelo Branco. As duas instituições já acolhem alunos daquele país, mas pretendem que a política de vistos para entrada de mais estudantes seja revista. CP5
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Distribuição Gratuita
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40 anos das primeiras eleições presidenciais democráticas
Ramalho Eanes quer Secundário de qualidade 6 Ramalho Eanes diz não aceitar nem tolerar que o ensino secundário não seja de qualidade. Perante centenas de alunos das escolas de Castelo Branco, o antigo presidente da República Portuguesa, o primeiro Chefe de Estado eleito em eleições democráticas foi claro e objetivo nas respostas aos estudantes. Durante um encontro, realizado em Castelo Branco, no passado dia 16, que assinalou o início das comemorações dos 40 anos das primeiras eleições presidenciais democráticas no nosso país, Ramalho Eanes foi o grande homenageado numa sessão onde a liberdade de expressão esteve sempre presente e que permitiu ao antigo Chefe de Estado voltar ao seu concelho (é natural de Alcains e viveu grande parte da sua juventude em Castelo Branco), como referiu o presidente do município albicastrense, Luís Correia. O debate foi lançado depois da projeção de um filme sobre as primeiras eleições presidenciais democráticas. Quando o tema educação veio a terreiro, Ramalho Eanes lembrou que o país “só pode avançar com educação, com universidades (ensino superior) e com uma escola secundária que se assuma de verdade. Não aceito, nem tolero que o ensino secundário não seja de qualidade e que não se respeitem os professores”. Perante uma plateia que encheu por completo o Cine Teatro Avenida, Ramalho Eanes, participou num encontro aberto, promovido pela Presidência da República em parceria com a câmara albicastrense, que reuniu ainda o atual Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, o constitucionalista Jorge Miranda, o jornalista Joaquim Letria, o presidente da Câmara, Luís Correia, deputados, centenas de alunos do terceiro ciclo do ensino básico e secundário e muito público. “Na educação não tem que haver confrontos irreversíveis”, acrescentou numa manhã dedicada à democracia em Portugal, onde os mais novos tiveram oportunidade de colocar questões a quem teve um papel importante na conquista da liberdade. Também Marcelo Rebelo de Sousa respondeu no mesmo sentido: “há domínios como a educação em que vale a pena as pessoas conhecerem-se, e muitas vezes não se conhecem porque não falam entre si. Não é possível conhecerem-se não se falando. O falar e o conhecer é meio caminho andado para as pessoas se entenderem”. As perguntas e as respostas sucediamse. Quando confrontado com a questão da escola pública ou privada e da possibilidade dos alunos do ensino privado conseguirem melhores médias de acesso ao ensino superior, Ramalho Eanes lembrou
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que “o Estado tem a obrigação de garantir que os cidadãos usufruam de serviços de qualidade, mas não tem de ser o prestador de todos os serviços: tem de ser o regulador, o controlador, e garantir que todos tenham oportunidades iguais. Andar numa escola pública ou privada deve tornar-se igual. Se o Estado paga, contro-
la e avalia, a qualidade deve ser igual no público e no privado”. -”E 40 anos depois, pode dizer-se que a democracia valeu a pena?”, perguntou um jovem aluno a Ramalho Eanes. -”Só pela liberdade conquistada e devolvida aos portugueses valeu a pena. Portugal criou num curto período aqui-
Momento histórico 6 Marcelo Rebelo de Sousa, na sua intervenção inicial, destacou a importância dos 40 anos das primeiras eleições presidenciais em democracia, num ciclo de iniciativas que começou em Castelo Branco e que irá a outros locais do país, com a perspetiva de envolver os jovens alunos. “Este é um encontro singular que está virado para o futuro, pois os jovens que nele participam, são mais futuro que nós próprios. Portanto, a democracia está nas vossas mãos. Ela constrói-se todos os dias. Hoje é um dia de construção da democracia”, disse no seu discurso inicial. O facto de ser Castelo Branco ser a cidade escolhida para o início das comemorações também foi referido por Marcelo Rebelo de Sousa. “Começámos onde era natural começar. Por isso, este momento é duplamente histórico. É um ciclo que se
inicia em Castelo Branco. É o reconhecimento das raízes e o presidente Ramalho Eanes tem as suas raízes aqui. É uma honra e um prazer estar, aqui como aluno na primeira fila, como em 1976 o fui, para ouvir o testemunho do Presidente Eanes em diálogo com o professor Jorge Miranda”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. Já depois do debate com alunos das escolas da cidade, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a reafirmar a importância do encontro realizado em Castelo Branco. “Esta foi uma oportunidade única, poder ouvir um dos pais da democracia portuguesa. Não há muitos países em que um Presidente da República atual e o que exerceu essas funções há 40 anos, se reúnam num encontro com jovens. E isto é um sinal que a democracia portuguesa tem um balanço mais positivo que negativo”. K
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lo que a Europa demorou dezenas de anos a construir”, começou por responder acrescentando que com a liberdade e a democracia conseguiu-se também a libertação da mulher, que tem hoje um estatuto igual ao do homem”. Por outro lado, disse, “o país modernizou-se. Tem boas vias de comunicação, universidades competitivas. O país sofreu uma transformação radical. Criámos um estado de direito, mas também social”. Mas Ramalho Eanes foi mais longe: “a democracia é um processo que está em evolução. Melhora quando a constituição é boa, quando as leis são eficazes e quando todos os portugueses exercem uma participação ativa. Não podemos entregar a vida política apenas aos políticos”. Da plateia veio outra questão de um estudante, agora sobre a revisão constitucional. “É preciso mudar a constituição?”, perguntou. Jorge Miranda, constitucionalista, e um dos autores da atual Constituição da República Portuguesa, não vê necessidade de mudança. “Só desde 1976 é que temos tido paz e liberdade. Na Primeira República houve liberdade, mas não houve paz. Mais tarde houve paz, mas não houve liberdade. No período seguinte, nem houve paz, nem houve liberdade”, explicou. Para Jorge Miranda “o problema do país não é a constituição. Há coisas bem mais importantes para fazer, por exemplo na coesão territorial, na saúde, na educação ou no papel que Portugal deve ter para com os estudantes”. O professor universitário criticou também a colonização do inglês que o nosso país tem sofrido. “Faz-me confusão, os termos em inglês que muitas vezes se utilizam. Devemos ter orgulho em sermos portugueses”, acrescentou. A abstenção também foi tema de conversa, através de outra questão colocada da plateia. Jorge Miranda desmistificou: “não pode haver 9,5 milhões de eleitores num país de 10 milhões, os níveis de abstenção não são verdadeiros”, disse, mostrando-se defensor a informatização de todo o sistema eleitoral. “Há uns anos, eu e Marcelo Rebelo de Sousa, apresentámos um projeto de Código Eleitoral que previa a informatização total do sistema e nunca foi aprovado”, esclareceu. As duas horas e meia de debate passaram num abrir e fechar de olhos, num encontro que Marcelo Rebelo de Sousa considerou histórico em Portugal, e que também serviu para destacar o papel que Ramalho Eanes teve na instauração da democracia no nosso país. Uma democracia que deve ser valorizada e que continua a necessitar de ser estimulada. K
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Daniel Sampaio, psiquiatra
«É preciso ouvir e cooperar mais nas escolas» 6 Os jovens, a escola, a internet, a família e o país pelo olhar clínico do médico Daniel Sampaio, numa entrevista respondida por email.
de batalha do que de cooperação, onde campeia a indisciplina, professores frustrados, alunos provenientes de famílias estilhaçadas. Esta é a tempestade perfeita para um medíocre desempenho educativo?
O seu último livro, «Sala de Espera», é uma compilação de artigos publicados em 2014 e 2015 no jornal «Público» e na revista «2» do mesmo jornal, sobre temas que vão desde a escola, as perturbações mentais, os jovens e o álcool e a cidadania. É mais fácil escrever em momentos de crise e aperto do que em períodos de vacas gordas, como tivemos, por exemplo, no final da década de 90?
Que pessimismo! As escolas são dos poucos territórios seguros para os nossos jovens, mas onde é preciso ouvir mais e cooperar mais. Defende que a escola é a segunda casa dos alunos, que vai para além da mera transmissão concreta de conhecimentos. O que devem fazer os estabelecimentos escolares para cumprir outras funções socialmente relevantes para os alunos, indo para além de mero «armazém de crianças»?
Não. Há sempre temas a tratar, as circunstâncias exteriores apenas tornam uns assuntos mais prementes do que outros.
Ouvir, ouvir, ouvir todos. Vivemos numa era em que as pessoas experienciam distúrbios emocionais vários, desde depressões, fobias, ansiedades, etc. É um sinal dos tempos que corresponde à degradação da vida em sociedade, em especial nos grandes centros urbanos?
O que está a falhar na educação de muitos dos nossos jovens? Reside apenas na cultura do país o seu desinteresse por uma carreira escolar? Faltam apoios aos pais e aos professores.
Não creio que a vida em sociedade esteja mais degradada, aparecem apenas novos problemas. As doenças mentais graves (como a esquizofrenia e a perturbação bipolar) permanecem em números estáveis, o que aumenta em períodos de crise são as perturbações menos graves, como a depressão e a ansiedade.
O desmembramento e transformação de muitas famílias torna mais difícil o veicular de valores e o ato de disciplinar? Sem dúvida. Mas a disciplina só se constrói na relação entre todos.
Em 2015, venderam-se 11 milhões de embalagens de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, em Portugal. Pode falar-se em dependência e viciação crescente nos químicos? Admite que há um uso irracional, nomeadamente dos antidepressivos? Os antidepressivos não dão dependência, os ansiolíticos sim. Admito que, em certos casos, possa haver receitas exageradas por ausência de outros tipos de tratamento. Mas os medicamentos são essenciais nas doenças mentais graves. A Aliança Europeia Contra a Depressão, uma ONG, veio a terreiro defender que Portugal deixe de comparticipar tranquilizantes. Qual a sua opinião? São necessários mais estudos. Para já, são medicamentos baratos que é necessário receitar menos. O medicamento é uma cura ilusória, sendo muitas vezes uma alternativa fácil à psicoterapia, necessariamente mais dispendiosa e mais demorada. Pensa que tem prevalecido a lógica do «dar a cana, em vez de ensinar a pescar»? Não. Os medicamentos não são «cura ilusória» nos casos da depressão grave, ou da
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Li numa entrevista que deu à Anabela Mota Ribeira que cresceu numa família que o educou para não falhar. O seu irmão foi Presidente da República e o senhor é dos mais reputados na sua área de especialização. É esse legado que vai deixar aos seus sete netos? esquizofrenia, por exemplo. Salvam vidas! Mas necessitamos, sem dúvida, de aumentar a oferta de psicoterapias. Chefia o departamento de psiquiatria em Santa Maria, um hospital central da capital, onde certamente lhe passam muitos casos no âmbito mental e especialmente de suicídio. Como classificaria a estratégia de saúde mental existente em Portugal? Existe um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio que necessita ser mais posto em prática. O Dr. Google, como é chamado, faz com que muitos de nós procurem na internet o motivo para alguns dos sintomas de que padecem. Admite que as novas tecnologias estão a ajudar a construir uma sociedade mais virtual e alheada, onde o toque pessoal é residual? Não creio que a sociedade seja mais alheada. Estamos numa sociedade em mudança
onde é preciso cultivar o respeito e a compreensão do outro. Uma das questões tratadas no seu livro é: como proceder perante a utilização excessiva dos computadores, telemóveis e tablets pelos mais novos. Na sua opinião, proibir é proibido, impondo-se uma necessária moderação do consumo? Sim, em muitos jovens há abuso e utilização problemática da internet. Temos de prevenir desde muito cedo e moderar o consumo através de regras construídas em diálogo. Dá nome a um agrupamento de escolas na Margem Sul do Tejo. Como se sentiu com esse reconhecimento? Fiquei muito contente. Não vou lá muito, mas adoro lá ir, falar com alunos, professores e pais. As escolas são, por vezes, mais campos
Espero deixar um legado de coragem cívica e de respeito pelos outros. É público que o Sporting é uma das suas paixões. Foi inclusive vice-presidente da AG do clube de Alvalade. Não acha que os clubes estão um pouco como os portugueses: Endividados e à procura de rumo? Confia no presidente Bruno de Carvalho? Não gosto do fanatismao ligado ao futebol, mas adoro o jogo. Acho que o presidente Bruno de Carvalho, que sempre apoiei, tem feito excelente trabalho, depois do caos que herdou. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
Presidente de Cabo Verde em visita oficial
Educação precisa de menos burocracia e de mais ação 6 O presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, está empenhado em colaborar com as autoridades portuguesas no sentido de desburocratizar a atribuição de vistos aos estudantes cabo-verdianos que queiram estudar em Portugal, seja no ensino superior, no básico, secundário ou profissional. O Chefe de Estado daquele país africano afirmava isso ao Ensino Magazine, à margem da visita que fez em Castelo Branco. “Aquilo que poderei fazer fálo-ei. Mas o problema está relacionado com as autoridades portuguesas e com os vistos das entradas em Portugal. Nós percebemos que as exigências decorrem da integração de Portugal num espaço mais vasto, a União Europeia. Mas sempre com boa vontade, até porque Cabo Verde faz parte da CPLP e além disso tem um acordo de parceria especial com a União Europeia, faremos todos os possíveis para ultrapassar essas questões”. As declarações de Jorge Carlos Fonseca vêm ao encontro dos anseios das instituições de ensino portuguesas que querem reforçar a cooperação e o apoio a Cabo Verde. Isso mesmo ficou patente na visita que o Chefe de Estado africano fez ao nosso país, com particular destaque para as visitas aos politécnicos da Guarda, no dia 20, e de Castelo Branco, no dia 21, onde os presidentes dos respetivos politécnicos Carlos Maia (Castelo Branco) e Constantino Rei (Guarda), voltaram a solicitar a intervenção do Chefe de Estado Cabo-Verdiano para ultrapassar essa situação. “Todos temos que trabalhar para que os constrangimentos da vinda de estudantes sejam ultrapassados”, reforçou o Presidente de Cabo Verde, para quem a “cooperação entre os dois países pode ser feita a vários níveis, como a educação, formação profissional, cultura, desporto ou economia”. Na Guarda, o Chefe de Estado de Cabo Verde pôde ouvir palavras de cooperação por parte do presidente do Politécnico local, Constantino Rei. Na cidade mais alta de Portugal, Jorge Carlos Fonseca participou no VII Encontro de Estudantes Maienses em Portugal, que decorreu naquela localidade. Em Castelo Branco, Carlos Maia, presidente do IPCB que recentemente visitou aquele país africano, onde também foi recebido por Jorge Carlos Fonseca, voltou a mostrar total disponibilidade do politécnico albicastrense em colaborar com Cabo Verde. “Neste momento estudam no IPCB 62 alunos de Cabo Verde. Na visita que fiz ao seu país senti a vontade de muitos jovens virem estudar para aqui. Pelo que lhe pedia para desbloquear alguns constrangimentos so-
bretudo na atribuição de vistos e para que o sonho destes jovens possa ser concretizado. Estamos totalmente disponíveis para receber alunos de Cabo Verde, sobretudo estudantes do secundário. Hoje há muitos diplomados pelo IPCB que são altos quadros em Cabo Verde”, disse Carlos Maia. Aquele pedido já tinha sido feito, um dia antes na Guarda, onde Constantino Rei lembrou que o IPG tem “50 alunos de Cabo Verde nos vários ciclos de formação”. Ainda assim Constantino Rei aproveitou a oportunidade para apelar às entidades responsáveis que revejam “os critérios para a atribuição de vistos a estudantes” de Cabo Verde em Portugal. “Sentimos muitas dificuldades e muitas queixas”, justificou o presidente do IPG. O Presidente de Cabo Verde foi também recebido nos paços do concelho de Castelo Branco e da Guarda. No sábado, Luís Correia, autarca albicastrense, mostrou total “abertura da cidade, que tem muitos cabo-verdianos, para colaborar com Cabo Verde, ouvindo depois a proposta de Jorge Carlos Fonseca para que Castelo Branco se possa geminar com uma cidade daquele país. O Presidente de Cabo Verde ficou muito agradado com o que viu de Castelo Branco, 50 anos depois de ter estado na cidade albicastrense, quando ainda era um jovem estudante. Na Guarda, um dia antes, Jorge Carlos Fonseca, também ouviu disponibilidade de Álvaro Amaro. “Nós temos a consciência de que cooperando mais, envolvendo mais, as instituições, as pessoas, os órgãos de soberania, tenho a certeza que ganhamos não apenas escala, ganhamos não apenas dimensão, ganhamos não apenas convicção, mas ganhamos também algo de socialmente justo, mesmo que por vezes não seja economicamente rentável”, disse o autarca da Guarda. K
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Estudos nos rios Vez e Lima
UTAD controla cheias
6 Um grupo de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) acaba de desenvolver um modelo de redução de cheias, com base em bacias de retenção, com o objetivo de minimizar o seu impacto. O trabalho foi elaborado para a bacia hidrográfica do rio Vez, principal afluente do rio Lima, um dos mais problemáticos do País pela recorrência deste tipo de eventos. O local escolhido para este estudo faz parte das 22 regiões sujeitas a inundações do continente português, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente. Equacionaram-se vários locais para implantação de bacias de retenção, tendo sido critérios a proximidade aos locais de jusante, a densidade populacional e atividades humanas com implicações de poluição difusa ou pontual. “Os resultados mostraram que são necessários mecanismos de menor impacte para diminuir escoamentos superficiais, alicerçados em infraestruturas verdes, focadas para o aumento de retenção de água pe-
Engenharia e Design de Produto na UA
Microcarro para cidades los aquíferos, solo e ecossistemas aquáticos, em vez de obras de grande porte como barragens”, explica Luís Filipe Fernandes, investigador do Centro Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas da UTAD. As cheias urbanas são um problema mundial que afeta também Portugal. Já em 2016 ocorreram, de norte ao sul do país, vários eventos com elevados prejuízos materiais, causados por picos de cheias que, no caso do rio Vez, podem chegar
aos 550 m3/s com fluxos associados a uma topografia escarpada e a alta pluviosidade. Os investigadores indicam como solução um “extenso programa de reflorestamento para aumentar a evapotranspiração, reduzindo, consequentemente, o escoamento”, uma abordagem que passa pela descentralização do sistema de retenção em várias bacias mais pequenas “facilmente integradas na paisagem natural, com baixo impacto ambiental”. K
6 E01 é o nome de um microcarro desenhado na Universidade de Aveiro, com o objetivo de concorrer com os carros elétricos e valorizar a perceção dos microcarros. Com capacidade para quatro pessoas e preparado para ser produzido com o mínimo de material possível para o máximo de rigidez estrutural, o carro foi desenhado por Emanuel Oliveira, o estudante de design da UA, orientado pelos docentes Paulo Bago de Uva, do Departamento de Comunicação e Arte, e João Oliveira, do Departamento de Engenharia Mecânica, que quer trazer rapidamente o futuro para as estradas das cidades portuguesas. O veículo é o resultado da tese de mestrado em Engenharia e Design de Produto, um trabalho que valeu a Emanuel Oliveira um 19, e a grande novidade está na aposta na inovação estrutural do veículo. Nos métodos aplicados atualmente pela indústria automóvel, aponta o estudante, “a componente estrutural encontra-se absorvida por elementos que a disfarçam ou a ocultam e cuja complexidade de montagem se reflete nos custos de produção”. Com quase 2,5 metros de comprimento por 1,60 de altura, o E01 contraria a tendência dos carros
com estas dimensões que o mercado já tem à disposição e que são pautados, na generalidade, por formas bastante regulares e retilíneas. O microcarro tem uma grande versatilidade de uso pouco recorrente atualmente no mercado, em veículos com as mesmas dimensões. “Desde a possibilidade de transportar quatro pessoas ao rebatimento dos bancos traseiros, permitindo o aumento do espaço destinado ao acondicionamento de carga, todos os aspetos foram pensados para se criar um veículo de caráter utilitário urbano para utilizações em curtas e médias distâncias”, esclarece Emanuel Oliveira. K
depressão em doentes com fibromialgia
Coimbra estuda causas Os Professores João Monteiro, João Cardoso Rosas, Helena Sousa e José Augusto Pacheco
Para direção de Escola e Institutos
Quatro eleições no Minho 6 João Monteiro acaba de ser reconduzido no cargo de presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM). No triénio 2016/2019, terá como vice-presidentes António Correia, Rosa Vasconcelos e Guilherme Pereira. A tomada de posse decorreu a 13 de maio. Ainda no Minho, mas no Insti-
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tuto de Letras e Ciências Humanas, João Cardoso Rosas continua a liderar os destinos da instituição, tendo tomado posse a 11 de maio. Os vice-presidentes são Maria do Carmo Mendes, Mário Matos e Bernhard Sylla. No Instituto de Educação foi reeleito o presidente José Augusto
Pacheco, a 26 de abril, o qual tem como vice-presidentes Leonor Torres e Alexandra Gomes. Também a 26 de abril, Helena Sousa foi reconduzida na presidência do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Os vice-presidentes deste Instituto são José Meireles Batista, Teresa Ruão e Emília Araújo. K
6 Compreender as causas de certas pessoas com fibromialgia entrarem em depressão foi uma das questões de partida para o estudo intitulado ‘Trajetórias para a depressão na fibromialgia: o papel do pensamento repetitivo negativo e do afeto negativo’, realizado por uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, através da Clínica Reumatológica de Coimbra e do Serviço de Psicologia Médica. O estudo envolveu uma amostra de 103 mulheres diagnosticadas com fibromialgia, com idades compreendidas entre 18 e 65 anos de idade, recrutadas em várias
unidades de saúde. Os resultados obtidos na investigação mostram que “o impacto dos sintomas de fibromialgia no desenvolvimento de sintomatologia depressiva opera através do pensamento repetitivo negativo e do afeto negativo. Quer isto dizer que pessoas que apresentam mais sintomas de fibromialgia tendem a envolver-se em estratégias mal adaptativas como o pensamento repetitivo negativo (isto é preocupações e ruminações) numa tentativa de lidar com estes sintomas”, explica a primeira autora do trabalho, Ana Margarida Pinto. K
Ensino Superior
Ministro visita Évora
Universidade de Évora
Investimentos em Portugal 6 A Universidade de Évora promoveu, na sua Sala de Docentes, a apresentação da obra “Investimentos em Infraestruturas em Portugal”, da autoria de Alfredo Marvão Pereira (Departamento de Economia, The College of William and Mary, EUA). A iniciativa teve a apresentação de Carlos Zorrinho (Departamento de Gestão da UE, Eurodeputado) e a moderação de Luís Matias (Rádio Diana). O projeto recentemente con-
cluído pelo autor, para a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) sobre Investimentos em Infraestruturas em Portugal, inclui, em primeiro lugar uma nova base de dados sobre infraestruturas em Portugal - por tipo e por região NUTS II entre 1980 e 2011, que se pretende ser divulgada para uso pela comunidade académica e, em segundo lugar, uma primeira análise dos efeitos macroeconómicos destes investimentos. K
6 O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, visitou no dia 18 de maio a Universidade de Évora. Com o objetivo de identificar desafios e oportunidades concretamente na área da investigação, o Ministro e a Secretária de Estado, Maria Fernanda Rollo, tiveram oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelo Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM), a Cátedra de Energias Renováveis, bem como o Laboratório Hercules, infraestrutura de investigação interdisciplinar no âmbito da valorização do património cultural. Integrado no Open Day do Instituto de Investigação e Formação Avançada (IIFA), teve lugar no Auditório do Colégio do Espírito Santo da UÉ, uma sessão aberta entre a Academia e a equipa ministerial, no qual estiveram presentes os responsáveis e investigadores dos vários Centros de Investigação, alunos e funcionários docentes e
não docentes da UÉ, onde foram debatidas diversas questões, relativas às políticas de Investigação desenvolvimento e inovação, nomeadamente, o acesso aberto, emprego científico e a comunicação de ciência.
No final do dia, decorreu no Jardim do Granito (Colégio do Espírito Santo) uma Mostra de Ciência e Tecnologia, com representação de todos os Centros de Investigação e Cátedras da Universidade de Évora. K
UE cria
Cátedra em arquelogia
Atletismo e tiro com arco
Alunos de ouro e bronze 6 Rui Soares, aluno de Gestão da Universidade de Évora, alcançou a Medalha de Ouro no Campeonato Nacional Universitário de Atletismo, 5000m Pista ar livre, batendo também o Recorde Nacional Universitário com o tempo 15:16;85. O recorde anterior era de 15:20;59. A Prova decorreu no passado dia 7 de maio, no estádio Municipal de Leiria, Dr. Magalhães Pessoa, com apoio da Federação Aca-
démica de Desporto Universitário (FADU). Já no tiro com arco, a aluna de Bioquímica da Universidade de Évora, Joana Nascimento, alcançou a Medalha de Bronze no Campeonato Nacional Universitário de Tiro com Arco ao Ar Livre. Esta prova foi organizada no passado dia 15 de maio de 2016 pela Universidade Nova de Lisboa, na cidade das Caldas da Rainha. K
6 A investigação de qualidade deve ser transmitida “em linguagem de gente. O Museu é a grande divulgação”. São palavras de Cláudio Torres, fundador e diretor do Campo Arqueológico de Mértola (CAM), no âmbito da Cerimónia de criação da Cátedra de Ensino em Arqueologia Cláudio Torres, que teve lugar no dia 3 de maio, no Colégio do Espírito Santo, na Universidade de Évora (UE). Desconstruindo, no seu discurso, as não necessariamente coincidentes, em termos de resultados, historiografia escrita e historiografia arqueológica, Cláudio Torres destacou o papel fundamental e decisivo da UE, enquanto polo agregador e dinamizador do interior do país, ao promover a criação de redes e parcerias inter-institucionais na região. De facto “há toda uma geração de futuros investigadores, historiadores e arqueólogos que tem de ficar a trabalhar na sua região”. Espera, por isso, que “esta cátedra sirva para cimentar, justificar e para organizar estes que ficarem e os que vem a seguir.” A reputação assinalável do CAM no panorama da Arqueologia foi realçada por Ana Costa Freitas, Reitora da UE, considerandoo “uma estrutura sem paralelo e de reconhecida excelência, ao
qual estará sempre associado o nome de Cláudio Torres”, Doutor Honoris Causa da Universidade de Évora desde 2001. Renovando agora esse reconhecimento de forma consequente, a Cátedra Cláudio Torres reforça os Programas de Ensino em Arqueologia da UE e abre caminho à concretização de projetos conjuntos neste domínio, no âmbito do qual a UE faz investigação de ponta. Traz vantagens para ambas as partes, sobretudo a valorização da formação dos alunos, pois esta relação incrementa a ligação com o terreno, potenciando tanto o trabalho desenvolvido no âmbito do CAM,
como a qualidade da formação dos alunos da UE. Referindo-se a Cláudio Torres como “um nome incontornável quando se fala em Arqueologia”, Fernanda Rollo, Secretária de Estado da Ciência, encerrou a sessão, salientando o seu entusiasmo, criatividade e inconformismo como características associadas ao próprio processo científico “a ciência é isto, o conhecimento é isto, a cultura é isto”. Frisou, ainda, que “o encontro entre a Ciência e a Cultura é absolutamente determinante” e que “a Cátedra ora instituída, materializa esta articulação que se pretende aprofundar”. K
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Universidade Europeia revela
Meio século de rock em Portugal
Aluna do Minho faz estudo 6 O‘Rock in Portugal: Repercussões do género musical na juventude portuguesa (1960 vs. 2014)’ foi o mote para uma reflexão acerca das influências sociológicas deste género musical na sociedade portuguesa, um trabalho desenvolvido por Ana Cláudia Martins, na Universidade do Minho, que consistiu na sua dissertação de mestrado em Comunicação, Arte e Cultura. A autora realizou 26 entrevistas, primeiro com quem viveu o fenómeno nos anos 60 do século passado e que pertenceram ou ainda pertencem ao movimento. Falou também com outros protagonistas que tiveram alguma ligação ao rock, nomeadamente Tozé Brito (músico e produtor), Adolfo Luxúria Canibal e Miguel Pedro (ambos dos Mão Morta), Vítor Rua (GNR), Hélio Morais (Linda Martini), Nuno Calado e Álvaro Costa (radialistas), António Garcez (Roxigénio), José Castro (Petrus Castrus), Sérgio Castro (Tra-
balhadores do Comércio), José Serra (Aqui D’El Rock), Eduardo Morais (realizador), João Santos (produtor musical) e Victor Gomes (músico). Em termos de conclusão, a jovem socióloga declara que há hoje um rock diferente no visual, no profissionalismo, no ideal
e na atitude. O estudo realça que “a nível visual já não há correntes, casacos de couro ou cabelos compridos”. Sublinha que uma das caraterísticas atuais mais visíveis é o uso de t-shirts relativas às bandas de eleição, bem como outros adereços numa lógica de merchandising. K
Voluntariado é só para alguns 6 Os resultados de um estudo piloto sobre participação e envolvimento cívico dos portugueses inscritos em associações cívicas em 2015, mostram que há ainda um longo caminho a percorrer na sociedade portuguesa no que diz respeito ao envolvimento político e à participação cívica, de forma individual ou coletiva. Desenvolvido pela Universidade Europeia para a Plataforma de Associações da Sociedade Civil (PASC), com o apoio financeiro da Fundação Gulbenkian, o estudo revela, por exemplo, que a esmagadora maioria dos cidadãos em Portugal, membro de associações, (80,7%) nunca participou em qualquer iniciativa de voluntariado e nunca ou raramente trabalhou inserido num grupo para resolver um problema da comunidade onde vive. Por outro lado, 43 por cento nunca fez uma doação de bens embora mais de metade já tenha contribuído fi-
nanceiramente para diferentes associações. A pesquisa traça um cenário igualmente frágil relativamente à dimensão política dos cidadãos inscritos em associações em Portugal. A maioria da amostra refere que vota sempre ou frequentemente nos atos eleitorais (regionais, nacionais e europeias) mas que raramente contacta com representantes do Estado para expressar uma opinião ou discutir algum tema relevante para a comunidade. Para João Vieira da Cunha, responsável pelo Programa de Investigação da Universidade Europeia, estes resultados são preocupantes uma vez que retratam formas de estar de portugueses à partida mais sensíveis às causas cívicas. “Estamos a falar de uma amostra de pessoas que fazem parte de associações e mesmo assim o nível de envolvimento é muito baixo”, alertou. K
Maratona da Saúde
20 mil para investigadora do Algarve
Aveiro
Desporto vale bolsas
6 A Universidade de Aveiro vai atribuir bolsas de mérito aos estudantes que se destaquem no desporto e que tenham sucesso académico, bolsas essas que podem ir da isenção total ou parcial no pagamento de propinas até, caso o estudante participe nos Jogos Olímpicos, ao pagamento de uma bolsa de valor equivalente a 1,5 vezes o valor da propina nacional. O regulamento das bolsas de mérito desportivo agora aprovado pela academia de Aveiro abrange todos os estudantes que, estando inscritos a tempo integral e ten-
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do obtido aproveitamento escolar, consigam alcançar o pódio nas Universíadas, nos Campeonatos Mundiais Universitários ou nos Campeonatos Europeus Universitários. Em caso de medalhas nestas competições, os estudantes ficam isentos do pagamento da propina. Já nos Campeonatos Nacionais Universitários, os estudantes que alcancem o primeiro, o segundo ou o terceiro lugar receberão, respetivamente, uma bolsa no valor de 50, 30 ou 15 por cento do valor integral da propina. A participação nos Jogos Olím-
picos (com bolsa de valor equivalente a 1,5 vezes o valor da propina), em Campeonatos do Mundo (valor da propina) ou da Europa (80 por cento do valor da propina) ou a representação do país com as cores da seleção portuguesa (50 por cento do valor da propina) em competições oficiais vale também aos estudantes o reconhecimento pelo regulamento. Ser campeão nacional em alguma das modalidades federadas passa a significar que o estudante recebe 30 por cento do valor da propina. K
6 Leonor Faleiro, investigadora do Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve (CBMR), foi uma das vencedoras da II edição dos Prémios de Investigação Maratona da Saúde, entregues a 30 abril. Lançados pela Associação Maratona da Saúde, em parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), estes prémios visam promover a investigação científica portuguesa em diferentes áreas da biomedicina, atribuindo, na sua primeira edição, um prémio total de 100 mil euros dividido por quatro investigadores com projetos dedicados ao cancro. Com o lema ‘Juntos vamos vencer a Diabetes’, a II edição dos Prémios Maratona da Saúde angariou fundos para financiar, em 2016, investigações nesta área. Leonor Faleiro foi distinguida pelo trabalho desenvolvido na área da diabetes tipo 1, cuja incidência tem tido um aumento que dificilmente será explicado apenas pela
suscetibilidade genética. Para Leonor Faleiro, “este prémio significa o reconhecimento dos esforços feitos na identificação de microrganismos que podem influenciar o desenvolvimento e a manutenção do estado autoimune”. Recorde-se que já no ano passado Ana Teresa Maia e Pedro Castelo-Branco, investigadores do CBMR, foram dois dos vencedores da primeira edição destes Prémios, tendo recebido 50 mil euros com projetos de investigação na área oncológica. K
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Câmara distingue presidente do IPP
Mourato de ouro
ESAE
Acreditação máxima para cursos em Elvas
6 A Escola Superior Agrária de Elvas (ESAE) do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) viu recentemente os seus cursos serem avaliados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esta agência garante a qualidade do ensino superior em Portugal, através da avaliação e acreditação das instituições de ensino superior e dos seus ciclos de estudos, bem como no desempenho das funções inerentes à inserção de Portugal no sistema europeu de garantia da qualidade do ensino superior.
Deste modo, as licenciaturas em Agronomia, Equinicultura e mestrado em Agricultura Sustentável, obtiveram a acreditação por seis anos sem condições, o que corresponde à acreditação máxima, o que atesta a qualidade do ensino. A ESAE congratula-se com este resultado, agradecendo à comunidade académica e aos demais parceiros da comunidade envolvente que diariamente contribuem para o sucesso e qualidade das suas formações. K
6 O presidente do Instituto Politécnico de Portalegre vai ser distinguido pela Câmara de Portalegre com a medalha do município grau ouro. A distinção surge no âmbito da sessão solene comemorativa dos 466 anos de elevação de Portalegre a cidade e a notícia foi avançada pela Rádio Portalegre. Joaquim Mouratro é o atual presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, estando também no seu segundo mandato como presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. Para além do presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, serão ainda condecorados com a mesma medalha Maria Helena e José Henriques, dois empresários que ao longo de muito tempo geriram o restaurante da “Quinta da Saúde”; e Fernando Mão de Ferro, editor da Colibri. A autarquia revela também que serão agraciados com a medalha de prata, o Atletismo Clube de Portalegre, a delegação de
Portalegre da Associação de Solidariedade Social dos Professores e Eduardo Bilé.
Como também é hábito, serão homenageados funcionários da autarquia. K
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MAIO 2016 /// 09
Crianças refugiadas
IP Leiria sensibiliza população
Ministro da Ciência lança desafio
Fabricação aditiva é em Leiria 6 O Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto do Politécnico de Leiria (CDRsp) vai liderar uma futura plataforma nacional de fabricação aditiva, na sequência de um desafio lançado pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, numa visita que realizou àquele instituto, a 10 de maio. Manuel Heitor, acompanhado por Maria Fernanda Rollo, secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, considerou que o CDRsp está na vanguarda desta tecnologia, e que tem já a experiência de trabalhar em rede na região com as empresas, instituições de ensino superior, centros tecnológicos, unidades de investigação e
associações empresariais, podendo agora alargá-la a nível nacional. A fabricação aditiva permite a impressão direta, por camadas, em diversos materiais, de produtos finais, criando soluções rápidas e adaptadas às necessidades imediatas dos clientes, e permitindo adaptar desde logo, numa peça única a parte funcional. Esta tecnologia pode trazer grandes mais-valias no que respeita aos prazos de entrega, fundamentais, por exemplo, na indústria dos moldes. “Temos de ter condições para formar pessoas para trabalhar esta tecnologia, para dar resposta às necessidades do mercado”, alertou Manuel Heitor, e por isso, “é ne-
cessário que todos trabalhem em conjunto”, acrescenta. A plataforma permitirá divulgar a tecnologia, fazê-la evoluir e colocá-la ao serviço das empresas, e remunerar o trabalho da investigação, permitindo que este continue e progrida. O ministro mostrou-se ainda disponível para considerar a possibilidade dos politécnicos virem a ministrar doutoramentos, na sua intervenção durante um encontro realizado na Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria com pessoal docente e não docente. “Percebo que nomeadamente o ensino politécnico não deve ter limitações a um grau, e portanto trabalharei para isso”, garantiu o governante. K
IPLeiria nos melhores restaurantes do mundo
De Peniche para o mundo 6 Quatro estudantes da licenciatura em Restauração e Catering na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, do Politécnico de Leiria, vão partir para Espanha e Dinamarca para estagiar em restaurantes distinguidos com estrelas Michelin. Miguel Reis, licenciado em Restauração e Catering e mestrando em Gestão e Direção Hoteleira, vai a partir de julho estagiar no conhecido restaurante dinamarquês Noma, galardoado com duas estrelas Michelin, e votado pela Restaurant Magazine como o Melhor Restaurante do Mundo 2014. Mais estudantes vão aproveitar oportunidades de formação em contexto de trabalho no estrangeiro, nomeadamente Miguel Carvalho e a Marta Oliveira, ambos a frequentar
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o segundo ano de Restauração e Catering, que vão estagiar no Lasarte Restaurant, em Barcelona, Espanha, também com duas estrelas Michelin. Já a estudante Brenda Alves, no terceiro ano da licenciatura, fará o
seu estágio no Kokkeriet Restaurant, em Copenhaga, com uma estrela Michelin. Paulo Almeida, diretor da Escola, destaca que “esta é mais uma prova da qualidade da formação, reconhecida cá dentro e lá fora. Não é qualquer jovem profissional que consegue uma oportunidade destas nos melhores restaurantes do mundo, reconhecidos pelo guia Michelin”. Recorde-se que a licenciatura em Restauração e Catering da ESTM/ IPLeiria tem a certificação UNWTO TedQual, da Organização Mundial do Turismo, uma certificação voluntária que procura promover a contínua evolução da educação e investigação em turismo, para estabelecer um standard mínimo de qualidade nesta área. K
6 Mostrar o dia-a-dia das crianças refugiadas, alertar para as condições precárias em que vivem, e sensibilizar a população em geral para o drama dos refugiados é o objetivo da conferência ‘Uma criança é uma criança em qualquer parte do Mundo – um olhar sobre as crianças refugiadas: sentir, pensar, AGIR’, que decorre a 25 de maio, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, no Auditório 1 do edifício B, a partir das 15h30. O evento tem como principal objetivo a discussão de uma temática que está na ordem do dia, e pretende despertar cons-
ciências para o problema dos refugiados e das condições em que vivem, incentivando a população a contribuir para o auxílio nesta causa. Inclui ainda a exposição ‘Ilustrações sobre a realidade das crianças refugiadas’, da autoria de Sofia Lança Zambujo, mestre em Design de Ambientes e ilustradora. As ilustrações são acompanhadas por afirmações de crianças de várias escolas de Portugal sobre a realidade dos refugiados, e estarão presentes no átrio da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais e nos átrios dos edifícios A, B e D da ESTG, entre 18 e 25 de maio. K
Nova unidade hoteleira do algarve
ESAD cria mobiliário para Casa Mãe 6 Os estudantes do primeiro ano do mestrado em Design de Produto da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR), do Politécnico de Leiria, desenharam mobiliário exclusivo para a Casa Mãe, uma nova unidade hoteleira no Algarve, no âmbito de um concurso que concluiu com a apresentação de seis propostas de sistema de venda ao ar livre e sete propostas de assentos para interior/ exterior, desenvolvidas dentro do espírito do projeto hoteleiro. Os 13 protótipos, otimizados para serem resistentes, confortáveis e fáceis de produzir em madeira, estiveram em exposição na Escola e estão a ser avaliados
pelos promotores da Casa Mãe, que selecionará em setembro as duas peças eleitas para integrar o mobiliário definitivo do hotel. A unidade pretende oferecer uma experiencia autêntica e simples, onde se possa experimentar a tranquilidade portuguesa, a Casa Mãe procura oferecer um local acolhedor e inspirador, com acesso a produtos locais, através de um mercado de produtos orgânicos e artesanais. No âmbito do concurso foi pedido aos estudantes que desenvolvessem propostas de um sistema para venda ao ar livre para o organic farmers market do hotel, e um assento utilizável em interior e exterior. K
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Município do Alvito
IPBeja cria plano educativo
6 Uma equipa de especialistas do Instituto Politécnico de Beja participou na última reunião do Conselho Municipal de Educação do concelho de Alvito, para conhecer os os principais indicadores de diagnóstico trabalhados no âmbito da revisão da Carta Educativa, bem como uma proposta de visão e eixos estratégicos para o Plano Estratégico Educativo Municipal (PEEM). A conceção do PEEM que inclui, simultaneamente, a revisão da Carta Educativa Municipal, está a cargo da equipa dos Serviços de Planeamento e Desenvolvimento Estratégico do IPBeja, mediante um contrato de prestação de serviços estabelecido com a Câmara Municipal de Alvito. Prevê-se a sua conclusão para o mês de julho de 2016. K
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Baixo Alentejo e Alentejo Litoral
Beja destaca empresas de sucesso 6 O Centro de Investigação em Gestão do Instituto Politécnico de Beja (CIGES) organiza, a 25 de maio, um seminário que visa debater o papel das empresas no desenvolvimento regional e apresentar exemplos da dinâmica regional. A iniciativa decorre no Auditório do IPBeja, no Edifício dos Serviços Centrais I, no qual estarão em destaque as experiências de empresas como Amieira Ma-
rina, Barrancarnes, Edia, Elaia, Esporão, Grous, Malhadinha Nova, Monte Novo e Figueirinha, Porto de Sines, Somincor, Vale da Rosa e Vitacress. O registo no seminário é iniciado às 9 horas e é efetuado no local. A participação é gratuita e os trabalhos serão iniciados às 9h30. O evento é dirigido à comunidade académica e a todas as entidades regionais interessadas no debate do tema.
O seminário resulta de um trabalho amplo, que capturou distintas dimensões do sucesso empresarial regional e que permitiu a edição do livro intitulado Casos Empresariais de Sucesso no Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, livro escrito por membros do CIGES, que conta com o prefácio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e que chegará às livrarias de todo o país em junho. K
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Conferências
IPCB discute medicina da felicidade 6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco realizou, no dia 6 de maio, a Conferência “Medicina da Felicidade”. A iniciativa teve como preletor convidado Mário Simões, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Diretor do Laboratório de Interação Mente-Matéria de Intenção Terapêutica. Organizada no âmbito da iniciativa “Conferências do Politécnico”, esta conferência
decorreu no Auditório Comenius dos Serviços Centrais e da Presidência do IPCB. K
Noves Fora
Novo Talk Show em Setúbal 6 Os estudantes dos Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) de Produção Audiovisual da Escola Superior de Educação de Setúbal realizaram, a 5 de maio, a emissão experimental do talk show ‘Noves Fora’, no estúdio de TV da Escola, que foi transmitido em direto no canal de youtube da instituição. Para este primeiro programa, convidaram Tiago Correia (fadista e estudante do curso de Comunicação Social da ESE), Paula Teixeira (cantora e intérprete de Língua
Gestual Portuguesa), André Filipe (produtor da Viral Produções), Duarte Jardim (ator) e Hugo de Sousa (realizador e coordenador da série juvenil ‘Massa Fresca’, da TVI). O projeto surge no âmbito da Unidade Curricular Audiovisual para Eventos que, através de atividades práticas, pretende colocar os estudantes em contacto com situações que vão encontrar em real contexto de trabalho, dotando-os de competências essenciais ao desempenho de funções ligadas à produção audiovisual. K
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Conferência Comemorativa
Secretariado faz 20 anos 6 A Escola Superior de Educação do Politécnico de Castelo Branco realiza no dia 25 de maio a Conferência Comemorativa de duas décadas de formação na área do Secretariado nesta Unidade Orgânica do IPCB. O evento tem como finalidade reunir estudantes, docentes, diplomados, colaboradores do IPCB, parceiros institucionais e membros da comunidade que, ao longo do tempo, têm con-
EST e ESGIN
Mestrado em Gerontologia
Seminário na ESE
Feiras de emprego
6 As escolas superiores de Tecnologia de Castelo Branco (EST), e de Gestão (ESGIN), em Idanha-a-Nova, promoveram este mês as suas feiras de emprego. A EST realizou, de 9 a 12 de maio, a sua VI edição da Feira de Emprego. A iniciativa contou com a presença de 14 empresas, que tiveram oportunidade de apresentar as oportunidades de recrutamento disponíveis, áreas de trabalho e projetos em desenvolvimento, para além de contatar com os alunos finalistas da ESTCB e, em alguns casos, realizar entrevistas com vista ao início do processo de recrutamento. Em nota enviada ao nosso
jornal, o Instituto Politécnico de Castelo Branco revela que a feira teve “como principal objetivo a aproximação dos alunos finalistas da escola aos empregadores nas áreas de engenharia e tecnologia, promovendo assim a empregabilidade dos cursos lecionados na ESTCB. A Feira de Emprego constitui também um importante momento para ao estabelecimento de parcerias entre a ESTCB e as empresas presentes”. O mesmo comunicado salienta que “os empregadores mostraram haver significativa necessidade de diplomados nas áreas de Engenharia e Tecnologia, sendo também elogiado por
várias empresas o desempenho e a sólida preparação que os diplomados da ESTCB têm demonstrado”. Já a ESGIN, em parceria com a Câmara de Idanha-a-Nova, o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento (CMCD), o IEFP, o IPDJ e a ADRACES, promoveu a terceira edição da “Feira do Emprego e do Empreendedorismo” entre os dias 23 e 24 de maio. Este evento teve como público preferencial jovens empreendedores que, num curto espaço de tempo, pretendam entrar no mercado de trabalho, bem como a população que se encontra em situação de desemprego. K
Exposições ESART – IPCB
Identidade local nos CTT
6 As Exposições “Identidade Local e Design Global” e “Interiores e Mobiliário”, elaboradas pela Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB, com o apoio da pela Câmara Municipal de Castelo Branco, podem ser visitadas no Antigo Edifício dos CTT em Castelo Branco, até dia 3 de julho de 2016. A exposição Interiores e Mobiliário reúne projetos de alunos para objetos utilitários, peças de mobiliário e espaços interiores. Sob o tema Identidade Local e Design Global na coleção Design ESART, são apresentados trabalhos de cinco professores e cinco alunos, desenvolvidos numa atmosfera de aprendizagem partilhada. Estas exposições pretendem aproximar os alunos do meio empresarial e ampliar o universo de influência na comunidade, assim como divulgar o trabalho e as experiências pedagógicas realizadas na ESART, nas áreas do Design de Interiores e no Equipamento. K
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tribuído para a formação de profissionais de Secretariado e sua inserção no mercado de trabalho. Os trabalhos terão início pelas 10:00 horas, no Auditório da ESE – IPCB, sendo o programa composto por um painel de comunicações, que se desenvolverá durante a manhã e a tarde, e que visa refletir sobre os atuais desafios práticos, técnicos e científicos da profissão. K
6 A Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco realiza no próximo dia 31 de maio, a partir das 9 horas e 30, o III Seminário do Mestrado em Gerontologia Social: Realidade(s) e Inovação. Organizado pela Comissão Científica do Mestrado em Gerontologia Social do IPCB/ ESEESALD (Maria João Guardado Moreira, Paula Sapeta e Clotilde Agostinho), este evento tem
como objetivo dar a conhecer a investigação que vem vindo a ser realizada no âmbito do Mestrado em Gerontologia Social, assim como analisar o seu contributo para a intervenção e investigação neste domínio. Pretende-se ainda proporcionar a partilha de projetos, perspetivas, experiências e saberes que contribuam cientifica e socialmente para um melhor conhecimento e intervenção na realidade. K
Processos cirúrgicos
Docente na França 6 Paulo Gonçalves, docente da Escola Superior de Tecnologia do Politécnico de Castelo Branco, foi orador convidado num Workshop sobre modelação de processos cirúrgicos, com destaque para os processos assistidos por computador, que teve lugar na faculdade de medicina da Universidade de Rennes em França. Paulo Gonçalves apresentou trabalhos desenvolvidos na área da robótica, nomeadamente a cirurgia robótica aplicada à ortopedia. Apresentou ainda os trabalhos de normalização na área da robótica a nível mundial, em desenvolvimento em vários grupos de trabalho do IEEE.
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No Workshop também estiveram presentes prestigiados centros de investigação e universidades da europa nas áreas de medicina e engenharia, nomeadamente o Centro Alemão de Investigação em Cancro (Heidelgerg), o Politécnico de Milão, a Universidade de Karlsruhe, a Universidade Técnica de Munique, a Imperial College London, a Universidade de Rennes e a Universidade de Leipzig. No final do workshop foi acordado iniciar um grupo de trabalho a nível europeu para desenvolvimento de ontologias na área da cirurgia assistida por computador, com o objetivo de contribuir para a sala de operações digital. K
Internacionalização
IPViseu em força no Erasmus 6 O Politécnico de Viseu registou em 2015/2016 o maior número global de participantes no programa Erasmus+, sendo mais de 180, no âmbito das atividades de cooperação da instituição. No que respeita à mobilidade de estudantes, o IPV conta com 83 alunos a realizarem um período de mobilidade no espaço europeu (45 em período de estudo e 38 em estágio), em países como a Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Roménia, Reino Unido e Turquia. O Politécnico de Viseu foi também escolha de 74 estudantes europeus, provenientes de 10 países, designadamente da Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, Holanda, Hungria, Itália, Lituânia, Polónia e Turquia. O Erasmus+ vai mais além. Envolve toda a comunidade académica, estudantes, do-
centes e não docentes, criando um universo transversal à vida internacional de uma instituição de ensino superior. Atualmente são
10 os docentes e não docentes do IPV que participam no programa Erasmus+ em destinos como a Bélgica, Espanha, França, Lituânia,
Reino Unido e Turquia. Os professores das instituições europeias congéneres também escolhem o Instituto Politécnico de Viseu para realizarem as suas atividades Erasmus+. Serão previsivelmente 15 os docentes estrangeiros que estarão no IPV, vindos da Dinamarca, Espanha, Lituânia, Polónia e Turquia, para ali desenvolverem uma missão de ensino. Fora do programa Erasmus+, releve-se ainda o intercâmbio entre a Escola Superior de Saúde de Viseu e o Instituto Politécnico de Macau, que permitiu a mobilidade recentemente de 4 estudantes. De um lado do mundo para o outro, o IPV prevê receber brevemente estudantes provenientes do Brasil, ao abrigo de vários protolocos firmados entre o Instituto Politécnico de Viseu e universidades brasileiras. K Sandra Familiar _
João Ferreira na Agrária de Viseu
Não há bom queijo sem cardo? 6 As alterações ao Regulamento (CE) 1332/2008 limitam a inclusão dos extratos de flor de cardo (Cynara cardunculus), que incluem um conjunto de cardosinas, na lista de enzimas alimentares autorizadas, o que influi diretamente na produção do Queijo Serra da Estrela, entre outros queijos DOP portugueses. A aprovação do novo diploma coloca em causa a tradição e as características organoléticas, designadamente a textura, o sabor e a qualidade, pelo que o assunto esteve no centro das atenções, no passado dia 3 de maio, aquando da visita do eurodeputado João Ferreira à Escola Superior Agrária de Viseu, a 3 de maio. Foi também debatida a necessidade de se lutar, junto do Parlamento Europeu, contra o fim previsto dos direitos de plantação da vinha, cujas consequências podem ser desastrosas para a produção vitivinícola nacional, incluindo para a região do Dão, causa que sensibilizou também o eurodeputado João Ferreira para assumir o compromisso de defesa da produção vinícola da região e da promoção da diversidade de castas autóctones. O eurodeputado do PCP visitou o Ovislab, infraestrutura criada no âmbito da execução do Programa Horizonte2020 e que resultou de uma pareceria da ESAV-IPV e do Departamento de Ciências da Saúde do Centro Regional das Beiras da Universidade Católica Portuguesa (DCS-UCP). Outro dos assuntos prementes abordados foi a precariedade laboral imediata dos docentes e investigadores do ensino superior politécnico, dando-se particular ênfase à situação dos docentes/investigadores da Agrária, cuja renovação dos contratos de trabalho se en-
contra comprometida devido ao subfinanciamento sucessivo do Politécnico de Viseu, sendo a maioria destes docentes já detentores de Doutoramento, ou em vias de o finalizar. K Helena Vala _ Publicidade
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Concurso internacional de design
Diplomada da Guarda premiada em Milão 6 Rafaela Luis, diplomada pelo Instituto Politécnico da Guarda, foi distinguida com um prémio internacional, na área do Design. O Prémio “A´Design Awares & Competion”, atribuído à sua marca Kalira Design, vai ser entregue em Milão (Itália) no próximo dia 8 de junho. A peça premiada desta jovem designer intitula-se “Marilyn sofá”, sendo inspirada na icónica Marilyn Monroe e no seu famoso vestido branco. Rafaela Luís, cuja empresa designada Kalira Design está alojada na estrutura do Policasulos existente no Instituto Politécnico da Guarda, disse-nos que desde criança sempre teve “o interesse de fazer algo diferente e inovador”, tendência mais tarde consubstanciada na escolha da formação em Design. Natural de Mangualde, esta jovem de 24 anos afirmou-nos que escolheu o Instituto Politécnico da Guarda, e o curso de Design de Equipamento, pela qualidade que lhe reconheceu e por “acreditar que não existem maternidades de génios e isto é a prova. Tive a minha formação na Guarda, no IPG, estou formada e estou a ser reconhecida internacionalmente”. Sobre a instituição onde fez o seu curso acrescenta que as condições encontradas permitiram o
Futebol feminino
Selecionador no IPG 6 O selecionador nacional de Futebol Feminino, Francisco Neto, visitou, no passado dia 11 de maio, a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do IPG. A sua visita foi enquadrada por uma intervenção na aula da unidade curricular de Planificação do Treino, do curso de Desporto, ministrada pelo docente Pedro Tiago Esteves. Nesta visita, o selecionador nacional de Futebol Feminino teve ainda oportunidade de co-
nhecer as atividades da Unidade Técnico Científica de Desporto e Expressões, bem como as instalações e projetos associados ao LABMOV (Laboratório de Avaliação do Rendimento, Exercício Físico e Saúde). Esta iniciativa inseriu-se numa linha estratégia da UTC de Desporto e Expressões que visa enriquecer a formação dos estudantes pelo contacto com experiências associadas ao desporto de alto rendimento. K
CENTRO DE AVALIAÇÃO
Guarda reconhecida
desenvolvimento de ideias e projetos, a par da formação ministrada. “Temos laboratórios muito bons, conseguimos explorar quase todo o tipo de ferramentas, conseguimos conhecer quase todos os tipos de processos de produção. Foram muito importantes os conhecimentos que adquiri no IPG.” O apoio dado através dos Policasulos do IPG ajudou Rafaela
Luís a afirmar os seus propósitos criativos e empresariais. “Foi muito importante, pois o alojamento no primeiro ano é fundamental e isto constituiu um grande apoio. O facto de poder utilizar os Laboratórios tem muitas vantagens, pois caso eu queira desenvolver um produto com material específico tenho as condições necessárias”, Comentou a jovem. K
6 O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi reconhecido como Centro de Avaliação de Português Língua Estrangeira. Este centro permite que os candidatos que desejam obter um diploma oficial de língua portuguesa realizem os seus exames no Instituto Politécnico da Guarda, desde que previamente inscritos numa das
épocas disponibilizadas para a realização desse exame. De referir que os candidatos devem efetuar a sua inscrição na página do CAPLE (www. caple-flul.pt), verificar as épocas de exames correspondendo ao grau do diploma que pretendem obter, indicar o centro onde realizará o exame, neste caso o Instituto Politécnico da Guarda. K
Natação
Aluna do IPG é campeã nacional
6 Ana Elói, aluna do Politécnico da Guarda sagrou-se campeã nacional universitária na prova de 200 metros estilos. Este título foi alcançado, recentemente, na Póvoa de Varzim, no decorrer dos Campeonatos de Natação Universitária de piscina longa, promovidos pela Federação Académica do Desporto Universitário. A prova contou com a participação de 185 nadadores em representação de 21 instituições de Publicidade
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Ensino Superior do país. A equipa de natação do Instituto Politécnico da Guarda fez-se representar por Ana Elói e Ricardo Gonçalves, acompanhados pelo diretor técnico da natação do IPG, Mário Costa. Ana Elói, ao sagrar-se campeã nacional universitária na prova de 200m estilos, tem o acesso garantido aos campeonatos da europa universitários a disputar em julho, na Croácia. K
Apresentação de Livro
A incerteza das certezas 6 “A Mais incerta das certezas” é o título do Livro que foi apresentado na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (Guarda), no passado dia 18 de maio. Trata-se de uma obra que Fernando Carmino Marques, docente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), elaborou
a partir de inéditos de Pierre Hourcade. O livro, que contou com os patrocínios da Fundação Calouste Gulbenkian e do IPG, é um “contributo imprescindível para o conhecimento da poesia de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos”. K
IPCB e CIMBB promovem
Fazer acontecer na cidade
6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco, em parceria com a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, realizou no passado dia 30 de abril, nas instalações do Centro Comercial Alegro, a 2.ª edição da iniciativa “Fazer acontecer - Concurso para Jovens Empreendedores”. O evento pretendeu sensibilizar os alunos do IPCB e das escolas do En-
sino Secundário e Profissional de Castelo Branco para a inovação e o empreendedorismo, tendo contado com as presenças do presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Carlos Maia, e do responsável executivo da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, Joaquim Morão. A iniciativa, dinamizada pelo Centro de Estudos e
Desenvolvimento Regional do IPCB, teve a participação de 90 alunos, que ao longo do dia percorreram um roteiro que envolve, as seguintes etapas: dinâmica interpessoal; criação de ideias de negócio; estruturação do modelo de negócio e, finalmente, a apresentação e defesa do projeto (“pitching”). K Publicidade
IP Santarém
José Peseiro homenageado 6 O treinador do Futebol Clube do Porto, José Peseiro, vai ser homenageado pelo Instituto Politécnico de Santarém, no qual lecionou, no próximo dia 1 de junho, durante a II Gala do Desporto do IP Santarém, que decorre no Cineteatro de Rio Maior, a partir das 21 horas. Na Gala atuam o Grupo Coral do IP Santarém, bem como a bailarina Micaela Rato, do grupo de danças de salão New Star Dance Clube, do grupo de sevilhanas Salero & Alma, bem como
Facebook Oficial H
do grupo Três Bairros e da Tuna do IP Santarém. Terá ainda lugar uma demonstração de karaté Wado Ryu, pelos mestres Hugo Costa e Fernando Macedo Pires. K
Competições Universitárias
IPSantarém no pódio 6 O estudante-atleta do IPSantarém Carlos Pedrosa conquistou o terceiro lugar na prova dos 100m Mariposa, alcançando a medalha de bronze nos Campeonatos Universitários de Natação em Piscina Longa, nas competições. Numa competição onde estiveram presentes mais de 180 estudantes-atletas de 21 clubes, Carlos Pedrosa conseguiu também o 4º lugar na prova dos 100m Livres. Em representação
do IPSantarém esteve ainda Flávio Bárbara, que obteve o 4º lugar nos 50m Livres e o 13º lugar nos 50m Mariposa. Os dois atletas do IPSantarém estiveram acompanhados por Carlos Silva, Pró-presidente para o Desenvolvimento do Desporto no IPSantarém e por Ana Conceição, professora da Escola Superior de Desporto de Rio Maior e coordenadora da equipa de natação do IPSantarém. K
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Conferência Nacional de Geodecisão
SIG defendido em Setúbal
Jornadas de Engenharia em Setúbal
Arco Ribeirinho Sul ganha Vida
6 O projeto Arco Ribeirinho Sul esteve em análise nas III Jornadas de Engenharia Civil da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (ESTBarreiro), do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), tendo sido debatidas propostas para a planificação e retoma de atividades, após a reconversão e requalificação do território que abrange os terrenos da Quimiparque (Barreiro), da Siderurgia Nacional (Seixal) e da Margueira (Almada). Para Pedro Dominguinhos, presidente do IPS, o projeto necessita “que sejam criadas parcerias e redes fundamentais para a sua
concretização, em especial entre empresários, instituições de ensino superior, autarquias e entidades públicas”. A partilha e transferência de conhecimentos é também essencial para uma maior competitividade, pelo que as Jornadas “surgiram num momento crucial para a definição de um conjunto de possíveis futuros para a região e sobretudo para o país”, afirmou. Já Pedro Ferreira, diretor da ESTBarreiro, garantiu que a Escola pretende “ser um parceiro e colaborar com as entidades locais para o desenvolvimento de projetos associados ao Arco Ribeirinho Sul,
através da prestação de serviços, de consultoria e da realização de projetos de investigação e inovação com foco na engenharia civil, área que lecionamos”. Com a abordagem deste tema, as Jornadas procuraram também fortalecer o papel da ESTBarreiro/IPS como parceira da região e analisar “os diferentes impactos que o Arco Ribeirinho Sul pode causar localmente, mas sobretudo na área metropolitana de Lisboa”, mencionou Isabel Costa, docente da Escola e membro da comissão organizadora da iniciativa. K
Logística e Distribuição
Setúbal com novo Laboratório
6 A Escola Superior de Ciências Empresariais de Setúbal (ESCE) inaugurou, a 9 de maio, o LogisticsLab, o novo laboratório na área da logística e distribuição, reforçando o investimento na investigação e num ensino mais prático. Na sessão participaram vários membros da comunidade académica do IPS e representantes de empresas que atuam na área da logística e distribuição e dos sistemas de informação e que são parceiras na criação do laboratório e de projetos de investigação. A ideia de criar este laboratório tinha anos, como recordou o presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, que considera estes espaços “fundamentais para a nossa estratégia quer de afirmação a nível regional, quer de promoção do sucesso escolar”, uma vez que a abertura às empresas reforça a utilização “de metodologias pedagógicas mais ativas e que permitem um melhor desenvolvimento das competências
dos estudantes quer técnicas, quer transversais como as soft skills”. O laboratório visa garantir aos estudantes “a possibilidade de contactarem com empresas e de realizarem atividades que vão encontrar no local de trabalho” com vista à sua rápida inserção profissional, referiu a diretora da ESCE, Bogu-
slawa Sardinha, acrescentando: “Esperamos ser desafiados pelas empresas para encontrarmos novas soluções para os seus problemas quotidianos e até a nível pedagógico, para desenvolvermos novas ideias para introduzirmos nos planos curriculares, o que beneficiará a nossa Escola e o IPS”. K
www.ensino.eu 016 /// MAIO 2016
6 O contributo da informação geográfica para o desenvolvimento do país foi o tema central da II Conferência Nacional de Geodecisão, que decorreu a 12 e 13 de maio na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, do Politécnico de Setúbal, numa parceria com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. A sessão de abertura contou com a presença da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Dr.ª Célia Ramos, que destacou a associação do Ministério do Ambiente a este evento como uma oportunidade de “partilhar algumas daquelas que são as nossas perspetivas”. Acrescentou ainda que ”a informação geográfica é um importante suporte à decisão, proporcionando processos mais abertos, transparentes, mas também mais eficientes e mais inteligentes”. O evento, que vai na sua segunda edição, “pretende assumir-se como um motor para reflexão e divulgação sobre a forma como a informação geográfica é utilizada para a tomada de decisão em diferentes áreas de atividade”, conforme referiu o vice-presidente do IPS, João Vinagre dos Santos. Publicidade
Para além da abordagem ao papel da informação geográfica na concretização do programa Horizonte 2020, durante a conferência a atual situação do cadastro predial em Portugal (registo administrativo no qual se procede à caraterização e identificação dos prédios existentes em território nacional) foi um dos temas fortemente debatido, concluindo-se que presentemente existe a necessidade das várias autarquias trabalharem em conjunto para a realização de um cadastro único em Portugal. K
Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco
É preciso inverter prioridades da sociedade
6 Nos últimos 40 anos, o número de casamentos tem vindo a diminuir, tendo passado de 103.125, em 1975, para 31.428, em 2014. Já os divórcios por cada 100 casamentos aumentaram de 1,5 por cento, em 1975, para 70,4 por cento, em 2013, ou seja, “70 por cento dos casamentos resulta em divórcio. Isto é, três em cada quatro casamentos não sobrevive”. O número de crianças nascidas também uma tendência para diminuir, sendo que o maior número se verifica fora do casamento, ou seja, “há poucos filhos e os poucos que há nascem fora do casamento”. Estes dados estatísticos do Pordata fundamentaram a intervenção do bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, quinta-feira à noite, dia 28 de abril, numa das conferências temáticas do Instituto Politécnico de Castelo Branco. D. Antonino Dias lembrou que o casamento, jurídica e moralmente, “é um contrato tipificado na
lei”, mas lamentou que “casar e constituir família não seja uma prioridade”. Esta crise na família, segundo o prelado, deve-se a vários fatores, entre eles “a quebra de laços familiares, a desvalorização do casamento, a banalização dos afetos, o foco no trabalho ou a inversão de prioridades na vida das pessoas”, reiterando que houve uma mudança nesta época, onde “predomina o tudo e já, o provisório e o descartável”, além de que “a tradição cultural religiosa já não entusiasma as gerações”. A par disso, “os próprios cristão não se afirmam nem defendem o que deviam nos espaços de debate próprios” e isso “debilita, deteriora e faz adoecer a família”. Os jovens “afirmam que querem constituir família estável, mas crescem no individualismo e o amor… dura enquanto durar”. Não haverá receitas milagrosas, mas é preciso inverter as prioridades e voltar a olhar a família
como “única, natural, universal e intemporal, com fundamentos antropológicos. Não foi imposta por ato administrativo, ou força jurídica, não é de direita ou de esquerda e não é laica. A família é o mais perene património da humanidade e um bem para todos e não um mal para alguns”. K Publicidade
Orquestra
Alunos da Esart no Mediterrâneo 6 Cinco alunos dos cursos de música da Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB acabam de ser selecionados para a Orquestra de Jovens do Mediterrâneo (OJM), informou em comunicado o politécnico albicastrense. Da classe de violino dos professores Augusto Trindade, Alexandra Trindade e Tiago Santos, o aluno Ricardo Vieira foi selecionado como membro efetivo e a aluna Berta Sequeira como reserva. Da classe de viola d’arco do professor António Pereira, Fabrice Carneiro foi igualmente selecionado como membro efetivo. Foram também selecionados como reserva a aluna Tânia Trigo (viola de arco), da classe da Professora Joana Pereira e António Bento (violoncelo), aluno
do Prof. Miguel Rocha. A OJM irá realizar o estágio de verão entre os dias 7 e 30 de julho de 2016, inicialmente em Aixen-Provence, seguida de uma tournée. Mais uma vez, este concurso surge como reconhecimento a nível internacional do trabalho desenvolvido nestas classes de instrumentos na ESART-IPCB, que recentemente contaram com alunos selecionados para instrumentistas suplementares da Orquestra Gulbenkian. Anualmente, os alunos de violino e viola d’arco são selecionados para orquestras nacionais e internacionais, o que constitui uma mais valia na sua formação e um forte incentivo para a continuação dos seus estudos. K MAIO 2016 /// 017
Quim Barreiros
O mestre da música popular 6 É um fenómeno de popularidade. Todos o conhecem. A poucos dias de completar 69 primaveras e de lançar mais um disco, Quim Barreiros faz o filme da sua carreira. Quem é este minhoto que dá pelo nome de Quim Barreiros? É uma espécie rara em vias de extinção. Um gajo porreiro e que realmente, mais um tempinho, e está em vias de extinção. Isso é uma despedida? Não é o prenúncio de uma despedida, mas a verdade é que os anos avançam. Em junho, já serão 69 anos, o que torna de mim dos mais velhos que por aí estão em atividade. Que imagem é que o país tem de si? Boa. Brejeiro, bem sei que nem todas gostam das minhas cantigas, mas acham-me simpático. Sinceramente,
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acho que gostam de mim. Algumas pessoas vêm falar comigo e dizem que não apreciam muito a minha música, mas não escondem que têm simpatia por mim, fico feliz, por isso. Acho que sei comunicar com as pessoas e a minha humildade também acho que cativa as pessoas. Conta muito.
permitiu ter uma escola fantástica. E tocar em bandas musicais deu-me um arcaboiço muito grande que ainda hoje me dá grande utilidade. Eu costumo dizer que tirei o 12.º ano nestes conjuntos musicais. Para a música que interpreto, folclórica popular, brejeira e de duplo sentido, essa base foi importantíssima.
Falando das suas origens musicais, começou aos 9 anos a tocar bateria. Quando é que sentiu que ia fazer da música o seu modo de vida? Eu acho que nunca senti. As coisas rolam, por elas. Primeiro a bateria, depois toquei acordeão, sem pensar no amanhã. A gente na aldeia toca no conjunto musical do pai, toca em grupos folclóricos, toca nas janeiras para ajudar os bombeiros. Tudo isso foi importante na minha vida porque é uma escola. Deu-me umas bases muito sólidas para o futuro. Sou originário de uma região riquíssima em folclore o que me
O primeiro disco surge em 1971. Que recordações tem desse momento? Nessa altura, eu tocava em Lisboa, no restaurante de fados «Timpanas». E fui abordado por um senhor chamado Cruz Correia, que trabalhava numa editora que se chamava «Rapsódia». Ele viu-me tocar – visto que eu não cantava – e convidou-me para gravar um disco. Recordo-me que na altura ainda se vendia muita música só tocada, a acordeão, por exemplo. Era um período de grandes acordeonistas, o Carlos Areias, o Isidro Baptista, o Filipe Rito, etc. Eu era música mais lenta, mais harmoniosa, lá do
norte, aquela música folclórica bonita, aqueles virinhas, aqueles malhões e tal. E então gravei o primeiro, quiseram logo que eu gravasse o segundo e o terceiro. Foi um começo auspicioso… É verdade, mas é preciso ter sorte. Tive a felicidade de me cruzar com homens na minha vida que me ajudaram e um deles foi o famoso guitarrista, Jorge Fontes. Como ele era do Porto, gostava da minha música e então deu-me trabalho. Logo depois trabalhei com o maestro Shegundo Galarza, que me convidou para gravar com ele tangos, passos dobles, valsas, porque eu tocava isso muito bem no acordeão. E isto foi uma bola de neve. Mas nunca pensei chegar lá acima. Começou a fazer concertos por Portugal e pelo mundo. Se os grupos musicais foram o seu 12º ano, a estrada e as viagens foram a sua universidade? Não. A minha universidade foi o ;
serviço militar. Ser convidado para tocar na banda da Força Aérea. A coisa mudou de figura porque a parte musical já é mais apurada. Já não tocava acordeão. Na banda militar tocava saxofone, clarinete, bateria. Mas não esqueço os ensinamentos de homens com o perfil do maestro Galarza e Arlindo Carvalho que me ajudaram, e muito, a crescer artisticamente. A estrada foi, por assim dizer, um estágio. Foi com os primeiros concertos que comecei a ganhar o meu dinheiro. Quais foram os primeiros locais que o viram a atuar ao vivo? Eu fiz o sentido inverso. Primeiro comecei a tocar para os emigrantes. Comecei a relacionar-me com o Francisco Penha, um empresário que levava os artistas à América e ao Canadá, que me vê tocar na casa de fados e formula-me de imediato o convite para iniciar uma digressão. Lembro-me perfeitamente que na altura estava um artista português no auge, que se chamava António Mourão e que cantava «Ó tempo, volta para trás». Ele é que era o cabeça de cartaz. Eu era convidado para encher o programa. Ou fazer a primeira parte do concerto, como agora se diz. E como é que os emigrantes reagiram à sua música? Muito bem. A maior parte dos emigrantes é pessoal da minha terra, gente que aprecia a minha música. Começaram logo a gostar de mim. Comecei a fazer nome lá fora. Vinha do estrangeiro para Portugal, gravava discos e regressava em digressões, onde apresentava as minhas músicas e se vendiam muitos discos. E pronto: é isto que acaba por me lançar. O inverno era na emigração, o verão era em Portugal. E assim se passava o ano. Fiz isto durante muito tempo. Até que na década de 80 começa a sua aparição nas festas académicas… Em 1987 ou 1988 comecei a fazer a primeira festa académica no Porto e desde então nunca mais parei. Ainda não havia Federação Académica do Porto e muito menos Queima das Fitas. Eles chamavam aquilo de «Festival do Grelado». Os convites não mais pararam. Coimbra veio logo a seguir. Depois Vila Real, ainda no jardim da Carreira. Um bocadinho ali, outro ali, e começa o Quim Barreiros a subir degrau a degrau.
inho conseguia encher as salas e o público gostava à mesma da festa. Foi aí que decidi trabalhar durante anos por minha conta. Eu já na altura fazia de carro o trajeto de Montreal a Vancouver, atravessando o Canadá todo. Entrava em Seattle, na costa Oeste americana e conduzia até San Diego, no sul da Califórnia, onde me esperavam milhares de portugueses para me ouvir tocar. As comunidades portuguesas eram muito numerosas. Depois regressava à costa Leste e percorria diversos estados, desde Massachusetts, Pensilvânia, Virgínia, Connecticut, Nova Iorque, onde a comunidade portuguesa era vasta. Onde havia portugueses, eu tocava. Metia os instrumentos musicais na carrinha e lá seguia o Quim Barreiros até ao próximo espetáculo.
Como era fazer a estrada na década de 80 e 90, onde ainda nem sequer havia auto-estrada Lisboa-Porto? Era terrível. Para chegar da minha terra, no Minho, até Castelo Branco demorava 7/8 horas. O Alentejo era quase o dia todo. Foram tempos de muito trabalho, mas muito duros. Eu comi o pão que o Diabo amassou desde os 9 anos de idade. Mas isso deu-me um arcaboiço muito grande. Não esqueço que comecei a trabalhar por minha conta na América. Inicialmente, ia fazer as primeiras partes de artistas portugueses consagrados, como o Francisco José, o Duo Ouro Negro, António Mourão, grupos de teatro, etc. Depois cheguei à conclusão que eu soz-
O reconhecimento nacional e internacional leva-o, em meados dos anos 90, a fazer as primeiras aparições televisivas. Como é que foi? Não foi fácil. Na RTP sempre me fecharam as portas. Tirando um «Zip Zip» ou através de um convite por simpatia do Trio Odemira é que era possível atuar, mas muito esporadicamente. O Rodrigo, fadista, também me levou lá. Mas foi a abertura da TV aos privados, com a SIC e a TVI, que abriu a porta a mim e a muitas dezenas de artistas. Quero sublinhar o nome do Ediberto Lima, na SIC, que teve uma grande preponderância, nomeadamente com o «Big Show SIC». Ele teve o mérito de
perguntar aos portugueses: de quem é que vocês gostam? E o povo falou… Havia preconceito de levar música popular portuguesa para o ecrã? Havia. Não era fácil entrar. Ainda hoje há muita gente que tem dificuldade em entrar nas televisões, felizmente, aqueles concursos de sábado e domingo à tarde abriram portas a muita gente. Mas também há os que por lá passam e pensam que nasceram artistas, mas não tocam e não cantam nada. Enfim, há de tudo. Lança, em média, um disco por ano. Como consegue conciliar os concertos e a composição dos temas para a gravação? Eu vou a conduzir horas e horas e nesse tempo tenho ideias para compor cantigas. Escrevo, faço quadras, etc. E é nas aldeias, no contacto com as pessoas, que surgem muitas das ideias, até porque, convém dizer, nem tudo é da minha cabeça. Há aqueles velhotes e velhotas que se dirigem a mim e dizem: «Ó senhor Quim, conhece esta?». E as coisas surgem, naturalmente. Bem sei que depois de tanto disco gravado não é fácil arranjar novos temas, mas com imaginação tudo se consegue. E é importante gravar discos, porque desperta as pessoas, faz com que vamos à rádio e às televisões para promover os trabalhos, etc. O seu pai tem 96 anos e pelo que
sei ainda toca acordeão. Foi ele a sua grande influência? Talvez o melhor é dizer que «filho de peixe, sabe nadar». A grande influência é mesmo a parte folclórica. O ter tocado num dos melhores grupos folclóricos de Portugal, o de Santa Marta de Portuzelo, foi decisivo. O grupo folclórico de Afife foi outra grande referência para mim. Depois, o contacto com outros grupos com quem eu me encontrava em grandes festivais de folclore a nível nacional, ajudou a cimentar o gosto por este instrumento. O estilo brejeiro que empresta às suas cantigas é a sua imagem de marca ou é fruto da sua boa disposição natural? É a única forma que eu sei fazer. A minha voz não é bonita, mas serve para cantar este tipo de canções. Até porque cada um nasce para o que nasce. Não estou a ver o Marco Paulo a cantar uma música brejeira do Quim Barreiros. Nem estou a ver o Carlos do Carmo a cantar uma música minha. Da mesma forma que eu não me estou a imaginar a cantar música destes dois artistas. As pessoas devem utilizar as armas que têm. Eu fui por este caminho e saí-me bem. As cantigas de escárnio e mal-dizer são nossas, estão na literatura portuguesa, estavam era esquecidas. Sente-se um precursor deste género musical? Não tenho dúvidas. Não conheço ;
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outro que o tenha feito, antes de mim. Completa no dia 19 de junho a bonita idade de 69 anos. Este curioso número vai dar azo a brincadeiras e a um disco. Pode levantar-nos a ponta do véu? A primeira quadra é «Nasci em 47, em junho a 19, em 2016 eu faço 69». E vou por aí fora. É uma musiquinha do novo disco que deve ser lançado em meados de junho, por alturas do meu aniversário. Sempre num registo de brincadeira, claro está. Como é que o «tio Quim», como é conhecido junto dos meios académicos, consegue fazer a alegria da estudantada? É muito fácil. Antes deles chegarem às universidades, encontro-os nas aldeias. É onde eles nasceram e começaram a cantar as minhas músicas, nas festas e nos arraiais. Eu dou um acorde, e eles começam a cantar comigo. Todos conhecem as minhas músicas, o que faz com que a empatia seja muito forte. Pode-se dizer com propriedade que é o artista favorito das associações académicas? Pelo menos um dia por ano eu estou lá. A malta gosta porque o espaço enche e eu sou um artista barato. Por isso, junta-se o útil ao agradável. O que é barato? Há colegas meus que levam cinco, seis ou 10 vezes mais do que eu e nem metade do recinto enchem. Mas nem o facto de ser uma figura com grande popularidade a nível nacional, o levou a aumentar o seu cachet? Nada disso. Eu sei que há muitos que mal podem pagar ou pagam com dificuldades. E se houver uns que me disserem que não pagam, eu se calhar até vou lá na mesma. Também têm direito a ouvir o Quim Barreiros! Qual é a mensagem que deixa aos estudantes? É a mesma de sempre: eles saíram de casa foi para tirar um curso, não foi para andar nos copos. Estudem primeiro. Depois há tempo para cantar, para dançar, namorar e beber um copinho. E vai ter pedalada para lhes repetir essa mensagem até quando? Até quando Deus me der saúde… Sei que tem três netos, ainda menores de idade. Ainda sonha cantar para eles nalguma festa de estudantes universitários? Tomara eu ver o meu neto mais velho, que tem 9 anos, na universidade. Era uma felicidade enorme. Imagina-se a fazer um concerto no Meo Arena? Não. Há muita rapaziada que faz concertos no Meo Arena, mas oferece boa parte dos bilhetes. É a mesma coisa que alugar o Olympia de Paris e oferecer bilhetes aos amigos para encher a sala. Não sou homem para isso. Não é o meu meio. Eu gosto muito mais de tocar numa aldeia, em cima de um carro de bois. Quero lá saber do Meo Arena! Se me convidarem a
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CARA DA NOTÍCIA 6
O minhoto genuíno
Quem não o conhece? É um fenómeno de popularidade, não apenas em Portugal, mas além-fronteiras. É um português genuíno, nascido no Minho, mestre de culinária e mestre da música popular, com pitadas de brejeirice qb. Todos sabem as suas letras. Velhos, novos e especialmente os estudantes. Como se chama? Barreiros. Quim Barreiros. De nome completo, Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros, nasceu em Vila Praia de Âncora, no distrito de Viana do Castelo, a 19 de Junho, de 1947. Lançou o primeiro disco em 1971 e nunca mais parou. Nem na produção de discos, nem nos espetáculos. Em Portugal e no estrangeiro, onde existem comunidades portuguesas. Mas é nas festividades académicas que é rei e senhor e presença assídua, em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Vila Real, etc. «A garagem da vizinha», «A cabritinha» e «Bacalhau à portuguesa» são, porventura, os seus maiores sucessos. Os seus 69 anos serão pretexto para o novo disco que se anuncia para daqui a poucos dias. O «Tio Quim» está para as curvas… K
tocar ou a participar numa festa académica que seja lá, não vou recusar, mas nem penso nisso. Já tenho tocado em grandes salas a nível mundial, quer na América, no Canadá, na Africa do Sul, Austrália, etc. Uma curiosidade. O seu telemóvel é público e figura inclusive no seu site, para contactos e agendamento de concertos. O Quim Barreiros é o agente de si mesmo? Sou, sim senhor. Ligam-me, perguntam-me se eu estou livre no dia tal, eu vejo na agenda, combinamos os valores e fica marcado. Comigo funciona assim. Qualquer pessoa fala comigo. Qualquer cão e gato fala comigo (risos). Toda a minha vida foi assim e não vou mudar. Há para aí uns “agentecos” que se matam uns aos outros para ganhar umas comissões, mas eu normalmente não alinho nisso. Reparei que a sua página oficial na internet está completamente renovada, com conteúdos dos seus discos, galeria fotográfica, merchandising, para além de ser particularmente ativo no Facebook. É a imagem do Quim Barreiros do século XXI? As novas tecnologias não são nada comigo. Eu não sei ligar um computador, quanto mais olhar para isso. O meu filho mais novo, que vive em Paris, é que trata desses assuntos. E ele também ralha comigo, telefona-me a pedir fotografias e outros conteúdos para o site. Já o email que está no site é o meu irmão que gere. Para ser sincero, há coisas que lá aparecem, que nem eu sei. K Nuno Dias da Silva _ www.quimbarreiros.pt H
Research on Social Media
RVJ apresentou livro sobre media 6 A RVJ Editores apresentou, no passado dia 20, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, o livro Research on Social Media: a glocal view / Investigação em media sociais: uma visão glocal. Coordenado pelos investigadores Vitor Tomé (editor do Ensino Magazine), Evelyne Bévort e Vitor-Reia-Baptista, este livro tem como ponto de partida um projeto de investigação, desenvolvido em Portugal, França e Itália, que teve como objetivo compreender a cultura online de jovens (9-16 anos), dos seus professores e encarregados de educação, bem como as perceções destes relativamente a usos, práticas, perceção de riscos e oportunidades e aprendizagem com, sobre e através das redes sociais online. A apresentação do livro contou com a presença do vereador da Câmara de Castelo Branco, Fernando Raposo, que elogiou o trabalho desenvolvido e apresentado neste livro. Durante a apresentação, Vitor Tomé explicou que “o livro não tem um foco específico em crianças jovens, seus professores e seus encarregados de educação. Quisemos diversificar as abordagens em torno das redes sociais online e também as geografias, conferindo também uma lógica glocal ao livro, pelo que contamos com contribuições de investigadores que se centram nestas áreas, desde a América do Sul à Europa e dos Estados Unidos da América à Austrália”, explica Vitor Tomé. Uma das particularidades deste livro, que integra artigos de diferentes investigadores internacionais, é que os textos
são publicados nas suas línguas originais, ou seja em inglês, espanhol, português e francês. A apresentação contou ainda com a presença do diretor do Ensino Magazine e da RVJ Editores, João Carrega, que voltou a sublinhar a importância deste livro para uma área de investigação que está a ganhar força em termos internacionais. Aquele responsável recordou ainda que este é “mais um livro científico de elevada qualidade, que se vem juntar a muitos outros que a RVJ Editores tem editado na área da investigação”. K
Super t matic
Portugal é campeão mundial do cálculo mental 6 Quatro estudantes portugueses, dois de Abrantes, um de Castelo Branco e outro de Mafra, conquistaram este ano o título de campeões mundiais de cálculo mental no SuperTmatic, nos respetivos escalões, tendo João Bento, de 14 anos, conquistado o título mundial pelo terceiro ano consecutivo. Nos resultados provisórios avançados no site da organização, Portugal ficou em primeiro lugar na geral do SuperTmatic concurso de cálculo mental com jogo de cartas destinado ao treino das operações
básicas da matemática para os alunos do 1º ao 9º ano de escolaridade - e com quatro estudantes lusos a conquistarem as posições cimeiras nos respetivos escalões etários, sendo dois deles estudantes em Abrantes. Rita Mascate, estudante do 4º ano na escola da Chainça, do Agrupamento de Escolas nº 2 de Abrantes, João Bento, do 8º ano da secundária Solano de Abreu, pertencente ao Agrupamento de Escolas nº 1 de Abrantes, Matilde Santos Lourenço, do 1º ano do Centro Social Padres Redento-
ristas, de Castelo Branco, e Miguel Diogo Ruivo, do 5º ano da escola Básica António Bento Franco, em Ericeira, Mafra, foram os mais rápidos do mundo na resolução das 15 equações da competição. João Bento, de 14 anos, conquistou o 1º lugar no seu escalão e o segundo melhor tempo mundial de sempre, no total das 10 edições do concurso, com um tempo de resolução de 34,1 segundos às 15 equações que lhe foram apresentadas, o 2º melhor tempo da história da competição, e com um tempo médio de
resolução de 2,27 segundos por equação. João Silva Bento, estudante do 8º ano na Escola Secundária Solano de Abreu, sagrou-se campeão mundial de cálculo mental pelo terceiro ano consecutivo. O recorde mundial da prova já lhe pertence e este ano gastou mais sete centésimos de segundo relativamente ao ano passado. O 2º classificado, um aluno coreano (47’ 11”), ficou a uma distância de 13 segundos de João Bento. O terceiro lugar foi para a Escócia, com um tempo de 47,40 segundos. K
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MOÇAMBIQUE
UEM discute informação 6 A Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em parceria com a Universidade do Minho, a Fundação para Ciência e Tecnologia de Portugal, e o Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia, realizaram nos dias 9 e 10 de maio, um Seminário sobre o Acesso Aberto à Informação Científica. O Seminário pretendeu discutir o processo de adopção da política de acesso aberto na UEM e no país, com objetivos específicos de consciencializar a comunidade académica de Moçambique sobre a importância do acesso aberto à informação científica e abordar as estratégias de gestão e disseminação da informação científica por meio de novas ferramentas tecnológicas. Falando na ocasião, o reitor da UEM, Orlando Quilambo, frisou que a informação científica constitui o insumo básico para o desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação. “Trata-se
Castelo Branco e Moçambique de um processo contínuo em que a informação científica contribui para o desenvolvimento científico”, disse, acrescentando que a comunidade científica enfrenta dificuldades no acesso à informação científica, se considerado o modelo tradicional de publicação científica. Quilambo notou que o uso das tecnologias de informação
e comunicação criou uma extraordinária revolução no mundo da informação e “sendo assim, a par de muitos países, Moçambique encontra nestas tecnologias uma oportunidade para, de acordo com as suas necessidades e recursos, dar a devida visibilidade ao conhecimento gerado por seus investigadores e pela sua comunidade académica e científica”, disse. K
Zambeze visita IPCB 6 O reitor da Universidade de Zambeze, de Moçambique, visitou este mês o Instituto Politécnico de Castelo Branco. A visita de trabalho pretendeu aprofundar a cooperação existente entre as duas instituições de ensino (vários professores do IPCB deram já aulas naquela universidade), nomeadamente na implementação do programa de Mestrado em
Construção Sustentável, em curso na FCT. Nesta visita, Nobre Roque dos Santos esteve acompanhado por Custodio Boane, diretor da Faculdade de Ciências de Saúde de Zambeze. Os dois responsáveis moçambicanos visitaram algumas das escolas do IPCB tendo também reunido com o presidente do Politécnico, Carlos Maia. K
Escola Portuguesa de Moçambique
Alunos ganham prémio Cooperação
Ccisp visita Macau
6 O Conselho Coordenador do Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) realizou uma visita a Macau, no sentido de reforçar os laços de cooperação com aquele território, em especial com as instituições de ensino aí existentes. A Escola Portuguesa de Macau, com quem o Ensino Magazine tem um acordo de cooperação, foi um dos estabelecimentos de ensino visitados. A comitiva, presidida por Joaquim Mourato, presidente do CCISP e do Politécnico de Por-
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talegre, integrou ainda presidentes e responsáveis dos politécnicos de Beja, Bragança, Cávado e Ave, Coimbra (Escola Superior
de Enfermagem), Guarda, Leiria, Setúbal, Tomar e Viana do Castelo, tendo sido também recebida pelo Cônsul de Portugal em Macau. K
6 O trabalho “SDS – Solar Destilation Systema” dos alunos da Escola Portuguesa de Moçambique, Manuel Louro, Ricardo Teixeira e Ricardo Melo, da turma A2 do 12.º ano, foi classificado entre os 100 melhores submetidos ao 24.º Concurso Jovens Cientistas e Investigadores, organizado pela Fundação da Juventude de Portugal. A distinção, obtida na área científica de energia e eficiência energética, coloca o projecto dos nossos alunos na 10.ª Mostra Nacional de Ciência, que vai decorrer entre 30 de maio e 1 de junho, no Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa. Pela primeira vez, a organização do concurso decidiu, na presente edição, abranger
alunos de escolas portugueses no estrangeiro, tornando possível a participação desta Escola. Os alunos vão defender o seu trabalho em Lisboa, onde o júri escolherá os cinco melhores projectos que representarão Portugal em certames europeus e mundiais. O projeto “SDS – Solar Destillation System”, orientado por José Tomé, professor de Ciências Naturais, está a ser desenvolvido com o objetivo de produzir um sistema de purificação de água, com recurso à energia solar, passível de ser instalado em povoações como alternativa à energia eléctrica. K EPM-CELP _ EPM-CELP H
Editorial
Na era da informação 7 Na era da informação, a oferta de trabalho de profissões baseadas exclusivamente em competências manuais está em declínio. Daí que novas aprendizagens baseadas na manipulação e na gestão da informação de bases de dados digitais se afigure indispensável na abordagem dos objectivos escolares das novas gerações. Nesse novo domínio em que projectam as preocupações dos educadores, a Internet tem um papel importante a desempenhar. Duvidamos, todavia, que essa importância advenha da simples disponibilização e democratização nas escolas do acesso a esse serviço. Pode o simples manejo de uma nova máquina, ou de um novo serviço, contribuir para o desenvolvimento pessoal e intelectual? Se não, porque se insiste em simplesmente dotar as esco-
las com alguns meios informáticos, com serviços de acesso às redes digitais limitados, ignorando que o importante não é mais a “actualização contínua” das máquinas, mas sim a “formação permanente” de todos os agentes implicados no acto educativo. Sabemos que a escola de massas dificulta a inclusão digital de todos os discentes, já que promove um novo tipo de estratificação escolar que divide os que têm computadores, tablets, smartphones e os que não os têm; os que têm Net em qualquer lugar e os que a não têm (…). Todavia, essa mesma escola de massas pode favorecer para o atenuar da exclusão digital a que muitos alunos estariam votados se souber democratizar ao acesso e a manipulação destes novos instrumentos educativos, organizando-se em torno de objectivos claros, de equipamentos
acessíveis e de um corpo docente motivado, informado e formado no uso das novas tecnologias da comunicação e da informação. Importaria, porém, que esta promessa integradora não seguisse os passos da televisão quando, há umas décadas, prometia aos pais e educadores ser “uma janela diferenciada para um mundo melhor” oferecendo ao público uma programação voltada para a educação, quando sabemos que hoje a generalidade dos canais de TV são responsáveis por uma respeitável percentagem de iliteracia e de abstenção da participação cívica dos seus espectadores. Sabemos, igualmente, que as novas tecnologias da comunicação e da informação podem introduzir mudanças significativas na tradicional separação de poderes dentro escola: quer na relação vertical do poder profes-
sor – aluno, quer, ainda, no poder baseado na descriminação do acesso aos saberes, através da democratização, ou não, do acesso a esses saberes, bem como aos tempos e às formas da sua aquisição. Vivemos uma época social caracterizada por um sistema complexo-adaptativo. Assim sendo, caos, auto-organização e adaptabilidade são algumas palavraschave para descrever este processo aparentemente contraditório que envolve a escola, os educadores e os educandos. Porém, a inclusão digital é imperativa para todos os cidadãos, se quisermos aceitar o desafio de assegurar que Portugal seja reconhecido como uma referência pela qualidade das suas instituições de educação e de formação, garantindo que homens e mulheres de todas as idades tenham acesso à aprendizagem e actualização ao
longo da vida. Conviria, então, saber a quota-parte de responsabilidade de cada um de nós para que todos estes objectivos deixem de ser apenas encarados como ambiciosos, transformando-se, progressivamente em metas realistas. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _
primeira coluna
Momentos históricos e a história dos momentos 7 Marcelo Rebelo de Sousa disse, este mês, no âmbito dos 40 anos das primeiras eleições presidenciais democráticas realizadas em Portugal, que poder ter numa mesma iniciativa o primeiro Presidente da República, pós 25 de abril, (Ramalho Eanes) e o atual, promovendo um saudável debate com os alunos do ensino básico e secundário é “um momento único e histórico”. A sessão decorreu na terra (Castelo Branco) em que o primeiro Chefe de Estado eleito democraticamente cresceu (ele que é natural da vila de Alcains). E Marcelo Rebelo de Sousa não poderia ter mais razão. São poucos os países que se podem dar a esse luxo. E mais: são poucas as repúblicas que permitem aos jovens alunos debaterem, olhos nos
olhos, com os protagonistas que fizeram um dos maiores acontecimentos desta nação, questões que os afetam, como a educação, a emigração, a democracia. O momento, histórico, permitiu que Ramalho Eanes, com uma objetividade enorme, desse uma aula de cidadania, de humildade, mas acima de tudo de muito querer. Disse, alto e bom som, que não admitia um ensino secundário sem qualidade. Defendeu também os professores, que devem ser mais respeitados. Lembrou que em matéria de ensino público ou privado, o Estado, sendo ele pagante, deve ser regulador, garantindo qualidade e igualdade. Ramalho Eanes entende que a democracia deve continuar a ser valorizada e estimulada. Um estimulo que pode ser
feito de várias formas. De participação cívica, de não entregar apenas a política aos políticos, da promoção de um ensino de qualidade, aberto a todos, com igualdade de oportunidades. Isto também faz parte da democracia. E é nesta cultura que Portugal conquista, pela primeira vez, uma medalha de ouro na Olimpíada da Ciência da União Europeia, com uma equipa composta pelos alunos Guilherme Vilela Alves e Raúl Pombo Monteiro, ambos do Agrupamento Escolas Nuno Álvares, em Castelo Branco, e Luís Miguel Costa e Silva, da Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, numa competição que juntou estudantes de 23 países europeus. Esta conquista foi outro momento histórico. E a história do momento é que os jovens alunos
tiveram que trabalhar muito, abdicar de fins-de-semana, para se prepararem em Lisboa, e de muitas horas de lazer semanais em troca de outras tantas de trabalho, que os fins-de-semana não eram suficientes. Chegados à Olimpíada conquistaram o ouro, demonstrando que Portugal é competente. Que mesmo o Portugal do interior do país, muitas vezes olhado nas grandes cidades como um Portugal menor, sabe ser conquistador. Mas a história, deste momento, diz-nos também que a escola, sobretudo a pública – que é frequentada pelos medalhados portugueses – soube cumprir o seu papel com qualidade. E isso deixa-nos também mais tranquilos. Afinal o desenvolvimento de um país faz-se com gente qualificada. Bem qualificada. E Portu-
gal, os portugueses, devem partilhar a ideia de Ramalho Eanes, na persecução de um ensino de qualidade, que certamente contribuirá para muitos momentos históricos… K João Carrega _ carrega@rvj.pt
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crónica salamanca
Universidades ocupadas 6 El concepto que encierra la palabra “ocupación” , o el adjetivo “ocupado”, resulta sin duda polisémico, y conviene aclarar a qué nos referimos aquí cuando lo aplicamos a las universidades “ocupadas”. Una universidad está muy ocupada a veces en resolver determinadas urgencias, por lo tanto está dedicada a resolver sus problemas o los de sus miembros, es una universidad laboriosa. Este es un significado. Una universidad pudo ser “ocupada” por la policía, por ejemplo, para detener alborotadores, o para localizar posibles terroristas. Este es otro concepto de ocupación. Muchas universidades europeas y norteamericanas, a finales de los años 60, fueron ocupadas por los estudiantes, paralizando su funcionamiento completamente durante semanas, para reivindicar cambios, mejoras, más financiación, otro modelo de universidad al fin. En España se vivió de forma expresa en los años 1970 un movimiento masivo y continuado de ocupación de universidades, concebido en esta misma dirección, la que había marcado el más tarde famoso “mayo francés de 1968”. Nos llegan diferentes informaciones relativas a que en el Estado de Río de Janeiro existen en estos momentos más de 70 escuelas secundarias, o institutos, que están ocupados por los estudiantes y profesores que se adhieren, así como que son Publicidade
varias las universidades públicas que permanecen en huelga desde hace algunas semanas, y que las universidades están siendo también muy sensibles con el movimiento reivindicativo de los estudiantes de secundaria. “Universidad ocupa” es una expresión, un lema que circula en las universidades públicas y privadas del Estado de Rio de Janeiro, entendiendo por tal ese movimiento de sensibilización y apoyo a las reivindicaciones de los estudiantes y profesores de secundaria, y también de universidad. Por tanto, nos encontramos ante un movimiento importante de carácter reivindicativo conjunto, de profesores y estudiantes de educación secundaria, y muchos también de universidad, a favor de mejoras sensibles para la organización de la educación pública, la dotación de medios materiales y técnicos, la mejora de los salarios para los docentes, la democratización del sistema de gobierno y funcionamiento de los centros educativos de secundaria y universidad. Parece que no se puede equiparar este movimiento de “Universidad Ocupa” con una algarada juvenil más o menos puntual, ni con una reivindicación estricta de tipo salarial, sindical por parte de los profesores. Es más, mucho más. Es algo así como un movimiento de respuesta masiva ante la actitud negligente que adopta la administración del Estado
de Rio de Janeiro respecto a la escuela pública, la universidad pública. Se trata , pues, de un movimiento a favor de una universidad y una segunda enseñanza mucho más democratizada, mejor financiada, menos autoritaria y gestionada con criterios democráticos . Por ejemplo, frente al nombramiento desde arriba del director, se apuesta por la elección democrática por parte de los miembros de la comunidad. Este modelo que se propone, en el que también toman parte los padres, busca ser algo equivalente a una comunidad de aprendizaje, modalidad que poco a poco va cuajando en la escuela primaria en varias partes del mundo, y que también ahora se busca aplicar para la educación secundaria. Además del apoyo que las universidades pùblicas de Rio de Janeiro, muy sensibilizadas, prestan al movimiento “ocupa”, se está produciendo una reflexión profunda sobre la calidad de la educación secundaria pública, que parece que deja mucho que desear, por las razones antes apuntadas. Sobre todo, porque los sectores más humildes son los perjudicados, pues los pudientes encuentran en la iniciativa privada la garantía de poder acceder con éxito a una universidad pública que acoge a estos sectores con más facilidad y éxito final. O sea, las universidades públicas sirven preferentemente a los sectores pudientes, porque en el acceso académico a la universidad es-
Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Apartado 262 Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt
tán mejor preparados al proceder de una escuela privada de mayor calidad, al parecer. Lo que se desea es invertir precisamente ese modelo organizativo y técnico. Quedamos a la espera del resultado en los próximos días, si es que las autoridades buscan algún diálogo, pues hasta ahora todo se va resolviendo a golpe de resoluciones jurídicas, y ese es un camino lento, costoso, y finalmente nada democrático para la vida real de los usuarios, alumnos, profesores, padres y ciudadanos en general. Como llamada de atención y presión “universidad ocupa” seguramente goza de legitimidad, porque además se viene realizando de forma pacífica y ordenada por los participantes en el movimiento de rebeldía y denuncia frente la inanición y desidia de las autoridades hacia la escuela-universidad pública.K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es
Serviço Reconquista: Agostinho Dias, Júlio Cruz, Cristina Mota Saraiva, Artur Jorge, José Furtado e Lídia Barata Serviço Rádio Condestável: António Reis, José Carlos Reis, Luís Biscaia, Carlos Ribeiro, Manuel Fernandes e Hugo Rafael. Castelo Branco: Tiago Carvalho Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Sílvio Mendes Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Colaboradores: Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Ernesto Candeias Martins, Eugénia Sousa, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Felgueiras, José Carlos Moura, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rogério Ribeiro, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Assinantes: 15 Euros/Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco
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“Pedagogia (a)crítica no Superior” (Xi)
Ecrãs que grudam 7 «A solidão e o desejo são as únicas características humanas que interessam ao capitalismo.» (Hotel, Paulo Varela Gomes, 2014:280) Estava o Prof.S. a tentar arrumar o seu gabinete, desfazendo-se de papelada velha, quando reparou num jornal marcado, por si, a vermelho («mais um recorte que ficou por fazer»). Releu-o: ao iniciar um novo ciclo de governação socialista em Espanha, o governo manifesta vontade de «introdução da educação para os media nos currículos escolares e um vasto plano de ‘alfabetização digital’ dos cidadãos» (JN 28/03/04, p. 20). Seria o ‘vanguardismo’ de Zapatero o reflexo dos lúcidos alertas de Popper & Condry em Televisão: um perigo para a democracia (Gradiva, 1995)? Provavelmente. Por cá, Sócrates não foi além do hardware (um Magalhães para cada aluno do 1º ciclo). A fórmula que os governos da UE utilizam para resolver um problema, seja ele qual for, tem-se vindo a padronizar: remete-se a solução para a es-
cola. E, por esta via, limpa-se a consciência cívica, adia-se a resolução para as calendas, e os curricula ficam à beira da overdose. Dilema: como conciliar essas novas áreas temáticas com o core curriculum sem que isso implique o aumento da carga horária dos alunos, por todos já considerada excessiva? A ‘educação para os media’ («a 1ª lição seria ensiná-los a apagar o televisor») está condenada ao fracasso, cogitava o Prof.S.. O poder dos media não cessa de se alargar, num ‘efeito cilindro’ que tudo arrasa: os canais tentaculares multiplicam-se e com eles a tentação de tudo ver (de preferência no formato videoclip). Implicação pedagógica óbvia: os programas televisivos «ensinam as crianças a abordar tudo de uma forma superficial». Elas não conseguem ocupar-se por muito tempo numa tarefa (daí a sua rejeição à leitura de livros). Não há lugar a trabalhos de fôlego. Tudo que exija um pouco mais de tempo, pesquisa e profundidade… ‘é uma seca’. Por outro lado, e em termos de conteúdos, consomem, em geral, o pior dos enlatados, num entretenimento fútil e ab-
jecto que os infantiliza e embrutece. E veio-lhe à memória a canção dos brasileiros Titãs (1996): «A televisão me deixou burro, muito burro demais Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais». E ainda há colegas seus que sustentam uma ‘pedagogia centrada nas necessidades dos alunos’! O que estes propõem como tópicos para alguns trabalhos académicos não são ‘necessidades’ reais, foram sacá-los à agenda televisiva. Andam permanentemente a reboque dos temas mediáticos. Pois é, mas ninguém prescinde do televisor. Nem crianças nem adultos, concluía o Prof.S. A televisão ganhou tal centralidade no nosso quotidiano que se impõe, quer em casa quer na rua; até nos espaços onde é suposto darmos atenção plena àquele(s) que nos acompanha(m): por exemplo, não há café ou restaurante que a não tenha ligada em permanência e, em muitos casos, disponibilizando mais do que um aparelho (com o ‘pequeno ecrã’ a ser substituído pelos atractivos plasmas de dimensões cinematográficas), para que o cliente, seja qual for a
posição em que estiver sentado, não perca pitada da novela (e seu enredo básico), do futebol (e suas intermináveis questiúnculas) ou do sucedâneo do big brother (e suas alarves promiscuidades). Mais recentemente, fortes concorrentes entraram no universo juvenil. O interesse dos jovens balança agora entre ‘três amores’: o telemóvel, a televisão, o tablet. É a vitória da poligamia tecnológica. Os ‘amigos fixe’ da moderna juventude são esta trilogia. Uns verdadeiros gulotões… do erário familiar, pois a Apple e a Microsoft não param de renovar a oferta e criar o desejo permanente pela compra do ‘último grito’. O ecrã-lapa prende-lhes a atenção, preenche-lhes o tempo, molda-lhes o comportamento, acentua-lhes o individualismo. Fecham-se nos seus casulos, isolam-se socialmente. E o mutismo familiar instala-se. Pouco partilham com os pais. Frente aos vários ecrãs passam os dias, esgotam as horas. Pouco (ou nada) aprendem. Um ex-ministro da educação, recorda o Prof.S., popularizou a expressão «difícil é sentá-los». Mas equivocou-se (também aqui). Frente à TV,
o difícil é levantá-los. A televisão ajuda a criar, a todo o momento, novas necessidades (‘de marca’, claro). A ‘geração tabuleiro’, que já não socializa às refeições com os pais pois há sempre algo imperdível no canal X, esparrama-se no sofá e grudada ao ecrã vai-se sedentarizando, ficando obesa e aumentando as dioptrias… enquanto a mente definha. Não é nada fácil ser-se pai nos dias de hoje. Mais ainda ser-se educador. Que o diga o Prof.S. K Luís Souta _ luis.souta@ese.ips.pt Este texto está redigido segundo a “antiga” e identitária ortografia _
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agir, em entrevista
«Para ter inspiração basta estar vivo» 6 Hip Hop, Trap, R&B e Soul convivem harmoniosamente nas canções de raiz pop de Agir. Começou a gravar as suas próprias músicas apenas com 12 anos, hoje é um dos nomes cimeiros da nova música urbana portuguesa. Inspiração não lhe falta. O álbum “Leva-me a Sério” valeu-lhe duas nomeações para os globos de ouro (acabou por ganhar o prémio para Melhor Intérprete Individual). Como é ver o seu trabalho ser reconhecido? Fico contente. Duplamente contente: por mim e porque até há bem pouco tempo – e gosto de acreditar que sou um dos responsáveis por isso - a música urbana não tinha nomeações para prémios destes. Não sou só eu, mas também Dengaz, D.A.M.A. e outras bandas. Geralmente esses prémios são para bandas que apelam a malta com mais idade ou outro estilos de música. O facto de já haver musica urbana a ser nomeada é sinal de que estamos todos, em conjunto, a fazer um bom trabalho. A música parece estar no seu ADN. Quer pelos laços familiares, quer por desde os 12 anos gravar canções. Foi nessa altura que sentiu o chamamento? É-me difícil responder porque eu nunca conheci outra realidade. Sempre senti afinidade com a música, mas foi pelos 12 ou 13 que quis começar a fazer também. Mas antes disso, eu já cantava e interrompia um casamento ou outro, quando ia com o meu pai (o também cantor Paulo de Carvalho). Começava a tocar bateria até me pararem! Ao longo dos anos, tem abordado vários estilos musicais. Como foi essa evolução? Foi o caminho que naturalmente fui fazendo. Só quando a minha carreira se tornou mais profissional tive de começar a desenvolver um método, a tomar decisões. Mas até uma certa idade –e eu comecei muito cedo – fazia as coisas sem pensar. Fazia o que me apetecia quando acordava nesse dia. Hoje percebo melhor quem sou musicalmente. As fontes de inspiração são múltiplas. Qualquer coisa pode servir para escrever uma canção? Claro. Costumo dizer que para ter inspiração basta estar vivo. Qualquer coisa pode servir para nos inspirar. A música tem isso de bom: dá para escrever sobre tudo. Antes do próximo disco, resolveu oferecer uma ‘mixtape’ com várias co-
Facebook Oficial H
laborações. É um exemplo para outros artistas portugueses menos dados a parcerias? Acho que cada um tem de fazer aquilo que lhe é natural. Não tem de andar a fazer colaborações se não gostar muito. Pessoalmente, gosto de ir para estúdio com uma data de malta. Em vez de sair à noite, prefiro fazer noitadas com amigos no estúdio. Qual é a sua opinião sobre a facilidade que hoje existe de ouvir música gratuitamente? É complicado. Nós podemos tentar mudar o mundo ou podemos nos adaptar. Quem se adapta não está certo nem errado, nem quem tenta mudar o mundo está certo ou errado. São apenas opções. No meu caso, desde que faço música que meto canções no YouTube. E vou continuar. No fundo temos que nos saber reinventar. Se já não dá para ganhar dinheiro de determinada maneira, temos de encontrar outra. A forma óbvia são os concertos, mas há certamente outras maneiras.
Os músicos portugueses tratam bem a língua de Camões? É uma boa pergunta. Não coloco a questão apenas nos músicos e compositores. Hoje fala-se pior português, na sociedade em geral. Razões há muitas. Ainda assim, acho que embora se fale pior português nunca se ouviu tanta música em português. Pegas no MP3 de um miúdo e tem tantos artistas portugueses, a cantar na sua língua, como americanos. Mais: os próprios portugueses que cantam em inglês têm hoje maiores dificuldades, porque as pessoas não se relacionam com a sua música da mesma maneira que se relacionam com canções em português. Aquela coisa que se dizia antes, que o português soa estranho nas musicas, já não acontece. A malta que tem hoje 13 ou 14 anos cresceu a ouvir português em tudo, mesmo nos desenhos animados, e já não estranha o português nas canções. Depois do álbum “Leva-me a Sério”, há temas novos na calha? Há um álbum pronto. Mas costumo
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dizer que o álbum só está pronto quando sai. Entretanto, estou sempre a fazer músicas. O disco só deverá sair depois do verão. K Entrevista: Hugo Rafael (Rádio Condestável) _ Texto: Tiago Carvalho _
A RÁDIO NO SEU MELHOR! Há 30 anos perto de si... Cernache do BonJardim | Tel. 274 800 020 | geral@radiocondestavel.pt
gente e livros
edições
Novidades literárias 7 MARCADOR. A Linguagem Secreta das Irmãs, de Luanne Rice. Quando Ruth Ann (Roo) McCabe, ao volante do seu carro, responde a uma mensagem de texto, no telefone, a sua vida, tal como era até então, termina. O carro capota e Roo acaba numa cama de hospital, paralisada. Silenciosa. Mathilda (Tilly), irmã de Roo, pode ser a única pessoa capaz de resolver o mistério da situação da sua irmã.
D.QUIXOTE. Narciso e Goldmund, de Hermann Hesse. À data da sua primeira publicação foi considerado o grande triunfo literário de H. Hesse, Prémio Nobel da Literatura. Narciso é professor em Mariabronn, um convento emblemático da Alemanha medieval, e Goldmund o seu discípulo favorito. Enquanto Narciso permanece isolado do mundo, em voto de devoção, levando uma vida de oração e meditação, Goldmund decide sair do convento a fim de explorar a vida mundana e o amor. O seu regresso e derradeiro reencontro com Narciso traz à tona as diferenças entre ambos – um o artista, o outro o pensador.
OFICINA DO LIVRO. Jacinta, de Manuel Arouca. Jacinta tem sete anos, é pastora como o irmão, Francisco, e a prima Lúcia. Dos três, é a mais nova, a mais irrequieta, a mais feliz, doce e também caprichosa. Entre o forte caráter e a alegria contagiante, esconde-se uma força maior do que ela. Naquele dia 13, ao sair para o pastoreio, como era habitual, a criança estava longe de saber o que iria acontecer. Ali, na Cova da Iria, onde tantas vezes brincava, vê, pela primeira vez, Nossa Senhora.
GUERRA & PAZ. Só no Escuro podes ver as Estrelas, de Cristina Boavida. Há muito que Sofia deixou de ter vontade de acordar. Desempregada, com um namorado desinteressante e a viver com uma mãe deprimida, Sofia tem uma existência não muito diferente da de todos nós. Mas de uma noite para a outra, o seu mundo fica virado do avesso e um estranho entra na sua vida. Sofia não consegue acreditar... Que lhe caiu um homem do céu... Literalmente. Apaixonada? K
Dulce Maria Cardoso 7 «Estou de luto, hoje morreu-me a minha terra, hoje tornei-me um desterrado, vivemos na certeza de que as terras não morrem, vivemos na certeza de que a terra onde enterramos os nossos mortos será nossa para sempre e que também nunca faltará aos nossos filhos a terra onde os fizemos nascer, vivemos nessa certeza porque nunca pensamos que a terra pode morrer-nos, mas hoje morreume a minha terra, hoje morreram os meus mortos.» In «O Retorno» Dulce Maria Cardoso é uma premiada escritora portuguesa natural de Trás-osMontes, em 1964, considerada umas das principais vozes das literatura nacional. “Nasceu na mesma cama onde haviam nascido a mãe a avó. Tem pena de não se lembrar da viagem no Vera Cruz para Angola. Da infância guarda a sombra generosa de uma mangueira que existia no quintal, o mar e o espaço que lhe moldou a alma. Regressou a Portugal na ponte aérea de 1975”, escreve a Wook. Dulce Maria Cardoso é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa. O seu romance de estreia, “Campo de Sangue”, foi publicado em 2002, escrito com o apoio de uma bolsa de criação literária do Ministério da Cultura, e distinguido com o Grande Prémio Acontece de Romance. Desde então, a escritora já publicou os romances “Os Meus Sentimentos” (2005),
Direitos Reservados H
vencedor do prémio da União Europeia para a Literatura, “O Chão dos Pardais” (2009), prémio Pen Club, e “O Retorno”, tido como um dos mais importantes romances sobre a chegada dos retornados a Portugal (2011). Dulce Maria Cardoso escreveu ainda duas antologias de contos: “Até Nós” (2008) e “Tudo São Histórias de Amor” (2014). É também autora de dois livros infantis, na coleção “A Bíblia de Lôá”, publica-
dos em 2014. Em 2012, Dulce Maria Cardoso foi condecorada com as insígnias de Cavaleira da Ordem das Artes e das Letras da França. De acordo com a Wook, a sua obra “está publicada em quinze países e é estudada em diversas universidades. Alguns dos seus contos e romances foram adaptados ou encontram-se em fase de adaptação para cinema e teatro”. K Tiago Carvalho _
RVJ Edita
As margens do silêncio, novo livro de Infante Henriques 7 As margens do silêncio é o último livro do poeta Infante Henriques. Com a chancela da RVJ Editores, este livro de poesia apresenta-nos poemas de elevada sensibilidade, num estilo muito próprio a que Infante Henriques já nos habituou. Neste livro, o autor volta a mostrar uma grande sensibilidade, reforçando a sua maneira muito própria de escrever e de contar. Uma maneira única, que toca quem lê os seus poemas, numa conjugação de palavras sentidas e com sentido. K
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pela objetiva de j. vasco
press das coisas Helder Moutinho «Manual do Coração» 3 O novo álbum do fadista Helder Moutinho foi escrito na totalidade por João Monge, para músicas compostas por Carlos Barretto, João Gil, Zeca Medeiros, Manuel Paulo, Marco Oliveira, Mário Laginha, Pedro da Silva Martins e Luís José Martins (Deolinda), Ricardo Parreira e Vitorino. A gravação decorreu numa residência artística no Centro Internacional de Musicas e Danças do Mundo Ibérico “Musibéria” em Serpa entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016. K
Auriculares Bluetooth LB-Run 3 Muito leves e ergonómicos, os Auriculares Bluetooth Unotec LB-Run são ideais para praticar desporto. Escute música a partir do telemóvel com toda a comodidade: na rua, no ginásio ou no conforto de casa. K
“Lisboa e o rio” Há várias Lisboas, todas elas banhadas pelo encantador rio Tejo. Interessa-me sempre a cidade menos visível, a que não aparece nos roteiros turísticos, mas a que nunca me abandona e diariamente vive a meu lado, triste e alegre, cinzenta e colorida.
Prazeres da boa mesa
Crumble de Maçã Bravo Esmolfe 3 Ingredientes para a Massa Doce (20 pax): 500g de Farinha s/ Fermento 2 Ovos 250g de Açúcar 250g de Margarina
Ingredientes p/ Creme Inglês (20 pax): 250g de Leite 3 Gemas 50g Açúcar 1/2 Vagem de Baunilha
Preparação para a Massa Doce: Misturar o açúcar com a margarina amolecida. Juntar os ovos um a um mexendo bem. Juntar a farinha sem amassar muito.
Preparação para o Creme Inglês: Levar o leite ao lume a ferver com a vagem cortada ao meio. À parte misturar o açúcar com as gemas. Adicionar cuidadosamente o leite quente às gemas. Levar ao lume a engrossar, sem deixar ferver.
Ingredientes p/ o Crumble (20 pax): 200g de Manteiga 200g de Açúcar 200g de Amêndoa em Pó 200g de Farinha s/ Fermento 15g de Sal Fino Preparação para o Crumble: Misturar tudo na máquina com a raquete. Espalhar num tabuleiro e levar ao forno, a seco, a 180ºC até ficar dourado. Deixar arrefecer e soltar (ficando grosseiro). Ingredientes para a Telha (20 pax): 95g de Farinha s/ Fermento 155g de Açúcar em Pó 100g de Claras 75g de Margarina Preparação para a Telha: Misturar tudo na máquina com 028 /// MAIO 2016
a raquete. Depois moldar a forma pretendida e cozer no forno, a seco, a 180ºC até ficar dourado. Ingredientes para a Maçã (20 pax): 150g de Maçã Bravo Esmolfe em Cubos 1 Laranja em Sumo e Zeste 50g de Açúcar 1 Pitada de Canela 10g de Gengibre Ralado Preparação para a Maçã: Misturar tudo e deixar a marinar de um dia para outro.
Finalização: Saltear um pouco. Deixar arrefecer. Re- Levar a tarte a aquecer, chear a forma de massa doce com o pre- depois de quente, dispor uma bola de gelado parado e cobrir com o crumble.
e a telha crocante. Guarnecer com frutinhas dos bosques. K Mário Rui Ramos _ (Chef Executivo )
Bocas do galinheiro
Quem tem medo de Virginia Woolf ? 7 Se há casais que deixaram a sua marca no grande écran, Richard Burton e Elizabeth Taylor, uma verdadeira tempestade amorosa, em dois actos, como se sabe reincidiram no casamento, são um deles. E a cereja no cimo do bolo, colocaram-na seguramente com as suas interpretações em “Quem tem Medo de Virginia Woolf?” (Who’s Afraid of Virginia Woolf?, 1966), de Mike Nichols. “Quem tem Medo de Virginia Woolf?”, é a estreia de Nichols na realização. Adaptando a peça de Edward Albee, que fora um estrondoso êxito na Broadway, é, acima de tudo, um portento de representação de Elizabeth Taylor e Richard Burton, bem acompanhados por George Segal e Sandy Dennis, tanto que são os quatro nomeados para os Óscares, sendo que apenas as mulheres ganharam: Elizabeth Taylor melhor actriz e Sandy Dennis melhor actriz secundária. No filme Taylor e Burton são um casal de meia idade que foi colecionando fracassos atrás de fracassos num longo casamento, misto de escárnio e ódio. Ele, de uma agressividade verbal absoluta, ela com um génio indomável. Após uma recepção dada pelo pai dela, reitor da universidade onde o marido é professor de História, diz-lhe que convidou um casal mais jovem, ele também professor na mesma universidade para um fim de festa em casa deles. A discussão que haviam começado minutos antes não é interrompida pela chegada dos convidados. Aliás, haviam-na iniciado há 20 anos, tantos quantos dura o seu casamento. Honey (Sandy Dennis) e Nick (George Segal) ainda fazem tenção de sair. Só que rapidamente são envolvi-
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dos no cruel jogo de palavras dos anfitriões e nas elevadas quantidades de álcool que ingerem. Daí para a frente o confronto é inevitável. Mas também as revelações intimas, os fantasmas e os pesadelos dos dois casais, aproveitados de uma forma mordaz por George (Richard Burton) com engenhosos e mortíferos jogos de palavras em que verdade e ilusão se misturam. Afinal a vida é um jogo. Tem que se jogar. Arriscar. Afinal no jogo da vida vale tudo. À tortura mental de George, Martha (Elizabeth Taylor) contrapõe a tortura física. Mais cruel ainda, culminando na sedução do jovem Nick. Mas, afinal, quem tem medo de Virginia Woolf? Ou seja, quem teme a verdade? Honey, com as sua gravidezes histéricas? Martha, que espera a chegada do filho que nunca teve? Onde está a verdade, onde está a ilusão. No
álcool que todos ingerem? Na rotina, daquele casamento. Na conveniência do mesmo? Quando Burton “mata” o filho, Taylor perde o génio, a vontade. O que todos temiam, a verdade, foi revelada. Por momentos paira no ar alguma ternura. A desilusão deu lugar à esperança. Porque, como conclui Burton “amanhã é Domingo”. Afinal quem tem medo de Virginia Woolf. “Eu George”, dirá Martha. É altura de enfrentar a verdade. Aí os medos e os fantasmas serão outros e nem sempre estamos preparados para os enfrentar. Afinal a vida é mesmo um jogo? E da coragem para o enfrentar quando as regras passam a ser outras? Se calhar todos temos medo de Virginia Woolf. Dos anfitriões ao jovem casal que de repente vê o seu casamento exposto, nesta notável adaptação com argumento de Ernest
Lehman, igualmente nomeado para os Óscares, o que também aconteceu para o filme e para o realizador, que perderam para “A Man For All Seasons”, (Um Homem para a Eternidade) e para Fred Zinnemann, o realizador. Nascido em 1931 na Alemanha, judeu, teve que fugir dos nazis. De seu verdadeiro nome Michael Igor Igor Peschokowsky, iniciou-se cedo em Hollywood, tinha sete anos, Estudante do “método” com Lee Strasberg, mudou-se para o cabaret, num duo com Elaine May, que ficou célebre nos anos 50. Quando a parelha se separou Nichols ainda voltou por breve tempo à representação antes de se tornar encenador de prestígio na Broadway. A sua estreia no cinema, como realizador, acontece precisamente com este filme. Porém a consagração obtêla-á no ano seguinte ao ganhar o
Óscar de melhor realizador com “The Graduate” (A Primeira Noite), numa inesquecível estreia de Dustin Hoffman como actor principal, bem como a banda sonora com música de Simon and Garfunkel. Quem não se lembra de Mrs. Robinson? Todavia, também nesse ano, não dirigiu o melhor filme, galardão que caiu para o lado de Norman Jewison com “In The Heart of the Night”. O resto da sua trajectória cinematográfica, não sendo de desprezar, antes pelo contrário, passa, entre outos, por “Catch 22”, (1970) “Iniciação Carnal” (1971), com Art Garfunkel, esses mesmo, acompanhado por Jack Nicholson, AnnMargret e Candice Bergen, mais um elenco de peso, “Reacção em Cadeia” (1983), com Meryl Streep e “A Difícil Arte de Amar” (1986), aproveitando o par Meryl Streep Jack Nicholson, sem esquecer os êxitos comerciais dos últimos tempos da sua carreira como “Uma Mulher de Sucesso” (1988), com Melanie Griffith, Harrison Ford e Sigourney Weaver, “Lobo” (1994), com Jack Nicholson, de novo, aqui com Michelle Pfeiffer, “Casa de Doidas”, de 1996, com um histriónico Robin Williams, remake de “A Gaiola das Malucas” de Édouard Molinaro e, no final de carreira, dois filmes cujo tema comum é a política, “Escândalos do Candidato”, de 1998, com John Travolta e Emma Thompson, e “Jogos de Poder” (2007), o seu derradeiro filme, viria a falecer em 2014, com Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman. Como se pode concluir, mais altos que baixos, numa carreira de pouco mais de trinta nos e uma vintena de filmes. Até à próxima e boas fitas! K Luís Dinis da Rosa _
Cartoon: Bruno Janeca H Argumento: Dinis Gardete _
MAIO 2016 /// 029
Quatro rodas
Rali de Portugal para Meeke e Campos c De regresso à competição após uma paragem superior a dois meses, Kris Meeke foi rei e senhor no Vodafone Rally de Portugal, que decorreu de 19 a 22 de maio, na zona norte do país. Mais concentrado, em conjunto com a Citroën, no desenvolvimento do novo carro para 2017, o piloto britânico não desperdiçou a oportunidade de voltar a vencer no WRC. Meeke chegou ao pódio em Matosinhos com o primeiro lugar garantido. Andreas Mikkelsen recuperou terreno e acabou em segundo a 29,7s do vencedor. O norueguês superou o seu companheiro de equipa na Volkswagen, Sébastien Ogier. O francês, que teve um furo no primeiro troço do último dia, ficou sem condições de bater Mikkelsen e não foi além do terceiro lugar a 34,5s de Meeke. “Este foi um rali quase perfeito para nós. Quero dizer obrigado à equipa e especialmente ao meu engenheiro. Este ano é para ganhar experiência. Tivemos uma boa posição na estrada nos primeiros dias mas não podia fazer mais. O DS3 WRC continua a ser um carro muito bom”, afirmou o britânico mal terminou a última classificativa. Do lado português, e pelo segundo
rali no pódio dos WRC2 e estive perto, mas neste último dia ao errar na afinação do carro, que deveria estar mais macio, acabei por ser menos eficaz a nível de andamento. De qualquer modo, valeu a pena todo o esforço, porque esta prova é única a todos os níveis”, disse Miguel Campos. K
ano consecutivo, a dupla Miguel Campos/ Carlos Magalhães, desta feita aos comandos de um Skoda Fabia R5, terminou o Vodafone Rally de Portugal como melhor equipa e ainda com o acréscimo de ter concluído a categoria WRC2 do Mundial na quinta posição. Desta vez, o piloto de Famalicão, que à partida ambicionava o melhor resultado
possível na prova portuguesa do Mundial, embora consciente da sua falta de ritmo para ombrear com os pilotos mundialistas do campeonato WRC2, guarda ainda um interessante 14º lugar absoluto. “Estou super-feliz com este resultado, mas tenho consciência de que poderia ter feito um pouco melhor. Ontem ainda cheguei a pensar na hipótese de acabar o
setor automóvel Audi SQ7 está a chegar
Ford Edge chega em julho
3 O Audi SQ7 tem um preço estimado de 120 mil euros e estará à venda em Portugal a partir de julho. Esta versão do SUV topo de gama é equipada com um motor 4.0 TDI com dois turbos e um compressor elétrico alimentado por um circuito de 48V. De referir que o preço base não inclui as barras estabilizadoras ativas, que são outra das novidades do SQ7. A potência é de 435 cv e tem 900 Nm de binário. K
3 O Edge, novo SUV da Ford, chega em julho a Portugal. Os preços começam nos 55 327 euros, para a versão Trend com o motor 2.0 TDCi 4x4 de 180 cv com caixa manual de seis velocidades. A versão mais potente tem preços desde 62 174 euros. O SUV tem cinco lugares. Na campanha de lançamento há desconto de 5 mil euros em todas as versões. K
Opel Astra BiTurbo desde 32 mil euros 3 Um novo Opel Astra está a chegar a Portugal. Com um motor 1.6 a gasóleo a debitar 160 cv, trata-se da versão de topo do pequeno familiar. Estará disponível para encomenda a partir de julho, a partir de 32 mil euros. O Astra tem uma caixa manual de seis velocidades, na versão de cinco portas, e anuncia uma capacidade de aceleração de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos e um consumo médio de 4,1 l/100 km. K Publicidade
030 /// MAIO 2016
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
O Ensino em Turismo no Alentejo 6 O ensino em turismo no Alentejo tem contribuído para o desenvolvimento turístico da região. Esta foi a principal conclusão da conferência “O Ensino em Turismo no Alentejo: Contributos para o Desenvolvimento Turístico da Região” que teve lugar, no passado dia 11 de maio, na Universidade de Évora. Organizada pelos alunos da disciplina de Planeamento de Eventos e Animação Turística, da Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora, a iniciativa contou com mais de 250 alunos do ensino superior, secundário e profissional, hoteleiros e representantes de autarquias. Teve como principais oradores professores do ensino superior e profissional, e profissionais do sector público e privado que atuam na área do turismo. Para os representantes dos estabelecimentos de ensino, a qualidade da oferta formativa na área do turismo responde às necessidades e expectativas do sector turístico. No entanto, consideraram que as instituições de ensino
devem trabalhar mais em rede. Os oradores do sector público e privado também consideraram que o ensino em turismo no Alentejo tem contribuído para o desenvolvimento da atividade. Mas realçaram a necessidade de existir mais parcerias, especialmente, na área da investigação e na transferência de conhecimento. Para a Coordenadora da Conferência, Noémi Marujo, “o turismo assume uma grande importância no desenvolvimento dos territórios urbanos e rurais, e se for bem planeado pode ajudar a valorizar o património cultural e natural, contribuir para a fixação dos jovens e para a melhoria da qualidade de vida de muitas populações”. Assim, considerou que as autarquias e empresas turísticas “deveriam tirar maior proveito das valências que a universidade, os politécnicos, as escolas secundárias e profissionais oferecem na área do turismo”. Refira-se que a sessão de abertura da conferência
Arqueologia: Algarve cria prémio
curso de Doutoramento em Arqueologia da Universidade do Algarve.K
T O Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behaviour e a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, anuncia a 6 de maio a criação do Prémio Estácio da Veiga de Arqueologia e Evolução Humana, cujas candidaturas deverão ser submetidas até ao próximo dia 31 de maio. O galardão pretende distinguir anualmente a melhor dissertação de mestrado em Pré-História e Evolução Humana, no âmbito da interdisciplinaridade da Arqueologia e demais Ciências, nomeadamente, a Antropologia, a Primatologia e a Paleoantropologia, e consiste no pagamento das propinas do
contou com a presença do Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Beja (João Trindade), do Diretor da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre (Luis Cardoso) e do Diretor da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora (Silvério Rocha Cunha). K Publicidade
UBI no projeto europeu TRAIN T O Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde é uma das instituições que integra o consórcio internacional que vai desenvolver o TRAIN, um projeto europeu com um financiamento total de cerca de quatro milhões de euros, no âmbito do H2020, o qual vai desenvolver um conjunto de estratégias para combate às doenças associadas à obesidade, em concreto o cancro da próstata, com início em setembro deste ano. A coordenação pertence à Universidade de Sheffield. K
MAIO 2016 /// 031
032 /// MAIO 2016